Plano Urbano de São João Del-Rei
Plano Urbano de São João Del-Rei
Plano Urbano de São João Del-Rei
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SUMRIO
1. PREFCIO
2. INTRODUO
3. SO JOO DEL REI E A FORMAO DAS CIDADES MINEIRAS ENTRE OS SCULOS XVII E XIX
4. DISPOSITIVOS, REQUISITOS E ORIENTAES TCNICAS E ESTTICAS PARA PLANEJAR MOBILIRIO URBANO
AS CONTRIBUIES DAS CARTAS PATRIMONIAIS E DAS TIPOLOGIAS PROJETUAIS
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4.3. Contextualizao e anlise de locais histricos internacionais com insero de mobilirio urbano
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4.2. Principais tipos de mobilirio e suas condicionantes tcnicas e materiais, ao se considerar a elaborao
dos respectivos projetos
PREFCIO
Aqui dEl-Rey. E h que andar por estas ruas e descobrir belezas insuspeitadas. H que
se surpreender em cada esquina entre o colonial e o ecltico, entre o barroco e o neoclssico.
H que se ver mais do que com olhos, enxergar com o corao, ampla retina que aambarca
sculos e transborda espanto e susto.
Aqui dEl-Rey, com apstrofe e hipsilo, de d. Joo e Thom Portes, do garimpeiro Joo
Barcelos faiscando ouro no Arraial Novo e da crnica pioneira de Jos Mattol, escrita nas
primeiras dcadas dos setecentos.
Aqui dEl-Rey, Comarca do Rio das Mortes, nascido no Vale do Linheiro, entre as betas
aurferas do alto das Mercs e o Morro da Forca, ironicamente chamado do Bonfim. Entre o
contraforte rochoso, de um lado, e os morrotes, do outro, dEl-Rey espraia-se s margens do
crrego que a atravessa, tmido regato que se avoluma revoltoso e irado nas cheias e preenche
o vo de cais a cais. Os antigos sabiam os mistrios deste riacho surpreendente, por isso as
pontes monumentais que o transpem, do Rosrio e da Cadeia, com arcarias espores de
pedra, pronto a resistirem impetuosidade das guas.
E porque vale montanha, os arredores da cidade estimulam passeios ecolgicos e o
encanto das cachoeiras compensa a aspereza das caminhadas. Vale a pena explorar a cercania
para encontrar a natureza em festa. Pois tudo festa para quem nasceu em meio a rituais
barrocos.
Aqui dEl-Rey. Tudo convite aos olhos e emoo, como quem chega de longe e a gua
quente o espera para o banho reconfortante, a mesa posta, a palavra amiga.
No basta se encantar com os templos, portadas magnficas como as do Carmo e So
Francisco, simplicidade retilnea do Rosrio, Catedral do Pilar e Mercs.
No basta louvar entalhadores e mestres do pincel que fizeram das naves e capelas-mor
o umbral de um paraso imaginrio. Nem admirar-se da dourao profusa dos altares ou das
volutas e concheados nas quais se retorce a madeira bruta de plpitos ornados com dossis.
preciso tambm ouvir a sintonia de bronze destes sinos, o dobre festivo ou fnebre,
nico no pas, que desperta, avisa, alerta, anuncia, dialoga com a populao em sons, repiques
e terentenas.
Aqui dEl-Rey, ritualstica e musical. Por esta razo, preciso ouvir os acordes de orquestras
bicentenrias, como a Ribeiro Bastos e a Lira Sanjoanense, em Te Deum, novenas, motetos e
matinas.
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No basta caminhar por praas tranquilas como a do Carmo, do Largo da Cruz, da Cmara,
a do Chafariz da Legalidade, ou imponentes como a de So Francisco com suas palmeiras
imperiais.
preciso tambm enveredar por confins do centro histrico e descobrir vielas pitorescas,
o Beco do Cotovelo, o conjunto ecltico da Rua Santo Elias, a aparncia de prespio do casario
da Rua Santo Antnio, o Beco da Escadinha nas proximidades da Igreja do Carmo. H que
visitar museus e reencontrar o passado, sobretudo o de Arte Sacra, o Regional e o Ferrovirio.
absolutamente necessrio sobrar algum tempo para voltar a ser criana e viajar na Maria
Fumaa at Tiradentes, outra jia sua espera.
Aqui dEl-Rey. H tesouros arquitetnicos perdidos nas ruas transversais, lojas de
incrveis quinquilharias e antiguidades, to pequenas como alcovas, to ocultas como pepitas
no cascalho. H que saber descobrir sabores da terra, bolinhos de feijo, licores e doces
caseiros.
H que apreciar o talento de seus artesos, pintores, santeiros e fabricantes de mveis,
bordadeiras e artistas do croch, do crivo e da renda de bilro.
Palmilhar o cho, como fizerram seus primeiros habitantes. E no se atenha apenas s
fachadas austeras de beira-seveira, s sacadas de ferro rendilhado, s platibandas encimadas
por jarretes e pontais como as que se exibem na Rua Direita, na Rua da Prata, na Rua do
Comrcio e na Rua minicipal. No se acanhe em pedir permisso para invadir um destes
espaos privados ou visitar os pblicos: em muitos deles o sculo XIX se mostra por inteiro,
com portais de pinho de riga, forros de saia-e-camisa, pisos de tbuas largas, oratrios seculares
e mveis de ancestrais familiares. Porque aqui dEl-Rey.
No lastime descaracterizaes ou aberraes cromticas de duvidoso gosto que, vez por
outra, perturbam a harmonia de conjuntos. Aqui, como em toda parte, nem sempre o homem
compreendeu bem o significado de progresso. Mas sinta que no todo prevalece admirvel
composio de estilos, preciosidades coloniais e magnficos exemplaes neo-clssicos e eclticos
como no se h de ver em nenhuma outra cidade do ciclo do ouro. Porque aqui dEl-Rey,
dourada pelo sol do seu vero ou viso ancestral nas brumosas madrugadas do seu inverno.
Esteja em casa. Sirva-se do passado e do presente e receba o abrao amigo do so-joanense.
Jota Dngelo
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INTRODUO
A elaborao dos Projetos para Mobilirio Urbano para o stio histrico de So Joo del Rei
representa uma iniciativa do Instituto Estrada Real e da Federao das Indstrias do Estado de
Minas Gerais (FIEMG). Tanto estes como os poderes pblicos estadual e municipal tm como
meta principal recuperar, requalificar e revalorizar os espaos pblicos do seu centro histrico.
O projeto configura-se como mais uma relevante iniciativa em torno da dinamizao turstica,
social e cultural das regies e municpios inseridos no circuito da Estrada Real. Como descreve
do Governador do Estado de Minas Gerais, Acio Neves
Como uma caprichosa linha, a Estrada Real, hoje redimensionada no seu papel histrico quer ligado
economia, quer ligado s artes restabelece a majestade do perodo colonial mineiro, que a extrao
do ouro permitiu, como o erguimento, sobretudo, de edifciosreligiosos, que marcaram a genialidade dos
artistas nos mais importantes ncleos urbanos da poca.
Mas no somente a arte barroca das igrejas seculares que compor o acervo setecentista. Os pequenos
povoados, os lugarejos adjacentes Estrada Real, formados por populaes de parcos recursos, tambm
participaram desse momento de criao com uma arte despojada, mas rica em smbolos, porque, ausente
das fontes europias, se inspira na fuso de crenas e na simplicidade da rotina domstica (SEBRAE,
2006).
O programa da Estrada Real que incorpora o municpio de So Joo del Rei, representado
atravs do seu Instituto objetiva operacionalizar o sonho de transformar os legados do passado
histrico, cultural e paisagstico das regies vinculadas aos seus caminhos em iniciativas de
desenvolvimento sustentvel. Assim, o programa tem se destacado em mbito nacional e mundial
pelo seu empreendedorismo cultural, social e econmico sintetizado principalmente na insero
do segmento turstico de todos os locais envolvidos nos caminhos denominados Estrada Real. O
termo portanto sinnimo de um riqussimo acervo do patrimnio de bens tangveis e imateriais
que est salvaguardado ao longo dos antigos caminhos que ligam as reas de minerao ao litoral
fluminense.
Nessa acepo, o conjunto das minas de ouro se transforma em Estrada Real, que hoje representa mais
de um caminho especfico: o Caminho Velho de Parati, o Caminho Novo dooRio de Janeiro e o chamado
Caminho dos Diamantes que se entrelaam em Ouro Preto (RENGER, 2007:136).
Desde a sua fundao pela Federao das Indstrias do Estado de Minas Gerais o Instituto vem
registrando nas suas iniciativas a nfase na responsabilidade social para viabilizar um turismo
sustentvel legtimo. Neste contexto, o Instituto prioriza nos seus empreendimentos uma via
de mo dupla potencializar, valorizar e respeitar o patrimnio e as ambincias naturais, a
cultura material e imaterial e costumes locais integrando-os a uma dinmica de desenvolvimento
moderno, inovador, coanudado com a contemporaneidade.
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Com mais de trezentos anos, o municpio de So Joo del Rei, antigo Arraial Novo do Rio das
Mortes, funcionava como uma importante rea de minerao do ouro da capitania e se inseria
no circuito dos entrepostos do Caminho Velho da Estrada Real. O arraial foi declarado vila com
a denominao de So Joo del Rei em 1713 e desde ento mesmo depois de passados os
promissores anos da aventura do ouro, a cidade foi reconhecida como prspero ncleo urbano e
centro econmico preponderante da regio (TRINDADE, 2006: 131). Desde ento, aps o perodo
de intensa explorao mineratria, o municpio tem registrado a manuteno de parte de suas
tradicionais atividades econmicas e comerciais, que j predominavam durante o sculo XIX. Ao
lado desta tradio, a cidade tem no seu stio histrico a marca significativa do seu legado social,
cultural e histrico. Este, de gerao em gerao, permeia os interstcios citadino como os becos,
suas tortuosas ladeiras e o sbrio e diversificado conjunto arquitetnico recortado por sobrados
perfilados, casas trreas e os templos religiosos.
O conjunto harmonioso de bens simblicos delimitado predominantemente pela dimenso
sagrada dos templos de Nosa Senhora do Carmo e de Nossa Senhora do Rosrio erguidos em
pontos opostos que so mediados pela Matriz do Pilar e mais acima na encosta pela das Mercs.
Ao longe, do outro lado do Crego Lenheiros, em cuja margem esquerda se alinham imponentes construes,
avistam-se as torres de So Francisco, de perfil circular, contornada por balastre de pedra, antecedidas
pelas emblemticas palmeiras imperiais (TRINDADE, 2007:131, 132).
Rei e objetivam assegurar os detalhes e aspectos dos patrimnios material e imaterial a serem
preservados mediante as necessidades de inovao inseridas no processo de desenvolvimento
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As cidades e suas formaes na experincia ocidental se traduzem como espaos de linguagem, de evocao e sonhos, e
so constitudas de imagens que abrigam vrias escrituras (SILVA, 2001). Como registros da imagem do mundo, ao longo
das suas histrias, os espaos citadinos vo se compondo de maneira lenta e coletivamente. Assim, vo se constituindo e
voltam a constiturem-se incessantemente (SILVA, 2001). De acordo com os processos contnuos e descontnuos dos stios,
as histrias so elaboradas, imaginadas, e se constituem em cenrios do patrimnio material e imaterial. As cidades se
fazem, alm dos seus constructos, no espao e no tempo, por suas expresses, valores, hbitos, e alcanam coletivamente
uma mentalidade urbana (SILVA, 2001). Entre seus fragmentos e transformaes, nascem os palimpsestos, como registro
daquilo que se conquistou; conferem a marcao, a permanncia e encontram-se dispersos nos espaos, lugares, que
interrompem a noo cronolgica. Integrados ao estilo das localidades, os palimpsestos, ou seja, as alegorias do passado,
instituem-se como lugares dotados de representao da memria social. Para Jeudy (1990:49), uma vez que o patrimnio
tradicional assegura uma reproduo da ordem simblica das sociedades, as relaes entre o objeto, a imagem e o relato
encontram sua harmonia e finalidade na manuteno de uma perenidade de smbolos.
Nos tempos recentes, a introduo de novos patrimnios significa uma reviso das imagens que se edificaram no passado.
A elas, so incorporadas novas referncias, palimpsestos, vivncias, construes, reinaugurando o papel social e cultural
da imagem do lugar. De acordo com essas reflexes, o patrimnio das cidades se define e se redefine a partir dos seus
prprios cidados, vizinhos e visitantes. Assim, as cidades se edificam e se reedificam, do ponto de vista de construes
imaginrias. Nelas, esto presentes as condies fsicas e naturais, as referncias fsicas construdas, os costumes sociais;
as modalidades de expresso dos seus habitantes conformam um tipo especial de cidados com relao aos de outros
contextos, e por uma mentalidade urbana que lhe so prprias (SILVA, 2001). As cidades adquirem as caractersticas dos
seus criadores, e so os cidados das localidades que habitam o mundo. Os smbolos que os prprios habitantes constroem
ao longo do tempo fazem com que uma cidade seja diferente da outra. Neste passo distintivo e citadino, de gerao em
gerao, os smbolos mudam, como mudam as fantasias (SILVA, 2001). O objetivo de se criar medidas de identificao e
valorizao do patrimnio deve ser sempre reinserido nos processos de gesto local e apontam para uma nova categoria
do urbano, situando-o como sujeito real e imaginrio de uma cidade. E a concepo das paisagens e cenrios se faz por
segmentos e plats imaginrios dos seus habitantes. A dimenso da subjetividade emerge nessas experincias e habita`
a cidade vivida, interiorizada, projetada e construda. As suas relaes de uso e os processos de valorizao dos espaos
impregnam seus intertscios, percorrendo-a e interferindo dialogicamente, o que a reconstri como imagem urbana (SILVA,
2001).
A formao histrica das cidades mineiras se deu de forma peculiar e se configura nos palimpsestos de suas imagens
contemporneas. Para Vasconcellos (2004), a formao das povoaes em Minas Gerais a partir do sculo XVIII foi um
fenmeno de grande impacto, devido principalmente rapidez e predominncia das concentraes de carter urbano. No
s as povoaes se objetivaram espontaneamente, ao sabor do fundamento econmico, e se desenvolveram igualmente em
razo das condies naturais, como no geral prescindiram de sujeies, autogovernando-se (VASCONCELLOS, 2004:145).
Essas formaes tinham uma semelhana com as cidades europias do Renascimento, visto que o poder real estava muito
longe, da mesma forma que as lideranas das congregaes religiosas. Nas Minas Gerais do perodo colonial, apenas Mariana
conquistou ttulo de cidade e atuou como sede do bispado, o que a dotou de prerrogativas e privilgios, como foi ter direito
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a uma planificao urbana conveniente (PAULA, 2000). Como registra Mello (1985), na busca pelos recursos minerais,
o territrio mineiro foi constitudo por uma rede urbana, que se distribua ao longo dos caminhos e estradas, nas
encruzilhadas ou nas travessias dos cursos dgua, margem dos locais onde o ouro e o diamante eram encontrados.
Alm da cidade de Mariana, que recebeu uma planificao especial, Diamantina tambm foi dotada de desenho em
retcula quadriculada de acordo com a Lei das ndias. As demais povoaes tinham um desenho predominantemente
longilneo, originado das estradas que ligavam o territrio. Alguns pontos utilizados como paradas para descanso e
abastecimento recebiam a construo de pousos e, a seguir, de instalaes comerciais de suprimentos, aos poucos
transformadas em ncleo de nascentes povoaes, capazes de vida prpria (VASCONCELLOS, 2004:145). Como
revela o autor, o comrcio, e no o ouro ou outros minerais e pedras preciosas, o fundamento precpuo e direto dos
povoados mineiros. Ainda que o ouro tenha sido a causa remota e base econmica da criao dos aludidos povoados,
o comrcio que os objetiva, os alimenta (VASCONCELLOS, 2004:146).
A primeira fase da expanso fomalizada em um modelo de ocupao tradicional, e a partir da criao dos arraiais
e vilas, a populao se concentrava e passava a demandar a formao de linhas de abastecimento (VENNCIO,
2001:184). Numa segunda fase de expanso dos ncleos urbanos e da produo de metais e pedras preciosas, a
Capitania de Minas Gerais apresentou um desenvolvimento no setor agropecurio, havendo um impulso nos
processos de produo e abastecimento. Alm das reas Centrais da Capitania estarem, em grande parte, ocupadas
por ncleos urbanos outras regies (Norte e Sul, e posteriormente Zona da Mata e Tringulo Mineiro) foram integradas
seqencialmente rede econmica. Em uma terceira fase de ocupao do territrio mineiro, os centros de minerao
multiplicaram-se ainda mais, formando novos arraiais abastecedores ou intermedirios, criando assim uma malha
de trocas comerciais que entrecruzavam (VENNCIO, 2004:187). Minas Gerais, ao longo dos sculos XVIII e XIX, fora
a regio mais populosa e mais urbanizada do pas, sendo que os nveis de urbanizao e a dinmica demogrfica se
aproximaram aos da Europa e do Novo Mundo.
A formao do Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar entre os sculos XVII e XVIII e depois Vila de So Joo del
Rei estrutura-se a partir da explorao do ouro, que situava-se em maior abundncia na regio das encostas da Serra
do Lenheiro. Os espaos de explorao foram delimitados simultaneamente implantao dos primeiros ranchos
distribudos em sua maioria no entorno das reas de minerao (MALDOS, 2003). Neste mesmo perodo os primeiros
entrepostos comerciais so implementados e centralizavam as primeiras reas de ocupao do arraial e depois da
vila.
A explorao do ouro estabeleceu uma urbanizao especfica dentro dos ncleos onde foram lozalizadas as lavras. A proximidade das
reas extrativas era fundamental para o controle e a segurana das mesmas, sendo as casas assim levantadas quase ao p das catas de
ouro. As ruas, tais como as conhecemos, eram originalmente caminhos, rotas de acesso entre o espao de morar, as reas de trabalho
e os acessos das vias de entrada e sada dos aglomerados urbanos (MALDOS, 2003:18).
As vias mais tradicionais, apesar da configurao irregular da malha urbana, estavam ligadas por um caminho
principal denominado Rua Direita. Alm de espacializar um maior nmero de servios do entreposto, exercia a funo
distributiva e integradora do arraial com outras regies.
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A espacializao da vila tambm foi condicionada pela topografia recortada pelo vale do crrego do Lenheiro. A regio
do Morro da Forca e Matola situada no vetor do territrio, devido ausncia de reservas aurferas e a sua posio estratgica
em relao s minas, foi eleita como uma rea propcia instalao de habitaes (MALDOS, 2003). O historiador Andr
Joo Antonil afirma que os arraiais que tiveram ocupao e adensamento antes da regulamentao das vilas rgias eram
freguesias mveis e o bom sucesso das lavras era a garantia de permanncia e expanso dos mesmos (CUNHA, 2007).
Neste contexto, houve uma superposio do cho da produo com o cho da reproduo da vida. Apesar do registro de
concentrao das reas de comrcio e oferta de servios no arraial sanjoanense, as atividades de minerao tiveram uma
funo preponderante nos ritmos e particularidades da formao urbana (CUNHA, 2007:23).
Em 1713 o arraial novo de Nossa Senhora do Pilar foi elevado categoria de vila quando o ento governador da Capitania
de So Paulo e Minas Gerais Dom Brs Baltazar da Silveira manifestou inteno de mudar a teritorializao do ncleo das
proximidades das proximidades das encostas da serra e da margem direita do crrego para a esquerda. O local apresentava
melhores condies para a expanso e centralizao da vila. No entanto, esta deliberao no surtiu efeito, uma vez que
o cotidiano citadino e as identidades elucidadas aseguraram a permanncia e a valorizao da tradicional rea (CUNHA,
2007).
De acordo com as reflexes de Vasconcellos (2004), os ncleos urbanos assumiram simultaneamente um conjunto de
atribuies: alm do casario, as condies de entreposto, local de suprimento e das trocas comerciais. O autor mostra que,
ao contrrio das cidades litorneas, as mineiras tinham seus templos erigidos no centro dos largos, circundados por praas
ou ruas, e independentes das quadras urbanas deles vizinhas. Os templos poderiam ser tambm implantados em outeiros,
o que valorizou bastante os edifcios religiosos, acrescentando s povoaes um incipiente paisagismo e bons efeitos
de perspectiva (VASCONCELLOS, 2004). O processo de ocupao espontneo e longilneo definiu uma configurao mais
orgnica, onde as condies do terreno eram respeitadas. Distanciadas das formas de ocupao mais racionalizadas, os
traados das cidades mineiras resultaram em arranjos plsticos singulares, gerando uma perfeita harmonia com a paisagem
circundante ou natural.
O povoado cresce como lhe convm, espicha e encolhe, conforme seu estgio de desenvolvimento; ameniza os aclives com traados coleantes,
absorve os terrenos mais favorveis e rejeita os imprprios, participando da vida dos seus habitantes, como uma entidade tambm viva e livre
das contenes determinadas por regras fixas ou tentativas de racionalizao divorciadas da realidade (VASCONCELLOS, 2004:147).
Apesar das evidncias de autonomia urbanstica nos processos de ocupao do territrio mineiro, observa-se tambm
que parte dessa ao criativa foi exercida por aqueles que chegavam Capitania. Considerando-se costumes, literatura,
msica, artes, arquitetura e o prprio urbanismo, a histria cultural mineira registra uma abertura s influncias de outras
capitanias brasileiras e at mesmo de cidades europias. A contribuio de mestres, artfices, engenheiros militares, entre
outros competentes artistas, foi decisiva para conformar a paisagem cultural mineira. Segundo Mello (1985), a paisagem
foi tambm enriquecida pelos equipamentos e mobilirios urbanos, como pontes, fontes, chafarizes, escadarias, marcos,
obeliscos e jardins.
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Nas Minas, [...], sobressaem os exemplos por sua maior liberdade e pelo uso de materiais locais. [...]. Os chafarizes seriam resolvidos com a
linguagem formal barroca de maior familiaridade dos mestres portugueses aqui instalados [...] (MELLO, 1985:205).
Para a autora, os chafarizes, como as pontes, integravam a vida das vilas e arraiais. Alm de atenderem a uma funo
primordial, eram incorporados pelos habitantes como lugar de encontro e sociabilidade. Eles se dispunham em bancos e se
apresentavam como largos ou pequenas praas para a permanncia efmera.
Quando a minerao recuou, enquanto atividade organizadora do espao de So Joo del Rei, a posio de cabea da
comarca e suas funes comerciais articulando-se s rotas do mercado interno das Minas no permitiram a retrao do
ncleo (CUNHA, 2007:25). J no final do sculo XVIII registra-se um processo significativo de migraes aliado s novas
iniciativas empreendedoras do desenvolvimento socioeconmico alternativo explorao mineratria. Mesmo So Joo no
sendo a centralidade primordial dos fluxos, j polarizava no incio do sculo XIX o crescimento econmico das regio sul
mineira. Tal conjuntura foi ratificada e dinamizada com a vinda da Corte Portuguesa para o Brasil. Atravs dos circuitos
da Estrada Real, So Joo tambm se consolidou como entreposto comercial por sua posio estratgica na funo de
abastecimeneto da Capital Federal. A vila foi elevada categoria de cidade em 1838 e teve o seu crescimento populacional
e urbano contnuo mas um pouco lento e fragmentado. O seu processo de nucleao j demonstrava nos oitocentos sinais
de modernidade pautada pelos disciplinamentos registrados nos termos de cencesso e implantao de imveis, na prpria
concepo da arquitetura, bem como em relao implementao da infra-estrutura urbana.
Como mostra Silva (1993), no fim do perodo colonial e nos perodos subseqentes, a sociabilidade pblica se sobreps
sociabilidade privada. Junto aos chafarizes, pontes, pontilhes, largos, foi criada, na cidade do Rio de Janeiro, a modalidade
do Passeio Pblico, que, embora no muito amplo, recebeu acabamento estilo francs e se tornou um dos pontos atrativos
da cena pblica. Esta atitude, entre outras iniciativas, propiciou uma flexibilizao do uso de vias, passeios e reas pblicas,
inclusive nas cidades inseridas no territrio mineiro. Portanto, eles eram enfeitados, e os ornamentos se estendiam para as
aberturas dos casarios, dando um sentido festivo ao local anteriormente dotado de pouca sociabilidade. Complementavam os
eventos pblicos e as diversificadas formas de se ocupar os espaos urbanos, os carros alegricos, os teatros e apresentaes
artsticas em reas abertas.
Observa-se que os sinais de modernidade e estilos de viver criativos e inovadores espalharam-se ambguos e contraditrios
nas Minas dos sculos XVIII e XIX. Mesmo com a decadncia da minerao, as grandes obras pblicas e privadas das localidades
tiveram seu processo de construo continuada (PAULA, 2000). As manifestaes artsticas e culturais que envolvem a
arquitetura, o urbanismo e os modos de viver em cidades confirmam o estabelecimento de uma sofisticada e singular
qualidade de civilizao em Minas. Houve, assim, um significativo enriquecimento dos padres construtivos da engenharia
e da arquitetura, da ampliao dos servios e equipamentos urbanos, que propiciaram o incremento da sociabilidade e
das relaes simblicas (PAULA, 2000). Todos esses fatores e aspectos contriburam na definio de que as cidades so
condensaes histricas. Essas se fazem pela acumulao extraordinria de patrimnios materiais e imateriais, que vo se
conformando no constructo do espao e do tempo. As referncias no constituem apenas uma riqueza patrimonial, mas um
ttulo ou um argumento de autoridade poltica, cultural; ou seja, um dom da humanidade.
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DISPOSITIVOS, REQUISITOS
E ORIENTAES TCNICAS E
ESTTICAS PARA PLANEJAR
MOBILIRIO URBANO
AS CONTRIBUIES DAS CARTAS PATRIMONIAIS
E DAS TIPOLOGIAS PROJETUAIS
Para a elaborao do Guia do Mobilirio Urbano de So Joo del Rei, os pressupostos normativos nos mbitos estadual,
federal foram respeitados e incorporados, quando necessrio, ao escopo das diretrizes, orientaes e definies de
ferramentas inseridas no Guia do Mobilirio Urbano a ser publicado que representa uma iniciativa entre o Governo do
Estado, o SEBRAE-MG e a Associao das Cidades Histricas de Minas Gerais.
As cidades histricas so caracterizadas pela interseo das paisagens natural e cultural que edificaram suas
caractersticas e referncias na preservao e na poltica de conservao dos seus patrimnios urbanos (GUIA..., 2009).
Segundo a recomendao da Conferncia Geral da UNESCO de Nairobi
Em cada Estado-membro dever-se-ia formular, nas condies peculiares a cada um em matria de distribuio de poderes, uma poltica
nacional, regional e local, a fim de que sejam adotadas medidas jurdicas, tcnicas, econmicas e sociais pelas autoridades nacionais, regionais
e locais para salvaguardar os conjutos histricos ou tradicionais e suas ambincias e adapt-los s exigncias da vida contempornea
(IPHAN..., 2004:221).
No sentido de se fazer cumprir a conservao do patrimnio, medidas de salvaguarda foram definidas por essa
conferncia, com o objetivo de se assegurar iniciativas locais vinculadas s inovaes no planejamento e gesto urbanas.
Com base nessas abordagens, os projetos vinculados renovao dos espaos pblicos configuram uma das importantes
atribuies dos gestores locais, que esto conscientizados da importncia do patrimnio. Valorizar um bem histrico ou
artstico equivale a habit-lo com as condies objetivas e ambientais que, sem desvirtuar sua natureza, ressaltem suas
caractersticas e permitam seu timo aproveitamento (IPHAN..., 2004:111).
As Normas de Quito destacam, entre outros pontos, a importncia do patrimnio cultural: [...] a valorizao se realiza
em funo de um fim transcendente [...], que seria em ltima instncia a contribuio para o desenvolvimento econmico
da regio (IPHAN..., 2004:111). Outro ponto no detalhamento dos projetos diz respeito s recomendaes definidas
na Conferncia da UNESCO em Paris, quando da execuo de obras pblicas e privadas. As principais esto listadas
abaixo:
[...] as autoridades locais (estaduais, municipais ou outras) deveriam tambm dispor de servios encarregados da preservao e do salvamento
dos bens culturais ameaados por obras pblicas ou privadas. Esses servios deveriam dispor da possibilidade de obter ajuda dos servios
Destacando a proteo do patrimnio cultural e natural, a Conferncia Geral da UNESCO de Paris aconselha:
A fim de garantir a adoo de medidas eficazes para a proteo, conservao e valorizao do patrimnio cultural e natural situado em seu
territrio, os Estados-partes na presente conveno procuraro, na medida do possvel, e nas condies apropriadas a cada pas: adotar uma
poltica geral que vise a dar ao patrimnio cultural e natural uma funo na vida da coletividade e a integrar a proteo desse patrimnio
nos programas de planejamento geral; instituir em seu territrio, se ainda no existirem, um ou mais servios de proteo, conservao e
valorizao do patrimnio cultural e natural, dotados de pessoal adequado e de meios apropriados a realizar as tarefas a eles confiadas;
desenvolver os estudos e as pesquisas cientficas e tcnicas e aperfeioar os mtodos de interveno que permitam a um Estado enfrentar
os perigos que ameacem seu patrimnio cultural ou natural; adotar as medidas jurdicas, cientficas, tcnicas, administrativas e financeiras
adequadas para a identificao, proteo, conservao, valorizao e reabilitao desse patrimnio; e favorecer a criao ou o desenvolvimento
de centros nacionais ou regionais de formao no campo da proteo, conservao e valorizao do patrimnio cultural e natural e estimular
a pesquisa cientfica nesse campo (IPHAN..., 2004:179-180).
Com relao ao patrimnio arquitetnico que compe os stios histricos como So Joo del Rei a Declarao de
Amsterd ressalta pontos a serem considerados para o desenvolvimento dos projetos. Afirma ser a conservao da
arquitetura de importncia vital, visto que:
Esse patrimnio compreende no somente as construes isoladas de um valor excepcional e seu entorno, mas tambm os conjuntos,
bairros de cidades e aldeias que apresentem um interesse histrico ou cultural. Essas riquezas so um bem comum a todos os povos da
Europa, que tm o dever de proteg-las dos perigos crescentes que as ameaam: negligncia e deteriorao, demolio deliberada, novas
construes em desarmonia e circulao excessiva. A conservao do patrimnio arquitetnico deve ser considerada no apenas como um
problema marginal, mas como objetivo maior do planejamento das reas urbanas e do planejamento fsico-territorial. Os poderes locais aos
quais compete a maioria das decises importantes em matria de planejamento, so todos particularmente responsveis pela proteo do
patrimnio arquitetnico e devem ajudar-se mutuamente atravs da troca de idias e de informaes. A reabilitao dos bairros antigos deve
ser concebida e realizada, tanto quanto possvel, sem modificaes importantes da composio social dos habitantes e de uma maneira tal
que todas as camadas da sociedade se beneficiem de uma operao financiada por fundos pblicos. As medidas legislativas e administrativas
nacionais, ou de outros rgos apropriados, de acordo com suas atribuies e necessidades; os servios de salvaguarda dos bens culturais
necessrias devem ser reforadas e tornadas mais eficazes em todos os pases. [...].
deveriam contar com pessoal qualificado, especialistas competentes em matria de preservao dos bens culturais ameaados por obras
O patrimnio arquitetnico no sobreviver a no ser que seja apreciado pelo pblico e especialmente pelas novas geraes. Os programas
pblicas ou privadas: arquitetos, urbanistas, arquelogos, historiadores, inspetores e outros especialistas e tcnicos; deveriam ser tomadas
de educao em todos os nveis devem, portanto, preocupar-se mais intensamente com essa matria. Devem ser encorajadas as organizaes
medidas administrativas para coordenar as atividades dos diversos servios responsveis pela salvaguarda dos bens culturais e as de outros
privadas internacionais, nacionais e locais que contribuam para despertar o interesse do pblico. Uma vez que a arquitetura de hoje o
servios encarregados de obras pblicas ou privadas e as dos demais servios cujas funes tenham relao com o problema de preservar
patrimnio de amanh, tudo deve ser feito para assegurar uma arquitetura contempornea de alta qualidade (IPHAN..., 2004:200-201).
ou salvar os bens culturais ameaados por obras pblicas ou privadas; deveriam ser tomadas medidas administrativas para designar uma
autoridade ou uma comisso encarregada dos programas de desenvolvimento urbano em todas as comunidades que possuam bairros
histricos, stios e monumentos de interesse, protegidos ou no pela lei, que seja preciso defender contra a ameaa de obras pblicas ou
privadas (IPHAN..., 2004:131).
18
As recomendaes da Conferncia Geral da UNESCO em Nairobi defendem a salvaguarda dos conjuntos histricos em
funo das necessidades oriundas da vida contempornea. Apontam que na elaborao dos planos de salvaguarda e sua
execuo deve-se considerar outros pontos:
19
Um cuidado especial deveria ser adotado na regulamentao e no controle das novas construes, para assegurar que sua arquitetura se
substncia, do contedo e do entorno de um bem e no deve ser confundida com o termo reparao. A reparao implica a restaurao
enquadre harmoniosamente nas estruturas espaciais e na ambincia dos conjuntos histricos. Para isso, uma anlise do contexto urbano
e a reconstruo, e assim ser considerada; preservao ser a manuteno no estado da substncia de um bem e a desacelerao do
deveria preceder qualquer construo nova, no s para definir o carter geral do conjunto, como para analisar suas dominantes: harmonia
processo pelo qual ele se degrada; restaurao ser o restabelecimento da substncia em um estado anterior conhecido; reconstruo ser
das alturas, cores, materiais e formas, elementos constitutivos do agenciamento das fachadas e dos telhados, relaes dos volumes
o restabelecimento, com o mximo de exatido, de um estado anterior conhecido; ela se distingue pela introduo na substncia existente
construdos e dos espaos, assim como suas propores mdias e a implantao dos edifcios. Uma ateno especial deveria ser prestada
de materiais diferentes, sejam novos ou antigos. A reconstruo no deve ser confundida nem com a criao, nem com a reconstruo
dimenso dos lotes, pois qualquer modificao poderia resultar em efeito de massa, prejudicial harmonia do conjunto. No se deveria
hipottica, ambas excludas do domnio regulamentado pelas presentes orientaes; adaptao ser o agenciamento de um bem a uma nova
autorizar o isolamento de um monumento atravs da supresso de seu entorno; do mesmo modo, seu deslocamento s deveria ser decidido
destinao, sem a destruio de sua significao cultural; a expresso uso compatvel designar uma utilizao que no implique mudana
excepcionalmente e por razes de fora maior. Os conjuntos histricos ou tradicionais e sua ambincia deveriam ser protegidos contra a
na significao cultural da substncia, modificaes que sejam substancialmente reversveis ou que requeiram um impacto mnimo (IPHAN...,
desfigurao resultante da instalao de suportes, cabos eltricos ou telefnicos, antenas de televiso ou painis publicitrios de grande
2004:247-248).
escala. Se j existirem, devero ser adotadas medidas adequadas para suprimi-los. Os cartazes, a publicidade luminosa ou no os letreiros
comerciais, a sinalizao das ruas, o mobilirio urbano e o revestimento do solo deveriam ser estudados e controlados com maior cuidado,
para que se integrem harmoniosamente ao conjunto. Deveria ser feito um esforo especial para evitar qualquer forma de vandalismo. [...]
Dado o conflito existente na maior parte dos conjuntos histricos ou tradicionais entre o trnsito automobilstico, por um lado, e a densidade
do tecido urbano e as caractersticas arquitetnicas, por outro, os Estados-membros deveriam estimular e ajudar as autoridades locais a
encontrar solues para esse problema. Para consegui-lo e para favorecer o trnsito de pedestres, conviria estudar com extremo cuidado
a localizao e o acesso dos parques de estacionamento, no s dos perifricos como dos centrais, e estabelecer redes de transporte que
facilitem ao mesmo tempo a circulao dos pedestres, o acesso aos servios e o transporte pblico. Numerosas operaes de reabilitao,
tais como, entre outras, a instalao subterrnea de redes eltricas e de outros cabos, que seriam demasiadamente onerosas se fossem feitas
separadamente, poderia ser, ento, coordenadas fcil e economicamente com o desenvolvimento da rede viria. A proteo e a restaurao
A Carta de Florena aborda a proteo de jardins histricos, tambm presentes no municpio sanjoanense. Esta
subdivide a definio dos mesmos nas seguintes concepes: a primeira aponta um jardim histrico uma composio
arquitetnica e vegetal que, do ponto de vista da histria ou da arte, apresenta um interesse pblico. Como tal considerado
monumento. (IPHAN..., 2004:252). Em seguida afirma entre outros aspectos que
o jardim histrico uma composio de arquitetura cujo material principalmente vegetal, portanto, vivo e, como tal, perecvel e renovvel.
Seu aspecto resulta, assim, de um perptuo equilbrio entre o movimento cclico das estaes, do desenvolvimento e do definhamento da
natureza, e da vontade de arte e de artifcio que tende a perenizar o seu estado. [...].
deveriam ser acompanhadas de atividades de revitalizao. Seria, portanto, essencial manter as funes apropriadas existentes e, em
A denominao jardim histrico aplica-se tanto aos jardins modestos quanto aos parques ordenados ou paisagsticos. [...].
particular, o comrcio e o artesanato e criar outras novas que, para serem viveis a longo prazo, deveriam ser compatveis com o contexto
Um stio histrico uma paisagem definida, evocadora de um fato memorvel: lugar de um acontecimento histrico maior, origem de um
econmico e social, urbano, regional ou nacional em que se inserem. O custo das operaes de salvaguarda no deveria ser avaliado apenas
mito ilustre ou de um combate pico, assunto de um quadro clebre, etc. A proteo dos jardins histricos exige que eles sejam identificados e
em funo do valor cultural das construes, mas tambm do valor derivado da utilizao que delas se possa fazer. Os problemas sociais
inventariados. Impe intervenes diferenciadas, que so a manuteno, a conservao, a restaurao. Pode-se, eventualmente, recomendar
decorrentes da salvaguarda s podem ser colocados corretamente se houver referncia a essas duas escalas de valor. Essas funes teriam
a reconstituio. A autenticidade diz respeito tanto ao desenho e ao volume de partes quanto do seu decr ou escolha de vegetais ou de
que se adaptar s necessidades sociais, culturais e econmicas dos habitantes, sem contrariar o carter especfico do conjunto em questo.
Uma poltica de revitalizao cultural deveria converter os conjuntos histricos em plos de atividades culturais e atribuir-lhes um papel
essencial no desenvolvimento cultural das comunidades circundantes (IPHAN..., 2004:227-228).
No encontro do Conselho Internacional de Monumentos e Stios foi definida a Carta de Burra. Esta contm as definies
que orientam as anlises e procedimentos inseridos nas deliberaes projetuais de patrimnio. As definies principais so
as seguintes:
Ao considerar os aspectos da manuteno e conservao dos bens imveis a Carta de Florena aconselha:
A manuteno do jardim histrico uma operao primordial e necessariamente contnua. Sendo vegetal o material principal, por substituies
pontuais e, a longo termo, por renovaes ccliclas (corte raso e replantao de elementos j formados) que a obra ser mantida no estado. A
escolha de espcies de rvores, arbustos, de plantas ou de flores a serem substitudas periodicamente deve-se efetuar com observncia dos
usos estabelecidos e reconhecidos para as diferentes zonas botnicas e culturais, em uma vontade de permanente conservao e pesquisa
o termo bem designar um local, uma zona, um edifcio ou um conjunto de edificaes ou outras obras que possuam uma significao
de espcie de origem. Os elementos de arquitetura, de escultura ou de decorao, fixos ou mveis, que fazem parte integrante do jardim
cultural, compreendidos em cada caso, o contedo e o entorno a que pertence; a expresso significado cultural designar o valor esttico,
histrico, no devem ser retirados ou deslocados, seno na medida em que uma conservao ou sua restaurao o exijam. A substituio
histrico, cientfico ou social de um bem para as geraes passadas, presentes ou futuras; o termo conservao designar os cuidados a serem
ou restaurao de elementos em perigo devem ser feitas conforme os princpios da Carta de Veneza e a data de qualquer substituio ser
dispensados a um bem para preservar-lhe as caractersticas que apresentem uma significao cultural. De acordo com as circunstncias, a
indicada. O jardim histrico deve ser conservado em um meio ambiente adequado. Qualquer modificao do meio fsico, que coloque em
conservao implicar ou no a preservao ou a restaurao, alm da manuteno; ela poder, igualmente, compreender obras mnimas
perigo o equilbrio ecolgico, deve ser proibida. Essas medidas referem-se ao conjunto da infra-estrutura, sejam elas internas ou externas:
de reconstruo ou adaptao que atendam s necessidades e exigncias prticas; o termo manuteno designar a proteo contnua da
canalizaes, sistemas de irrigao, caminhos, estacionamentos, cercas, dispositivos de vigilncia, de explorao, etc. (IPHAN..., 2004:255).
20
21
superficialidade e ineficcia. Que seja encorajada a participao interdisciplinar, condio indispensvel a qualquer empenho em favor da conservao,
restaurao e revitalizao das pequenas localidades. [...].
Que a utilizao de materiais regionais e a conservao de tcnicas de construo tradicionais de cada regio sejam indispensveis para as pequenas aglomeraes
e no estejam em contradio com a teoria geral que estabelece que se deixe em evidncia nas intervenes a marca de nosso tempo. O esforo para identificar,
encorajar, manter em vigor e reforar no esprito das comunidades o prestgio e o valor do uso de tais materiais e tcnicas, justamente onde eles existem,
urgente. Recomenda-se encorajar a competncia artesanal da construo, atravs de premiaes (IPHAN..., 2004:267-268).
A Carta de Petrpolis verifica e conceitua as denominaes centro e stio histrico. Aponta que:
Entende-se como stio histrico urbano o espao que concentra testemunhos do fazer cultural da cidade em suas diversas manifestaes. Esse stio histrico
urbano deve ser entendido em seu sentido operacional de rea crtica, e no por oposio a espaos no-histricos da cidade, j que toda cidade um
organismo histrico. O stio histrico urbano SHU parte integrante de um contexto amplo que comporta as paisagens natural e construda, assim como a
vivncia dos seus habitantes num espao de valores produzidos no passado e no presente, em processo dinmico de transformao, devendo os novos espaos
urbanos ser entendidos na sua dimenso de testemunhos ambientais em formao. [...].
A preservao do SHU deve ser pressuposto do planejamento urbano, entendido como processo contnuo e permanente, alicerado no conhecimento dos
mecanismos formadores e atuantes na estruturao do espao (IPHAN..., 2004:285-186).
A Recomendao n. R, adotada pelo Comit de Ministros, define o emprego de categorias relevantes para projetos de mobilirio
urbano e as principais so:
Ao abordar a revitalizao das pequenas aglomeraes a Declarao de Tlaxcala adota alguns aspectos importantes:
Reafirmam que as pequenas aglomeraes se constituem em reservas de modos de vida que do testemunho de nossas culturas, conservam
uma escala prpria e personalizam as relaes comunitrias, conferindo, assim, uma identidade a seus habitantes. Lembram que a conservao
e reabilitao das pequenas aglomeraes so, por um lado, uma obrigao moral e uma responsabilidade dos governos de cada Estado e
das autoridades locais; por outro, um direito de as comunidades participarem das decises que dizem respeito conservao do seu habitat,
intervindo diretamente no processo de realizao. [...].
Reafirmam a importncia dos planos de ordenao fsico-territorial e de desenvolvimento para diminuir o processo de abandono dos pequenos
lugares de habitat e a superpopulao das mdias e pequenas cidades, fenmeno que ameaa a prpria existncia dessas localidades. Recomendam
que qualquer ao que tenda a preservar o ambiente urbano e os valores arquitetnicos de um lugar deve participar, necessariamente, da
melhoria das condies scio-econmicas dos habitantes e da qualidade de vida dos centros urbanos. Pensam que, para preservar a atmosfera
tradicional nas localidades rurais e nas pequenas aglomeraes e para permitir a continuidade de manifestaes arquitetnicas vernaculares
contemporneas, necessrio dispor no apenas dos materiais, como tambm da tcnica tradicional e, quando isso no for possvel, propem a
utilizao de elementos de substituio que no ocasionem alteraes notveis na forma resultante e que correspondam s condies psicolgicas
locais e aos modos de vida dos habitantes da regio (IPHAN..., 2004:265-267).
Paisagem expresso formal dos numerosos relacionamentos existentes em determinado perodo entre o indivduo ou uma sociedade e um territrio
topograficamente definido, cuja aparncia resultado de ao ou cuidados especiais, de fatores naturais e humanos e de uma combinao de ambos.
Paisagem considerada em um triplo significado cultural, porquanto, definida e caracterizada da maneira pela qual determinado territrio percebido por
um indivduo ou por uma comunidade; d testemunho ao passado e ao presente do relacionamento existente entre os indivduos e seu meio ambiente; ajuda
a especificar culturas locais, sensibilidades, prticas, crenas e tradies.
rea de paisagem cultural partes especficas, topograficamente delimitadas da paisagem, formadas por vrias combinaes de agenciamentos naturais e
humanos, que ilustram a evoluo da sociedade humana, seu estabelecimento e seu carter atravs do tempo e do espao e quanto de valores reconhecidos tm
adquirido social e culturalmente em diferentes nveis territoriais, graas presena de remanescentes fsicos que refletem o uso e as atividades desenvolvidas
na terra no passado, experincias ou tradies particulares, ou representao em obras literrias ou artsticas, ou pelo fato de ali haverem ocorrido fatos
histricos.
Conservao a aplicao dinmica das medidas apropriadas, dos pontos de vista legal, econmico e operacional, para preservar determinados episdios da
destruio ou deteriorao e salvaguardar seu futuro.
Poltica paisagstica todas as estruturas concorrentes definidas pelas autoridades competentes e relativas a diferentes atividades do poder pblico, de
proprietrios de terras e de outros interessados na evoluo orientada de uma paisagem e em sua valorizao, de acordo com os desejos da sociedade como
um todo.
Poluio visual degradao ofensiva visualidade resultante ou de acmulo de instalaes ou equipamento tcnico (torres, cartazes de propaganda, anncios
ou qualquer outro material publicitrio) ou da presena de plantao de rvores, zona florestal ou projetos construtivos inadequados ou mal localizados
22
(IPHAN..., 2004:331-332).
23
Com relao s medidas de proteo legal e conservao das reas de paisagem cultural, como parte de polticas de
paisagem, aconselha:
Dependendo do valor das reas de paisagem cultural protegidas, o projeto de proteo deveria estabelecer a superviso de uma autoridade
responsvel no territrio no que diz respeito concesso de autorizao para construes, demolies ou realizao de obras (includos projetos
de silvicultura, agrcolas ou de infra-estrutura) que resultem na transformao das paisagens. Em algumas reas ou em partes de reas a proteo
pode acarretar a proibio de construir (IPHAN..., 2004:340).
Na sustentabilidade observada da perspectiva social a nfase dada presena do ser humano na ecosfera. A preocupao maior com o bem estar humano, a
condio humana e os meios utilizados para aumentar a qualidade de vida dessa condio. Rutheford (1997) argumenta, utilizando um raciocnio econmico, que
se deve preservar o capital social e humano e que o aumento desse montante de capital deve gerar dividendos. Claramente, como j foi amplamente discutido, o
conceito de bem-estar no fcil de construir nem medir. A questo da riqueza importante, mas apenas parte do quadro geral da sustentabilidade.
Acesso a servios bsicos, gua limpa e tratada, ar puro, servios mdicos, proteo, segurana e educao pode estar ou no relacionado com os rendimentos
ou a riqueza da sociedade. Para Sachs (1997), a sustentabilidade social refere-se a um processo de desenvolvimento que leve a um crescimento estvel com
distribuio eqitativa de renda, gerando, com isso, a diminuio das atuais diferenas entre os diversos nveis na sociedade e a melhoria das condies de vida
das populaes (BELLEN, 2007:37).
Sustentabilidade da perspectiva ambiental
Para Rutheford (1997), na sustentabilidade da perspectiva ambiental a principal preocupao relativa aos impactos das atividades humanas sobre o meio
ambiente. Ela expressa pelo que os economistas chamam de capital natural. Nessa viso, a produo primria, oferecida pela natureza, a base fundamental
sobre a qual se assenta a espcie humana. Foram os ambientalistas, atores dessa abordagem, que desenvolveram o modelo denominado pressure, state e
response (PSR) para indicadores ambientais e que o defendam para as outras esferas.
Sustentabilidade ecolgica significa ampliar a capacidade do planeta pela utilizao do potencial encontrado nos diversos ecossistemas, ao mesmo tempo em que
se mantm a sua
Junto das Cartas Patrimoniais, que orientam e definem os procedimentos voltados para as polticas de preservao,
conservao e interveno do patrimnio, as medidas inseridas nessas aes devem ter como meta o desenvolvimento
sustentvel. Os setores organizados mundialmente em torno da questo da relao da sociedade civil e o meio natural afirmam
que o desenvolvimento sustentvel quando procura fazer justia e criar oportunidades para que todos os seres humanos do
planeta, sem privilgio de algumas espcies, possam se desenvolver sem destruir os recursos naturais finitos e sem ultrapassar
a capacidade de carga do sistema (BELLEN, 2007). Algumas orientaes podem ser consideradas no planejamento e implantao
do mobilirio urbano. As principais so:
24
deteriorao em um nvel mnimo. Deve-se reduzir a utilizao de combustveis fsseis, diminuir a emisso de substncias poluentes, adotar polticas de conservao
de energia e de recursos, substituir recursos no-renovveis por renovveis e aumentar a eficincia em relao aos recursos utilizados (SACHS, 1997 apud BELLEN,
2007:37).
Sustentabilidade da perspectiva geogrfica e cultural
A sustentabilidade geogrfica pode ser alcanada por meio de uma melhor distribuio dos assentamentos humanos e das atividades econmicas. Deve-se procurar
uma configurao rural-urbana mais adequada para proteger a diversidade biolgica, ao mesmo tempo em que se melhora a qualidade de vida das pessoas.
Por ltimo, a sustentabilidade cultural, a mais difcil de ser concretizada segundo Sachs (1997), est relacionada ao caminho da modernizao sem o rompimento
da identidade cultural dentro de contextos espaciais especficos. Para Sachs (1997), o conceito de desenvolvimento sustentvel refere-se a uma nova concepo
dos limites e ao reconhecimento das fragilidades do planeta, ao mesmo tempo em que enfoca o problema socioeconmico e da satisfao das necessidades
bsicas das populaes. [...]
Alcanar o progresso em direo sustentabilidade claramente uma escolha da sociedade, das organizaes, das comunidades e dos indivduos. Como envolve
diversas escolhas, a mudana s possvel se existir grande envolvimento da sociedade. Em resumo, o desenvolvimento sustentvel fora a sociedade a pensar
em termos de longo prazo e reconhecer o seu lugar dentro da biosfera. O conceito fornece uma nova perspectiva de se observar o mundo e ela tem mostrado que
o estado atual da atividade humana inadequado para preencher as necessidades vigentes. Alm disso, est ameaando seriamente a perspectiva de vida das
futuras geraes.
Os objetivos do desenvolvimento sustentvel desafiam as instituies contemporneas. Elas tm reagido s mudanas globais relutando em reconhecer que esse
processo esteja realmente ocorrendo. As diferenas em relao ao conceito de desenvolvimento sustentvel so to grandes que no existe um consenso sobre
o que deve ser sustentado e tampouco sobre o que o termo sustentar significa. Conseqentemente, no existe consenso sobre como medir a sustentabilidade.
25
Infelizmente, para a maioria dos autores anteriormente citados, sem uma definio operacional minimamente aceita torna-se impossvel traar estratgias e
acompanhar o sentido e a direo do progresso.
Todas as definies e ferramentas relacionadas sustentabilidade devem considerar o fato de que no se conhece totalmente como o sistema
opera. Pode-se apenas descobrir os impactos ambientais decorrentes de atividades e a interao com o bem-estar humano, com a economia e
o meio ambiente. Em geral se sabe que o sistema interage entre as diferentes dimenses mas no se conhece especificamente o impacto dessas
interaes.
Todos os aspectos anteriormente apresentados mostram a diversidade e a complexidade do termo desenvolvimento sustentvel. Apesar da
dificuldade que essas caractersticas conferem ao estudo do desenvolvimento sustentvel, a diversidade desse conceito deve servir no como
obstculo na procura de seu melhor entendimento, mas, sim, como fator de motivao e tambm como criador de novas vises sobre ferramentas
para descrever a sustentabilidade (BELLEN, 2007:37-39).
Dessa forma, o espao turistificado somente poder alcanar um desenvolvimento auto-sustentado partindo de suas bases
e sendo protagonizado pelas decises comunitrias sobre seu prprio destino. A adoo de um modelo de desenvolvimento
sustentvel como esse exigir uma reformulao geral, bem como reorganizao das atividades tursticas, com base na eficincia
econmica, na diminuio das desigualdades sociais e na responsabilidade ambiental, sempre considerando as especificaes
locais e sua capacidade de carga. O ser humano tem se colocado como um ser parte da natureza e no se submete a suas leis
(MATHEUS, 2005:4-5).
26
4.1.
A iluminao pblica deve se integrar ao tecido urbano e natureza do seu ambiente de insero. Alm
de suas funes triviais de orientao e segurana, a iluminao pblica pode ser um elemento utilizado
para destacar um ambiente ou uma edificao. Para isso, a localizao, o tipo de lmpada e de luminria
(postes, spots, refletores, entre outros) devem ser projetados e escolhidos de acordo com o objetivo da
iluminao. Algumas consideraes so importantes no que diz respeito iluminao pblica: a sua escala,
por exemplo, deve acompanhar a da rua e das edificaes do entorno; postes de iluminao com uma altura
superior do ambiente onde iro se inserir podem chamar a ateno para si prprios e tornar o ambiente e
as edificaes miniaturizadas.
fato que muitos ambientes no stio histrico sanjoanense se apresentam aprazveis, com
localizaes convenientes, que oferecem sombra e/ou uma vista de uma paisagem privilegiada, so
propcios a se constiturem espaos de permanncia. A insero de um mobilirio adequado intenciona
fortalecer essa vocao do espao. A utilizao de mesas, bancos, abrigos, praas e escadarias,
por exemplo, viabiliza a permanncia do usurio nesses lugares, conferindo-lhes um carter mais
humano. O mesmo oferece, assim, suporte para locais de reunio e possveis encontros. O seu
design tambm viabiliza diferentes maneiras de apropriao pelo usurio. Bancos que apresentam
desenhos em linhas cncavas e convexas, por exemplo, encerram em sua forma possibilidades de
atitudes agregadoras e individuais dos usurios, respectivamente. preciso ressaltar que o mobilirio
destinado a locais de permanncia deve ser confortvel, possibilitar perspectivas interessantes para
o usurio e no obstruir as vistas privilegiadas.
A disposio da iluminao pblica deve respeitar tambm a unidade cintica do ambiente no qual est
sendo inserida. Em espaos como adros, largos e praas, de naturezas e conformaes de desenho urbano
mais esttico, a disposio da iluminao na forma de postes que permitem uma leitura linear prejudica a
natureza esttica desses espaos, j que a linearidade imprime uma sensao de movimento. J em espaos
urbanos, onde o movimento a unidade cintica dominante (como o caso das perspectivas monumentais),
a disposio dos postes de iluminao de forma linear refora a unidade cintica do espao.
Quanto s visadas, destaca-se que o traado de vias sinuosas e a prpria conformao arquitetnica
podem proporcionar perspectivas e enquadramentos de paisagens surpreendentes. Cabe ao objeto
ou espao projetado no interferir na fruio dessas perspectivas. Os marcos verticais so pontos
focais, de convergncia e referncia no espao, e indicativos de locais de destaque dentro do contexto
urbano. Eles podem ser esttuas, obeliscos, colunas, marcos de fundao, entre outros. O mobilirio
a ser instalado em regies onde existem esses marcos no deve diminuir a sua visibilidade nem
se destacar a ponto de concorrer em ateno com o marco. A perspectiva em direo a ele deve
ser liberada, e o espao ao seu redor deve ser o mais livre possvel, sem elementos que dividam a
ateno do espectador. A sobreposio de elementos transforma o conjunto num caos inexpressivo.
Da a importncia da clareza, limpeza e discrio do mobilirio urbano para cidades histricas. O
design das peas deve ser discreto e limpo, para no tumultuar o ambiente.
28
A segurana do usurio outro fator que no pode ser esquecido durante o processo de projeto de
mobilirio urbano. Tem-se como orientao a proposio de desenhos projetuais dotados de caractersticas
formais que preservem a segurana e a integridade fsica do usurio do espao pblico. Arestas vivas,
elementos pontiagudos ou cortantes, materiais combustveis ou corrosivos devem ser evitados.
Algumas recomendaes um pouco mais restritas e direcionadas sero observadas quanto forma de
instalao do mobilirio. Essas disposies so encontradas no modelo de Cdigo de Posturas Municipais.
Entre as diretrizes bsicas presentes no cdigo destaca-se que a instalao do mobilirio deve deixar uma
faixa de circulao livre para o pedestre de no mnimo 150 cm de largura; respeitar as reas de embarque
e desembarque de transportes coletivos; evitar danos e conflitos com a arborizao; no dificultar o acesso
a estabelecimentos ou edifcios em geral; e manter uma distncia de no mnimo 5 m da esquina, medidos
a partir do alinhamento dos lotes, em casos em que o mobilirio urbano possa prejudicar a visibilidade de
pedestres e motoristas.
Alm de obedecer aos Cdigos de Posturas Municipais e a outras legislaes pertinentes, o projeto de
mobilirio urbano nas reas protegidas pelo Patrimnio Nacional, Estadual ou Municipal obedecem as
recomendaes e passaro pela aprovao dos rgos de proteo, IPHAN, IEPHA e Prefeituras Municipais.
29
Existem diversas tipologias de mobilirio urbano, cada qual com suas especificidades e
finalidades. Entre elas, destacam-se os mobilirios de descanso, iluminao, jardinagem e gua,
proteo, comunicao, servio pblico, comerciais e de limpeza. O projeto de qualquer uma
dessas tipologias de mobilirio urbano adota o uso de materiais durveis e sustentveis e atende
a critrios de conforto e ergonomia. Todo o emprego de materiais na confeco dos mobilirios
poder conter o certificado de sustentabilidade, no sentido de se garantir a manuteno do meio
natural brasileiro. Entre os mobilirios de descanso, esto os bancos, as banquetas e as cadeiras.
Essa tipologia de mobilirio pode ser disposta tanto em locais de passagem, para servir aos
transeuntes que queiram fazer uma leve pausa em sua caminhada, como em locais de permanncia,
que estimulem o descanso, o prazer contemplativo e a sociabilidade.
O mobilirio de descanso normalmente construdo de materiais como madeira, vidro, metal
ou concreto; ou ainda por uma conjugao entre eles: metal e madeira, ou concreto e metal. So
materiais durveis e que apresentam uma grande flexibilidade de formas e aplicaes. As medidas
usualmente adotadas para o mobilirio de descanso so:
Os bancos medem em torno de 60 cm de profundidade de assento, 200 cm de comprimento,
80 cm de distncia do cho ao final do encosto e 45 cm do cho ao assento.
As banquetas tm aproximadamente 40 cm de profundidade de assento, 40 cm de
comprimento e 45 cm de distncia do cho ao assento.
As cadeiras tm em torno de 55 cm de profundidade de assento, 85 cm de distncia do
cho ao final do encosto e 45 cm do cho ao assento.
4.2.
A altura dos postes varia de 2,10 a 21 m. Essa dimenso deve ser escolhida em funo
do objetivo da iluminao: postes mais altos para iluminar vias, ou mais baixos para iluminar
caminhos de pedestres.
Sugere-se uma altura mxima de 2,5 m para todos os mobilirios inseridos nessa
categoria. Os materiais usuais so metal e acrlico, que protegem os cartazes de publicidade.
4.3.
CONTEXTUALIZAO E ANLISE DE
LOCAIS HISTRICOS INTERNACIONAIS
COM INSERO DE MOBILIRIO URBANO
36
1.Porto
2.Porto
3.Lisboa
4.Lisboa
5.Lisboa
6.Paris
BALIZADORES
7.Lisboa
8.Paris
Na foto 7, os abrigos de nibus unem-se aos postes, s janelas e aos
vasos para conferir ritmo ao conjunto. Individualmente discretos, cada
elemento contribui de maneira favorvel harmonia da paisagem.
Os anncios so um desafio para a paisagem urbana; por isso devem
ter tamanhos definidos e ocupar espaos designados para esse fim. Na
foto 8, pode-se perceber o impacto do anncio no observador que est
perto.
Na foto 9, os abrigos de nibus no desviam a ateno da
arquitetura. Os bancos e a lixeira destoam desse objetivo. O anncio
est desproporcional ao conjunto.
11.Vianna do Castelo
12.Braga
13.Vianna do Castelo
9.Braga
38
10.Porto
39
BANCOS
14.Coimbra
15.Coimbra
16.Coimbra
19.Porto
20.Lisboa
21.Viena
17.Coimbra
40
18.Porto
41
BICICLETRIO
22.Chartres
23.Chartres
24.Chartres
25.Chartres
28.Chartres
29.Oslo
30.Oslo
31.Oslo
32.Londres
26.bidos
27.bidos
42
43
LIXEIRAS
CABINES TELEFNICAS
33.Chartres
37.Oslo
34.Chartres
35.Ponte de Lima
36.Praga
44
38.Oslo
45
39.Londres
PASSEIOS
45.Porto
40.Porto
46.Porto
41.Porto
42.Porto
44.Porto
43.Porto
46
47
47.Porto
SINALIZAO TURSTICA
PLACAS COMERCIAIS
48.Chartres
49.bidos
52.Arouca
53.Londres
54.Londres
55.Londres
56.Londres
50.bidos
48
51.vora
49
58.bidos
60.Chartres
59.Chartres
50
62.Braga
DIAGNSTICO E DELIMITAO DO
PLANO DE INTERVENO
E PLANEJAMENTO TURSTICO DE
SO JOO DEL REI E ENTORNO
Este relatrio apresenta um diagnstico do Centro Histrico da Cidade de So Joo del Rei,
baseado em trs nveis de leitura e anlise do espao: ambientao do stio, leitura da paisagem
e diagnstico da situao atual do Centro Histrico da cidade em relao infra-estrutura para
o turismo. O estudo pretende ainda definir um permetro de interveno para a implantao de
um novo Projeto de sinalizao turstica interpretativa -oferecido ao municpio pelo Instituto
Estrada Real, em uma iniciativa da FIEMG - alm de constituir-se em um relatrio tcnico com
diversas recomendaes que possam proporcionar cidade uma melhor ambientao como
plo turstico, histrico e cultural da regio do Campo das Vertentes
A rea de estudo em questo foi delimitada considerando o permetro de entorno definido
pelo tombamento municipal (Figura 1). Domnio de anlise deste estudo, constitui o marco
legal que incorpora maior amplitude da paisagem, estando minimamente fundamentado em
leituras geomorfolgicas. A este contexto foram associados dados do tombamento federal,
por razes naturais destinao deste estudo. Tambm foram considerados os trajetos das
procisses (Figura 2) que, por si s, definem um rico circuito de explorao das potencialidades
ambientais de percepo do Centro Histrico e dentro desse enfoque, tambm levou-se em
conta a iniciativa de privilegiar os mirantes tradicionais, que se constituem nos pontos de
vista fundamentais para a fruio do ambiente construdo da paisagem da cidade.
5.1.
APRESENTAO
E METODOLOGIA
TOMBAMENTO FEDERAL
TOMBAMENTO MUNICIPAL
PERMETRO DE ENTORNO
anlise de preservao do centro histrico.
EDIFICAES TOMBADAS
57
KIBON
AVENIDA TIRADENTES I
AVENIDA TIRADENTES II
SANTA CASA
FUNREI
BONFIM
RUA DA INTENDNCIA
Vargas.
SEGREDO
MATOLA
Senhora do Rosrio
58
59
01 Centro (D1)
02 Hotel Brasil (D1)
03 Rua da Cachaa (C1)
04 Solar da Baronesa de Itaverava (C2)
05 Passo da Via Sacra (C2)
07 Cafariz (C1)
08 Mina de Ouro (C1)
09 Capela do Senhor dos Montes (B1)
10 Cristo Redentor/Mirante (B1)
11 Sociedade de Concertos Sinfnicos
(C1)
12 Cemitrio de N. Sra. do Carmo (C1)
13 Rua Santa Tereza (C2)
14 Casa mais Antiga (B1)
15 Rua Santo Elias (B1)
16 Passo da Via Sacra (C2)
17 Cruzeiro (C2)
18 Pelourinho (B2)
19 Casa do Baro de Itemb (B2)
20 Passo da Via Sacra (B2)
21 Fortim dos Emboabas (B1)
22 Betas (B2)
23 Igreja de N. Sra. das Mercs (B2)
24 Cruzeiro (B2)
25 Hospital N.Sra. das Mercs (B2)
26 Muxinga (B2)
27 Cemitrios do Rosrio e da Matriz do
Pilar (B2)
28 Rua das Flores (B3)
29 Casa de Dom Lucas Moeira Neves
(A3)
30 Banda Teodoro de Faria (B3)
31 Casa do Padre Gustavo (B3)
32 Capela de Santo Antnio (B3)
33 Casa do Padre Jos Maria Xavier
(B3)
34 Orquestra Ribeiro Bastos (B3)
35 Lira Sanjoanense (B3)
36 Igreja de N. Sra. do Rosrio (B3)
37 Solar dos Neves (B3)
38 Solar Lustosa (B2)
39 Passo da Via Sacra (B2)
40 Museu de Arte Sacra (B2)
41 Capela de N. Sra da Piedade (C2)
42 Matriz de N. Sra. do Pilar (C2)
60
61
5.2.
A LEITURA
DA PAISAGEM
O STIO NATURAL
ASSENTAMENTO
A leste, corre o Rio das Mortes, testemunha de tantos fatos histricos. A seu lado se ergue,
imponente, a Serra de So Jos, limite preciso entre os municpios de Tiradentes e So Joo, os
arraiais Velho e Novo de outrora. Ao norte, a Serra do Lenheiro rivaliza com aquela primeira
sob o aspecto geomorfolgico, mas surge como cenrio para assentamento de So Joo del
Rei, pois foi ao sop da mesma que as primeiras veias aurferas foram encontradas, fixando o
homem terra. Uma pequena elevao ao sul, o Morro do Bonfim, determina juntamente com
a serra e um vale, e com ele o afluente esquerdo do Rio das Mortes, que por ter suas nascentes
na serra ficou denominado Crrego do Lenheiro. Ainda hoje, os habitantes da cidade param
para admirar o pr-do-sol sob a serra, l para os lados do Lenheiro...
64
CONJUNTOS URBANOS
O centro histrico pode ser compreendido como a expresso de um processo dinmico. Ao
contrrio das demais cidades mineiras do perodo colonial, a estagnao comercial no se deu
como conseqncia imediata do declnio da produo aurfera. Desta forma, encontramos no
centro histrico diversos estilos arquitetnicos (como vimos anteriormente), representantes
das fases vividas na cidade; o colonial se refere, ento, ao Ciclo do Ouro; o ecletismo est
presente tanto no princpio do sculo, em funo da estrada de ferro, da produo cafeeira do
sul do Estado e das tecelagens, quanto nos anos 40 quando tambm surge o modernismo
relativos ao ltimo surto industrial na regio: o da extrao de cassiterita.
Tendo em vista estas caractersticas, a metodologia de anlise deve adotar uma perspectiva
tambm dinmica e ampla, contrariando a antiga viso do IPHAN de Rodrigo de Melo Franco
que considerava somente os monumentos barrocos, onde o permetro de tombamento
se confunde com as reas com predominncia de edificaes do sculos XVII e XVIII. Uma
importncia especial dever, portanto, ser dada a toda construo ou espao de qualidade,
representativos dos demais perodos (Figura3).
65
A determinao de cada conjunto dar-se- a partir da percepo das caractersticas especficas de cada espao. Tomando
o contedo terico estudado, estabelecem-se reas de carter prprio nossos conjuntos urbanos constituem, ento,
lugares. O carter exige uma maior articulao formal para ser expresso do que uma simples organizao espacial porque
pressupe um estilo linguagem de formas simblicas, constituda por elementos bsicos combinados de diferentes modos.
O carter determinado pela constituio material e formal do lugar (NORBERG-SCHULZ, p.14). Um grupo de edifcios
com caractersticas semelhantes, ou seja, que apresentam os mesmos motivos arquitetnicos propenso a constituir um
carter.
A delimitao de um ncleo histrico a partir de um tombamento federal realizado nos anos 40 no significa abandono
do patrimnio existente no restante da cidade. Fica clara a necessidade de estabelecer um parmetro geral na cidade que
inclua estas reas.
1 CONJUNTO RUA SANTO ANTNIO
A rua Santo Antnio foi um dos ncleos iniciais de desenvolvimento da cidade, constituindo-se em um caminho-tronco
que unia as freguesias do Rosrio, Pilar e Carmo a um povoado separado do ncleo principal. Seu traado espontneo,
caracterstico do perodo colonial; estreita e sinuosa nas proximidades da igreja do Rosrio, a caixa da rua logo se amplia.
A pavimentao ainda em p-de-moleque, tendo sido asfaltada em 1988 a partir do cruzamento com a rua Alfonsina
Alvarenga, fora dos limites de tombamento; ainda assim, gerou uma ao judicial da Unio contra o ento Prefeito Municipal,
por danos ao patrimnio histrico nacional.
Com relao ao uso, predomina o residencial, com a presena de alguns atelis junto s residncias. A presena da capela
de Santo Antnio, construda no sculo XIX, e das sedes da Orquestra Ribeiro Bastos e da Banda Teodoro de Faria instauram
o uso institucional, perfeitamente integrado no carter predominante da rua, conferindo-lhe ainda uma atmosfera especial
de religiosidade e musicalidade. O sobrado do Padre Gustavo, adjacente capela, foi um centro de medicina natural na
cidade, com propaganda nos anurios; o pomar e a horta permanecem inalterados, embora no cumpram mais a funo
social de outrora.
A particularidade de seu conjunto lindeiro corresponde a uma significativa preservao das caractersticas inicias das
construes (salvo algumas excees destoantes) e tentativa de insero coerente das novas edificaes (ao tambm
isolada, fruto da iniciativa de um proprietrio de diversos imveis no local). O casario remanescente, em geral, trreo,
com poucos sobrados, construdos em pau-a-pique e estruturados em madeira, telhados em duas guas e beirais em
cachorro ou beira-seveira. A homogeneidade permanece at o cruzamento com a rua Alfonsina Alvarenga, a partir de onde
se mantm a volumetria, mas se alteram as caractersticas originais das edificaes o que estabelece uma coerncia com a
iniciativa de pavimentao do Poder Municipal. Neste trabalho, optamos por no incluir tal rea, uma vez que o processo de
descaracterizao , no nosso entender, irreversvel. Alm disso, a rea se encontra em uma situao geo-topolgica tal que
no interfere nas visadas da rua Santo Antnio, se tomadas a partir da outra margem do crrego do Lenheiro prejudicada
pela rua General Osrio, que ser discutida adiante.
66
O largo da Cruz corresponde a um exemplo caracterstico da urbanidade do perodo colonial. Uma praa, denominada
Paulo Teixeira e caracterizada pela presena de um Passo da Paixo e de um cruzeiro da seu nome popular ,
corresponde a um espao amplo que acessado atravs de diversas vielas e ruas estreitas e sinuosas, tal como o beco
A rea denominada Quatro Cantos corresponde ao centro comercial mais antigo da cidade
e se refere, originalmente, ao cruzamento das ruas Marechal Deodoro e Arthur Bernardes. A
volumetria predominante assobradada, e o uso rende-se, hoje, ao comercial e ao servio, com
poucas edificaes de uso misto e quase nenhuma estritamente residencial.
do Cotovelo, que a conecta praa do Baro de Itamb. O casario, de uso residencial, trreo, embora existam alguns
sobrados. Algumas edificaes comeam a apresentar o uso residencial misto.
5 CONJUNTO DO CARMO
Este conjunto apresenta estilos arquitetnicos e ambincias diversas, reunidos em torno da forte presena da igreja
do Carmo. Sua insero na malha com relao rua Direita j havia sido descrita; seu entorno propriamente dito
formado por ruas de casario homogneo, quer sejam representativos do perodo colonial como o caso do beco da
Escadinha e da rua da Cachaa, atual rua Marechal Bittencourt, antiga zona bomia e de prostituio da cidade, descrita
por Richard Burton como rua da Alegria quer sejam caractersticos do ecletismo do princpio do sculo XIX, nas
ruas Resende Costa, Santa Teresa e Santo Elias.
Em termos de traado urbano, destaca-se o largo do Carmo, anteriormente formado por um adro com diferena
de nvel e hoje de trfego indiscriminado de veculos, e a praa Carlos Gomes, lindeira ao conjunto ecltico, onde se
localiza um chafariz em ferro fundido do sculo XIX e o cemitrio do Carmo, do mesmo perodo e tombado pelo IPHAN
pela sua singularidade fechado com altos muros e constitudo por um ptio. O solar da Baronesa de Itaverava uma
construo imponente, do sculo XIX, que se destaca neste mesmo largo; sua aquisio pela Universidade Federal de
So Joo del Rei em 1996 indica o desejo desta instituio no sentido de preencher a lacuna cultural, fomentando
atividades desta natureza na rea.
6 CONJUNTO RUA SANTO ELIAS
Assim como a rua Santa Tereza, a rua Santo Elias desemboca no largo do Carmo. A denominao de ambas demonstra
a religiosidade da populao, que transps para o plano urbano os nomes dos dois santos de devoo carmelita.
O conjunto da rua Santo Elias caracteriza-se por seu papel de conexo entre os conjuntos do Carmo, do largo da
Cruz e da praa Francisco Neves. Embora esteja inserido no permetro de tombamento, a descaracterizao um dado
constante, assim como a presena de tipologias caractersticas tanto do sculo XVIII (embora no se possa afirmar
serem originais) quanto do sculo XIX e princpio do sculo XX; da a conexo qual nos referimos.
O casario predominantemente trreo e de uso quase que exclusivamente residencial. O casario, de uso residencial,
trreo, embora existam alguns sobrados, dentre eles a casa mais antiga de So Joo del Rei. Sua tipologia recorda
os sobrados de varanda paulista, com a projeo do segundo pavimento avarandado sobre a calada, e evidencia o
processo de formao da cidade bandeirantes paulistas a caminho das Minas. Destaca-se, ainda, a chcara conhecida
como Fortim dos Emboabas, edificao tombada isoladamente.
68
(estes instalados na casa de Brbara Heliodora) e no Mosteiro So Jos. A predominncia do uso institucional se refora
pela presena da Universidade Federal de So Joo del Rei (ainda conhecida como FUNREI), a ser descrita posteriormente.
Tambm encontra-se na rua da Prata uma capela de Passo.
9 CONJUNTO DA MUXINGA/RUA DAS FLORES
Palavra de origem africana, utilizada nos quilombos, muxinga significa aoite. Na cidade de So Joo del Rei, um lugar
que corresponde a uma depresso seguida de uma elevao, situado nas proximidades da Matriz. Sua topografia favorece
as visadas de grande parte do ncleo histrico.
Isolada socialmente do centro histrico, a Muxinga caracteriza-se pela conservao das edificaes originais, muito
simples se comparadas com o elitismo dos sobrados da rua Direita e com o preciosismo das casas de pequenas dimenses
da rua Santo Antnio, mas bem proporcionadas em seus elementos. A especulao imobiliria existente nos conjuntos do
entorno parece no ter ainda alcanado a rea em questo, o que favorece a manuteno das residncias trreas inseridas em
um parcelamento de grandes lotes. Em contrapartida, muitas das edificaes vm sendo alteradas em suas caractersticas.
A Muxinga dominada, em seu ponto de cota mais alta, pela presena dos cemitrios da Matriz e do Rosrio, construdos
em meados do sculo XIX; o segundo pertence irmandade de mesmo nome, tradicionalmente constituda pela populao
de baixa renda, em geral da raa negra o que a remete s suas origens no tempo da escravatura.
10 CONJUNTO ESTAO FERROVIRIA
O conjunto definido pela Estao Ferroviria datado, provavelmente, da poca da implementao da Estrada de Ferro
Oeste de Minas, que ocorreu no ano de 1881, por iniciativa dos prprios habitantes da cidade, dando a ela novo alento em
termos econmicos. Tal afirmativa fundamenta-se nas caractersticas estilsticas e tipolgicas das construes existentes
nas quadras do entorno da estao que se estendem para a outra margem do crrego do Lenheiro, como o caso das
imediaes do Hotel Brasil: casas trreas ou sobradadas, com platibandas e varandas laterais, preenchidas de uma rica
decorao ecltica. Compe-se, ainda, de conservado conjunto da chamada arquitetura ferroviria, situado rua Antnio
Rocha, formado por casas de um ecletismo simplificado, construdas para os funcionrios da ferrovia.
Com o fim do transporte por trilhos, alteraram-se no os usos originais residencial para os funcionrios da ferrovia,
ou de servios, constituindo uma So Joo del Rei Ferroviria mas o pblico destinatrio. No momento, as residncias
no so mais exclusivas da Rede Mineira de Viao ou da RFFSA, atingindo todo o pblico da cidade e inserindo a rea no
contexto da especulao imobiliria; do mesmo modo, armazns e restaurantes que subsistiam em funo do movimento
original, hoje destinam-se populao local que trabalha no centro ou, quando muito, aos turistas que nos finais de semana
desfrutam da pitoresca viagem de Maria-Fumaa de So Joo del- Rei a Tiradentes.
11 CONJUNTO RUA BALBINO DA CUNHA
Inserida em uma regio onde predominam construes relativamente recentes, a rua Balbino da Cunha se destaca pela
presena do conjunto que agora descrevemos, constitudo por sobrados erguidos na dcada de 40, representantes do
ltimo surto de desenvolvimento econmico da cidade, ligado as fbricas de tecido.
70
Em termos estilsticos, os casares caracterizam-se pelo ecletismo fantasioso que envolveu o perodo, com reprodues
dos palacetes hollywoodianos exibidos nos filmes da Metro. Somente um destes exemplares apresenta as caractersticas do
modernismo de Lcio Costa e Oscar Niemeyer que comeava, naquele momento, a ganhar a expresso nacional. Mesmo com
as diferenciaes estilsticas, a volumetria e o partido so similares, em virtude das condies topogrficas. Todos tm em
comum, ainda, o fato de terem sido construdos no parcelamento de uma mesma chcara, remanescente do perodo colonial
e cuja sede se localiza na mesma quadra ( rua Dr. Jos Bastos), o que determinou lotes de grande extenso, segundo os
conceitos urbansticos da poca.
Contudo, como remanescentes da antiga forma de ocupao do conjunto, ainda existem duas edificaes: o sobrado da
famlia Costa e uma edificao que comporta atividade de servios, esta ltima profundamente descaracterizada, embora
ainda passvel de reverso.
12 CONJUNTO RUA RIBEIRO BASTOS
A rua da Prata, qual tnhamos nos referido como de uso institucional marcante, segue at a Praa Frei Orlando, diante
da igreja de So Francisco de Assis. A partir deste ponto, a topografia comea a se elevar em direo Capela do Bonfim, e
a rua passa a se denominar rua Ribeiro Bastos.
O limite do tombamento definido pelo IPHAN atinge somente um trecho da rua Ribeiro Bastos, justamente aquele que
margeia o conjunto da igreja e do cemitrio de So Francisco de Assis, no protegendo, pois, o restante da rua, onde se
localizam diversas edificaes de interesse de preservao que formam o conjunto que iremos agora descrever.
Em ambos os lados da rua Ribeiro Bastos, erguem-se casas predominantemente trreas e de uso residencial, cujos estilos
variam do colonial genuno do sculo XVIII ao contemporneo integrado a este primeiro, embora possamos encontrar
diversas intervenes negativas.
13 CONJUNTO AVENIDA HERMLIO ALVES
Seguindo a fluidez na mudana do colonial para o ecltico, temos o conjunto que margeia o lado direito do crrego do
Lenheiro, na avenida Hermlio Alves, da rua da Prata Estao Ferroviria.
A relativa harmonia com que os estilos tm convivido vem sendo rompida pela insero indiscriminada, a despeito do
tombamento estadual realizado na dcada de 80, de novas edificaes (a rigor, o processo se deu no mbito municipal,
mas com clusula de que o Instituto Estadual do Patrimnio Histrico e Artstico de Minas Gerais, IEPHA/MG, deveria se
ouvido em caso de destombamento). Isto faz com que o perfil da avenida se torne desigual em seus diversos pontos: da rua
da Prata at a avenida Andrade Reis, permanece a variao de um a trs pavimentos, destacando-se o Memorial Tancredo
Neves, a Vila Mariquinhas, o Grupo Escolar Joo dos Santos, a Cmara Municipal e a Prefeitura; da em diante, principiam as
agresses, em especial na edificao da esquina da avenida Andrade Reis onde havia uma casa geminada de estilo ecltico,
que foi demolida pela metade, tendo sido alegado instabilidade estrutural e risco de desabamento (curiosamente a outra
metade permanece intacta...), para dar lugar a um edifcio de consultrios de trs pavimentos e no edifcio-sede do Banco
do Brasil, que compromete profundamente a coerncia do conjunto com seus seis pavimentos.
71
O Teatro Municipal e o Banco Bradesco (adaptado nos galpes em estrutura metlica da antiga leiteria)
constituem-se excees. Destacam-se, ainda, a ponte da Cadeia, que conecta os Quatro Cantos Prefeitura, e a
do Teatro, em ferro fundido e que instaura uma bela visada do monumento Percebe-se a inexistncia de um uso
predominante na rea, sendo que o residencial, embora minoria, convive com o institucional (talvez em maior
nmero), o servio e o comrcio. Entretanto, podemos considerar que este seja um processo em desenvolvimento,
haja visto as modificaes descritas anteriormente.
Em termos estilsticos e volumtricos, somente na ltima dcada o perfil da avenida vem sofrendo
alteraes, j que a maioria de suas edificaes foi construda nos anos 50 data aproximada da
sua abertura e apresenta bom estado de conservao e condies suficientes de uso. Dentre
as edificaes de uso coletivo existentes na avenida, destaca-se o Cine Glria, o nico da cidade,
construdo provavelmente na dcada de 30, em virtude de suas caractersticas arquitetnicas.
Esta rea (no podemos consider-la um conjunto) se carateriza por uma diversidade tal que no permite a
integrao de seus edifcios componentes em nenhum dos conjuntos descritos. Compreende as edificaes situadas
margem esquerda do crrego do Lenheiro. A diversidade se estende volumetria e aos estilos arquitetnicos,
sendo que uma maior unidade somente obtida no uso comercial e de servios a saber bancos e hotis que se
concentram nesta rea com uma ou outra insero de uso institucional.
O Plano de Diretrizes para o Desenvolvimento da Estrutura Urbana e Preservao do Centro Histrico de So
Joo del Rei, elaborado em 1982 pela Fundao Joo Pinheiro, confere especial destaque a esta rea, considerando-a
como representativa do processo histrico vivido pela cidade em virtude do registro arquitetnico dos sculos
XVIII ao XX. Mesmo que aquele trabalho considere as duas margens do Rio Lenheiro aqui ns o subdividimos
em margem Direita, denominado o conjunto da avenida Hermlio Alves, e esquerda, que descrevemos agora no
podemos concordar com a afirmao de que rea mais importante da cidade. Talvez, em termos de movimentao
de pessoas, mercadorias e moedas, sim; entretanto, quando se prope valorizar as principais caractersticas da
cidade, promovendo o desenvolvimento econmico via atividade turstica, o grau de descaracterizao e poluio
visual desta rea (mais do que na margem direita) no abona a opinio dos tcnicos da Fundao Joo Pinheiro.
15 CONJUNTO DO KIBON
O Kibon compreende uma rea de uso predominantemente misto, quer seja residencial/comercial ou residencial/
servio, onde se concentra a maior parte dos bares e restaurantes da cidade e que se caracteriza pela freqncia
do pblico jovem nos finais de semana. Sua denominao tem origem na sorveteria que, atraindo diversas pessoas
para o local, acabou por dar-lhe o nome. As edificaes so de tipologia comum em rea de uso misto, com uso
comercial e de servios no pavimento trreo e residencial nos dois ou trs pavimentos superiores, e geralmente
datados da dcada de 40.
Uma outra iniciativa da construo nos anos 40 o Edifcio So Joo. Sua volumetria compromete as visadas
da cidade, pois interfere substancialmente nas linhas visuais. Felizmente, outras iniciativas desta natureza no
foram promovidas, e o edifcio fica como marco de interferncia que deve ser evitado. Ainda assim, devemos ter
em mente o risco futuro a que a cidade est sujeita em virtude da inexistncia de legislao Municipal quanto ao
uso do solo.
72
A avenida Tiradentes se caracteriza pela diversidade de usos e de usurios. Estes usos oscilam, ao
longo de seu traado, do residencial ao misto, sem que haja a predominncia de um ou outro. Seus
usurios fazem parte tanto das classes mais baixas, concentrando-se no atendimento conveniado
do Sistema nico de Sade/SUS da Santa Casa, quanto das classes mdia e alta, freqentadores da
Sede Social do Atletic Clube.
21 CONJUNTO DO BONFIM
Tal como os demais conjuntos que foram descritos, o da avenida Oito de Dezembro tambm representa
um momento histrico-econmico da cidade, talvez de amplitude e importncia mais significativa, pois
corresponde a uma iniciativa dos cidados de So Joo del Rei para implantarem uma estrada de ferro at a
cidade.
Este conjunto assemelha-se, ento, ao que foi descrito como Estao Ferroviria. Casas, de uso
predominantemente residencial, tpicas do perodo ecltico que compreendeu o final do sculo XIX e as
duas primeiras dcadas do sculo XX, ricamente decoradas em estuque, trreas mas com pores habitveis,
de varandas laterais e platibandas que ocultam os telhados em duas guas cobertos por telhas cermicas
importadas da Frana.
Sua insero como conjunto de interesse se deve ao fato de que o tombamento estadual realizado na
dcada de 80 incorpora somente o conjunto lindeiro estao, localizado rua Quintino Bocaiva, relegando
a segundo plano as edificaes existentes na rua Comendador Costa e na avenida Oito de Dezembro. Outro
fato que conduziu a esta alternativa foi o de que os bairros no entorno desta avenida esto em ampla
expanso, o que poderia acarretar uma descaracterizao ou mesmo o desaparecimento do conjunto.
Em seqncia rua da Intendncia e no entorno da praa Dr. Guilherme Milward, temos o conjunto do Bonfim.
Caracteriza-se pela neutralidade das construes, com a sucessiva eliminao das construes originais grande parte
delas representativas do perodo colonial sendo substitudas por exemplares ascticos e sem carter. Podemos citar como
exemplo as residncias na rua sem nome que conecta as ruas Ribeiro Bastos e Dr. Jos Bastos, onde aos dois pavimentos
inferiores acrescido um terrao estruturado em perfis metlicos e cobertos por telhas de alumnio ou amianto, ou mesmo
um outro pavimento evidentemente sem quaisquer relaes tipolgicas ou materiais com a edificao que o sustenta.
A insero da rea no conjunto a ser trabalhado justifica-se na proposio de um modelo que pretende facilitar a
permanncia das edificaes de valor ainda existentes e estabelecer novos modelos que sejam compatveis com estas.
Os usos residencial e servio convivem neste conjunto. A quadra da praa Dr. Guilherme Milward, entretanto, destaca-se,
uma vez que seu uso exclusivamente pblico, na rea ajardinada e no terreno da escola. A praa se presta, dentre o lazer
corriqueiro das crianas de soltar pipa ou jogar pelada com bola-de-meia, a outras atividades, como os ensaios da bateria
da Escola de Samba do bairro nas semanas que antecedem o Carnaval e a visitao ao cruzeiro ali existente, recentemente
restaurado pela comunidade.
22 CONJUNTO RUA DA INTENDNCIA
A rua da Intendncia parte da rua da Cadeia, diante da Prefeitura Municipal (antiga Intendncia), e se dirige ao morro do
Bonfim. A cada trecho sua denominao foi alterada rua Ministro Gabriel Passos, das margens do Lenheiro rua Balbino
da Cunha; rua Lus Baccarini at a rua G. Coelho; rua Dr. Joo Salustiano at a praa Dr. Guilherme Milward; e rua Tenente
C. Lopes embora a significao do nome original seja ainda presente.
O trecho que ser analisado compreende os quarteires limtrofes rua, desde a sua confluncia com a rua Balbino da
Cunha at a rua G. Coelho. Em seu princpio, diversos equipamentos de uso institucional e de servio definem a caracterstica
de uso da rea, como a praa que abriga o Chafariz da Legalidade que compreende uma rea verde de grande significao
o Grupo Escolar Maria Tereza e a Escola Tcnica de Comrcio Tiradentes. Entretanto, o uso residencial que a caracteriza,
inclusive com a presena de uma pequena vila.
Os usos caractersticos definem tanto a volumetria quanto estilo arquitetnico. Deste modo, ao uso residencial esto
associadas construes trreas e sobradadas, datadas predominantemente das dcadas de 50 a 70; um nico exemplar
do perodo colonial remanescente. Aos usos institucional e de servio, embora no possamos descrever uma tipologia,
relacionamos o Grupo Escolar citado anteriormente, que constitudo por dois pavimentos, em estilo ecltico, de propores
bem definidas pelas grandes aberturas, e que se destaca na paisagem por estar situado em posio topogrfica elevada. Ao seu
lado, contrasta a outra instituio de ensino (hoje uma escola de 1 e 2 Graus), sem qualquer relevncia arquitetnica.
23 CONJUNTO DO SEGREDO
O Segredo foi includo como uma das reas a serem descritas, em virtude de sua proximidade com a regio da rua
da Intendncia, uma vez que suas caractersticas estilsticas e tipolgicas, alm de seu posicionamento topogrfico (em
um vale oculto por um morro e edifcios), permitiram a sua excluso. Uma outra justificativa se fundamenta na recente
75
ocupao do bairro a partir dos anos 50 e na existncia de diversos vazios que permitiram um aumento na volumetria,
j que nenhum tipo de legislao restritiva engloba esta rea. A anlise poderia ter se estendido aos demais quarteires
vizinhos avenida Nossa Senhora do Pilar, o que no foi efetuado em virtude da uniformidade da rea, bastando assim
descrever um de seus trechos.
A caracterstica de uma regio puramente residencial, com alguns usos mistos de servios acoplados s prprias
habitaes, como escritrios de advocacia, consultrios mdico-odontolgicos ou bares. A tipologia bsica de casas
trreas, datadas dos anos 50, com alpendre, telhados em duas guas e empena fronteiria. Na avenida Nossa Senhora do
Pilar, a tipologia se altera para construes mais novas, inclusive edifcios de at quatro pavimentos, demonstrando que o
arruamento tem origem nos anos 70.
24 CONJUNTO DO MATOLA
O conjunto, embora profundamente renovado por edificaes residenciais unifamiliares e multifamiliares de classe
mdia e alta, caracteriza-se por compor uma transio entre os conjuntos da Estao Ferroviria e da avenida Oito de
Dezembro, constituindo importante quadro de entorno.
Apresenta, junto a este ltimo conjunto, pequeno nmero de exemplares eclticos, de amplos pores, alteados em
razo da adaptao topografia em aclive. A renovao urbana para tipologias pilotis-trs pavimentos impe risco
preservao da paisagem, dada a proximidade com conjuntos significativos como o da Estao Ferroviria.
25 CONJUNTO DO SENHOR DOS MONTES/CRISTO REDENTOR
Constitui, como o conjunto anterior, importante marco paisagstico, especialmente se considerarmos a proximidade com
o centro histrico tombado e a densificao da regio por habitaes de baixa renda. Isto significa que a preservao das
encostas e dos quintais encontra-se ameaada, exigindo a insero deste conjunto como entorno imediato.
H que se lembrar, ainda, a existncia da capela de Nosso Senhor dos Montes, tpica construo oitocentista, que pontua,
juntamente com o monumento do Cristo Redentor e a capela do Bonfim, na outra margem do vale do Lenheiro, os limites da
antiga urbis. O Cristo Redentor, por si s, exige uma discusso paisagstica, no em virtude do adensamento populacional,
mas da instalao de equipamentos de telefonia celular e transmisso de rdio e televiso, que impuseram o esmagamento
de sua escala frente ao contexto urbano.
26 CONJUNTO DO GUARDA-MOR
O ltimo dos conjuntos que compem a paisagem do entorno do centro histrico o conjunto do morro do GuardaMor. Vizinho imediato da igreja de So Francisco de Assis, foi deste ponto que Andr Bello, em 1905, registro a paisagem
sanjoanense, imagem-sntese que vem sendo resgatada pelos moradores para compor um quadro sobre o patrimnio
ambiental e edificado da cidade.
Em si, o conjunto em nada oferece, visto que as construes no remontam seno dcada de 60 do sculo XX. Porm,
como mirante privilegiado em relao aos demais, em virtude do fcil acesso e do descortinamento que propicia de todos
os pontos anteriormente descritos.
76
5.3.
DELIMITAO DA
REA DE INTERVENO
O Centro Histrico de So Joo Del Rei pode ser compreendido como o resultado de um processo dinmico da evoluo
econmica, cultural e urbana da cidade. Ao contrrio do ocorrido em outras localidades mineiras do perodo colonial, a
estagnao de seu desenvolvimento no aconteceu como conseqncia imediata do declnio da sua produo aurfera.
Dessa forma, a rea em questo foi urbanizada ao longo dos anos e, atualmente, abrange edificaes de diversos estilos
arquitetnicos, representantes dos vrios perodos histricos vividos pela cidade. Entre eles: o colonial, que se refere ao
perodo da explorao do ouro; o ecletismo, presente tanto no princpio do sculo XX, em funo da implantao da estrada
de ferro, da intensificao da produo cafeeira do sul de Minas Gerais e da instalao das tecelagens, quanto nos anos de
1940, quando tambm surge o proto-modernismo e modernismo, relativo ao ltimo surto industrial na regio: o da extrao
de cassiterita.
importante ressaltar que o Centro Histrico de So Joo Del Rei tombado em nvel federal, pelo Instituto do Patrimnio
Histrico e Artstico Nacional (IPHAN), e em nvel municipal. O tombamento federal, definido pelo Processo n. 68-T-38,
identifica vinte e trs logradouros, especificados a seguir: Rua Duque de Caxias (atual Rua Getlio Vargas), Rua Santo
Antnio, Rua Resende Costa, Rua Marechal Bittencourt, Rua do Carmo, Rua Santo Elias, Rua Santa Tereza, Rua Joo Mouro,
Rua Jos Mouro, Rua Vigrio Amncio, Rua Monsenhor Gustavo, Rua Padre Jos Maria Xavier, Rua Jos Bastos (at a Rua
Mouro Filho), Rua Arthur Bernardes, Praa Baro do Rio Branco (atual Praa Doutor Salatiel), Praa Carlos Gomes, Praa
Francisco Neves, Praa Embaixador Gasto da Cunha, Praa Paulo Teixeira, Praa Frei Orlando, Largo do Carmo, Beco do
Cotovelo e Beco do Salto. Especifica tambm vinte e nove imveis, entre monumentos e edificaes particulares, alm de
trs outros edifcios, demolidos, sem autorizao do IPHAN. O tombamento municipal, estabelecido pela lei municipal n.
3531, de 06 de junho de 2000, delimita reas de proteo e de entorno que excedem ao permetro federal.( Figura 1)
Do ponto de vista de uma metodologia que delimite com grande propriedade a rea de interveno de um projeto
que vise a estruturao turstica do Centro Histrico de So Joo Del-Rei, optamos por utilizar como uma condicionante
fundamental o estudo do percurso das procisses centenrias da cidade que praticamente definem os limites dos trechos
nobres do Centro Histrico e que coincidentemente perpassam por quase todos os conjuntos Urbanos definidos pela leitura
ambiental do Conjunto arquitetnico e Urbanstico. (Figura 2), definindo assim uma baliza bastante segura sobre as reas
de interveno, e buscando assim definir com clareza a aglomerao dos subconjuntos surgidos da leitura ambiental em
conjuntos mais coesos que reforam e auxiliam o Turista a ter uma percepo interpretativa mais fcil do Centro Histrico
da cidade. Seguindo essa metodologia os 26 conjuntos originais puderam ser re-agrupados em nmero de 11, seguindo uma
metodologia j adotada e debatida por ns por ocasio da formulao do Plano Diretor Turstico da Cidade de So Joo DelRei. Dentro dos Conjuntos tambm selecionamos individualmente para marcar com informaes prprias atravs de selos
de interpretao turstica, os edifcios civis mais representativos, quer pelas suas caractersticas arquitetnicas execpcinais
dentro da histria da arquitetura so-joanense, quer por terem sido moradas de importantes personalidades ligadas a
histria da cidade. O mesmo critrio tambm foi utilizado em relao a arquitetura monumental e marcos simblicos da
urbes colonial como Cruzeiros e Passos que geraram um mapa geral de sinalizao e um guia turstico interpretativo da
cidade que ajude os cidado e os turistas a desfrutarem melhor de imperdvel passeio na histria de Minas que conhecer
So Joo del-Rei. (Figura 3)
78
5.4.
INTERPRETAO TURSTICA:
CONJUNTOS ARQUITETNICOS/
EDIFCIOS/MONUMENTOS
Na Rua Santa Teresa localiza-se a casa mais antiga da cidade. Do incio do sculo XVIII, sua
arquitetura recorda os sobrados de varanda paulista, com o segundo pavimento projetando-se
sobre a calada. No beco ao lado um aroma muito especial emana dos tachos de cobre. So os
confeitos de amndoa que, produzidos de forma artesanal, deliciam crianas e adultos.
Conjunto
Largo do Carmo
Conjunto
Largo das Mercs
Nos fins do sculo XVII, aventureiros em busca do ouro, desciam o Rio das Mortes e subiam
a Serra do Lenheiro. Homens livres ou escravos, reunidos em Irmandades, ergueram capelas
agradecendo a Deus e aos santos de devoo a ddiva recebida.
Conjunto
Largo do Carmo
Conjunto
Largo das Mercs
A praa, com seu chafariz de ferro importado da Europa, conduz ao colorido casario ecltico
da Rua Santo Elias. A antiga Rua do Tanque leva a uma mina de ouro ainda em atividade. Pelo
Beco da Escadinha chega-se Rua da Cachaa que, no sculo XIX, foi denominada da Alegria,
com muitas tavernas e local de vida bomia.
O Solar da Baronesa, onde funcionou a Hospedaria do Imigrante em 1888, distingue-se
pelo mirante e por um longo balco em ferro rendilhado. Ao lado uma oficina latoeira ainda
preserva, com suas forjas e bigornas, as origens seculares deste ofcio.
Por ter sido uma das principais vias de acesso s reas de minerao, a antiga Rua de So
Miguel era um lugar de intenso movimento, com suas vendas e oficinas, hoje transformadas
em residncias. No alto desta rua, em ponto estratgico, existem vestgios de uma fortificao
construda durante o conflito entre paulistas e emboabas, ocorrido entre 1707 e 1709, na
disputa pelo ouro na regio. Prximo a ela podem ser vistas as betas, escavaes profundas na
rocha, de onde se extraa o ouro.
No outeiro prximo s primeiras minas de ouro a Irmandade de Nossa Senhora das Mercs,
formada por negros libertos e crioulos, inicia em 1751 a construo de sua igreja, que se estende
at 1853. Sua fachada elegante marcada por uma nica torre afastada do alinhamento. Ao
lado da igreja, suspenso na paisagem, o cruzeiro expressa a f popular na dor e paixo de
Cristo. Do alto da escadaria tem-se uma vista panormica da cidade e, ao longe, a Capela do
Senhor do Bonfim.
No Passo da Via Sacra, acoplado ao casaro colonial do Baro de Itamb, encenado um dos
dramas da paixo de Cristo, o encontro das imagens de Nossa Senhora das Dores e do Senhor
dos Passos. O andor do Cristo coberto de hortnsias e orqudeas, cultivadas especialmente
para esta procisso.
O Hospital da Arquiconfraria de Nossa Senhora das Mercs uma construo mais recente.
Pertenceu anteriormente Irmandade de Nossa Senhora do Rosrio e So Benedito dos Homens
Pretos, o que demonstra a preocupao dessas associaes religiosas em dar apoio tanto
espiritual quanto assistencial aos seus membros.
Conjunto
Largo do Cruz
Conjunto
Largo das Mercs
No sculo XVIII, esta rea abrigou a Casa da Cmara, sede da administrao da Vila, onde
a elite local deliberava sobre questes de ordem pblica. Nesta praa, ainda hoje conhecida
como Largo da Cmara, os moradores interrompiam sua rotina diria para assistir aos preges
e participar de comemoraes e festejos.
81
reformas e passaram a abrigar, ao longo dos anos, instituies pblicas e de ensino. Hoje ali
funciona a Escola Municipal Maria Teresa.
Entre abril e maio de 1833, So Joo del-Rei foi a capital legal e provisria da Provncia de
Minas Gerais, em funo da sedio militar de Ouro Preto. Para registrar esse fato a Cmara
Municipal construiu, no ano seguinte, o Chafariz da Legalidade. Aps ser colocado em
diferentes locais da cidade foi instalado, em 1943, nesta praa.
Conjunto
Largo do Rosrio
Conjunto
Ponte da Cadeia
No sculo XIX as fachadas dos sobrados recebem novos materiais, vidraas substituem
rtulas e sacadas ganham balces de ferro trabalhado. A iluminao dos lampies criava
um ambiente mgico, cheio de sombras e mistrios. O solar dos Neves e o dos Lustosa so
belos exemplares da arquitetura requintada que expressava a opulncia da sociedade sojoanense.
Conjunto da Santa
Casa de Misericrdia
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Em 1783 o ermito Manoel de Jesus Fortes fundou a Casa da Caridade, atual Santa Casa
da Misericrdia, que possui construes novas e antigas, harmoniosamente mescladas. A
Capela de Nossa Senhora das Dores foi inaugurada em 1918, em estilo neo-gtico, com vitrais
semelhantes aos da Catedral de Anturpia, na Blgica.
Mais a frente v-se um casaro colonial, remanescente do sculo XIX, onde funcionou o
Asilo So Francisco at 1969.
A casa trrea, com cinco janelas entre duas portas, onde hoje funciona o Museu de Arte
Sacra, foi tambm cadeia da Vila. Do outro lado est a Capela de Nossa Senhora da Piedade
e do Bom Despacho, construda em 1743, para proporcionar consolo e sustento aos presos
que, postados nas grades, assistiam missa de domingo. Prximo a ela um Passo da Via Sacra
confunde-se entre as casas.
A Igreja do Rosrio, com sua primeira capela construda em 1719, a mais antiga da cidade.
Apesar das diversas reformas que, ao longo de trs sculos alteraram significativamente sua
arquitetura, ela ainda mantm a simplicidade das linhas originais e a beleza de suas imagens
barrocas. Atravs da Irmandade de Nossa Senhora do Rosrio e So Benedito dos Homens
Pretos os escravos fortaleciam sua f, veneravam seus santos e afirmavam-se como criaturas
humanas.
A Igreja de So Gonalo Garcia, construda por sua Irmandade no local onde j existia uma
capela desde 1772, a de maior devoo dos militares, pois nela se venera sua patrona Santa
Joana DArc. Em frente ao adro foi erguido, em 1969, o Monumento aos Expedicionrios, em
homenagem aos combatentes da Segunda Guerra Mundial.
Conjunto da Santa
Casa de Misericrdia
Conjunto
Ponte da Cadeia
Ao lado da msica, o gosto pelas artes cnicas sempre esteve presente na sociedade
sojoanense. O Teatro Municipal, inaugurado em 1893, tem em sua fachada esculturas de
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Apolo, o deus das artes, das musas da poesia e da msica e trs mscaras que simbolizam a
comdia, o drama e a tragdia. Tambm so homenageados msicos, poetas e dramaturgos
mineiros. Mantendo vivas as lembranas da Segunda Guerra Mundial, o Museu da FEB guarda
fotos, equipamentos e armas de variados tipos.
Igreja Matriz.
Ao longo da histria da cidade a importncia deste espao reforada, no s por dele
irradiarem outras ruas e becos, como pela presena de casas comerciais, primeiramente
trreas, depois sobrados, que at hoje abrigam lojas e, no segundo andar, residncias.
Se, de um lado, ruas estreitas e casas coladas umas s outras guardam o antigo traado da
Vila, por outro, fachadas eclticas, introduzidas pelo efervescente comrcio do final do sculo
XIX, expressam o dinamismo econmico da cidade. O incenso, ainda hoje queimado pelos
comerciantes s trs da tarde de sexta-feira, impregna as ruas de perfume e pede a proteo
divina.
Conjunto
Praa da Estao
Conjunto
Rua da Prata
Conjunto
Rua Direita
Conjunto
Rua da Prata
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No sculo XIX, o largo em frente ao Museu Regional funcionava como mercado pblico.
Era ponto de encontro de tropeiros, viajantes, escravos carregadores, negras de tabuleiro,
biscateiros e mendigos. Na estreiteza da rua, um Passo da Via Sacra tem representada, no seu
interior, uma das cenas finais da vida de Cristo a caminho do Calvrio.
Conjunto
Rua Direita
Conjunto
Rua da Prata
O solar que pertenceu famlia Guadalupe, hoje Mosteiro So Jos, destaca-se pela elegncia
de sua fachada ornamentada com relevos em estuque. A arquitetura religiosa est presente no
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Passo da Via Sacra que abre suas portas para as cerimnias da Quaresma e para a procisso
do Setenrio das Dores de Nossa Senhora, quando o andor enfeitado com ervas aromticas
da Serra do Lenheiro.
muito tempo, essa rea foi considerada de m fama, por estar localizada atrs da antiga cadeia
onde, conta-se, os presos recebiam castigos cruis. Cortando caminho pelos becos, chega-se
ao Largo das Mercs e Matriz do Pilar.
O nome oficial da rua homenageia o compositor sacro Padre Jos Maria Xavier, que nela
residiu at sua morte, em 1887. Percorr-la atravessar tempos diversos no mesmo espao,
ou espaos diversos ao mesmo tempo.
Conjunto
Rua Santo Antnio
Conjunto
Largo de So Francisco
Esta rua preserva o esprito da cidade colonial, com seu calamento em p-de-moleque e
suas casas fora de prumo, construdas em pau-a-pique. Seu desenho sinuoso, traado pelas
tropas que aqui chegavam. Ora se alarga, ora se estreita, contornando o morro.
a rua que melhor expressa a tradio musical de So Joo del Rei. Nela nasceu o compositor
sacro Padre Jos Maria Xavier, em 1819. Da sede da Orquestra Lira Sanjoanense, da Orquestra
Ribeiro Bastos e da Banda de Msica Teodoro de Faria soam acordes que atravessam o tempo
e do um brilho especial s festas religiosas ou profanas.
Seguindo direita surge a Muxinga, palavra que significa surra, aoite ou sujeira. Durante
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No interior da Capela de Santo Antnio, construda nos meados do sculo XVIII, destacamse o plpito dourado e a grade de jacarand trabalhada. Em 1997, seus elementos artsticos
foram totalmente restaurados e recebeu no forro da nave pintura do artista so-joanense
Carlos Magno de Arajo. Ao lado da capela, viveu Padre Gustavo que atendia os moradores
com seus conhecimentos de medicina natural, utilizando-se das ervas cultivadas em seu
quintal, que ainda hoje se encontra junto casa.
A Rua das Flores proporciona uma bela vista da Igreja de So Francisco. Os cemitrios da
Matriz de Nossa Senhora do Pilar e da Igreja de Nossa Senhora do Rosrio foram construdos
no sculo XIX. Por razes de higiene pblica , a partir de 1830, foi proibido o antigo costume
de enterrar os membros das Irmandades dentro dos templos.
No incio do sculo XVIII esta rea foi definida, pela administrao colonial, como o local
para instalao do centro da Vila, prximo forca e ao pelourinho. Era uma tentativa de
desocupar as encostas da Serra do Lenheiro, de onde se extraa o ouro. Tal processo, no
entanto, no se efetivou e a regio foi ocupada por chcaras e residncias dos moradores mais
abastados.
Conjunto
Rua Santo Antnio
Conjunto
Largo de So Francisco
Localizada numa das antigas entradas da Vila, a Capela do Senhor do Bonfim data de 1769.
Do alto do morro a cidade revela-se, no recorte das torres e telhados, no desalinho das ruas e
becos, no desenho ordenado das pontes.
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1 - Sobrado em estilo colonial onde viveu Padre Gustavo famoso por sua botica de ervas medicinais . 1853 1924
2 - Nesta casa nasceu em 1819 Padre Jos Maria Xavier professor e compositor sacro.
3 - Sede da Orquestra Lira Sanjoanense considerada a mais antiga em atividade nas Amricas fundada em 1776.
4 - SOLAR DOS HANNAS - Construo do sculo XIX notvel pelo uso de elementos em ferro.
5 - SOLAR DO JARDIM - Construo do sculo XIX de caractersticas eclticas onde se destaca o jardim fronteirio.
6 SOLAR DO BARO DE ITAMB - Construo do incio do sculo XIX onde residiu o Baro de Itamb, grande benfeitor
da cidade.
7 - Sede da Orquestra Ribeiro Bastos fundada no sculo XVIII.
8 - Construo do incio do sculo XVIII onde se destaca a varanda paulista.
9 - Sobrado do incio do sculo XIX construdo por Joo Pereira Pimentel ltimo capito-mor de So Joo del Rei
10 - SOLAR DO BARO DE SO JOO DEL-REI - Construo do sculo XIX que hospedou D. Pedro II e a Imperatriz na
inaugurao da Estao Ferroviria em 1881.
11 - SOLAR DOS LUSTOSA - Construo do sculo XIX onde viveu Dr. Paulo Lustosa inventor da famosa cera para dor de
dentes 1887 1986
12 - SOLAR DOS NEVES - Construo do sculo XIX onde residiu o Presidente da Repblica Tancredo de Almeida Neves
entre 1957 1985
13 - Nesta casa funcionou a primeira cadeia pblica construda na cidade 1743 1853
14 - Construo colonial remanescente de uma fortificao da Guerra dos Emboabas 1707 1709
15 - Sede da Banda de Msica Teodoro de Faria fundada em 1902
16 - Edificao ecltica inaugurada pelo Imperador D. Pedro II em 1881
17 - Nesta casa nasceu em 1759 Brbara Eliodora personagem ilustre da Inconfidncia Mineira
18 - SOLAR DA BARONESA DE ITAVERAVA - Construo em estilo colonial onde funcionou a Hospedaria do Imigrante
em 1888
19 - Sobrado construdo em 1859 pelo comendador Joo Mouro para comrcio e residncia
20 - Nesta casa viveu o pintor Venncio do Esprito Santo autor do teto da Matriz do Pilar falecido em 1878
21 - Construo do sculo XIX onde funcionou o Asilo de rfos da Ordem Terceira de So Francisco de 1888 a 1969
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1 IGREJA DO CARMO
Iniciada em 1733, o edifcio atual remonta a data de 1787. Seu estilo arquitetnico est ligado a fase do rococ mineiro.
Suas torres octogonais, sem precedentes em Minas, so uma contribuio pessoal de autoria do arquiteto e construtor
portugus Francisco de Lima Cerqueira. A portada monumental, atribuda pela crtica especializada em grande parte a
fatura de Antnio Francisco Lisboa ( o Aleijadinho), est entre a mais belas do pas, com os alegres querubins e as imagens
do Padre Eterno e de Nossa Senhora do Carmo.
No seu interior, com magnfica iluminao natural acentuada pela altura da nave, a exuberncia dos ornatos dourados
substituda pela suavidade de altares brancos, simples e sbrios, que convidam meditao.
Dentre obras de inegvel beleza destacam-se duas telas do pintor George Grimm, os altares laterais e do coro esculpidos
pelo artista so-joanense Joaquim de Assis Pereira, os anjinhos da capela-mor e o mobilirio D. Joo V, reservado aos
membros da Ordem Terceira. A imagem inacabada do Senhor Morto, de autor desconhecido, foi esculpida em tamanho
natural, toda em cedro, e serviu de modelo para o Cristo Redentor da cidade.
No ms de julho, os sinos repicam festivamente convidando para a novena em louvor a Nossa Senhora do Carmo,
enriquecida pela msica da Orquestra Ribeiro Bastos.
2 IGREJA MATRIZ DO PILAR
Em 1721 comeou a ser erguida esta igreja dedicada a Nossa Senhora do Pilar. Sua Capela-mor uma das obras mais
expressivas do chamado Barroco Joanino em Minas Gerais. A atual fachada inaugura o chegada do neoclassicismo em So
Joo Del-Rei e foi construda entre 1820-1844 pelo Mestre-pedreiro Cndido Jos da Silva.
O adro cercado de grades de ferro e colunas de granito ressalta a severa fachada neoclssica. Do alto de suas torres, sinos
de bronze anunciam missas, comunicam mortes, festejam nascimentos. Com dobres e repiques diferentes, numa linguagem
peculiar, estabelecem um dilogo com os sinos das outras igrejas. O sino da irmandade do Santssimo Sacramento, fundido
por volta de 1770 o mais antigo da cidade e ressoa ao comando do relgio holands inaugurado em 1905, que marca as
horas e os quartos de hora, orientando o cotidiano dos moradores.
Em seu interior o delrio do barroco explode em ouro e cores vibrantes, ofuscando o olhar. Nos forros pintados pelos
artistas locais Venncio do Esprito do Santo, Joaquim Jos da Natividade e Manuel Victor de Jesus, na talha dourada, nos
altares e plpitos anjos e santos em clima festivo glorificam Nossa Senhora do Pilar, a padroeira da Diocese.
A paixo da f exige o espetculo. Durante a Semana Santa a Catedral o cenrio principal das cerimnias e procisses
que dramatizam, ao rudo das matracas e ao som das orquestras, a vida, morte e ressurreio de Cristo com toda pompa
dos tempos coloniais.
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terras para seu patrimnio na segunda metade do sculo XVIII, ergueu uma capela na margem direita do Crrego
do Lenheiro, o que motivou a ocupao da rea.
Era uma igreja simples e sem torres que, em meados do sculo XIX, passou por uma srie de reformas que
alteraram seu aspecto original. A atual edificao foi concluda em 1903. Em seu interior, obras de talha e um
conjunto de imagens conferem significado artstico ao templo. O padroeiro So Gonalo Garcia foi professor leigo
da Ordem Franciscana, martirizado em 1597 em Nagazaki, no Japo. Est representado por uma imagem de linhas
elegantes e sua devoo rara no Brasil.
No altar-mor destacam-se o Cristo do Monte Alverne e So Francisco de Assis, esculpidos por Joaquim Francisco
de Assis Pereira, no sculo XIX. Na sacristia encontra-se a imagem de Santa Luzia, uma notvel composio barroca
dos fins do sculo XVIII.
No altar da capela-mor, destaca-se a imagem de Nossa Senhora das Mercs. No interior a talha e altares do sculo XIX
foram executados em estilo neoclssico e neogtico. Seus altares laterais esto consagrados ao Senhor Bom Jesus dos
Perdes, a Nossa Senhora das Dores e a Nossa Senhora do Parto.
Sua fachada tem influncia ecltica marcada tanto pelo uso pelas platibandas como nos arcos ogivais utilizados
na base da torre e nas sineiras. Seus sinos, de timbre superior, tm o emblema do Imprio Brasileiro e foram
fundidos em 1862 pela acreditada fundio carioca C.G.C e Fillhos, localizada na rua de So Loureno n. 44.
No ms de setembro realizada a festa em louvor a Nossa Senhora das Mercs. Novena, missas e procisses, com muitos
fogos e msica, expressam a devoo de seus fiis.
6 IGREJA DE SO FRANCISCO
4 IGREJA DO ROSRIO
Reunidos pela f, negros e mulatos, cativos e libertos fundaram, em 1708, a Irmandade de Nossa Senhora do Rosrio e
So Benedito dos Homens Pretos. Para louvar e agradecer a seus padroeiros, esmeraram-se na edificao desta igreja e, em
torno dela, desenvolveram suas atividades sociais e artsticas.
Ao longo dos anos, a capela do sculo XVIII foi ampliada e remodelada at adquirir seu aspecto atual, de discretas
linhas arquitetnicas, com dois campanrios construdos em 1936. Elegncia e sobriedade marcam tanto seu exterior de
harmoniosa proporo, quanto seu interior ornado por talha em estilo rococ tardio.
Na entrada do templo, esquerda, v-se a gruta de Nossa Senhora de Lourdes, construda em fins do sculo XIX. O altarmor, de grande valor artstico, de autoria de Lus Pinheiro de Souza, o mesmo mestre do retbulo da capela-mor da Igreja
de So Francisco de Assis. Esculpida em dois blocos de cedro, a imagem de Nossa Senhora do Rosrio admirada pela
perfeio de seus traos. O lavabo da sacristia, obra de Antnio Francisco Sarzedo, foi construdo em 1753.
A Festa de Nossa Senhora do Rosrio, no ltimo domingo de outubro e as novenas de Natal revivem as tradies
religiosas da Minas colonial.
O risco em linhas curvas, as torres arredondadas com balastres na cpula, o adro sinuoso e os ornatos da portada
eternizam, nesta igreja, a genialidade de mestres do barroco mineiro, como Antnio Francisco Lisboa (o Aleijadinho);
Francisco de Lima Cerqueira e Aniceto de Souza Lopes. Seu interior tambm abriga na nave imagens de madeira
policromada,altares e plpitos, atribudos pela crtica especializada a Antnio Francisco Lisboa, o Aleijadinho e seu
atelier e na capela-mor obras de Luiz Pinheiro de Souza.
O desenho do jardim central, obra do segundo quarto do sculo XX, sugere o formato de uma lira ou um sino. Na
portada, obra mxima da tcnica do Aleijadinho como escultor em pedra-sabo, a Coroa Real, talhada num nico
bloco de pedra, complementa a simbologia da portada, onde destacam-se a imagem de Nossa Senhora da Conceio,
os escudos de Portugal e da Ordem Terceira de So Francisco e o cordo com trs ns, representando os votos
sagrados. Sob a portada, a face serena do Cristo, tida pelo crtico Germain Bazin como a ltima efgie divina vlida
da civilizao do ocidente convida a entrar no templo.
A nave central de inspirao barroca e rococ abriga o elegante conjunto da talha rococ sem policromia que
caracteriza a singularidade desta igreja. O lustre de cristais da Bomia que colore a capelamor uma jia nica
dessa igreja.
5 IGREJA DE SO GONALO
Na manh do quarto domingo da Quaresma, realizada uma curiosa procisso chamada Rasoura. Levando a
imagem de Nosso Senhor dos Passos, os fiis circundam a igreja e retornam ao seu interior.
A conformao urbana da sociedade mineradora e sua organizao em irmandades religiosas estimularam a construo
de numerosas capelas, que direcionavam o povoamento das vilas e arraiais. A Confraria de So Gonalo Garcia, ao receber
Pelas alamedas laterais, chega-se ao cemitrio da Ordem Terceira, onde foi sepultado, em 1985, um de seus
irmos mais ilustres, o Presidente Tancredo Neves.
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(...) So Joo del Rei notavelmente pitoresca. Os edifcios muito brancos da parte norte da cidade espalham-se, triangulares, ao longo do
cais; dali, abundante em casas altas, templos macios e grupos de maravilhosas verduras e lindas flores, a cidade espalha-se, tendo ao fundo
a selvagem e notvel paisagem da Serra, outrora El Dorado, o foco do depsito aurfero. Para a esquerda, tambm estendendo seus ps para
a cidade neles descansar, fica a Serra do Lenheiro, que, segundo se diz, chega a uns 1.000 metros acima do nvel do mar (...).
Impresses do viajante ingls Richard Burton, em 1868.
(...) As muitas montanhas que rodeiam a pequena cidade, as numerosas casas de um branco deslumbrante e o pequeno Rio Tijuco, muitas
vezes quase a seco, que a corta pelo meio, do-lhe aspecto de beleza romntica. Passando por muitas casas de campo, espalhadas na encosta,
chega-se slida ponte de pedra, que est construda sobre o pequeno rio acima mencionado e liga a parte da cidadezinha, edificada na
ladeira com a outra maior, na plancie. O estrangeiro v-se, com prazer, em uma pequena cidade comercial, sobretudo depois de to longas
privaes da viagem no interior. Ruas caladas, belas igrejas guarnecidas com pinturas de artistas nacionais, lojas fornecidas de todos os
artigos de luxo e do comrcio europeu, muitas oficinas, etc., indicam a riqueza do lugar que, por suas transaes com o serto, considerado
entre os mais animados do Brasil (...).
Impresses dos viajantes alemes Spix e Martius, em 1817.
8 PONTE DA CADEIA
Conta-se que foi construda em 1798 quando a ponte de madeira que existia neste local desabou na passagem de uma
procisso. Construda em estilo romano, apresenta arcos plenos de pedras rejuntadas com leo de baleia. Inicialmente, era
chamada de Ponte Nova ou Ponte da Intendncia, j que a Casa de Fundio e Pesagem do quinto do ouro ficava prxima do
local, onde hoje funciona a Escola Municipal Maria Teresa. Recebeu o nome atual depois da construo da Casa de Cmara
e Cadeia em 1849.
9 PONTE DO ROSRIO
Construda, em 1800, sob a direo do Mestre de obras Francisco de Lima Cerqueira, utilizando os mesmos materiais e
tcnicas construtivas adotadas na Ponte da Cadeia. A diferena demarcada pelos arcos abatidos. Esta ponte une as margens
do Crrego do Lenheiro, onde ocorreram os primeiros achados de ouro na regio. A ponte tem este nome pela proximidade
com o Largo do Rosrio, onde se encontra a Igreja Nossa Senhora do Rosrio, considerada a mais antiga da cidade.
10 CAPELA DA PIEDADE
Capela construda, por volta de 1745, pela Irmandade de So Miguel e Almas, defronte Cadeia Pblica, para que os
presos pudessem assistir missa atravs das janelas gradeadas aos domingos e nos dias santos. Com a construo da Casa
de Cmara e Cadeia em 1849, a Irmandade do Senhor dos Passos passou a cuidar da capela, usada, sobretudo, na Procisso
da Soledade durante o Setenrio de Nossa Senhora das Dores, na sexta-feira antes do Domingo de Ramos. No interior,
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Instalado na sua localizao atual no incio do sculo XIX, este particular cruzeiro conhecido como o mais antigo
e curioso dentre os cinco cruzeiros ainda existentes na cidade. Destaca-se por estar afixado na parede de uma antiga
edificao colonial e apresentar o maior nmero de smbolos da Paixo de Cristo, como o galo sobre o telhado. Sua presena
marcante na identidade do lugar deu nome primitiva Rua da Cruz, transformada em Largo da Cruz com o arrasamento do
quarteiro que ali existia em 1918. Os cruzeiros remontam ordem dos franciscanos para reverenciar as dores da Paixo
de Cristo, e tornaram-se comuns em pontos elevados e extremos das vilas coloniais, cuja populao colonial tambm os
enxergava no seu imaginrio, como um smbolo de proteo contra as foras do mal.
12 CRUZEIRO DO LARGO DAS MERCS
Informaes contidas em um jornal local de 1877 revela que este cruzeiro teria sido erguido muito anos antes pelo padre
francs Miguel Spolis, reitor do Seminrio de Mariana. Situava-se originalmente no centro do largo das Mercs, tendo como
companhia ,em cada lado, uma palmeira imperial. Posteriormente, por volta de 1913, foi transferido para um local prximo
ao Passo da Paixo, onde j aparece circundado pela grade atual. Sua localizao presente, prxima a entrada da igreja
das Mercs data da dcada de 1940, quando o novo calamento a paraleleppedo e as duas praas foram incorporadas a
paisagem local dentro das estratgias municipais de melhoramentos urbanos da parte antiga da cidade.
13 CRUZEIRO DO BONFIM
Segundo uma srie de inventrios do sculo XIX, a atual praa Guilherme Millard, aparece designada sobre o nome de
nome de paragem do cruzeiro da Ordem de So Francisco o que nos faz pensar que o atual cruzeiro demarcava o limite
final da sesmaria de terra concedida a Ordem de So Francisco de Assis em 1742 que iria correndo pelo campo acima at
entestar com a antiga igreja de Nossa Senhora do Pilar que esteve ali situada antes de ser transferida para o centro da Vila.
Este stio, tambm foi chamado de Morro da Forca e muitas vezes foi armado o cadafalso dos condenados a sentena de
Morte natural para sempre. Segundos documentos existentes nos arquivos na Santa Casa de Misericrdia, s no ms de
dezembro de 1833, ouve 12 enforcamentos assistidos pela irmandade da Santa Casa neste local.
14 PELOURINHO
O primeiro Pelourinho de madeira deve ter sido erguido no Matola, em local prximo ao Solar do Sargento-Mor Ambrsio
Caldeira Brant e da residncia de Jos Matol, membros da primeira Cmara no incio do sculo XVIII. Somente a partir de
1719 a Cmara passou a situar-se no atual largo da Mercs, no local atualmente ocupado pelo edifcio do Hospital das
Mercs. O atual pelourinho em pedra foi elevado em 1813 em comemorao ao centenrio da Vila e confeccionado pelo
mestre- pedreiro Aniceto de Souza Lopes. Em 1859, Jos Antnio Rodrigues assim o descrevia; um poste de pedra, com
30 palmos de altura, tendo no corochu a deusa Astreia mirando o oriente e empunhando na mo direita uma espada e na
esquerda uma balana, na qual pesando o ar nunca se equilibra
93
94
CONTEXTUALIZAO E
ANLISE DE LOCAIS HISTRICOS
INTERNACIONAIS COM INSERO
DE MOBILIRIO URBANO
5.5.
97
101
105
10
11
Antes
Depois
Antes
Depois
Antes
Depois
Antes
Depois
110
111
Antes
Depois
Antes
Depois
Antes
Depois
5.6.
(C) Retirar o recapeamento de asfalto e substituir por paraleleppedo das seguintes ruas que compem o trajeto Turstico
da cidade: Rua Ribeiro Bastos (ultimo quarteiro) Maria Teresa, Praa Duque de Caxias ,rua Comendador Bastos, Praa dos
Expedicionrios, rua Balbino da Cunha, rua Artur Bernardes (da Prefeitura ate a rua Balbino da Cunha) e rua Lus Baccarine
(da rua Balbino da Cunha at a rua Joo Manoel de Faria). Avenida Tancredo Neves (da Ponte da Cadeia at a edificao
colonial que ocupada pela eletrnica N.S.Aparecida) Rua General Osrio (da Ponte do Rosrio at o estacionamento do
Supermercado Fredezam)
D) A separao entre as superfcies de asfalto e de paraleleppedo devem ser feitas atravs de faixas de pedestres
usando calcrio branco em forma de paraleleppedo paginado com o granito conforme o modelo dos Centros Histricos
Portugueses e compatibilizao de caixas de luz, telefone, gua e esgoto, a fim de no perturbar ou mesmo degradar a
visibilidade do conjunto urbano.
E) Padronizar os passeios de toda a rea do circuito com um s tipo de pavimentao regularizada como o cimento
grosso desempenado de modo a proporcionar maior comodidade ao pedestre sem prescindir da valorizao esttica do
113
conjunto. O objetivo dessa padronizao melhorar a leitura ambiental promovendo o ordenamento do conjunto mesmo
que com custo de execuo baixo. As juntas de dilatao so imprescindveis para o bom desempenho tcnico da soluo
e mesmo para sua durabilidade. A esttica fica protegida por muitos anos se os reparos necessrios forem executados de
uma junta de dilatao outra, nem menor nem maior que a rea que delimitam.
F) Implementar e instalar todo o mobilirio urbano que aqui se prope: pontos de nibus, bancos, lixeiras, cabines
telefnicas, bicicletrios e balisadores. O conceito desenvolvido neste trabalho compatibiliza o desenho de equipamentos de
mobilirio urbano ao conforto ergomtrico e s questes contemporneas que envolvem a linguagem desse tipo de projeto,
sendo essencialmente uma soluo de pouca interferncia na visibilidade dos monumentos do conjunto arquitetnico e
urbanstico da cidade de So Joo del Rei.
G ) Transformao da atual Praa Severiano de Resende em uma grande Praa Cvica que, pela sua proximidade ao Centro
Histrico, escala e localizao, tem o potencial se tornar um grande palco cultural no corao da cidade. Sugere-se tambm
o estudo de viabilidade da implementao de uma ciclovia no leito do lenheiro, que se articula com essa praa e que ligaria
a regio do Tijuco da Rodoviria. Essa soluo tiraria partido da plancie que caracteriza o traado da cidade e das vias
coletoras valorizando o grande trfego de bicicletas que se observa na cidade.
H) Aprimorar o projeto paisagstico de todas as praas, incluindo o mobilirio urbano e a pavimentao propostos por
este trabalho. Requalific-las, quando necessrio, em observncia sua relao com a comunidade e aos usos que se lhe
percebem. Entregar esse benefcio comunidade, esclarecendo a importncia de sua participao na conservao desses
elementos.
I) Criar pontos de apoio para o turista com sanitrios, informaes e folheteria em alguns edifcios pblicos ao longo do
circuito proposto para visita do Centro Histrico. Os locais considerados ideais para a instalao desses servios so: Museu
Regional do IPHAN, Casa de Barbara Heliodora, Casa do Baro de So Joo Del-Rei, Cerem e Centro Cultural Feminino,
Fortim dos Emboadas, Museu de Arte Sacra, Memorial Natividade, Casa mais antiga da cidade, Solar da Baroneza e Casa do
Damae.
F) Criar um projeto especial de arborizao de mdio prazo para as encostas e entornos degradados de monumentos,
feito por profissionais especializados, de forma a no criar obstculos na visualizao da paisagem e atingir a necessria
compatibilidade de texturas e acabamentos com os elementos do desenho urbano.
I) Formatar uma Lei especial relativa ao Cdigo de Obras da regio do Centro Histrico e Entorno (Plano IPHAN
Brasileiro e Dangelo, 2007). Implementar Leis Urbansticas que probem terraos metlicos, balano sobre o alinhamento
114
frontal e lateral do lote, exigir o telhado cermico e o revestimento com reboco pintado em
cores coerentes com o conjunto, alm de esquadrias preferencialmente de madeira. Proibir
qualquer revestimento de superfcie externa com qualquer tipo de cermica ou pedra colada
parede. Produzir uma manual de orientao de obras no Centro Histrico nos moldes do que
foi feito para o Programa do Corredor Cultural no Rio de Janeiro.
J) Formatar uma Lei especial de Posturas Municipais, especfica para a regio do Centro
Histrico e Entorno legislando sobre: Placas Comerciais, Pinturas Comerciais e Colocao de
toldos e marquises. Cartazes, Trailers e Outdoors devem ser contemplados por essa legislao,
a exemplo do Corredor Cultural no Rio de Janeiro.
K) Providenciar sistema de coleta de lixo compatvel com o uso turstico do Centro Histrico,
preferencialmente de 5:30 as 6:30 da manh.
L) Fomentar, conjuntamente com as Instituies Culturais e o Sistema Municipal e Estadual
de Educao, polticas de educao patrimonial nos ensinos fundamental e mdio assim como
a profissionalizao de agentes ligados s atividade de Turismo. Negociar com o poder pblico
municipal que o ICMS Cultural seja reinvestido na rea cultural do municpio.
M) Criao de um Escritrio Tcnico Municipal em parceria com o executivo para aprovar e
gerenciar todos os projetos e obras civis relativos rea do Centro Histrico e entorno alm
de vistoriar e cumprir a rotina de manuteno freqente. A equipe qualificada composta de
arquitetos, engenheiros, historiadores, profissionais do servio social e da construo civil,
vinculados ao Escritrio atravs de CLT, atuar ao lado dos Conselhos Municipais de Turismo
e Patrimnio, IPHAN, UFSJ, Cmara Municipal e Prefeitura Municipal e suas demais Secretarias,
criando uma rede de trabalho entre comunidade e Poder Executivo que represente a sociedade
e vote as diretrizes a serem trabalhadas e desenvolvidas anualmente pelo Escritrio, como
tambm as atividades de fiscalizao.
(N) Aproveitar a ampliao e modernizao do aeroporto municipal realizada pelo Governo
do Estado de Minas Gerais para fortalecer o turismo receptivo na regio, j que So Joo del Rei
hoje a nica cidade do Circuito do Ouro que possui Aeroporto. Seguindo o exemplo de Porto
Seguro, pacotes tursticos semanais podem ser montados, provenientes das diversas regies
do pas, para explorar o potencial e estimular a estruturao de uma poltica de turismo microregional e regional tendo como parceiros todos os municpios da regio ligados AMVER.
115
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