Equipamentos para Industria Do Petróleo

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1.

Introduo
A busca por petrleo uma odisseia, onde a etapa da perfurao a responsvel
por abrir um canal de comunicao entre a superfcie do solo e o subsolo, guardio de
potenciais reservas de hidrocarbonetos. O processo de explorao e produo de
petrleo compreende as etapas da pesquisa, perfurao e produo. Na etapa da
pesquisa realizada a ssmica, que consiste na primeira fase da busca por petrleo, que
aponta as regies de alta probabilidade de ocorrncia de hidrocarbonetos atravs de
pesquisas geolgicas e geofsicas, selecionando uma regio para ser perfurada. Em
seguida passa-se etapa da perfurao que confirma ou no a existncia de petrleo.
Havendo sucesso, inicia-se a terceira etapa que consiste no desenvolvimento do poo
(Schaffel, 2002).
A segunda etapa da explorao e produo de leo e gs a perfurao, onde s
ento ser confirmada ou no a existncia de petrleo. Os poos a serem inicialmente
perfurados so denominados pioneiros e tm como objetivo sondar regies ainda no
produtoras. Caso um poo pioneiro acuse alguma descoberta, so perfurados outros
poos para demarcar os limites do campo, chamados poos de delimitao ou extenso.
Esta avaliao da extenso da jazida informa se comercialmente vivel produzir o
petrleo descoberto. Todos os poos perfurados at ento so classificados como
exploratrios. Encontrando-se volume comercialmente vivel, comea a fase da
produo naquele campo. So perfurados os poos de desenvolvimento, que colocam o
campo em produo. Deve ser ressaltado que em certos casos se aproveitam os poos
pioneiros e de delimitao para produzir (PETROBRAS, 1997).
Em linhas gerais, a perfurao ocorre em duas fases: a de explorao e a de
desenvolvimento. As atividades de explorao so as que envolvem a perfurao de um
poo para localizar reservas de hidrocarbonetos, bem como suas dimenses e potencial
produtivo. A fase de desenvolvimento ocorre uma vez que as reservas de
hidrocarbonetos j foram descobertas, delineadas e confirmada a viabilidade comercial.
Consta que o primeiro poo martimo de petrleo foi perfurado em
Summerland (Califrnia, EUA) em 1896 (MMS, 2001). Mas h registros de que em
1264, em visita cidade persa de Baku no Mar Cspio, Marco Polo teria mencionado
fontes abundantes de alcatro (leo) surgindo atravs de furos, provavelmente poos
de petrleo. A primeira perfurao martima comercial de um poo de leo e gs,
utilizando uma plataforma de petrleo, foi feita em 1947 pela empresa americana KerrMcGee Corporation. A ento plataforma martima era uma torre de perfurao
instalada sobre uma barcaa, similar da Figura 2.7, e a perfurao foi feita a cerca de
20 Km da costa e a 5 metros de profundidade, na costa da Louisiana (EUA).
A indstria offshore mundial teve seu nascimento datado entre os anos 1930 e
1950 na Venezuela e Golfo do Mxico, respectivamente. A partir de ento, a explorao
comeou a se expandir para o Mar do Norte e formou o primeiro pull de empresas nesta
segmentao, entre elas a Shell, Exxon, Texaco e AGIP (Furtado, 1996). No Brasil, j
no final de 1950, devido s anlises geogrficas, havia o conhecimento de que o pas
possua reservas de petrleo em profundidade martima, ainda ser uma definio precisa
dos locais. A confirmao ocorreu pela descoberta do primeiro poo offshore em 1968,
no Campo de Guaricema (SE), e a primeira perfurao, tambm em 1968, na Bacia de

Campos, no campo de Garoupa (RJ). O ano seguinte, tambm foi marcado por mais
descobertas, com o Campo de So Mateus (ES), e posteriormente no campo de Ubarana
(ES), ambos na bacia de Potiguar. A partir destas primeiras descobertas, a Petrobras deu
incio a uma srie de outras. Entretanto, tais descobrimentos no surtiram maior efeito,
pelo fato das tecnologias existentes no serem condizentes com a realidade brasileira
(Histria, 2005).
Para que o Brasil pudesse entrar nesta segmentao da indstria do petrleo, por
ter uma profundidade mdia de seus poos superior aos 1.000 metros, a necessidade de
desenvolver novas tecnologias era a nica opo. Depois de tomada a deciso, a
Petrobras iniciou uma trajetria tecnolgica original, atravs da proposta do sistema de
produo flutuante. Diante da ausncia do conhecimento cientfico necessrio para tal
empreitada, o pas teve de suprir tal espao na experincia internacional, onde mesmo
que de maneira ainda embrionria, j existia um Know How em tecnologia offshore
(ORTIZ NETO, 2011).
Quando a perfurao realizada no mar, e a plataforma utilizada flutuante,
uma srie de equipamentos e procedimentos especiais devem ser adotados para manter o
navio ou plataforma de perfurao em sua locao determinada e compensar os
movimentos induzidos pela ao das ondas. A plataforma ou navio rebocada at a
locao (em caso de no possuir propulso prpria) e em l chegando ancorada ao
fundo do mar (em caso de no possuir posicionamento dinmico). No meio martimo
utilizado um riser de perfurao, que um tubo condutor de grande dimetro, para
estabelecer um meio de comunicao entre o poo e a plataforma na superfcie, por
onde ir circular a lama e retornar o cascalho. O riser guia a coluna de perfurao e os
revestimentos da plataforma at o poo.
As plataformas de perfurao martima podem ser classificadas em duas
categorias: as com o BOP na superfcie ou no fundo do mar. Na primeira categoria as
plataformas podem ser fixas, auto-elevatrias ou de pernas tencionadas (tension legs).
Na segunda categoria esto as plataformas semi-submersveis e os navios sonda
(THOMAS, 2001; PETROBRAS, 1997).
Uma operao de perfurao de petrleo offshore pode ser executada de vrias
maneiras. Para isso, diferentes tipos de plataforma de petrleo normalmente so
utilizados, conforme a profundidade no local, o tipo de leo a ser extrado e algumas
condies prevalecentes. Os tipos mais comuns de plataformas martimas so
(THOMAS, 2001; PETROBRAS, 1997):

Plataformas Fixas - A plataforma fixa uma jaqueta de ao sobre a qual


montada uma superestrutura que comporta todos os equipamentos e
acomodaes necessrias s atividades de perfurao, desde a prpria torre de
perfurao at o heliporto. A instalao deste tipo de plataforma feita com o
seu reboque at a locao, quando so estaqueadas no fundo do mar. Possuem a
vantagem de serem estveis at sob as condies mais severas de mar, j que no
flutuam. So projetadas para utilizao em guas rasas, com limitao de
profundidade de cerca de 300 metros de lmina dgua.
Plataformas Auto-elevatrias - Este tipo de plataforma tambm projetado
para operar em guas rasas. Assim como as fixas, apoiam-se no fundo do mar,

oferecendo a vantagem da estabilidade. Possuem um casco (de formato


geralmente triangular ou retangular) suportado por pernas treliadas, variando de
3 a 5, com at 150 metros de comprimento cada. Para transporte da plataforma
as pernas so elevadas e o conjunto rebocado at a locao determinada. Em l
chegando, as pernas so abaixadas e fixadas no fundo do mar sendo o casco
posicionado na altura mais conveniente, mantendo a plataforma longe da ao
das ondas. Para abandono da locao as pernas da plataforma so suspensas e a
unidade rebocada para outra locao.
Plataformas Semi-Submersveis - Na plataforma semi-submersvel a
subestrutura se apoia sobre colunas e pontos submarinos (elemento estrutural de
ligao de colunas). O lastro variado de modo a posicionar o calado da unidade
longe da ao das ondas. As semi-submersveis so plataformas que podem
operar a maiores lminas dgua, sendo que a profundidade operacional ser
limitada principalmente pelos equipamentos do sistema de amarrao e pelo
sistema de risers (conduto que liga a plataforma ao fundo do mar).
Plataformas de Pernas Tencionadas (Tension Leg) - Este tipo de plataforma
possui estrutura similar s semi-submersveis, com diferena quanto ao sistema
de amarrao. A de pernas tencionadas ancorada ao fundo do mar com cabos
tubulares tencionados. Estes cabos descem tencionados verticalmente ao fundo
do mar com o objetivo de reduzir o movimento da plataforma.
Navios Sonda - Os navios sonda de perfurao so navios comuns adaptados
(convertidos) s atividades de perfurao. Sua principal vantagem a
capacidade de perfurar em quase qualquer lmina d'gua. Neste tipo de navio
feita uma abertura em seu centro de gravidade sobre o qual montada a torre de
perfurao e passam a coluna de perfurao, tubulaes e outros equipamentos.
Ao contrrio das demais plataformas possuem propulso prpria possibilitando o
deslocamento at o local da perfurao.

Muitos dos acionamentos dos equipamentos de uma sonda de perfurao podem


ser feitos atravs da hidrulica e da pneumtica. Os sistemas pneumticos e hidrulicos,
por natureza, constituem-se em uma forma de aplicao dos princpios da mecnica dos
fluidos compressveis e incompressveis que embasam o desenvolvimento de
componentes e circuitos. Uma das grandes virtudes encontradas na natureza o ar
comprimido, o qual traz grandes vantagens como. Facilidade de obteno (volume
ilimitado); no apresenta riscos de fasca em atmosfera explosiva; fcil armazenamento;
no contamina o ambiente (limpo e atxico); no necessita de linhas de retorno (escape
para a atmosfera), ao contrrio de sistemas eltricos e hidrulicos. O circuito hidrulico
possui um processo de instalao eficiente, atuando em locais que exigem trabalho mais
bruto e, alm disso, suportam cargas extremamente pesadas. Um sistema verstil e que
facilita a vida do homem moderno em diversas situaes.
O objetivo deste trabalho estudar os sistemas hidrulicos e pneumticos
utilizados em sondas de perfurao martimas (offshore), bem como, classificar e
explicar o funcionamento.

2. Sistemas de uma sonda de perfurao


A execuo da perfurao de um poo pode ser explicada atravs do
funcionamento de diversos sistemas que compem uma sonda rotativa, que so
(THOMAS, 2001; BOURGOYNE et al., 1991):

Sistema de Fora - O sistema de fora permeia todos os sistemas que viro a


seguir, consistindo no modo como as sondas de perfurao podem transmitir
energia para seus equipamentos, por via mecnica ou diesel-eltrica. Os
equipamentos das sondas modernas so geralmente movidos a motores diesel.
As sondas martimas costumam se aproveitar da gerao de gs para acionar
turbinas e gerar energia para a plataforma.
Sistema de Suspenso - O sistema de suspenso tem a funo de sustentar e
manobrar cargas (como a coluna de perfurao, revestimentos ou quaisquer
outros equipamentos) para dentro ou fora do poo. Os componentes principais
deste sistema so a torre ou mastro, o guincho, o bloco de coroamento e a
catarina. A torre uma estrutura que prov altura vertical necessria para elevar
ou abaixar a coluna de perfurao, alm de sustentar polias e cabos. A coluna de
perfurao formada por sees de tubos rgidos, que necessitam de espao
vertical livre para ocupar ao serem iados do poo. A movimentao pelo poo
da coluna de perfurao e demais equipamentos realizada com o auxlio de um
guincho, que compreende basicamente o bloco de coroamento (polias fixas) e a
catarina (polias mveis), com a funo de iar e deslocar cargas pesadas.
Sistema Rotativo - O sistema rotativo o responsvel pela rotao da coluna de
perfurao, compreendendo todos os equipamentos utilizados para girar a coluna
de perfurao. Na sonda convencional os principais componentes deste sistema
so a mesa rotativa, a haste quadrada (kelly) e a cabea de injeo (swivel). A
mesa rotativa o equipamento que transmite o movimento de rotao coluna
de perfurao. A haste quadrada a parte da coluna de perfurao localizada na
superfcie que transmite o torque da mesa rotativa ao resto da coluna. A cabea
de injeo o equipamento que sustenta o peso da coluna de perfurao e
permite seu giro, constituindo elemento de ligao entre a parte rotativa abaixo
da haste quadrada e a fixa. Nas sondas modernas utiliza-se o sistema Top Drive
que dispensa a mesa rotativa e a haste quadrada. Neste sistema um motor
acoplado catarina transmite rotao coluna de perfurao. Com o top drive,
ganha-se mais espao e torna-se possvel perfurar o poo de trs em trs tubos ao
invs de um a um, quando se utilizava a mesa rotativa.
Sistema de Circulao - Este o responsvel pela circulao e tratamento de
fluido de perfurao na sonda. Sua funo principal remover de dentro do poo
os fragmentos de rocha (cascalhos) formados pela broca, transportando-os para a
superfcie junto com a lama de perfurao, desobstruindo a passagem da broca.
O cascalho que chega superfcie constitui importante material de pesquisa para
os gelogos, fornecendo informaes a respeito das formaes perfuradas. Os
principais componentes deste sistema so as bombas de lama, tanques de fluido
e os diversos equipamentos de controle de slidos. Estes destinam-se a limpar
para reciclagem o fluido de perfurao, alm de limp-lo de contaminantes

previamente ao descarte ao mar (leos, argilas, siltes, areias, pedregulhos ou


gases). As bombas de lama bombeiam o fluido de perfurao para dentro do
poo. Descendo pela coluna de perfurao, o fluido expelido pela broca e
retorna pelo anular. O sistema fechado, quando o fluido chega superfcie
acondicionado e tratado nos tanques de fluido. Os equipamentos de controle de
slidos
so
peneiras,
decantadores,
desareiadores,
dessiltadores,
desgaseificadores e centrfugas.
Sistema de Controle do Poo - Este sistema deve ser capaz de fechar o poo
em caso de kick ou blowout. Chama-se kick um fluxo indesejvel de fluidos da
formao para dentro do poo, que pode vir a se transformar numa erupo
(blowout) que o fluxo descontrolado do poo. Os principais componentes deste
sistema so a cabea do poo e os preventores, que dividem-se em gavetas e
BOP. Os preventores tm a funo de fechar o espao anular de um poo atravs
de pistes, acionados hidraulicamente em caso de kick. Do conjunto de vlvulas
instaladas na cabea do poo destaca-se a vlvula do choke. Vlvula do choke
aquela por onde so aliviadas as presses de um poo fechado durante o controle
de um kick. A da linha de kill a linha de alta presso atravs da qual se
introduzem no poo as lamas de alta densidade para equilibrar a presso da
coluna hidrosttica com a do fundo do poo, aps a ocorrncia de um kick. A
deteco de um kick durante as operaes de perfurao realizada com o
auxlio de um indicador de fluxo ou indicador de volume de lama, que detectam
um aumento do fluxo de lama que est retornando do poo sobre aquele que est
sendo circulado pela bomba. Uma falha no sistema de controle do poo pode
ocasionar uma erupo.
Sistema de Monitoramento do Poo - O sistema de monitoramento do poo
registra e controla parmetros que auxiliem na anlise da perfurao,
possibilitando detectar rapidamente possveis problemas relativos perfurao.
So utilizados manmetros para indicar as presses de bombeio, torqumetros
para informar o torque na coluna de perfurao, tacmetros para indicarem a
velocidade da mesa rotativa e da bomba de lama, indicadores de peso e torque
sobre a broca, etc. Demais parmetros monitorados incluem profundidade de
perfurao, taxa de penetrao, velocidade de rotao, taxa de bombeamento,
densidade, salinidade e temperatura da lama, contedo de gs na lama, contedo
de gases perigosos no ar, nvel de lama e taxa de fluxo da lama.

3. Sistemas Hidrulicos e Pneumticos


Existem duas formas de energia para mquinas conhecidas como as mais
eficientes e compactas: a energia hidrulica e a pneumtica. Suas aplicaes so
inmeras e podem variar de acordo com o tipo de trabalho que se deseja realizar, como:
empurrar, levantar, girar, transportar cargas, entre outras.
O sistema hidrulico consiste basicamente em gerar movimento ou fora atravs
da pressurizao de um fludo, resultando no que chamamos de fora mecnica. Todo o

sistema composto recebe o nome de circuito e so dispostos da seguinte maneira: uma


bomba utilizada para fazer a compresso do fludo que ser transportado atravs de
tubulaes, chegando a um cilindro onde o fludo ser bombeado para movimentar um
pisto, exercendo sua fora resultante. O circuito hidrulico possui um processo de
instalao eficiente, atuando em locais que exigem trabalho mais bruto e, alm disso,
suportam cargas extremamente pesadas. Um sistema verstil e que facilita a vida do
homem moderno em diversas situaes.
Semelhante ao sistema hidrulico, o pneumtico se caracteriza pela utilizao de
gs (geralmente ar) ao invs de fludo, sendo que neste sistema a compresso do ar
que faz a fora do movimento dos pistes ou eixos. Ele puxado para dentro de um
compressor e, ento, forado atravs de tubulaes e direcionado para diferentes
ferramentas que cumpriro as suas funes. O sistema pneumtico bastante
empregado em equipamentos de uso manual e maquinrios que realizam movimentos
repetitivos e sua principal caracterstica a expulso do ar durante o uso, no sendo
reutilizado novamente como no caso do fludo no sistema hidrulico, ou seja, para que
ele realize mais trabalho, preciso injetar mais ar.
4. Sistema de movimentao de cargas
A funo do sistema de movimentao de cargas permitir iar ou abaixar
colunas de perfurao e revestimento ou quais outros equipamentos de superfcie, para
dentro ou fora do poo. Seus principais componentes so a torre e a subestrutura, o
conjunto bloco/catarina e o guincho.
a. Guincho
O guincho o equipamento da sonda responsvel pela movimentao vertical
das tubulaes no poo. Para controle da velocidade de movimentao da carga existem
dois sistemas de frenagem do tambor do guincho: o principal, por frico, e o
secundrio, hidrulico ou eletromagntico.

Figura 1: Guincho.

Os freios hidrulicos so mquinas hidrodinmicas que absorvem potncia pela


converso da energia mecnica em calor dentro de um fluido (normalmente gua). Fica
montado no mesmo eixo onde se localiza o tambor principal do guincho, na
extremidade oposta alavanca do sondador. Quando acoplado a este eixo, o elemento
rotor do freio impele a gua para o elemento estator criando resistncia ao seu
movimento. Como a quantidade de energia mecnica a ser dissipada depende da
quantidade e velocidade da gua dentro da carcaa do freio, um sistema de circulao de
gua fresca montado. No exemplo da figura 2, medida que as cargas ficam mais
pesadas, o sondador aumenta o nvel de gua dentro do tanque aumentando a
assistnciado freio hidrulico frenagem do tambor do guincho.

Figura 2: Ferio Hidrulico.

5. Sistema de Rotao

A rotao na broca de perfurao fornecida pelo sistema de rotao. O sistema


usual de transmisso de rotao em sondas convencionais realizado atravs da mesa
rotativa. Porm existe tambm a opo de se perfurar com um motor de fundo colocado
logo acima da broca.
a.

Motor de fundo

Quando se perfura com motor de fundo, o torque aplicado diretamente broca,


sem necessidade de girar a coluna de perfurao, reduzindo o desgaste dos tubos de
perfurao e de revestimento. O motor de fundo pode ser de deslocamento positivo ou
turbina.

Figura 3: Motor de fundo e sistema de elastmeros.

Nos motores de deslocamento positivo, o fluido de perfurao bombeado


atravs de cavidades entre o rotor de ao e o estator de elastmero, ambos helicoidais,
provocando o giro do motor, que se acopla broca na sua extremidade inferior. Os
motores de deslocamento positivo convencionais tm estatores com dois lobos para um
rotor de um lobo. Atualmente existem motores com rotores e estatores de mltiplos
lobos, sempre o rotor com um lobo a menos que o estator. O maior nmero de lobos
permite a obteno de maior potncia com menores rotaes e maior torque.

Figura 4: Vista em corte de um motor de deslocamento.

As turbinas so compostas de 50 a 300 estgios de rotores e estatores. Cada


estgio consiste num conjunto de aletas fixas ao eixo movido, o rotor, e outro conjunto
fixado ao corpo da turbina, o estator. medida que o fluido de perfurao passa pelo
estator, o correspondente rotor forado a girar. Como a vazo mssica do fluido
constante, a potncia desenvolvida funo do nmero de estgios da turbina.

Figura 5: Turbina.

6. Sistema de Circulao
O sistema de circulao o responsvel pelo bombeamento do fluido de
perfurao presso e vazo adequadas para as operaes de perfurao. Alm disso,
nesse sistema esto os equipamentos que promovem o tratamento do fluido de
perfurao aps a sada do poo, livrando-os dos slidos e fluidos indesejveis.

a.

Bombas de lama

As bombas de lama so as responsveis pelo fornecimento de energia ao fluido


para a circulao. So bombas volumtricas alternativas de pistes horizontais
constitudas fundamentalmente de duas partes:
parte mecnica (power end), que recebe a energia de acionamento na forma
rotativa e a transforma em movimento alternativo;
parte hidrulica (fluid end), onde a potncia mecnica alternativa transferida
ao fluido na forma presso x vazo.
O acionamento das bombas de lama feito por motores independentes, tanto nas
sondas diesel-eltricas como nas mecnicas.

Figura 5: Esquema de acionamento da bomba de lama.

As bombas de lama podem ser de dois tipos:


Duplex, que possuem dois cilindros horizontais, ou seja, dois pistes, de duplo
efeito; o bombeamento realizado nos dois sentidos do curso do pisto. Assim, em cada
cilindro, enquanto num dos lados do pisto se est succionando, no outro se est
descarregando (Figura 6 e 7).

Figura 6: Fluid-end de uma bomba duplex.

Figura 7: Esquema de um fluid-end de uma bomba duplex.

Triplex, com trs pistes de simples efeito: apenas na face anterior do pisto se
succiona e se descarrega (Figura 8 e 9).

Figura 8: Fluid-end de uma bomba triplex.

Figura 9: Esquema de um fluid-end de uma bomba triplex.

As bombas triplex vm substituindo gradativamente as duplex de mesma


potncia, pois so menores, mais leves e tem custo menor, tanto de aquisio como de
manuteno.
A vazo de lama no sistema de circulao depende do nmero de bombas em
operao (normalmente as bombas operam em paralelo), da velocidade, dimetro e
curso dos pistes. O comprimento do curso e o dimetro das hastes dos pistes so
fixados para uma dada bomba. O dimetro dos pistes pode ser mudado (trocando-se os
prprios pistes) forando, bvio, mudana da camisa correspondente.
A vazo de uma bomba de lama no constante dentro de um ciclo. Ela
pulsante devido variao da velocidade dos pistes: no incio do ciclo igual a zero,
atingindo o valor mximo prximo metade do curso. Para atenuar os efeitos danosos
das conseqentes vibraes na descarga da bomba, so utilizados amortecedores de
pulsao na linha de recalque.
7. Sistema de Segurana
O sistema de segurana do poo constitudo dos Equipamentos de Segurana
de Cabea de Poo e de equipamentos complementares que possibilitam o fechamento e
controle poo em caso de eventuais erupes que possam ocorrer durante a perfurao.
O mais importante deles o Blowout Preventer (BOP).
a.

Blowout Preventer (BOP)

O Blowout Preventer o principal equipamento de segurana durante as perfuraes


de poos e indispensvel em qualquer operao. O BOP basicamente um conjunto de
diferentes tipos de vlvulas utilizadas para selamento, monitoramento e auxlio no
controle do poo. So projetados para funcionarem sob grandes presses internas,
podendo chegar at 20.000psi, e externas, em guas ultra-profundas. A principal funo
do BOP o influxo indesejado de fluido para dentro do poo, atuando como segunda
barreira de segurana. constitudo de gavetas vazadas, gaveta cisalhante, vlvula
anular, linhas de choke e kill e vlvulas associadas. Cujas finalidades principais so:
manter ligao do poo com a unidade de perfurao, conter e controlar o fluxo do
poo. O conjunto permite ainda: a passagem e movimentao das ferramentas de
perfurao, o bombeamento de fluido para o poo, movimentao da coluna com o poo
fechado/pressurizado e o ancoramento e corte da coluna de perfurao.
O BOP consiste tambm de acionamento remoto e acumuladores submarinos de
modo a permitir que as funes principais do BOP possam ser acionadas sem a
necessidade de suprimento da superfcie.
As vlvulas de segurana so utilizadas nos pontos de conexo com o BOP, mantidas
automaticamente fechadas ou abertas hidraulicamente. Em caso de queda da presso da
linha de acionamento, estas vlvulas se fecham automaticamente. As vlvulas
direcionadoras para realizar funes no BOP so acionadas remotamente, empregandose comandos hidrulicos ou eltricos multiplexados. Os comandos multiplexados so
utilizados em sondas de perfurao em lminas d'gua profunda. E os hidrulicos em
plataformas flutuantes convencionais.

Figura 10: BOP.


Basicamente, as partes mveis de cada BOP so operadas hidraulicamente.
Atualmente, existem os seguintes tipos de controle atuando:

Pilotado hidrulicamente: este sistema foi o primeiro a ser utilizado em BOPs


terrestres em guas no muito profundas (at 700m). A unidade hidrulica
situada na superficie ligada aos dois pods atravs de dois umbilicais
independentes. Os umbilicais possuem entre 60 e 70 linhas piloto de 3 / 16",
para cada funo do BOP, e uma linha principal de suprimento de 1". Uma
funo ativada do painel de controle da superfcie e o sinal hidrulico
transmitido atravs da linha piloto at sua vlvula de controle principal no pod.
Esta vlvula conectada ao manijold, que alimentado tanto da superficie
quanto de acumuladores. Desde que a vlvula de controle ativada, abre-se o

fluxo manifold at a funo desejada;


Hidrulico pilotado pr-pressurizado: similar ao pilotado hidraulicamente, mas
neste algumas linhas piloto so mantidas parcialmente pressurizadas, o que

melhora o tempo de resposta. Este sistema tem sido utilizado em guas mais

profundas (at 1200 m) que o anterior;


Eletro-hidrulico: neste sistema, sinais eltricos so enviados superficie para o
pod, onde so convertidos em sinais hidrulicos pelas vlvulas solenides.
Assim o sistema opera semelhantemente ao hidrulico, com exceo da natureza
do sinal da superfcie.

O tempo requerido para o BOP fechar depende da presso e do volume que o sistema do
controle hidrulico fornece passagem de fechamento do BOP. A presso da passagem
de fechamento do BOP afetada pela capacidade e potncia da bomba, pelo tamanho do
acumulador e pelo tamanho e comprimento da linha de controle.
Os principais componentes do sistema de controle, comuns aos quatros tipos
mencionados, so:

Reservatrio de fluido: contm o fluido hidrulico utilizado para carregar os

acumuladores;
Acumuladores: O principal componente do sistema de controle o banco de
acumuladores. O acumulador um cilindro de alta presso, contendo uma prcarga de nitrognio gasoso e fluido hidrulico, que permanecem separados por
um diafragma de borracha. O fluido hidrulico pode ser gua ou leo hidrulico,
com aditivos anticorrosivos, que bombeado de um reservatrio para o
acumulador at que este atinja a presso desejada. A entrada do fluido para o
acumulador faz com que ocupe menor volume, aumentando sua presso. A alta
presso existente no acumulador far com que o fluido seja despejado a uma
taxa muito maior que a conseguida por uma bomba, realizando o mesmo
trabalho, fechando os preventores rapidamente. O acumulador possui uma
vlvula na conexo de sada, que fecha assim que for utilizada toda carga de
fluido, para evitar um vazamento de gs. Os acumuladores esto situados tanto

no BOP submarino quanto na superfcie;


Bombas: as podem so de acionamento eltrico ou pneumtico, sendo de
maneira geral, operadas por duas fontes independentes de energia. O conjunto de
bombas hidrulicas acionadas por motor eltrico a principal fonte de
fornecimento de fluido hidrulico pressurizado do sistema de controle do BOP.
H um outro conjunto de bombas hidrulicas de acionamento pneumtico, que
proporciona um a segunda fonte de pressurizao do fluido hidrulico de
sistemas de controle do BOP.

Figura 11: Sistema de controle hidrulico do BOP

Figura 12: Sistema de Acumuladores do BOP.

8. Sistema de Controle e Monitorao


Com o progresso da perfurao offshore observou-se que um mximo de eficincia e
economia seria atingido quando houvesse uma perfeita combinao entre os vrios
parmetros da perfurao. Disto surgiu a necessidade do uso de equipamentos para o
registro e controle desses parmetros.

Em caso de Navios-sonda, a posio deste deve ser monitorada constantemente. Se a


unidade flutuante no estiver alinhada continuamente logo acima do poo, poder
resultar no desgaste excessivo dos equipamentos submarinos.
a.

Compensadores de movimento

Os compensadores de movimento so equipamentos auxiliares na perfurao de


poos com unidades flutuantes, que juntamente com os tensionadores de risers
minimizam os efeitos dos movimentos da plataforma.
Um riser marinho conduz o fluido de perfurao do fundo do oceano para a
embarcao. Junes flexveis nos fundos dos tubos ascendentes permitem o
movimento lateral do navio. O movimento vertical da embarcao permitido pela
junta deslizante colocada na parte superior do riser marinho. O riser fixado ao
recipiente por um sistema de tensionamento pneumtico. Os requisitos de tenso podem
ser reduzidos pela adio de sees de flutuao ao sistema de riser.

Figura 13: Tensionadores de riser.


Os compensadores de movimentos so utilizados na sustentao da coluna de
perfurao, mantendo constante o peso sobre a broca. Constituem-se de sistemas
hidrulico-pneumticos que funcionam utilizando grande volume de ar comprimido. A
expanso e compresso do ar com um volume adequado faz com que, mesmo quando o
pisto se desloca acompanhando o movimento da plataforma, a carga suspensa
desenvolvida permanea praticamente constante.
Os sistemas hidropneumticos so sistemas que possuem seu elemento de rigidez
representado por um volume de gs armazenado em um reservatrio e seu elemento de
dissipao representado por um amortecedor hidrulico. No sistema de suspenso
hidropneumtico, o fluido hidrulico usado para transferir a carga do cilindro para o
reservatrio.
Os compensadores de movimento apresentam-se de diversas formas, pode ainda ser
passivo ou ativo e a sua configurao vai depender do tipo de plataforma semi-

submersvel ou navio-sonda. Geralmente, os compensadores de movimento Heave


combinam em ativo e passivo, esse sistema denominado de semi-ativo. A principal
diferena entre o sistema ativo e passivo com relao a energia absorvida.

Figura 14: Compensadores de Movimento

9. Ferramentas de Manuseio da Coluna


As ferramentas de manuseio so utilizadas para conectar e desconectar os vrios
elementos da coluna.
a.

Chaves Flutuantes

So equipamentos mantidos suspensos na plataforma atravs de um sistema formado


por cabos, polia e contrapeso. A chave flutuante tem a funo de fornecer o torque
necessrio ao aperto e desaperto das unies cnicas da coluna. Geralmente as chaves
flutuantes so manuais, mas com os avanos e a necessidade de equipamentos mais
eficientes, de alta confiabilidade, de maior potncia para sistemas submarinos e que
primordialmente oferece segurana aos operadores, foram desenvolvidas chaves de

acionamento hidrulico. Na figura 4 so mostradas exemplos chaves manuais e


hidrulicas.
b)

a)

Figura 15: a) Chave Flutuante Manual; b) Chave Flutuante Hidrulica.


b. Cunhas
So equipamentos que mantm a coluna de perfurao totalmente suspensa na mesa
rotativa. So utilizadas durante as conexes de tubos de perfurao e comandos.
Possuem mordentes intercambiveis que se adaptam e prendem parede dos tubos. As
cunhas por muito tempo eram de acionamento manual, mas hoje devido necessidade
de operaes mais rpidas e seguras j so encontradas principalmente no setor offshore
cunhas pneumticas.

a)

b)

Figura 16: a) Cunha Manual; b) Cunha Pneumtica.

10. Concluses

Em relao perfurao martima podemos ver que o tipo de equipamento a ser


utilizado vai estar diretamente relacionado a diversos fatores como: condies do mar,
finalidade do poo e, principalmente relao custo/benefcio. Assim, a utilizao de
sistemas hidrulicos ou pneumticos vai depender do tipo de equipamento a ser
utilizado e qual sistema mais bem empregado em tal situao, sendo que na unidade
de perfurao podem estar associados equipamentos de acionamento hidrulico tanto
quanto pneumtico. Podemos ter como exemplo o BOP onde as vlvulas de segurana
so utilizadas nos pontos de conexo com o equipamento, mantidas automaticamente
fechadas ou abertas hidraulicamente e os tensionadores de risers que, minimizam os
efeitos dos movimentos da plataforma onde o riser fixado ao recipiente por um
sistema de tensionamento pneumtico.

Referncias
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