A Arte de Menstruar

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A Arte de Menstruar

Monika von Koss


Menstruar um fato central na vida de qualquer mulher. Entre as diferenas que existem entre
homens e mulheres, 'sangrar sem morrer' certamente uma das mais significativas e que
deixou forte impresso na mente humana, desde o primrdio dos tempos. Para nossas
ancestrais da Idade da Pedra, o sangue menstrual era sagrado. A palavra sacramento
provavelmente se origina de sacer mens, literalmente, menstruao sagrada.

O sangue
menstrual,
representando o
poder de criar vida
que conecta as
mulheres com o
prprio universo

Menstruao significa "mudana de lua". Tem como slaba-raz mens, mensis, e est na origem
da contagem do tempo. Forma palavras como medida, dimenso, metro, mente, para citar
algumas.
O sangue menstrual, representando o poder de criar vida que conecta as mulheres com o
prprio universo, era tabu, palavra polinsia significando "sagrado" e "proibido". Nas
sociedades tribais, a menarca, o incio do fluir do sangue, era celebrado com um rito de
passagem, auxiliando a menina a realizar sua entrada para o reino do mana: o poder sagrado
transmitido pelo sangue e que tanto podia dar como tirar a vida.
Ao longo dos milnios, as mulheres tm desaprendido a arte de menstruar, de fluir com a vida.
O que era sagrado tornou-se proibido, sujo, contaminado. A regra passou a ser esconder a
regra. O resultado disto foi que o evento central na vida de toda mulher madura tornou-se
invisvel. Mesmo mulheres "liberadas" acreditam que suas regras (aquilo que as rege) so uma
inconvenincia que deveria ser eliminada. A decantada imprevisibilidade feminina , em grande
parte, decorrente das oscilaes a que a mulher est submetida, ao longo de seu ciclo mensal.
expresso da imprevisibilidade da prpria vida.
Se voc quiser se conhecer melhor como mulher:
fique atenta s oscilaes que voc sente durante seu ciclo menstrual
observe a lua e note a diferena de menstruar na lua cheia ou lua nova
anote seus sonhos e veja as diferenas entre ovulao e menstruao.
elabore um mapa dos padres para ajudar voc a programar seu 'tempo da lua'.

Ritualize sua menstruao:


aumente a fecundidade de sua vida, menstruando na terra
organize uma noite de relaxamento, sozinha ou com suas amigas
prepare comidas e bebidas especiais para os dias sagrados
retire-se para um lugar especial, na natureza
planeje uma noite de amor muito especial com seu parceiro (se ele concordar!)

Que a Deusa do Oceano de Sangue te abenoe!

Mulher ciclica O dom de menstruar


O ciclo menstrual uma das mais impactantes influencias na motivao, nas
energias, nas habilidades e na percepo das mulheres , j hora do ciclo
menstrual ocupar o lugar que realmente tm , como centro de recursos
femininos.
Uma mulher que toma conscincia do prprio ciclo e das energias inerentes
contidas nele , aprende a perceber um nvel de vida que vai mais alm do visvel ,
mantm um vinculo intuitivo com as energias da vida , o nascimento e a morte ,
Sente a divindade dentro da terra e de si mesma ..
Miranda Gray , autora do livro Lua vermelha , os dons do ciclo menstrual

Abrimos o universo da
Energia feminina em Amayum com o texto do mesmo
nome . Agora a vez da mulher ciclica . Estaremos compartilhando , cada tanto ,
assuntos afins energia feminina, no espiritu da Tenda vermelha Tenda da Lua
Comearei eu , Tai , contando um pouco da minha vivncia cclica , na sequncia , um
texto de estudo sobre menstruao , anticoncepo , hormnios naturais e sinteticos.
Agora que escrevo , acabando de editar este post , estou na minha tenda da lua , red
tend , menstruando pela segunda vez desde que fiquei gravida do meu terceiro filho que
tm 10 meses .
com amor , o sangue sagrado inspira e informa estas linhas ..

Na epoca do nascimento do meu primeiro filho, comecei a tomar conscincia da minha


natureza ciclica , do meu tero, da forma em como a vida passava atravs de mim , pari
em casa e dei de mamar pela primeira vez , comecei a utilizar bioabsorventes, a ter
contato com o meu sangue , ainda sem muita noo precisa disso tudo meu corpo ,
mente e corao estavam se aproximando , se integrando com cada experincia , muitas
provaes vieram , muitas alegrias , fui me fortalecendo , a cada menstruao , a cada
lunao .. fui , vou , aprendendo de mim e de tudo que me rodeia como um tecido
vibrante em interconexo total . nada separado no meu ser . nada est separado na
existncia . tudo unidade. os hormnios esto ligados s emoes , por sua vez as
emoes ligadas prpria energia e como esta desenvolvida em todos os nveis da
vida da gente .
Sei que devo prestar ateno especialmente na fase post ovulao , premenstrual j
que qualquer motivo pode me tirar do centro , estar atenta pois manifesta-se
especialmente tudo o que fica guardado , o inconsciente aflora , s vezes
perturbadoramente , outras inspiradoramente , o que preciso trabalhar e lapidar fica bem
nitido quando fico em silencio , quando aquieto a mente , me escuto e escuto aos
demais mesmo , sem tanto rudo mental e pre conceitos , olho sem autoenganos para
dentro , me conheo ..
Aparece meu ser inferior , a minha sombra que repete uma e outra vez chips
negativos ou limitantes adquiridos e sustentados por mim quando no os fao
conscientes e por consequncia os transformo a cada dia .
Meu ser essencial , superior, que me guia determinando os anseios e motivao
verdadeira , tambm aparece , se fao o meu trabalho e deixo que brilhe , susurre no
meu ouvido atravs de sonhos e inspiraes diversas .
Meus ciclos dentro dos ciclos naturais que so uma mesma coisa giram sempre voltando
aos mesmos pontos crticos de uma ou outra forma , sempre se movendo em fases
sempre a oportunidade de despertar, de curar , de iluminar os cantos em desencanto .
A menstruao instinto animal , humanidade sublime
REGENERAO
Venho faz tempo observando o meu ciclo e me dou conta , por exemplo , que :
Aps a menstruao , na Pre ovulao fico expansiva , visionaria , ativa ,
comunicativa , realizadora .
Na Ovulao fico receptiva para as pessoas , a sensualidade vm como uma vontade
profunda de se relacionar intimamente de forma mais completa , no s com o
companheiro , no s sexualmente, mas tambm sensorialmente com todas as minhas
relaes .
No estudo vivencial cotidiano vou me dando conta dos ritmos que o meu corpo ser dana na dana da vida junto s lunaes , s estaes , aos movimentos planetarios .. ,
aprendendo , inspirando e expirando .. sangrando , amando , concretizando projetos a
partir do respeito contrao e expanso presente na minha natureza ..

sou mulher cclica!!!!! vou subindo e descendo como as mars , conectada lua e ao
luar . girando entorno ao meu centro , rotao da terra , ao nosso sistema planetrio
que gira entorno ao nosso sol e mais alm ..
sempre desde o momento presente , desde as pequenas coisas ..
Oferecer o sangue para a terra , por exemplo , mesmo que um pouco em cada ciclo
menstrual , uma pratica simblica que me conecta com a terra e a natureza atravs do
meu corpo , como um microcosmos do mistrio da constante regenerao da vida .
Diluir o sangue em agua e regar plantas , rvores, horta super recomendado. o sangue
menstrual riqussimo para nutrir aos reinos que moram no solo .
Esta pratica deixa rastos fortes na psique , e por consequncia em todos os nossos
corpos . ativando a nossa memoria celular instintiva , espiritual, natural .
Vicky Noble, uma escritora , artivista feminina , criadora do Tarot Mother Peace , diz
que o fato de apagar da memoria esta pratica originaria est relacionada com o
estabelecimento da nossa civilizao dominadora, que mediante a guerra derramava
sangue humano em sacrificio para os deuses masculinos guerreiros que junto
hierarquia , a desigualdade social e de gnero , o predomnio da razo e do
materialismo exacerbado firmaram a atual sociedade em que vivemos .
Espero que com o tempo , s o sangue menstrual seja derramado na terra .
Almejo tambm que atravs do resgate do verdadeiro, da natureza , da vida mesma ,
dentro de cada um(a) , o planeta seja regenerado , @s noss@s filh@s e geraes futuras
possam vivenciar os ciclos dentro do grande ciclo sem distores nem bloqueios .
VIVA A NATUREZA !!!!
VIVA A BENO DE MENSTRUAR!!
Mulheres irms , as deixo com um artigo bem informativo e completo sobre os dons da
menstruao , mtodos anticoncepcionais , coletores e bioabsorventes menstruais ,
psicologia hormonal espiritual feminina , distrbios , origem dos distrbios ..
O texto que vm a seguir , Redescobrindo os dons da menstruao de uma sociloga
holistica estudiosa desta temtica , chama-se Maria del Mar Jimenez . ele uma
sntese de um texto de 45 pag chamado Menstruacion , sabedoria oculta ambos so da
mesma autora , este resumo sintese foi publicado no No 69 da revista espanhola
Athanor www.athanor.es .
Traduzi o texto ao portugus assim como adicionei informaes complementares em
certos pontos , na forma de nota identificada com o sinal de asterisco , quando achei
necessrio .
Tudo isto com sincera motivao de nos apoiar, conectar e expandir junt@s ,
contribuindo humildemente em atos , gestos e veiculao de informaes que

estimulem o reencantamento , restaurao e cura da nossa nave me Terra desde


dentro de cada uma , de cada um .
Abrao infinito
Tai TIKAI

Redescobrindo os dons da Menstruao

O nosso ciclo como o ciclo de uma planta . Existe um tempo prprio para plantar as
sementes , para crescer e desenvolver os galhos , para desprender as sementes , para
voltar s nossas razes .
Annie Shaw
Antigamente , a menstruao era um dom a partir do qual a mulher gerava vida (fsica
ou psquica) . A sincronicidade entre o ciclo feminino e a rbita da lua ao redor da terra
revelava o vinculo que une a menstruao com os grandes ciclos da vida e do
universo . Isto fazia com que o nosso corpo e o nosso perodo fossem sagrados.
Hoje em dia na nossa civilizao tecnolgica , o aspecto sagrado da menstruao tm
dado lugar ao estigma , incompreenso , a infravalorizao ,a alterao do nosso
sistema endcrino (anticoncepo hormonal ) e recentemente ao aniquilamento do
perodo menstrual (nova plula que reduz o ciclo menstrual a 4 por ano )
Passamos do todo nada . . Uma boa forma de recuperar o nosso poder de mulher
redescobrir, compreender, desestigmatizar e utilizar os dons verdadeiros da menstruao
.
As mulheres ocidentais do sculo XXI somos modernas , independentes , temos estudos
e conquistamos o mundo externo ,mas nos desconectamos do mundo interno : dos
nossos corpos, , da nossa essncia e da terra . O avano da mulher nas ultimas
dcadas tm sido principalmente intelectual ,conquistando o mundo masculino , S que
no caminho , deixamos a compreenso intuitiva e espiritual da nossa natureza ..

.Cedemos sociedade dominante e medicina toda a nossa natureza e o nosso corpo:


menstruao (plula e outros medicamentos) parto (excessiva interveno, cesreas
desnecessrias de forma rotineira) cuidado e alimentao dos nossos filhos (mamadeira,
creches , relaes de vinculo limitado) , menopausa (terapia hormonal).
De fato, ser mulher tm se convertido numa doena muito lucrativa para os laboratrios
que querem tratar todos os problemas femininos com medicamentos.
REIVINDICANDO A MENSTRUAO
.A nossa sociedade pensa na menstruao como uma coisa desagradvel, patolgica ,
associada a incomodao e fraqueza.
Pelo qual tm sido ocultado e manipulado o dom de sangrar.
Alm da violncia e o medo , nada foi to eficiente para relegar s mulheres para um
segundo lugar , quanto a desvalorizao do nosso ciclo menstrual . O tabu associado ao
ciclo menstrual segue hoje mais vigente do que nunca, e por causa disto so oferecidas
oficialmente plulas para eliminar a menstruao .
Afinal, serve pra que ? No s um inconveniente?
No . no .
A grande verdade oculta que a menstruao e muito mais do que uma manifestao
fsica : uma fonte de criatividade , intuio , espiritualidade, conhecimento interior.
Por isso tudo , a menstruao uma fonte de poder feminino.
A nossa guiana interna surge primeiramente a travs dos nossos sentimentos e da
sabedoria do nosso corpo , no a travs da compreenso intelectual .
O sangue justamente o que liga as mulheres natureza assim como o que nos
lembra da nossa condio humana e divina .
Na antiguidade , atravs deste estado alterado de conscincia da menstruao, as xams,
curandeiras e sacerdotisas contriburam significativamente com clareza e conexo
espiritual dentro das comunidades das quais faziam parte.
Este perodo cclico um prodgio biolgico muito benfico para o corpo feminino .
Duas conceituadas pesquisadoras neste assunto que vm influindo consistentemente
no resgate e valorizao do ciclo menstrual , so , a famosa ginecologista obstetra
holstica , Dra. Northtrup , autora do livro Corpo de mulher, sabedoria de mulher e
Miranda Gray , autora de Lua vermelha: os dons do ciclo menstrual
Num nvel fsico , a cincia est descobrindo que os efeitos so mais e melhores do que
costumava se achar . Por exemplo , age como um sistema de autolimpeza mensal ,
protegendo ao aparelho reprodutor feminino , reforando as defesas do organismo
graas aos estrognios naturais etc.

Psicolgicamente , a menstruao tm um importante papel na forma na qual


processamos informao , na criatividade e na conexo com o nosso inconsciente .
Est muito documentada a estreita relao entre psiquismo da mulher e o funcionamento
dos ovrios a travs dos hormnios.
AS FASES MENSTRUAIS

Podemos falar de duas grandes fases menstruais :


A fase folicular acontece no momento da ovulao. Representa a criatividade no estado
mximo, uma energia extrovertida e social.
As mulheres nesta fase somos frteis em todos os sentidos e uma tima oportunidade
para iniciar novos projetos . Alm disso o aumento no nvel de estrognio que traz
consigo a ovulao est diretamente relacionado com o aumento de atividade do
hemisfrio cerebral esquerdo (fluidez verbal, pensamento lgico) assim como observa
se uma diminuio do hemisfrio direito (intuio , introspeco )
Em muitas mulheres o desejo sexual esta no clmax na metade do ciclo e o nosso corpo
secreta no ar hormnios associados ao atrativo sexual.
A nossa sociedade da ao aceita e bate palmas para esta fase e para estas atitudes da
mulher.
Pelo contrario no mostra se to compreensiva com a fase ltea , que vai desde depois
da ovulao at o comeo da menstruao , representando um perodo de avaliao e
reflexo que convida a reduzir o ritmo , descansar e nos afastar gradativamente dos
nossos afazeres cotidianos, at o termino da menstruao . uma coisa super mal vista
socialmente.
nesta fase quando ns mulheres estamos mais sintonizadas com a sabedoria interior

Com o que no funciona na nossa vida , assim como com a capacidade de transformar
isto.
Os sonhos so mais frequentes e mais grficos durante as fases premenstrual e
menstrual por que h mais acesso ao inconsciente. H evidncias cientficas de que
antes da menstruao mais ativado o hemisfrio cerebral direito , que est
relacionado com a intuio , diminuindo a atividade do hemisfrio esquerdo , lgico ,
racional .
A mente e o corpo ficam de certa forma mais lentos, levando as energias para dentro por
efeito de vrios hormnios , principalmente progesterona , que prepara o tero por
dentro para receber ao vulo fecundado . A nossa sociedade julga ms e improdutivas as
energias , emoes e introspeco premenstrual , pois incoerente com o ritmo
frentico dominante (que favorece o no pensar e o viver sem conscincia , arrastados
pela massa)
Por outro lado , muitas culturas antigas respeitavam muitssimo a capacidade da mulher
para profetizar e se comunicar com os espritos nesta fase . Por exemplo, na assemblia
lunar dos indgenas nativos norte americanos as mulheres que menstruavam reuniam- se
para sonhar juntas , saindo inspiradas e inspiradoras para o resto da comunidade .
Isto tudo uma pincelada sobre o potencial que a menstruao contm se estamos
atentas a escutar e respeitar as mensagens que ela traz .
Realmente segundo aprofundamentos na espiritualidade feminina , poderamos ampliar
estas duas fases a quatro para especificar melhor o tipo de energia associada ao nosso
ciclo , adicionando uma velha parceira do ciclo menstrual : a LUA
Na antiguidade , os primeiros conceitos de medida e tempo , fazem referncia ao ciclo
lunar e o paralelismo com o menstrual . MENARQUIA , provm do grego e significa
primeira lua e em latim utilizada a mesma palavra (mensis) para os termos ms e
lua , da que vm menstruao .
Muitas culturas mediam o tempo em noites e meses lunares . inclusive hoje em dia , a
semana santa crist celebrada aps a primeira lua cheia na sequncia do equincio de
primavera (no hemisfrio norte, de outono no hemisfrio sul) , Festas islmicas ou
judaicas dependem tambm da lua cheia . O nosso ciclo biolgico e psquico tambm
vai junto s fases da lua . este vinculo est documentado em numerosos estudos .
Os ndices mais elevados de concepo e de ovulao acontecem durante a lua cheia ou
o dia anterior , diminuindo durante a lua nova que quando muitas mulheres menstruam
.
A luz do sol tambm fundamental para o ciclo menstrual . Viver baixo luz artificial
grande parte do tempo pode afetar a regularidade do ciclo e contribuir para a tenso pr
menstrual TPM . Em muitas mulheres , a TPM piora no outono , quando os dias so
mais curtos, De fato, muitos sintomas da TPM so os mesmos que o TAE * (transtorno
afetivo estacional ), sta relao entre TPM e TAE um exemplo de como a sabedoria
feminina est conectada tambm com as estaes , com os ciclos naturais.

* Nota da tradutora . Este transtorno mais comum em pases com estaes bem
marcadas com outono inverno frrrio ..nublado , chuvoso .. no tanto pela natureza
introspectiva do frio , mais pelo fato de ter perdido o contato com o fogo que mantm a
energia solar vital , ento este transtorno comum em lugares frios aonde no h
contato em perodos com o sol e os elementos naturais ,ou seja, aonde faz frio mesmo
no outono inverno . mas faz se fogo , no h altos indices de TAE
Combinando agora , a lua e as estaes com as energias do ciclo menstrual
anteriormente descritas , temos 4 arqutipos femininos presentes nas lendas, mitologia
e contos populares : a donzela , (lua crescente , primavera, preovulao , dinamismo) ,
a me (lua cheia , vero, ovulao, amor) , a feiticeira (lua minguante, outono,
premenstruao, criatividade) e a bruxa (lua nova, inverno, menstruao , sabedoria ) *
*Nota da tradutora
Dentro desta linguagem h diversas interpretaes relacionadas a arqutipos da
espiritualidade feminina . as descritas no texto so relacionadas como dito com as
fases menstruais.
Na sntese , a espiritualidade feminina trabalha com a Deusa trplice (donzela, me ,
anci) , pois esta trindade contm todos os estgios femininos que transcendem a
menstruao , j que mesmo antes dela vir , e depois dela ir embora (menopausa) , o
ser mulher existe na experincia concreta e arquetipica se formando na menina
donzela , chegando na plenitude da me e amadurecendo na menopausa , que longe de
ser um distrbio , um recomeo desde uma maturidade espiritual , uma grande
iniciao , depois de cumprir um ciclo de vida .
Tambm esto o trabalho de correspondncia com as deusas gregas , e de outros
simbolismos interculturais .
COMO ALIVIAR OS TRANSTORNOS MENSTRUAIS
A informao menstrual reflexiva e intuitiva , ela transmitida por sonhos , pelas
emoes e pelos anseios internos . Quando bloqueamos continuamente esta informao
, esta converte se em TPM .
O fato de que 60% das mulheres sofrem de TPM uma conseqncia de no respeitar
o nosso corpo e sua necessidade de subir e descer como as mars .
A TPM o resultado de tentar domesticar e esconder as nossas necessidades e de ir
contra a nossa natureza .
A medicina atual oferece um arsenal de produtos para a TPM , hormnios, analgsicos ,
antidepressivos, etc,
Nenhum deles nos cura , s reprimem e retm os distrbios . Nenhum medicamento
mantm o nexo que une a mulher com o tero a travs do subconsciente , e todos estes
remedios , tratam a menstruao como uma doena do corpo separado da mente e do
sistema energtico emocional .
A dieta atual de alimentos refinados favorece o desequilbrio hormonal em todos os
nveis , e o caminho para muitos problemas femininos.

A Dra . Northrup recomenda eliminar laticnios, hidratos de carbono refinados, sal,


cafena, lcool , carne vermelha e alimentos com aditivos qumicos .
Caprichar nos cereais integrais , gros , verduras, frutas , germinados, cidos graxos
Omega 3.
Existe uma longa lista de tratamentos naturais para aliviar os distrbios menstruais , de
fato, cada tradio e disciplina tm os prprios. Alguns so:
Complementos alimentares (germe de trigo , levedo de cerveja, vitamina B6 , magnsio)
, fitoterapia ( infuses com diversas plantas, antiespasmdicas e analgsicas ) ,
hidroterapia ( banhos de assento quentes e frios no local ,banho quente geral com leos
essenciais de efeito calmante )
Cataplasmas com diversos ingredientes , calor local , massagem , osteopatia ,
reflexologia , shiatzu , acupuntura , remdios homeopticos , flores de Bach ou outros
elixires florais assim como diversas posturas de yoga que favorescem a elasticidade do
tero .
SE RECONCILIANDO COM A MENSTRUAO

A pesar dos tratamentos naturais nomeados , o mais eficiente a longo prazo voltar a
nos conectar com a menstruao , e respeitar as mensagens que ela nos traz . Para isto
podemos comear elaborando um diagrama lunar , que simplesmente um registro
dirio do nosso dia do ciclo , fase lunar , sonhos e estado de animo . Quando fizermos
isto por vrios meses (para poder comparar e observar coincidncias ) , devemos
refletir sobre a informao que aparece e o tipo de energia associada a cada momento do
ciclo , para depois, nos comprometer para respeitar e aplicar esta informao.
A maior parte de ns , devemos comear de zero com este tratado de paz menstrual .

As meninas e adolescentes atuais tero um melhor panorama se as mes e pais


conseguirmos transmitir para elas uma vivncia positiva da menstruao .
No passado longnquo , as tradies familiares , a explicao sobre as estruturas da
sociedade e o papel que deve se desempenhar nela , passava de me para filhos. A me
guiava a personalidade dos filhos para lhes ajudar a desenvolver os aspectos
intelectuais , emocionais , sexuais , criativos e espirituais a travs de estrias ,
arqutipos e rituais simblicos .
Desafortunadamente , e por diversas circunstncias , delegamos esta responsabilidade
escola e sociedade , que oferece informao anatmica e muitas vezes distorcida da
sexualidade humana e da menstruao carente de qualquer tipo de espiritualidade e
sacralidade.
Os altssimos ndices de gestaes no desejadas e abortos em adolescentes so uma
amostra evidente de que no existe conhecimento profundo sobre os nossos corpos ,
nem conceito de responsabilidade pessoal e transcendncia dos prprios atos .
Ainda possvel para mes e famlias introduzir as nossas filhas na sabedoria ancestral
assim como numa maior conscincia sobre os corpos e vidas delas , recuperando os
ritos de transio de uma etapa para outra . Especialmente importante o passo da
criana para a puberdade , pois as experincias da primeira menstruao ficam gravadas
para sempre na psique e influem em como as jovens vo experimentar os perodos no
futuro . Exemplos de ritos seriam: uma viajem ou excurso para um lugar que simbolize
o passo de um ponto de maturidade para outro , um presente especial de transito ,
algum objeto feito pela me , etc
As colonas e pioneiras norte americanas , por exemplo , teciam um cobertor patchwork
como um lbum para registrar os acontecimentos familiares.. nascimentos , puberdade ,
casamentos, menopausa este cobertor ia passando de gerao em gerao .
verdade que, mesmo as famlias pondo empenho em ressaltar os aspectos positivos da
menstruao, os referenciais femininos que a sociedade e os meios de comunicao
oferecem aos adolescentes costumam ser pssimos e refletem s as expectativas e
percepes de um tipo determinado de homens.
Uma das prximas revolues sociais ser difundir arqutipos que reconheam a
verdadeira natureza feminina , que nos guiem em direo a nossa espiritualidade inata e
no s at uma fachada oca de silicones , dieta, esttica artificial e consumo.
DESAFIANDO O STATUS QUO
O despertar da verdadeira energia da menstruao no afeta s a nossa intimidade
pessoal, tambm tm importantes implicaes sociais , inclusive econmicas .
compatvel a vivncia de uma menstruao positiva, til e sagrada com o uso massivo
da plula anticoncepcional ou outros preparados hormonais sintticos ? A resposta
no. Por que estes mtodos no respeitam a nossa natureza cclica e roubam-nos a
valiosa informao do nosso inconsciente .

A plula no imprescindvel, nem a panacia, nem inofensiva. Faz acreditar ao


nosso corpo que existe uma gravidez, alterando o nosso sensvel sistema endcrino,
tendo numerosos efeitos secundrios fsicos que afetam ao conjunto do organismo ,
alguns destes efeitos so graves (problemas cardiovasculares , hipertenso , fraqueza do
sistema imunolgico, depresso , cncer etc) claro que num nvel psquico , estes
medicamentos nos desvinculam com a sabedoria feminina ao impedir a comunicao
interna entre os nossos hormnios, tero e ovrios.
Milhes de mulheres esto conectadas com a industria farmacutica e no com o ciclo
lunar e elas mesmas. Pagando dinheiro e sade para isto .
isto liberao ou uma nova forma de escravido? Criticar a plula no quer dizer
antifeminismo , quer dizer no concordar com uma concepo incompleta e falsa das
mulheres .
Afortunadamente h mais alternativas alm da plula ou o DIU Mirena*
*Nota da tradutora : adicionei o Diu Mirena , que no estava no texto original pois
libera hormnio artificial como a plula e atualmente bastante utilizado . o mais
incrvel que este DIU como um dos tipos de plula que ela cita no comeo ( que
reduz as menstruaes a quatro por ano!) o DIU Mirena alm de reduzir
significativamente o fluxo , no 60% das mulheres que colocam ele , aps 6 meses de
uso , a menstruao eliminada
Existem outros mtodos anticoncepcionais respeitosos com o ciclo feminino e o prprio
corpo , eficientes e que aumentam o nvel de conhecimento para com o prprio corpo.
Alm disto, a tecnologia tambm chegou anticoncepo natural , so vendidos
dispositivos com microcomputadores que armazenam os dados e indicam claramente o
estado de fertilidade . Bioself (temperatura basal + mtodo Ogino) e Persona
(anlise dos hormnios na urina ) so dois exemplos .
*Nota da tradutora :
Neste link do Brasil
http://www.e-familynet.com/phpbb/viewtopic.php?p=4868232 Sai um artigo sobre
diversos mtodos naturais de planificao familiar e a combinao destes ,assim
como equipamentos de monitorizao da fertilidade como Bioself e Persona .
Com certeza no poderamos abordar o tema da menstruao sem falar dos absorventes
internos (OB, Tampax ) mais uma das coisas que a sociedade e a industria oferecem
como salvao para no ver nem estar em contato com o nosso sangue .
Da informao que tm circulado nos ltimos anos sobre os perigos dos absorventes
convencionais, varias informaes tm vindo tona , foi desmentido o contedo em
amianto mas no a presena de dioxinas e rayon . Existem numerosas evidncias de
que os problemas relacionados com estes absorventes no so anedticos nem de
pouca gravidade , assim como no inevitveis . Ambas substancias alm de ser muito
contaminantes para o planeta , esto relacionadas com doenas como por exemplo,
endometriose , esterilidade , deficincias no sistema imunolgico , diferentes tipos de
cncer , e o famoso sndrome do shock txico , que s em USA afetou nos anos 80 a
mais de 60.000 mulheres , das quais 38 morreram.

verdade que no existe consenso no nvel cientfico sobre as dioxinas pois o rastro
delas nos absorventes pouco significativo , diz que estas dioxinas no so ingeridas
pelo organismo . mas quem nos garante esta inocuidade , quando a vagina o local
mais poroso e absorvente do corpo , e uma mulher pode chegar a utilizar em torno de
10.000 absorventes internos em sua vida frtil ?
Ningum . No existem estudos sobre isto a longo prazo .
Assim como no caso da anticoncepo hormonal , tambm existem alternativas
ecolgicas para os absorventes femininos , mas so pouco difundidas sem ser de uso
massivo.
Existem absorventes internos ecolgicos (de algodo 100% e no branqueados
quimicamente ) *
* Nota da tradutora: acho que deste tipo no encontram -se no Brasil.. Estes
absorventes internos , mesmo sendo ecolgicos tm a desvantagem de que pelo fato de
ser absorvente intervm na mucosidade e umidade natural da vagina , secando esta
artificialmente , alm de deixar fibras na parede vaginal , isto tambm j estudado e
comprovado..
Existem tambm as esponjas marinas (Sea Pearls)
A alternativa mais pratica o coletor menstrual (Moon cup ou Diva cup ) que um
recipiente de silicona no alergenica que adapta se perfeitamente s paredes vaginais .
No contm substancias absorventes nem deixa fibras na parede vaginal . reutilizvel ,
dura anos , pelo qual representa a alternativa mais econmica e ecolgica do mercado
* alm disto nos coloca em contato com o brilho do nosso sangue menstrual ao
esvaziar e lavar a taa. . no esconde o nosso sangue .
* Nota da tradutora: no so nomeados no texto os clssicos bioabsorventes
(paninhos feitos a mo , que ao igual que as fraldas de pano , so ecologicamente
certos , nos pondo em contato com os nossos fluidos naturais trazendo consigo, pela
utilizao maior conscincia . ,tambm coisa importante que a fibra natural em
contato com a vulva no se compara ao plstico dos absorventes descartveis
(inclusive em termos higinicos) ,alm de nos por em contato com o nosso sangue
.Tambm a experincia do sangue fluir sem nada que se encontre no canal vaginal
bom no processo de conscientizao . Os bioav. devem ser lavados e so reutilizados,
foram a alternativa nas antigas e pelas mulheres nesta sintonia antes de aparecer o
coletor menstrual , Moon cup , Diva cup etc Eu utilizo o coletor mas mesmo assim
preciso do bioabsorvente para complementar nos dois dias de maior fluxo sempre
vasa um pouco antes de ter trs filhos consegua me organizar para ficar em geral
recolhida no perodo menstrual ,trocando os meus paninhos , lavando eles, diluindo o
sangue primeiro s em gua (sem sabo) e jogando para as plantas e horta ). depois
desse primeiro enxague podem ir para a maquina , asvezes lavar na mo pode ser uma
boa experincia . Atualmente pela praticidade utilizo em geral coletor menstrual e
poucos bioabsorventes , ofereo o sangue para a terra e plantas , pelo menos duas
vezes em cada ciclo ..
Aqui um vdeo entrevista no Brasil ao respeito dos bioabsorventes

http://www.youtube.com/watch?v=BIPjGAofmKk&feature=related
aqui artigo e venda de coletor menstrual e bioabsorventes no Brasil:
http://www.moradadafloresta.org.br/produtos-principal/bioabsorventes-ecologicos
aqui artigos bons ao respeito no Brasil
http://bioabsorventesecologicos.blogspot.com/
Aqu outros links no Brasil de venta de coletor menstrual , enquanto editava este texto
, sincronicamente rolou esta informao de coletores na lista parto em casa , grupo
virtual no qual participo . links colocados disposio por Tamara e Gabriela :
Meluna, http://melunabrazil.blogspot.com/
Green Donna, ( cpia do Lunette), http://loja.laloba.com.br/
Produzido no Brasil : http://www.misscup.com.br/

Concluindo, Para que qualquer revoluo triunfe , primeiro h de ser dentro


hora de continuar a liberao feminina, emendar o que corresponde e recuperar o
perdido . A reconciliao das mulheres com a nossa verdadeira natureza
imprescindvel nos atuais tempos de transformao . pois Gaia (Me Terra) e as
mulheres , estamos unidas .

O sangue menstrual o mensageiro dos grandes ciclos do universo e o portador de


informao emocional, intelectual e espiritual , vital para ns mulheres , assim como
para a nossa sociedade .
Autora : Maria del Mar Jimenez
Traduzido por Tai Nilo Carvallo .
A Deusa-Porca e os Rituais de Fertilidade>>

Durante o perodo arcaico da humanidade, a grande deusa era o princpio organizador


do universo, corporificando as foras da vida, da morte e do renascimento. Ela abarcava
no apenas o mundo humano, mas igualmente o reino animal, vegetal, mineral e astral.

Como a Deusa Trina, abarcando a jovem nubente, a me madura e a anci


transformadora, ela est na origem da primeira diviso do ano em trs perodos
distintos, perodos estes marcados pelo sangrar da mulher, pelas fases da lua e pelas
estaes. Todos estes eventos eram considerados expresses do mesmo fenmeno da
vida, as foras cclicas da criao, preservao e destruio, que mantm o universo em
movimento.
Baseado no exemplo da lua, a vida era experienciada como um ciclo de mudanas
contnuas. A crescente lua nova se manifesta no reino vegetal como o perodo
primaveril, quando a vida desabrocha em todo seu frescor, continuando sua gradual
transformao at atingir seu perodo de exuberncia na lua cheia, ocasio em que
tambm acontecia a maturao dos cereais cultivados. Completado seu perodo de
plenitude, continua sua trajetria, desta vez minguando em direo lua escura, quando
ento a vida na natureza descansa e se renova, para ressurgir como crescente lua nova,
dando incio a mais um ciclo.
No viver feminino, este ciclo se expressa no menstruar, definindo as trs fases da vida
de uma mulher: menarca, menstruao e menopausa. Mensalmente, a mulher percorre
as fases da lua, com nfase em seus dois picos: a lua cheia da ovulao, quando a
energia se dedica maturao geradora, e a lua nova da menstruao, perodo em que a
energia se recolhe para processar a renovao nas profundezas do ser.
Em Seu Sangue Ouro, Lara Owen escreve que "o ciclo menstrual em si um processo
alqumico, durante o qual toda mulher que sangra passa por uma transformao interna.
Menstruar significa viver atravs de uma transmutao cclica, em que o passado
derramado e o novo acolhido. A experimentao desta transformao atravs do ritual
consciente desperta-nos para a nossa ligao com os ciclos que ocorrem a nossa volta e
para o nosso relacionamento com toda a vida.
Desde o neoltico, os povos agrrios marcavam a passagem entre os perodos sazonais
com festivais de fertilidade, ocasio em que ofertavam porcos ou leites s foras
naturais, em troca pelas bnos de uma boa colheita. Convivendo com os grupos
humanos h mais de 7000 anos, os javalis ou porcos selvagens foram os primeiros
animais a serem domesticados. Devido sua grande capacidade procriadora, a javalina
ou porca se tornou um dos mais antigos smbolos de fertilidade. A palavra grega para
porco hys, da qual deriva hystera, tero. Seu correspondente latino sus, designativo
da espcie suna.
A deusa-porca na tradio grega

Os rituais de fertilidade que conhecemos em mais detalhes so aqueles que chegaram


at ns por intermdio da mitologia e da histria grega. Como a grande deusa dos
tempos arcaicos, era Demter quem presidia os rituais de fertilidade, que eram
celebrados ao longo do ano, em harmonia com os ciclos da terra. Como deusa-porca,
leites lhe eram oferecidos por ocasio dos rituais.

Na primavera eram realizadas as festas orgisticas, que celebravam a sexualidade como


a fonte da vida. Remetem aos primordiais ritos de fertilidade, em que casais copulavam
nos campos, para ativar a fecundidade da terra. Em Argos, homens e mulheres
participavam do festival conhecido como Hystria, dedicado a Afrodite como o aspecto
nubente da deusa trina.
No incio do perodo seco do vero e aps o encerramento da colheita, acontecia o
festival Skira, marcando o momento em que os leites sacrificiais iniciavam sua viagem
ao mundo profundo, para um perodo de inatividade e renovao. Em um ato ritual,
leites vivos eram jogados em uma fenda, em cujo fundo habitam as serpentes, escreve
Jutta Voss em Das Schwarzmond Tabu [O Tabu da Lua Negra]. L eles apodreciam
durante o perodo seco, seus restos sendo retirados durante as Tesmofrias.
Rituais menstruais de antiguidade imemorial, as Tesmofrias eram exclusivas das
mulheres. Devido ao carter conservador das mulheres e atitude supersticiosa dos
homens diante destes ritos, eles foram preservados em pureza prstina, at os dias mais
tardios, escreve Jane Harrison, em Prolegomena to the Study of Greek Religion
[Introduo ao Estudo da Religio Grega]. Pela mesma razo, apenas relatos
secundrios a respeito do que acontecia de fato chegaram a ns.
As Tesmofrias eram realizadas durante o outono, quando as mulheres se aventuravam
pelas fendas profundas em que habitavam as divindades ctnicas, as grandes serpentes,
levando leites como oferendas e trazendo consigo os restos apodrecidos dos porcos
oferecidos durante a Skira. Estes restos eram misturados com as sementes a serem
plantadas. Aps terem se purificado, as mulheres permaneciam em jejum, recolhidas
sobre um leito de plantas, ou sentadas na terra. Passados os trs dias do ritual, elas
levavam as sementes misturadas com a carne suna, e com sangue menstrual de acordo
com alguns, para serem plantadas nos campos especialmente preparados, na esperana
de uma boa colheita.
"Cada ano, no tempo do plantio, as mulheres se reuniam para relembrar o mistrio
sagrado da semente na terra e da semente em seus corpos. Ningum sabe dos comeos
do ritual. Restos de oferendas similares s usadas nas Tesmofrias foram encontrados
em todas as partes da Europa Antiga, datando de seis mil antes do tempo comum,
escreve Betty De Shong Meador, em Uncursing de Dark [Des-amaldioando o Escuro].
Diferentemente dos festivais mais tardios para a promoo da fertilidade, as
Tesmofrias no eram dedicadas a alguma divindade abstrata, mas terra em si, tendo
ficado isentas da contaminao pelos ritos olmpicos. Receberam, contudo, um novo
impulso religioso e geraram a cerimnia mais importante da Grcia Antiga: os extticos
Mistrios Eleusinos, durante os quais os participantes entravam em contato direto com
as deusas Demter e Persfone.
Assim como as Tesmofrias, tambm os Mistrios Eleusinos requeriam um
compromisso com o sigilo, de modo que tambm chegam at ns apenas os fragmentos

visveis do que realmente acontecia nesta cerimnia, cujo acontecimento central


permanece oculto. Certo que eles eram realizados em honra de me e filha, dois
aspectos inseparveis da grande deusa, que engloba no somente o aspecto feminino da
terra, mas tambm a mutabilidade da lua.
Em Eleusis, escreve Voss, enquanto Demter como a deusa do gro representa o lado
luminoso, Persfone a deusa-porca, o lado escuro, que desce s profundezas para
renovar a vida. Como deusa do mundo profundo, ela a terra escura que traz os frutos e
abriga os mortos. No ciclo menstrual, Demter representa a fase ovulatria, enquanto
Persfone representa a fase sangunea, explicitada nas sementes de rom, fruta smbolo
do sangrar mensal e do mundo profundo.
Ritos de fertilidade dos povos germnicos

Tambm entre as tribos germnicas, o ano era dividido em trs estaes distintas:
primavera, vero e inverno, cuja transio era marcada por rituais realizados
imediatamente antes do plantio no meio do inverno, ao surgir dos primeiros brotos no
incio da primavera e no final do vero, quando concluam o ano agrrio aps a colheita,
a debulha e o armazenamento dos gros.
Reunidas sob a designao de germnicos pelos romanos, eram tribos independentes,
unidas basicamente por uma lngua comum e uma religio com caractersticas
xamnicas, que cultuavam igualmente deusas e deuses.
As tribos que viviam a oeste do Rio Reno e em torno do Mar Bltico eram
essencialmente agrrias e viviam em aldeias auto-sustentveis. Eles veneravam um
pequeno grupo de divindades conhecidas como os Vanes (vanir), um estrato antigo de
pacficas divindades da natureza, responsveis pela fertilidade dos campos, protetoras
dos lavradores, marinheiros e pescadores. Eram descendentes da Deusa Nerthus, a
prpria terra. Alm dos frutos da terra e da prole animal e humana, os Vanes tambm
ofereciam conselho aos seres humanos, comunicando-se com seus devotos por meio da
habilidade mgica e visionria conhecida como Seidr.
Os rituais de fertilidade destas tribos tinham por objetivo promover vida nova e trazer
abundncia aos campos cultivados, aos animais e aos lares. Apesar das deusas dos
Vanes terem florescido sob diversos nomes, nas diversas partes da Escandinvia, por
trs de todas elas se encontra a terra-me, a grande deusa que ajuda as mulheres e as
meninas por ocasio do casamento e do parto, estabelecendo o destino das crianas.
Mulheres e homens participavam plenamente de seus ritos relacionados com a
fertilidade da terra, com o criar uma famlia e o casamento.
Na mitologia mais tardia, a grande deusa nrdica emerge na figura de Frei,
incorporando basicamente trs funes: a de grande feiticeira e sacerdotisa sacrificial, a
de grande Valquria que recolhe os mortos no campo de batalha e a de deusa do amor e
da fertilidade. Reunindo em si estas trs funes, escreve Britt-Mari Nsstrm em

Freyja - The Great Goddess of the North [Frei A Grande Deusa do Norte], ela atua
como a contraparte dos deuses masculinos, cada um dos quais apenas incorpora uma
nica funo. Frei significa simplesmente Senhora. Como deusa da fertilidade,
contudo, ela tambm chamada de Ss, a porca. Tem como montaria um javali
sagrado chamado de Hildisvini.
Para estes povos antigos, os mitos e ritos de fertilidade no se referiam apenas ao
processo agrrio da semente que renasce, escreve Hilda Ellis Davidson em Roles of the
Northern Goddess [Funes da Deusa Nrdica], mas incluem as esperanas e os medos
associados com os principais ritos de passagem - nascimento, casamento e morte - o
acasalamento de homens e mulheres, o parir e perder crianas, e a necessidade de
sacrifcio, a fim de que a vida da comunidade possa continuar.
A deusa-porca na tradio hindu

Na ndia, muito antes do predomnio da tradio vdica, vamos encontrar a deusa-porca


intimamente associada com a menstruao. Filha da Deusa Primal do Oceano de
Sangue, Vajravahari, a Porca Adamantina, rege as divindades femininas iradas, que
danam o campo energtico do ciclo menstrual. Como a danante dakini vermelha, sua
primeira representao data do primeiro milnio antes do tempo comum e a mostra com
cabea de porca, uma lngua pendendo de sua boca e trazendo no joelho uma criana.
Remete figura de Cali, com seus dentes sunos e sua lngua vermelha.
A origem dos rituais de fertilidade da tradio hindu retrocede ao perodo da civilizao
de Harapa e Mohenjo-Daro, que floresceu no Vale do Indo por volta do terceiro milnio
antes do tempo comum. Um sinete encontrado em Harapa mostra um devoto diante de
uma figura feminina e uma fila de acompanhantes com caudas de porco. Entre as
descobertas arqueolgicas esto inmeras estatuetas femininas, sempre acompanhadas
de pedras em forma de falos eretos (lingam) e pedras circulares com buracos no meio
(yoni) que, ainda hoje, so os objetos mais comuns de venerao. provvel que, na
origem, fossem apenas os instrumentos usados pelas mulheres para trabalhar a terra.
Na ndia pr-vdica, como em todas as culturas agrrias, a fertilidade dos campos estava
associada com o poder das mulheres parirem crianas, poder associado com o sangrar
mensal. Ainda hoje, nas cerimnias de casamento, a noiva designada como o campo a
ser semeado e o noivo instado a depositar sua semente no campo. E apesar do
advento da cultura vdica ter relegado a deusa-terra a um segundo plano, ela ainda
invocada nos hinos vdicos como Prthivi ou Me Terra: Seu vero, oh terra, sua
estao chuvosa, seu outono, inverno, tenra primavera e primavera; suas estaes anuais
decretadas, seus dias e noites nos forneam leite, canta um hino do Atharvaveda.
Na tradio vedo-bramnica posterior, to avessa ao sangrar feminino, Varahi, a deusaporca, foi includa entre um grupo de deusas conhecidas como Matrikas, as mes,
descritas como um grupo de deusas ferozes e terrveis, que anseiam por sangue,
principalmente de recm-nascidos. Tudo aponta para o fato destas deusas pertencerem

ao universo religioso dos povos pr-arianos, indgenas do territrio indiano. Sua fora
est relacionada com o poder arcaico do sangrar, associado com a fertilidade da terra e
das mulheres.
No sendo possvel eliminar sua simbologia, foi necessrio coloc-la sob o domnio de
uma divindade masculina. Assim, em uma de suas encarnaes, o deus Vishnu nasce
como javali para resgatar a me-terra que est sucumbindo ao peso do excesso
populacional. Como Varaha, o javali sagrado, ele arrebata a terra das profundezas do
mar csmico, para sustent-la na superfcie. As verses posteriores deste mito
desvirtuam a funo fertilizadora original do javali, enfatizando seu aspecto destrutivo.
Relata o Kalika Purana que, aps trazer a terra superfcie, Varaha copula com ela. Mas
pelo fato dela estar menstruada e, portanto, inadequada para o embrio com o qual foi
impregnada, este teria uma natureza demonaca, ou seja, seria um Asura.
O termo asura usado na linguagem vdica tanto para os deuses como para seus
inimigos, significando espiritual, incorpreo, divino. Provavelmente era a designao
dada aos povos nativos, por eles conquistados. Na literatura purnica posterior, usado
quase exclusivamente no sentido de um esprito mau, um oponente dos deuses vedobramnicos. Os demnios so, em quase todas as mitologias, filhos da me arcaica,
sobrepujada pelo poderio masculino.
E assim, com o passar do tempo e o avano do patriarcado, o poder do sangue
menstrual, que nos primrdios era sagrado e associado fertilidade da terra e ao poder
das mulheres, passa a ser considerado impuro. E tudo que se relaciona com a deusa
escura, representando o aspecto invernal da deusa trina, foi relegado s profundezas
inconscientes, onde nos aguarda e de onde nos chama, para resgatarmos nosso poder
inerente.
MISTRIOS
FEMININOS

"O Vaso da Transformao s pode ser efetuado pela mulher, porque ela prpria,
em seu corpo que corresponde ao da Grande Deusa, o caldeiro da encarnao,
nascimento e renascimento.
E por isso que o caldeiro mgico est sempre nas mos de uma figura humana
feminina, a sacerdotisa e a bruxa".
(Erich Neumann)

MISTRIOS FEMININOS - Enviado por Eliane


Stoducto
Raven Grimassi
A Wicca , entre outras coisas, essencialmente um culto
lunar no qual residem os Mistrios Femininos da Antiga
Europa. Os Mistrios Femininos podem ser divididos em
trs categorias principais: os Mistrios das Trades, os
Mistrios do Sangue e os Mistrios Obscuros. Cada um
deles contm em si outros aspectos relativos dos mitos
associados nos quais residem.
Os Mistrios das Trades Femininas so compostos dos
seguintes aspectos: Preservao, Formao e
Transformao. Estes se relacionam aos mistrios
mundanos, segundo os quais as mulheres tradicionalmente
exercem domnio sobre o lar, a mesa e a cama.
Em tempos longnquos, os smbolos do poder de uma
mulher estavam ligados a essas facetas da vida humana. A
vassoura, o caldeiro, a lareira e o travesseiro eram
smbolos de seu reinado domstico. Em tempos antigos, as
mulheres eram honradas por seu dom de alimentar a
famlia - o lar era um local de estabilidade e tranqilidade.
As mulheres controlavam, direta ou indiretamente, todas
as facetas da vida familiar e exerciam papel vital na
comunidade.
Os Mistrios do Sangue (Consagrao do Ventre)
associam-se aos ensinamentos e ritos ligados
menstruao, ao renascimento dentro do mesmo cl e
magia sexual. Todos so conceitos extremamente antigos,
que se originaram ao menos na Era Neoltica. Os Mistrios do Sangue so em sua maior parte exclusivos
s mulheres e serviam para elev-las na antiga estrutura dos cls. O poder inerente a esses mistrios
levava os homens a uma posio de anuncia dentro dos primitivos cultos matrifocais. Dessa Tradio
Misteriosa surgiu o clero matriarcal da Wicca.
Os Mistrios Obscuros envolvem elementos de natureza oculta. Sob essa categoria temos coisas como
magia lunar, culto de Diana, de Hcate e de Persfone, morte e renascimento, magia dos sonhos e,
geralmente, elementos do "Outro Mundo". Esse um dos mais perigosos, e talvez mais poderosos,
aspectos dos mistrios. Sem dvida, o poder pessoal resultante do domnio dessa tradio a base do
medo em relao s bruxas durante o perodo da Inquisio.
A Tradio dos Mistrios Femininos surgiu do fato de que as mulheres primitivas viam a si mesmas como
um mistrio. Havia uma necessidade de compreender coisas como o sangue menstrual, a gravidez e o
parto. Esses elementos separavam claramente as mulheres dos homens, cujos corpos no apresentavam
tais poderes. Para os humanos primitivos, certamente havia uma forma mgica em ao, e
aparentemente ela s atuava sobre as mulheres do cl. Tal mentalidade resultou na elevao do status
das mulheres e estabeleceu um sentimento de reverncia entre os homens.
Originalmente, o cl funcionava como um grupo de indivduos, uma conscincia coletiva. Durante esse
perodo, os Mistrios Femininos consistiam principalmente de ritos da fertilidade que envolviam o cl
como um todo. A alterao da conscincia pela qual o indivduo (bem como as relaes entre indivduos)
era importante, evoluiu gradualmente, dando origem a vrios cultos interiores. Esses cultos eram
extenses dos mistrios regidos pelas mulheres. Dessa nova estrutura, surgiram regras acerca das
relaes sexuais e da menstruao. As mulheres foram as primeiras a perceber a ligao entre o ato
sexual e a concepo. As iniciadas aprendiam como evitar a concepo juntamente com os segredos da
magia do amor.
Com o passar do tempo, os indivduos passaram a se destacar por suas habilidades especiais ou
qualidades exclusivas. A mudana fica bem evidente no culto do caador-guerreiro dos Mistrios
Masculinos, em que o mais valente e o mais forte possua papel especial. Entre as mulheres, isso se
desenvolveu mais na forma de prticas xamnicas. Certos indivduos apresentavam uma singular
afinidade com o mundo natural das plantas e dos animais, e possuam alto grau de habilidades mgicas
e psquicas. Esses indivduos, ento, se transformaram em facilitadores dos ritos tribais, alguns secretos,
outros pblicos.

OS MISTRIOS DAS TRADES


A transformao de tribos de coletores-caadores em comunidades agrcolas, foi um processo institudo
pelas mulheres. Elas cuidavam do fogo e preparavam as refeies; eram o centro da prpria vida. Eram,
tambm, fundamentais construo e manuteno de abrigos; eram tecels, atando e unindo, criando

tramas para os telhados e outras partes essenciais da casa. Tambm criavam vasos para armazenar
alimentos e transportar gua.
Durante perodos nos quais os alimentos eram menos abundantes, as mulheres controlavam a utilizao
das provises ao ocultar o alimento em silos de armazenamento subterrneo. Os homens, geralmente
envolvidos em caadas, defesa contra inimigos da tribo ou executando trabalhos braais, no tinham
cincia das atividades das mulheres. Foi dessa prtica de ocultar os alimentos que as mulheres
aprenderam sobre os ciclos da vida vegetal. Tubrculos e diversos gros enterrados no solo comearam
a brotar ou se enraizar, possibilitando s mulheres a primeira observao do cultivo. Habilidade em
transformar barro em cermica e sementes em plantas foi a base para os Mistrios da Transformao.
Deles evoluiu o conhecimento do preparo de poes herbais ou bebidas intoxicantes.
Tais descobertas e associaes estimularam a mente das mulheres e elas desenvolveram uma
conscincia diferente da dos homens. As mulheres passaram a pensar em nveis mais expansivos,
rompendo com as barreiras do pensamento primitivo. Os homens estavam mais concentrados nas
ligaes imediatas; o rastro recente de um animal significando que estava por perto, a distncia a que
uma lana podia ser atirada, e assim por diante. Isso estimulou diferentes modos de conscincia para os
homens, e eles evoluram por um caminho mental diferente do das mulheres. Cada uma dessas
mentalidades era necessria para o bem-estar do cl; sem esse equilbrio, muito provavelmente no
estaramos aqui hoje.
O fato de que as mulheres eram, geralmente, responsveis pelas crianas do cl, significava que elas
permaneciam prximas aldeia. A aldeia era relativamente mais segura do que a vastido onde o perigo
dos animais selvagens e dos intrusos nmades constitua uma ameaa real. Fora desse cenrio, as
mulheres naturalmente iniciaram a formao de sistemas sociais. Nos Mistrios da Formao, a
estrutura social era matrilinear. Somente aps o homem tomar cincia de seu papel na procriao, foi
que esse sistema comeou a se alterar. Entretanto, em algumas partes do mundo atual como na frica
e na Amrica do Sul, as sociedades matrilenares ainda existem.
As mulheres estabeleceram certos fatores sociais para controlar os naturalmente fortes desejos sexuais
dos homens. No livro Blood Relations Menstruation and the Origins of Culture (Yale Univ. Press, 1991),
de Chris Knight, encontramos muitos exemplos interessantes de tais estruturas sociais.
Knight teoriza que as mulheres entravam em greves sexuais para forar os homens a sair em caada.
Retornar com carne fresca, significava o fim da greve - uma troca de sexo por alimento. Para que os
homens no se preocupassem com a possibilidade de os jovens desfrutarem de privilgios sexuais
durante sua ausncia, as mulheres criaram tabus quanto ao coito entre irmos e irms, mes e filhos.
As mulheres tambm desenvolveram um relacionamento entre irmos e irms, para que os interesses
sexuais de outros machos que permanecessem na aldeia fosse inibido pelos irmos das mulheres. Do
mesmo modo como controlavam o fogo que cozinhava seus alimentos e transformava o barro, as
mulheres tambm controlavam o fogo da natureza sexual do homem.
Assim, encontramos no antigo papel das mulheres, os mistrios da preservao, formao e
transformao. Desse essencial papel, surgiram as tradies internas associadas a suas necessidades
privadas e pessoais. O sistema de tabu foi originalmente criado pelas mulheres para se abster das
exigncias/necessidades da comunidade e, ento, concentrar-se nos mistrios que as afligiam:
menstruao, gravidez e parto.

OS MISTRIOS DO SANGUE
No livro Sacre Pleasure Sex, Myth and Poltics of the Body (HarperCollins, 1995), Riane Eisler nos
relata que os pigmeus BaMbuti, da floresta do Congo, referem-se menstruao como "ser abenoada
pela Lua". No h, naquela cultura, nada de aparentemente negativo associado ao perodo da
menstruao.
O primeiro sangue menstrual comemorado com uma festa chamada "elima", que envolve toda a
aldeia. Aps sua primeira menstruao, ser novamente abenoada pela lua no futuro simplesmente
visto como parte natural da vida da mulher, e no h nenhuma celebrao posterior associada a isso.
No existem tabus ligados ao perodo menstrual e isso, talvez, represente bem a antiga mentalidade
no-judaico-crist.
O fluxo de sangue e seu cessar esto ambos intimamente ligados aos Mistrios Femininos. Menstruao,
gravidez, parto e menopausa so aspectos do ciclo vital de todas as mulheres. O sangue, ou sua
ausncia, assinala naturalmente os estgios de transformao de uma mulher, desde a ruptura do hmen
ao sangue do parto, ao fim dos sangramentos na menopausa. Em tempos remotos, o modo como uma
mulher usava sua guirlanda era um sinal externo de qual estgio de sua vida ela j havia alcanado.
Em Blood Relations Menstruation and the Origins of Culture, Knight nos conta que os primitivos
humanos que habitavam as florestas, dormiam na copa das rvores sob o cu noturno. Os ciclos de luz

da lua apropriadamente influenciavam os ciclos menstruais. A pesquisa de Knight indica que, na maioria
das mulheres, o ciclo menstrual comea durante a lua nova e ela ovula por volta da lua cheia. Luisa
Francia, em seu libro Dragon Time Magic and Mystery of Menstruation (Ash Tree, 1991), tambm
afirma que as mulheres que vivem e dormem ao ar livre (longe das luzes artificiais) esto sintonizadas a
esse ciclo.
Knight apresenta algumas interessantes descobertas da biologia feminina. Um estudo sobre a durao
de 270.000 ciclos de mulheres, representando todas as idades da vida reprodutiva, revelou o seguinte:
a mais alta percentagem simples das mulheres do estudo, menstruaram durante a lua nova. A segunda
percentagem mais alta, menstruou durante a lua crescente e apenas 11,5% menstruou durante a lua
cheia. Essa pesquisa tambm indica que a maioria das mulheres mostraram um ciclo menstrual de 29,5
dias. Esse ciclo apresentou-se tambm como o mais frtil. O estudo ainda trouxe descoberta de que
mulheres heterossexuais que praticavam sexo com regularidade semanal, possuam ciclo mais
intimamente ligado ao ciclo da lua do que mulheres cuja vida sexual era de natureza espordica ou
celibatria. O estudo tambm indicou que os feromnios masculinos podem estar envolvidos no
alinhamento do ciclo menstrual ao chamado ciclo "normal" que se inicia com a lua nova.
Nos Mistrios Femininos, vemos que o sangue menstrual era mais do que o indicador do ciclo de
fertilidade de uma mulher. A vagina era vista como um portal mgico atravs do qual a vida surgia de
uma misteriosa fonte interna. Na religio matrifocal, era um portal tanto para a regenerao fsica como
para a transformao espiritual. As mulheres esto mais sintonizadas sua natureza psquica durante a
menstruao. Uma vez que o fluxo de sangue menstrual tende a absorver energia, as mulheres esto
mais aptas a curar os outros durante esse perodo. Assim, mulheres em menstruao podem absorver a
energia dos outros e aterr-la atravs de seu prprio sangramnto fsico. Uma vez que o sangue
lanado terra, a energia neutralizada e a cura pode ter incio na pessoa adoentada.
O sangue menstrual era, tambm, utilizado para fertilizar as sementes para o plantio, passando a
essncia da vida a elas. Campos eram, por vezes, borrifados com uma mistura de gua e sangue
menstrual para estimular o crescimento. As sementes e plantas absorviam um pouco da energia antes
que o solo neutralizasse a carga. Xams femininos tambm transferiam cargas mgicas aos campos
cultivados atravs do sangue menstrual, criados para influenciar a mente grupal da comunidade que se
alimentaria da colheita. Durante a Idade Mdia, as bruxas eram constantemente acusadas de enfeitiar
as plantaes...
Outra funo do sangue menstrual, era a de ungir os mortos. Acreditava-se que isso asseguraria seu
renascimento, graas s propriedades vitalizantes do sangue que jorrava do prprio portal da vida.
Durante o Neoltico e o incio da Idade do Bronze, na Antiga Europa, a regio do Egeu testemunhou a
criao de tumbas redondas com pequenas aberturas voltadas para o leste, na direo do sol nascente.
Essas tumbas representavam o ventre da Deusa, e a abertura era a sua vagina. Vasos sagrados eram
utilizados para coletar o sangue menstrual para ungir os mortos. Eram vasos da fertilidade, luz e
transformao. Os mortos eram ungidos com sangue menstrual e posicionados no interior das tumbas. A
luz do sol nascente simbolizava a renovao e a regenerao, enquanto penetrava na abertura da tumba
(o falo solar penetrando a vagina telrica). Posteriormente, essas tumbas terrenas evoluram na forma
de montes, remanescentes do Culto ao Mortos.
Em Sacred Pleasure, Riane Eisler relata como os ritos e cerimnias funerrios pr-histricos incluam
atos sexuais. Tais atos visavam conectar a tumba energia da procriao. Smbolos espirais eram
constantemente gravados em tumbas neolticas como sinais da regenerao. Tambm simbolizavam a
transformao xamnica da conscincia que empregava cogumelos alucingenos. Os cogumelos tm
fama de afrodisacos e sua semelhana com a genitlia masculina ficava certamente evidente aos
primitivos europeus. A rapidez com que os cogumelos crescem e desaparecem tambm contribuiu para
sua associao com o falo. Assim, podemos facilmente associar as danas extticas com os ritos
funerrios da magia do sangue.
Nos Ensinamentos Misteriosos, a magia do sangue est ligada s fases da lua. A lua cheia inicia a
ovulao e simboliza os poderes de transformao da energia lunar (e, por conseqncia, da energia
feminina). Por seu aspecto frtil no ciclo de uma mulher, a lua cheia o perodo da me. Durante essa
fase, melhor formular e visualizar o que quer que seja desejvel na vida de um indivduo. As imagens
mgicas lanam razes durante essa fase, e o sangue carregado com quaisquer formas de
pensamentos que direcionamos a ele. A lua minguante pe em movimento o que foi concebido durante a
lua cheia, para que se manifeste. um perodo para estabelecer as conexes com o mundo fsico, que
iro auxiliar o fluxo de energia relacionada rumo aos desejos do indivduo. A lua nova libera o sangue
carregado do caldeiro mgico do ventre. A energia mgica , ento, usada e tempo para reflexo e
introspeco. A lua crescente um perodo de potencializao, de leitura e estudos, preparando o solo
frtil do ventre para a semente mgica que ser plantada na lua cheia.

OS MISTRIOS OBSCUROS
Os Mistrios Obscuros tratam da natureza oculta das coisas e da essncia secreta, tanto das coisa fsicas
como das espirituais. O mito dos Mistrios Obscuros se reflete em mitos como os de Demter e
Persfone.

Nesse antigo mito, encontramos o tema da Deusa que se encontra com o Senhor do Submundo, a
princpio resistindo e, em seguida, submetendo-se a seu amor. Nele, Persfone representa a semente
que desce s trevas subterrneas onde sua energia frtil despertada. O Submundo representa a
misteriosa fora que impele o broto para cima, rumo renovao. Demter representa a energia que
alimenta o crescimento da nova planta. Esse mito greco-romano, tpico dos mitos de descidas surgidos
pela primeira vez na Mesopotmia, e que migraram atravs do Egeu/Mediterrneo, sendo, por fim,
abraados pelos celtas.
Os Mistrios Obscuros esto relacionados a diversas criaturas comumente associadas s bruxas e magia
de modo geral. O corvo era associado morte e ao submundo por sua ligao com o Culto dos Mortos.
Acreditava-se que a alma das bruxas escocesas partiam na forma de um corvo durante o transe.
O porco era um animal sacrificado a Demter e, tambm, surge em mitos ligados bruxa grega Circe.
Em tempos remotos, acreditava-se que o sangue de porco era o mais puro entre todos os animais e
tinha o poder de purificar a alma, eliminando o dio e o mal. Era associado ao Culto aos Mortos e muitos
locais de sepultamento incluam porcos ofertados s deidades do submundo.
Outra criatura associada aos Mistrios Obscuros a r. As secrees de certas rs contm bufotenima,
poderoso psicotrpico alucingeno. Suas secrees eram utilizadas no preparo de certas poes
empregadas na induo a estados de transe. Certos cogumelos, como claviceps purprea e amanita
muscaria, tambm eram empregados com as secrees da r. interessante notar que o claviceps
purprea se forma nos gros de centeio e sobrevive na farinha, onde chamado de cravagem. Aqui
encontramos um elo com a utilizao de po e vinho no Sabba.
Por mais desagradvel que possa parecer s sensibilidades modernas, os antigos descobriram que as
propriedades alucingenas dos cogumelos ficavam altamente concentradas na urina de quem quer que
os consumisse. Por estranho que parea, esse foi o incio dos Ensinamentos Misteriosos de destilao e
da fermentao. Atravs da experimentao xamnica, outros fludos corporais foram explorados na
busca de propriedades ocultas, incluindo o smen, as secrees vaginais e o sangue menstrual. O
emprego de fluidos corporais com finalidades mgicas um dos aspectos da Bruxaria que forma
distorcidos pelos princpios judaico-cristos, transformando em obscenidades pervertidas.
A ligao dos fluidos a propriedades mgicas tambm se estendeu ao sumo de plantas, frutas e
legumes. Acreditava-se que a Lua exercia influncia sobre o crescimento das plantas e, tambm, sobre
sua natureza espiritual ou mgica. Os efeitos de venenos, remdios e intoxicantes eram, a princpio,
atribudos aos poderes mgicos do esprito que habitava o interior da planta. O processo de
transformao de fruta em suco, pela fermentao, foi praticado por xams femininas sob os auspcios
da Lua. Disso surgiram as imagens de bruxas mexendo poes mgicas sem seus caldeires.
Nos Mistrios Obscuros, a Deusa pode surgir como Aquela que Traz a Vida e a Morte, a Criadora e a
Destruidora. Ela cria tempestades, chuva e orvalho, os quais podem ser tanto benficos quanto
destrutivos, especialmente para comunidades agrcolas. Do mesmo modo que a Deusa envia a gua, ela
tambm envia o fluxo do sangue menstrual.
A Lua rege as mars da Terra, bem como a das mulheres. Lquidos sempre foram smbolo da presena
mstica da Deusa. Seus santurios eram geralmente estabelecidos em grutas onde a gua jorrava dentre
as pedras. Cerimnias envolvendo a coleta e o derramamento de gua so comuns em seus ritos, onde
jarros com bicos flicos eram utilizados em seu servio.
Esther Harding (em The Womens Mysteries, Harper Colophon Books, 1976) relata as antigas cerimnias
de chamar chuva dos cultos matrifocais (que os homens eram proibidos de observar). As mulheres se
reuniam nuas num curso de gua e derramavam gua nos corpos umas das outras. Geralmente isso
envolvia a concentrao numa sacerdotisa que representava a Deusa da Lua.
A ligao essencial dos Mistrios da Deusa com as mulheres, ocorre sempre atravs dos fludos, seja
simblica ou fisicamente. A mente subconsciente est associada ao elemento gua, assim como as
emoes em geral, e estas, por sua vez, esto associadas natureza feminina.
Onde os Mistrios Femininos no refletem a psique de algum modo, eles podem ser encontrados em
associaes com os fludos corporais das mulheres. Um dos aspectos da Antiga Religio era o de objetos
serem abenoados atravs do contato ou da insero na vagina de uma mulher nua deitada sobre o
altar.

LILITH
A Donzela Negra

"Ningum te conhece. Ningum. Mas eu te canto no seu perfume e na sua graa


para a posteridade. E me encanto com a forma como persegues a morte e sua

coragem jubilosa..." (Garcia Lorca)

"No alto do ramo mais alto, uma to rosa ma. Mulher. Esqueceram-na os
apanhadores de frutas? No. Mos no tiveram para a colher..." (Safo)

No preciso consenso, nem arte, nem beleza ou idade: a vida sempre dentro e
agora. (Lya Luft)

LILITH
A Donzela Negra
Por Priscila Manhes
Lilith, uma variao hebraica (e no judaica) da deusa
sumeriana Lil - que significa "tempestade" -, muitas vezes
reconhecida como a outra face de Inanna. Seu nome tambm
parece estar relacionado "coruja", provavelmente pelos seus
hbitos: uma sinistra ave de rapina que se precipita, silenciosa, na
escurido, e que, no obstante, tambm simboliza a sabedoria.
Por outro lado, o mito hebreu fala de como Lilith foi moldada de
terra e esterco, provavelmente querendo refletir o potencial da
terra adubada - o que a relaciona, tambm, com a SEXUALIDADE
e FERTILIDADE.
A histria que podemos lembrar de Lilith comea com Innana, a
neta da deusa Ninlil, conhecida como "Rainha dos Cus". A histria
de Innana e Enki nos fala dos costumes sexuais sagrados, que so
a ddiva de Innana para a humanidade.
Em seus templos se praticava a prostituio sagrada e suas
sacerdotisas eram conhecidas como Nu-gig. Os homens da
comunidade buscavam a Deusa nessas sacerdotisas e o ato sexual
era sagrado, proporcionando a CURA FSICA E ESPIRITUAL. Nessa
poca,o nome de Lilith era o da Donzela, "mo de Innana", que
pegava os homens nas ruas e os trazia ao templo de Erech para os
ritos sagrados.
Entre 3000 e 2500 a.c., os sumerianos passaram a ter contatos com culturas patriarcais. Estas, para
poderem dominar aquele povo, sabiam que deveriam atacar seu maior centro de poder: o templo do
sexo sagrado. Para que a conquista dos sumrios pudesse ter lugar, as culturas patriarcais interessadas
comearam a disseminar as idias de represso sexual, combatendo como malignas as prticas sexuais
milenares dedicadas Deusa. As prticas sexuais se tornaram ento parte da sombra, o poder da
mulher foi identificado com o mal e o demonaco...
Da, atravs dos sculos, a Donzela Lilith, que buscava os homens para o Templo de Innana, se tornou
no patriarcado o smbolo do mal supremo. Ela encarna de todas as formas e por milnios o medo atvico
do homem do poder sexual da mulher.
Mais ou menos em 2400 a.c. Lilith, o Esprito do Ar, foi distorcida como a primeira mulher de Ado, como
encontramos em muitos mitos, como um demnio, que foi expulsa do Jardim do den. Lillith no ,
originalmente, da mitologia crist ou judaica (e muito menos bblica - e por isso nem mencionada
nela).
Os hebreus no eram monotestas como os judeus. At pelo contrrio: eram politestas. E pautavam sua
vida pessoal e comunitria pelos ciclos sazonais - o que os torna tambm pagos. S aps a invaso e
destruio de Israel pelas foras babilnicas, no sculo VI a.C., que comea a surgir o Judasmo, mais
ou menos como hoje o conhecemos - monotestas e patriarcais.

Os primeiros captulos da Bblia (Gnesis 1 a 3) no so os escritos mais antigos desse livro. Sua
articulao final data mais ou menos do fim do Exlio na Babilnia e, portanto, traz uma profunda
rejeio a tudo que fosse ligado ao "inimigo". A rvore da Vida, a Serpente e at a prpria figura da
Mulher so tratadas com menosprezo exatamente para estabelecer uma distino.
No entanto, interessante lembrar que o significado do nome "Eva" "ME DE TODOS", e Ado significa
"FILHO DA TERRA" - e isso j suficiente para estabelecer sua antigidade em relao prpria Bblia.
Certamente trata-se de um mito passado de gerao em gerao, via oral (como de hbito naqueles
povos), que falava de uma GRANDE ME e de seu Filho.
Os autores bblicos inverteram a situao, transformando Ado praticamente num "Grande Pai" e Eva em
sua "filha", posto que ela surge a partir dele - evidentemente, para tornar legtima a postura patriarcal
que estavam adotando. Da mesma forma, a rvore e a Serpente - que sempre foram smbolos da
Grande Deusa no Oriente - torna-se, na Bblia, representaes do Mal - e ai que o mito de Lilith pode
ser melhor compreendido.
Obviamente, uma transio desse porte no aconteceu sem brigas, discusses e resistncia por parte
das mulheres. Submet-las ao patriarcado deve ter sido um trabalho difcil e que demorou vrias
geraes. As mais resistentes muito provavelmente viram no mito de Lilith toda a sua fora ideolgica o que tambm deve ter causado a reao contrria de transform-la em um Demnio e me de todos os
demnios.
Lilith transparece, no mito hebreu, como a mulher livre, sensual, sexual e at certo ponto selvagem.
Aquela que no se submete a nenhum homem, mas SEGUE SEUS INSTINTOS E DESEJOS. Por isso ela
representada sobre lees - smbolo da fora masculina. No fundo, a mulher que todo homem deseja
mas que tambm teme, e por isso mesmo, parece um "demnio tentador".
Lilith, na tradio matriarcal, uma imagem de TUDO O QUE H DE MELHOR NA SEXUALIDADE
FEMININA - A NATUREZA DA MULHER, O PODER DO SANGUE MENSTRUAL, que o poder da Lua Escura.
O perodo normalmente dedicado a Lilith, naquela poca, era exatamente o perodo menstrual. O
momento em que as mulheres poderiam ter relaes sexuais livres da possibilidade de gravidez e, por
isso, tais relaes estariam exclusivamente ligadas ao prazer (e no procriao, como era a
perspectiva patriarcal). Assim, muitas vezes, se referiu a essa Deusa como o "Esprito Menstrual".
A reao judaica foi muito rpida e fulminante: transformou em pecado e tabu o sexo no perodo
menstrual - uma artimanha para solapar o culto a Lilith. A segunda foi criar "regras" para a relao
sexual - particularmente, regras que garantiam o prazer masculino, mas negava e proibia o prazer
feminino. Nesse quadro, Lilith figurava para as mulheres como a experincia sexual capaz de integrar
mente e corpo (pois estava livre da gravidez), abrindo um caminho para os tesouros misteriosos do
submundo feminino. encarada como a mulher positiva e rebelde, a que no aceita os padres
patriarcais que marcam a menstruao com dores e vergonha.
Conhecer a figura de Lilith lembrar de um tempo no passado antigo da humanidade em que as
mulheres eram honradas pela INICIAO SEXUAL, onde expressavam sua LIBERDADE E PAIXO
NATURAL.
Hoje, depois desses sculos todos de um patriarcalismo opressor, Lilith volta como uma DEUSA NEGRA,
ou seja, a energia feminina trancafiada nos calabouos da psiqu de toda a humanidade: para os
homens, ela um desafio; para as mulheres, um arqutipo.
O que significa reivindicar os poderes de Lilith para a mulher de hoje? Na literatura mtica antiga havia 3
Liliths - que refletiam as fases de lua crescente, cheia e escura:

A Lilith crescente era Naamah, a Donzela Sedutora


Donzela a mulher indmita, selvagem, livre, vibrante de energia, imprevisvel como o
vento. Sua resposta vida espontnea, vvida. Totalmente objetiva. Por mais bela que
possa ser, no anseia por estabelecer relacionamento, mas para avaliar, experimentar e
descobrir suas prprias formas de ordem.
A mulher mais velha pode ter sido limitada ou reprimida na juventude, e pode reivindicar
a Donzela, conscientemente, para libertar seu esprito e encontrar a sua direo. Muitas
crises de meia-idade so forjadas por uma Donzela enclausurada e confinada, precipitada
muito cedo num casamento convencional, sem oportunidade de explorar alternativas na
sexualidade ou na carreira.

Mulheres em motocicletas, em laboratrios, estudando as florestas e matas, danando


num palco, discursando na plataforma poltica - elas so a Donzela.

A Lilith Me era Nutridora


Na primavera ela abre seu corpo-terra para gerar crescimento novo e brilhante. No vero,
ela envolve com braos protetores a terra ardente. Na poca da colheita ela espalha
amplamente sua generosidade, e, medida que o frio aumenta, ela aconchega os animais
em suas tocas no inverno, puxando as sementes para o profundo interior do seu tero at
que volte a poca do reverdecimento.
A Donzela pode inspirar nossos atos criativos, mas a Me est presente quando os
produzimos.

E havia a Lilith Anci, a Destruidora


Embora a Donzela seja procurada e a Me respeitada, a Anci recebe pouca ateno. Mas na Anci que
o poder feminino realmente se torna COMPLETO.
A Anci SBIA, observadora, tecel, conselheira. Conhece os caminhos entre os mundos. Isso pode
fazer dela uma personagem desconfortvel, mas um repositrio de sabedoria feminina, do
conhecimento acumulado da mulher que no menstrua mais, porm MANTM DENTRO DE SI O
DEPSITO DO SEU PODER.
Na primeira, devemos confrontar as maneiras pelas quais ns somos reprimidos, buscando recuperar
nossa dignidade. Na segunda, devemos integrar o desespero que vem de nossa rejeio, angstia,
medo, desolao; e na terceira descobrimos o poder da transmutao e da cura dela decorrente, uma
vez que ela corta nossas falsas retenes, desiluses e nos ajuda a encontrar nossa essncia livre e
selvagem.

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