RESUMO

Nenhum ensaio mecnico consegue prever com extrema fidelidade o comportamento

mecnico de um material, tanto em etapa de produo como em etapa de utilizao, no
entanto o ensaio de trao o que melhor representa a relao entre informaes obtidas
e complexidade do ensaio. Esse ensaio consiste em submeter um corpo de prova a uma
carga axial que tenda a deform-lo pelo alongamento at o momento em que se rompa.
Atravs de um software possvel obter a curva tenso x deformao e dela os diversos
dados sobre o material ensaiado. Nesse sentido, o presente trabalho descreve o ensaio
mecnico de trao realizado no dia 04 de Maro de 2015 no LEN Laboratrio de
Ensaios Destrutivos e No Destrutivos da Universidade Federal de Itajub (UNIFEI)
objetivando verificar o comportamento do ao SAE 1020 quando submetido ao ensaio de
trao com corpos de prova (CP) com e sem entalhe, que um concentrador de tenso.
Verificaram-se formaes de curvas distintas entre os diferentes corpos de prova, com
aumento significativo nas tenses, tanto no escoamento quanto na ruptura, para os corpos
de prova sob o efeito do entalhe

SUMRIO
1. Introduo ............................................................................................. 1
2. Objetivos................................................................................................ 1
3. Reviso Bibliogrfica ........................................................................... 1
3.1. Ensaio de Trao .............................................................................. 1
3.2. Diagrama Tenso-Deformao ......................................................... 3
3.3. Fratura dos corpos de prova ensaiados a trao ............................... 7
3.3.1. Fratura dctil e fratura frgil ...................................................... 8
3.4. Concentrao de tenso .................................................................. 10
3.4.1. Definio do fator de concentrao de tenso ......................... 11
4. Metodologia ......................................................................................... 12
5. Resultados e Discusses ..................................................................... 12
6. Concluso ............................................................................................ 15
7. Referncia Bibliogrfica .................................................................... 16

1. INTRODUO
Sabe-se que os materiais dcteis, como o ao SAE 1020, apresentam grandes
deformaes quando submetidos a ensaio de trao. Essas deformaes so verificadas
por uma elevada elongao do corpo de prova e uma grande reduo da rea transversal
ao carregamento quando submetidos ao ensaio de trao. Com base nisso, foram
realizados ensaios de trao (tenso de engenharia x deformao de engenharia) em
corpos de prova (CP) com e sem entalhe. Quando se submete um corpo de prova que
contm concentradores de tenso (entalhe) aos mesmos testes realizados nos corpos de
prova sem concentradores de tenso, os resultados de tenses e deformaes mostram-se
completamente distintos. Verificou-se aumento significativo nas tenses, tanto no
escoamento quanto na ruptura, para os corpos de prova sob o efeito do entalhe.
Constatamos que a diminuio da ductilidade devida formao de um estado triaxial
de tenses somadas a uma elevao das tenses atuantes na regio do concentrador.
Tambm verificou-se nos CPs sem entalhe uma deformao generalizada na superfcie
da fratura indicando a fratura dctil. J os que possuem entalhes no apresentaram
deformaes macroscpicas significantes, indicando uma fratura frgil.

2. OBJETIVOS
Realizao do ensaio mecnico de trao e verificao da influncia de
concentradores de tenso sobre as curvas tenso-deformao convencional do material
ensaiado (ao SAE 1020) e os mecanismos de fratura

3. REVISO BIBLIOGRFICA
3.1.ENSAIO DE TRAO
A resistncia de um material depende de sua capacidade de suportar a carga sem
deformao excessiva ou ruptura. Essa propriedade inerente ao prprio material e deve
ser determinada por experimento. Um dos testes mais importantes a realizar nesse sentido
o ensaio de trao ou compresso. Embora muitas propriedades mecnicas importantes
de um material possam ser determinadas por meio desse teste, ele usado principalmente

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para determinar a relao entre tenso normal mdia e a deformao normal mdia em
muitos materiais de engenharia (Hibbeler, 2004).
A aplicao de uma fora num corpo slido promove uma deformao do material na
direo do esforo e o ensaio de trao consiste em submeter um material a um esforo
que tende a estica-lo ou alonga-lo. Geralmente o ensaio realizado em um corpo de prova
de formas e dimenses padronizadas para que os resultados obtidos possam ser
comparados ou, se necessrio reproduzidos. Esse corpo de prova fixado em uma
mquina de ensaio que aplica esforos crescentes na sua direo axial, sendo medidas as
deformaes correspondentes por intermdio de um aparelho especial (o mais comum
o extensmetro). Os esforos ou cargas so medidos na prpria mquina de ensaio e o
corpo de prova levado at sua ruptura (Souza, 1982).
Com esse tipo de ensaio, pode-se afirmar que praticamente as deformaes
promovidas no material so uniformemente distribudas em todo o seu corpo, pelo menos
at ser atingida uma carga mxima prxima do final do ensaio e, como possvel fazer
com que a carga cresa numa velocidade razoavelmente lenta durante todo o teste, o
ensaio de trao permite medir satisfatoriamente a resistncia do material. A
uniformidade da deformao permite ainda obter medies precisas da variao dessa
deformao em funo da tenso aplicada. Essa variao, extremamente til para o
engenheiro, determinada pelo traado da curva tenso-deformao, a qual pode ser
obtida diretamente pela mquina ou por pontos.
A uniformidade de deformaes termina no momento em que atingida a carga
mxima suportada pelo material, quando comea aparecer o fenmeno da estrico ou
diminuio da seco do corpo de prova, nos casos de metais com certa ductilidade. A
ruptura sempre se d na regio estrita do material, a menos que um defeito interno no
material, fora dessa regio, promova a ruptura do mesmo, o que raramente acontece.
A preciso de um ensaio de trao depende, evidentemente, da preciso dos aparelhos
de medida de que se dispe. Com pequenas deformaes, pode-se conseguir uma preciso
maior na tenso do que quando so atingidas grandes deformaes do material, onde a
leitura dos valores numricos fica mais difcil, devido grande variao da deformao
em funo da tenso aplicada. Mesmo no incio do ensaio, se no for bem conduzido,
grandes erros podero ser cometidos, como por exemplo, se o corpo de prova no estiver
bem alinhado, os esforos assimtricos que aparecero levaro a falsas leituras das

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deformaes para uma mesma carga aplicada. Deve-se portanto centrar bem o corpo de
prova na mquina para que a carga seja efetivamente aplicada na direo do seu eixo
longitudinal; a colocao dos extensmetros tambm deve ser bem feita para se evitar
escorregamento ou falta de axialidade do aparelho.
A velocidade de ensaio geralmente dada pelos mtodos de ensaio estabelecidas
pelas diferentes Associaes de normas tcnicas.

3.2.DIAGRAMA TENSO-DEFORMAO
Com os dados do teste de trao, podem-se calcular diversos valores de tenso e
a deformao correspondente no corpo-de-prova e, depois, construir um grfico com
resultados. A curva resultante, denominada diagrama tenso-deformao, pode ser
descrita de duas maneiras.
Diagrama Tenso-Deformao Convencional: Com os dados registrados,
determinamos a tenso nominal ou de engenharia dividindo a carga aplicada P pela rea
da seo transversal inicial do corpo-de-prova A0. Esse clculo pressupe que a tenso
seja constante na seo transversal e em toda a regio entre os pontos de calibragem.
Da mesma forma, a deformao nominal ou de engenharia encontrada
diretamente pela leitura do extensmetro, ou dividindo-se a variao no comprimento de
referncia, pelo comprimento de referncia inicial L0. Suponhamos que a deformao seja
constante em toda a regio entre os pontos de calibragem
Se os valores correspondentes de tenso e deformao forem colocados em um
grfico, no qual a ordenada seja a tenso e a abcissa seja a deformao, a curva resultante
ser denominada diagrama tenso x deformao convencional. Esse diagrama muito
importante para engenharia, pois permite obter dados sobre a resistncia trao do
material sem considerar o tamanho ou formato fsico desse material, isto , sua geometria
(Hibbeler, 2004)
As curvas tenso-deformao, Figura 1, podem ser geradas e divididas em
regies, as quais descrevem o que est ocorrendo no nvel microscpio, chamadas:
A. Regio Elstica
B. Regio Plstica

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1. Escoamento
2. Encruamento
3. Estrico (ou Empescoamento)
C. Falha (Fratura)

Figura 1 - Vrias regies e pontos na curva tenso x deformao (Industrial Heating,

2015)

Os parmetros utilizados para descrever uma curva tenso-deformao de um

metal so: resistncia trao, resistncia ao escoamento ou limite de escoamento,
porcentagem de alongamento e reduo em rea. Os dois primeiros parmetros indicam
a resistncia e os dois ltimos indicam a ductilidade.
Na primeira parte da curva (pouca deformao), muitos materiais obedecem a lei
de Hooke, a qual afirma que a deformao , dentro de uma aproximao razovel,
linearmente proporcional tenso. Como resultado, a tenso proporcional deformao
com uma constante de proporcionalidade, que o mdulo de elasticidade (ou mdulo de
Young).

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Conforme a deformao aumenta, muitos materiais, eventualmente, se desviam
desta proporcionalidade linear. O ponto de partida conhecido como o limite de
proporcionalidade. Esta no-linearidade usualmente associada com a chamada
deformao (fluxo) plstica da amostra. Nesta regio, o material est sob um
rearranjamento dos tomos (os quais esto se movendo para novas posies de
equilbrio).
O grau de deformao plstica depende do mecanismo de mobilidade, o qual nos
metais (ou seja, materiais cristalinos) se d pela movimentao de discordncias. Os
materiais que no tm esta mobilidade (ou seja, que tm caractersticas microestruturais
que bloqueiam a movimentao das discordncias) geralmente so mais frgeis do que
dcteis. As curvas de tenso x deformao para os materiais frgeis so tipicamente
lineares em toda a sua faixa de deformao e, eventualmente, fraturam sem ocorrer
nenhuma deformao plstica aprecivel.
Conforme a deformao plstica prossegue acima do limite de escoamento, a
tenso de engenharia alcana um ponto mximo -a resistncia trao (ltima) do
material. A deformao plstica produz discordncias na regio da curva entre a
resistncia ao escoamento e a resistncia trao. O aumento na densidade de
discordncias faz com que a deformao plstica seja mais difcil.
Este fenmeno de endurecimento por deformao (encruamento) o fator chave
na conformao dos materiais por trabalho a frio. Os rearranjos microestruturais
associados com a deformao plstica geralmente no so reversveis quando a carga
removida, ento, o limite de proporcionalidade sempre o mesmo ou pelo menos prximo
do limite elstico do material. A elasticidade a propriedade de recuperao completa e
imediata de uma deformao imposta ao se retirar a carga e o limite elstico o valor da
tenso na qual o material passa a experimentar uma tenso residual permanente que no
perdida durante o descarregamento.
A deformao na falha ocorre aps as fraturas na amostra. o ponto de interao
entre a regio de recuperao plstica nos eixos de deformao. Ela conhecida como
ductilidade. A ductilidade a porcentagem de alongamento at a falha e indica uma
habilidade geral do material de ser deformado plasticamente.
Um termo relacionado a tenso de escoamento de um material, que a tenso
necessria para induzir a deformao plstica. Como geralmente difcil determinar a

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tenso exata na qual a deformao se inicia, a tenso de escoamento determinada como
a tenso necessria para induzir uma quantidade especfica de deformao permanente,
tipicamente 0,2%, que a chamada tenso de escoamento offset (Industrial Heating,
2015)
Diagrama Tenso-Deformao Real: Em vez de usar a rea da seo transversal
inicial e o comprimento do corpo-de-prova para calcular a tenso e a deformao, usa-se
a rea real da seo transversal e o comprimento do corpo-de-prova no instante em que a
carga medida. Os valores de tenso e deformao calculados com essas medidas so
chamados tenso real e deformao real, e a construo grfica de seus valores
denominada diagrama tenso x deformao real. Quando esse diagrama construdo,
adquire o formato mostrado pela curva de colorao clara na Figura 2. Observe que os
diagramas convencional e real so praticamente coincidentes quando a deformao
pequena. As diferenas entre os diagramas comeam a aparecer na faixa de
endurecimento por deformao, em que a intensidade da deformao torna-se mais
significativa. Em particular, h uma grande divergncia na regio de estrico. Pode-se
notar pelo diagrama tenso-deformao convencional que o corpo-de-prova suporta
realmente uma carga decrescente, ao calcular a tenso de engenharia. Entretanto, pelo
diagrama tenso-deformao real, a rea real na regio de estrico sempre decrescente
at a ruptura e desse modo, o material suporta realmente tenso crescente.

Figura 2 - Diagrama Tenso-Deformao convencional e real para material dctil, sem

escala (Hibbeler, 2004)

3.3.FRATURA DOS CORPOS DE PROVA ENSAIADOS A TRAO

Fratura consiste na separao ou fragmentao de um corpo slido em duas ou mais
partes, sob a ao de uma tenso, e pode ser considerada como sendo constituda da
nucleao e propagao da trinca (Dalcin, 2007). uma resposta imposio de uma
fora esttica (isto , que constante ou que varia lentamente ao longo do tempo) e em
temperaturas que so baixas em relao temperatura de fuso do material. Qualquer
processo de fratura envolve duas etapas formao e propagao de trincas. O modo de
fratura altamente dependente do mecanismo de propagao da trinca
Macroscopicamente uma fratura pode ser classificada em dctil ou fibrosa e frgil ou
cristalina, conforme seja grande ou pequena a intensidade de deformao plstica que
acompanha aa fratura. O limite de separao entre os dois tipos no definido e somente
quando se estuda a fratura microscopicamente possvel fazer-se uma separao entre
essas classificaes. A fratura pode tomar duas direes dentro do cristal: ou ela se
propaga entre os gros do metal policristalino, chamada fratura intergranular, ou ela se
propaga atravs dos gros, chamada fratura transgranular.

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Pode-se estudar os mecanismos da fratura com auxlio da microscopia eletrnica.
interessante mencionar que os micromecanismos da fratura so os seguintes: 1) fratura
plstica, onde esto includas a fratura por deformao plstica ininterrupta e a fratura por
formao e coalescncia de microcavidades; 2) fratura por clivagem, onde a separao
se d pelo avano simultneo de vrias trincas em planos cristalogrficos paralelos; 3)
fratura por quase-clivagem, onde a diferena do tipo anterior s pode ser distinguida por
fenmenos microscpicos que acontecem na superfcie da fratura; e 4) fratura por fadiga
(Souza, 1982).

3.3.1. Fratura dctil e fratura frgil

Um metal com boa ductilidade, quando rompido por trao apresenta as
caractersticas principais da fratura dctil, a saber: a zona fibrosa no centro do corpo-deprova, denominada taa, a zona radial adjacente e a zona de cisalhamento nas bordas
denominada cone. Quanto menos dctil for o material, menor ser seu tamanho da zona
fibrosa, at se tornar macroscopicamente nula, sendo a fratura considerada de carter
frgil.
A ruptura de carter dctil tem incio no centro da regio estrita do corpo de prova,
por meio de formao de microcavidades que coalescem, e seu crescimento se d na
regio onde ser constituda a zona fibrosa, perpendicularmente ao eixo do corpo-deprova, formando assim a taa. Nessa zona, a propagao da trinca ocorre gradualmente e
de maneira estvel. Quando a propagao se torna mais rpida, aparece a zona radial. Isso
acontece quando a fratura (trinca) se aproxima da superfcie externa do corpo-de-prova.
Da ele segue a direo de 45 formando o cone. Vrias superfcies irregulares do a esta
fratura aparncia fibrosa. A fratura taa-cone transgranular.

Figura 3 - Estgios na formao da fratura "taa-cone" (Souza, 1982).

Metais muito moles, que apresentam uma grande deformao plstica, ou seja, metais
de grande ductilidade, rompem-se, deixando as duas partes separadas apenas por um
ponto ou um gume. Essa ruptura caracterizada por uma deformao plstica ininterrupta
e um tipo de fratura muito dctil. Essa fratura advm em consequncia de um
cisalhamento prolongado nos planos de escorregamento do cristal.
Um metal muito endurecido normalmente exibe uma zona plstica muito pequena ou
nula, com pequena deformao plstica e aps atingir a carga mxima, o metal se rompe
transgranularmente com uma estrico mnima ou nula e assim ocorre a denominada
fratura frgil, de aparncia granular e brilhante. A fratura frgil caracterizada por uma
separao das duas partes do corpo de prova, normalmente ao eixo do mesmo, isto ,
normal a tenso de trao, ao longo de certos planos cristalogrficos (clivagem) (Souza,
1982).

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Figura 4 - Representao esquemtica de (a) fratura frgil, (b) fratura muito dctil e (c)
fratura dctil (Souza, 1982).

3.4.CONCENTRAO DE TENSO
Podemos afirmar que para todo e qualquer processo de falha que um dado componente
venha sofrer, o ponto de incio da falha est localizado em um local onde o nvel de
solicitao ultrapassou o nvel de resistncia. Esta situao ocorre seja por uma baixa
resistncia localizada naquele ponto, seja por um aumento local na solicitao que atua
no material, na forma de uma tenso ou uma deformao. Estes pontos so portanto para
onde a nossa ateno deve se dirigir, visto serem estes os provveis pontos crticos,
formando o que chamamos de pontos de concentrao de tenso, onde a mxima tenso
que atua no material pode ser vrias vezes superior tenso nominal calculada naquela
seo da pea. Este efeito de um aumento localizado de tenses fundamental na anlise
dos modos de falha onde as caractersticas locais de resistncia do material so
importantes, como no caso da fadiga, de uma ruptura frgil, de corroso sob tenso, de
incio de escoamento, entre outros mais (Rosa, 2002).

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Figura 5 - Exemplos de concentradores de tenso

De um modo geral o efeito de concentrao de tenso leva a perturbaes localizadas

na distribuio de tenses, que ocorrem em toda e qualquer situao onde existem
descontinuidades, tais como: Alterao da geometria; Alterao de propriedades
elsticas; Cargas concentradas.
3.4.1. Definio do fator de concentrao de tenso
A tenso mxima, mx, que ocorre na regio prxima de uma descontinuidade de
um elemento estrutural proporcional tenso nominal atuante, enquanto o material
estiver dentro do regime elstico. O fator de proporcionalidade entre a tenso mxima no
local perto da descontinuidade e a tenso nominal denominado de fator de concentrao
de tenso, Kt. O fator de concentrao de tenso, Kt, depende da geometria do
componente e do modo de carregamento, e independe da intensidade deste ltimo, j que
se considera como hiptese bsica, na definio deste fator, que o material tenha um
comportamento elstico linear (Rosa, 2002).
O efeito que a concentrao de tenso tem sobre a resistncia de uma dada pea
apresenta-se de formas diferentes, dependendo do modo de falha considerado. No caso
de elementos que proporcionem Kt elevados, nota-se uma rpida elevao de tenso no
ponto de maior solicitao da seo, levando a ruptura sem que antes o material atinja a
regio de 11 deformao plstica, e aproximando o material de um comportamento
caracterstico de materiais frgeis. No entanto, para elementos com baixos valores de Kt,
uma prvia deformao plstica na regio de maior esforo do elemento gera a
redistribuio de tenses na seo, levando o material a apresentar um comportamento
caractersticos de materiais mais dcteis.

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4. METODOLOGIA
Foram realizados ensaios de trao e obtidas s curvas tenso x deformao de
Engenharia em trs tipos de corpos de prova utilizando como material o ao SAE 1020,
representando um material que possui boa ductilidade. Os trs tipos de corpos de prova
utilizados so: um corpo de prova sem entalhe (CP1); um corpo de prova com entalhe em
V (CP2) e um corpo de prova com entalhe em U (CP3).
Os ensaios mecnicos foram feitos em uma Mquina Universal de Ensaios, modelo:
DL2.000, eletromecnica, microprocessada, marca EMIC, equipada com uma clula de
carga de 5 toneladas, existente no laboratrio LEN Laboratrio de Ensaios Destrutivos
e No Destrutivos da Universidade Federal de Itajub (UNIFEI). A velocidade de ensaio
esteve padronizada em 5 mm/min em todos os ensaios. O software conectado mquina
recebe os dados do ensaio e fornece o grfico tenso-deformao juntamente com os
dados de carga, tenso e deformao do limite de resistncia, alm da tenso e deformao
de ruptura.

5. RESULTADOS E DISCUSSES
Na Figura 6 podemos evidenciar as curvas tenso-deformao convencionais para
cada tipo de corpo-de-prova.

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Figura 6 - Relatrio de ensaio de trao de corpos-de-prova com e sem entalhe

Quando um corpo de prova est sujeito a um estado triaxial de tenses, como, por
exemplo, um entalhe, ocorre uma reduo de sua ductilidade, ou seja, ele no consegue
mais absorver energia durante a deformao plstica, diferentemente de suas medidas
com padro liso. Quanto mais representativo for o entalhe em ralao s dimenses do
CP, maior ser o efeito causado pelo estado triaxial de tenses e maior ser a restrio a
deformaes de alongamento e estrico no material havendo uma tendncia de fratura
frgil como efeito do concentrador de tenso. Tal restrio pode ser observada
comparando-se os valores de deformao dos 3 corpos-de-prova. Com as anlises feitas
nas tenses de escoamento e de ruptura nos diferentes corpos de prova, conclui-se
tambm que, com o efeito de entalhe, e quanto maior for esse efeito, mais se aproxima a

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tenso de escoamento da tenso de ruptura. Essa caracterstica verificada em materiais
frgeis, reforando a transio de fratura dctil para frgil pelo efeito de entalhe.
Quanto a fratura dos corpos-de-prova, foi possvel realizar algumas observaes.
Para o corpo de prova sem entalhe, h uma ntida formao de uma zona acentuada de
estrico (grande reduo de rea) e se verifica o formato caracterstico taa-cone de
fratura dctil como era o esperado. Nota-se na regio central interior da superfcie uma
aparncia irregular fibrosa, o que indicativo de deformao plstica. A fratura no CP1
do tipo transgranular. Os corpos de prova com entalhe em U e entalhe em V por
sua vez, se comportaram de forma frgil em funo da sensibilidade ao entalhe.
Apresentaram ausncia de qualquer deformao plstica e uma zona de estrico
praticamente imperceptvel vista desarmada. O CP3 com entalhe em U apresentou
pouca fragilidade, j o CP2 com entalhe em V apresentou fratura mais circular sem
grande reduo de rea. As Figuras 7, 8 e 9 a seguir mostram o aspecto fsico da fratura
de cada corpo-de-prova.

Figura 7 - Fratura dctil no corpo de prova sem entalhe (CP1)

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Figura 8 - Fratura frgil no corpo de prova com entalhe em "V" (CP2)

Figura 9 - Fratura dctil no corpo de prova com entalhe em "U" (CP3)

6. CONCLUSO
A partir da reviso literria e dos experimentos realizados comprovamos que ocorre
aumento da tenso de ruptura nos corpos de prova entalhados em funo do estado triaxial
de tenses (x 0, y 0, z 0), onde a ductilidade reduzida, ou seja, o corpo de prova
no absorve mais energia durante a deformao plstica.
A tenso de ruptura para o corpo de prova com entalhe em U (CP3) foi maior que
a do corpo de prova com entalhe em V (CP2) e muito maior que a do corpo de prova
sem entalhe (CP1), devido reduo de rea. J o alongamento e a reduo de rea
durante os ensaios de trao tiveram ordem inversa em relao aos resultados
anteriormente citados, caracterizando a transio da fratura que, no corpo de prova sem
entalhe, acontece de maneira dctil devido s caractersticas do material e agora acontece
de maneira frgil devido ao concentrador de tenso.

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7. REFERNCIA BIBLIOGRFICA
[1] Dalcin, G. B., Ensaios dos Materiais. Universidade Regional Integrada do Alto
Uruguai e das Misses (URI), Santo ngelo, 2007.
[2] Hibbeler, R.C. Resistncia dos materiais; traduo Joaquim Pinheiro Nunes; reviso
tcnica Wilson Carlos da Silva. So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004.
[3] Rosa, E. da; Anlise de Resistncia Mecnica. Mecnica da Fratura e Fadiga.
Universidade Federal de Santa Catarina. Outubro, 2002.
[4] Souza, S. A., Ensaios mecnicos de materiais metlicos. Fundamentos tericos e
prticos. So Paulo, Brasil. Edgard Blcher, 1982.