Historiadocafnob 1939 Vol 5
Historiadocafnob 1939 Vol 5
Historiadocafnob 1939 Vol 5
AFFONS DE E.TAUNAY
DA ACADEMIA BRASILEIRA
DE LETRAS
HISTORIA
DO
C A F
N BRASIL
VOLUME QUINTO
NO BRASIL IMPERIAL
1
22 872
(TOMO III)
1
Edio do
Historia
do Caf no Brasil
I.
AFFONSO DE
TAUNAY
E.
Historia do Caf
NO Brasil
VOLUME QUINTO
NO BRASIL IMPERIAL
1822 872
1
(TOMO
III)
DEPARTAMENTO
NWL DO CAFEi
SECO DE ESTATSTICA
OUT 20
1939
BIBLIOTECA
Edio
dc
'^b
I.
^
s. c,
BIBLIOTECA
n.^lZjt
RIO DE JAN1;<0
QUINTA PARTE
(Continuao)
CAPITULO LXXIX
Memoria
caf
na Tijuca em 1820
Entre os
francezes
atirados ao
Brasil
pela
grande Revo-
de 1837.
Sahira de Frana na primeira infncia levado por uma sua
tambm emigrada, para fugir guilhotina Condessa de
tia,
Roquefeuil.
Joo
VI
os acolheu
Conde de Gestas
fazendeiros de caf na Tijuca e
at a morte.
vouras
e sua tia
alli
Dom
e ficaram no Brasil
foram dos primeiros
la-
Apaixonado da agricultura e da industria introduziu no Brasil varias plantas novas que cultivava, na Tijuca, e na ilha do
Vianna que era toda sua. Foi dos fundadores da Sociedade
Auxiliadora da Industria Nacional e enthusiasta dos progressos
desta aggremiao a cujas sesses concorria sempre afrontando
embora, s vezes, o mar encapellado como succedeu no dia em
que encontrou a morte.
Foi o seu passamento summamente sentido no Rio de Janeiro, havendo o cnego Janurio Barbosa pronunciado o seu
elogio fnebre e o Dr. Joo Baptista de Simoni, em seus carmes
sobre os claustros sepulchraes do Rio de Janeiro, descreveu o trgico fim do prestante amigo do Brasil "humano, sbrio, frugal
e castssimo, de bellas maneiras e costumes anglicos, instrudo
perito e habil na musica e nas artes mecnicas, de um gnio
activo e trabalhador, muito apaixonado pela agricultura e pela
industria"
A FF O NSO
"O
DE
E.
T A U
NA Y
illustre
porciona,
um
"Pelo frescor provocado pela abundncia da agua e a altitude o ar era mais conforme ao dos paizes temperados do que o
das baixadas vizinhas de modo que alli se tomava possvel acclimar as produes das terras europeas meridionaes"
Afanosamente procuravam conseguir tal desideratum, com
muita constncia e xito, o Conde de Gestas e a Condessa de
Roquefeuil, que assim procedendo faziam js aos direitos eternos e muito merecidos da gratido dos brasileiros. Observa de
Freycinet que os cafeeiros vicejavam muito nos terrenos montanhosos dos arredores do Rio de Janeiro, produzindo fructos de
boa qualidade, pouco apreciados na Europa, comtudo, devido aos
vcios de seu beneficiamento.
Perdia o caf do Brasil a cr natural por falta de cuidados; apparecam quebrados muitos gros porque no paiz ainda
era por assim dizer desconhecido o emprego de boas machinas.
Por meio do pilo se fazia o descascamento e tal operao se
realizava
com tamanha
inintelligencia
re-
duzidos a pasta.
a sa campagne dc Tifouke
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
"Com
mim
Uma
lavras
A F F o
10
S o
DE
E.
TA
U N A Y
publica,
como
particular".
o caf
nelles se notava consideaugmento, principalmente quanto ao caf, mas seria porque a sua cultura se multiplicara ou porque se tirava melhor partido da que j existia? Era o que convinha examinar. Luctava
o diplomata com extraordinria falta de dados estatsticos, que
pudessem servir de base para recensear o numero de fazendas de
assucar e caf existentes na Provncia fluminense.
Assim renunciara a apresentar algarismos que permittissem o estudo comparativo do seu augmento em diversas pocas. Era alis mais
das attribuies da Sociedade levar em linha de conta somente
os progressos nascidos de melhoramentos das condies.
rvel
Penoso era confessar-se que o fabrico do assucar no apresentava, em seus productos, os resultados que se podia esperar
da applicao das luzes e conhecimentos introduzidos na capital
brasileira, de alguns annos a esta parte, parecendo dever militar
conjunctamente com o interesse dos fazendeiros para aperfeioarem o assucar. Achavam-se frente dos cultivadores da
canna pessoas distinctas, a quem no faltavam luzes, conhecimentos, patriotismo, disposio a sacrifcios pecunirios para obterem os melhoramentos, de que necessitavam os seus productos
para alcanar a preferencia nos mercados da Europa.
compensao notavam-se, por outro lado, obstculos taes a vencer,
quanto aos operrios empregados nesta industria, que no era
para admirar-se o pouco adiantamento observado. Pessoal ignarssimo o dos Engenhos! O que muito atrazava o Brasil era
sem duvida a falta de directores dos trabalhos ruraes e mec-
Em
alis
cional
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
tempo.
estivesse
mas
os seus processos,
estes
servios.
moagem melhorara muito com os
motores a vapor, e as moendas de ferro deixava ainda bastante
'a desejar, como tambm a secca das formas do assucar, por
serem muito mal construdas as estufas.
tavam grandes
Emquanto se no melhorassem estas ultimas operaes, talvez fosse conveniente o uso de vasillias de menores dimenses
para guardar e transportar o assucar. Uma das causas principaes da prompta deteriorao do gnero era a sua conglomerao em caixas de enorme dimenso que at augmentavam as
despesas do encaixe e transporte, systema obsoleto e absurdo,
vindo de longa data.
Presumia o conde no estar longe o momento era que os
cultivadores seriam obrigados a fazer grandes alteraes era suas
fabricas, tanto pela extenso
refino
do producto alcanado
em to importante matria, fazendo sapecunirio para pagarem a jovens intelligentes, que visiem estudos, os paizes em que a cultura da canna era
sociar-se os interessados
crifcio
tassem,
mais florescente, para depois transportarem ao Brasil os conhecimentos adquiridos, e applicveis s varias Provindas do Imprio
AFFONSODEE.
12
T A
U N A Y
primeiro j o empregara o autor em sua fazenda da Tique a estufa utilisada fosse bastante imperfeita e
pequena, havia comtudo mais de dez annos que prestava servio
juca, e ainda
ou melhores.
Os
taboleiros cobertos
podiam
ser
camadas de caf suppriam a ausncia do sol, activando a evaO terceiro methodo que ao nosso autor no constava
em pratica at ento, ao menos para o caf, consistia em produzir, por meio de mecanismo apropriado, a correnteza de ar, cujo contacto de continuo renovado sobre o caf,
operaria rpido deseccamento do gro.
Sem entrar no exame
do como se verificara este phenomeno bastava dizer, que em
muitas occasies se obtinha melhor proveito do ar renovado que
do prprio calrico para produzir a evaporao. Frequentemente se comprovava tal verdade, quando, por exemplo, depois
de copiosa chuva as estradas se enxugavam ao nascer de certos
ventos frios, que nellas causavam mais prompto effeito do que
as
porao.
haver-se posto
um
sol
ardente.
CAPITULO LXXX
cafeeira fluminense
em
1836
Em
reira de
Aguiar.
agrnomo Sociedade Promotora de CiviHzao e Industria da Villa de Vassouras, de que era scio conselheiro e secretario, desvanecendo-se ainda de pertencer s Sociedades Auxiliadora da Industria Nacional, de Instruco Elementar e Amante da Instruco, todas do Rio de Janeiro, assim
como de ser scio honorrio da Sociedade Polytechnica Pratica
de Paris e da Sociedade de Agricultura, Commercio e Industria.
Marchava Vassouras para o seu apogeu cafeeiro, naquelle
anno de 1836, assignalador do progresso crescente e espantoso de
seu municpio, invadido pelos cafezaes. Delle resultara essa Sociedade Promotora de Civilizao e industria aijo titulo realizava ingnua e pittoresca associao, pleonastica, por assim
Oferecia-a este
dizer.
Um
A F F O N S O
14
DE
E.
T A U
NA Y
Antonio Jos de Oliveira Araujo, comprometteu-se a im sua custa, tendo recebido, por este motivo, encoSargento Mr Commistico officio da directoria, assignado pelo
mendador de Christo, Francisco das Chagas Werneck, presidente
scios,
primi-a
i.
2." secretario, e
o prprio
secretario.
amor ao bem
geral".
J a 30 de Novembro de 1839 era eleito scio correspondente d Instituto Brasileiro. Por diversas vezes a este mandou
communicaes como, por exemplo, uma serie de copias de documentos relativos ao processo dos Inconfidentes de 1789.
Como nos primeiros annos de existncia do Instituto no
houvesse ainda a pra^^e, mais tarde sempre adoptada, de se fazer
o elogio fnebre annual dos scios desapparecidos, entre um 21
de outubro e o immediato nada encontramos nas paginas da Revista que nos proporcione apontamentos biographicos mais alentados sobre o prestante civilizador Joo Joaquim Ferreira de
Aguiar.
Com
No
Feliz.
menciona o nome do proprietrio, mas como tal fazenda era notvel e no municpio de Valena deve ter sido a que
depois pertenceu a Manoel Jacintho Carneiro Nogueira da Gama,
Baro de Juparanii (1830-1876) e nesta poca devia ser de
seu Pae, o Marquez de Baependy. Vivendo do modo mais filhe
HISTORIA
dalgo, o
Marquez
DO CAF NO BRASIL
e depois a
15
"He certo que o Auxiliadoy da Industria, peridico publicado no Rio de Janeiro, pela illustre Sociedade Auxiliadora, a
que tambm tenho a honra de pertencer, tem a este respeito
disseminado mui luminosos princpios, mas he fora confessar
que ainda se no occupou com a descripo talvez para alguns
minuciosa mas necessria para muitos, da pratica seguida pelos
nossos Fazendeiros bellas theorias e mesmo a pratica dos extranhos tem sido publicadas; nada porm se ha dito da theoria
e pratica domestica: eu encherei este vcuo, e oxal que desta
minha tarefa se colham os melhores e os mais vantajosos re:
sultados I".
Em
Os
cafeeiros
dava com
se
mados de noruega.
cerem muito.
Os
cafezaes plantados
junctamente
com
em
o milho, feijo
vazes.
A F F O N S O
16
Os
DE
mostravam-se
viveiros
E.
teis,
A U N A Y
mas
me-
fazendas de
do grande
alar-
No
existiam
mudas em
"Muitas
delias
se
tiveram de vir de
necessria
foi
montes"
alli
no
se
"De
empoassem.
ordinrio
plantas a prumo,
sentido
um
plantas ficam
alm de tudo.
fei-
muitos aos
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
em
17
ganhavam
muito
ser
(ini,98 a 2m,2o)
Sr.
?)
e fazendeiro de caf
tude
Esgalhados, produzindo pouco fructo, com os troncos esbranquiados e cobertos de musgo e a folhagem amarellecida _e
Convinha ento pratiescassa demonstravam franca cachexia.
A F F O NS O
18
DE
E.
T A
U N A
Y-
car-se a
teloso".
p por p, fazendo
em
torno de cada arvore pequeno montculo com cratera para impedir a corrida dos gros; isto era dispensvel, j se v, em ter-
reno plano.
se no apanharem os fructos verdes
apparelhamento levassem os escravos um jac de alqueire
aventamento
das cerejas colhidas no cho,
peneira para o
derrubadas pelo vento, a chuva e os pssaros. O chamado caf
casquinha era na opinio de muitos, o melhor de todos.
O facto de se collocar um escravo sempre no mesmo intervallo de dois renques tinha outra vantagem: permittia melhor
fiscalizao de seu trabalho pelos feitores, que deviam, em continuo movimento, verificar se no se quebravam os galhos e se
no vinham misturados os cafs verdes e os maduros.
A mdia admittida [^or apanhador era de tres a tres e meio
alqueires, e at Cjuatro, nos annos de grandes safras.
Muitos fazendeiros contentavam-se com tres alqueires permittindo que os captivos voltassem da roa aps esta tamina.
Outros remuneravam os trabalhadores que ultrapassavam tal li-
Muita cautela em
Como
e uma
mite.
As
os seus parceiros.
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
19
escravo
colhel-o
bem maduro
escolhido,
Dois mezes,
A' ameaa de
tal
A F F O N S O
20
DE
E.
T A U
NA Y
pos,
tulhas ainda exigiam muito cuidado. Deviam ser assoalhadas pois o gro da rubiacea eminentemente hygrophilo. Nas
Para as
tulhas fechadas montrava-se o humedecimento menor.
outras se recommendava o aquecimento brando dos gros em
As
"Os que nem monjolos tem, batem o caf oom varas, como
com o feijo; o que, alm de ser muito mais moroso,
se pratica
Muitos porm ha
que colhendo tres e quatro mil arrobas de caf usam do ultimo
methodo poucas esperanas dando de o banirem. O tempo
porm lhes mostrar seu erro".
assaz prejudicial sade dos trabalhadores.
J havia piles com que se conjugavam ventiladores trazendo isto grande vantagem limpa do producto.
A ultima phase do beneficiamento occorria na casa da esco
lha onde se processava operao de maior importncia sob o
ponto de vista dos preos a se obter no mercado pelo typo da
entrega.
Recommendava o nosso agrnomo que tal trabalho
fosse feito por escravas com crias.
Cada uma delias podia separar de 3 a 4 arrobas por dia. Muitos fazendeiros porm, e
alguns delles possuidores at de grandes lavouras, recusavam
proceder escolha. Repetiam a operao da socca e da ventilao de seus productos nos piles a isto chamavam "bornir o
:
caf"
como
particular".
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
despolpador parecia ao
21
ou
Feliz eu se deste
directo
ou indirecto".
meu
CAPITULO LXXXI
A sua memoria
Jos Silvestre Rebello e seus mritos
sobre a cultura do cafeeiro (1839)
Nos fastos da nossa bibliographia cafeeira antiga cabe honroso logar a Jos Silvestre Rebello, nome hoje pouco lembrado,
mas que no scenario dos primeiros annos imperiaes teve notvel repercusso.
No
se esclareceu
de sua biographia
em nome do Instituto Histrico Brasileiro, pequena oraonde se leem arroubados elogios ao brasileiro adoptivo que
tanto serviu segunda ptria.
Pensa Sacramento Bkke que Jos Silvestre Rebello nasceu
era Portugal para os fins do terceiro ou principies do quarto
quartel do sculo XVIII. Era negociante no Rio de Janeiro e
como tantos outros portuguezes, esposou calorosamente a causa
da emancipao do Brasil. E com tamanha sinceridade que D.
Pedro I o enviou aos Estados Unidos da America como enviado
especial do Brasil para obter do Governo de Washington o reconhecimento de nossa Independncia.
Homem de muita intelligencia e sobremodo illustrado para
a poca, foi dos que mais coadjuvaram Janurio Barbosa, Cunha
Mattos e So Leopoldo na fundao do Instituto Histrico BraAlegre,
o,
sileiro
Menciona Blake
figura entre os
nume-
tambm de
O ComJ
mcrcio Oriental, descripo de portos, desde o Cabo da Boa Esperana at o Japo, pesos, medidas e mocadas, mercadorias de
em 1820
commercio internacional,
etc.
A FF O NSO
24
Quando
se
DE
T A U
E.
NA Y
Nacional, escreveu duas memorias, iielle impressas, sobre a cultura da canna e do cafeeiro. Mais tarde na Revista do Instituto Histrico, deixou dissertaes sobre as vantagens e desvantagens do trafico africano, os processos pelos quaes os Jesuitas
administravam os
de raas indi-
No recente volume de Hildebrando Accioly, O Reconhecimento do Brasil pelos Estados Unidos, monographia escripta
com
ticas
ha interessante
perfil
de Jos
Sil-
vestre Rebello.
brilhante e
J de outro publicista nosso, no menos probo,
clarividente do que Accioly, Hlio Lobo, merecera valiosa apre-
ciao
Julga-o Accioly superior ao agente que o recem-nascido Imprio americano mantivera nos Estados Unidos, a negociar o
tratado de reconhecimento de sua independncia, o antigo revolucionrio
de
um
ou a intelligencia
Marquez de
Barbacena
"No
escravos
Antes da nomeao, o seu zelo patritico j o fazia precom o bom desempenho que deveria dar
occupar-se bastante
sua misso.
Governava a confederao o
illustre
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
25
hington
com que
nosso
No
foi tratado.
Fazendo
illustre
uma summula
foi difficil
tarefa realizada.
Sem
bilidade,
duvida, coube-lhe o mrito de afastar, com certa haalguns ligeiros estorvos, nos quaes teria, talvez, tro-
sua misso.
achava de antemo assegurado pela boa vontade dos Estados
Unidos, em relao a todos os paizes do Continente, boa vontade baseada em interesses de varias ordens.
Seria mister apenas provocar a sua manifestao. E para
isto, cumpriria, naturalmente, proceder com critrio e tacto.
Estas qualidades no escasseavam a J. Silvestre Rebello e
lhe permittiram obter, em pouco tempo, o feliz resultado, que o
fez merecedor da gratido nacional.
No se resumiram porm no reconhecimento do Imprio os
De facto, a sua
servios por elle prestados naquella misso.
obra foi mais extensa, e, entre os seus mais apreciveis aspectos figura o estabelecimento da bases da amizade duradoura,
que, j vae por mais de um sculo, tem approximado as duas
maiores naes da America.
Essa amizade no seria prejudicada pela differena de formas de Governo, porque era favorecida por outras circumstancias, de muito maior peso, derivadas da historia e da geographia e dos interesses commerciaes, visto como deixando o ch
passariam os Estados Unidos a ser o melhor cliente do caf
brasileiro.
A F F O N S O
26
Delle disse
DE
T A U
E.
NA Y
"Na Sociedade Promotora da Industria Nacional fez relevantssimos servios a este Imprio; a elle se deve muito o augmento de muitas plantas teis, e sua propagao. Como membro do Instituto Histrico, escreveu muitas Memorias, e foi um
dos seus mais zelosos membros.
da ptria".
ReAs-
Assim,
feito
Maya
em
DO CAF NO BRASIL
HISTORIA
bem da verdade
Alis a
histrica
convefti
nos
27
lembrar que a
ltimos
annos,
cados.
Infelizmente partiu o nosso economista de errado ponto
dos informes viciosos de Monsenhor Pizarro que em suas Memorias reduz a exportao brasileira em 1800 a cincoenta arrobas apenas.
Em
1838 subira
ella
Ha um
trecho do manuscripto de J.
truncados de que no nos podemos valer. Avalia Rebello a exportao para 1838 em 3.908.005 arrobas.
ropa.
De
S.
rava
como ningum
igno-
a exportao fra
Na capitania (?) (ha uma
apenas de 83 arrobas. Referir-se-ia Rabello ao Espirito San-
lacuna ahi)
?)
Pernambuco 2.525
Achava o nosso autor que sem receio de commetter exaggerao podia o total da produco brasileira ser computado em
arrobas, correspondentes a 12.800 contos de ris.
4.000.000 de
28
AFFONSODEE.
T A
U N A Y
como no
resto
da Europa.
CAPITULO LXXXII
caf
avolumava o caudal
Guanabara. A enorme catadupa moderna, despejada sobre o lagamar
santense, ainda no passava de pequeno filete.
No anno financeiro de 1839 e 1840 haviam sabido, pelo
porto do Rio de Janeiro 5.616.000 arrobas, dizia o Presidente da Provncia do Rio.
Entre 1841 e 1842, arrobas 5.557.088. Prosperava pois e
immenso a cafeicultura brasileira e tomava dia a dia feio mais
os annos e cada vez mais se
progressista e civilisada.
Or irmos Laemmert, "Eduardo e Henrique, os conhecidssimos editores, notveis nos fastos do progresso de nossa cultura, pelas suas publicaes e sobretudo, Almanack de seu nome,
chegados no havia muito ao Brasil, entenderam conveniente e
rendoso para a sua industria encetar uma obra em diversos volumes ao titulo geral Manual do Agricultor Brasileiro.
O primeiro volume da srie s podia ser consagrado ao caf.
E o foi. Delle se encarregou o Dr. Augustinho (sic) Rodrigues da Cunha, que se intitulou no rosto do livrinho "antigo
discpulo externo da Escola Polytechnica da Frana".
Nada se sabe do autor deste opsculo. O prprio Sacramento Blake, infatigvel em suas pesquisas bio-bibliographicas,
no conseguiu sequer descobrir qual a sua nacionalidade. Era
provavelmente brasileiro e Blake aventa a hypothese de que no
tenha concludo o curso da famosa escola franceza de que, na
folha de rosto da obrinha, ufanava-se de haver frequentado.
Assim se applica ao que parece, ao nosso autor, o alexandrino conhecido
de VOubi
A F F o N S o
ao
DE
E.
T A U
NA Y
Cunha.
Arte de cultura
preparar o
caf.
a sua monographia
;
No
em
leiro
ramo do commercio
brasi-
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
31
abandonada
Paris
Depois de expor o que se conhecia na poca, da composio chimica do caf, passa o nosso autor a tratar da cultura da
rubiacea
Na
morros ou
fasta s plantas.
"O
a planta, por sua excessiva abundncia, e ella no pode transformar, nem assimilar os suecos, que seus stomas sempre fartos
tem recebido. Os cafeeiros pois plantados nas vrzeas so muito
frondosos, mas seu gro depois de preparado d'uma qualidade
inferior como se devia esperar, porque durante a secca do gro,
como elle contem maior quantidade d'agua, seu peso diminue
por meio da evaporao, e seu gosto no o mais delicado
Plantar desordenadamente o cafezal era difficultar capinas a!inhal-o morro abaixo, segundo uma linha de declive, favorecia a exposio do raizame ao ar e ao sol e a formao de
.
regos
Era
prefervel
praticava
Em
as videiras.
Pois bem, o
lavouras fluminenses.
aspecto dos cafezaes se mostrara desolador depois destes tem-
as
poraes
Com
sem
alento s arvores.
A F F O N S O
32
DE
E.
T A
U N A Y
com
essa
Mas
vos,
pompa que
oiteiros exposta
s chuvas, aos raios solares e aos ventos, que roubam a quantidade dagua precisa a seu estado hygrometrico, vae-se, pouco a
uma
nerados, cacheticos.
verificar em fazendas de
S. Joo do Prncipe. Os cafeeiros velhos s produziam os taes gros Moka.
Havia na Provncia do Rio de Janeiro reas das chamadas terras frias que os
Cantagallo,
Nova Friburgo
vncia
tende fazendo diversas sinuosidades e deixando varias ramificaes na direco de O. e E.N.E. e entrando no municpio do
Piarahy, vae morrer sobre a margem direita do Parahyba, e se
levanta
com o nome de
serra de Valena
ou antes
se considera
HISTORIA
como um appendice da
DO CAF NO BRASIL
serra da Mantiqueira, e seguindo
SS-
formi
ma
tanhas
E' nestas diferentes alturas que se nota uma vegetao extremamente variada, dependendo das differenas de temperaEstes terrenos no so prprios somente para a cultura
dos cafeeiros. Ahi se pode cultivar quasi todas as plantas da
zona temperada.
O que se perdia em quantidade nas lavouras desta zona,,
ganhava-se e muito, em qualidade do producto. Cafs de gostomuito mais delicado, incomparavelmente mais gratos ao palaPodiam em verdade competir, quando bem preparados
dar.
com os melhores cafs arbicos, de legitima procedncia. Dahi
accrescimo do preo de suas cotaes. Em logares de altitude
tura.
mdia, abaixo das terras frias, havia colheitas abundantes, masfrequentemente cheias de anomalias.
"Ha mesmo logares na provncia do Rio de Janeiro, ondeo gro de caf cresce e amadurece perfeitamente porm interiormente no se acha mais do que os tegumentos do fructo
este estado do gro denominado chocho, e ha ainda uma singularidade que consiste em que o caf chocha alternadamente.
Seu fructo semelhante s fructas de Sodoma e Gomhorra."
Na serra,
1841 trouxe o inverno excepcionaes frios.
do Capim, a 14 de agosto, matou o frio muitas lavouras. Che-
Em
um
margem do Parahyba.
serra do Capim prolonga-se
Atin-
giu at a
Friburgo
A F F O N S O
34
DE
T A
E.
U N A Y
acha
em Nova
Fri-
dessas
desprezando os meios que podiam por os cafeeiros a salvo
perder um anno ou
-vicissitudes atmosphericas, antes querem ou
mudar de logar para se estabelecer noutro mais propicio."
Achava o Dr. Cunlia que uma bordadura de grandes arvofloradas,
res quebrantadora da aco dos ventos frios, durante as
frias.
daria ptimo resultado nas lavouras das chamadas terras
Assim diminuiria immenso a porcentagem dos gros chochos.
Fossem as plantaes abrigadas quanto possvel, topogra-
ar impellido
em grande
tura a ponto de produzir gelo uma lei dos fluidos quer lquidos quer gazosos. .Na Ohina se obtm gelo expondo-se a
agua em vasos nimiamente abertos durante a noite, (sic)
Se pois os cafezeiros forem plantados de modo que no
fiquem sujeitos aos rigores dessas alternativas elles daro, mais
;
Ningum
desistisse de plantar caf nas terras frias flumiSeu producto era mil vezes superior ao das terras quentes.
Quando bem preparado alcanava cotaes sobremaneira
remuneradoras
"No convm abandonar as terras que se acham collocadas debaixo destas condies. Seu caf dum gosto muito exquisito mesmo preparado por esses processos, informes
quando
este caf for bem preparado e conhecido nos mercados seu preo
compensar sobremaneira o trabalho do lavrador. Se o caf
de Minas Geraes podesse chegar ao mercado bem acondicionado, sendo preparado do mesmo modo, que o caf d' Arbia poderia talvez obter um tero mais sobre seu preo do que o caf
do Rio de Janeiro: mas elle se deteriora em grande parte nas
nenses.
longas viagens".
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
35
quem o verme
sem poderem
destroe, e as madeiras de
lei
ser utilizadas.
porm s diremos
E'
que assim, como, quando o sol se acha em conjunco com a lua,
se notam as maiores mars, e por o contrario se observam as menores nas quadraturas, o que devido direco das foras, que
obram conjunta ou separadamente, depender pois da maior ou
menor quantidade dagua que a planta contiver em seus tecidos."
Circumstancia interessante abonada pelo depoimento do
Dr. Cunha que as alternativas de colheitas abundantes e falhas nos cafezaes fluminenses comeavam a occorrer no nono
anno de existncia da planta em diante. Tomava-se at inillufcil
effeitos,
nota
A
no
uma
florescia
no anno immediato.
A FF O NS O
36
DE
E.
T A U
NA Y
valendo-se de
Ministrando lies de physiologia vegetal e
decorrentes, affirma o nosso autor que a cau-
argumentos delias
outra vantagem.
Affirma o Dr. Cunha que os cafezaes fluminenses, aos cin5"
co e aos seis annos, davam por arvore em termo mdio 4 a
em
libras de fructos (i k. 936 a 2 k. 295) ou admittamos,
mdia, cerca de dois kilos por arvore.
Os das vrzeas, em fralda da montanha, cresciam muito r
Eschegavam a ter de 15 a 20 ps de altura (de 5 a m.yo)
Vira o
tas arvores chegavam s vezes a dar 9 kilos de cerejas.
se
de
que
coannos
cafeeiro
de
25
agrnomo em Cantagallo, um
lhera quasi uma arroba de cerejas.
Estas arvores geralmente muito frondosas, e que tanto carregavam, no eram porm as que melhor caf davam. Na Arbia, os cafeeiros produziam de 3 a 4 libras por p, menos portanto do que os fluminenses. Muitos fazendeiros se enganavam^
redondamente contando com a mdia de quatro libras por ar-
com
EUe
vore.
em
terra fertilissima,.
"A
que tenha de todo amaduque principia na primavera, logo depois das primeiras aguas, o que faz variar entre
o mez de Agosto e Setembro, no seja retardada e a planta tenha tempo de se refazer dos suecos necessrios que devem servir
para a florescncia da colheita seguinte.
recido
florescncia,
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
37
em
qualidade
um
em
terreiros
bem
areja-
A FF O N S O
38
godo
lhes
DE
E.
T A U
NA Y
CAPITULO LXXXIII
Conselhos ministrados pelo Dr. Rodrigues da Cunha
1844 aos fazendeiros de caf
em
seccador
em
logar empantanado
artificiaes
Concluindo dizia:
"Como
A FF O NSO
40
DE
E.
T A U
NA Y
ceneiros
tambm
No esmagavam nem quebraram os gros. Este machinisaccionado por tres ou quatro homens, podia preparar diriamente de 30 a 40 arrobas de caf. Alm disto o engenho de
mo
extraordinariamente
era
cravos
insalubre
41
para os pobres
es-
"O
p impalpvel, que os trabalhadores respiram continuamente durante o tempo do soque, e ventilao do caf lhes alEste p extremamente irritante, ataca os pul-
tera a sade.
mes
e obser\-a-se
dicos, e tanto
augraentava
silex
em
mas felizmente
azeite.
to separador,
Fazia esta machina o servio de quinze mulheres catadotal propsito commenta o agrnomo em pitto-
ras de caf.
"
.
Os
muito menor o qual lhe produzia resultados muito mais seguros. E' preciso analysar, e no seguir s cegas, o que se pratal
AFFONSODEE.
42
T A U
NA Y
por rotina e que os erros arraigados por o tempo no passem por verdades".
Terminando a sua Arte da Cultura c preparao do caf
recommendava o antigo discpulo externo da Escola Polytechnica de Paris aos lavradores que queimassem a palha de feijo
tica
Tambm suppomos
quem
propsito-
tomado os conselhos a
srio.
Depois de advertncias acerca de processos para se combater o caruncho dos cereaes epilogava o Dr. Cunha o seu livrinho por umas tantas consideraes sobre o oommercio do caf.'"
do (gnero
Previa o Dr. Cunha srio collapso para a agricultura cafedo Brasil, ameaada pela concorrncia de vrios paizes, at
da Africa.
eira
caf
em
No
se
anil.
pelo
estrangeiro,
graas,
sobretudo,
superioridade dos
processos de fabricao.
As ultimas paginas do livrinho, que vimos analysando comodocumento das idas de seu tempo, encerram consideraes por
vezes indigestas e obscuras. Percebe-se que o autor recommendava a seus patrcios o aperfeioamento de seus productos de
modo que os preos alcanados fossem proporcionaes aos tres
factores
do caf era o reflexo da intensidade crescommercio de paizes europeus do que resultava not-
cente do
HISTORIA
Para o Brasil
DO CAF NO BRASIL
'havia ahi
uma
43
No sendo
assim, o que
tem
legar,
quando
um
producto
agrcola no peculiar de tal paiz, no pode variar seus productos, e ainda mais quando esse producto forma o principal ramo de
A FF O N S O
44
DE
E.
T A U
NA Y
metliodo allegando
prova de tal era que
Contestavam os
que as arvores ficavam mal insoladas. A
nestas condies s os ramos exteriores produziam.
A segunda escola queria tres ps por cova, deixando-se que
crescessem os arbustos melhor insolados; produziam mais (?),
mas ao mesmo tempo tinham menor prazo de vida alm de serem
adversrios
lheita.
de
tal
Na
nhuma.
Os
Mas
cafs
os preos
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
45.
"Por toda a
modo,
era to
ptista
CAPITULO LXXXIV
e a
fluminense
D. Antnia
Ribeira.
souras.
"Com os recursos
em um dos seminrios
mr.
Quando ainda capito, foi designado, em 1801, por D. Fernando Jos de Portugal, ento vice-rei do Brasil, para auxiliar
o aldeiamento dos indios coroados no serto do rio Preto, misso
a que se impuzera o fazendeiro do Po Grande e de Ub, Jos
A F F o N S o
DE
E.
T A U
NA Y
de Iguassu at muito alm das margens do Rio Ereto, linha divisria entre
Rio e Minas.
Fallecendo sua esposa em 1811, Ignacio, possuido de indr, concluiu o curso ecdesiastico, professando na.
1814 era presbytero e rezou a primeira
ordem de Christo.
missa na capella de sua fazenda com assistncia de seus filhos,
genros, noras e netos e dos fazendeiros e famlias das vizinhanconsolvel
Em
as da sua fazenda".
A Ignacio de Souza Werneck deixara o Pae notvel patrimnio territorial que elle augmentara grandemente. Este immenso dominio, escreve ainda Maia Forte, est subdividido em
numerosas fazendas e sitios do municpio de Vassouras.
A
nume-
"D. Anna
pelo seu casamento com o capito Francisco Peixoto de Lacerda, o tronco da familia Lacerda Werneck.
foi,
Wercom D-
HISTORIA
Maria
Isabel de
DO CAF NO BRASIL
Assumpo
49
Gomes
Ri-
Outra, D.
Assis e Almeida,
Uma
terceira,
Marianna,
um
D. Carolina
O baro do Paty possua grandes propriedades agricolas nosmunicipios de Vassouras e Iguassu. E' de sua lavra a "Memoria sobre a jundao e costeio de uma fazenda na Provncia
do Rio de Janeiro"^ offerecida a seu filho Luiz, a qual teve tres
edies sendo a primeira de 1847.
Foi um livro de experimentado agricultor, e, por isto mesmo, capaz de bem aconselhar".
legislaturas,
com
ttulos nobiliarchicos,.
A F F O N S O
50
DE
E.
T A U
NA Y
dade do Brasil.
Homem de real intelligencia e notvel critrio, conhecia a
fundo as cousas de sua profisso de lavrador que enricara largamente
Escreveu a sua Memoria em 1874, quatorze annos antes
de seu fallecimento, aos 66 annos de idade, e a 22 de novem.
'
bro de 1861.
No Brasil inculto de seu tempo teve o livro notvel divulgao, em menos de um anno esgotou-se-lhe a primeira edio,
prova de quanto fra apreciado pela qualidade e valia dos conselhos ministrados.
Dedicando-o a seu
neck, mais tarde
filho
commendador de
lhe dizia:
esta
Memoria,
explicando-te os mais triviaes usos e costumes de nossa agriculDedico-te este meu pequeno trabalho, afim de que possas,
tura
.
seja teu
candidato a
uma
lavoura prosperasse.
terreno.
facilita
51
observao dos bons e mus padres tornava-se indispensvel. Citava o provecto agricultor os que na regio fluminense
serviam de ndices de fertilidade maior e menor.
"Entrando-se pelas mattas, primeira vista de olhos, conhecia-se pela madeira a qualidade das terras, se ba, mdia
ou m.
A' primeira categoria denunciava a existncia do oleo vermelho padro superior, os jacarands-tan e roxo, o guarab, a
guararema, a guarapoca, a catinga de porco, a canella de sassafrs, o cedro, o jiquitib, a larangeira, o arco de pipa, o poparahyba, a canella de veado, o sucupira, o tinguassiba e outros.
A's terras mdias classificavam o guraahy, a peroba, a cabiuna, o tapirihoan, a arucurana, a cangerana, o catagu, a gurapiapunha, as Canellas do brejo, preta e cheirosa, a guarauna, o
ip, as taquara-ass e pca, alm de outras.
Nas terras inferiores encontravam-se muito tapinhoan, o
ipy, o muricy, o po-canudo (pereira), o bacupary, o milhocosido, o negro-mina, muito caet, a taquara de lixa, o ciptimb, a serapilheira, e outras arvores vegetaes, que no medravam em terra ba".
Occorriam no emtanto excepes contra as quaes devia estar
o iavrador prudente prevenido
"Muitas terras bas havia, que nos cabeos dos morros e
das meias-laranjas apresentavam madeiras, abundantes em terrenos inferiores, e no emtanto lenhos de primeira qualidade para
2 construco, como a guarauna, o ipy, a guarapiapunha. Nisto
havia dupla vantagem, porque estes cabeos de morros e outeiros produziam muito caf e mandioca, e depois de mais safados
tambm excellente feijo e milho".
Acliava o Baro do Paty que se tornava positivamente criminosa a altitude dos dendroclastas, conscientes e inconscientes,
malbaratadores do patrimnio florestal brasileiro.
Assim desejava soltar um brado de alarme de homem civilizado que repercutisse por todos os ngulos do Imprio.
A tendncia ao maior desperdcio era o apangio de quasi
todos os lavradores. No s deixavam apodrecer as madeiras
sobre a terra, podendo-as conduzir e recolher, como ainda lhes
lanavam fogo com o maior sangue frio, como que se estivessem
praticando herica aco.
Sem duvida no se podia arrotear e cultivar as terras de
nossas mattas virgens sem se lhes lanar fogo. Era porm indispensvel acautelar quanto possvel a ruina total de preciosidades que, reduzidas a cinzas, nenhum dos desflorestadores at
a sua decima gerao tornaria a encontrar nessa terra devastada. Para obviar esse inferno do fogo, nas grandes derribadas,
AFFONSODEE. TAUNAY
52
lei.
Eram
mdio do
estes os conselhos de homem civilizado que por interdava aos seus leitores fazendeiros.
filho
Um
HISTORIA DO
"Para
rand-tan, a
esteios,
CAF NO BRASIL
fosse procurado
em
o assafrs, a canella preta, o sucupira. Em segundo plano a maaranduba vermelha, o jacarand rxo, o arco
pipa,
de
o tapinhoan, a peroba, o oleo vermelho, a arucurana, o
negro-mina, o pi-ass e a guarana preta".
Para
o ar e a construco das casas e da serraria, e do
_
engenho, recommendavam-se o guraahy, o catagu, a jundiahyba, os angelins amargoso e doce, o oleo-copahyba, o oleo jatahy, a carne de vacca, o guarab, a guarapiapunha, a sapucaia,
a meriniba, a canella, o milho-cozido e outras, tanto que no lhes
desse o bicho e fossem logo para debaixo de coberta enxuta.
Devia-se ter, principalmente com a madeira branca, todo o cuiferro, o sobrasil,
em
dado
fosse,
da
lua,
e,
se
possvel
As
cedro,
o vinhatico-
louro, e outros.
No seu tempo as turbinas e as rodas Pelton no se conheciam. Dizia o Baro do Paty, explicando a causa precpua,
primeira vista inexplicvel, da sde de muitas fazendas:
A F F O N S O
54
DE
E.
T A U
NA Y
Entretanto, se
disposixD
ralhas".
Escolhido o local da casa de machinas devia o novo fazendeiro fixar o das demais bemfeitorias
A serra era de, capital importncia; uma boa serraria reduzia de metade as despezas de installao de uma fazenda
Depois da serra o engenho de fub "alimento sadio".
E no se esquecesse o lavrador de se esmerar na construco das casas dos aggregados e das senzalas
"Devem estas ser voltadas para o poente ou para o nas.
cente,
divididas
em
compartimentos de vinte
quatro palmos
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
55
tumulo
CAPITULO LXXXV
As obrigaes do administrador de uma fazenda de caf,
segundo o Baro do Paty do Alferes
Precioso quadro de
As normas do trabalho
costumes
Os furtos de caf
Os
Permanncia no eito
Castigo dos receptadores.
fa-
bem
decepadas, os
A F F o N S o
DE
E.
T A U
NA Y
das cousas
Esta questo dos desvios de caf do terreiro era
mais frequentes e mais irritantes.
Exasperavam, e com toda a razo, aos fazendeiros e seus
prepostos immediatos.
Eram os escravos "puladores do quadrado" os que realizavam taes furtos, reprimidos, geralmente, da maneira a mais se-
ptadores
Em
Inaugurou o receptador num domingo as suas novas instalcom grande estrpito de foguetorio e libaes bacchicas da
laes
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
Dominado pelo numero, assistiu, o comprador de furtos, esem todos os tons, a demolio
completa de seu casario novo, operao que se effectuou de
modo
pittoresco.
Aos
diversos esteios se prenderam correntes, s quaes deviam puxar diversas juntas dos possantes bois, agindo simultaneamente em todos os outes. A um mesmo apito desaprumaram-se os esteios e o telhado fragorosamene ruiu sobre os depsitos do vendeiro.
E para que no procurasse ficar com os salvados do desastre completou-se a operao com a kerosenagem das ruinas e
a subsequente calcinao de todo o sortimento do homem.
E ainda como complemento ouviu o executado, transido de
horror, o ultimatum de jamais voltar quellas paragens, sob pena
de ser passado a bacalhau.
plantaes.
Acabado
matto
se
conduzir a madeira ao
local
da obra.
A FF O N S O
60
DE
E.
T A U
NA Y
empregar muita
cxDnveniente
gente.
ir
um
feitor.
administrador sempre que se tivesse de puxar pus pesados e tirados em logar arriscado devia, ir em pessoa, para que
presena
impedisse algum desastre, evitando que se no
a sua
pisassem os escravos ou animaes, acautelando que a pea de
madeira se no precipitasse e se tornasse ento difficil tiral-a
como muitas vezes, e por descuido succedia.
Mas no
do
dia.
se
concluir a sua
Havia ainda
faina afanosa
com o
declnio
alli
si,
ou para o
precisassem.
Ordenaria ento o sero da noite, ou no paiol ou no engenho de mandioca, nicos que a humanidade (sic!), e o interesse, tolerariam, porm que no excedesse das 8 1/2 s 9 horas.
Findo o sero, iriam os escravos ceiar, e logo depois recoque sahissem at o toque da
chamada da madrugada. Todo o escravo que infringisse este
preceito policial deveria ser castigado, conforme a gravidade do
caso, porque os passeios nocturnos vinham a ser a causa de muitas molstias nos escravos e prejuzos para o fazendeiro.
Iher-se s senzalas, prohibindo-se
Muito interessante o capitulo que o Baro do Paty do Alferes consagra a descripo do apparelhamento dos escravos, trabalhadores ruraes.
ter
uma
foice grande,
chamada de meia
balho,
homens robustos.
Toda a ferrainenta de crte devia estar encabada, e guardada, sempre prompta hora em que delia se precisasse. Era
necessrio ter toda bem amollada, do contrario o trabalhador
mortificava-se, dava bordoada de cego, e a madeira ou silvado
resistia-lhe
em
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
61
"Tenho
foices
ro do Paty.
melhor meio para se vazar bem a ferramenta, era comrebolo cuja pedra tivesse tres palmos de dimetro, e
montal-a sobre um cocho com uma manivela de ferro. Man-
um
prar
caladas de ao
j nas
fa-
gastas, ser-
viam para chegar terra ao feijo, ao arroz e outras plantas, semeadas juntas A estas as enxadas novas cortavam ou offendiam.
.
Para que
ficasse
Um
enxada
Era pois, necessrio ensinar escravatura a trabalhar, aproveitando os golpes, e com o emprego da fora necessria. Seno'
Aquilio que se poderia.
teria o fazendeiro immenso prejuzo.
sete ou oito.
fazer em quatro dias no se acabaria
AFFONSODEE.
62
T A U
NA Y
Alm desta ferramenta, precisaria haver no armazm algumas alavancas, alvies, marretas e picaretas para tirar a pedra
necessria s obras ou para romper caminhos e tiradas de regos,
quando se encontrassem pedreiras, e alm disto algumas brocas,
soccadores e agulhas para cavouqueiros.
Tivessem os lavradores logo, o cuidado, de pr alguns escravos moos a aprender os officios de carpinteiro, ferreiro e
pedreiro em pouco tempo estariam of ficiaes, e disjKjriam os senhores de operrios, aproveitando-se compensadoramente o tempo
;
despendido na aprendizagem.
No
se esquecessem de ensinar
tambm
a algum oleiro, de
CAPITULO LXXXVI
As carpas annuaes
Escolha da terra para os cafesaes
colheita
Os terreiros As machinas de benef iciamento
A questo
O despolpamento Methodos de beneficio
da poda dos cafesaes
A
intil
Assim recommendava
se
limpasse,
"A
colheita varia
fr rara ou desigual,
um
A FF O N S O
64
DE
E.
T A
UN A Y
do que um a tres alqueires; porm, se fr abundante ou tornar-se toda madura, ento deve a tarefa passar a cinco, seis e
A's horas de medir, ao entrar do sol, o adminissete alqueires.
trador, deve estar presente afim de fazer castigar aquelles que
no deram a tarefa, graduada conforme o estado do caf e as
foras do individuo".
"Um
os
(em
caf)
principio
quando
estabeleci,
e de
que tirei muito bom resultado, foi o dos prmios, verbi grata
marcava cinco alqueires como tarefa, e dizia-lhes todo aquelle
que excedesse teria por cada quarta 40 ris de gratificao;
com este engodo, que era facilmente observado, consegui que,
esforando-se, habituassem-se a apanhar sete alqueires, o que
ficou depois estabelecido
como
regra geral".
Recommendava
se avantajar
a co-
lheita era o
Quando
se
oitava de pollegada
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
uma
atraz
moderna.
logia
"Se
os
mesmos
tados
com
algimi decHve,
bem
direito
A F F o N S o
DE
T A U
E.
NA T
iria cahir.
a dois e
Cada cinco
se
devia dar
autor
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
67
annos, ainda dava ptimas colheitas. Logo, porm que se apresentasse cheio de varas e Hmo, e com a brotao fraca, convinha
Alguns o faziam, tendo elle quatorze annos.
cortal-o.
d sof rivelmente
Para o decote, o podador, armado de fouce, e machado,
tiraria com a fouce, de alto a baixo, todos os galhos finos, e depois das varas mestras limpas, deviam ellas ser cortadas pelo
meio. Finda esta operao fosse o tronco cortado a machado,
com o
rente
solo, fazendo-se-lhe
um
topo horizontal.
Desvian-
Ao
moado
estril
modo
res-
A operao essencial da boa secca e do subsequente beneficiamento mereciam toda a atteno e cuidado do lavrador que
no quizesse depreciar o seu producto.
AFFONSODEE.
68
T A U
N A Y
pois
ir
aos piles.
"Uso socal-o pelo maior passal-o no ventilador, coal-o depor uma peneira grossa, a que alguns chamam poruca e ou-
pedra
srias de deteriorao
Apparecia,
em
certos
annos,
excessiva proporo de
caf
carregarem as arvores
em demasia. Por este motivo no sazonava bem o gro, que j
assim vinha deteriorado para o terreiro. Outras vezes era isto
porm devido a colherem os apanhadores muita fructa verde no
ainda sazonada. E outras por ter sido o caf mal beneficiado
nos terreiros, no revolvido a tempo. No consentissem pois os
lavradores que se apanhasse a baga sem estar amarella, querendo
amadurecer. Os apanhadores, com o desejo de concluir a tarefa, tudo agarravam, ripando as arvores e tirando-lhe at as
folhas, o que lhes fazia muito mal.
escolha, e isto succedia muitas vezes por
No
piles
bem
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
69
paradora,
envoltos
em
se-
terra,
como vinham.
Pela descripo que nos deixou verifica-se como era primiapparelhamento mecnico das maiores fazendas do
tivo ainda o
seu tempo.
em um
com o
ento s
caf podre.
Em
secco.
um
servente
com um rodo a
Quando o primeiro
posto
num segundo
por diante
at encher-se o cocho.
A FF O N S O
70
DE
E.
T A U
um
NA Y
por um.
Cahiriam
precipitadas
dirias
"Como acima disse, uso lavar o caf depois de secco (entende-se no o despolpado), e a razo no s por ficar sem
pedra e torres de terra, tambm por se lhe tirar o immenso
p que tem agarrado
casca, e que desenvolvendo-se nos piao gro, que, ainda que v a brunir, no se limpa,
e fica sem a cr primitiva. Para conhecimento exacto desta asles, une-,se
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
71
em um punhado de caf, j de todo prompto, enm um leno branco, esfregai-o bem, e vereis o leno
uma cr preta ou vermelha."
sero, pegai
volveio-o
sujo de
Constituem estas palavras mais um depoimento comprobado que outr'ora se dizia ao se affirmar que o caf do Brasil
accentuado gosto de terra.
trio
tinlia
CAPITULO LXXXVII
As
cultivo dos "mantimentos" nas fazendas de caf
roas de milho, feijo, arroz e mandioca
O cannavial
brasileiras
O emprego do arado O estrago
creao de animaes domsdas terras pelas queimadas
Zootechnia antiga
ticos
As tuberosas
Um
onde
se guarda,
bem
"Os
roados,
se
em
derribada,
devem
ser
feitos
de Maio
DE
A FF O N S O
74
E.
T A U
NA Y
Assim as
abortivas.
no
pinas.
As
cansava de ainda aconselhar a frequncia das caem seu solo, produzindo, frequentemente, mais cincoenta gros por espiga como
consequncia deste amanho.
A' colheita presidisse a escolha do tempo aconselhado pela
pratica.
O gro recolhido na minguante bichava, muito menos
se
tubro.
amadurecimento
Quando plantado
solteiro
resistia
Alguns o seccavam com o cisco do terreiro, e assim o conservavam optimamente, tirando-lhe s a palha grossa quando se
acabava de bater e conservandoo com toda a outra cahida com
as varadas.
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
Depois de se referir operao da batida para o descascamento aconselhava o avisado fazendeiro, que tudo sabia aproveitar intelligentemente
"A
Do
familia; serve no
eram as
terras baixas
daria palha.
opti-
em
geral.
como um
acces-
A FF O N S O
76
DE
E.
T A
UN A Y
To trivial para brasileiros o processo do fabrico da farinha que se escusava de sobre elle escrever qualquer dissertao.
Pequenos capitules se consagram, da Memoria, ao fabrico da tapioca, cultura do guando e de tuberosas como o car, o inhame,
os mangaritos, a batata doce. Assim tambm quanto ao amendoim e ao ricino utilissimo illuminao naquelles annos de to
mortias luzes ainda.
propsito informa:
tal
"O
em
profcuo.
deitaria a canna
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
77
Em verdade, a maior parte das fazendas fluminenses estaestragadas, cobertas de sap e samambaia, pela falta de
serem poupadas pelo fogo por descuido ateiado annualmente s
vezes nas melhores localidades tornando estreis terrenos que
podiam dar avantajado producto.
vam
tal
"O
propsito expendia
se
houver cuidado.
na mesma opinio de que o lavrador s deve ter o
gado necessrio, e nunca solto nas terras de cultura, sob pena de
delles
Insisto
ver
em
casas
com
Pastagens
durma
em
separado,
a abrigo do tempo;
guardem as palhas de milho, do feijo, etc, serviro de supprimento tanto mais vantajoso que cessar assim em
grande parte o deterioramento das terras".
paies onde se
raas bovinas, melhores e peiores, a seu ver, no cogrande lavrador. Alis ningum em tal pensava na
Apenas se limita a preconisar o cruzamento do gado
poca.
creoulo com o indiano. Assim se mostrava um como que precursor da zebuisao do rebanho nacional meio sculo mais tarde
Das
gitou o
to vigorosamente encetada
A F F O
78
S O
DE
fala
assim
NA Y
T A U
E.
Memoria.
mesmo como
Apenas
cuida,
vehiculadores de
caf.
como um
em uma
vem
palavra,
car-
dem
todos os servios".
se interessava o Baro do Paty ao que parece, pela
No
creao hippica.
uma
Os chamados de
chiqueiros, que
separados
deviam
fossem-lhes
proporcionadas tres
raes
dirias
de
Os
mesmo
em maior
espao, soltos
leites
e debaixo
de que muito gos-
O
mento
delles se
com esmero.
carneiro era delicioso prato para a mesa,
fornecia ali-
clima flu-
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
79
bem
cercada, tendo-se
em
e o sabor
de seu
leite
CAPITULO LXXXVIII
processos do cultivo do caf referidos por Ch. de RibeyAtraza
os methodos de beneficiamento do gro
destruio selvagem dasdos processos brasileiros
Os
rolles,
mattas
Na
Ub
No.
Menos
porm mais prticos, os lavradores brasilei"quem quizer boa plantao de cafeeiros, esum morro de bom terreno, de encosta suave, em matta.
poetas,
ros aconselhavam
colha
Assim da phase do gro da muda, de quatro ou cincopalmos, decorreriam tres annos mais outros tres da muda
No havia colheita verdadeira antes;
arvore em productividade
:
de
seis
6.
AFF O NSO
82
No
DE
E.
T A U
NA Y
memoria ao
se teria RibeyroUes deixado atraioar pela
dados como por exemplo o que se reportava ao
referir estes
flores
folhas,
as
axilla
das
cahem
fica a terra
como
que jasminada, appareoem pequenos bagos verdes, que se tornam vermelhos, amadurecendo, e tomam cr escura, quasi preta,
ao seccar. E' mistr ento proceder-se colheita".
Na Arbia, e em certas colnias europas cafeeiras, estendiam-se pannos ou esteiras sob as arvores sacudidas vigorosamente no Brasil, quando os bagos estavam maduros, os escravos deixavam a senzala de madrugada e iam para o eito em
turmas. Homens, mulheres, creanas, todos trabalhavam. Uns
colhiam das arvores, outros do cho. Deitavam os gros em
cestos, e levavam-n'os ao terreiro.
Este era uma eira sobre a
qual se espalhava o caf cuja scca ia principiar. Logo que a
casca resistia ao trincar estava o fructo secco, e era levado s
;
tulhas
ultima operao, o descascamento praticava-se em machina; movida por fora hydraulica, como os moinhos. Os gros
mettidos em cochos eram collocados sob as baterias, geralmente
de quatro piles, beneficiando pouco mais ou menos doze arrobas.
dia.
Mas
em movimento
mesma fora d'agua. Ahi de toda a impureza se desembaraavam os bagos, que para que no ficassem escuros voltavam
termo
pela
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
83
leiros".
Previa que a provncia do Rio de Janeiro, opulentssima namomento, devendo quasi toda a riqueza ao caf no tardaria a decahir. Quando estivessem pellados seus ltimos morros, esgotando-se-lhes a terra sob as lavouras absorventes, s
lhe restariam os cereaes, o capim, e algumas campinas de canna.
Cahiria abaixo de S. Paulo e Minas.
Era pois essencial
poupar a terra, e educar o homem, afim de que comprehendesse
quanto o interesse pessoal esgotava o solo, sem que se medissem
E depois, para que
as consequncias de to funesta pratica.
aquellas queimadas? para que aquelles incndios, muito pittorescos, sem duvida, noite, sobretudo, mas que no passavam de
devastaes selvagens? Nos Pyreneos francezes, os pastores do
Barn assim haviam em outro tempo procedido. Queimavam no
outono certa poro de geiras de bosques, preparando para a
quelle
A FF O NSO
84
DE
T A U
E.
NA Y
aguas
Acreditariam acaso, que nada perderiam entregando a selva
s
chammas?
Neila no existiam arvores vigorosas ptimas para a ser-
raria,
gommas
essncias, seivas
preciosas,
que as
industrias,
uma
tambm annualmente,
Mas desde
a abolio do trafico
andavam
os eitos despovoa-
Se
85
dveis.
Em
divisa
unicamente o obser-
modo muito
defei-
CAPITULO LXXXIX
herbceo
No
que amea-
e edifcios.
AFFONSODEE.
S8
T A U
A Y
montes pois
os detrictos das arvores que desciam dos altos, conduzidos pelas
annos?".
Percorresse o leitor as fazendas comprehendidas, nas paroohias de Catas-Altas da Noruega, Itaverava, Lamim, Espera, Oliveira, S. Caetano, S. Jos do Chopot, Remdios e Capella
Nova
Alm
nos melhores lugares, e com duplicado trabalho.
na maior parte destas parochias no se achavam mais madeiras de construco.
que acontecia no Sul e ste de Ouro
Preto, se observava ao Norte e Oste da capital mineira em
raio de doze lguas, excepo de algumas mattas, que pela
cem
disto,
Nos dois primeiros decennios do sculo XIX os antigos lavradores seus conhecidos, donos de fazendas nos municipios do
Piranga e Queluz, distancia de nove a quatorze lguas ao sul
do Ouro Preto, tinham grande pressa em queimar as suas roas
at melados de agosto, e o mais tardar at 24 desse mez; pois
dahi por diante contavam com as chuvas; e no se enganavam
neste calculo.
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
89
morado insensivelmente,
muitos
Elie autor, porm, no se satisfizera
com
mesma
ras vertentes do
como
Pomba,
e seus tributrios da
os ribeires Paraopeba,
haviam derribado
Ub
margem
esquerda,
da
Finalmente queria mencionar o caso das vertentes
do Muriah como mais um testemunho da sua opinio. Quando
em setembro de 1835 pela primeira vez visitara estes lugares estavam quasi todos cobertos de viosas mattas. Em mui poucos
havia ento algumas pequenas derribadas.
se
as
suas mattas,
pelo desenvolvimento
agricultura.
A
de no
lavoura j
ter
DE
A FF O N S O
90
E.
T A U
NA Y
A
Mas
para
resultado
obter esse
se
eram indispensveis as
mudas
Assim para o futuro, quando desapparecessem as mattas, ficariam os vindouros privados da cultura de to importante gnero de exportao, se no adoptassem um meio de cultivar com
vantagem nas terras cansadas. Esse meio era unicamente plantar-se o cafeeiro em covas com estrume, como costumavam fazer
nos campos em Minas.
No centro desta provincia aonde no existiam mais mattas
escolhiam os lavradores os lugares mais altos, para evitarem as
geadas. Nelles plantavam os cafeeiros em covas com o dimetro
de dois palmos e um de profundidade; deitavam-lhes depois
dois pratos de estrume, de forma que um alqueire de estrume
As arvores cresciam viosas chedsse para dezeseis covas.
gando altura de 14 palmos, e durando vinte annos nas terras
frias.
Quando attingiam a certa idade era preciso usar-se de
escada para colher-se o gro nos ramos superiores. Alguns ps
chegavam a dar uma colheita de um alqueire a dois.
Nos lugares clidos os cafeeiros poucas vezes excediam a
altura de dez
palmos (2m,2o)
esfa-
de
ca-
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
91
e dezeseis
Elias comeariam do cume da montanha para a base, sempre atravessadas, e distariam entre si quatorze palmos. Depois
disto se plantariam as arvores em taes valias com a distancia de
seis palmos de p a p deitando-se dois pratos de estrume em
cada cafeeiro. As mudas deviam ser grandes, tendo pelo menos
tres palmos e aparadas ficando-lhes somente um palmo de haste.
Se houvesse abundncia de mudas, se .plantariam duas em lugar
de uma.
Quando
nestas valias.
No tempo
das chuvas
abrir-se-iam esgotos
nestas
valias,
Este methodo de plantar-se em valias horizontaes era indispensvel nas terras cansadas para reter o esterco, que descia de
cima, carregado pelas chuvas.
Entre
tres
uma
carreira de
bananeiras
outras.
Por
baial,
esta
cujas
forma
raizes
cesse ao agricultor
se extinguia
depois
estrumavam a
mui dispendioso
este
terra.
modo de
Confessava o Padre Fonseca que a principio dava o methodo algum trabalho, gastando-se
algum tempo nas facturas das valias; mas depois retribua sufficientemente tal trabalho pelas colheitas abundantes.
e cultival-o na forma acima descripta.
os seus conselhos
compen-
A F F O
92
S O
DE
E.
T A
UNA Y
dogmatizava
"O
fazendeiro no
Ou
sem plantar caf, ou se sujeitar a plantal-o em terreno cansado, o que no vale a pena; e sobretudo
porque no terreno que leva quatro a cinco mil ps, pde levar
methodo.
ficar
arrobas".
Este mattagal cafeeiro tinha-o elle como capaz de produzir
quesnotavelmente mau grado a contiguidade das arvores.
to era de esterco, nunca de sol.
E' verdade que passados seis annos as fileiras dos cafeeiros
ficavam cerradas pela copa que creavam mas sempre as arvores
davam fructos nos dois lados que permaneciam descobertos.
Quando isto obstasse fructificao, fossem cortados os ps intermedirios e assim ficariam com a distancia de doze palmos
de uma a outra arvore.
Entendia ainda que plantar algodo entre os renques do
cafeeiro no diminua a productividade das lavouras da rubiacea,
porque as raizes da malvacea eram pequenas assim como o arbusto e poucos elementos fertilisantes podiam retirar do solo.
CAPITULO XC
estatsticos optimistas
Fazendo ver quanto, no Brasil, muito pouco se escreviaainda commetteu Burlamaque real injustia lembrando da nossa
bibliographia cafeeira apenas o memorial do Padre Aguiar.
Mostrou desconhecer ou pouco avaliar dos trabalhos impressos na sua prpria revista o Auxiliador, da lavra de Borges de
Barros, Visconde da Pedra Branca de J. Silvestre Rebello, as
d<y
Alferes, etc.
Comea
e
do
cafeseiro-
A FF o N S o
DE
E.
T A U
NA Y
rica,
em pequena
lativa.
O arbusto prosperava, principalmente, nas collinas e montanhas expostas ao sol nascente, e onde o terreno regado por chuvas moderadas, gozasse da frescura dos orvalhos, e calor no
No prosperava em terrenos alagados ou muito
exaggerado.
hmidos.
Pretendia-se que o cafeeiro plantado do lado do poente nas
Os lavradores bracollinas e montanhas, produzia muito mal.
sileiros tinham a mesma opinio, e quando, alm dessa exposio ao Occidente, os cafeeiros recebiam a projeco da sombra
de mattas ou montanhas vizinhas, chamavam a essas localidades
Noroegas
para exprimirem logar frio e infrtil.
Fazia-se o plantio do caf a domicilio ou em viveiros.
Para a sementeira no Brasil a melhor poca era maro.
A sementeira "a domicilio" effectuava-se nos prprios logares onde se quizesse formar o cafezal.
Para estabelecel-o, fincavam-se varas em frma de xadrez, espaadas convenientemente. No logar correspondente a cada estaca, abria-se pequeno
buraco onde se depositavam alguns gros e quando as plantas
attingiam de 12 a 15 poUegadas de altura, arrancavam-se todos
os ps, excepto os que se mostrassem mais vigorosos.
Em geral era preciso que o cafeeiro ficasse abrigado dos
raios solares muito vivos e dos ventos violentos, mas deviam
estes abrigos ser arranjados de modo que no embaraassem o
seu crescimento, e deixassem, livremente, circular o ar, em todos
os pontos da plantao
Tratando dos viveiros expunha Burlamaque
Fossem os cafeeiros plantados em locaes onde chovesse raras
vezes. Para se formar o viveiro, escolhia-se logar descoberto e
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
95
mas no
se a
navam.
Para semear mais
se devia
esse
mo-
arejado.
o tempo
estivesse
Em
com o p.
No se podia estabelecer regra geral quanto profundidade
Uma e outra cousa
das covas e da distancia das plantas entre si
se subordinariam no somente qualidade do terreno, mas ainda
sua inclinao maior ou menor, ou nulla; sua exposio, e
mesmo s variaes atmosphericas a que estava sujeito o local
onde se estabeleceria o cafezal. Podia tomar-se todavia como
todos os lados
DE
A FF O NSO
96
E.
T A U
NA Y
Em
Em
Apresentava este methodo alguns inconvenientes. Primeiramente quasi todo o estrume formado pela decomposio dos
vegetaes seria levado pelas aguas pluviaes para os pontos mais
baixos em segundo logar os cafeeiros ficariam submettidos a
um calor extraordinrio, em terceiro taes montes de matrias
vegetaes accumuladas dariam abrigo a uma multido de vermes
nocivos planta, servindo de esconderijo s cobras, e produzindo uma evaporao nociva qualidade do caf, na poca da
florescncia e sade dos trabalhadores na occasio da co;
lheita.
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
97
se deitassem todos os restos vegetaes, que se cobririam successivamente, e por camadas, com a terra das mesmas valletas, calcando-se-os aos ps, ou, ainda melhor com um mao de pu.
Quando cheias fossem outras abertas e assim por diante.
Nada mais importante do que a poupana do solo! A tal
propsito expende o nosso agrnomo
espirito
clones.
Ora
tal
no
se
dava no
Brasil,
ria nefasta.
DE
A FF o NS o
E.
menos ao
ser
AY
T A U
favorvel
nem ao
ca-
caf.
damno
resultante para
conforme o trato.
Os
cafeeiros velhos
os
novos.
Na
uma
libra
por
ziam at 6 e 7 libras.
Tratando da colheita,
em
dizia,
elle
tres
nomo:
"que os trabalhadores somente colhessem os cafs maduros
mas como
Os
em
no apanhar os
nem
desfolhar as extremidades dos ramos dos cafeeiros, no destruindo os grellos que mais tarde deviam dar flores
e fructos.
cafs verdes,
Falando das manipulaes do caf, recommendava Burlaterreiros de pedra. Fossem evitados porm os
montes de gros "porque ento fermentando, o sueco da polpa
do caf se tornava espirituoso e voltil, penetrando at ao gro
a que communicava gosto azedo e cheiro desagradvel".
DO CAF NO BRASIL
HISTORIA
99
em tanques cheios de agua, e deiuma espcie de macerao durante tres ou quafim deste prazo, o caf largava o envoltrio exteficando somente reduzido pellicula. Seccava com grande
xando-o soffrer
tro dias.
rior,
facilidade
No
em
terreiros
ou
estufas.
Para
em
terreiros lageados,
ou em plataformas
feitas
Em
jados, que
o caf poderia
em
sol
com
para seccar
taboas.
poUegadas do cho, se
o exterior por
baixa.
caf
a dessecao e
quatro dias de
usava-se de ta-
andares, e de tal
quando
modo
arran-
fizesse
bom
Depois de secco
tempo, e
meira quinzena.
rabes, que tinham infindo cuidado com esta manipuAntes
no expunham o caf nem ao sol nem humidade
de o levarem aos piles deixavam-no dezoito mezes! sombra
tres
ou
dois
durante
em lugar 'bem secco. Depois ficava ao sol
dias e s ahi o passavam aos piles.
Os
lao,
A FF oNS o
100
DE
E.
T A U
NA Y
Em
mo
e a sepa-
rao
frio,
tal
que
losos
secco.
Depois destas diversas operaes, estava o producto em estado de ser vendido, e tornar-se artigo commercial.
Ningum ousaria contestar ao caf de Moka a notabilissima
proeminncia sobre todos os seus congneres.
Como explical-o ? Presentia o nosso monographista que as
questes de solo e clima eram capital factor para tal vantagem.
Proviria acaso tal superioridade da excellencia de uma espcie
determinada do gnero coffea sobre as mais?
Verificara-se na Martinica a degenerescncia das plantas ar.
bicas e
Applicando o caso aos cafs brasileiros, de manifesta infeBurlamaque, com judiciosidade que recommenda a sua reputao de homem de saber e critrio.
indifferena do cultivador sobre a escolha do terreno
onde estabelecia os cafezaes, e o pouco cuidado com a sua cultura, contribuam muito para essa inferioridade provando o gosto
herbceo mais ou menos pronunciada de que estava isento o caf
Arbico. No se deveria attribuir em grande parte a superiorioridade, explicava
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
defeitos de
tura colheita.
capites de navio
em
afastar
Os dados
cientes,
estatsticos
defi-
A FF ONSO
102
DE
E.
T A U
NA Y
tarifas alfandega-
em
"Emquanto no
se
Em
as
vantagens do caf
Em
Ora, dizia a Commisso. se a importao do artigo de produco de Java tem sempre diminudo na Gr-Bretanha, em
Hamburgo quasi nenhuma, pequena nos Estados Unidos, em
Anturpia, e no Zoll-verein e se a nossa exportao no tem
fraqueado, e ao contrario progredido o que ha determinado esse
triste agouro de sua queda? Assim, pois, parece demonstrado que
nem s esta cultura no tem declinado, mas ainda que os seus
productos no tem cedido em mercado algmn o logar importante
que adquiriram".
Reconhecia-se comtudo que no s o producto brasileiro
podia e devia melhorar, e muito, como se praticava ainda entre
os lavradores nacionaes a m f em relao aos compradores
;
exticos
Concluia a commisso do
modo
o mais optimista
"Ha negligencia na sua cultura, no amanho, preparo e escolha; ha talvez m f no trabalho de o avolumar, ou ensacar e
os nossos lavradores tem necessidade de melhorar os seus instrumentos agrrios. Mas no de agora que datam estes vcultura tem prosperado e o consumo deste gnero,
que de dia em dia se augmenta. tal, que qualquer que seja a
concurrencia de outros paizes no pde fazer-nos granle mossa".
cios, e esta
CAPITULO XCI
Os processos do beneficiamento do caf em 1860, segundo
Frederico Burlamaque
O problema da secca
Estufas
primitivas
Os
Com
caf,
em
trabalho
com a
peneira, to fatigante
como
insalubre, era
trabalho, e
armados de peneiras
consumida pelos
attritos.
A FF O
104
S O
DE
E.
T A U
NA Y
Algumas pessoas
tiva
cesso
Como
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
bem
Comearam
Um
e o prestigio
do
in-
ventor do novo apparelho, e as informaes extensas e pormenorisadas sobre elle publicadas veio a ser o do conselheiro Paulo
Barbosa da Silva, o influentissimo e voluntarioso politico mordomo do Imperador Dom Pedro II, que tomou activa parte
na fundao de Petrpolis. Motivo pelo qual uma das ruas
mais considerveis desta cidade traz seu nome.
caf.
em
geral
"O
nosso caf, comea a dizer este prospecto, indubitavelmente igual ao melhor que se produz no mundo mas o atrazo em que entre ns se acha a sua preparao tem depreciado
consideravelmente o seu valor nos mercados estrangeiros. Que
essa depreciao devida exclusivamente como dizemos, no
qualidade do fructo, mas sim ao methodo de preparal-o j no
pode hoje admittir duvida. Os poucos fazendeiros da nossa provincia que, afastando-se da antiga rotina, beneficiaram o seu
caf segundo os methodos mais approvados. alcanaram todos
preos mui elevados 6$, 6$500 e mesmo 7^500. E o caf de
sua produco concorreu vantajosamente nos mercados europeus
com o caf mais superior da Jamaica e de Cuba. J no permittido, pois, pr em questo a qualidade do fnicto."
Se o.s leitores meditassem acerca dos methodos seguidos
quasi geralmente na preparao do caf brasileiro reconheceriam
;
A FF O NSO
106
que
elle
ficiado
DE
E.
T A U
NA Y
com o das
Antilhas, bene-
e ficava
da Silva.
Vira o
HISTORIA
No
DO CAF NO BRASIL
scca,
nem
havia
mo
piles,
peneiras, etc.
da operao da
Assim mesmo,
A's experincias do conselheiro Paulo Barbosa da Silva haassistido alguns dos maiores fazendeiros fluminenses, eno ministro do Imprio, marquez de Lages, o Conde de
Valena, o visconde de Baependy, o veador Jos Corra de S,
D. Jos de Saldanha, Antonio Joaquim Rodrigues da Costa, etc.
E todos haviam sido convencidos da praticabilidade e grande
viam
tre elles
utilidade
da nova estufa.
superfcie superior
em
ebulio,
uma
A F F O N S O
108
DE
E.
T A
UN A Y
interesses
uma ramo de cultura que to grandes vantagens promettiam ao paiz e ficara desmoralizado.
dicando, immenso,
methodo do Cons. Paulo Barbosa, alm de todas as vantagens apontadas tinha a de inspirar perfeita confiana aos compradores de caf. pelo que dizia respeito sua pureza. Conservava-se ao gro, no todo, ou em parte, o envolucro ou epiderme, o que era a prova de que o produco no fra adulterado
pelo beneficio.
indicado,
J o processo do Mordomo da Casa Imperial fra
havia muito tempo, pelo prprio inventor, a vrios fazendeiros.
Fra o Dr. Saturnino o primeiro a se convencer da sua praticabilidade e convenincia assim como o primeiro que o puzera
estufa que alli
em pratica na sua fazenda de Campo Alegre.
construra, e da qual colhera ptimos resultados, no obstante
algumas faltas de propores, servira ao Conselheiro Paulo Barbosa para corrigir algmnas imperfeies e fabricar o apparelho
modelo em que fizera a experincia official.
Eram
encommendados, podiam
duvidas
das
Serviam suas estufas no s para o caf como para o enxugo do assucar. a mamona, arroz, feijo, milho, e todos os mais
productos exigindo secca ou para o aperfeioamento do producto
ou para evitarem o estrago do bicho. Cria o autor que pode-
DO CAF NO BRASIL
HISTORIA
109
teis
aos confeiteiros
articulista:
estes
apparelhos, que no
cem por
"Quando
quasi
cento
um
E'
problema que at os dias de hoje no teve
Em
re-
vaes do autor acerca dos inconvenientes dos processos adoptados para seccar o caf. Nesta memoria se mencionavam as estufas inventadas pelo Sr. Jacob Van Erven, quasi geralmente
adoptadas no municpio de Cantagallo e apresentava-se a descripo e o desenho de uma estufa da inveno do autor.
Com
Weinschenck considerava
publica
110
A F F o N S o
DE
E.
T A U
NA Y
CAPITULO XCII
Condies de longa salubridade das lavouras brasileiras de
Inimigos de quasi nuUo poder destruidor
caf
O caruncho do Padre Aguiar Palavras de Burlamaque em 1850
Os inimigos dos cafesaes conhecidos nesta data
I,ongos annos passou a lavoura cafeeira indemne de quaesquer pragas srias, muito embora houvessem os observadores verificado a presena de insectos nocivos devoradores dos gros
mas sem que fizessem realmente sensveis estragos.
Nas vizinhanas de 1840 a Sociedade Auxiliadora da Industria Nacional impressionara-se com a noticia do apparecimento de certo caruncho que atacava o caf conservado com a
casca e polpa de fra; consultara porm alta autoridade agronmica, o Padre Ferreira de Aguiar, divulgando a sua resposta
para que o publico se aproveitasse do que nella se dizia procurando evitar sria desgraa pois se a praga progredisse arruinaria sem duvida o melhor ramo da industria agrcola brasileira
Um
A F F O NS O
112
DE
E.
T A U
NA Y
se faria.
De tal caruncho cuja multiplicao no devia ser muito intensa no encontramos mais noticias na bibliographia
To sadias haviam sido sempre as lavouras do Brasil que,
tamente
um
verificava ainda,
revela
autor brasileiro
uma
circumstancia curiosa
seu cafezal
"Os
ratos
elles
cafeseiros,
comem com
avidez.
no
Em
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
113
E elle prprio, Burlamaque, se veria convocado para serno estado maior da campanha emprehendida pelo Governo
Imperial para combater e debellar a terrvel praga.
vir
CAPITULO
XCIII
Devastao
Em
1860 comearam os agricultores de caf de diffedo Brasil sobretudo da Provinda do Rio de Jaachavam in-
fins de
rentes tx)ntos
Um
cafeeiros.
em
Nomeou o
ceu immenso
1861
Ministro da Agricultura, Conselheiro Manuel
Felizardo de Souza e Mello uma commisso de sdentistas para
determinar e estudar-lhe a represso, composta do General Frederico Leopoldo Cesar Burlamaque, provecto naturalista. Drs.
Francisco Bonifacio de Abreu (Baro de Villa da Barra) Francisco Gabriel da Rocha Freire, professores de sdencias natu-
raes na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e Dr. Ezechiel Corra dos Santos, reputado pelos seus conhedmentos chimicos
Reinava ento verdadeiro pnico entre os cafeicultores que
viam aniquilado totalmente o seu valioso patrimnio.
At ento nunca houvera lavouras mais sadias do que as
do caf brasileiro. No se conhecia uma nica praga que real-
mente
a assolasse.
A FF O N S O
116
DE
E.
T A U
NA Y
estacionrio, talvez
zeiros
novavam com
facilidade e vigor.
satisfao
No
que as folhas
vira e
nem
se re-
tivera noti-
um
lar,
Levantando-se a epiderme superior destas via-se em baixoespao ou lacuna resultante da destruio do tecido celluque enchia as malhas da rede fibro-vascular o parenchyma
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
da folha. Encontrava-se quasi sempre ahi alojada, principalmente se no existisse ruptura ou fenda alguma na lamina epidrmica, uma larva branca ordinariamente viva, raras vezes morta e de grandeza que, sendo sem duvida proporcional s phasss
da sua vida variava de dimenso microscpica a tres ou quatro
linhas, sete a nove millimetros por baixo da lamina epidrmica,
observavam-se, alm das impresses dos utriculos cylindricos da
parle superior do parenchyma corpsculos granulosos escuros
;
lustrosos e como envernizados, do mesmo voiume. dispersos ou aconchegados, unidos por filamentos e dispotos em camada quasi continua, mas sempre adherentes ao lado
interno da epiderme; ao contrario na lamina epidrmica inferior
verificava-se a ausncia de corpsculos e somente adherente ao
lado interno delia a poro proeminente da rede fibro-va-scular
que lhe correspondia no fundo, de cujas malhas vasias se descobriam ainda as impresses dos estriculos inferiores do pa-
ou denegridos,
renohyma
Eram
estes os factos
ainda sem interpretao, colhidos no decurso da viagem, concernentes molstia actual dos cafezaes, que a commiso ao
chegar dava-se pressa em transmittir ao Governo, passando de-
duco da molstia.
Quanto, finalmente, aos meios de curar a molstia reinante
nos cafezeiros, era sempre difficil, achar para as grandes epidemias remdio completamente efficaz e pratico. A commisso
podia propor muitos, porm quasi todos sem applicao s extensas culturas dos cafezeiros e preenchendo as condies essenciaes de exequibilidade e inocuidade.
AFF ONS O
118
DE
E.
T A U
NA Y
O arrancamento das folhas muito atacadas e sua queiproximidade da colheita do caf facilitava muito esta
operao, que podia ser feita simultaneamente.
Repetio destas operaes muito amiudadas vezes at
4.
que o mal desapparecesse
extirpao das hervas inteis era operao sempre util
nos casos ordinrios, e por mais forte razo no actual. Comprehendia-se perfeitamente a convenincia de queimar estas matrias inteis e as folhas cahidas ou arrancadas, pois nellas residia a causa do mal.
Feita com cuidado, longe de nociva ao cafezeiro, tal operao lhe seria util no somente pelos gazes resultantes da combusto, como tambm pelas cinzas alcalinas que fertilisavam o
3.
ma.
terreno
sem as
porm
mens do
simultaneidade e perseverana.
em pouco
enviara ao Jornal do Commercio alguns extractos de certa Memoria sobre um insecto e um cogumello que
devastam os cafesaes das Antilhas, da lavra de dois entomologos
Apressou-se a commisso
ria
e verificou
ta!
Assim se classificava: Blachista coffeela, Nob. espcie vizinha de B. clerckella, L. e B. spartifoliella, Hub.
Vinha a descripo do insecto com esses pormenores minuciosssimos a que tanto precisam ser adstrictos os entomologos.
A envergadura das asas do infernal bichinho era apenas de
quatro a cinco e meio millimetros.
Assim se exprimiam os dois scientistas francezes acerca do
malfazejo hexapodo:
Este insecto uma pequenssima borboleta ou lepidoptero
pertencente familia das Nocturnas e tribu das Tineite ou Tinas. No se pde separal-a do gnero Blachistes, fundado pelo
entomologista allemo Treittschcke, e adoptado por Duponchel,
o sbio que melhor conhece os lepidopteros
Com effeito, a nossa borboleta offerece os caracteres principaes deste gnero, e, como todas as suas espcies, tem as palpas inferiores curtas, curvadas para a terra, as antennas filifor-
mes e mais
espessas
em
120
A F F O N S O
DE
E.
T A U
N A Y
sua lagarta,
Pertence igualmente a este gnero
ja etc.
porque Duponchel diz que todas aquellas que se conhecem so
mineiras, isto , furam galerias na espessura das folhas, das
quaes s comem o parenchyma, sem tocar nas duas epidermes
que lhes servem de abrigo etc.
Deste gnero s se conhecem as espcies europeas, todas
mui pequenas, como indica o seu nome genrico. Depois de ter
comparado a nossa a todas as que tm sido publicadas, reconhecemos, como era de jwever, que ella nova ou ainda no descripta, e ns lhe demos o nome 'Elachista do cafezeiro.
pela
de BDuber, approximando-se mais da ultima pelo seu pequeA distancia entre as pontas das asas apenas de 4
a 5 millimetros e meio. Sua cabea se acha coberta com uma
pequena cinta formada de escamas levantadas. Suas primeiras
asas so, por cima, de um branco argentio mui brilhante, com a
extremidade terminada por espcie de escamas allongadas que
formam um appendice um tanto erecto, variando de amarello
dourado, de branco e um negro azulado.
Na base desse appendice v-se uma mancha preta azulada
mui luzidia, com o centro prateado, posta na extremidade da
liella
no volume.
e desta mancha parte um pequeno trao obliquo amarelbordado de pontos pardos, que vo reunir-se na borda supeum pouco no meio dessa borda.
A franja parda e composta de pellos mui longos ligados
smente borda inferior e ao vrtice. As azas inferiores so
muito estreitas, terminadas em ponta, igualmente cobertas d
escamas prateadas, assim como as superiores e franjadas com
pellos pardos.
A cabea, as antenas, as palpas, o corselete, o
abdmen, as patas e a parte superior do corpo so inteiramente
cobertas de escamas prateadas, e smente a extremidade das cinco articulaes das tarsas posteriores que so pretas. A parte
inferior das asas pardacenta assim como a franja.
As escamas prateadas que cobrem as asas e o corpo, tem
formas mui variadas. As do dorso, do meio das asas, etc, so
pequenas, arrendondadas ou ovaes, mais ou menos dentadas na
extremidade as das bordas na direco da extremidade das asas
anteriores, so mais alongadas, assim como aquellas que formam
a mancha preta do extremo da asa, entre as quaes muitas so
manchadas de um negro azulado no fim.
Finalmente as mais longas formam o prolongamento exacta
situado acima da mancha preta; sua extremidade umas vezes amarella, outras vezes preta, como acontece s pequenas esasa,
lo,
rior
se fajou.
borboleta mui viva e agil, e voltija em todas as direces procurando executar o acto de fecundao v-se dar saltos
rpidos e seu vo sacudido a faz reconhecer, mesmo a certa dis;
tancia
biolgicas importantes.
em
abril.
climas quentes
vastaes
homem
que
sejam destrudos pelas ss foras da natureza, necesque se resigne a soffrer a perda de muitas colheitas, e
periodicamente, o que deve diminuir consideravelmente o
valor real das propriedades. Eis aqui os meios propostos por
lun de ns para diminuir o mesmo, para destruir a raa da borelles
srio
isto
AFFONSODEE.
122
T A U
NA Y
alcan<;aT este fim, indispensvel que todos os habientendam e operem simultaneamente, e o concurso da
autoridade local necessrio para assegurar a execuo das medidas adoptadas, porque sem isso toda a tentativa isolada seria
illusoria e sem resultado, pois que a plantao purgada de insectos
nocivos ficaria em breve infestada de novo pelas plantaes vi-
Para
tantes se
zinhas.
Os remdios
commisso
brasileira presidida
verno Imperial.
Facto at certo ponto exquisito o que a commisso no se
haja abalanado a identificar a borboletinha brasileira com a aiiEscrpulo exagerado? Receio de erro por deficincia
tilhana.
de conhecimentos entomologicos especialisados ? E' o que no
sabemos dizer.
Tambm
Em
Este receio sobresaltava os fazendeiros de caf. que procuravam, uns, terrenos virgens para comearem novas lavouras ao
passo que outros variavam de cultura, dando principio do algodoeiro.
elle se
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
123
Entendera o governo porm que no devia parar nos estudos comeados em matria de tanta importncia, e incumbira
sua prosecuo ao conselheiro Dr. Francisco Freire Allemo,
certamente um dos homens mais habihtados de que o paiz dispunha em conhecimentos especiaes acerca do grave assumpto.
O zelo do botnico illustre fazia esperar que seria proveitosa esta segunda investigao de to terrivel flagello arruinador da economia nacional.
CAPITULO XCIV
Esperanas desvanecidas de uma minorao do mal
relatrios de Freire Allemo
Os
Parecia declinar sensivelmente a molstia, ou o mal dos caGeralmente j se revestiam de folhas apresentando flo-
fezaes.
Constava porm ao Ministrio que desgraadamente tal esperana se no realizara que o bicho ou lagarta do caf continuava na sua marcha devastadora, j recrudescendo nos logares onde
parecia extincto, j atacando novas localidades.
A florada em
geral se mallograra sem as arvores haverem f ructi ficado
E a certeza de uma safra menos que regular succedera esperana de abundantssima colheita.
Infelizmente no Cear onde este mal era ainda desconhecique a presidncia no definira nem descrevera e parecia estar tambm causando estragos se bem que no
ainda
lhe
conhecesse
a extenso da gravidade.
se
Este estado de cousas aggravava quotidianamente a situao embaraosa dos lavradores de caf que j desesperavam de
fazer face aos compromissos tomados na confiana de colheitas
do, ajpparecera outro
mais regulares.
este facto resultado lgico da rotina dos lavradocalcularem todas as probabilidades, ou os azares de
uma empresa, embarcavam-se nella, confiados em futuras colheitas que a maior parte das vezes deixavam de realizar suas
Era ainda
res.
Sem
esperanas
A FF O N S O
126
DE
E.
T A U
NA Y
esperada.
As grande
plantaes haviam forosamente alterado as relaes atmosphericas de certas molstias dos vegetaes, assim como contribua
para o ajpparecmento das que accommettem ao homem.
degenerao da planta at ento nunca renovada, por seu lado n.^o
menos sob
influiria
os caieeiros
em
midades
Por outro
.
lado, o tratamento, que os lavradores costumadar aos cafezaes consistia na simples capina annual, no
permittia que corrigidos alguns desvios produzidos por condies atmosphericas, se pudesse estabelecer uma tal ou qual regularidade nas colheitas, base sobre a qual o lavrador estabele-
vam
cesse
prehendida por particular. Ante o que se conseguisse conhecer o mais conveniente processo a ser empregado no seu traamento, seria foroso passar por uma srie de experincias mallogradas, superiores s foras de um ou de outro lavrador.
Somente o Estado pois poderia por sua conta emprehender
a soluo do problema, cujas despesas seriam facilmente saldadas logo depois pelo augmento da produco, e portanto da riqueza publica.
creao de uma fazenda modelo, onde se ensaiassem todos os processos adequados boa cultura do caf, e ainda dos
mtros gneros de lavoura, parecia de premente necessidade, se
se no quizesse ver decadente a lavoura nacional.
conselheiro Dr. Francisco Freire Allemo, dando conta
da sua commisso, tratava a matria com a maestria digna desse
A
O
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
127
Occupado com tima misso sr.ientifica no Norte do Imprio no pudera o illustre botnico de
promptc acudir com as suas luzes para o estudo do gvaviisinio
problema. Chegado ao Rio de Janeiro havia-o o Governo Imperial encarregado de examinar o momentosissimo problema.
to illustrado naturalista.
palavra
lhe confiara
mesmo
Era o plano da sua viagem, conforme alis o intento do Mipercorrer, quando no todas seno a maior parte das
fazendas de caf da provncia do Rio de Janeiro.
Fra porm, contrariado, pelas dirias e copiosas chuvas sobrevindas que haviam arruinado os caminhos ao ponto de ficar
nistro,
principaes
em muitos
pontos cortadas as passagens e o transito geral penoVira-se assim forado a restringir o seu gyro,
visitand' apenas pequena parte dos municpios da Parahyba do
Vassouras.
Pirahy, Barra JTansa e S
Sul, Valena,
Joo do
Prncipe.
Verdade que, vista uma parte pudera ajuizar do
resto, pois o mal era o mesmo variando somente quanto inse e arriscado.
tensidade
Na exposio a que ia fazer teria de necessariamente, reproduzir idas e asseres j emittidas, quer no relatrio da primeira commisso nomeada para o estudo da praga, quer em memorias e artigos publicados nos dirios. Mas em assumptos de
ta) natureza no havia mal em se insistir e repisar.
molstia que affliga a lavoura brasileira de caf era pelo
consenso de quasi todos os fazendeiros, antiga. A's manchas
das oihas, cuja origem se no investigara ainda porque at ento no davam cuidado, denominavam-nas os lavradores ferrugem. Existia mesmo a tradio de que no municpio da Barra
Mansa, ou de S Joo do Prncipe houvera cerca de trinta annos
antes o desenvolvimento deste mal, causando idnticos effeito?
aos de hoje fra comtudo limitado e passageiro. Deinais a actual
manifestao, ao mesmo tempo e por to vasta extenso, denunciava a preexistncia de seu grmen em toda a parte, isto .
da pequena borboleta que o produzia e sobre cuja historia e determinao zoolgica o nosso grande botnico se reportava inteiramente ao que dissera a primeira commisso e memoria da
lavra de Guern-Mneville e Perrottet, por quanto era sem duvida alguma o lepidoptero brasileiro o mesmo insecto que fizera
128
AFFONSODEE. TAUNAY
tinham soffrido.
Convinha j observar que sem razo se attribuira a quebra
da safra no anno anterior aos estragos do mal. Havendo sido a
colheita de 1860 uma das mais abundantes devia-se esperar a do
seguinte muito menor.
E isto acontecera sem que para tanto
concorresse o apparecimento do bicho, pois que tal succedera
quando j toda a florada desse anno estava vingada. Em fins
do anno de 1860 as folhas dos cafezeiros entraram a soffrer
em maro e abril de 1861 mostravam-se muito manchadas, encarquilhadas e principiando a cahir.
Em maio e junho quasi
todas as arvores estavam despidas a carga das lavouras porm,
quanta existia crescera e amadurecera. Esta perda das folhas
coincidindo quasi com a sua queda natural, ou apenas apressando-a, .pouco ou nada podia of fender aos cafezeiros. Em setembro, poca da renovao das folhas, houvera grande recrudescncia do mal as folhas novas tinham sido destrudas, houvera cafezeiros que se reenfolharam tres e quatro vezes isto no s consumira grande parte da seiva, como retardara a inflorescencia
desse anno, produzindo grande quantidade de flores estreis, causada escassez da safra do anno de 1862.
;
"Ouando ultimamente
visitei
re Allemo, correndo os mezes de maro e abril achei-os, geralmente revestidos e com apparencia de vigor, bem que com quasi
todas as folhas mais ou menos tocadas do bicho. (Algumas que
vi despidas e de triste aspecto eram cafezaes velhos, mal cultiNotei porm muito
vados ou destrudos pela formiga sava)
pouca fructa. Todavia, a julgar pelo que presenciei, e pelas informaes que colhi, a safra deste anno nesses lugares no dever ficar muito abaixo da do precedente.
Sobre o que ter de acontecer no anno que vem (1863),
ainda infelizmente no possvel firmar juizo nem ficar-se de
todo tranquillo, bem que tudo presagie grande melhoramento".
.
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
129-
Em
segundo communicado ao Conselheiro Manuel Felizardo de Souza e Mello relatava o nosso nctavel botnico uma.
serie de particularidades ainda.
Inqueridos os fazendeiros sobre o estado de seus cafezaes
em 1861, e no segundo trimestre, uns lhe haviam dito que os de
agora haviam feito differena para melhor, e do numero das.
borboletas que no anno anterior se levantavam em nuvens dos.
cafezeiros quando sacudidos. Assim se achavam animados. Outros, porm, se mostravam ainda aterrados e receiando o anni-quilamento de suas lavouras.
A estes procurava o eminente
botnico animar como pudera e o fizera com sinceridade; porentendia
que
mal
era
passageiro,
que
o
como fra este e outros ^
anlogos em diversos tempos e lugares. No queria dizer quedesapparecesse logo mas era de esperar que decrescesse at chegar ao seu estado ordinrio e innocuo
E se no anno que ia correndo no houvesse grande recrudescncia, no tempo, do renovoe das flores, a colheita prxima seria muito boa.
.
que o vencero.
remdio est
em
grande
.parte
em
suas mos.
dispendiosos
A F F O
130
S O
DE
E.
T A U
NA Y
Uma das primeiras necessidades era reduzirem as plantaes s propores dos braos activos de que pudessem dispor.
Havia nisto economia de terras e de trabalho, e maior rendimenIsto constituia verdade de primeira intuio;
to proporcional.
mas parecia desconhecida.
'Convinha ainda que no estivessem adstrictas a monoculAs culturas combinadas traziam comsigo grande vantacom ellas se aproveitavam
gens auxiliavam-nas mutuamente
tura.
do archote.
Tal estudo, creio
la
eu,
bem o pode
vincia
Sem
onde primeiro
iFelizmente no havia ainda morrido em parte alguma o premas enfraquecido pela repetida queda das folhas,
cioso arbusto;
em
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
131
"Muito diminuta dever ser portMito a prxima futura coAinda se no pde calcular exactamente a sua exiguilheita.
dade mas alguns fazendeiros e algumas camars municipaes, que
tenho consultado, reduzem uns metade, outros quinta ou
sexta parte, outros finalmente decima parte da precedente!"
;
"So muito communs as alternativas de ms colheitas encomo noutros paizes, onde os trabalhos da lavoura so
preparam e amanham as terras com
tre ns,
mais
arte, e
mais cuidado".
Os
prejuzos que por taes causas tenham soffrido os fazendeiros de caf, e o receio de perderem inteiramente a nica
em que haviam empregado a maior parte dos seus caos induzira a procurar recursos ou nos meios de extinguir, ou evitar o mal dos cafeeiros ou na adopo de outros gneros de agricultura.
Uns persuadidos de que o mal provinha do enfraquecimento das terras, ou da degenerao da planta, procuravam terrenos virgens, e sementes novas para plantarem novos cafezaes,
outros adstrictos s poucas e j exploradas terras, que possuam
ou confiando na espontnea cessao do mal, comeavam entretanto a variar de cultura, e plantando principalmente o algodo,
servindo-se das sementes, que o governo imperial distribuir.
industria
pites,
A FF O NSO D E
132
E.
T A U
NA Y
tonio
trio
CAPITULO XCV
Ainda os estragos causados pela "Elachistes
lavouras brasileiras
coffeela" nas
do Vice-Presidente
minense Commendador Jos Nogueira dos Santos
relatrio
flu-
Falando do flagello dos cafezaes informava o Vice-Presidente da Provncia do Rio de Janeiro, Jos Norberto dos Santos,
aos legisladores provinciaes, a 8 de setembro de 1862, que os
dados ministrados em sua mensagem se baseavam nas informaes provenientes da exigncia do recem-creado Ministrio da
Agricultura. Obtivera-as de alguns fazendeiros importantes da
Podia o seu governo nutrir a lisongeira esperana
Provncia.
de que, se novas causas no apparecessem, seria pelo menos soffrivel a colheita de caf fluminense no vindouro exerccio financeiro
assim succederia.
Alguns fazendeiros, receiosos de que o mal lhes anniquilasse completamente os cafezaes, tinham lanado mo, segundo esclarecimentos ministrados ao Governo, do plantio do algodoeiro,
animados igtialmente pelo valor que esse producto poderia vir a
ter no mercado, em consequncia das dissenes ainda subsistenEstados da Unio Americana.
Poucos os que assim procederam comtudo. Cumpria acorooar to util alvitre nem o governo imperial, nem o provincial
para tanto deviam poupar esforos.
Em Cantagallo o estado das lavouras cafeeiras era muito
lisongeiro.
Acreditavam os lavradores que, ajudados pela optites entre os
A FF O N SO DE
134
E.
A UNA Y
ma
Embora
Em
em
se viosas e florescentes
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
se
esta-
Os
com esmero a
comtudo per-
Em Araruama duas causas concorriam para o mal dos cafezaes, segundo a cinio de esclarecido fazendeiro local, o mau
systema da cultura e a irregularidade das estaes.
No obstante taes circumstancias o estado actual dos cafezaes no era inteiramente desanimador e antes promettia soffrivel produco.
Tambm alli alguns lavradores, receiosos da continuao do
mal, se tinham preca\do com o plantio de sementes de algodo
herbceo, contando com mais larga plantao no anno vindouro.
Mas no haviam deixado de cultivar o caf com o mesmo interesse, nelle depositando em geral as esperanas de lucro.
Era opinio do fazendeiro informante que conviria mandar
novas mudas de cafeeiros, acompanhados de memorias explicativas de sua plantao e cultura afim de serem distribudas
pelos lavradores, evitando-se assim que viesse a decahir a principal fonte de riqueza da provinda, como j acontecera com
as plantas da catma crioula e de Gayenna, cuja cultura se achava
vir
quasi extincta.
Em
Em
sem
tanto fruto.
como
os outros, des-
A FF O NS O
136
Na
DE
E.
Pedro e S
T A U
NA Y
Paulo do Ribeiro das Lages a enfermidade do caf se desenvolvera com maior intensidade do que no resto do Municipio no se fazendo sentir na freguezia de Conceio do Bananal
f reguezia
de S
D.
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
137
importante fazendeiro do municipio de S. Fidlis, Francisco Ribeiro de Castro, a quem ouvira o Presidente, informara
em carta official que, segundo observao prpria, sendo to
abundante como fra a colheita de 1860, a ponto de exceder
previso de todos os fazendeiros, no era de estranhar que esta
causa, como outrora j ahs se dera nos tres annos posteriores
ao de 1843, coincidisse com os estragos produzidos nas plantas
esgotadas pelas damninhas borboletas cuja infestao fra em
modo pelo qual era colhido o caf pelos esgrande escala.
cravos, arrancados de envolta com os frutos, parte, ou toda a
O mesmo
illustre
mento da planta a
truidor.
praga
fazendeiro,
facilidade
em
attribuia
com que
AFFONSODEE.
138
T A U
NA Y
Uma objeco talvez algum a suscitasse se todos plantassem algodo, ficaria este depreciado. Este argumento cahiria por si mesmo quando se soubesse que s a Inglaterra importava todos os annos dos Estados Unidos para as suas fabricas
quinhentos milhes de saccas. no se falando nas fabricas da
Frana, Hollanda, Blgica e de toda a Allemanha, que consomiam immensa matria prima.
:
bastaria
cincoenta milhes de saccas, isto a decima parte do que os Estados Unidos exportassem para a Inglaterra. Vendido este al-
godo a 8$ por arroba entrariam para o Brasil quatrocentos miS a provincia do Rio de Janeiro, com a
lhes de cruzados.
fora que tinha, podia expxDrtar cinco milhes de arrobas e receber do estrangeiro quarenta mil contos, isto , vendido o algodo a 8$ooo e no a io$oco e a mais, como se vendera na praa
Quando
do caf?
Na
em
em Juiz de Fra.
observar a terrvel borIjoletinha que tanto praguejava os cafezaes brasileiros desde 1860.
Fra o municpios de Juiz de Fra especialmente flagellado pelo
malfico lepidoptero. Annotou Mme. Agassiz em seu Dirio:
sua estada
procurou Agassiz,
com o maior
afinco,
"A 9 de Julho: "Mr. Agassiz desde algum tempo empenhava-se por encontrar os insectos que largos estragos fazem
aos cafezaes. Trata-se de larva muito pequena, no gnero da
que destroe os vinhedos na Europa. Hontem conseguiu enconum certo numero, sendo que uma estava fiando o casulo
na superfcie da folha sobre qual vivia. Examinamos longamente com uma lente o modo pelo qual constroe sua delicada
moradia. Dispe os fios concentricamente de modo a proteger
o pequeno espao que lhe servir de abrigo. O frgil e leve
tecto parecia terminado no momento em que o examinmos.
lagartinha estava occupada em puxar a seda para a frente e a
fixal-a a pouca distancia para prender deste modo o ninho
folha. A extrema delicadeza de tal trabalho surprehendente.
A larva fica com a bocca e o corpo vergado para traz afim de
dar o mesmo nivel a cada fio novo; repete a operao para a
frente, alinhando o seu tecido com rapidez e preciso que uma
machina difficilmente attingir!
trar
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
139
vio.
SEXTA PARTE
Regime
das
Fazendas.
Caractersticas Sociolgicas
CAPITULO XCVI
Os
pri-
Sob o mesmo
titulo
acompanhado dos
seguintes sub-titulos
A FF O N S O
144
DE
E.
T A U
NA Y
ram creadas
pela
'Desta carta se diz que publicao corrigida e consideravelmente augmentada tendo sido gravada no Rio de Janeiro na
Lithographia Imperial de Vr. Lare. Sob o ponto de vista de
exactido geographica evidente primeira vista que este mappa deixa notavelmente a desejar. Mas se considerarmos os dados relativos ao povoamento contem indicaes preciosas. Assim nos menciona j a zona de grandes distritos cafeeiros a.
existncia de Dores do Parahy e Amparo da Barra Mansa, Rio
Bonito de Valena, Arrozal, Sumidouro, So Jos do Rio Preto, Santo Antonio de Pdua.
officiaJ.
"A
Rectificando
L'Ille
Adam
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
145
Na
official era
"As
leitores
com as da Europa".
850 contava a provncia fluminense sete comarcas as
de Rezende, Angra dos Reis, Vassouras, Cantagallo, Campos,
podem
rivalisar
Em
Ma-
cah, Paraty.
Em
Caaria.
AFFONSO DE
146
E.
TAUNAY
Sebastio
carta.
trictos celebres
sde do municpio em 1820, vira-se treze annos mais cedo suj>plantado por sua feliz concorrente Vassouras
So Sebastio de Ferreiros, no emtanto to rico em caf,
no o vemos mencionado no nosso mappa. Cantagallo, a antiga
frequezia do Santssimo Sacramento, creada em 1766, villa de
1814 j era ento centro de enorme cafeicultura. Seu municpio
comprehenda muito maior superfcie do que a de hoje.
Assim Carmo, Sumidouro, Duas Barras, Bom Jardim, Santa
Maria Magdalena, So Francisco de Paula, sahiram de seu territrio.
ma,ppa de L'llle Adam destaca no territrio cantagallense Carmo do Monte, hoje Carmo, Sumidouro, Porto Velho do Cunha, Santa Rita, Tapera, hoje Duas Barras, curato
em 1836.
Na zona cafeeira do enorme municipio de Campos menciona o mappa S. Fidlis, misso de capuchinhos j em 1770
entre os purys; S. Antonio de Pdua, capella de ndios coroados, freguezia de 1819, Aldeia de Pedra misso de Purys em
1807 mais tarde S. Jos de Leonissa (1824) freguezia em 1850
e hoje Itaocara. desde 1890.
Durante as primeiras dcadas, de acclimao no Brasil, vivendo como em estado larvar, passara a lavoura cafeeira a assumir importncia absolutamente notvel, a partir, mais ou menos,
de 1815. E o caf faria o surto do novo Imp)erio como conti-
nua a
do BTasil republicano.
paiz de estatsticas falhas como o nosso ou notavel-
ser o esteio
Num
mente
ficil
deficientes, sobretudo
I8I7
I8I8
I8I9
1820
Mons. Pi.
Spi.r e
zorro
Martins
318.932
371-345
269.574
539.000
298.999
348.135
252.725
I82I
1822
Costa
Santos
319-930
371 -2^5
366.570
487.500
526.930
760.240
Calgeras
371.072
71.072
268.767
465-945
526.934
759-957
Como vemos estas divergncias a principio accentuadas niostram-se mais tarde pequenas.
Em seu artigo os transportes martimos do caf e as correncompensadoras, diz o Dr. Hildebrando de Araujo Ges que
a exportao brasileira attingiu no periodo de 1800 a .1825 a
um total de 1. 159. 724 saccas de 60 kilos ou sejam 69.583.440
tes
kilos
Esta cifra baixa. S o Rio de Janeiro de 1817 a 1822 exportou entre oitenta e cinco e oitenta e seis milhes de kilos. O
engano do distincto autor provem do facto de que elle calculou
a sacca a quatro arrobas quando nos tempos antigos ella pesava
cinco
cem milhes de
mar
vista
DE
A FF O NS O
148
E.
T A U
NA Y
Sob o ponto de
as grandes directrizes de sua irradiao.
da divergncia histrica dos rumos principaes das culturas
O caminho de leste acompanha o fluir do Parahyba occupando as terras do seu valle, Barra Mansa abaixo, a encontrar a
segunda entrada de penetrao das lavouras, via o valle de rio
O
S Anna as terras de "Tassouras e as da Parahyba do Sul
encontro se d na Barra do Pirahy e o avano do sector vassouattingir,
alm
Rio
Preto,
as terrense se faz por Valena para
ras mineiras. Assim tambm via Parahyba o cafezal entrar pelo
valle do Parahybuna a dentro demandando a zona juiz-de-forense. As terras de onde as aguas vertem em affluencia e confluncia para o Parahyba, na Matta de Minas e na margem fluminense enchem-se de cafezaes. Faz-se a junco com as lavouras que haviam avanado partindo da costa, de S
Gonalo
seguindo a linha de penetrao que demandava as terras de Cantagallo e da Aldeia da Pedra (Itaocara) e mais tarde de Cambucy e S. Fidlis.
.
Areias,
cie
tante de todas.
Corroborando o nosso ponto de .vista escreve Oliveira Vianna em sua memoria Hegemonia do Valle do Parahyba no Segundo Imprio
Em
elle.
1810, j Rezende substitua as suas antigas
lavouras pela nova cultura.
xito da eJperiencia rezendense
desenvolvera a cobia dos colonizadores. Todas as florestas do
valle do Parahyba e das suas encostas comeavam a ser atacadas
com impetuosidade.
foco rezendense alargara com rapidez
por todo
a sua rea de contagio. O cafeeiro distendeu-se em todas as direces, tendo como eixo de expanso o valle do Parahyba.
Caminhando atravez delle, para o occidente, invadiu S. Paulo e,
para o oriente, desceu at Parahyba do Sul".
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
149
fco da baixada
o de So Gonalo
teve uma irradiao menos rpida e menos sensivel mas foi elle que contagiou as terras da baixada oriental e, diffundindo-se pela terra
acima, constituiu em Cantagallo novo e poderosssimo fco de
:
irradiao.
bem coordenada, sobre os principaes obque interessam a administrao publica de qualquer paiz,'
legislao para melhoramento do
corpo social, para a preveno de males que tendem repetio,
para ajuizar do progresso ou decadncia de todos os ramos que
formam a actividade nacional, e por isto ser\'ir-nos-ho os qviadros sobre a exportao, para demonstrar que real o progresso da produco do caf no Brasil, desde que ahi se estabeleceu
Nunca se procurou conhecer o consumo local, e si
a cultura.
aconteceu o contrario, addiccionando esse exportao geral, e
existncia interna em deposito, teramos ao menos uma ideia
approximada da produco total de cada anno".
A estas consideraes se segue um quadro de exportao
do caf brasileiro de 1800 a 1876 em que os dados realmente de
valia se referem ao perodo de 1817 a 1876.
iNada soube Porto Alegre das particularidades do commercio da rubiacea nos primeiros annos do sculo escrevendo verdadeiros absurdos a tal respeito como este de admittir que foi
de 13 saccas em 1800, 12 e 1812 e 17 em 1813! a exportao.
Nem sequer se deteve na considerao do que de 17 em
1813 para 66.985 quatro annos mais tarde a progresso era a
mais inacceitave!
O nosso sculo XIX foi o do caf, escusado repetil-o. Foi
a rubiacea que abriu civilizao as terras altas fluminenses.
tematica, detalhada e
jectos
A FF O NS O DE
160
Ao
E.
T A U
NA Y
da
rea grande de floresta densa ainda cheia de ndios
E a no ser as pequenas abertas de adeiolas de catechese como
S. Fidlis, a Pedra, hoje Itaocara, etc, s havia as picadas que
punham em communicao os districtos auri feros mineiros com
baixada
uma
o littoral.
Toda a civilizao, a incipiente civilizao se concentrava
a beira-mar nas terras da baixada onde se plantava a canna,
de escassa produco.
Serra acima o serto bruto, coberto de mattas, onde se pintalgavam aldeiolas miserveis de meia dzia de casebres, como
Parahyba Nova. Campo Alegre (Rezende), ou os pousos de
que os primeiros viajantes estrangeiros nos falam como completamente destitudos de conforto seno de recursos. O grande
inimigo do colonizador na Baixada foi sempre o pntano gerador da malria, imperando soberanamente no centro da capital fluminense, da capital brasileira com as suas terrveis manifestaes do accesso pernicioso e das poiynevrites
Em seu precioso artigo "Distribuio geographica do cafeeiro no Estado do Rio "realiza Oliveira Vianna um retrospecto
desta lucta contra a pal como para a cultura do cafeeiro, a irradiao colonizadora se fazia atravez as plancies da Baixada
e das margens campinosas do Parahyba, o grande inimigo do colonizador era o pntano; foi este o grande obstculo que elle
teve que vencer. E fel-o com bravura histrica, de que nos do
conta os documentos coloniaes.
De facto, em toda parte onde encontra o brejal, a laga. a
leziria empantanada e mephitica, o nosso primitivo desbravador
no refoge delia; enfrenta-a. combarte-a, vence-a; nos campos do
Iguassu nos vales do Macab e do Macah na plancie Goitac; nos sertes do Muriah e do Pomba.
O latifundirio fluminense do sculo XVIII era, antes de
tudo, um "senhor de engenho", isto , plantador de cannaviaes
e fabricador de assucares
de modo que foi justamente o deter;
DO CAF NO BRASIL
HISTORIA
151
Liberto das emanaes das lagunas, defendido por drenagens sbias contra o perigo das cheias e das innundaes, o nosso latifundirio
nios
ir
da grande
geria
aborgene.
Fixou-se,
prosperou.
Organizou-se
econo-
micamente"
Quer-nos parecer que neste quadro ha certo exagero de nosso illustre socilogo. Pouco poderia fazer aquella populao reduzidissima de meia dzia de dezenas de milhares de almas, esparsa sobre to larga rea. Os trabalhos de drenagem representam-se nas immediaes relativas do Rio de Janeiro sobretudo pelas obras dos jesutas em Santa Cruz, com o seu celebre
vallo do Giiand, os servios dos benedictnos em torno de Jacarpagu nas suas fazendas histricas, hauridas de legados seiscentistas de D. Victoria de S, mulher do famoso capito general do Paraguay Dom Luis de Cespedes Xeria, o grande inimigO'
dos jesutas.
.
Estes servios executados em Vargem Grande, Vargem Pevivssima vequena. S. Bento, eram por vezes abandonados.
getao aqutica tropical tudo dominava, represavam-se as aguas
reempantanavam
Bem expressivo o que conta o Dietario do Mosteiro de
Bento
do
Rio
de Janeiro quando nos fala que Frei Gaspar
S.
da Madre de Deus, abbade em 1763, teve de reabrir vallos e
enxugar pntanos, despejados na Lagoa do Camocim tudo "
vista da grande despeza e maior trabalho de ndios". Trabalho
cela va sans dire
e consumio de vidas
Bem sabemos o que representou o aterro do nosso lindo
Passeio Publico actual, executado por ordem de Luiz de Vase as terras se
concellos
A FF O NSO
1152
desagiiando na Guanabara.
su a isto se limitavam.
Havendo
DE
Os
E.
T A
U N A Y
prprios benedictinos
em
Iguas-
em ponto menos flagellado pela malria e a ulda matta virgem. Era preciso queimar o solo para peradaptao
do homem.
a
cultor collocar-se
cera
niittir
bem
E'
expressivo o que
em
1785 a
tal
respeito escrevia
Manuel Martins do Couto Reys em sua "Descripo geographica, politica e corographica do Districto dos Campos Goytacazes".
"Os
sertes
do Muriah, foram
em
arvoredos de que
se
fi-
depois
que os engenheiros americanos realizaram verdado solo por meio de grandes jactos de petrleo
deira calcinao
No
chammas.
em
seu
Chagas Lima.
DO CAF NO BRASIL
HISTORIA
zao era representada pelos pequenos ncleos missionrios capuchinhos de S. Fidlis q da Aldeia da Pedra.
e5ta vasta superficie expressivamente chama o futuro
Tenente General Couto Reys o Deserto das Moutanlias
Escreve Oliveira Vianna:
"O
advento da cultura do cafeeiro no sculo XIX vem moOs grandes macissos florestaes
uma
"O
rgenes
que
uma
e
influencia decisiva
tivesse
ridionaes"
Em
Em
excepcionaes
A F F O
154
S O
DE
E.
T A U
NA Y
Continuou a plancie campista a ser a representante do velho cyclo assucareiro j quasi bicentenrio desde que as terras
feracissimas da regio alluvial haviam sido arroteadas para se-
em
Na Baixada, os grandes domnios ruraes, que sempre gravitavam em torno da cultura da cana e da fabricao de assucar e
da aguardente, passaram desde ento tambm a incluir, no quadro das suas produces, o caf, a titulo de cultura complementar.
Nos melados do sculo XIX, pode-se dizer que, excepto
as regies das lezrias campistas, todo o restante territrio fluminente produzia caf, mesmo nas zonas menos climtica e economicamente propicias sua cultura. De Angra a Cabo Frio,
passando por Itaguay, Iguassu, Mangaratiba, Estella, Macac,
Maca, Rio Bonito, Saquarema, Capivari, Itaboray, Araruama,
Maric
por toda a vasta planicie da Baixada, pequenas e
grandes cafeeiras appareciam cobrindo as encostas e morraria dos
domnios
Nestas zonas, porm, o caf ficou sendo sempre uma cultura complementar; a cultura dominante era, na quas generarir
dade das fazendas, a cultura da cana de assucar
e o typo do
"engenho de cana", apezar da cultura do cafeeiro e da organizao technica correspondente, permanecia, durante mesmo o perodo ureo do caf, como o typo das organizaes agrcolas da
Baixada
e,
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
155
e florescer.
Qui talvez apenas no resista glacialidade dos ventos riograndenses e ao sopro de outras correntes dos mais altos stios
Mas ahi excepcionalmente. No devemos comtudo
deixar de considerar que a rea da disperso no se superpe de
todo a da productividade remuneradora. Bem sabemos que superfcies fluminenses, paulistas, mineiras, que tinham tal predicado, perderam-no por completo.
comj>ensao outras, como por exemplo, o extremo oeste
de S Paulo e o norte de Paran, onde a geada provocava o aniquilamento das plantaes, so hoje as admirveis contribuidoras
do avolumamento da exportao brasileira.
Foi um complexo de circumstancias de ordem econmica
que limitou o cafezal fluminense s terras altas sobretudo, depois de algum tempo de experincia, devido ao justssimo temor
de devastao dos cafezaes e de seu aniquilamento pela terrivel
hemileia, arrazadora da lavoura paulista littoranea de S. Sebasbrasileiros.
Em
.
tio e
Ubatuba.
CAPm~ c xcvn
II
a^rmt~TS
Krs a
-Ti^n
(fede
perai2id'
T^trrn
r::
^?Tntn
hi
^iClr
j:=r:3trFT
OIEI
Tft
do
do ooco
sTTraA-noiTa.
feirio
^H j;j
-^'Vi
^^ri^TTT diaTC!
Tj^yi-s
forte. e:
a.
de
323EEL
esE
vigoroso
jt-tj-^
sigcrnas
<^tf7yiiia^
ce kSonserDS
EjBg3ii2.-SE
art}or2ri>3
p
ro"
"
de
Ci-
podia, o
dos
cssceilos.
A FF O N S O
158
DE
E.
A UNA Y
dos ou de gamos os meus guias gritavam "eis a Nobreza" aJludindo as devastaes que estes animaes faziam em suas terras."
Aos desgraados camponezes no se permittia cercarem as
lavouras para as proteger. At, nas hortas, eram obrigatrios
grandes buracos na base dos muros para por elles poderem pas!
No
"
.
meio
Bem
recebido,
mas
logo depois reproduziam-se as mesmas scenas. Era as roas agora devastadas em. maior escala.
Desesperada, cansada da violncia que agora enxergava pro-
posital,
sores.
via-se o
a victima da prepotncia matava um dos animaes invaEra o que o vizinho poderoso queria. Dentro em breve
pobre diabo escurraado para no lhe acontecer coisa
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
159
roso
mem
"Pavoroso exemplo
de Castro.
Teve
foi
em 1850
thea.tro
sitio
de Anacleto
lento landlord.
com
as
Novos
ram correr
as mesmas
pilotos,
as linhas
da
politica.
um
falleceu
na cadeia
cesses.
refere
illustre
"Haviam
o de
caf,
feito,
pelas
nas terras de
um
A FF O N S O
160
DE
E.
T A
falta
U NA Y
de probidade, achan-
E asseguraram-se
duzentos mil ris, antes que produzissem.
que nesse mesmo anno o comprador ou o prprio Loureiro que
em
Commentando o modo
turalista:
"Nada
famlias
Era
quenos
preciso
lotes, esta
161
Raramente lhe recusada tal licena mas como pode ser cassada de um momento para outro, por capricho ou interesse, os que
cultivam terreno alheio e chamam-se aggregados, s plantam
gros- cuja colheita pode ser feita em poucos mezes, taes como
o milho e feijo: no fazem plantaes que s produzam ao cabo
de longo tempo como o caf."
Eloy de Andrade
em
1910:
"O
viandante que percorre hoje o Estado do Rio de Janeiro alm da Serra do Mar, vendo margem dos grandes rios
o Parahyba, o Parahybuna, o Rio Preto, etc, fazendas em
abandono, casas apalanadas, palcios em ruinas, s existindo s
vezes montes de pedras e calia no pode imaginar o que eram
vida ruos grandes centros agrcolas outrora ali florescentes
morosa dos terreiros, o perfume dos jardins, o aroma capitoso
das fructas dos pomares Tudo desappareceu
Os immensos
Um
Fra o negro africano o factor por excellencia do povoamento daquella zona convertida num semi-deserto.
sua terra.
Ia geralmente testa de algims homens livres e muitos escravos
!
Fundada a fazenda,
direito
de
vida e morte.
No executava rapidamente a sua victima se assim entendesse, mas podia tortural-a dia a dia at a morte.
Era aquelle ente uma propriedade como qualquer outra,
diziam os escravocratas, delle podia a dono dispor a seu talante.
At homens
illustrados assim
pensavam.
de trabalho.
11
AFFONSODEE. TAUNAY
162
Brasil
Como comearam
minense?
Demarcada a sesmaria, percorriam a matta virgem, procurando o centro da futura fazenda. Tinham preferencia pelas
margens dos rios e em sua falta pelas dos ribeires. Derribavam ento vinte ou trinta alqueires no ponto escolhido.
Esperavam Agosto. Com a queimada, aplanada pelas primeiras chuvas da primavera, atacavam-se as primeiras obras.
Comeavam os fazendeiros por construir grande rancho, coberto de sap, e nelle se installavam. Alguns, mais tarde e j
sobremodo enriquecidos pelos lucros das safras, piedosamente
conservavam a primitiva sde de seu campo de labuta e de opulentamento. Assim, ,por exemplo ainda em 1869 succedia com
o Capito Domingos Ribeiro, senhor da enorme fazenda da
Loanda, para quem a conserva de seu velho rancho era um. noli
me
iangere.
"Foram cruis os primeiros annos, ouviu Eloy de Andramuitas vezes, declararem alguns dos ltimos sobreviventes
dessas idades hericas.
Dias de contrariedades, molstias, esde,
alternando
163
com
innundaes, a morte de
varies dos melhores escravos, a fuga de outros.
S a resignao, a inaltervel doura, a meiguice da esposa, da corajosa companheira podia confortal-os
Sempre alheia,
.
ajudantes
em 1828
em
5. J21
"Na
a alegria,
poca da
moagem
era
uma
Quando terminava
caldeiras
vigilias.
em
dias
que ameaassem chuva. Dias depois o cannavial rebentava cmquanto os morros vizinhos, vestidos de soberbas lavouras coperfubriam-se com o branco lenol das flores do cafeeiro.
me estonteante embriagava o lavrador. E' que ao odor da flor
do cafeeiro casava-se o perfume da flor da laranjeira e do limoeiro
vida agrcola corria assim tranquilla e o fazendeiro prosperava
Ainda em 1838 o honrado velho Baro de Santa Justa
commerciava em tropas, em 1872 morreria dono das fazendas de
Santa Anna, So Fidlis, Santa Justa, Monte Christo, Ribeiro
Monte Alegre.
Um
AFFONSODEE.
164
T A U
NA Y
do que
tes e
fazendas
Mas, s depois da vinda de D. Joo VI comeou a alargar-se a rea cultivada e foram-se formando os grandes centros
cafeeiros.
Na antiga comarca da Parahyba j em 1838 sob a
Regncia, a fazenda da Boa Vista occupava logar destacado entre as maiores propriedades ruraes.
Era seu proprietrio o Capito Luiz Gomes de Avellar tio do Baro de Capivary (17911863), descendente de uma das familias mais nobres de Portugal emigrada no sculo XVIII.
Os domnios territoriaes de Luiz Gomes eram to vastos
que por sua morte nelles se estabeleceram filhos e genros for-
cs
era grande influencia politica, naquellas regies e na circumscripo fluminense, havendo sido o mais votado na lista sextupla para senadores do Imprio pela Provncia do Rio de Janeiro, lista de que faziam parte Francisco Octaviano e o venerando-
Em
Quando
Andrade, ostentava
viajava ia sempre
e pistola das en-
HISTORIA
de
DO CAF NO BRASIL
em
es,
1840, mantivera com a gente da Boa Vista intimas relaouviu o autor a quem vimos acompanhando, uma anecdota
Gomes Ribeiro de Avellar bem typica do feitio
acerca de Luiz
Ante
que concorria para a grandeza sempre crescente da provincia do Rio de Janeiro, recorda Eloy de Andrade, vinha a
ser a abundncia do escravo, da machina de trabalho.
At 1851 eram os comboios totalmente compostos de africanos.
Embora houvesse um
tribunal
funccionando permanente-
mente na Serra Lea para julgar as presas inglezas, isto , os navios negreiros, mandando-se ali mesmo e summariamente, enforcar os capites-bandeirantes e declarando-se livres os africanos
apprehendidos, continuava o contrabando cada vez mais rendoso alis.
Depois de 1852 occorreu sria parada no transito dos comCessara totalmente o trafico, aps o enforcamento do
ultimo capito bandeira executado, em presena do futuro Visconde de Cabo Frio, delegado nosso na costa africana, como
commissario arbitro da commisso mixta brasileira e ingleza, em
Serra Lea, recorda Eloy de Andrade.
boios.
A FF O NSO
166
DE
E.
T A U
NA Y
Em
1860 surgiram de sbito na Provincia do Rio de Janeiro onde havia a maior escassez de braos novos "comboios".
secca que assolava as
Eram de escravos vindos do Norte.
provincias do Nordeste Brasileiro obrigara os fazendeiros dahumana a bater
mercadoria
desfazer-se
dessa
regio
a
quella
com
Em
CAPITULO XCVIII
Escravos
feeiras
do Norte
transportados
para
as
lavouras
do Sul
zendas
cafa-
civilisao
"Ningum advinhava que essas levas do Norte, constitudas de elementos^ intelligentes, eram pouco dceis.
No Brasil
como nos Estados Unidos, a escravido concentrou-se no Sul
onde a lavoura era mais prospera. De a muito haviam desapparecido no sarcophago dos tempos os emulos do Conde de Pass,
sogro do Baro de Cotegipe, nas lavouras do
Norte.
in-
tavam
Um
rem
se irritavam
com
ar de superioridade
communicao
te-
com que
tratavam.
maior
AFF O NS O
168
DE
E.
T A U
NA Y
Surgiu o typo feudalisado do landlord, no grande fazendeiro do Brasil a justificativa do significado substancial do velho
saxo "aqueUe que nutre", como Taine observou numa de suas
melhores paginas.
"O
mandava filhos e afilhados, sobrinhos e netos protegidos de toda a espcie s Faculdades de Medicina e de Direito,
terra e ainda
Escola Pblytechnica
"O
maior
pobre escravo civilizava o segundo Imprio.
parte dos estadistas do segundo reinado se educaria graas ao
dos
Ilotas
da
Grefilhos,
moda
cujos
captivo,
misero
suor do
da, embriagam-se hoje nas tavernas construdas margem dos
terreiros theatro dos infortnios paternos e avoengos" commenta
amargamente o autor
fltmiinense.
arredores
Os
Durante largos annos, as grandes fazendas cafeeiras conservaram sempre extenso partido de canna de assucar. Desti-
vutia re-
tas
ciosamente guardados.
fa-
AFFONSODEE.
170
Uma
delias era
vera de passagem
em
TA U
NA Y
esti-
1865.
um
dos maiores da Provincia, Joaquim Ribeiro de Avellar, filho do Baro de Capivary e mais tarde Visconde de Ub (1821-1888) era o mais perfeito cavalheiro que
imaginar se podia.
Em 1850 moravam em sua companhia suas tias, as nobres
damas Mascarenhas Salters, cujos antepassados se perdiaiti nos
degraus do throno portuguez, proprietrias das grandes lavouras da Boa Esperana e do Buraco da Ona.
A famlia do Visconde de Ub distinguia-se pelo apego
fazendeiro,
casa Imperial.
Um
HISTORIA
fazendeiros Pereira
DO CAF NO BRASIL
Braz Pereira Nunes), de Joo Jos Vieira, do Baro de Guaraciaba (Francisco Paulo de Almeida)
Ali, morava a famlia
Silva Campos, prestigiada pelo grande tribuno Martinho Alva.
Quando o Imperador veio assistir a inaugurao da Estao do Parahybuna, a esposa de Janurio contractou s os doces
e vinhos, por dez contos de ris.
E' impossvel imaginar o que foi essa festa. Durou cre?
dias, a ella tendo comparecido inais de mil pessoas.
Vassouras, dominavam duas famlias
Teixeira Leite
e Corra e Castro.
Francisco Jos Teixeira Leite (Baro de Vassouras i8cm1884) era o chefe da primeira. Filho do Baro de Itamb
(Francisco Jos Teixeira), (1780-1866), viera j rico de So
Joo d'El-Rey. Capitalista e grande banqueiro, morreu baro
com grandeza.
Todas as noites, ali, em Vassouras, jogavam-se fortunas.
O Baro do Campo-Bello (Lauriano Corra e Castro) irmo do Baro de Tingu (Pedro Corra e Castro) era chefe
incontestado da grande familia de seu nome e do partido liberal do municpio; era essencialmente lavrador.
Na inaugurao da Estao de Belm, da Estrada Dom Pedro II, Campo-Bello julgou que lhe competia receber o impeEncarregou-se delle um
rador. A festa custou trinta contos.
certo Braga Pavuna do "Hotel do Tempo".
Vendo-o contrariado soube o Baro que perdera dinheiro
Deso a essas
Deu-lhe ento uma gratificao de cinco contos
cifras para mostrar a grandeza da antiga Provncia.
Vivendo naquelle meio faustoso, deixou o Baro dvidas no
Em
AFFONSO
172
em 8
DE
fantasia,
E.
T A U
NA Y
annos
Um
com suprema
elegncia.
17S
do doente.
Havia um premio ou presente no dia de Natal; um quinto
de superior vinho moscatel e uma grande caixa de passas.
Este presente de Natal era commum em meiados do sculo
passado a todos os servidores das fazendas, administradores, feitores, padres e mdicos.
Parece que nesse tempo os grandes centros agrcolas, isolados necessitavam desses recursos materaes e espirituaes que
curassem as enfermidades de seus moradores e dirigissem a
conscincia dos mesmos no caminho da verdade. Dahi a existncia do padre e do medico em muitas fazendas. Soledade, do
Baro de Ibertioga (Jos Antonio da Silva Pinto)
So Matheus, do Coronel Jos Ignacio Nogueira da Gama, Santa Mnica da Marqueza de Baependy, Coroas da Marqueza de Valena, e muitas outras.
Imitavam as praxes da Europa, como alis fazia o prprio
ceira
throno obedecendo a
uma praxe
multi-secular
I e
A FF O N S O
174
Era
um homem
DE
E.
A U N A Y
com enorme
na-
riz aquilino, chamavam-lhe por isto o tucano do Parahyba. Manoel Jacyntho, Baro do Rio do Ouro, era um solitrio melanclico. Tratava seus escravos com muita humanidade.
Engana-se aqui o nosso autor victima de um lapso de me-
colonos portuguezes.
No momento em
que decahia sua grande propriedade, flooutro ponto, na ento freguezia de Santa Thereza de
Valena, a importante fazenda dos "Campos Elyseos" propriedade do Visconde de Ipiabas (1811-1883). Peregrino Jos de
rescia
em
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
175
em
Floresciam no districto da
dade e do Bananal.
mesma
villa as
fazendas da Sau-
CAPITULO C
Braz Carneiro Leo
Seus filhos
grandes fazendeiros de caf
O Marquez de
Baependy
O Visconde de So Salvador de Campos
Paulo Fernandes Vianna
e genros
XVin
publica.
Dos avultados lucros de seu commercio applicava Braz Carneiro Leo a mr parte na acquisio de prdios urbanos e propriedades ruraes nas vizinhanas do Rio de Janeiro, para servirem no futuro de patrimnio sua familia, pois j ento desposara D. Anna Francisca Rosa Maciel da Costa, nascida no
Rio de Janeiro, a 26 de Fevereiro de 1757, oriunda de distincta
familia fluminense e senhora de reconhecidas virtudes e esmera-
12
AFFONSODEE.
178
da educao.
T A U
NA Y
"Braz Carneiro Leo prestou-se sempre ao servio do Ese bens, concorrendo tambm para actos de
e beneficncia, para os estabelecimentos de caridade
e instruco, que existiam no Rio de Janeiro e para o culto religioso no se esquecendo nunca de favorecer os parentes e os
tado
humanidade
titulo
E um
foi
certamente
um
dos genros
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
179
Em
quentemente de mau gosto e deslocadas, mas apinhada de informaes preciosas provindas de quem deve ter tido immensa memoria e o maior conhecimento do assumpto versado.
Refere o autor fluminense dos primrdios da cultura cafeeira
"Dos homens
Carneiro Leo.
D. Joo VI ennobreceu-Ihe
filhos
genros;
e de S
A FF O NS O D E
180
E.
T A U
NA Y
anhelavam a propriedade de
grande tratos da terra fluminense afim de constituirem grandes propriedades ruraes que seriam cultivadas por escravos africanos comprados aos grandes armazns do Vallongo, escolhidos
a 200, 250, 300 cruzados novos por cabea, isto a 80, 100 e
Todos
estes
novos
fidalgos
!"
mudas provindas de
taes sementes
em
viveiros.
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
181
CAPITULO
Uma
Cl
ram
largas
sommas.
malignidade e maledicncia publica accusaram D. Pedro I de comparticipe dos lucros da firma Mesquita-Guimares
este nunor malvolo davam aza as continuas transaces en-
A FF O N S O
184
DE
E.
T A U
NA Y
de, e
em boa
zona.
"Em
bara, e
velho,
cansado,
Antes de realizar a compra, quiz Joaquim Candido consulseu parente, morador ali perto, o capito Domingos Antonio Ribeiro, com cuja filha se casaria mais tarde.
tar
de Portugal.
Acompanhavam-no
inslita rebeldia
affirmando que
elle
no sabia mandar!
quiridas propriedades.
em
com
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
Mais de quinhentos escravos foram comprados nos annos seconfinavam com o Paraso, como
Para ser em 1867 o maior fazendeiro do Imprio precisao A^isconde do Rio Preto ter safras maiores do que as alleNesta poca os dois irmos Breves, Joaquim Jos e Jos, tinhain colheitas muito maiores. Era
1860 colheram o primeiro 204.000 arrobas e seu irmo um pouco
mais de cem mil.
E !embramo-nos bem de haver ouvido do saudoso amigc,
Dr. Antonio Ribeiro Velho de Avellar, que seu av, Baro de
Capivary, e seu pae, o Visconde de Ub haviam colhido no Pau
Grande e fazendas adjacentes como Boa Esperana e Buraco da
Ona. etc, cincoenta mil arrobas em media entre 1860 e 1870.
E pensamos que o Baro da Nova Friburgo haveria em
1867 de ter colhido de suas fazendas de Cantagallo, mais de
quarenta mil arrobas.
Alis dizer-se "o primeiro fazendeiro no s da Provincia
do Rio de Janeiro, como do Imprio" perfeita redundncia,
pois no ha quem imagine que, em 1867, e em qualquer das
duas outras grandes provncias cafeeiras, vivessem maiores faria
construiu
a estrada
Unio
AFFONSODEE.
186
NA
T A U
Preto um ramal para o Porto das Flores promettendo-lhe exportao superior a cem mil arrobas daquella redondeza.
Estudou Marianno o caso e o ramal foi construdo inaugu;
rando-se
em
"Chegara
Genoveva, Santa Barbara, e mais duas em Carrajicas, em Minas Geraes, alm de diversos sitios como Crima, S. Leandro,
Santa Victoria,
etc.
cesso
em
lhe
fazer
tal
con-
Mas Rio
Thomaz
uma
"Rompia a manh, quando estrugiu o Hymno Nacional saudado por girandolas de morteiros. Ao mesmo tempo ouvia-se
o rodar surdo de muitas carroas. Eram as da Unio e Industria conduzindo quinhentos saccos de caf com duas mil arrobas.
Iam embandeiradas, cobertas com grandes
de flores.
toldos,
juncadas
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
at
18T
o
leito
do
fructas
com
o bilhar e ou-
tros jogos.
jarres
em
com
flores odorificas.
dois negros de bronze de tamanho natural sustentavam nas possantes mos ricos candelabros. Acompanhava-o Marianno Procopio, a
Por
quem
um
ia
com
to illustre hospede
Tomaram
em
frente ao cemitrio.
Na
AFFONSO DE
188
E.
TAUNAY
Era muito para um organismo combalido, gasto por um trabalho incessante de longos annos.
Novamente seu corao batia forte, quando havia pouco
quizera parar, ao praticar violento esforo. Tanto verdade que
da circulao tanto obedece, tanto palpita na violenmuscular como ao influxo de intensa alegria.
Muito pallido desceu do carro. O visconde de Bom Re-
este centro
ta contrao
alas at o sof
onde cahiu
ful-
Um
quita,
No
.possvel
inanimado do marido.
soluos, de parentes a quem protegia, lamentos de
escravos que o serviam com extraordinria dedicao, todo esse
rumor confuso, que se d nessas occasies, atroou os ares do
Paraso
disciplina severa que
Depois... o silencio dos tmulos.
elle instituir reinava agora soberana em derredor de seu corpo
o corpo
Gritos,
.sem vida,
Ao
como
derradeira
homenagem.
Pequeno cannavial.
um
mandiocal maior,
eis
o que ento
vestia aquellas collinas e plainos agora occupados por lindos cafezaes onde trabalhavam quatrocentos captivos
HISTORIA
especialmente
DO CAF NO BRASIL
189
Um
da regio
Um
herdeiro
Que
do tempo imperial?
AFFONSODEE.
190
T A U
NA Y
Nas hypothecas do sculo XX figuravam as outr'ora ignocom determinada quantia para saldamento de custas
tas clausulas
"O
No pagou, basta
vale
Este o critrio dos bancos, portanto impossvel a exisdo credito agrcola!"
Esboando um parallelo accrescenta Eloy de Andrade
"Estamos ainda no perodo da grandeza cafeeira fluminense.
O progresso dos centros agrcolas chegara ao ponto de os
fazendeiros ostentarem os fructos em uma linda manh de Maio
e dois dias depois esses fructos despolpados, seccos, correrem
nos wagons da Pedro II em demanda dos armazns do Rio
Entre outras fazendas lembramos Santa Genoveva e Santa
Luiza em Santa Thereza de Valena, a primeira propriedade
do saudoso e adiantado agricultor Domingos Theodoro de Azevedo Jnior, genro do Visconde do Rio Preto, e a segunda do
engenheiro Dr. Braz Carneiro Nogueira da Gama, filho do
Conde de Baependy, e neto de Braz Carneiro Leo, o potentado
do tempo de D. Joo VI.
Nestas fazendas attingira-se este maravilhoso resultado
grandes regos cortavam os cafezaes em vrios logares convergindo todos para o centro da fazenda para o lavrador, collocado
em frente aos machinismos
Colhido o precioso gro era levado pela agua corrente ao
lavador e ahi, desembaraado de todas as impurezas, conduzido
ao despolpador.
Despolpado seguia para o seccador Taunay-Telles onde ficava completamente secco, prompto para o derradeiro preparo.
Muitos exportadores queriam-no neste estado, que denominavam casquinha, havendo a vantagem de conserval-o intacto
por muito mais tempo.
Nada
tncia
Na
Inglaterra, e
em
Indaguei de alguns inglezes a razo. E' que o caf despolpado muito mais fraco, conserva delicioso aroma e sabor.
Corresponde, disse um delles ao havana collorado no paiz
dos fumantes.
Aquellas duas fazendas exportavam, em media, quarenta
mil arrobas, nos quatro mezes que durava a safra.
-
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
191
nentes
guma
fidalga,
da Estrella ao Parahybuna.
caminhos vicinaes
Estes horrores das estradas reaes experimentara-os o prprio primeiro Imperador, quando aps o assassinato de Badar
viera sondar o espirito publico mineiro,
ratriz
so
acompanhado da impe-
D. Amlia de Beauhamais.
soltas, atirou-a
longe
um
cavallo fogo-
WZ
AFFONSODEE. TAUNAY
Deus meu
rindo-se
o ultimo sapato do
!
meu ardego
greme
disse
l se vai
cavallo e isto
n-
ladeira!
Em
como
correu,
em marcha
extensiva.
as
As mattas
lavouras cafeeiras.
seculares
Eil-as
so derribadas;
at o
um pagem
rigorosamente castigado.
em
de setenta contos.
rapidamente exportar.
Pagava
elle
todas as
Um
fazendeiro assentou-o e
grande invento.
subida
Conselho
HISTORIA
Com
DO CAF NO BRASIL
lar
no
interior dos centros agricolas! tal qual fra nas primeiras dcadas cafeeiras, af firma E. de Andrade.
lyrico.
Outras vezes, a molstia de algum membro da famlia obrigava-o a uma estao de aguas, em Caxambu ou Caldas, as predo tempo.
Voltava a famlia alegre, como pssaros a seus ninhos, revendo tudo o que amava.
Orgulhosas as filhas do lavrador do acolhimento recebido
de toda a parte, at da sociedade elegante do Rio, o que tanto
lhes lisonjeara o amor prprio.
Comprehendendo a situao e
para provarem que a aura de que gozavam no era s devida
riqueza dos paes, copiavam usos e costumes da sociedade carioca
to culta e to distncta.
Ao regressarem fazenda comprehendam que ali estava a
grande fonte de toda a considerao, a grande riqueza que dava
para tudo, para os irmos cursarem qualquer das Faculdades do
Rio, Bahia, So Paulo e Pernambuco
para ellas viverem no
grande luxo do Rio, finalmente para escolherem noivos entre os.
rapazes formados, de valor, futuros polticos, parlamentares, ministros de estado, altos magistrados.
Tinham squito de princezas quando embarcavam. No
dormiam, noite da vspera da partida. Eram acompanhadas
pelas famlias dos correspondentes e das novas amizades contrahidas.
Levava-lhes flores, cestas de uvas, de peras, de mas,,
doces para a viagem.
Muitas delias tinham deixado, no Rio os coraes; mas a
obedincia em que haviam sido educadas, a profunda venerao
consagrada aos paes faziam que subordinassem as aspiraes, os
sonhos de donzella ao consentimento paterno."
feridas
"Nunca
filha
tal
lei!"
IS
CAPITULO
CII
Quanta
merc do
por exemplo, com
Vassouras, que alis renasce da decadncia das ultimas dcadas
Edificada numa poca, em que ningum cogitava do que
pudesse ser o urbanismo, e collocada numa topographia bem
pouco adaptvel ao estabelecimento de um plano regular de cidade, nem por isto veio Vassouras a soffrer do atrazo dos tempos e das condies do terreno em que assenta, paizagem risonha,
encantadora quanto possvel.
Apresenta um bello largo municipal, linda e enorme praa,
meia dzia de extensas ruas muito largas, e geralmente bem lanadas em seus alinhamentos. No lhe fra possvel ter estabelecido o enxadrezado e felizmente!
percurso de suas vias publicas mais irregular do que reregies que retrocederam da agricultura ao pastoreio,
Assim
se d,
gular e pittoresco.
bello
As
cidades mineiras
rianna, S.
como Ouro
Preto,
Diamantina,
Ma-
in-
A F F O N S O
196
DE
E.
T A U
NA Y
que,
immensa,
febril,
Dava o
caf enormes
trafico de negros
naes.
terras cen-
traes, pastoris
territrio fluminense e
Estancado o
trafico
africano,
em
filas
Os
larengos se
diosidade dos proprietrios de cafezaes.
nelles havia a
mais
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
Dahi as numerosas degenerescncias reveladas logo segunda gerao pela prodigalidade, a nevrose do jogo, a dypsomania, a indolncia, a inpcia, a erotomania, a debilidade mental, a hysteria, taras de gente rica e inutilizada pela "boa vida"
de longos e longos annos.
Mas no isto a cada passo o triste apangio das estirpes
mais altamente "racs"? das mais antigas e dynasticas linhagens ?
Dahi a decadncia de muita dessa pobre gente, frouxa, ignorante, quasi sempre iphysicamente enfraquecida pela origem consangunea reiterada, inintelligente, incapaz da reaco, salutar pelo
trabalho, que com o decorrer dos annos passaria a viver embalada peJas reminiscncias da grandeza dos avs e titulares, do
ca-
pito-mr"
Gente esta que, entre honrosissimas excepes, avultaria na descendncia geralmente enorme destes acclamados
avoengos, to diversos da sua prole pela sade, o vigor, a iniciativa, a ambio e a aspereza.
Como reflexo do engrandecimento rpido da regio selvtica agora povoada de lavouras appareceram as cidades cafezis.
A F F O N S O
198
DE
E.
T A U
NA Y
tas, nascidas da arte rudimentarissima dos mestres de obras portuguezes. Edificarani-se os vastos, achamboados e pesados sobrades, paos da recente nobreza territorial, cheios de enormes
sales e minsculas alcovas, aliceradas em mycenicas muralhas
de pedra, travejados e cobertos por enormes madeiros da flo-
resta primitiva.
ordem reinava
No
venu" o que
de coisas
nem
e,
a vaidade do "par-
sim, simplesmente, a
incultura e a timidez.
Viam-se os municipios, e as cidades cafeeiras, infestadas por
nuvens de judeus, sobretudo alsacianos, caixeiros viajantes, representantes ou mesmo proprietrios de casas do Rio de Janeiro.
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
199
Curioso que os moveis no "p^assMn" com tanta facilidade; provavelmente por causa do volume e do peso dos transalgum gosto, mas excepcionalmente, quando pertenciam a gente
portes. Notavam-se algoamas casas ricas, bem mobiliadas, e com
viajada pela Europa, ou frequentando, com mais assiduidade, o
Rio de Janeiro.
Desta timidez da condescendncia, da fraqueza em no reprovinham tambm quasi sempre os horrendos retratos,
sem fundo e sem transies de colorido, que se dependuravam^ s paredes dos sales
nobres
Acudiam os pintores de eniesima ordem, hespanhoes, portuguezes, italianos, francezes e brasileiros, estes muito mais raramente, e com a volubilidade dos conceitos bajulatorios, e dos
elogios prprios, estonteavam os figures "esfaqueveis".
cusar,
Que acervos de
palheta e of ferecidos aos inexpertos clientes
disparates e necedades, desconnexos, illogicos, absurdos
E que
technica a destes "artistas"!, que primores apellianos os daquelI
les
desenhos
Numa
e coloridos!
Balana-se enorme arara numa espcie de trapzio e um macao, a.3rrentado pela cintura, do alto de sua gaiola a contempla, a fazer visagens.
AFFONSO DE
200
Em
TAUNAY
E.
sobe processionalmente,
por
termina
num
o de
uma
torre,
lares.
Neste plpito ha
um
Bom
dinheiro,
com
certeza.
Ora
Po-
nascia a facilidade
com
Viera de to longe
bre diabo!
X)aht, desta feiO' geral
do tempo
que ganhava
dinheiro, custa
esgotvel pacincia.
no pretendia,
alis,
em
CAPITULO
cm
A F F O
202
S O
DE
E.
T A U
NA Y
Em
8$366 rs.
Neste
No
perficial
A
como
do
Os
7
16
36
27
20
106
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
as niulheres:
3
1
13
14
41
mem
Verdade
cara
da
cidade,
escravos velhos,
casa, e chsexagenrios e
dois
21
" 65o$ooo 2
" 6oo$ooo 38
" 5So$ooo 6
" 5oo$ooo IS
" 45o$ooo 2
" 400$ooo
" 3SO$ooo
" 300$ooo 6
" 290$000
9
" i6o$ooo 2
" IO0$O0O
4
sem valor 2
de 9cio$ocx)
"
8oo$ooo
" 700$ooo
II
A F F O N S O
204
As
DE
de "ooSooo
6505000
6oo$ooo
" 5508000
" 5008000
" 400$ooo
" 3508000
" 3008000
" 2008000
" 1008000
sem valor
"
E.
deram
T A
UN A Y
as seguintes cifras:
6
I
12
2
10
I
I
2
3
I
Um
HISTORIA
inem de pernas
cambaio
tortas,
DO CAF NO BRASIL
205
Houve porm
defeituosos que attingiram maiores preos quinhentos e at seiscentos mil ris como vrios feridentos e o zaro-
Um
lho Augusto.
quem
se
Das mulheres no
mas
salvo quanto a
cria
de poucos
foi ava-iada
dias.
se diz
que entre
ellas
houvessem enfer-
com
bobas, e
quatro annos
em 550S000.
sitio,
em
120$.
Isto
bem
tratado.
telheiros.
Calculou-se o seu
em 200S000.
Em
tomo da
dois
ventiladores,
colheitas
mandara o fazendeiro
em
fazer
Nas tulhas havia cinco mil arrobas de caf, em cco, \'alendo treze contos de ris ou sejam dois mil e seiscentos ris,,
por arroba, cotao corrente na poca. J o fazendeiro exporfazenda
tara a metade da sua colheita, approximadamente pois a
da Cachoeira produzia, em mdia, 10.000 arrobas annuahiiente.
Como viaturas agrcolas possuia um "carro de caixo" e outro
"forrado com arreios" (?) valendo respectivamente cincoenta e
apeoitenta mil ris alm de um carro ordinrio de 16S000 ris
nas.
206
A FF O N
S O
DE
E.
T A U
NA Y
Quanto a ferramenta da fazenda constava ella naquella occade 64 enxadas (a 1$) 30 foices (1$) duas alavancas (2$)
uma broca quete com a respectiva agulha (2$)
Nos autos, que esto truncados, no encontramos por exemplo a resenha dos arreios nem a descripo de officinas da fazenda, embora pequenas que deviam ser. Em compensao vera
minuciosamente descripto o apparelhamento da casa grande quanto ao mobilirio, trem de mesa e de cozinha e vasilhame.
sio
Possua o fazendeiro boa prataria, quasi um conto e quinhen260 e 300 ris a oitava. Representaria isto talvez
hoje uns 25 contos de ris
As peas de maior vulto eram duas salvas grandes e duas
de tres
ainda eni
mais dois
rs.
Qua-
Um
grande
dourados a 40$ cada um, e do tecto tim lustre de bronze dourado (250$) com nove mangas de vidro (45$) provavelmente
de crystal francez.
Sobre os consolos havia diversos vasos de porcellana parti
flores a 8$.
DO CAF NO BRASIL
HISTORIA
207
alcova contigua ficava um oratrio que com os respeparamentos se avaliou em 500 mil ris e na sala, ao lado
um bilhar (200$), dois sofs de jacarand (25$), uma
mesa de jogar (10$) alm de dez cadeiras de jacarand e couro
a 4$ alm de quatro consolos e uma mesa de jacarand em meio
couro (?) valendo esta dez mil ris e aquelles 15$.
Na
ctivos
do
salo,
central
e quatro aparadores
versa.
F,' o que se deduz do rol do mobilirio dos quartos de dormir da casa grande, onde existiam nada menos de duas camas
francezas com cortinado (a 80$ cada uma) dezoito marquezas
(a 5$), dois catres grandes com armao (a 15$) e mais seis
catres simples
(a 5$)
(15$) e tres outros de vinhatico (3$) apparecem no rol deste mobilirio ao lado de dois
armrios (16$ e 12) e de um guarda-roupa (50$) e quatro
commodas de jacarand (40$)
e arcas.
cadeiras de jacarand
(a cinco mil
ris
por pea)
espalhadas
Refere-se tambm ao inventario a uma mesa grande de enHa omisses relativas loua
gomar (60$) outra menor (2$)
.
e trem de cozinha.
a demonstraes da opulncia.
A F F O N S O
208
DE
E.
T A U
NA Y
de
ris.
209
Ao
sof e s cadeiras
os
O lustre de bronze dourado substtuu-o o Baro de Vassouras por outro de crystal, esplendido este, dos melhores certamente que para o Brasil vieram de fabricao franceza, crystal
polido a mo. Era uma pea muito deslocada de seu ambiente
naquella sala singela do casaro de Vassouras de assoalho tosco
de tabes largos.
Seria digno de
mente decorado.
mente gravadas
Tinha talvez
e
uma
um
grande salo de
trinta
infinidade de
seis
baile, rica-
mangas
delicada-
pingentes da mais
pura
agua.
Foi este lustre, por morte do seu proprietrio doado por
seus filhos Camara Municipal de Vassouras, para a sua sala
14
AFFONSO
210
DE
E.
T A U
NA Y
de sesses e do jury.
crystal
cando-nos a presena do amphytrio extrema direita da cabeceira de sua mesa com o seu ar de extraordinria dignidade a
Servia
que de, todo, no exclua a mais urbana cordealidade
elle prprio ou fazia servir os convivas daquelles repastos de
numerosos pratos estendidos brasileira, sobre a mesa, travessas
enormes de arroz e de aipim, terrinas de feijo, pratarrazios
de couve mineira, tayoba e ang e fub, de ovos estalados, ao
lado das grandes farinheiras de milho e mandioca. As carnes
se representavam pelos bifes de vacca, os lombos de porco e as
gallinhas.
arroz de forno com capo representava um pnto
de triumpho dos dias de grande festa, que competia em apreo
com o per. Mas a mesa era muitssimo mais de vegetarianos
do que de carnvoros! E sobretudo de abstemios. Raros os que
molhavam os lbios com o vinho do Porto das garrafeiras de
altos gargalos e chapas de prata.
iNenhum constrangimento existia naquella grande mesa em
que todos conversavam vontade.
Mas a presena do ancio que regia aquellas gapes cor.
deaes, vestido
do modo mais
singelo, e
mente adversas, aquella presidncia patriarchal do antigo fazendeiro da Cachoeira mantinha o tonus elevado da conversa geral.
Escoimava aquella presidncia no austera mas serena e grave
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
211
das liberdades de linguagem e das leviandades naturaes numa sociedade que a franqueza e a extenso da velha hospitalidade brasileira tornava frequentemente heterognea.
Homem de elevadssima estatura, e sobremodo corpulento,
era-lhe o rosto grande e redondo. Os olhos pequenos, mas vivisstmos, singularmente lhe illuminavam a physionomia. Tinha
um ar de incontrastavel dignidade e de seus modos decorria um
todo de paternidade e benevolncia que traduzia em alto gro,
aquelle feitio de patriarchado e de chefe de dan que todos os
seus lanto acatavam e admiravam. Encarnava em sua plenitude
a dignidade do velho pater famlias.
Falava pausada e meditadamente com o maior recato de palavras e prudncia de conceitos.
A vida trabalhosa que lhe coubera na mocidade nos rudes
annos do Brasil central joanino no lhe concedera ensanchas a
que estudasse mais do que os rudimentos das hiunanidades
Mas
como alm de altamente intelligente fosse apaixonado da leitura, tivesse o mais elevado critrio do julgamento, era com
o maior cuidado que intervinha na conversa, reservando-se para
falar daquillo que entendia ou acerca do que aprendera solidamente como fruoto de attenta leitura. Mas no era elle de todo
o "pae soturno" da famosa formula capistraneana para o Brasil de
antanho. Pelo contrario, cordeal, socivel e acolhedor.
Na sua mesa reinava sempre a maior singeleza. Obedecia
ao perfeito cardpio dos tempos afastados de Minas Geraes. Renovava diariamente o trivial dos antepassados.
Nos enormes armrios aparadores, verdadeiras cathedraes
de vinhatico documentava-se novamente a arte balbuciante dos
inexpertos marceneiros locaes, do periodo do desbravamento ca.
feeiro.
AFF O NS O
212
DE
E.
T A
UN A Y
lizao e tosquiadores ferozes da fazendeirada singela, boa, generosa, incapaz de regatear ante os boniments, e o bagout dos vorazes judeus geralmente alsacianos e luxemburguezes, joalheiros,
costureiros, cabelleireiros, vendedores de linho e de seda, de por-
tamanha
fidelidade.
Nos livros de assentamento da fazenda da Cachoeira encontramos algfuns elementos interessantes para fazennos ida do
preo dos objectos e artigos no districto vassourense em 1830.
Assim quanto aos animaes as alluses mais frequentes referem-se aos equinos.
Um
Um
S$96o.
lista
do fazendeiro
um
sacco de feijo por i$440, alqueires de milho a 800 ris, barricas de farinha de trigo de i$440 a i$8oo; ancoretes de azei-
um
alqueire
de
sal
pr i$ooo.
Infelizmente
213
mes
uns 4$ooo. Uma f tasqueira de vinho do Porto velho custava I7$840 e tun garrafa de vinagre 3$20o.
quintal de ferro valia dez mil ris, o de ao o dobro, a
arroba de plvora i2$8oo, a dzia de taboas (no sabemos de
que dimenses) i6$ooo.
ria
Em
um
sof para
Um
"bro desta
somma.
CAPITULO CIV
central
"Os
nomes, ou ligados politica imperial, ou respeitados pelos emprehendimentos progressistas que levassem a effeito, e os seus
brases dourados pela cooperao que prestaram ento provincia brasileira."
Recorda o nosso autor os Gomes Ribeiro de Avellar, famiiia de grandes fazendeiros, j quasi secularmente fluminenses,
entrelaados com os Werneck, descendentes de Ignacio de Souza
Wemeck, patriarcha de familias que se tornaram numerosssios Santos Werneck, Furquim Werneck, Souza WerWerneck, Lacerda Werneck, etc.
Relembra Alberto A. Guimares que de Garcia Rodrigues
Paes, o contructor do Caminho Novo, o filho do grande "caa-
mas como
neck, Chagas
A FF O NS O DE
216
E.
T A U
NA Y
"No
comeo de sculo
XIX
immigraram para a
florescente
de seus senhores
"
.
no comeo do sculo XIX, viera favorecer outra regio agrcola, ligando Parahyba do Sul ao porto
caminho de
terra,
da Estrella.
Na baixada fluminense, o porto fluvial de Iguassu, sobre
mesmo nome, com os seus estabelecimentos commerciaes
o rio do
descia do valle
era
colonial e
formado-
em pouco sobrepujavam
as
Em
fazendas cafeeiras.
algumas regies mesmo, abandonaram-se
Ao
os bellos cannaviaes, na febre intensa pelo gro arbico.
"cyclo do assucar", que tanto contribuir para enriquecer a ca-
do Rio de
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
217
assucareira,
ormida-vel
nhosas
"Com
a fortuna rpida,
comeou a dominar
o espirito dos
bandeirantes fortes, e tenazes desbravadores das terras do hinterland brasileiro, quando radicados
ao solo fluminense, pela adopo de cultura largamente remuneradora, sentiram o natural desejo de reelevao social, como a
quererem attingir e reaffirmar o brilho e o prestigio da situao
que seus antepassados haviam gozado nas cortes de seus mo-
narchas.
"Desta maneira brotou o esplendor fluminense de que nasceu a hegemonia da Provncia do Rio de Janeiro sobre as demais do Imprio, e infelizmente ephemera".
Frisantemente nota o observador fiel a cujas paginas analysamos
"Hoje, o espectculo dessa grandeza passada, que se nota
ainda nas runas dos grandes ,palacos soltos nos campos fluminenses, sedes dos vastos latifndios de outr'ora, ora seccio-
DE
A F F O NS O
218
nados
em
E.
T A U
NA Y
vedor.
"
.
fluminense na
prestigio do "valle", e
vida brasileira imperial foi immensa.
fazenda converteu-se na efde sua opulncia, incontestvel.
ficiente modeladora das personalidades que contriburam para o
repercusso que teve o esplendor rural
progresso nacional.
Annota
Guimares
"No
meiros
trabalho rduo do cultivo do solo, na lucta que os pridesbravadores mantiveram com a floresta virgem, no
219
"Pelo contacto com a Crte foi-se civilizando o interior flugio igual, seno maior, do que exerciam os senhores de engenho. Os ttulos e condecoraes distribuidos pelo Imperador
deram serenidade
respeitvel
aos
opulentos
fazendeiros.
Diz
"Na tranquilidade agreste dos seus solares, esviscondes e marquezes, sentem-se na obrigao de
assumir modos e maneiras aristocrticas, condignas da alta posio, e tornam-se graves, porque a gravidade para elles a
attitude herldica por excellencia
Oliveira Vianna;
ses bares,
Nada mais
Eram mais finos, mais limados, mais polticos, mais socialmente cultos pela
proximidade, convvio e hegemonia da Crte, cuja aco como
que os absorvia e despersonalisava". "Pela elegncia espiritual, ,pela figura, pelo senso da proporo e do meio termo, pela
limpidez e pela calma de intelligencia representavam, os nossos
athenienses da politica e das letras
plicidade rstica e ainda vulgar dos mineiros.
Citando uma assero de Saint Hilaire, frisa Araujo Guimares que a hospitalidade do fazendeiro de caf era, no dizer do
botnico illustre, muito superior da do senlior de engenho.
E assim explica esta differena de mentalidade:
"Na lucta com as florestas virgens e com o gentio, desenvolveu-se grandemente entre os proprietrios rluraes, o espirito de
cooperao. E por isso as fazendas cafeeiras do vale do Parahyba estavam sempre abertas aos viandantes.
Outro facto concorria para este espirito aberto: a muito
maior facilidade de enriquecimento, trazida pelo caf numa poca em que a lavoura da rubiacea levava enormes vantagens sobre a da gramnea".
A's paginas do nobilirio imperial enchem as centenas de
ttulos provindo do caf e geralmente attribuidos aos grandes
nomes do patriciado creado pela lavoura da rubiacea, sobretudo
nas tres grandes provncias productoras.
Tornaram-se celebres em todo o paz muitas destas fazendas onde as bemfetoras, sobretudo as casas grandes, haviam s
vezes consumido centenas de contos de ris.
Assim entre muitas, citemos Gavio, do Conde de Nova Friburgo; S. Joaquim da Grama, do Commendador Joaquim J. de
Souza Breves; Pau Grande, de Visconde de Ub; Paraso, do
Visconde de Rio Preto Coroas, do Marquez de Valena Santa
Mnica, do Duque de Caxias; Santa Rosa, do Marquez de Baependy; Pinheira, do Commendador Jos Breves; Lordelo, do
;
DE
AFF O NS O
220
E.
T A U
NA Y
So
Constituam agora o patriciado fluminense como os Nogueira da Gama, Paes Leme, Teixeira Leite, Monteiro de Bar-
do
norte paulista.
Na
como
Leite,
Rezende,
Ferreira
quantos mais.
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
221
ta Alda,
dade), etc.
STIMA PARTE
Depoimentos
brasileiros e es-
CAPITULO CV
As
O
O
Castello
do Sul.
Era pois natural que os terrenos contiguos cidade do
cafezal
15
AFFONSODEE.
226
T A U
NA Y
Como exemplo de
annuncio de transaces destes sities ca1835 appareceu nas columnas do Jornal do Commercio relativo ao offerecimento de uma propriedade
cafeeira na Estrada da Tijuca.
"Vende-se um sitio na Tijuca, em terras do Exm. Visconde d'Asseca, lugar chamado Ytaviara, fazendo frente com Antonio de Mello Loureiro, e com Chifaroza Maria da Conceio;
tem para mais de trinta mil ps de caf, muita laranja selecta e
da china, bananeiras de todas as qualidades, pecegueiros, parreiQuem o pretender
ras, grumichameiras e humas boas casas.
dirija-se venda da Cacheira, que de l se lhe mostrar o sitio,
feeiros
temos
um
que
em
com quem
se ha de ajustar
Descrevendo o que viu de cafezaes na Tijuca assim se exprimia Gardner em 1836:
"Antes de subir ao morro da Tijuca, visitmos a Cascatiagua crystalinha, que fica a pequena distancia da estrada.
na, de um riacho, cae successivamente sobre duas rochas, graciosamente inclinadas, e altas de cem ps de altura. Corre num
largo leito quebrado, e recebida num grande poo em baixo.
Esta casca recordou-me as que estamos acostumados a encontrar nas mattas dos valles da Esccia.
Por atalhos, gradualmente subindo a montanha, chegmos casa, rodeada por velha
plantao de caf, pertencente a um nobre brasileiro mas agora
alugada a um grupo de commerciantes inglezes no Rio, que a
reservam para os feriados, e a cuja bondade devemos ter ahi
Na manh
HISTORIA
"Ha
DO CAF NO BRASIL
libras de caf;
meia a
tres libras.
Esta media parece-nos muito elevada, daVia de 45 a 90 arrobas por mil ps.
"Quando o fructo est maduro, mais ou menos do tamanho e cor de uma cereja e destes fructos pode um negro colher
mais ou menos trinta e duas libras dirias (uma arroba)
Durante o anno ha tres colheitas, mas a maior parte dos frutos
amadurece durante a estao das seccas. Os fructos so espa;
Em
despolparem o gro fresco. Nada mais bonito do que um cafesal em flor. As arvores cobrem-se de flores, ao mesmo tempo,
mas estas no duram mais de vinte e quatro horas. Vista de
alguma distancia parece a lavoura coberta de neve; e as flores
tem
um aroma delicioso".
Como acabamos de ver
verem-se homens
escravo.
Era commum
dia.
tes,
tarde,
lix
uma
choeira
No
Taunay espalham
caf sobre
um
panno.
A FF O NSO
228
DE
T A U
E.
NA Y
quefeuil
passagem, em 1844, pelo Rio de Janeiro, de uma embaixada de Luiz Philippe, I, rei dos Francezes, ao Imperador
da China, valeu nossa bibliotheca xeno-brasileira, quatro volumes, pelo menos, de impresses de viagem. Conhecemos o do
embaixador de Lagrene e de mais tres dos seus auxiliares diplomticos Lavolle, Itier e De Ferrire le Vayer.
O secretario de legao Carlos Humberto Lavolle em seu
Voyage en Chine, ao descrever a estada no Rio de Janeiro conta-nos o que viu na fazenda de um brasileiro rico em Jacarpagu.
"Valeu-lhe a gentileza de um compatriota o ensejo de visitar a fazenda de um brasileiro rico, certo Sr. C. de S.
Partindo do centro num omnibus, foi Lavolle ter ao Engenho Velho, onde desceu, seguindo, atravz da matta, at a
Cascata Grande da Tijuca, que attingiu aps duas horas de
marcha, provavelmente a cavallo.
Achou linda a cachoeira, logar de recreio e de "pic-nics".
Ao local dominava alta montanha: a Gabia (sic). RelataramIhe que tal morro, tinha, para os martimos, o nome exquisito
de "Nariz de Luiz XVI"! Isto por causa do seu aspecto que
lembrava o clssico perfil bourbonico do appendice.
Esta informao, nascida certamente de um embroglio linguistico, faz-nos lembrar a nossa phrase feita que rene alhos c
Depois de descanar, bastante, junto Cascata.
bugalhos.
te
Do
seu terra-
o se avistava o mar.
Pessoa de fina educao, recebeu o fazendeiro o seu hospede do modo mais gentil e franco.
Ao
passeiar
em
frente varanda
Branger: Reine
dti
tal
jaez, revestidos,
s vezes,
de caracteristicos os
com
verdadeira ingratido.
Possuia o fazendeiro palaciano cafezal e cannavial. Mostrou toda a sua propriedade, com o maior empenho, os engenhos de caf e de assucar e at as officinas dos escravos e as
senzalas
apreciar
da ao visitante francez.
Nas
madeira.
pites.
A FF ONSO
230
DE
E.
T A
UNA Y
seus negros.
uma
domesticidade patriardial
narrativa imprecisa.
As fazendas, que alli havia em 1844, eram sobretudo de assucar e no de caf; este se cultivava apenas na encosta da serra
da Tijuca do lado de sudoeste na vertente para a planura de
Jacarpagu
A grande fazenda, em que Lavolle, foi fidalgamente acolhido era certamente a que ento se chamava
Engenho d'affua
depois vendida a um Sr. Fonseca Telles, pae do rico fazendeiro posteriormente Baro da Taquara.
O Engenho d'Agm, que se estendia at beira da lagoa
de Jacarpagu, era em 1844, administrado pelo "gentil" C. de
Quem
seria esse
so asseverar
Rainha D.
C de S
2!
viajante no o disse,
Imperial, e irmo do Visconde de Asseca que teve grandes propriedades ruraes em Campos e aqui no Rio de Janeiro.
Jos Maria Corra de S (o C. de S.) de Lavolle, era
casado com D. Leonor de Saldanha da Gama, filha dos Condes
da Ponte, tambm Dama honorria de nossa segunda impera-
(presidente de Sergipe
e
Benevides
(lente
e Benevides (Bispo
de Marianna, sagrado em 1877, e o dr. Francisco M. Corra de
S e Benevides (presidente da provncia do Par em 1875)".
outro secretario da embaixada do Snr. de Lagrene,
Julio Itier. encarregado da parte commercial da misso, acompanhou o seu coUega a esta visita fazenda do Veador Corra
de S, cujo nome estropiou em seu livro de impresses de viagem. No reinava porm a cordialidade entre os dois diplomatas.
No quiz o nosso Itier deixar o Brasil sem conhecer um
grande estabelecimento agrcola e assim acceitou o offerecimento
de hospedagem de um veador da Casa Imperial, o sr. Corre ja
Pelo mede Z (sic) em sua fazenda de Jacar Pagu (sic)
nos no agiu o agente commercial como seu companheiro guarhospedeiro.
dando em inexplicvel incgnito o nome de seu
Para l partiu, pois, com o seu collega de embaixada
China, cujo nome silencia, tal qual alis o fez Lavolle, entre
parentheses, cabaes provas da estima cordial que mutuamente se
dedicavam.
Com prazer verificou Itier que o Rio de Janeiro se integrara, mais tmia vez, na civilizao occidental adoptando a "inveno dos omnibus" que estava em vias de dar a volta ao mundo.
omnibus do Engenho Velho (a que chama Angclho VsIho) levou-o base da Serra da Tijuca.
AUi cessava aquella ultima expresso da civilizao europa
e o nosso itinerante deplorou amargamente o facto. Nem sequer
a mais magra cavalgadura o esperava! Estvamos a p, rdua
Um
A FF O NSO
232
DE
E.
T A U
quando o
NA Y
sol tropical
vos des-
Que
lhe carregavun a
zendeiro a offerecer ao seu distincto hospede? Fazendeiro abastado que era? Deixando de lado a economia politica e o financismo distrahiu-se o nosso Itier das agruras daquella Estrada
Velha da Tijuca, vencida sob sol a pino, a estudar a geologia
dos reunira-se
randa.
em
"Houve um
lencio.
numa
concilibulo,
certo
Logo depois
murmrio a que
se
seguiu profundo
si-
levantou-se
O Prance, ma patrie!
Soulve enfin ton front cicatris!"
Reine du monde!
di-
occasionou
DO CAF NO BRASIL
HISTORIA
Dilatava-se-me o corao ao pensar naque!:e que lhes inspirara tal cntico. Tanto mais se me distendeu o peito
quando
vim. a saber que o prprio Imperador do Brasil fra que s crianas o ensinara, em suas frequentes visitas quelle local."
Trs dias passou Itier era casa do Veador de Dom Pedro II.
achava a fazenda numa meia lanraja que dominava a
laga de Camorim, vasta e piscosa.
Sittiada se
pomar da fazenda cheio de mangueiras, jaMuito bem tratado era mantido rigorosamente limpo porque na regio abundavam os ophidios
venenosos. O prprio Itier avistara-se em caminho com diverExcellente o
do Museu de
Paris.
Sabem todos
alis,
em
hoje.
arroz,
hectare de solo,
kilos de assucar.
em
Nos
zoito e
mesmo
a quinze.
um ty,po muitssimo atrazado ainda. As moendas s conseguiam extrahir 45 litros de caldo por 100 libras de canna. Isto
quando nas Antilhas, em engenhocas medocres, um rendimento
de 53 por cento era tido por minimo, havendo casos em que
a
attingia 70!
AFFONSODEE.
234
e inintelligente,
numa
T A U
NA Y
modo
fazia de
primitivo
engastadas na alvenaria!
Desta circumstancia decorriam, numerosas rupturas dos vaou a sua deformao. Tambm a defecao pela cal se praDahi a circunstancia fatal de
ticava com enorme defeituosidade
se produzir pouco assucar de primeira e muito mascavo a que
o nosso viajante chama de moscova.
sos
ria
Como
quando
via ine-
previdncia e
fazenda.
Por semana recebia cada homem meia libra de corria secca (sic)
Havia, porm, entre os escravos vrios pouco diligentes, cujas lavouras se apresentavam mal tratadas.
estes era
obrigatria a tamina dos sabbados; dos 150 captivos de Jacarpagu sessenta trabalhavam na lavoura, servia o resto no engenho, nas officinas da fazenda.
Notou Itier a presena de
muitos velhos invallidos, que viviam aposentados.
.
235
em
Praticava-
do cafezal. Aconselhavam muitos lavradoque podassem as arvores no penacho, afim de que, cortados
os galhos superiores, pudessem ellas alargar-se, o que facilitava
se ento, a replanta
res
a colheita.
iMas o fazendeiro de Cantagallo acliava inconveniente o proporque as arvores ficavam muito galhudas, e
transformavam-se em verdadeiros ninhos de cobras perigosas,
seno mesmo perigosssimas.
cesso, sobretudo,
de
ter,
em
A separao que se realizava mamachinario do engenho, movia, fora hydraulica e o mesmo edifcio ainda abrigava grande ralador de mandioca.
Contou o Sr. Corra de S que o seu caf, quando despolpado, alcanava 4$ooo por arroba, ao passo que o typo commura
dos demais lavradores se vendia entre 3$ooo e 38500.
Setenta eram os escravos da fazenda.
Entre elles admirou-se Itier de ver muitos mulatos sobremodo alvos. Alguns eram to brancos quanto os seus senhores.
Disseram-lhe que os productos desta cruza afro-europa provinham dos numerosos estrangeiros sobretudo allemes, que visitavam aquellas paragens.
"Pobres pequenos to brancos, quanto seus amos! E no
emtanto, condemnados a viver captivos! Alli se tinha mais uma
demonstrao de amenidade daquelle horrvel regime".
Alis os escravos de Cantagallo tinham to bom trato quannal o seu descascamento
nualmente.
Ao
to os de Jacarpagu.
A FF O NS O
236
Menos sympathico
DE
um
E.
T A U
NA Y
atravessar
belia
fa-
prncipe.
So estes os dados que encontramos no relatrio do Visconde do Rio Bonito, Vice-Presidente da Provinda do Rio de
237
Exportao
Exerccios
em. arrobas
1839-1840
184Q-1841
1841- 1842
1842- 1843
1843- 1844
1844- 1845
1845- 1846
1846- 1847
1.922
2.847
4.216
3.303
1.963
1847-'i848
3.229
3.260
2.773
1.148
1848- 1849
1849- 1850
1850- 1851
2.168
6.270
Em
3 -300
um
certo
numero de
mantimentos
Entre elles destacava-se a famlia dos Suzano (D. Clara e
D. Helena, Janurio, Joo Antunes de Campos Suzano, Albino Pereira Suzano e seus irmos e scios Joo Baptista e Joaquim Jos Suzano) o commendador de Christo e da Rosa, official da do Cruzeiro, Gregorio de Castro Moraes e Souza, antigo tenente coronel de Cavallaria do Exercito, commandante superior da Guarda Nacional, veador de Sua Magestade, a Imperatriz. Pelos nomes devia descender do quasi homonymo defensor 'herico do Rio de Janeiro contra os francezes em 1710.
Era homem opulento e a 14 de maro de 1855, D. Pedro II
Em
Carmo do Rio de
Em
Janeiro.
Santa Cruz havia nove lavradores mas em pejuena escala ao que parece. O grande fazendeiro de curato, o commen-
AFF O NSO
238
DE
E.
T A U
NA Y
Em
1,105).
No
arbusto
Um
239
vela (lanchas escrevem os chronistas da pcx:a) alvarengas, canoas, sumacas, barcos, barcas, saveiros, etc, carregavam caf, milho, feijo, arroz, aguardente, trazendo da cidade outros mantimentos e demais artigos para as necessidades locaes.
mercial
Em
Em
assignala que o
Baro de
Piraquara, o possuidor da fazenda do Bang o Conselheiro Manuel Felizardo do Retiro, os herdeiros da Viscondessa de Mirandella, (da fazenda de Pacincia) etc, os fazendeiros de caf,
Em
caf
eram
certamente a mais importante das freguezias suburbanas do Muiricipio, sob o ,ponto de vista agrcola, contavam-se sete grandes
fazendeiros e 89 lavradores principaes.
Dos fazendeiros o mais importantes era o Guarda-Roupa de
Sua Magestade Imperial cavalleiro de Christo e Commendador
da Rosa, Francisco Pinto da Fonseca, senhor dos engenhos
de
d' Agua de Fra, das fazendas da Taquara, Unio e Pau
escassamente
A FF O NSO
240
DE
E.
T A U
NA Y
de to prestigioso nome nos annaes do nosso primeiro quarto de sculo de vida nacional.
marqueza (que falleceu em 1859) era a proprietria da
fazenda do Palmital.
Em 1864 as resenhas de lavradores do Municpio Neutro
ainda as vemos maiores. Eram elles em Campo Grande oitenta,
em Guaratiba 58, em Santa Cruz 15, em Jacarepagu 181, em
official general
Iraj 33.
Em
bm
tambm
colhia caf.
CAPITULO CVI
Os pormenores
viagem ao
na regio
No
emtanto como veremos do que se segue, j pela costasendo que um nico fazendeiro entre Mangaratiba e Angra dos Reis auferia dez e s
safras
annuaes
suas
cruzados
de
doze
mil
vezes
Ora, como em 1810 a arroba de caf valesse tres mil ris
em mdia, ou sete e meio cruzados, segue-se que s este homem
produzia mil e seiscentas arrobas
Graas porm ba traduco do relato do grande gelogo
realizada pelo Snr. Prof. Frederico Lange de Morretes pode-
AFF O NSO
242
DE
T A U
E.
NA Y
um
no revela.
Entre o Rio e Santa Cruz no encontrou cafezaes ao longo
da bella estrada real que ia ter sde da immensa ex-fazenda
confiscada por acto pombalino. No havia um s
ncleo de populao de certa importncia nas dez lguas atravessadas.
Apezar da permanncia em Portugal ainda no estava o
gelogo com o ouvido afeito s assonancias do portuguez do
A's vezes estropia os nossos toponymos ouvindo CasBrasil.
cador por Cascadura, Tacuahi por Itaguahy, etc.
jesuitica,
Engenhos
Pequenas
e miserveis casinhas,
onde
se
margem da estrada.
tambm mau pouso".
tram-se bastante
nellas se alcana
Em
Vendas, encon-
caso de necessidade
Diversos destes sitios e fazendas tinham nomes muito vulgares pertencendo a parochias distantes de duas e at qiiatro
lguas.
Os mais
pinho
e Cascador.
243
delles descreve
o gelogo:
uma
Um
locomover.
Os quartos, que nos deram eram mais sujos do que quaesquer por mim jamais vistos em 'Portugal.
Uma mesa, uma cama e dois bancos aos quaes faltavam perO tecto era o tenas, formavam o mobilirio de tres quartos.
lhado esburacado, abrigo de innumeros morcegos e ratazanas.
se podia
O
mais
jantar consistiu
uma
em duas
Os
garrafa de vinho.
gallinhas cozidas
leitos
eram
com
arroz e
esteiras de palha,
piira e simplesmente.
dia immediato,
animaes, 2$6oo
rs.,
.
pas
leitores allemes
AFFONS O
244
DE
E.
T A U
NA
Um
em
geral
Os
fu-
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
245
onde morava
logar,
rgio
servio
um
precisava
alli
J pela zona
mente
se
mesmo
dia.
Precisou pousar
tinente
em
lher e filha.
A F F O
246
S O
DE
E.
T A U
NA Y
Nas vizinhanas do ponto onde se achava existia uma fazenda de vulto a de Itacuruss onde, havia pouco, occorrera verdadeira catastrophe. Correra enorme barreira soterrando a sde
e matando muitos escravos do fazendeiro.
Felizmente j o jantar do geoJogo graas a sua diplomacia
lhe correu to mau quanto o almoo, embora tivesse que
lhe desembolsar o preo, cousa que lhe era bem desagradvel,
pousada que
segundo deixa a cada momento transparecer.
foi pssima.
quanto
o almoo,
pobre
e
escasso
sido
to
teria
O jantar
se o gelogo no tivesse cahido, como consequncia de innumeras
pequenas attenes, nas boas graas da dona de casa, conseguindo desta forma, naturalmente mediante bom pagamento, que
no
uma
lhe preparassem
gallinha.
Uma
panheiros
tambm
era indio.
No preciso grande perspiccia para deduzir que esta evico dos pobres aborgenes provinha do avano dos cafezaes.
Observa Eschwege
"Havia poucos armos ainda, no se permittia que um portuguez construsse casa de pedra e cal em Mangaratiba. Demoliam-n''a se algum tentasse fazel-a.
Depois da diegada da
Familia Real haviam-se os ndios tornado mais tmidos.
Suas contribuies para o fisco consistiam no dizimo apenas. Do servio militar estavam isentos. Falavam portuguez,
poucos os que ainda entendiam a lngua materna. Gente de
baixa estatura, olhos pequenos, face um pouco achatada e descomposta, cabellos negros, compridos, a cr da pelle lhes era
amarello-tostada
Tendo averso ao trabalho confinados em seus
maus casebres, senados em tomo do fogo, assim lhes decorriam
.
,1
24T
Em
Havia
tres armos, portanto desde 1807, que, com as plantade caf vizinhas, este lugar tomara impulso. Varias casas
tinham
construdo. Com o tempo poderia tornar-se uma
boas se
cidade commercial rica. Alli morava um capito-mr e um tenente de milicias. Quem viajasse a servio real precisava errtender-se com um dos dois
O capito-mr era 'homem muito malhumorado. Muito mais prestimoso o outro, que logo arranjou
bom alojamento dando bom geito a tudo de quanto necessitassem. Naturalmente a troco de dinheiro.
Offerece-nos Eschwege interessante quadro de costumes, inspirado no que viu em Mangaratiba.
Como fosse domingo, dia em que todos os roceiros se reuniam para ir igreja, teve boa opportunidade para observar
os trajes nacionaes. No conjuncto pouco dif feriam dos de Por<;es
tugal
um
viandante cansado.
Depois de uma hora desceu o gelogo a outra encosta, do
valle da Praia Grande, em direco a pequena aldeia em que se
destacavam, com vantagem, algumas casas bem construdas.
Junto ao valle da Praia Grande j havia notvel produco
caf eeira
Eram at as safras intelligentemente seccas em eiras naturaes de pedra, vantagem notvel para a boa apresentao do produeto.
O
bitantes
da zona.
A FF O NS O
248
DE
com uma
E.
T A U
NA Y
sol
terior.
Como os raios solares aquecessem fortemente as rochas, desnudas, isto trazia a vantagem de no s no attrahir o caf a humidade do solo, como tambm, seccar muito mais rapidamente,
do que se estivesse esparramado sobre a terra ainda que bem
enxuta.
caf,
A um
(homem grande
e corpulento,
com um ohapeusinho de
Annota Esdhwege
malicia
eU'e-nos
em
homem
falar, convi-
Sem mais
cerimonias aceeitamos
a offerta e marchamos morro abaixo para Curvitiva, a propriedade do nosso hospedeiro. ESte. depois de ir ver os trabalhos
dos seus escravos logo nos appareceu.
At aqui conseguramos sempre hospedagem a troco de dinheiro.
Foi esta a primeira desinteressada.
Tivemos acolhimento, sem que os nossos hospedeiros mostrassem qualquer inquietao receiosa ou o constrangimento que geralmente reina
quando chegam inesperados hospedes.
sala de visitas estava
cheia de caf. Por cima deste arrumaram-se as nossas camas.
Para uma cousa destas porm ningum olha quando recebido
de corao aberto. Jantamos bem e o vinho (o que por c
raro) correu-nos abimdante.
.
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
tnar-lhe casa.
era ohristo.
Em
Pereira (1750-1820) o mineiro humanista, agrnomo, economista, inventor, naturalista, cuja reputao em fins do sculo
XVIII era notvel em todo o Brasil e de quem disse Joaquim
As horas da
Em
elle
autor
se
li-
Delias
250
AFFONSODEE. TAUNAY
um personagem da classe mdia, a que casualmente asFra achado morto no caminho da sua fazenda villa.
Af firmavam alguns que morrera de colapso cardaco, outros que
terro de
sistiu.
fra assassinado.
Nada
investigaram as autoridades a
homem. Estava
num
vestido
tal
res-
com o burel
Um
Um
maite maus.
pedestres.
trabandistas e desertores.
AUi
se
mantinham oun
official
e cinco praas.
Teve de
exhibir os passaportes.
Logo que a estrada deixava a costa, margeava o Rio da
Serra d'Agua, atravessado 4 a 6 vezes, antes de se esgalhar em
Um
com o
Todos
fito de deter desertores e contrabandistas.
alli passavam tinham de exhibir passaportes.
prejuzos
causavam
mais
guardas,
observa
Eschwege,
Taes
do que vantagens. Embaraavam o commercio livre, emquanto
os desertores e contrabandistas sabiam evitar-lhes o contacto. As
abundantes deseres de uma Capitania para outra e o extraordinrio contrabando praticado, assim como as rarssimas pripraas
os que por
A FF O NS O
252
Comeava a
DE
T A U
E.
NA Y
e jacutingas.
Varias destas aves mataram-n'as os viajantes. Acharam-n'as
somente um pouco rijas. Viram muitos rastos de
porcos sylvestres. Disseram-Hies que alli viviam em varas de
muitas centenas, s vezes. Era perigoso encontral-os numa picada to extensa, onde no podiam desviar-se promptamente, devido ao cerrado da matta.
O caminho cortava o rio varias vezes, depois acompanhava-lhe a margem direita morro abaixo, at a Fazenda do Lopes.
Gastou Eschwege, do cume do morro, at ahi, hora e meia,
chegando a alta hora da noite. Uma boa famlia de sertanejos
recebeu-o e comitiva com grande hospitalidade, restaurou-os,
pois, desconhecendo ainda a maneira de viajar da terra nada haviam levado e nada comido desde o almoo.
Tinha o gelogo vontade de proseguir a viagem sem interrupyo, mas vrios motivos induziram-jio a acceitar o convite,
feito pelo amvel hospedeiro, de descansar um dia. Aproveitou
o tempo para se familiarisar um pouco com a lavoura brasileira,
para o que se offerecia a melhor opportunidade
Possuia Lopes quarenta escravos
Moravam todos, isolados
da sua casa, em pequenas palhoas, formando uma aldeiasinha.
cosinha era a mesma para todos.
No vigorava alli o habito, corrente em muitas outras fazendas, de dispensar o lavrador os escravos do trabalho aos SabTaados e Domingos, deixando-os o cuidado de prover sua alimentao costume reprovvel, pois o escravo preferia roubar o
senhor a alimentar-se com o fructo de seu trabalho. Alm disto
vivia peor prejudicando, naturalmente, a sade.
Estava Lopes, occupado na derrubada de um pedao de
matta para o plantio do milho e mandioca.
O rio Pirahy corria no meio da fazenda formando abaixo
da morada bella cachoeira, chamada "as Caldeiras". Media setenta passos de largura e a altura perpendicular da rocha que
motivava a queda, era de cerca de 40 palmos (8m,8o)
As pedras davam a perfeita impresso de um dique artificial
Informaram ao gelogo que nas cristas da montanha nevava
frequentemente, asseverao de que duvidou. Com certeza a nevada era a forte geada que ento annualmente cahia na matta
fluminense. Attingiu as cabeceiras do Pirahy de onde desceu
pra a fazenda do Lopes, acerca da qual d interes.sante desSaborosas,
cripo
Com
direita
rio corria
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
25S.
mostrava poroso at para sola, deixando passar a menor humidade. Ficavam os que o usavam com ps molhados ao cahir de
qualquer chuva.
Os escoltadores vindos de Angra depois de terem acompasarnhado o gelogo um bom trecho do caminho voltaram.
So Joo.
gento da milicia montada serviu-lhe de guia at
Um
Marcos.
AFF O NSO
254
DE
E.
T A U
NA Y
Diziam-lhe haver cinco lguas de caminho, mas nelle s empregou cinco horas. Ainda que a estrada apenas fosse transitavel por mulas no se mostrou to ruim como parecia dever
sel-o. Os rios Capivary, Passa Quatro (sic), da Vargem, Passa
Vinte,
e outros mais, de pouca importncia em tempo bom,
.
alli
e insupportavel de
Assim
uma
ms
reminis-
Marcos.
Assim, mal humorado, as referencias do gelogo
onde tanto padecera s podiam ser desagradveis.
Eis o que informa:
"A
casas, e
localidade de
mesmo assim
Como
no
em
lugar
cem
Eschwege hospedado
na casa da guarda alternadamente pelo Ajudante do Regimento,
que nella morava e por um capito.
Por alli passava o caminho de So Paulo ao Rio. Por ella
"voltou ao Rio.
Apezar de ser estrada principal no passava de
nelle
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
255
Sahindo de So Joo Marcos teve o nosso gelogo de affronda grande Serra de Itaguahy. Por toda
parte encontrou animaes mortos ou ainda vivos, bois ou mullas,
atolados na lama ou com as pernas fracturadas por entre as
ar a terrvel descida
pedras.
Ainda que de So Joo Marcos Fazenda do Teixeira, situada no p da montanha s houvesse seis lguas gastou neste
percurso mais de nove horas. Antes de l chegar encontrou um
posto onde os viajantes deixavam os nomes recebendo um bilhete
que devia ser entregue no posto de Itaguahy juntamente com as
senhas, com,probatorias de que os portadores no haviam passado
por atalhos.
Em Teixeira, s pde obter laranjas, queijo e aguardente;
teve Eschwege que dormir sobre um couro duro de boi. Na
-manh seguinte s conseguiu arranjar novas laranjas.
Foi convidado por um tropeiro para um assado de macaco,
porm tinha pressa de partir. No se demorou na bella pla-nicie verde de Santa Cruz e depois de pequeno repouso nocturno
Tia Fazenda do Lameiro chegou ao Rio de Janeiro pela manh
<ie S de julho.
Traando uma synthese do que apprehendera em sua jornada informa von Eschwege aos seus leitores: "o districto de
Ilha Grande pertence Capitania do Rio de Janeiro, e compre"hende as terras, que se estendem entre os rios Itaguahy e Mam"bucaba em doze lguas de costa, com uma largura de seiscentas
lguas, perfazendo portanto uma area de setenta e duas lguas
quadradas, no se contando ahi as ilhas em numero approximado
-de 250, cuja maior a Ilha Grande, que dava o nome ao Districto
inteiro, media quatro lguas quadradas.
'Poucas ilhas, e, no continente, s a faixa littoranea eram
Existiam tres freguezias; a de Nossa Senhora e
cultivadas.
Sant'Anna em Mangaratiba, a de Nossa Senhora da Guia e na
Villa de Angra a de Nossa Senhora da Conceio.
Nesta ultima contavam-se dez mil almas e em cada uma das
populao portanto attingia um total de dezeoutras tres mil
5eis mil almas que dezeseis annos antes eram onze mil apenas.
Trinta e oito engenhos de assucar e quarenta e dois de
aguardente encontravam-se espalhados por todo o districto. Era
elle productor de muito caf.
No dia em que a sua populao
augmentasse poderia a Villa, em sua felicssima situao, na
grande baha, na qual os maiores vapores encontrariam seguro
abrigo contra a tempestade, tornar-se grande centro commercal.
A' pequena memoria annexa o gelogo nteresante quadro
estatstico muito precioso por corresponder a uma poca em que
aes dados to raros eram ainda.
.
wCJ
rH
<N
ee-
e-
rH
>
to
t;
<:<!<!
Cl,
"O
9-
60-
69-
HISTORIA DO
em
CAF NO BRASIL.
257
arrobas.
Produco
total
Consummo
local
Exportao
Havia no
i29:2i8$6oo rs.
"
45 :8ig$6oo
57 :367$ooo
"
Caf
Assucar
Arroz
Farinha
Aguardente
Taboas
Cal
6.000 arr.
"
4.000
3.000 alqueires
"
5.000
214 pipas
100 dzias
25 navios
Em
1827 procedeu o Desembargador Joaquim Ignacio Silda Cora, a uma demarcao da Fazenda
Nacional de Santa Cruz, confiscada aos jesutas por Pombal, que
provocou os mais enrgicos protestos por parte de mais de seiscentos proprietrios de terras attribuidos pelo magistrado ao paveira da Motta, Juiz
trimnio publico.
Publicou-se, em 1829, o curioso livro d'0 Tombo ou "cpia
fiel da medio e demarcao da Fazenda Nacional de Santa
Cruz, segundo foi havida e possuida pelos Padres da Companhia
17
AFFONSODEE.
358
T A U
NA Y
o domnio da Fazenda Nacional ao Pidocumento para o estu-do da propagao cafeeira na Provncia do Rio de Janeiro embora esteja in-
rahy.
completa,
relao precioso
Traz uma
Pirahy
e parte
8.000
7.000
6.000
5.000
4.000
3.000
2.000
arrobas
arrobas
arrobas
arrobas
arrobas
arrobas
arrobas
3
i
3
6
13
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
259
seu nefando negocio e desrespeito das Instituies Divinas e Humanas requerendo justia para que se testemunhasse ao Mundo
3.000 escravos.
E' possvel porm que no rol d'0 Tombo s se mencione
a parte das propriedades deste grande fazendeiro que houvesse
ficado litigiosa.
um
decimo
CAPITULO CVII
A viagem
A
de
Walsh em
Aspectos valencianos De
subida da Serra
A fazenda do marquez de S. Joo
Marcos
Episodio pittoresco e quadro de costumes
Passagem por Valena
Uma serie de incidentes curiosos
lato curioso de
Preto O
Valena a Rio
viagem de James Holland na zona
re-
cafeeira
fluminense de Valena
16 de outubro de 1828 ancorava, nas aguas da Guanabara, o paquete Galatea da esquadra de sua Graciosa Magestade,
o rei da Gr-Bretanha, e Irlanda, Jorge III e trazia a seu bordo
Como
ford.
I,
Lird Strang-
R. Walsh
informa-nos Rodolpho Garcia, em sua preciosa monographia sobre as Exploraes S cientificas no Brasil.
29 de junho de
1829 regressava definitivamente ao paiz natal, depois de havei
realizado assaz dilatada excurso pelas provncias do Rio de Janeiro e iVIinas Geraes alm de pequenas excurses pelas vizi-
nhanas da capital
seu respeito
"O
brasileira.
commenta Garcia:
em que descreveu sua jornada em nosso paiz Notkes oj Brasil em 1828 and 1829 mais do que simples relao de viagem pelas observaes de ordem scientifica. Um bom
mappa, com o itinerrio de viagem, acompanha a obra. Walsh
livro
nova
sculo
XIX com
souras, Pidbunda por Piabanha, Canto Gallo, etc. Nem nos admiremos que escreva Pavoim Juis da Foro graphados segundo a
prosdia ingleza lhe ensinava.
AFF O NS O
262
seu
mappa
valioso
DE
T A U
E.
NA Y
des-
em
bravamento
Um
de
Alm Parahyba.
oriente fluminense do planalto apenas vemos Cantana regio entre o Parahyba, o Preto e Parahybuna apenas
Valena e Rio Bonito.
Depois de ter permanecido assaz longamente, no Rio de
Janeiro, resolveu Walsh conhecer um pouco do interior do BraAssim aproveitou a offerta que lhe fez o seu patrcio Milsil.
ward, superintendente das mineraes de S. Jos em Minas GeJustamente da provncia voltara seu outro compatriota o
raes.
viajante cego James Holland que apezar da cegueira porfiava
em viver em perpetuum mobile! e ainda por cima a escrever
No
gallo
etc.
Uma
delias
em
Iraj pertencia a
brasileira.
um
Sua casa
era,
aos do-
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
Viu Walsh
estes
moos fazerem
calcinador e refrescando-se
como
os
meus
com
porter
patrcios se obstinam
em
conservar os velhos h-
bananeiras
Encontrou Walsh
sexos, a que
ambos os
um
eito
dirigia
um
relho
scena que tinha sob os olhos era uma pintura to comuma propriedade tropical, to inesperada, aos olhos de
europeu que se manteve surpreso, largamente, a contemplar
pleta de
um
uma
regularidade militar.
Continuando a viagem notou Walsh quanto a baixada fluminense ainda era deserta. Havia fazendas afastadas uma das
outras; nem uma s aldeia avistara ainda. Apenas vendolas miserveis, de distancia em distancia.
Assim, em Venda Nova,
lugarejo de alis fundao recente, no encontrou nem caf nem
assucar quando em tomo havia milhares de acres (4.046 m2)
em
cafezaes e cannaviaes.
A FF O
264
S O
DE
E.
T A U
NA Y
Walsh
Ia
um
bem
coltada por
pistolas
nos coldres da
sella.
Embora no
parecesse extraordi-
teve
elle
Walsh
"No
que
alli
ximo. Achou Walsh que as bemfeitorias do marquez contrastavam fortemente no s com a belleza do ambiente como com
o aspecto das lavouras que por toda a parte appareciam nas en-
AFFONSODEE. TAUNAY
266
nome.
Era
um homem
cordeal.
Morava em
bons cafezaes.
Durante o jantar uma mucama negra poz-se subitamente a
fazer gestos e a tomar attitudes que aos dois inglezes muito surprehenderam, delles maliciando.
E no emtanto correspondiam a projectos os mais honestos.
Tudo quanto haveria de mais honesto, pour le bon motif.
Demos, porm, a palavra ao prprio Walsh:
.
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
"Bem
conhecia quanto a recluso em que viviam as braside posio lhes permittia poucas opportunidades de escolha de maridos que as tornassem felizes.
Assim se alguma occorria procuravam no a perder. Este
desvio dos protocollos europeus em nada depunha contra a deleiras
licadeza feminil.
da
tia,
Mas
do casamento e mortalha.
Assim no ligou importncia exquisita declarao amorosa, da jovem e inflammavel fazendeira, herdeira de bellas lavouras de caf.
Quem seria esta Victorina que pelas vizinhanas de 1828
era rica herdeira dt fazendas das encostas da serra de Botaes?
E' o que o nosso autor no esclareceu.
Na mesma fazenda de D. Victorina encontrou Walsh um
mineiro pertencente ao esquadro da Guarda de Honra de D.
Pedro I. Voltava sua provncia furioso com o Imperador.
Pertencendo a um corpo de fidalgos vira-se tratado (e o mesmo
A F F O
268
S O
DE
E.
T A U
N A Y
homens
ricos e influentes.
tio da sensvel Victorina viu Walsh um monmaohina que lhe pareceu a mais inefficiente e
mal-ajambrada. No sabia, porm, que era o typo do mecani.-mo eternamente prompto, jamais azangado. A tal propsito
commenta o nosso autor que os lavradores brasileiros vinham a
ser os mais rotineiros, e adversos ao emprego de machinismos.
Proseguindo em sua marcha para Minas, e tendo vencido
segunda serra, ainda mais bella que a primeira, atravessou Walsh
uma regio onde maiores demonstraes occorriam ainda, daquelle espirito de progresso que parecia, onde quer que houvesse a
agora passado, ter-se radicado no Brasil fluminense.
Enormes derrubadas se faziam na matta. E por toda a
parte surgiam as roas cerealferas que com certeza ensombra-
Na
fazenda do
jolo a trabalhar,
vam
os cafezaes novos.
Ao
recentes.
atraz es-
tas
to
e pro-
HISTORIA
"Penso que
j
dbtiveram
notei,
como
se trata de
DO CAF NO BRASIL
269
um
landlords e agricultores".
sabia o nosso inglez
Nem
Carneiro Leo.
Possua o Marquez enormes terras que, pretende Walsh,
confinavam com o enorme dstricto outrora dos jesutas e sobre
Depois de algum tempo de marelles confiscado pela Cora.
cha para o Norte verificou o viajante que alli se detivera a onda
do progresso avassalador da margem meridional do Parahyba.
Reappareceram as enormes mattas virgens povoadas de simios e
psittacideos
Em
se via
o rastro
Em
A' base desta notava-se uma estalagem de aspecto conforNelle havia luna sala de jantar, asseiada, com cadeiras
patrioticamente verde am.arellas, uma mesa recoberta por oleado,
adornada de espelhos com cortinas s janellas Pasmoso n'aqueltvel.
las alturas!
fazia
miuto
Solicitou
calor, e trouxeram-Ihe grande travessa cheia e raza.
depois sabo e veio-lhe um pedacinho minsculo de certa massa
que lhe pareceu barro pardacento e do tamanho de uma ervilha! Como o nosso inglez se mostrasse espantado trouxeram-lhe
ento uma espiga de milho esbrugada cheia daquella terra parda-
plantas ricas
com
A F F O NS O
270
as
DE
E.
A UNA Y
Enorme
em banha,
uma terrina
prafu-
Com summo
pouco de ch com
Nem
ch nem leite!
"E' simplesmente pasmoso
de 1828.
tal facto, commenta o desconsolado inglez, quando acabvamos de ver milhares de bois pelas
estradas e vaccas pastando em quanto morro haviam divisado!
isto
nho
tinto admirvel a
Aps
estas libaes
assistir
a uma scena
de
cruel,
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
no estimulados uma
doras dos movimentos.
Tiveram depois os escravos de gritar,
rem um attestado de vigor dos pulmes.
271
para da-
brasileira abastada.
pinho de
em
ser
Faiou horrores do modo pelo qual os fazendeiros da redondeza tratavam os escravos: "com a mxima deshumanidade
S lhes davam escassas raes de farinha e jamais carne,
obrigando-os a servio de quatorze horas, expondo-os s alternativas de calor, do frio, e da chuva, sem o menor cuidado
.
Tambm a mortalidade alli superava immenso a natalidade e assim, no fra a continua compra de novos escravos no
haveria, dentro em breve, um s negro nos arredores de Valena
nito
xada, desnudada
A
possuia
Situava-se
numa
um
pantanosa.
A FF O N S O
272
terra batida,
cegos
DE
E.
T A U
NA Y
legies de ratos e
mor-
Pretende Walsh que os ratos valencianos tinham a ferocidade dos animaes das selvas. Contaram-lhe que haviam quasi
devorado os pollegares dos ps de vinte escravos de um fazendeiro, quando profundamente adormecidos pelo excesso de trabalho
Espavoridos com esta vizinhana de ratazanas e vampiros
domifEim os dois inglezes sobresaltadissimos enrolados nos capotes, enluvados e botados. Felizmente acordaram ntegros mas
a primeira cousa que viram foi, porta da venda, uma pobre
vacca mutilada pelos ratos, e sangradissima pelos morcegos.
"Alli estava viva e eloquentssima demonstrao da ferocidade
dos nossos companheiros nocturnos".
Pela vizinhana pastavam vaccas sem tetas, amputadas pelos pavorosos roedores.
Sahiu Walsh do Rio Bonito sem saudades, coniprehende-se
bem "the most odious and dismal (lgubre) place we had seen".
todo o caso foi generoso, no publicou o nome do tal fazendeiro adverso pratica da hospitalidade.
De Rio Bonito em deante continuava o terreno muito accidentado e densamente florestado ainda. Nelle occorriam bambus
de singular belleza e dimenses.
Numerosas cruzes se viam beira do caminho.
Pensavam muitos que assignalavam lugares onde haviam
commettidos assassnios mas nem sempre era isto
Tambm correspondiam a mortes naturaes por accidente, ou raio, e ainda no
desempenho de votos piedosos.
Raros os casos de assalto para o roubo. Provinham os
crimes da irritabilidade dos pretos e sobretudo da dos mulatos
que acompanhavam os tropeiros, todos sempre armados de facatazes immensos, instrumentos de morte, frequentemente sacados nas brigas entre arreeiros e almocreves.
Procediam de
Birmigham e Sheffield estas armas.
Tambm se viam beira da estrada mulas mortas ou moribundas, devoradas, ou prestes a sel-o pelos urubus. Quando
um destes pobres bichos cahia e o tropeiro via que se no levantaria mais no se dava a maior trabalho a seu respeito.
Conten.
Em
tava-se
em
273
Como por alli houvesse uma vacca leiteira os inglezes deram-se ao luxo de preparar ch com leite offerecendo-o a provar
sua hospedeira que alis lhes pediu tal obsequio. J ouvira
falar da mistura mas no a conhecia.
No quiz por-Ihe comtudo nem nata nem assucar e pediu uma chvena para a sobrinha, que estava doente.
Observa Walsh que a gente do interior do Brasil entendia
que leite era cousa para se tomar somente como remdio.
A' noite appareceu-Ihe um vizinho que cortejava a fazendeira.
com
Armado
de
g!iitarra
dedicou-lhe
uma
interminvel serenata
melopa, selvtica mas
Acordou Walsh
di-
d'El-Key.
Destas cidades foi Walsh a Ouro Preto voltando a S. Jos
de onde rumou para Barbacena com intenes de percorrer, na
viagem de volta, itinerrio diverso do de ida, pela estrada da
Estrella.
alli
existentes.
Chegando ao porto da
18
AFFONSO DE
274
TAUNAY
E.
Tres
presenciara o viajante tamanha actividade commercial .
grandes barcaas, de 70 a 8o toneladas, estavam no porto a carregarem. E o nosso inglez partiu numa delias para o Caes dos
Mineiros.
Numa viagem que passado pouco tempo fez a Theresopolis em companhia do seu embaixador Lord Strangford, ainda
verificou Walsh que, entre Mag e Freixal, havia, na baixada
numerosas plantaes de caf.
Livro assaz escasso hoje Vempire du Brsil souvenirs de
voyage par N. X. recueillis et publis par J. J. E. Roy, impresso por Alfredo Mame, o celebre editor catholico de Tours,
em 1861
Comea por um escoro da historia brasileira, baseado, soX
Deve o tal Snr
bretudo, nas obras de Ferdinand Denis
(ou por elle o tal Snr. Roy) ter sido um impostor absolutamente destituido de qualquer moral.
E' mais provvel, a nosso ver,
que nem haja existido N. X. algum e Roy se haja aproveitado
do subterfgio para publicar a sua obrazinha e com ella ganhar
alguns francos surripiados boa f do honrado editor e do publico francez.
E com effeito tudo o que o supposto ou verdadeiro N. X.
declara lhe haver succedido, numa viagem do Rio de Janeiro a
S. Joo d'El-Rey e a Ouro Preto, em 1860, no seno a srdida apropriao dos trechos das Notices of Brasil em que Walsh
relata a sua excurso em 1828 ao realizar neste mesmo itinerrio. Diz o nosso autor que sahiu do Rio em companhia do rico
relojoeiro francez Snr. Valtier em direo Serra da Estrella.
E desde o principio comea a mentir comme un arracheur de
dents. Assim relata como se tendo dado com a sua pessoa os
diversos episdios de estrada occorridos com Walsh, trinta annos antes! Nada mais srdido nem mais servil do que esta
adaptao ineptissima
Assim no capitulo sexto consagrado a Valena lemos exactamente tudo o que succedeu ao viajante inglez em 1828 como
havendo acontecido ao falsificador francez de 1860.
E' simplesmente incrvel tamanha desfaatez e tamanha
inpcia.
Nem sequer procurou o mentiroso alterar, por pouco
que fosse, a narrativa de sua esbulhada victima.
Assistiu N. X., em Valena, s mesmas scenas de venda
de escravos, viu a mesma fazendeira rica, vestida da mesma maneira, a comprar africanos. Almoou no mesmo restaurante, mobiliado, da mesma maneira, etc, etc.
que vai por ahi adeante regula-se pelo mesmo teor.
E' simplesmente inaudito tamanho desbrio litterario como este
de que foi victima o honrado editor Alfredo Mane de Tours.
.
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
Que
que o
tal
colhidas
to r-
em
matria de pormenores sobre lavouras de caf, o trafico de escravos e o commercio do Rio de Ja-
les
neiro.
a ser o facto do
tal
Roy
vem
Brasil.
Antigamente taes supercheries litterarias eram as mais communs, no ha litteratura em que no tenham abundantemente
occorrido
Estava-se em plena vigncia daquella mentalidade que to
felizmente se synthetisa no famoso proloquio do molieresco je
mon hien partout ou je le trouve repetio milliar do
prcnds
James Holland, the blind traveller, to conhecido dos innasceu em 1787 e falleceu em 1857. Apaixonadssimo
de viagens entrou para a marinha de guerra britannica e aos vinte e cinco annos ficou completamente cego.
Pois apezar disto, como que lhe recresceu o desespero itinerante.
De 1819 a 1821 percorreu larga 'regio da Europa
Central. Em 1822 viajou o anno todo pela Rssia e passou
Sibria chegando a Irkutsk. Estava com a teno de percorrer a
Monglia e a China, quando, uma ordem expressa do Czar Alexandre I, fel-o desistir de tal projecto.
Voltando Inglaterra emprehendeu longa viagem de cinco
annos completos volta do Mundo passando pelo Brasil, o Cabo
glezes,
A F F O NS O
276
DE
E.
T A U
NA Y
Ainda em 1843
enorme percurso pelos paizes balkaniSeus escriptos tiveram grande repercusso pelo pittoresco
de se tratar de obra de um cego. Mas como natural pouco
valia apresentam pois apenas pde James HoUand referir impresses de outrem.
Vindo da Africa onde aportara na Madeira, Canrias, Cabo
Verde, Fernando P, Serra Lea, e Cabo da Boa Esperana,
surgiu Holland no Rio de Janeiro em julho de 1828.
Como no pudesse "aquecer logar" acceitou um convite
para visitar as minas do Congo Socco o que representava realmente um prazer extraordinrio. Uma jornada de cem lguas
a Cavallo e por que caminhos! Pois l se foi o nosso blind
traveller, guiado pelo Capito Lyon, director chefe da Imperial
cos.
British Brasilian
Mining Company
e tres patrcios.
Do
tos,
seu itinerrio refere uma serie de toponymos ora cerora horrivelmente estropiados.
numa
pequena propriedade de certo inglez Mr. John Mac Dill, antigo minerador do Congo Socco. Estava derrubando matta para
plantar caf a doze milhas de Botaes, na estrada da Parahyba
do Sul.
Neste lugar pousou nada inscrevendo em seu canhenho
sobre o antigo arraial de Garcia Rodrigues Paes onde atravessou
o grande rio do caf.
No dia seguinte almoou em Valena onde a sua chegada
causou enorme arvoroto.
.
Snr.
Padre? ou Missionrio?
To
"Mas
o seu espanto no
entaes
um
attributo luxuoso e
usavam barba no
venincia".
foi
um
uma
tal
utilidade.
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
Assim
277
um
gem
e ao
porao refrigerante.
oleo
de ricino a
uma
como
botica
que
este
um
at servia
azeite de illuminao?
Em
paganda protestante.
Em
A
cia
parte mais considervel deste livro consagra-se permanndo autor em terras de S. Paulo. Tinha Capistrano este
relato
em grande
paginas.
Descrevendo as scenas do centro commercial do Rio de JaKidder que o espectculo observado na rua Direita das
manh s 2 da tarde era de extremo pittoresco e animao.
da
9
neiro, diz
Limitava-se a este perodo o prazo dirio para a carga e descarga dos navios e estas cinco horas coincidiam com as do expediente aduaneiro.
vizinhana da Alfandega era o que rua Direita dava tamanha animao. O facto qtie havendo no Rio seno escassssimos carros e carretas todos os transportes se faziam manualmente, salvo quanto a volumes de extremo peso. Dahi a
circumstancia de se verem fileiras de negros levando pesos
em
todas as direces.
carregadores de caf, estes iam em filas de dez a vinte
indivduos fiados por um capataz, o qual marehava frente dos
outros.
Eram em geral latages dignos de figurar entre os
maiores e mais robustos specimens humanos.
Qiaando trabalhavam, raramente usavam mais roupa do que
camisa, elles a supprimiam por lhes
um par de curtas calas.
difficultar os movimentos.
Geralmente marchavam tendo cabea um sacco de 160 libras (5 arrobas) ou 73 e meio kilos apcabea,
Os
proximadamente
AFFONSODEE.
278
T A U
NA r
mentos msicos lembrando os chocalhos das creancinhas. Agitavam-n'as violentamente num rythmo selvtico ethiopico a que
acompanhava uma cantoria.
"Tem a musica poderoso effeito hilariante sobre o espirito
dos negros, affirma Kidder, e ningum certamente pensar em
negar o privilegio de abrandar a rude tarefa que lhes cabe produzindo esta harmonia de sons, a elles suaves embora grosseiros
para outros ouvidos.
beque
Aportando a Mangaratiba declara que alli se embarcavam
annualmente cerca de 400.000 saccos de caf.
Seguindo para Angra dos Reis notou que na frtil plancie
de Mambucaba se plantava muito caf ao lado de arroz e mandioca.
A Ilha Grande e S. Sebastio eram portos de grande
.
CAPITULO
CVIII
Um
sobre
lavouras
as
cafeeiras
fluminenses
Brasil
em
1843
Informaes
Um Casandra
falho
conde de Suzannet que em 1846. publicou os seus Soiivenirs de voyages, relativos ao Cucaso e ao Brasil, era filho do
titular
XVIII,
e a Luiz
chefe das tropas realistas, anti-napoleonicas, morto
na segunda guerra da Venda, em vsperas de Wa-
em combate
terloo.
revoluo de 1830 incompatibilisou-o com o novo governo francez. Poz-se a viajar longamente, e em fins de 1842,
appareceu no Brasil, paiz que viu com os olhos da malevolencia
e da acrimonia, embora confessasse que, em geral, nelle foi sempre muito bem tratado, e louve a hospitalidade brasileira.
No Imprio americano realizou Suzannet assaz longa viagem, em 1843. Foi do Rio de Janeiro a Diamantina e dahi a
Percorreu depois toda
Belmonte onde embarcou para a Bahia
a nossa costa at o Par de onde partiu para a Europa.
Antes de chegar ao Rio de Janeiro esteve em Buenos Aires, apreciando muito o convvio dos portenhos, apezar de notar
que a infeliz Argentina, submettida ao jugo frreo de Rosas levaria muito tempo ainda para se organizar. la-se-lhe apagando
.
em
as ao ascendente de
um
de Npoles
vam nenhuma
Constantinopla.
AFFONSO DE
280
E.
TAUNAY
Nem a Gvea mereceu uma menosinha nesse desdenhoso le reste ne vaut pas 1'honneur d'tre nomm
Havia no Rio alguns bairros encantadores, comtudo como
Botafogo e Cacete (sic)
Mas a cidade em seu conjuncto era
simplesmente horrivel. E a mais enfadonha do mundo, com a
vai (sic).
um
em nada
Do jovem
Ho-
impresso.
mem
e de
frigidez,
lava
res
Apenas
inexpressivos
aquelle
fa-
fixos
nunca
fraco,
Como
parecia
tristonho
infeliz
ins-
prehende
Cousa
curiosa,
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
em casa de quem
Assim o documenta a malevolencia com que se refere a uma fazendeira, velha rica, e viuva, do Norte de Minas,
que lhe deu ares de nymphomana.
at sobre as pessoas relativamente obscuras
se hospedou.
Muito melhor
seria
do algodo
commenta; a
desidia
nacional
Repelido outrora dos mercados europeus, dada a sua infesobretudo do gosto de terra, conem solo hmido e no pavimentado, o caf do
Brasil s fra requisitado pelo commercio por causa da destruio das bellas plantaes de S. Domingos e da diminuio
das colheitas das colnias francezas da Martinica e da Guadalupe.
qualidade do caf brasileiro era comtudo boa. Se houvesse mais cuidado com o seu beneficiamento conservaria o aroma. -Os proprietrios obteriam, certamente, mais altos preos
pelo producto. Em 1842 exportara o Brasil setenta milhes de
kilos.
cafezal
contar
com
bem
e plantado espaadamente,
de fructos por arvore.
capinado,
tres kilos
podia se
Os fazendeiros podavam as arvores com mais de dois meporque tal altura prejudicava a colheita, geralmente feita
por escravos. O aspecto das arvores affeioava-se ao das pyra-
tros
AFFONSO DE
282
E.
TAUNAY
chuva
dores
No
nos diz se os tres kilos de produco por arvore se referem ao caf verde ou ao beneficiado. No segundo caso a produco seria de duzentas arrobas por mil ps, o que evidentemente informao falsa, pois os cafezaes fluminenses nunca produziram tanto, sendo plantados em montanlias. Provavelmente tratava-se de caf verde, o que ainda nos d uma mdia muito
elevada, umas 130 arrobas por mil ps, produco assim mesmo
muito elevada, e superior a tudo quanto se relata das antigas
mdias fluminenses de colheitas. A cultura da canna que estava na maior decadncia, dados os progressos da industria assucareira moderna.
Os refinadores da Europa achavam que o
assucar do Brasil perdia um tero do peso. Dahi a queda dos
seus preos e o retrocesso da cultura da gramnea ante o progresso da lavoura cafeeira.
Os senhores de engenho, misoneistas, repellindo a introduco dos mechanismos novos e a ajuda dos technicos, limitavamse a culpar o governo de sua ruina progressiva e da repulsa que
peores,
em
confronto
teger mais activamente a explorao das legitimas riquezas nacionaes, mas, os erros dos poderes pblicos de
"
.
na
falta
de
uma
Era
idio-
indis-
pensvel recorrer immigrao europa para melhorar as condido paiz. Emfim tudo prenunciava a ruina completa da
monarchia e a integrao do Brasil na anarchia geral latinoes
americana
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
283
A F F O NS O
2Si
fazia
DE
E.
T A U
NA Y
gene-
Com
propsito da Princesa do Parahybuna commenta: as terras, os prdios pouco valor tem no Brasil, onde as populaes se
deslocam com a maior facilidade. O brasileiro no sabe aproveitar os terrenos qtie cultiva.
Dentro em breve os esgota e
ento afasta-se a busca de terras virgens que aps alguns annos
abandonar. Esta vida independente e nmade at a dos mais
ricos cultivadores.
Dom
(sic)
Jose Muerta
?)
homem
HISTORIA
cordealissimo,
Deste
es
homem
nem dos
Da
DO CAF NO BRASIL
vicios
fazenda de
(sic)
Dom
Belmonte
preciativo
"triste
aldeiola".
Bem pouco
va propriamente uma
Fra preciso a inpcia completa dos governantes do Brasil,
toda a ignorncia orgulhosa dos brasileiros para que o Imprio
!
rias
A FF O N
286
S O
DE
E.
T A U
NA Y
Um
mas no
um regimen de ordem, pura e simples, traria a reforma dos costumes, do estado moral do povo, proporcionando
do que era serio e digno das normas da civilizao, percorrer uma via de que cada vez mais se
recursos que
apartava
Os annos se encarregariam de afastar os negros presentimentos do Cassandra baratinho do nobre conde de Suzannet que
alis publicou suas reminiscncias de viagem em primeira edio
na Revue des Deux Mondes, e sob pseudonymo, provocando seus
conceitos vehementes protestos no Brasil.
O monarcha timido, destitudo de energia e capacidade desmentiria, do modo mais completo e esmagador, os prognsticos
de quem to pouco fazia em sua actuao futura. E a posteridade ao terminar os Souvenirs de voayge teria como ultima impresso de leitura de to acres paginas um nico commentario
assim retribuir seu autor a hospitalidade e a benevolncia, por
elle prprio proclamada, por parte do povo de quem traara to
carregado retrato. Assim falava o viajante apressado de um
paiz cuja lingua mal conhecia. E aps uma permanncia de alguns mezes apenas.
Quo diversa a attitude de seu illustre compatriota Augusto
de Saint-Hilaire
Nos
verdicas
e conscienciosas,
sciencia
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
287
Deixando
este
da Provncias do Rio de Janeiro e de tarde chegamos grande fazenda chamada Monte Caf, distante umas sete
lguas do nosso ponto de partida.
Pertencia a um brasileiro chamado Brigadeiro Ignacio Ga>
briel para quem igualmente trazamos cartas de recommendao
Tambm no o encontrmos em casa mas fomos recebidos, do
bellas florestas
A F F O
288
S O
DE
E.
T A
U N A Y
gentil,
em que se encontravam".
Repetindo conceitos largamente exarados alhures observa o
grande botnico
"Em justia no emtanto preciso dizer, depois de uma experincia de cinco annos, que os brasileiros esto longe de serem
senhores duros.
Salvo poucas excepes, achei-os bondosos e
cheios de considerao pelos escravos. O Brigadeiro installara
uma serraria movida por fora hydraulica, onde se construa
grande estufa para a secca artificial do caf. A superintendncia
deste trabalho era de um allemo outr'ora residente, por muitos
annos, na ilha de Java
Na manh de 28 de maro de 1840 deixmos Monte Caf
e proseguimos viagem em direco ao Rio Parahyba que de ns
distava lgua e meia somente.
Mr. Hadley acompanhou-nos durante uma lgua e passando
por um sitio chamado Santa Eliza, adjacente a Monte Caf e
tambm pertencente ao Brigadeiro, informou-nos que havia uns
20 annos pertencera elle a uma pessoa que se valia da casa como
chamariz de viajantes, que iam e vinham de Minas Geraes. Assim que os apanhava em suas armadilhas eram roubados e assassinados.
Sua casa ainda existe mas j ento inhabitavel os
alapes empregados para o diablico propsito podiam ser vistos
no cho.
Logo depois avistmos o rio e alcanmos sua margem em
lugar onde as aguas correm, com grande fora, atravez de garganta estreita e rochosa. Espervamos poder passar ahi mas disseram-nos que no poderamos fazel-o, por falta de cana e aconstancias
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
289
CAPITULO CIX
-Nascido
lherme
Adalberto,
es curiosas
leve
Em
A FF O NS O
2912
res do
DE
E.
T A U
NA
Y'
embora faa notar o contraste entre o ceremonial europeu cortezo e os matizes de cr da assistncia popular quer passagem
do squito imperial, quer durante a grande revista militar em
que a tropa brasileira lhe pareceu apresentar-se muito bem e manobrar com garbo.
Percorreu o Prinoipe Adalberto os arredores do Rio com a
maior curiosidade apreciando immenso os novos espectculos que
se lhe deparavam, to diversos daquillo que at agora vira na
Europa.
Notou a existncia de pequenas propriedades agrcolas no
caminho de S. Christovam, Inhama e Iraj pequenos sitios de
caf, canna e mandioca que soube no serem ainda as fazendas
de largas dimenses.
estas muito desejava conhecer.
Na mais larga excurso feita a Campinho, Campo Grande
e Santa Cruz passou por duas fazendas j considerveis, de caf
e canna, uma sobretudo era de regular tamanho a da Casa
Viega (?), Santa Cruz causou-lhe funda impresso. Ao olhar
para a serra de Itaguahy pareceu-lhe estar na fronteira civili-
da flora
brasileira.
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
23
pela Provincia do Rio de Janeiro cujos pontos principaes de assignalamento deviam ser Nictheroy, Nova Friburgo, Cantagallo,
Chegando Praia Grande extasiou-o a vista sobre a marfronteira da Guanabara, o panorama da bahia immensa a
que servia de magestosa moldura a cadeia enfumarada de azul
do Corcovado e da Ti j uca com as suas to nobres linhas.
Acompanhavam-no, nesta jornada, tres personagens de destaque, dois creados particulares de seu squito principesco, dois
arreeiros com duas mulas de cangalhas, levando as bagagens da
fidalga comitiva, mais uma mula de reserva e ainda dois cavallos
a serem vendidos em Campos. Cavalgava o prncipe prussiano
"vivaz corcel cinzento" que baptisara Botocudo. Era o nico
animal soffrivel da tropa. Estavam todos os seus companheiros
abominavelmente montados. Os pobres quadrpedes eram magruos e j decrpitos e pouco delle se augurava. Em todo o
caso supportaram as fadigas da jornada muito melhor do que se
podia contar. O Conde de Bismark cavalgava uma mula "superannosa". Era o que tambm acontecia ao cnsul prussiano Snr.
gem
Theremin
fizera",
tratos planos.
sim
como
As
as vendas e vendolas.
Aos rgos
em
longe, as-
escondia a
bruma
persistente.
Furavam
cercas,
A F F O NS O
294
DE
E.
T A U
NA Y
Da
nem mal.
sar a gadelha
com manteiga
Caoa o Prncipe delicadamente do aspecto dos companheios dois Condes estavam sobremodo pittorescos com os seus
ponches debruados de escarlate, rostos morenos, ibarbaas e cabelleira negra.
Protegidos por chapeires marselhezes tomavam
Ainda mais attrahiam a attenares de picadores hespanhoes.
o talvez pelas immensas barbas a Wallenstein de couro de
veado e a que se prendiam enormes chilenas.
ros
mente embotado como os tropeiros de Minas, abrigava-se sob colossal ohapeu de Chile.
Propoz o arreeiro que a comitiva passasse pelo Porto das
Caixas e o Prncipe a isto accedeu desejoso de comprar um
oleado para resguardar da chuva a sua bella jaqueta azul
"um de seus melhores thesouros"
que no coubera na mala
das roupas.
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
295
ainda que nas tropas se viam negros e mulatos, escravos na maioria e occasionalmente indivduos de aspecto indio.
;Do Porto das Caixas passaram os viajantes pelo Campo do
Collegio onde avistaram antiga propriedade jesuitica assignalada
"Momentos de
Tomaram os viajantes a cavalgar e o seu hospedeiro, provavelmente offuscado, em sua qualidade de europeu, pela circumstanoia de albergar um prncipe de sangue real, offereceu-se
para o guia at Aguas Compridas, a cinco lguas dalli onde o
hospedaria um Snr. Darieux.
Gostosamente acceitaram os nobres viandantes to amvel
offerta e assim seguiram
rieux
em
Da-
Parara a chuva
e a
macadamisada que devia vencer a Serra dos rgos em direHavia ento apenas algumas
co s margens do Parahyba.
poucas centenas de jardas feitas. Passadas estas a estrada mos-
A F F O
296
trou-se pssima
S O
embora de
DE
solo
E.
T A U
NA Y
goso.
Cahira a noite rapidamente e era preciso avanar muito prudentemente pela ribanceira de Macac, cada vez mais encachoeirado.
Snr
com a maior
tarias!"
La
comme un
oeuf!
Mas como fazer se alli s havia a sua estalagem. Descavalgaram todos os recem-dhegados certificando que realmente estava a casa repleta de uma assistncia internacional.
Havia um f rancez que falava como um moinho a mulher
do dono da casa era uma jovem suissa de Friburgo e falava ranTinha como ajudante uma bella allemazinha e ainda se
cez.
notava a presena de um lourissimo filho de Stralsund que offerecia seus prstimos de carpinteiro.
Fra marinheiro e recrutado para servir na marinha imperial brasileira fizera sob Dom
Pedro I a campanha do Prata.
Foi o jantar algo serdio mas muito bem servido. Divertiram-se os viajantes com o falatrio do rancez, sujeitinho muito
pequenitato que convidou os nobres commensaes a adivinhar em
que parte da Frana nascera. Afinal confessou que, embora
bearnez, educara-se em Paris dahi a pureza do sotaque pelo qual
recAeu de Sua Alteza felicitaes.
"Fazia o homensinho mil esforos para preservar da corrupo, nas florestas do Brasil, o seu sotaque parisiense, empregando todas as faculdades oratrias sempre que para tanto tinha
opportunidade
Afinal pode Mr. Darieux alojar a nobre comitiva, dando a todos cama isolada em um s quarto.
No commodo ao lado continuava o francezinho a deblaterar mas o cansao era tanto que Sua Alteza da Prssia adormeceu logo embalado pelo barulho do homensinho, casado ao marulho das aguas
correntosas do Macac.
Da casa do Snr Darieux em deante percorria-se um trecho
de floresta virgem que extasiou o Prncipe. Maravilhosa serie
de perspectivas e panoramas estupendas se lhe deparou ento!
Que admirveis aspectos floraes A floresta como a perder de
vista, grandiosssima.
Attingiu porm lrga clareira onde notou
;
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
297
numero de cabanas.
certo
nome
escala gigantesca de todas aquellas formas da mattaria fluminense tornou o Prncipe germnico absolutamente attonito.
"Para quando em nossa flora, exclama, avistamos uma arvore
florida ou fructada. aqui encontramos typos, duas ou tres vezes
mais corpulentos, em pleno esplendor da florescena vestindo a
grimpa das arvores com toda a belleza de seu colorido. Tal o
em
seus
minimos vestigios.
Devia ser immensa a fertilidade daquelle solo onde as arvores se adensavam tanto que o seu esgalhamento entremeiado for-
mava
inextricveis moitas.
Diversas paginas gasta o HohenzoUern, apaixonado da Natureza, em exaltar aquella flora estupenda que se lhe ia desvendando cahindo de surpreza em surpreza, extasiando-se sobretudo ante a riqueza das palmaceas.
Mil ruidos animavam a floresta, cantos de pssaro, berros
de simios, chiados de cigarra. As arapongas numerosas enchiam
os ares com as inarteladas do spero larynge.
Chegando ao Alto da Serra (a que o Prncipe geralmente
Um
este de
lido.
Brunswick fazia-lhe. e mulher, companhia naquella soEra dos antigos mercenrios de D, Pedro I e arrepen-
Depois de almoar seguiram, os viajantes em direco a Friburgo pelas encostas contra vertentes da Serra onde se divisavam grandes e lindos taquaraes J se notavam signaes de gran.
des derrubadas
e as capoeiras
A F F O N S O
298
DE
um
E.
T A U
NA
terras pertencentes a
um
suisso,
que preparava lavouras. Alis cada vez mais frequentes iam apparecendo as plantaes.
Ainal attingiu Adalberto da Prssia a antiga colnia do
Morro Queimado que teria de suas sessenta a oitenta casas todas
rodeadas de jardins. Alojou-se em casa de um tal Gould.
Em Friburgo vivia um norte-americano, de origem teuta,
Basta dizer
certo Besecke, terrvel devastador da fauna regional
que tinha sob as suas ordens trinta caadores. Elie, a mulher e
o filho trabalhavam geralmente como taxidermstas.
Contou que naquelle momento possua um stock de nada meSeu principal empenos de trinta e cinco mil couros de aves
nho era a matana dos beija-flores, de cujos papos colhia as penMuito
nas encommendadas pelo commercio das flores e plumas
desejavam, o Prncipe e os dois condes, caarem antas e onas
que segundo lhes haviam contado eram abundantssimas naquella
tal 'Claire
regio.
Brasil ainda.
com
Novo Mun-
do e desejosa de voltar Europa. De vez em quando animava-se a colnia, sobretudo no vero, quando vinham pessoas
do Rio de Janeiro, fugidas aos ardores estivaes e em sua maioria
inglezes
Occorriam ento grandes bailes na casa do Snr Oould,
festas cuja fama corria at as margens do Parahyba.
Deixando Friburgo poz-se o Prncipe Adalberto a seguir o
curso do Rio Grande, af fluente do Parahyba.
Estrada pssima, cheia de atoleiros, estreitssima verdadeira
vereda a cada passo cortada de resvaladouros perigosos, mesmo
para as mulas mais firmes. Tambm muitas pereciam por alli,
vendo-se em dfferentes pontos, carcassas de pobres inuares mortos por estafa, ou abandonados por terem quebrado as pernas e
.
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
demorado a sahir.
De Bonjardim em deante avolumavam-se os cafezaes entremeiados de milharaes onde enormes revoadas de aves surgiram.
Dahi a pouco cabia a noite absolutamente trevosa mas de uma
escurido to profunda que os cavalleiros no se avistavam mais
uns aos outros deixando-se guiar pelo instincto da velha besta
que cavalgava o Conde de Bismark, a que rompia a marcha.
Marchava o fidalgo inteiramente ao leo em rumo tanto mais incerto quanto havia occorrido uma encruzilhada de presena a
mais perturbadora. Estaria a caravana mesmo no caminho de
Cantagallo ?
Respondendo aos gritos da floresta, sobretudo s marteladas
das untanhas, entoaram os viajantes nocturnos para reanimar as
Afinal attinforas uma serie de velhas canes germnicas.
giram um lugar onde pousara a tropa. Disseram os tropeiros
que estavam no bom caminho mas precisavam andar duas lguas
ainda para attingir Cantagallo, Continuou a marcha agora encabeada pelo Snr. Theremin. Relampejava muito forte e afinal desappareceu por completo qualquer vestgio de caminho,
sequer de picada. Tornou-se a estrada cada vez mais perigosa
Depois de muitas
e a chuva comeou a cahir desabaladamente
peripcias, em que houve accidentes, que poderiam ter sido gra.
A F F O N S O
300
DE
E.
T A U
meia
NA r
caliira
CAPITULO CX
de caf
territrio
S. Fidlis,
Nictheroy
itinerantes o
ser-
A FF O N SO
302
DE
E.
T A U
NA Y
europeu.
como meros
da matta virgem ainda servia o capoeiro. As lavousafras remuneradoras durante um perodo de dez a
quinze annos.
Deviam depois ser podadas; os cafeeiros recomeavam ento produzir, passados mais dois annos.
Entendiam os dois francezes que um escravo dava conta do
trato de mil a mil e quinhentas arvores. Na fazenda da Aldeia
havia cento e setenta captivos, alm das creanas, que tratavam
de 250.000 arvores.
Taes os lucros da lavoura cafeeira que os dois scios ha-
A'
falta
ras
davam
trinta
escravos,
cinco
moagem da
canna.
Outra
installao
HISTORIA
Grande creao
alli
DO CAF NO BRASIL
303
Emquanto conversava o Principe com as duas senlioras francezas seus companheiros inspeccionavam os alojamentos dos escravos delles trazendo
ficio trreo
comprido
bem m
e sujo.
impresso.
Occupavam
um
edi-
uma
es-
trebaria .
Bismark
Um
A's quatro da manh deviam os pretos estar levantados, toento caf. A's dez almoavam arroz e piro, de farinha de mandioca, ou ang de fub. As duas da tarde jantavam
mando
Na
regio
de Cantagallo, porm,
com a
difficuldade
dos
madrugada.
selvtica africana".
A F F O NS O
304
DE
E.
T A U
NA Y
illustres
tismo ardente.
estabelecido
tes,
305
levao republicana aboliu o dominio prussiano e, em 1856, quando a reaco tradicionalista tendente a repor o canto sob o governo dos Hohenzollern exactamente irrompeu chefiada pelos
elle
desconhecidas.
Tambm no
foi
Dentro
em
breve-
casa do Snr. de
berta de bananaes.
Sua
gavam
Logo depois chegava o vizinho do gentilhomem, o Dr. Dennewitz de Wernigerode, genro do Pastor Sauerbronn de Nova
Friburgo e afamado medico daquella regio. Era antigo militar e a conversa versou sobre as reminiscncias da ptria, e das
guerras napolenicas. Ficou satisfeitssimo com aquella noitada
de confabulao elevada e inteiramente imprevista promettendo
em troca ao principesco interlocutor leval-o a uma bella caada.
20
A FFO NSO
306
DE
E.
T A U
NA
Y<
Ao
Snr. de Luze, serviam tres mucamas pretas, muito elegantemente arrumadas. Traziam os pratos do jantar de uma
mesa posta a um canto da sala, attentas ao servio, em seu feitio
especial lento e impassivel. Ao Prncipe impressionara o encontro de cobras.
O Snr. de Luze contou-lhe que tinha exactamente ento um escravo gravemente enfermo devido a uma pi-
cada ophidica.
,
uma
paca.
presena de vrios instrumentos seviciadores dependurados s paredes de sala levaram o Principe e seus companheiros
a discorrer longamente sobre as condies do captiveiro no
Brasil
Pareceu a Adalberto da Prssia que os negros eram geralmente menos mal tratados no imprio americano do que geralmente se pensava. Sobretudo quando se levava em linha de conta
que em suas terras passavam vida peor e l haviam conhecido
a escravido desde os primeiros dias da razo.
O Snr. de Luze possua a fazenda havia muitos annos, largamente vivera entre os seus setenta escravos. Os nicos brancos de sua fazenda eram elle e seu administrador, um allemo
de Konigsberg. A seu ver os pretos requeriam bom tratamento
justia. O interesse do senhor exigia que fossem bem alimentados e bem enroupados. No pareceram ao Principe estafados
de servio nem forados a trabalho acima das foras.
Era verdade que o fazendeiro de Neufchatel e o seu administrador tinham sempre cabeceira da cama pistolas e espingardas carregadas.
Mostravam, assim agindo, que no depositavam confiana cega na benevolncia do seu pessoal captivo.
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
307
Curiosa esta mentaHdade de fidalgo, filho de uma terra cicomo a Suissa, que se comprazia a viver como senhor
de escravos sempre receioso de attentados
Teria compensaes financeiras de tal existncia!? E' o que o Prncipe no
nos disse. Como pormenor da vida do Tanque apenas refere
que o seu hospedeiro fazia tocar o sino de recolhida de seus captivos s oito da noite.
Possuia o Snr. de Luza um lbum de vistas muito interessante.
E devia sel-o. Que bello documento para a iconographia brasileira dos primeiros annos do caf
Que fim ter
levado a preciosa collectanea? Reapparecer algum dia?
Da casa do fidalgo neufchatelense partiu o Prncipe a visitar o Dr. Dennewitz, cuja propriedade se situava margem lo
Rio Negro. Alli o receberam com sumptuoso almoo.
A Snra. Dennewitz era tambm allem. Com o filho fez
as honras da casa alteza prussiana.
Depois do repasto partiram os illustres itinerantes, acompanhados pelo Dr. Dennewitz e o Snr. de Luze em direco
Aldeia de Pedra, a sete lguas dalli.
Tempo esplendido e bellas paizagens reconfortaram a alma
artstica do Prncipe.
Linda sobretudo a perspectiva de determinado ponto, onde se divisava extensssimo panorama montanhoso, dominando-se de bem alto a importante fazenda de Agua
vilizada
Quente
Continuava por toda a parte maravilhosa a vegetao
arvo-
immensas appareciam pittorescamente decoradas por descomvelho emquanto suas elevadssimas franas pamunaes barbas
res
.rf"
escravos acorrentados.
AFF O NS O
'308
DE
E.
T A U
NA Y
nome
Immensos servios prestou este ardente evangelisador ao cathoCatechizou e aldeiou mais de dois mil
licismo e civilizao.
purys, coroados e corops, conta-nos o seu biographo Fr. Fidlis Motta em sua prestante obra d'Os missionrios capuchinhos
no Brasil.
sim,
um
sentia
trato
lguas
dal!i,
por
ao longo do
Parahyba, caminho que lhe offereceu a contemplao de lindos
panoramas
Vegetao muito caracterstica a das margens do magestoso
sempre agitada pelas revoadas de uma ornis variada,
sobretudo abundantssima, em que predominavam os psittacideos
Lindas as ilhas do Parahyba pontuadas pelas estupendas sacaudal,
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
309
Encontrou Adalberto de Hohenzollern pelo caminho diversas tropas que a S. Fidlis levavam caf destinado
a embarcar
alli em demanda do porto do Rio de
Janeiro.
Cada vez mais
a regio apresentava aspectos de civilizao maior Appareceram
depois os cannaviaes extensos, rodeando os primeiros engenhos
avistados. Aps haver passado pela fazendinha de um suisso chegou o Prncipe a S. Fidlis. Seria a futura cidade consagrada
ao Santo de Sigmaringa, quando muito to grande quanto a
Pedra. Neila nada chamou a atteno do principesco itinerante
nem mesmo a bella e artstica igreja matriz de autoria do frade
artista Frei Angelo de Lucca.
Ensaiava-se naquella zona a cultura cafeeira em certa escala,
que mais tarde to considervel viria a ser. Apenas avistou o
Prncipe pequeno cafezal numa fazendinha onde ainda notou a
.
tante
Desejosos de voltar quanto antes ao Rio de Janeiro partiS. Joo da Barra numa enorme canoa, l
as 2 da madrugada.
No caes do Parahyba havia enorme quantidade de mercadorias para embarque "sobretudo assucar. caf, madeiras, principalmente jacarand". Deve ahi haver engano do nobre itinerante que provavelmente trocou a peroba pela leguminosa.
Mas perderam os itinerantes o vapor e assim resolveram
fechar o seu circuito fluminense a cavallo. Visitaram um grande engenho assucareiro sanjoannense e voltaram a Campos de
onde se encaminharam a Macah passando por Macab e Quis-
chegando
saman
serem substitudas
AFFONSO DE
310
E.
TAUNAY
HISTORIA
nin teve
um
DO CAF NO BRASIL
311
carreira
Ajudante de campo de Frederico Guilherme IV e de Guilherme I, era em 1864 general de cavallaria e neste posto servia
na campanha austro-prussiana
Mais tarde tenente general e governador militar de Berlim, nomearam-no, durante a guerra franco-prussiana governador
da Alsacia Lorena, recem-conquistadas.
Diz o seu biographo que pela clemncia e a rectido envidou todos os esforos no sentido de conquistar causa allem
as sympathias da populao franceza.
Ficou mal visto e dispensado da commisso ainda em 1871^
retirou-se para suas propriedades da Pomerania onde falleceu.
CAPITULO CXI
As
paulista
A' medida que em 1829 se approximava de S. Paulo percebia Saint Hilaire que no estava mais no deserto encontrava
viajantes, passava por terrenos cercados de sebes e enormes lavouras de canna de assucar, por lguas e lguas. Do rio Ati;
baia a
num
o,
rancho de taipa.
Desta
villa
at S.
Paulo, occorria
numerosos desses ranchos chamados reiunos. O governo faziaIhes todos os gastos de manuteno e sob tal ponto de vista merecia os maiores elogios.
Era prestar assignalada proteco
agricultura, subtrahindo as tropas da cpida incria dos proprietrios e preservando os ricos fructos da terra de deteriorao
Oxal sempre
se favorecessem assim o
commercio
e os es-
Apenas
caram
installado no
Devia Campinas a origem ao assucar. Durante muito tempo pensava-se que o massap preto das vizinlianas de It fosse,
em toda a capitania a nica terra adequada cultura da canna
no emtanto, apesar de tal preconceito, algumas pessoas haviam,
annos de 1770, ensaiado plantar a gramnea nas terra
vermelho escuras, mais tarde, incluidas no termo de Campinas.
O xito lhes coroara os esforos e logo grande numero de
Construiram escultivadores haviam-lhes seguido o exemplo.
tes colonos uma igreja tendo como padroeira Nossa Senhora da
Conceio onde, em 1776 se celebrou a primeira missa nesse
local.
Logo surgiu o arraial a que chamaram Campinas e no
tardou que a igreja da Conceio se tornasse parochia. Empelos
A F F O N S O
314
em
fim,
tro c
de
E.
T A V
Mendona elevou a
S.
DE
Carlos,
N A Y
Jundiahy
tal
seguinte:
a observao
tanto quanto
com
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
grandes sub-divises
A cidade de Campinas achava-se ainda rodeada de mattas
Suas ruas no tinham muita largura erainpor todos os lados
.
em
quinha, fechava
uma
praa,
em
Em
outro
A F F O NS O
316
DE
E.
T A
UN A
Yi
mr da
pito
villa e
um
ecclesiastico
gente
zer
soubesse
fa-
um
Em
Campinas, como nos demais lugares do Brasil, as mucomo os homens. Quando montadas traziai;.
feltro e vestiam uma espcie de ama_-,/iid quasi sempre azul. Desde Mogy no avistara um homem s, sobretudo se
cavalleiros, que no vestisse poncho.
Durante a missa as campineiras como as mulheres do Httoral punham cabea uma manlheres cavalgavam
cabea
um
ta preta.
Alm
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
317
em tom grosseiro.
Estomagado commenta o
deiro
naturalista:
"Encontrei certamente nesta estrada pessoas cordatas e polidas m.as em. geral as que moram beira do caminho so pouco
educadas; tem modos vulgares, ar frio, abobado, tristonho, apathico e grande quantidade de tal gente, alis de nossa raa, s
se distingue do camponio francez por no ter nem alegria nem
a vivacidade deste. E' bem diversa dos brancos das comarcas
de Ouro Preto, Sabar, Serro Frio em Minas, pessoas que quasi todas esto acima dos ltimos
;
Dando
largas
moderao
"Devo apressar-me em
iurparcialidade
costumeiras
commentar
que seria soberanamente injusto julgar os mineiros por aquelles dos seus patricios
que moram borda da estrada grande, to frequentada, do Rio
de Janeiro a Diamantina. Assim, tambm, no seria menor a
injustia pretender assimilar todos os paulistas categoria desses homens forados, por assim dizer, a viver no meio dos almocreves negros e camaradas, boaes, grosseiros e viciosos que
pelos ranchos passam e repassam continuamente
accrescentar
mesma
Capivary.
floresta magnifica
estendia-se entre
um
Campinas
bretudo, pelas vizinhanas de Jundialiy, onde o botnico, avistando a serra do Japy, notou montanhas bem altas que a seu ver
Desde que se puzera a atravessar a zona flomulas do naturalista sentiam-se menos felizes os campos durante muito tempo haviam-lhes offerecido herva abundante e salutar no meio da matta eram os pastos fechados, obtios hbitos locaes.
restal as
318
A FF O NS O
DE
E.
T A U
NA Y
HISTORIA DO
Os productos
gens, etc.
CAF NO BRASIL
fraocezes,
como
319
portao.
quantidade de assucar que annualmente transita pelo
Cuhato avaliada de 500 a 550.000 arrobas."
De S Paulo foi a Jundiahy e Campinas "cidade nascente
iastante vasta, bem povoada, rica pela cultura em grande escala
da canna de assucar e pela fabricao desse producto e da
aguardente. Seus arrabaldes so agradveis em razo dos sitios
cultivados,
multiplicidade de casas e
engenhos de assucar.
concorrncia
traz
Em
signal de
S em Cuyab que o illustre itinerante foi encontrar cultura da rubiacea sem contar no emtanto se esta era ou no avultada.
Em 1839 visitou o Rev. Daniel Kidder uma fazenda cafeeira dos arredores de S. Paulo, a de D. Gertrudes Galvo de
Moura Lacerda, no Jaragu.
"Dentre as excurses realisadas nos arredores de S Paulo,
uma das mais interessantes foi a que fizemos s velhas lavras aurferas do Jaragu.
Ficam situadas a cerca de tres laguas de
distancia da cidade, base de uma montanha, da qual deriva
o nome da localidade, e claramente avistvel da cidade em direco de nordeste."
Sobre os resultados da velha minerao jaraguense escreveu
o viajante uma serie das mais elevadas exageraes.
"Essas minas ou lavagens de ouro, foram as primeiras descobertas no Brasil. Produziram muito, em princpios do XVII
sculo, e a enorme quantidade do precioso metal, dahi enviada
Europa, valeu regio o nome de segundo Per, incitando
tambm a explorao no interior, de que ultimamente resultou a
d'escoberta de varias localidades aurferas em Minas Geraes.
Desde muito deixaram de ser regularmente exploradas, e
fazem hoje parte da propriedade particular de uma viuva, si.
A F F O N S O
320
DE
E.
T A U
NA Y
Em
do assucar.
Tal engenhoca, conta-nos Kidder, era primitiva e tosca e semelhante aos moinhos de cidra dos Estados Unidos. Moviam-na
quatro bois.
9 de Dezembro de 1846 partiu Ida Pfeiffer do Rio de
Janeiro para o Ohile a bordo de um bello navio inglez o John
Renwick cujo passadio era ptimo.
13 ancorou em Santos
onde o capito devia embarcar assucar e desembarcar carvo e
ao mesmo tempo attestar os paioes de comestveis pois no porto
paulista os viveres eram bem mais baratos do que no Rio de
Janeiro.
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
321
Achou a famosa
de Santos.
Achou a viennense S. Paulo muito quente causando-lhe extranheza o facto de uso geral por parte dos homens de dois
grandes mantos superpostos, "moda exquisita"
Nada de curioso a se ver na cidade a no ser a plantao de ch do Jardim
Botnico. Tres semanas ficou Ida Pfeiffer em Santos at que
o John Rcmmck desembarcasse 200 toneladas de carvo de pedra e embarcasse 6 000 saccas de assucar
Isto lhe occasionou o espectculo de desembarque de 670
africanos, em pleno porto de um negreiro que no encontrou a
menor difficuldade em sua descarga de escravos, por parte das
autoridades militares e civis da praa
Isto em fins de 18.4.7
Nem uma s palavra consagra a globe trotter ao caf.
Fallando de Campinas em. 1853, assim se exprimia James
Fletcher
"Ao nos approximarmos da cidade fiquei impressionado
com a belleza e a fertilidade da regio circumvizinha.
As grandiosas montanhas haviam ficado bem distantes para
traz e em torno de ns, at onde podia a vista alcanar, estendiam-se vastas plancies ou antes prados ondulantes, onde quasi
!
21
AFFONSODEE.
322
T A U
NA Y
pistolas,
cioso e prestativo.
como
peculiaridades e qualidades,
Um
323
sem comparao s
que eu encontrara em qualquer parte do paiz. Tres nobres cidados da floresta primitiva haviam sido poupados perto da residncia do senador Vergueiro, offerecendo imponente vista no
meio do descampado.
A' distancia podamos ver a casa grande e capella e do outro lado, varias construces que eram a venda, a tulha e a casa
de machinas. A' nossa esquerda ficavam as casinhas aceiadas
dos colonos. A especialidade do Ybicaba o emprego de colonos livres; em seu costeio. Os que o Senador Vergueiro e seu
filho trouxeram para substituir os africanos pertencem s classes operarias da Allemanha e Suissa.
Suas vistas largas da
verdadeira economia mostrariam dentre em breve que taes planos no s dariam ptimos resultados como tambm ajudariam,
e muito, a elevar as condies dos que estavam em ms condi-
em
es
sua ptria.
altas,
o Brasil?"
Ao
evidentes
recidos patres.
O
com
filho
do Senador, recebeu-nos
attenes especiaes."
A FF O NS O
324
DE
E.
T A U
NA Y
as autoridades coinmunaes e os particulares, offerecendo facilidades aos pobres robustos que queiram emigrar, com suas famlias,
para o
Novo Mundo.
da viagem para o
preo moderado.
seu destino fornece, a cada cabea de casal, habitao e uns tantos milhares de ps de caf, em proporo com o tamanho de
cada famlia, a todos sustentando com provises, artigos para
vestimentas, tudo por preo mdico.
concorda
em
mente por interesse pela moralidade como pelo de maior proveiHa agora em suasto de ambos; do fazendeiro e do colono.
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
se
escravo
Que differena entre estes colonos felizes e alegres e os desanimados residentes da colnia de Dona Francisca
(Joinville
em Santa Catharina) que o nosso pastor protestante acabava de
!
visitar
"O Snr. Vergueiro e seu filho, esto constantemente melhorando os methodos de cultivo e estudando a melhor maneira
de applicar o trabalho nrdico e a pericia na agricultura tropical.
seu engenho as machinas de madeira e ferro so como
quaesquer outras fabricadas na Europa e na America do Norte.
Entre as varias destinadas a facilitar o beneficio do caf havia
que limuma
de inveno do prprio Senador Vergueiro
pava nada menos de trinta e duas mil libras de caf por dia
(mil arrobas)
Fomos, amavelmente convidados para jantar na casa grande e desnecessrio que eu descreva o cardpio deste sumptuoso repasto. Basta dizer que o "summo da terra" alli se apresentava em profuso e o "banquete da razo", etc, foi fornecido pelo snr. Luiz Vergeiro o Dr. X. e o intelligente padre
que conversava fluentemente em francez e allemo.
Em
CAPITULO CXII
Deixando a fazenda fluminense da Bella Vista, propriedade do Baro do mesmo nome, e futuro Visconde de Aguiar Toledo, encaminhou-se Augusto Emilio Zaluar, escriptor portuguez, ao Bananal, em 1860, por estradas geralmente muito pouco
conservadas
"As duas lguas que separam a Bella Vista da primeira
cidade de S. Paulo, annota, so regulares para quem est habituado a ellas, mas em alguns pontos abominveis para quem
as percorre pela primeira vez. O termo da primeira lgua demarcado pela ponte chamada das Tres Barras, perto da qual
fazem confluncia os rios Turvo, Pirapitinga e Bananal dahi
por deante a estrada melhor e costea, em quasi toda a sua ex;
tenso, a
margem
A FF O NS O
328
os ncleos do interior.
DE
E.. T
A U
A Y
No
etntanto era o aspecto g-eral da cidade risonho, e alguns edifcios importantes, sobresahiam vista do viandante observador, merecendo examinados com iriais
detida atteno".
"Terra de
nhos
cafesistas to
ricos,
o nosso
itinerante
"A
forosamente associada
de matto, eram pobres, feios,
mal construidos, e, fosse-lhe revelada a franqueza, indignos de
um municipio onde havia tantos elementos de riqueza, fazendeiros to abastados e de bom gosto, e finalmente de uma povoao onde se ostentavam muitos prdios particulares, que pela
magnificncia e riqueza mais amesquinhavam ainda essas obras
pertencentes collectividade que se deviam construir com a solidez conveniente, e de accordo com os preceitos da arte, de que
pareciam inteiramente desherdadas".
Prova de quanto affirmava era o que se dava com a .Santa
Casa de Misericrdia e a Igreja Matriz
"A primeira, a melhor e a mais grandiosa de todas as conscadeia, e o cemitrio, coUina coberta
truces publicas locaes, estava ainda por concluir, deteriorancom pouca esperana de prestar rapidamente os soccor-
do-se, e
ros para que fra instituida. Obra de um particular que folleDebalde esperacera, no encontrara ainda o seu continuador.
va os auxilies dos cofres da Nao, visto ser notrio que por
toda a parte os errios provinciaes soffriam de um mal conta-
Constava que alguns reparos, isto , uma igreja internamenna matriz. Delles fra encarregado o
Sr. Jos Maria Villarongo".
Deste artista-engenheiro, pintor e decorador hespanhol, alis
chamado Villaronga e no Villarongo ha grande copia de trabalhos em numerosos logares da antiga provncia do Rio de Janeiro
e em So Paulo.
Delle conhecemos decoraes em Vassouras, na Paraliyba
do Sul, alm de diversos retratos.
De sua capacidade dizia Zaluar
"O bom gosto, actividade e intelligencia do artista so j
lisongeiros penhores de que o Bananal ter breve um templo bem
acabado e digno das solennidades do culto catholico".
Impressionou-se Zaluar com o aspecto de alguns sobrades
vultosos que enriqueciam a cidade
"No emtanto. a povoao tem prdios, dignos de uma ca
pitai
entre elles avulta o do Commendador Manoel de Aguiar
te nova, se pretendia fazer
HISTORIA DO
Vallim, no largo do Rosario,
CAF NO BRASIL
329
com
ria
fora convir
caf esquivarem-se ao
desejo constante de seus habitantes, seja qual fr a sua cr politica, de fazerem parte da provncia do Rio, est por assim dizer
como
uma
diviso territorial
que no lhe offerece commodidade de natureza alguma, difficultando-lhe antes e tolhendo-lhe a marcha regular e a ordem do seu
offical e de seu movimento industrial e agrcola.
Esta justa aspirao de um municpio, inteiro, que to poderosas razes parecem justificar, tem sido mais de uma vez manifestada pelas discusses da imprensa e da tribuna parlamentar, e
corroborada com as representaes da camar municipal, expresso franca da vontade collectiva do povo, sem que at agora os
expediente
locaes"
330
A FF O N SO
DE
E.
T A U
NA Y
se
man-
tinha inerte sabiamente alis, ante este movimento, altamente prejudicial aos cofres provinciaes de S. Paulo ameaado de perder
CAPITULO
CXIII
Aspectos do Bananal
O marasmo das cidades cercadas
de grandes fazendas
ndices de civilisao progressiva
Palavras de Spix e Martius e de Saint Hilaire
Descrevendo os costumes bananalenses em 1860, dizia Augusto Emilio Zaluar que certo viajante moderno affirmava ser nepara se conhecer o estado de civilizao de um paiz, procurar logo aquilatar de sua instruco publica, e observar-lhe o
movimento dos theatros e botequins.
No Bananal, errado andaria quem pretendesse estribar sobre
cessrio,
dados
uma
estes
struco
alli
educandas
terra.
brasileiro
ameno
e affavel. con-
tando-se no grmio delles grande numero de cavalheiros illustrados, que muito honram no s o municpio como tambm o
paiz"
Infelizmente o que ali se notava era a diminuta sociabiliContadade, o que povoao infundia aspecto montono.
ram-lhe que nas fazendas corria a vida mais animada se bem que
em algumas, mas poucas, se conservassem ainda as senhoras em
triste recluso, costume que recordava aos viandantes a tenda
hospitaleira,
(sic)
AFFONSODEE.
332
T A
SA T
Um
cafedras
rior
hoje
uma povoao do
inte-
gre sahem rua ou, apparecem nas janellas por toda a parte
rdna o desalento e a solido. Se por ventura um momento se
reanimam tudo isto rpido e transitrio, para logo tornarem a
cahir na atonia e no marasmo.
;
edifcios
pennanecem
desertos, e
r.:
333
"No emtanto eram constantes aqui. Jantares, reunies, bailes e festas traziam todo este povo em movimento, em aco
compiava-se e vendia-se muito: todos as interesses rinham portanto largo respiradouro".
Qual ao ver do nosso autor a causa primordial de to perA politica, ou antes as suas
modalidades mais srdidas, e mesquinhas, a politica gem. a politiquice, a poUtcalha como quer que fosse designada esta feio
das competies da atnbio, da inveja e da vaidade.
Era o que exj^cava o viajante, attribttindo ainda a outra
causa concomitante to graves males.
"Qual porm o flagello que reduziu quasi ao anniqiilamento
todos estes centros de commerdo e da riqueza do paiz. Como
se explica esta sbita transformao, esta passagem rpida de nm
de faial decadenda que lhe
estado de florescimento para
sobreveio agora?
Explica-se. qtianto a mim ainda pelas dissenes politicas,
e talvez pela absorpo das pequenas propriedades, que quasi
por toda a parte, vo progressivamente sendo feudatarias ou incorporando-se s grandes fazendas. Estas causas, a fedlidade
das commtmicaes para a Corte, e ultimamente a crise financeia por que tem pasado o paiz. crise mais fictida que real,
pois nasce, quanto a ns. mais da centralisao dos capites do
que de notvel decresdmento nos elementos de exportao, como
se prova da estatistica dos consulados e das alfandegas; todas
estas drcumstandas tem produzido como efdtos nattiraes a
decadncia das povoaes, isto , o enfraquecimento das classes
menesterosas, ao passo que os grandes proprietrios se devam,
crescem, chiando j em mtiitos pontos a concentrar em suas
^e
AFFONSO
334
DE
E.
T A U
NA Y
vida fazer eleies ; tarde, dizemos, tornar a reapparecer o equidesconcertado por to violentos abalos. Onde ha s ricos
e pobres, e no existe mais ou menos igualdade nas fortunas ahi
desapparecem os interesses collectivos, e com elles a independn-
lbrio
vida.
Onde
pois se
escondem as dezoito
mil almas que compem este municipio, cujo centro por assim
dizer uma povoao deserta? Toda essa gente est na roa, e
s aqui vem no tempo das eleies, quando funcciona o jury ou
s paradas da guarda nacional.
Estas so as tres festas solemnes do anno a que ningum
falta, de boa ou de m cara.
Mas na primeira madrugada depois do ultimo dia de trabalho, tudo desapparece de repente e como por encanto.
povoao porm vinga-se? vo-se os hospedes, mas fica a intriga".
seguir emitte uma comparao positivamente desastrada,
seno toleirona, querendo estabelecer impossvel confronto entre
condies de vida as mais dispares
"Seria mais feliz o Bananal quando, em vez destas casas
arrogantes as choupanas pittorescas do indgena bordavam as
margens deste rio frtil nas flechas de ub com que elles montavam os seus arcos, instrumentos toscos, mas seguros de sua independncia primitiva? No sei. Mas o que hoje existe dessa
raa poderosa dos Tapuyas, que noutro tempo povoou estes sertes, so apenas algumas talhas de barro que serviam de umas
funerrias, e onde se encontram ainda as ossadas dos mortos.
O largo do Rosario parece ter sido o cemitrio desta tribu,
pois ahi que se acharam a maior parte destes sarcophagos".
Traando o histrico da opulenta cidade, escreve o itinerante
legitima inexactido: haveria uns setenta annos (portanto em
1790), "o terreno em que estava edificada a cidade era uma fazenda pertencente a Andr Lopes, primeiro patriarcha do logar
por meio da povoao actual passava ento a linha divisria dos
limites entre a provncia de S. Paulo e a do Rio de Janeiro.
Agora, a diviso territorial era outra, como outro o destino daquella propriedade".
Ora, na data apontada, a fronteira entre as capitanias de
335
Em
as loteara.
A FF O NS O
336
DE
E.
T A U
NA Y
Em
do Marechal Miiller.
Tal o desenvolvimento do municpio e da
estatstico
villa
que em 1849,
Em
(350.000)
Campinas (335.000).
No era crivei pois que, em 1860, houvesse declinado, sensivelmente, a posio do Bananal, como pretendia Zaluar quando
justamente affirma haver neste anno o municpio exportado mais
de um milho de arrobas de caf!
Assim nada mais, falso do que esta af firmao
"A cora mural da nova cidade em bem pouco tempo tem
perdido os mais bellos e ricos de seus flores
Outra observao sem base a que se segue
"Os cereaes tem escasseado a ponto que j no supprem as
necessidades locaes.
O commercio hoje est aqui muito reduzido, apezar do povo que habita e pova to frteis e vastos terrenos".
J quando
tratei
de Rezende fiz a
mesma
Eram
nicpio
era extraordinria
tal anomalia.
Basta lembrar que o Presidente da Camara Municipal, o Coronel Commandante da Guarda Nacional dos municpios do Bananal, Barreiros, Areias, Queluz e Silveira, riqussimo fazendeiro
e grande chefe do partido conservador, o Baro de Bella Vista,
no figurava entre os eleitores. Sel-o-a"em Barra Mansa?
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
33T
ri,
o Dr. Antonio
mente politica.
Falando das grandes propriedades bananalenses escreve Zaluar
"Muitas fazendas de primeira ordem concorrem para a riqueza agricola deste municpio. Tive occasio de visitar, alm.
da do Sr. Baro da Bella Vista (Bella Vista), a do sr. Commendador Manoel de Aguiar Vallim (Resgate), que se torna notvel no s por ser, uma das melhores propriedades do lugar,
como pelo gosto com que so pintadas as salas e a capella da sua
casa de moradia campestre.
As pinturas so devidas ao hbil
pincel do Sr. Villaronga.
A sala de visitas, toda de branco com frizos e ornatos dourados, tem o tecto de muito bom gosto, e nos painis das portas
delicadas pinturas representando os pssaros mais bonitos e conhecidos do Brasil pousados nos ramos das arvores ou arbustos,
de sua predileco de cujos troncos se vm pender deliciosos e
matizados fructos. A sala de jantar e a capella, que um trabalho de muito preo, no merecem menos elogio".
Fazendeiro opulento construir o commendador Manoel de
Aguiar Vallim. na cidade, um dos mais sumptuosos sobrades,,
Occupa-o hoje o Grupotypicos do fastgio do caf imperial.
Escolar Nogueira Cobra.
Delle disse Paulo Jos Pires Brando em interessantssimo
artigo publicado no Jornal do Commercio em Outubro de 1936'."Este palcio alm de grande hall de entrada, com sumque talvez sem errar
ptuosas escadarias, possue salo de baile
seja um dos maiores do Brasil, com lugar reservado para grande
como possuaorchestra, paredes e tectos pintados por artistas
lustres de crystal e bronze de tal valor que se acham hoje re-
colhidos ao
Museu
Paulista".
22
DE
AFF ONSO
338
E.
como
T A U
NA Y
Momentos
agradabilissimos
Tambm
se
idade
Deveria o fro
advogados formados
ser
e rbulas.
Viviam no municipio
tres igrejas
(Bom
Uma
numero
quinze,
fizera
no
cinco cir-
do batacom-
seis
com
offi-
339
cofjea!
CAPITULO CXIV
So Jos do Barreiro, sua produco e progresso, filhos da
lavoura cafeeira
Melhoria de estradas
Fazendas importantes
Zelo dos barreirenses pelo bem publico
Inrcia da administrao provincial
Areias, centro da propagao cafeeira no Norte de S. Poulo
Seu desenvolvimento
rpido provocado pelo surto cafeeiro
Proseguindo
em
do valle do Parahyba.
Encaminhou-se da cidade do extremo nordeste paulista para
cordilheira se encada
no horizonte".
daquellas cidades.
Paulo,
em
Fora era confessal-o, a estrada geral de So Paulo mostrava-se muito superior aos trilhos rudimentares e agrestes que
constituam as grandes artrias de communicao no interior da
Isto constitua um facto inconprovncia do Rio de Janeiro.
teste
em
favor de
as commodidades do publico.
342
AFF ON
S O
DE
E.
T A U
NA Y
Depois de permanecer algumas horas na fazenda de prestigioso rezendense, o Commendador Fabiano Pereira Barreto, na
fronteira das duas provincias, partiu o itinerante para a do Sr.
Jos Celidnio Gomes dos Reis, cujas bemfeitorias eram muito
celebradas pelas redondezas.
Tratava-se de varo respeitvel, de caracter to aprecivel
pelas virtudes como pela amabilidade do trato polido, o que justificava a geral estima de que gozava em seu municpio.
Escrevendo o que viu nesta fazenda, em mataria de installaes mecnicas, observa Zaluar "ahi passei um dia, e tive occasio de visitar o magnifico engenho de caf, a primeira construco subterrnea que examinei deste gnero notvel, no s pela
de fub".
Nelle se desEsplendido pomar o do Sr Gomes dos Reis
tacava enorme e formoso and-ass, arvore especialmente admirada por D. Joo VI, a ponto de a mandar profusamente planDahi o facto
tar como cercadura de estradas em Santa Cruz.
delia haver perdido o nome indgena passando a ser mais conhecida como Joanesia.
No terreiro da fazenda haviam sido encontradas diversas
panellas de barro, de procedncia indgena.
Descendo a pormenores ethnographicos e archeologicos dizia
o nosso viajante desse vasilhame
"O processo era simples depois de lhe introduzir a comida
que queriam preparar, cobriam os indios a bocca do utenslio com
varas e folhas seccas, e, pondo-lhe por cima uma camada de
terra, largavam-lhe o fogo.
Conseguiam assim os mesmos resultados que os discpulos de Brillat-Savarin obtm hoje, auxiliados pelos elegantes e artsticos foges modernos. Espero que
esta descoberta archeologica no ser infructuosa de todo para
.
HISTORIA DO
cinco
kguas
CAF NO BRASIL
dali nascia
o Parahytinga,
343
em pequena
la-
Campos da Bocaina.
E lembrando-se desta circumstancia expendia-se o nosso viajante em las e dithyrambos, ao famoso rio do grande valle do
caf
crymal, a grande altura nos
predileco
agora cidades e villas industriosas, os mattos primitivos, ostentam hoje os productos da cultura, os cafezaes, espessos e dourados, como as mais bellas searas. Por toda a parte brota a vida
ao contacto da civilisao e do progresso!".
Excellente impresso teve o nosso autor do Barreiro, "villa
de aspecto agradvel e methodlco" (sic)
A's ruas perfeitamente alinh3,das e quasi todas planas, emolprdios, ainda que em geral pouco importantes mas
duravam
construdos
com
regularidade.
Outro bairro abaixo do primeiro, era habitado pelas clase quasi todas as casas ainda se mostravam cobertas
de sap. Provocava o facto um contraste que no deixava de
ter seu tanto ou quanto de pittoresco, visto de certa distancia.
ses pobres,
Acudia-lhe
logo
em
seguida
uma
reminiscncia
do peor
DE
A FF O NS O
344
E.
T A U
NA Y
Esta construco constitua mais uma prova da tendncia cide seus habitantes. Pouco faltava tambm para a concluso do cemitrio, cercado de boas muralhas de pedra, e uma
ponte sobre o rio Barreiro notando-se que todas estas obras haviam sido feitas, quasi exclusivamente, custa do limitado, mas
vilizadora
florescente
de
fu-
turo, nada mais justo parecia do que dever ser attendido pelo go-
mesmo
facto
feitas
em
em
outras questes de no
menor importncia, apesar dos bons e louvveis desejos do seu
povo em melhorar suas condies de progresso. Era porm de
crer e esperar que este estado cessasse quando a administrao
provincial visse com maior benignidade aquelle ponto do territtal
sentido, o
lhe succedera
rio paulista.
cia
'A instruco publica estaria tambm em completa decadnno Barreiro, no fra o povo manter, sua custa, havia disto
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
nos annos
de
maior
falba,
entre
100.000
200.000
arrobas
'Das fazendas de S. Jos nada nos diz Zaluar a no ser das
j aqui mencionadas. Havia-as comtudo considerveis pela produco e o numero dos escravos, como por exemplo, as do "Pau
do Comraendador Zebedeu Antonio Ayrosa. "So Miguel", (Luiz Ferreira de Souza Leal), "Saudade" (Jos de
Marins Freire), "Campinho" (Virgilio da Silva Pereira," pae do
illustre medico Dr. Miguel Pereira, alis barreirense), "Con-cordia" (Domiciano de Paula Ramos), "Guanabara" (Dr. Joaquim Celidnio Gomes dos Reis). "Bom Successo" (Luiz Pereira Leite), etc. entre diversas outras, cujos nomes nos foram
d' Alho",
obsequiosamente offerecidos pelo Dr. Carlos da Silveira conhecedor como ningum das antigin'dade3 do e.xtremo nordeste paulista e da historia de seu povoamento.
"Alm do caf, produzia o Barreiro gneros alimenticios em
quantidade superior s suas necessidades, e creava suinos para
duas teras partes do consumo, e gado, tanto para o custeio
como para a alimentao publica".
Elogiando o proceder daquella populao, mal aquinhoada
pelos poderes pblicos provinciaes, declarava o viajante que por
informador tivera seu generoso hospedeiro, Sr. Jos Alvares de
Magalhes por quem f ra tratado com a maior largueza
"Bastava o que referira para demonstrar quanto o povo barreirense era religioso, amigo da illustrao, procurando, na orbita
do trabalho, proporcionar s suas famlias, o bem estar presente
e futuro. Cada vez mais o influenciavam as idas de civilizao
e de progresso.
Projectava a construco de um edifcio de pedra destinado
Casa da Camara, edificado de modo que ao mesmo tempo servisse de cadeia. Intentava abrir uma estrada que directamente
se entroncasse com a Cesara. Como fossem trJas estas obras de
indispensvel necessidade, montando porm a muitos contos de
ris, nada mais justo que a assembla provincial de S. Paulo,
estendendo a mo protectora a uma populao to digna de solicitude e interesse, a auxiliasse e amparasse no "justo e santo
anhelo que a impellia ao futuro e ao progresso".
Varias vezes affirma Zaluar que a sua viagem no tinha caVisava angariar a maior cpia
Tacteres meramente tursticos.
AFFONSODEE.
346
T A U
NA Y
duco cafeeira dos municipios e a frequncia escolar nas diversas cidades do seu longo itinerrio.
Mas por toda a parte encontrara a maior inpia de elementos collegiveis
"Tal a escassez dos documentos, mesmo nos archivos pblicos, que difficiimente conseguia o pesquizador formular um calculo approximado para se orientar para um trabalho de tamanha
importncia como a factura de uma estatistica mais geral e completa
No
sei
os estudos deste gneros, commentava, mas felizmente me alegram os esforos da curiosidade particular, qus j vae olhando
para estas cousas com mais interesse e dedicao jMtriotica da
Rezende.
Areias
"Apreciando a sua amvel conversao, annota Zaluar, confesso que me foi mais suave essa continua asceno e descida de
morros que se encadeam, com pequenas excepes, de um limite
a outro desta viagem, o que sem esta agradvel companhia se
me
tomaria insupportavel"
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
347
nico ponto interessante do percurso era certo logar assignalado por enorme jazida de calcareo, at ento virgenTe
certamente de rendosa explorao futura.
Afinal teve sob os olhos a cidade de Areias, Sant'Anna e
So Miguel das Areias, cabea de circulo eleitoral.
Era j povoao relativamente antiga, bastante extensa e
populosa. Antiga para o Brasil, entende-se.
Freguezia de Lorena em 1811 fra elevada a villa em 181 r
e a cidade muito recentemente, a 24 de Maro de 1857.
Ainda em 1817, e em sua viagem terrestre do Rio de Janeiro as terras de S
Paulo haviam Spix e Martius. deixado o
Bananal, atravessado o riacho e o minsculo arraial de S. Jos
do Barreiro, chegado a Sant'Anna das Areias, logarejo j bastante considervel, e pouco depois elevado categoria de villa
por D. Joo VI. Seus primeiros habitantes ali haviam apparecido, fazia uns 35 annos, e seu povoado, de colonos pobres, perdidos no meio de enormes morros cobertos de mattas, no podia
.
ptria distante.
outr'ora, senhoras
Eram
furtaram
Viajando dois annos mais tarde e em sentido inverso, annotava Augusto de Saint Hilaire em seu dirio de jornada, a
23 de Abril de 1822:
"Hoje comecei a notar, tanto beira da estrada como a
alguma distancia, casas um pouco melhor tratadas que as vendas,
Desde hontem, comee habitadas por cultivadores abastados.
Devem
ara a ver plantaes de caf, hoje mais numerosas.
sel-o mais ainda medida que me fr approximando do Rio de
Janeiro. Esta altematira de cafezaes e mattas virgens, de roas
de milhos, capoeiras, valles e montanhas, esses ranchos, essas
vendas, essas pequenas habitaes rodeadas das choas dos negros e as cara^-anas que vo e vem, do aos aspectos da regio
grande variedade. Tornam-na agradvel de se percorrer.
A FF O NS O
348
DE
E.
T A U
NA Y
vamente
Contou-me o Capito-Mr que encontraria um de meus
compatriotas estabelecido a cerca de meia lgua da cidade
Parei
no logar indicado e com effeito numa venda avistei-me com um
joven francez que parece activo e bem educado e cujo rosto
.
agradvel e vivaz.
Relatou-me que nascera em So Domingos (Haiti), passara a infncia nos Estados Unidos e viera para este paiz esperando ganhar alguma cousa e tirar os paes da situao embaraosa em qut estavam. Aquire caf aqui para o revender no
Rio de Janeiro e a venda offerece-lhe meios de compral-o barato.
Particulares de poucos recursos, negros, mulatos nella se
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
349
bom
Nos
ltimos seis annos, tem immigrado, para este paiz, grande quantidade de francezes, attrahidos, em sua maioria, pela fama
de riqueza de que o Brasil goza na Europa e a esperana de r-
pida fortuna.
Consta a maioria de militares de ambies contrariadas, opesem clientela e aventureiros desprovidos de principios e
moral
Vrios delles. cheios de decepo voltaram Europa ou
foram levar America hespanhola sua ignorncia e fatuidade.
Entre elles entretanto, existem homens de caracter firme, que
vindos ao Brasil com a inteno de enriquecer mostram constncia, e cujo trabalho no deixou de ser recompensado.
rrios
Num
de ter muito maior descortino deve necessariamente ganhar alguma cousa, se trabalhar com perseverana e comportar-se bem".
gncia, simples,
mas
alinliadas
ele-
vados. Visitou o viajante a povoao, e os seus edificios prinem companhia do Dr. Joaquim Francisco Ribeiro Coutinho, presidente da Camara Municipal, e um dos cidados mais
prestantes do logar. Teve a bondade de lhe fornecer todas as
cipaes,
informaes requisitadas,
"com
com
A FF ONSO
350
DE
E.
T A U
NA Y
As salas municipaes eram grandes, e espaosas. Com poucadespeza se conseguiria cs melhoramentos de que precisavam, tornando-se assim a Camara mais apropriada e digna das altas funcadeia forte e segura, pareceu ao
ces a que se destinava.
viajante uma das mais asseadas e talvez onde se guardassem
mais condies hygienicas, das que examinara por toda a parte
por onde passara. Via-se pois que a popuilao areiense cumprira fielmente as condies sob as quaes lhe fra outorgado o
foral de villa.
"A igreja, a camar e a cadeia estavam construidas, philosophava o observador em tirada de bem medocre elevao. A
religio, a municipalidade e a policia, Deus, o homem e a justia,
trplice frma do progresso e da garantia publica, funccionavam
ni recintos separados, prestando respeito a Deus, incremento ao
local e segurana sociedade (sic)
Alm destes edifcios, estava se terminando elegante theatrinho que, a julgar pelo que j havia prompto, devia ser dos
mais bonitos existentes na regio. Na plata poderiain accomodar-se trezentas pessoas, e ornavam-no duas ordens de caroarotes.
Prximo cidade, sobre um ribeiro, denominado Jos
Gomes, existia bella ponte de madeira, com oitenta palmos pouco
mais ou menos de extenso e vinte de largura (17,6
4,4)
Fra construdo pelos cofres provinciaes, o que por ali era
facto raro. Devia-se-o ainda aos esforos do digno inspector de
estradas o Di
Coutinho.
depoimento de Saint Hilaire sobre a producc dos cafezaes areienses que nos primeiros tempos daquellas lavouras attingia uma mdia de 90 a 125 arrobas por mil ps precioso por
mostrar a homogeneidade das safras em todos aquelles terrenos
de montanha do- Norte Paulista, da Provncia do Rio de Janeiro
e da Matta Mineira, cuja constituio topographica a mesma.
Nos primeiros annos mostravam-se as colheitas abundantssimas mas no tardara que a eroso, provocada pela violncia das enxurradas tropicaes diminusse notavelmente aquella fer-
ephemera.
Os livros de assentamentos dos velhos fazendeiros fluminenconsignam invariavelmente os altos dados apontados por Saint
Hilaire para as primeiras safras de Areias, sejam elles documentos referentes a Vassouras, Valena, CantagaJlo ou Mar d'Hespanha
Assim toda aquella abundncia de fructos seria muito e
muito transitria abrangendo um perodo quando muito correspondente a uma metade de sculo apezar da devastao progressiva das mattas, derrubadas pelos fazendeiros medida que
as mdias de suas colheitas baixavam. tilidade
ses
CAPITULO CXV
Ainda Areias
Milagres do caf
As estradas para o
Mar e o interior
Fructos da iniciativa particular
Queluz, suas pssimas estradas e magnifica natureza
Silveiras
Lavouras importantes de caf
De Sant'Anna
em
Zaluar,
mada
bem
cuidada.
Milagres do caf
Todos os melhoramentos
vessado
locaes,
3152
AFFONSODEE.
T A
U N A Y
Contava a cidade duas escolas publicas de instruco primapara os dois sexos: a pnimeira frequentada por sessenta e
cemitrio da povinte e seis alumnos.
voao, coroado por pittoresca capellinha branca, era bastante espaoso e todo murado.
J no se enterravam os mortos em campo aberto, como
succedia em muitos logares, e no muito havia ali occorrera "deixando-se os animaes folgar e pastar como se no fosse por ventura este um recinto sagrado digno da maior venerao e respeito de todos!" A' camar de 1860 devia o municpio os melhoramentos do cemitrio.
No meio da cidade calava-se uma das mais importantes e
frequentadas ruas. Este melhoramento era urgentemente reclamado, e devido ainda, como muitos outros, solicitude da Camara actual e seu digno presidente.
Tinha o Dr. Coutinho concorrido constantemente para todas
estas obras, e despendido, por vezes, avultadas quantias em favor
dos benefcios locaes. Timbrava o nosso viajante pois em recommendal-o estima de seus concidados, como um desses homens
"pertencentes gloriosa filiao do Baro de Ayuruoca e outros
illustres benemritos".
Alm da cidade, pouco mais visitou Zaluar do municpio.
Esteve na fazenda da Ba Vista, pertencente ao Dr. Coutinho
e extremamente pittoresca. Situada sobre alegre plancie a meio
quarto de lgua da cidade, ostentava excellente casa de morada,
adornada por vistosa varanda "em cuja frente se enlaavam verdes sanefas de enramadas trepadeiras, das quaes pendiam os clices azues de mil perfumadas flores.
Habitao da paz, convidava ao socego e meditao".
As estradas mais importantes do municpio vinham a ser a
geral de S. Paulo e a chamada Cesrea, que ligava a localidade
ao ponto de Mambucaba, por onde se fazia a exportao e importao dos productos commerciaes e agricolas.
Tinha onze lguas de extenso e estava mal conservada, exceptuada a parte correspondente ao territrio fluminense, quasi
toda empedrada. Alm destas, convinha citar a da cidade ao
Pic, de penetrao no territrio mineiro, a de Queluz, das quaes
se dizia estarem em pssimo estado.
Os moradores de Areias mostravam-se animados de espirito
progressista, e muitas obrais estavam actualmente em construco
na cidade e municpio. No se tratava de povoao estacionaria,
mas sim de ncleo a que o destino reservava, talvez ainda lisonria
geiro futuro.
HISTORIA
seus cafezaes
como
DO CAF NO BRASIL
succederia
aos seus
Silveiras e Barreiro,
vizinhos
SS
de Bananal^
mu-
da Matta Mineira, nos do Norte Pauconfigurao das terras consentiria apenas que o brilho-
Em
1837 produzira 102.797 arrobas de caf alm de muialgum fumo e assucar, informa o "Quadro^
do Marechal Daniel Pedro Miller. Em 1854, segundo o Brigadeiro Machado de Oliveira, colhera 186.094 arrobas de caf
Neste tempo contava i 069 escravos
Assim pois devia orar a sua produco por umas 200.000
arrobas quando Zaluar por ella passou. O municipio era 1837
contava 1.071 fogos e 9.469 habitantes; comprehendia Queluz
Estatstico"
e Barreiros alis.
reira Leite
Souza)
rico lavrador
Zaluar valer-se da occasio para conhecer outros pontos do norPaulo ento reputados como grandes centros cafei-
deste de S.
cultores
geral de S.
25
DE
AFF O NSO
364
E.
T A U
NA Y
niai resoluto
pdem
mento das
xuriante
Do
tintas,
alto
villa
quelu-
zense
"No
fundo do
valle delicioso
uma
guiosas as casinhas pittorescas da povoao, em numero de noventa e cinco, grupadas sem symetria, mas apresentando aspecto
m
no
vistas se lhe
impresso to agradvel
seio de to
voadora destes
tema
mansa
No
nome
esta,
mo
vivendo-se
raa indgena po-
se ptodia ser
e benfica natureza.
sertes, e
era a do "Purys",
e tmida.
Os
355
Alm da
a expensas de um particular, Jos Antonio Dias Novaes, benemrito cidado j fallecido, pertencente tradicional famlia local,
homem de vontade activa e potente, para a realizao dos beneficios locaes.
uma povoao
a que
com
res-
peito,
s margem do Parahyba
grupava-se de um e outro lado, ligados por elegante ponte de
madeira que, justamente, se acabava de terminar, construda
custa do governo de S. Paulo, por solicitao do Deputado provincial Dr. Luiz Dias Novaes.
Custara vinte contos de ris.
sendo o seu madeiramento offerta dos particulares. Esta ponte
substitua a rude piroga, ou cana, em que at ento se costumava atravessar o rio.
um
mesmo
edifcio, s tinha
Era a populao da
villa
Em
!
Novaes.
Chamava^^e Ignez e deveria
idade
annos de
AFFONSO DE
356
E.
TAUNAY
mido horrvel".
No redemoinho
Nem
todas as estradas de
S.
Paulo,
357
Nem
sempre estes symbolos de religio e piedade, commentava potica e piegasmente o nosso itinerante, attestavam um homicidio ou commemoravam um crime "muitas eram filhas da
desventura, que fra ali plantal-as no ermo, como uma esperana
consoladora ao viajante perdido, como a offerenda de uma promessa milagrosamente cumprida, ou como um estimulo de alento
a quem na senda da vida sentira o corao desfallecer-lhe e a
crena vacillar"
Piedosamente
reflectia
dominava,
teria,
uma cruz.
quem uma ruim teno
homem
no meio do deserto,
feito nascer,
de sbito, o
flores,
Santa Cruz.
Chegou Zaluar a
Silveiras j noite,
mesmo
se
to cansado, que
villa.
Recommendado por alguns amigos ao capito Francisco FeCastro, bem conhecido pelos importantes servios prestados ao municpio, deveu-lhe no s bondosa hospitalidade como a
lix de
villa
AFFONSODEE. TAUNAY
358
lina
e de
onde realmente
villa contava cento e tantas casas regularmente construmuitas outras cobertas de sap. Tinha algumas ruas e
primeira era a da Matriz, edifcio de architetres praas.
ctura pesada e agora em reparos, pois chegara a um estado de
lamentvel runa.
das,
Silveiras
tambm uma
daquellas povoaes
com
ares
A casa
como
sumo
local
Existiam na villa duas escolas publicas de instruco primaria uma do sexo feminino, frequentada por poucas educandas .
:
Alm
destas,
havia
uma
escola
de
instruco
seatndaria,
onde estudavam dez alumnos alguns dos quaes com muito aproveitamento, subsidiada pelos cofres provinciaes, que lhe forneceram 8oo$ooo, alm da municipalidade, que entrava com ....
400$ooo!
"Karo e louvvel exemplo de philantropia dado por uma
populao em favor de sua mocidade".
HISTORIA
Ao
DO CAF NO BRASIL
359
"ameno,
progressista,
e
rico fazendeiro.
D.
dado
em
Era- D. Felicidade, pois, neta paterna do Sargento-Mr JosLeite Ribeiro, o opulento minerador sanjoannense (1723-1801)
cujos filhos representaram notvel papel na phase de propaga-
Em
cionrio, por falta de recursos pecunirios, para o que muito concorrera a escassez das ultimas colheitas de caf e a difficuldade
AFFONSO DE
560
E.
TAUNAY
CAPITULO CXVI
Quem
cessar a
em
diante
S de
nho da terra. Ao lado do caf, at ali quasi exclusiva preoccupao dos lavradores, iam surgindo, abundantes plantaes de canna
a alastrarem vastas campinas. Da conjugao destas duas culturas nasciam resultados profcuos para o desenvolvimento da
produco local.
Nos arredores de Lorena, o terreno, como observara o sbio
Saint Hilaire, pantanoso e misturado de areia, offerecia vegetao menos opulenta, pertencendo, todavia, ainda, em seus mnimos pormenores, flora do Rio de Janeiro
A F F O NS O
362
slo,
montuoso at
DE
tal
E.
T A U
NA Y
em
dahi
larga
das culturas.
Outra surpreza era o encontro com uma populao de singular aspecto, diversa da que vivia beira das estradas fluminenses
.
"Esta gente, mais guerreira do que agricultora, no trabalhava, lidava, e a sua actividade no produzia, consumia-se.
Fi-
pelo sol americano, e nos olhos negros e ohammejantes, a impetuosidade das paixes, o odio sujeio e a intrepidez na luta.
Mal
Nas sete lguas dentre Silveiras e .Lorena, alm da freguezia do Sap, nada mais encontrou Zaluar de notvel seno as
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
choupanas destes nmades que confundia com os ciganos e a differena dos terrenos por onde corria a estrada, quasi todos planos ou ligeiramente ondulados at Lorena.
Fra naturalmente induzido em erro pelo pendor generalisao, confundindo os caboclos de beira de estrada, sedentarisados margem do caminho, com algum rancho de ciganos acaso
encontrados
Na
rua principal notavam-se varias lojas bem sortidas eno botnico algumas de latoeiros, coisa muito rara
vinha.
;
em Minas, de onde
Em
com o bom
A F F O N S O
364
matriz,
DE
E.
T A U
NA Y
ao povo
o produoto de algumas
nado.
loterias,
com
mesmo
a do Rosario, onde
de utilidade
Era
collectiva.
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
365
em
encontravam algumas vistas e muitos objectos dos mais nee, unida ao scenario, boa sala com cama
e mais guarda-
cessrios
roupas, etc.
relata Zaluar.
talista
(1838-1S89), av do Baro da Bocaina, um dos ltimos titubrasileiros, do Conde Dr. Jos Vicente de Azevedo, do
Dr. Arnolpho Rodrigues de Azevedo, antigo Senador da Re-
lares
publica, etc.
Em
AFFONSODEE. TAUNAY
366
um
Cabia mencionar
felizes resultados.
com
avultados cabedaes.
Alm
entranando com toda a perfeio, rdeas e chicotes de couro, industria conhecida com o nome de arreios de Sorocaba. Na rua
dos Ourives, onde moravam os indivduos desta profisso, trabalhava-se em prata com muita arte e gosto, sobretudo em facas,
freios, arreios de luxo, e finalmente todas as obras deste metal.
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
367
Castro,
declara
mente apreciado.
A' entrada da cidade era digna de admirar-se majestosa fibrava, virente e enramada, cuja sombra podia servir de
abrigo a umas poucas famlias. Vinha a ser este o ponto haLastimvel que ainda se no tibitual dos passeios da tarde.
vesse dado a tal largo aspecto mais aprazvel, pois seria excel-
leira
geral,
de S.
A FF O NS O
68
DE
E.
T A U
NA Y
vegetao pareceu-lhe menos opulenta do que a da prodo Rio de Janeiro, pelo menos nos pontos visitados.
Depois de duas horas de marcha regular e suave, entrou em
uma espcie de viella estreita e tortuosa, orlada de "velhos e
mesquinhos casebres, que desembocava em calada ladeirenta e
pedregosa". Ia esta dar a uma "praa de aspecto desolador e
quasi repugnante". Acabava de entrar em Guaratinguet!
Da velha cidade seiscentista teve o viajante muito m im-
vncia
presso
As
Camara
Os
edifcios
struces particulares.
fieis,
tector
Alm da
uma
matriz existiam
em
Capella.
No municpio contavam-se mais seis capellas, que, excepo da consagrada Senhora da Apparecida, estavam em abandono.
A
fcio,
eram
soffriveis, se
bem que
369
em um mesmo
edi-
tes reparos.
fazia-se
em
tro
da cidade
era espaoso,
murado
e nelle se
viam algumas
car-
penitencia
da moral evanglica".
Impressionou-o muito este clrigo, alis, de to bella reputao nos fastos do clero paulista e nacional.
"Homem de 40 annos, magro, erecto, seu aspecto fazia lembrar a austeridade de S. Jeronymo. Tinha a palavra grave e
perplexa, como quem no encontrasse na linguagem humana
phrases com que traduzir a sublimidade dos sentimentos que o
24
AFFONSO DE
370
dominavam
e as
E.
TAUNAY
Peregrino do
aa Terra".
recia
Entre as obras pias a que ligara o nome na parochia meprincipal meno o Asylo Religioso das Irms do Bom
Pastor.
Guaratinguet,
a sua figueira
monumental. Nascera de uma estaca de tropeiros e era duplamente digna de venerao. A ramagem que lhe sombreava o
base
tronco colossal podia abrigar uma poro de cavalleiros.
do tronco tinha umas poucas de braas de circumferencia (sic)
Era um templo de verdura levantado s portas da cidade, apontando em sua imponente majestade um facto importante nas tra.
dies nacionaes.
Pedro
e pelo pr-
punho imperial.
Quando o fundador do Imprio fra ao Ypiranga proclamar a Independncia do Brasil, ali passara, tarde de ii de
julho de 1822. Pousara em Guaratinguet, hospedado em casa
do Capito-Mr Manoel Jos de Mello.
Ahi pernoitara esse dia, e por essa occasio entalhara as
suas iniciaes no tronco da figueira. A arvore crescera a ponto
de que as letras P. I., ento a altura do brao de um cavalleiro,
tinham agora a elevao de mais de tres homens.
Esta chronologia do nosso Zaluar que no est de todo
Pedro I, ento regente, sahiu do Rio de Janeiro para
certa.
S. Paulo a 14 de Agosto de 1822, apparecendo em Guaratinguet a 19 e em S. Paulo a 25. No dia 9 de Setembro deixou
S. Paulo, de volta ao Rio de Janeiro, onde chegou noite
de 15. Assim, foi a 11 de Setembro que se pode ter dado o
facto do entalhe na figueira. Nem crivei que o primeiro Imperador j antes de 7 de Setembro se atrevesse a inscrever publicamente o seu digramma dynastico P. I. onde quer que fosse.
O povo de Guaratinguet, continua Zaluar, se no tinha as
largas aspiraes de progresso, animadoras da maior parte das
populaes modernas, era pacifico, morigerado e extremamente
religioso, se bem que ali, como em toda a parte, se encontrassem
ainda homens de instinctos odientos e grosseira ignorncia, re-
Os costumes
(sic)
populares pouco differiam dos outros da provncia de S. Paulo. Ao lado da "mantilha zelosa, sob cujo vo
se viam brilhar muitas vezes olhos inquietos e provocadores",
notava-se o detestvel capote lanado cabea. Dava s mulheres o aspecto aterrador de machinas apibulantes, fazendo, no
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
371
CAPITULO CXVII
Os
Mau grado jactar-se de haver emprehendido a sua peregrinao pela Provncia de S. Paulo muito com fins estatsticos
sobretudo em relao lavoura cafeeira bem deficiente o que
em mataria estatstica. Salvo
outra referencia contenta-se s vezes, em dar
nmeros globaes para a exportao dos municpios percorridos.
Assim tambm nem sequer menciona, salvo quanto a ura ou
outro, os nomes dos grandes cafeicultores dos diversos dstrctos
atravessados
Quando por Guaratinguet passou em 1860 havia no muniZaluar, apresenta aos seus leitores
quanto a
uma ou
AFFONSODEE. TAUNAY
374
alguns outros mencionados numa resenha que nos forneceu a extrema gentileza do Sr. Dr. Gasto Meirelles Frana, sabedor
eximio das coisas do passado de sua cidade natal, em que j foi
o digno chefe do executivo municipal.
montanha que
com
lhe serve
Sahindo da Apparecida rumou Zaluar para Pindamonhangaba onde o esperava um amigo muito querido, o mesmo a quem
dedicou a sua relao de viagem.
Era elle o Dr. Francisco Ignacio Marcondes Homem de
Mello, futuro Baro Homem de Mello, o notvel paulista cujo
nome tanto relevo alcanou nos fastos de sua provncia natal e
nos da segunda metade do Brasil Imperial. E a quem o paiz
deve to larga folha de servios como desnecessrio lembrar,
sobretudo no que diz respeito sua cultura e especialmente aos
problemas de sua geographia e o aperfeioamento de sua cartographia
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
375
for-
de phrases piegas
serie
"O
Ao lado da pompa de
de predileco
accelera-se o desenvolvimento material
o talento o gnio de seus filhos.
.
uma
e
natureza luxuriante
como espontneo
brota
Seria curioso o estudo da influencia que os logares exercem, no digo j sobre a imaginao do homem, o que ningum
desconhece, mas ainda sobre a sua indole e caracter, sobre, as
suas tendncias, e sobre o seu empenho nas conquistas da matria pela intelligencia e espirito.
Depois
uma
theo-
Ba-
A FF O NS O
376
DE
E.
T A U
NA
Em
1817, pelo Natal, haviam-na visto Spix e Martius constante de algumas casinhas apenas, baixas, disseminadas sobre
uma
collina.
villa-
rejo.
"com
Recebidos
haviam em sua companhia visitado a matriz "igreja cheia de entalhes de madeira, sem gosto algum".
Eram
Conde de Palma,
balho.
Em 1822 era Saint Hilaire quem encontrava Pindamonhangaba muito pouco digna de nota.
Apenas constava ainda de uma rua nica. Era seu casario
baixo, de prdios muito pequenos, mas cobertos de telhas. Alis
bastante limpos e geralmente bem conservados. Tres as igrejas
da villa, muito pequenas todas. A principal, a nica que visitara, achou-a o illustre botnico escura e bastante feia.
Em 1836 consoante Daniel Pedro Muller j produzia 52.628
arrobas de caf. No se cogitava inais de assucar, cuja safra
apenas attingira cem arrobas.
Contava o municpio 7.915 habitantes dos quaes 2.619 escravos, a tera parte o que mostrava os progressos da agriculI
tura
Em
que quintuplicara.
No
Machado
de Oliveira ao governo provincial, l-se que Pindamonhangaba
produzira nada menos de 350.000 arrobas de caf. Era o terquadro
Brigadeiro
da Provncia vindo logo abaixo de Bananal (554.550) e Taubat (354.730). Estava acima de Campinas ( 335 -550)
Contava 113 fazendas com 2. 800 escravos e nenhum colono
ceiro municpio cafeeiro
livre
Os
seus
grandes
fazendeiros
chamassem
comeavam a demonstrar o
Fariam com que mais tarde
J nesta poca fra agraciado com o baronato e a grandeza do Imprio Manoel Marcondes de Oliveira e Mello, primeiro baro de Pindamonhangaba, em 1846, Veador de Sua Magestade a Imperatriz, commendador das Imperiaes Ordens de
Christo e da Rosa, official da Ordem Imperial do Cruzeiro, co-
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
dessa do
Um
residia
mesmo
titulo.
em Pindamonhangba
condes e
modalidade de patronymicos.
Orgulhava-se o municpio de suas grandes fazendas onde os
cafezaes eram notadamente grandes e bem tratadas as lavouras
como Mombaa e Trabij dos dois irmos e scios, o Baro de
Pindamonhangba
na sde do municipio.
A F F O
378
Assim haviam
os
S O
DE
E.
T A
UN A Y
em
matria de tem-
plos, escrevia
"Em
1841 deitaram-se abaixo as paredes da frente para levantar-se novo frontespicio e reconstruir-se o templo.
1842
lanaram-se os primeiros alicerces da monumental fachada que
Em
hoje desafia a atteno do viajante. E' uma pea de architectura drica, cujo risco se deve ao hbil e intelligente artista Antonio Pereira de Carvalho, e a execuo ao pedreiro Jos Pinto
dos Santos, falkcido a 7 de fevereiro de 1856.
plo,
Dizia Zaluar
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
"Grande numero de prdios adorna as ruas de Pindamonhangaba, e entre elles merecem especial meno o do Sr.
Capito Antonio Salgado Silva, (futuro baro (em
1867) e Visconde de Palmeiras) palacete de gosto, ainda no acabado, mas
j demmciando brilhante edificio, devido ainda ao risco e direco do Sr.
Pindamonhangaba
Marcondes
Homem
de Mello,
gado"
Baroneza de Parahybuna,
Sal-
Em
terra
fazer
Expunha o
com
zal-a
perseverana.
Mas
dos
desgraados parias
cruis contingncias
victimas
innocentes
de
uma
das
mais
humanas
Observa Zaluar
horrvel misria".
Logar de lavoura, essencialmente, no tinha Pindamonhangaba industria e apenas commercio. Notava o viajante:
"O commercio de Pindamonhangaba no dos menos florescentes. A industria est porm, em decadncia. Apenas aqui
se nota uma fabrica de velas de cra de terra e duas padarias.
Houve antigamente uma fabrica de chapus de palha nacional,
mas j no existe".
A FF O N S O
380
DE
E.
T A U
NA Y
as escolas
"Quanto convivncia
nhangaba, este
um
social
facto que
ixirtuguez
presso
Entre
Janeiro, onde
apreo dos concidados e ao logar que lhes competia nos destinos gloriosos do Brasil".
Alm das
em Pndamonhangaba
um
dia,
HISTORIA
destal
do poder
da sorte
em
DO CAF NO BRASIL
que por
um momento
381
as collocara o sopro
!"
No
leitor,
como
se achava,
de que Pindamonhangaba, era tambm um dos centros mais brilhantes da civilizao na provncia paulista.
Com a maior propriedade e exaco poderia ainda ter frisado que todo este brilhante surto de progresso e cultura provinha da criao de valores oriundos das safras de caf.
CAPITULO CXVIII
Progressos
desta cidade
As lavouras locaes
Os grandes fazendeiros taubateanos
Caapava e os seus progressos devidos
lavoura cafeeira
So Jos dos Campos e seu atrazo
Assim
intel-
itinerante
A FF O
384
S O
DE
E.
T A U
NA Y
estrada ao entrar
em
bem
Da
porm
triste
quado
paulista.
Em 1817 haviam-na visto Spix e Martius incomparavelmente menor. Em suas terras ainda no surgira o caf, alis.
Diziam os dois grandes naturalistas teutes
"Taubat, onde chegamos noite acha-se situada sobre uma;
collina chata, tres milhas a sudoeste de Pindamonhangaba, do
alto ve-se grande parte dos campos, em que apparecem disseminados pequenos capes e caminhos e circumdado por algumas
renques de majestosas palmeiras produz impresso agradvel e
offerece aspecto
dum
logar de importncia.
Na
verdade Tau-
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
38S
(que possue uma rua principal de grande extenso, margeada de ambos os lados, de casas e algumas ruas secundarias),
uma das mais importantes villas de toda a provncia. Tem quasi
a idade da capital paulista".
Explicavam depois a funda rivalidade que se estabelecera
por causa das descobertas de ouro, nos sculos XVII e XVIII,
bat
No
foi
alis a
Serve este compartimento de sala. Dispensas, s vezes tamservindo de quarto de hospedes occupam o resto da frente
da casa. Contem a parte trazeira os quartos para a mulher e o
Retiram-se todos conforme o costume porturesto da familia.
guez, para esses commodos, logo que chegam pessoas extranhas.
Communicam estes quartos com a varanda coberta que geralmente occupa a largura inteira da casa dando para o quintal.
cosinha
As vezes encontra-se egual varanda frente da casa.
e os ranchos para os criados, acham-se no lado opposto, no fundo
bm
do quintal.
Tambm a mobilia e os utenslios de taes casas esto limitados ao estricto necessrio: muitas vezes encontram-se somente
alguns bancos e cadeiras de madeira, uma mesa, uma grande
'iS
A FF O N S O
386
DE
E.
A U NA Y
um
arca,
uma
leito
esteira
em
condies de impressionar, pela existncia, viajantes meticomo 'homens do valor excepcional de Spix e Martius.
culosos
modo
interessante
"A
vessei, desde
bem grande
e conta
conseguinte muito escura. Alm desta igreja, existem em Taubat tres outras que quando muito merecem o nome de capellis.
se chegar do Rio de Janeiro, passa-se deante de um conmuito grande, pertencente ordem dos Franciscanos.
Muito contribue para o embellezamento da cidade. Fica em
Ao
vento,
desta e
delia
ou
mingos
e dias de
Encontram-se
festa.
Em 1836 contava Taubat em seu niunicipio ri.133 habitantes, entre os quaes 1.528 escravos e 1.129 escravas, contanos Daniel Pedro Muller no seu jamais assaz gabado Ensaio de
quadro estatstico. Em suas terras existiam 2.148 fogos, 86 fazendas de caf produzindo 23.067 arrobas. De assucar se faziam mil arrobas apenas e de arroz se colhiam 139 alqueires.
Pouco mais de quinze annos mais tarde era a produco cafeeira de Taubat quasi dezeseis vezes maior: 354.730 arrobas,
informava em 1854 o Brigadeiro Machado de Oliveira.
Em 1860 escrevia Zaluar:
"Taubat a cidade de maiores propores e de mais movimento que at agora temos visitado na provinda de S Paulo
Commercio animado, alguns ramos de industria cultivados com
decidida vantagem local, excellentes ourives de prata, e aos domingos um mercado abundante fornecido por todos os gneros
indispensveis aos usos da vida, e concorrido por numerosos compradores e concorrentes, so mais que sufficientes dados para se
fazer ida que nesta povoao ha vida, elementos de progresso e
.
aspirao louvveis.
populao do municpio pode cumputar-se talvez sem reem 26 a 30.000 almas. No possuo no emtanto
dado algum positivo a este respeito"
ceio de errar
A FF O NS O
388
DE
E.
T A U
NA Y
itinerante
novamente
activar-se.
Residimos alguns dias nesta cidade, e seremos sempre reconhecidos ao generoso agasalho que recebemos do digno cavalheiro
o Sr. Commendador Antonio Moreira da Costa Guimares, em
cuja casa nos hospedamos".
A referencia depresso cultural taubateana dizia respeito
progressiva decadncia do grande cenbio franciscano a que se
prende o nome illustre de D. Frei Antonio de Santa rsula Rodovalho
"Houvera nelle aulas de philosophia e outras matrias ecclesiasticas, frequentadas no s pelos coristas e leigos da ordem
como por pessoas seculares. Afinal, toda esta vida e esplendor
extinguiu-se e at um lyceu nelle estabelecido por lei provincial
de 16 de Maro de 1847, fechou-se, em 1856, por falta de
alumnos
"Havia no lyceu uma cadeira de mecnica applicada s artes,
geometria e arithmetica, outra de historia, outra de philosophia,
outra
e
de latim e francez".
Ainda sobre os costumes taubateanos traou Zaluar interes.
sante reparo
"Em
sculos anteriores".
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
389
Com
como
a actuao
Nogueira
Entre outras fazendas considerveis do tempo destacavam-se
Pedra Branca (IManoel Moreira de Mattos), Retiro (Manoel
Jos de Siqueira Mattos) Santa Maria (do futuro Baro da
Pedra Negra, Manoel Gomes Vieira), Fazenda Velha (Joo
Vieira da Costa) Santo Antonio (Ignacio Marianno da Costa
Vieira) Barracea (Isidoro Moreira de Toledo) Independncia, Paraiso e Una (Francisco Alves Monteiro) So Joo (Bento Monteiro da Silva) Pasto Grande (Padre Joaquim Pereira de Barros) Santo Antonio (Antonio Bonifacio de Moura) Barreiro
(Comm. Antonio M. Costa Guimares) Conceio (D. Marianna Justina de Moura) Caieira (Joo Francisco Malta) Itapecirica (Jos Alves da Silva Coelho) Fortaleza (Antonio Feliciano Pereira de Barros) Gloria (Francisco Ignacio Xavier de
Assis) Santa Maria (D. Francisca Correa de Lima), etc, etc.
Sahindo de Taubat dirigiu-se Zaluar para Caapava atravez
de maus caminhos servidos por pssimas pontes.
Ao passar por Piracangava, lembrou-se que ali milagrosamente deixara de morrer o grande orador e parlamentar paulista
Gabriel Rodrigues dos Santos "salvo depois de haver rolado com'
o animal por entre os barrocaes e atoleiros que adornam (sic)
esta paragem".
Passando por Caapava teve Zaluar m impresso do ncleo
urbano de fundao de Thom Portes d'El Rei.
"Caapava uma villa de aspecto triste, cujas casas ficam
de uma a outra margem da estrada, tendo pouco desenvolvimento transversal. Adorna-a uma praa onde fica a matriz, consagrada a Nossa Senhora da Ajuda. Aqui existem duas aulas
pubHcas de instruco primaria e uma outra particular. A populao orada em perto de 7.000 almas. Colhe duzentas mil
arrobas de caf. Os seus terrenos so ubrrimos. Cultiva-se
nelles a canna, o fumo e gneros alimentcios, que sobram para
o consumo local. Ali se criam muitos porcos que so vendidos
para Taubat e outros municpios visinhos"._
AFFOKSODEE.
390
T A U
SA Y
Realmente gozam as terras de Caapava da fama de constisua mdia catuirem o mais frtil torro do none paulista.
feeira manteve-se firme quando em quasi todos os outros muniAo
cpios da regio paiahytena j afrouxava singularmente.
tempo que Zaluar atravessou o municipio nelle havia diversos faMonteiro
irmos
Felix
dois
importantes
como
os
Jos
zendeiros
e Jos Francisco MMiteiro, futuros Viscondes de Mossor e de
Trememb donos das fazendas GiUparinho e So Diogo. Ka^bad Pinto de Araujo e Antonio Bento de Alvarenga, proprie-
sen sobrado.
Em
topooymos.
Entre Tanbat e Jacardiy menciona Saint Hilaire diversos
logarejos como Piracangava, Japebass, Taboo, Ramos. Capo
Grosso e Caragmita (sic?).
Piracangava e Taboo so bairros de Taubat, Capo
Grosso, de S. Jos dos Canqxts, e Caragunta ser Caraguat?
acaso em Casava? a uma l^na de Taboo e a outra de Ramos
HISTORIA DO
CAF
.VO
BRASIL
391
Da
diamada Taboo Caxagunta (sc) situada a uma legua de Taboo orma uma espede de aldeiasinha; encontram-se outras
casas em Capo Grosso; v-se uma em Ramos que fica a uma
legua de Caragimta, e existem muitas ainda das quaes no fao
meno para no ser muito minudoso.
Com excepo de tuna ou duas, taes casas s denotam misria, e o vesturio de seus habitantes no feito para desmenAs miheres trazem a cabea descoberta, e os catir tal ida.
bellos na maior desordem; trajam como imica vestimenta uma.
camisa de algodo grosso quasi sempre rasgada e muito suja.
Vestem os homens rami.sa e cala de algodo, com callete de l;
as crianas no usajn seno camisas habitualmente em farr^ios.
Os moradores da beira desta estrada so de apparenda
branca mas distinguem-se em vrios delles, os traos typicos da
:
raa indgena.
quasi
Cabelios louros e olhos azues no so ahi raros.
todas as casas vem se crianas de grande beUeza, mas as que
attingiram doze a quinze armes j a perderam; so magras, de
ar enfermio, cr cadavrica e terrosa e que provem sem duNnda,
Em
Um
homem offereceu-me mesmo seu rancho, asseguraado-me que nenhimi de seus vizinhos me venderia milho to vantajosamente quanto elle. Em Minas dizia-me Jos (que Minero) quem tem fome pode estar certo de encontrar por toda a
parte, um prato de fdjo e farinha, sem ser <A)rigado a pagar.
Aqui arvoram nas casas um pedao de galho espinhoso da figueira do inferno para avisar aos que no tem dinheiro que sero
mal recebidos".
Caapava, parocJiia em 1813, vDa em 1850, fra, at esta
ultima data, mero districto de paz de Taubat e em 1836 comprehendia seis quarteires conta-nos Daniel Pedro Miiller.
sua produco cafeeira engiobava-se nt taubateana.
De Caapava seguiu Zaluar para So Jos dos Campos, por
uma estrada que demandara enormes obras, sobretudo de atterro,
realizadas a custo de muitos trabalhos e sacri fidos sobre pnta-
nos infindveis.
AFFONSODEE. TAUNAY
392
"Apezar da uberdade do solo e das muitas condies vantajosas que o logar offerece a seus moradores, a villa de S. Jos
do Parahyba est ainda em notvel atrazo e um centro de
pouco movimento, em relao, aos recursos de que dispe".
Os campos que comprehendem uma area de pouco mais ou
menos quatro lguas quadradas so excellentes para a criao de
gado muar, cavallar e vaccum.
aspecto destes campos realmente das vistas mais agradveis que se pode imaginar
E' um mar calmo de verdura lu!
onde
vas medicinaes, o naturalista peonhentos cascavis e outros reptis, bem como o viajante observador o thema eloquente para
revestir com a imaginao as mais poticas e curiosas descripes
da opulenta e original natureza americana".
Bello futuro se antolhava s terras josephenses
"O terreno agrcola aqui o mais prprio para a plantao do caf, canna, fumo e toda a espcie de mantimentos, com
especialidade o arroz e o milho, que to bem produzem nos terrenos baixos.
e os dois largos
que nella
se
encontram no tem
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
393
"Deste mal soffrem principalmente os negros mulatos e mamalucos (filhos e bastardos de brancos e ndios) que formam a
maior parte da populao. Entre os brancos so as mulheres
mais sujeitas do que os homens. As causas de tal deformao
parecem aqui exactamente as mesmas que em outros paizes pois
no so as altas e frias regies montanhosas e sim o valle baixo
do Parahyba, coberto frequentemente de denso nevoeiro, onde
ocorre o mal".
Em todo o caso os portadores paulistas do bcio no tinham
em to alto gro o triste aspecto dos cretinos europeus embora
;
CAPITULO CXIX
S. Jos do Parahyba e seu atrazo. Jacarehy, municipio prospero e rico
Palavras de Spix e Martius e Saint Hilaire
Progressos de Jacarehy sob a influencia da lavoura cafeeira.
Safras cada vez maiores.
As grandes fazendas do municpio.
A Aldeia da Escada. Mogy das Cruzes de 1817
Sua cultura cafeeira medocre
a 1860.
Em
escrever
Do
em 1860:
A F F O NS O
396
DE
E.
A U NA Y
cursos".
largueza do espao era o maior incentivo para este estado
de coisas naquelle municipio do norte paulista.
Como a terra fosse abundante e tocava a todos, os indivduos, a quem chamavam caipiras, cultivavam a ferro e fogo o
torro que possuam, a plantarem milho, feijo e arroz. Colhido o producto, que sem muito trabalho podiam haver, levavam ao mercado, onde o vendiam para comprar a roupa necessria durante o anno, e regressavam casa, entregando-se novamente aos hbitos de ociosidade, confiados na fertilidade do solo,
que lhes fornecia abboras, aipim, batatas e outros gneros, bem
como nos
peixes
reza.
puzessem em pratica.
Era o caso dos que de
Bom
seria
que
um
dia
algum a
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
397
Conta-nos o itinerante que a anci de attingir a capital paulista levou-o a abreviar a estada nas localidades mais prximasde So Paulo. Dahi a circumstancia de pouco se documentar,
cada vez menos, acerca dos pontos visitados
Assim
se desculpa
obter
minuciosas,
como
at
aqui
havamos
feito
pto;
Todos
os dias
chegavam da Europa ao
com
as
destas regies!
senhos, descripes infleis e grotescas, apreciaes falsas e descoradas davam do Brasil os que nunca lhe haviam contemplado
o brilho dos cos, a imponente arrogncia das cordilheiras inaccessiveis, o arrojo das penedias, e soberana magestade das
mattas infinitas debruadas s margens dos maiores rios do mundo, ou ostentavam-se contornando lagos immensos como o Oceano
e profundos tomo o firmamento
I
A F F O N S O
398
ragem
DE
E.
T A U
NA Y
territorial
avoengo.
"Oh!
approxima do Criador!
!"
Affonsos e do
terrvel
foi-lhe
ptma
roide
Alojou-se o
botnico
illustre
numa
casinha entrada da
HISTORIA DO
CAF NO BRASIL
399
uma
na cidade e outra fra, so to pequenas que apenas merecem que delias se faa meno".
ses
Consagra meia pagina aos papudos e outra aos jacarehyengeral, populao que lhe pareceu extraordinariamente in-
em
diatica.
Em
um
alferes de milcias
ouviu a
se-
guinte informao
Os
gavam
fazendeiros locaes no possuam tropas de burros e aluas dos tropeiros prof issionaes
Em
habitantes.
No
da
villa
tidade de cereaes
alqueires de arroz,
28.036
Jacarehy
Bananal
Pindamonhangaba
IvOrena
196 :638$240
Taubat
a38:oo7$ooo
ioo:oi7$ooo
85 :772$ooo
79 :787$ooo
6o:6io$ooo
Guaratinguet
Areias
Mogy das Cruzes
,.
Parahybuna
So Luiz
Cunha
So Jos
52 :97o$ooo
35:S57$ooo
30 :o69$ooo
A F F O NS O
400
DE
E.
NA Y
T A U
Em
1854 escrevia o Brigadeiro Machado de Oliveira que Jacarehy produzira 204.000 arrobas de caf. Era o quinto muniTaucipio da provincia apenas batido por Bananal (554.000).
bat (354.000) Pindamonhangaba (350.000) e Campinas ....
-ooo).
(335
Contava 2.435 escravos em suas 96 fazendas.
Algumas destas propriedades eram das mais notveis da
Provincia de So Paulo.
Graas extrema gentileza da Exma. Sra. D. Alzira Salles
de Siqueira pertencente s famlias de maior relevo tradicional
do velho municpio e notvel sabedora dos fastos jacarehyenses,
estamos em condies de lembrar aos nossos leitores algumasdessas importantes fazendas cafeeiras locaes de melados do sculo
XIX.
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
101
vincia
certo o
e aprazveis.
apresentam
nome da
levaria a
uma devoo
filiar
catholica a
de
26
AFFONSODEE.
402
T A U
NA Y
"No
to activa e populosa
como
esta, e
acompanharam
os primeiros descobridores".
Attribue o viajante o atrazo de Mogy proximidade de So
Paulo e a este respeito expende:
um
do
singular
interior,
maior actividade".
tal
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
403
"Em Mogy
Acerca da
villa escreve:
das Cruzes fica situada num valle largo e pantanoso, limitado de um lado por collinas e do outro pela serra do
Tapeti, que no provavelmente seno um contraforte da Mantiqueira.
Esta villasinha apresenta mais ou menos a forma de
um parallelogramma As ruas so bem largas mas de casario
"Mogy
feio.
No largo principal que quadrado, contam-se diversos sobrados mas no mais bonitos do que os outros
igreja parochal occupa um dos lados da praa.
prdios.
E'
bastante grande, mas mal ornamentada. Tres outras igrejinhas
que no vi. ainda so peores, disseram-me.
A' entrada da cidade, do lado do Rio de Janeiro, fica pequeno convento pertencente Ordem do Carmo. Entrei n
igreja e achei-Ihe a capella-mr decorada com muito gosto.
Arrajaram na igreja uma serie de grandes imagens representando Christo e vrios santos, destinados a serem carregados nas
procisses de Semana Santa. Taes estatuas de madeira tem ta-
pequeno e bem
geral, pobres
algodo quasi o nico producto
que exportam.
Segundo o que me informaram fazia-se outr'ora muito assucar nas vizinhanas de Taubat, mas desde que subiu o preo
do caf desinteressaram-se os lavradores da canna para cuidar
dos cafezaes.
Esta villa
em
AFFONSODEE. TAUNAY
404
Quinze sacerdotes, um cirurgio, 35 commerciantes moraento na cabea do termo de Mogy das Cruzes cujos districtos eram Nossa Senhora da Escada, Itaquaquecetuba e So
vam
Jos do Parahytinga.
Em
almas.
"A sua maior cultura a do caf que nos dizem ter tido
ultimamente algum desenvolvimento, e os gneros alimentcios
que produz chegam para seu consumo, e no sabemos mesmo se
exporta para a capital alguns, visto que tanto a canna, como o
algodo, e a aguardente procuram sabida naquelle mercado ou
no grande centro da Corte, para onde descem os gneros de exportao em bestas muares at cidade de Santos ou villa
de S. Sebastio".
As industrias locaes eram muito diminutas, apesar da antiguidade da povoao, alis muito conhecida em toda a Provncia
pelo seu trafego e labor, e afamada pela importante fabricao
de manufacturas de l.
Talvez que se os fazendeiros do municpio se dedicassem
com maior actividade ao cultivo do algodo, para o qual, segundo
parecia, eram os terrenos de excellente natureza, alcanassem resultados mais satisfactorios que na cultura do caf, pois a malvacea encontrava abertos quasi todos os mercados do mundo, e
estava destinada a salvar, porventura, um dia a lavoura to de<;adente do paiz.
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
405
plantao do algodo era, a seu ver, a tentativa mais efficaz de que teriam de lanar mo os lavradores do norte da provncia de So Paulo quando comprehendessem seus verdadc-iros
interesses e quizessem restaurar os seus municpios da decadncia
que os ameaava.
Assim previa Zaluar a depresso em que, dentro de alguns
annos, cahiriam as zonas cafeeiras do norte paulista cujas
vouras como que se arrazariam, passado mais meio sculo, salvo
em uma ou outra mancha de terras.
Deixando de acompanhar o curso do Parahyba, para logo
depois entrar no valle do Tiet declara o viajante.
"O Parahyba j nos no acompanhar agora, pois nos abandonou em caminho, e, descrevendo a sua grande curva, voltou
de novo a passar junto de sua origem, at estender-se depois,
formando caprichosas ondulaes por esses rios e opulentos campos que fertilisa com suas aguas, no s por todo o norte desta
provncia, como pela maior parte da do Rio de Janeiro at a sua
foz em So Joo da Barra.
Confesso que no foi sem intimo sentimento de tristeza que
vi afastar-se de minha vista como um companheiro amigo que
se ausenta no meio da jornada, a rpida correnteza e as pittorescas e variadas margens do potico rio
Se porm deixara o Parahyba defrontava-se-lhe agora o
grandioso Tiet de cujo curso d larga descripo notando que
entre Mogy e So Paulo as paragens ribeirinhas do caudal das
mones tinham rica avifauna. Ainda ali occorria a bella, imponente e selvtica palomedea to avessa ao contacto com os ho;
mens
civilizados, a ctijo
tradas e
nome
Mones o nome do
das
Anhumas.
En-
CAPITULO CXX
A FF O NS O
408
DE
E.
T A U
A Y
causa da correnteza o balseiro teve que primeiro subir um trecho considervel do rio para depois cortar-lhe a corrente. Na
margem oposta encontramos uma venda muito boa onde passmos a noite e onde em pouco tempo obtivemos excellente ceia
e
camas
tolerveis.
outr'ora
em
descer a
margem do
rio,
por
uma
lega,
em
do
districto
bm
madrugada
seguinte.
Na manh
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
errado o caminho.
Alguns lugares por onde passmos eram
muito romnticos, particularmente margem do rio quando os
trechos so rochosos e sobretudo de matta. A floresta ali a
mais estupenda que imaginar se pode. Passmos por diversas
casas, pertencentes em geral a gente de cr, e somente no fim
pertencia a
um
casa tinha
em
A F F O
410
NS
DE
E.
T A U
NA Y
No
com
um
HISTORIA DO
um
CAF NO BRASIL
bem mobiliado
apartamento
e,
41i
num
grande largo onde quasi j ha duas faces construso de boa construco e todas asAntigamente havia muitos mneradores nas
seadas e limpas
vizinhanas mas agora poucos apenas occupam-se em bateiar.
O maior artigo de produco local o caf cujas lavouras
occupam enormes reas. As safras transportam-nas as tropas de
mulas ao mar. Ah so embarcadas para o Rio. Tommos
quarto na hospedaria mantida por um francez, de enorme estatura, e avanado em annos que nos contou ter pertencido, na
mocidade, guarda pessoal de Napoleo. Na segunda manh
depois de nossa chegada, proseguimos a viagem e s nove horas
alcanmos a colnia sussa de Nova Friburgo, distante suas
nove lguas.
prida
das
as casas na maioria
.
A F F O
412
S O
DE
E.
T A U
NA Y
Na
primeira
parte
da jornada
vem
hortalias europeias.
Fabricam tambm
um
aJIi
venham
ter.
do Rio de Janeiro".
Referindo outras impresses de
locaes, ainda refere Gardner:
visita
a lavouras
de caf
do cultivo do
xito
caf.
De
Luce. ao cabo de algum tempo, vendeu sua propriedade ao snr. March e comprou uma maior em boa regio
cafeeira nas margens do Rio Parahyba. Na latitude do Rio de
Janeiro, o caf no compensa quando plantado em altitude superior
snr.
a dous mil
Na
ps.
nunca amadurece
bem mas o
fructo
direito.'
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
Esta\a o rio em grande vazante e singular que os magnificos aspectos daquellas cachoeiras, to admiradas pelos viajantes da Central do Brasil no trecho de Affonso Arinos a Mathias Barhosa.
leve meno.
Em
todo o caso consagrou o gelogo algumas linhas imponente pedreira de gneiss grantico do Parahybuna com os seus
150 metros de altura e um panno de muralha vertical de seus
cento e tantos metros.
No se deveria aquella curiosa orniao a uma corrente
geolgica que tivesse tido o mesmo leito, que o actual Parahy-
Queimada
pelos
e largura
revolucionrios
de
Irritou-se
Castelnau
1S4J,
estava
pilares.
a ponte
Mas
os
com
a cobrana do imposto de bar6 francos apenas, alis para a sua comitiva de cinco animaes. "E' por meio de obstculos desta ordem, comenta acremente, que se obsta a circulao num paiz novo, onde todos os
esforos do governo deviam tender cm incremental-a".
Fora com certa commoo que, chegando s margens do
Paraliybuna, relata Castelnau. ter avistado terras de Minas
reira,
Geraes.
"Esta circumstancia, declara, faz-nos contemplar com infinito prazer este rio, largo
como
o Sena,
em
Paris".
Assim pisava
solo
com
laivos
esverdeados.
Negro
DE
A FF O NS O
414
E.
T A
UNA Y
explorao daquella
mia
franca.
Aos hospedes
estrangeiros tratou
com a mais
cordial
hospitalidade.
cialmente.
L pelo meio dia melhoraram bastante as condies atmosphericas e Castelnau fez ensilhar os cavallos. Mas Silva Pinto
convenceu-o de que no valia a pena continuar a jornada naquellas condies. E to amvel foi que o naturalista, de bom
grado, adiou a partida.
Assim i>assou um dia muito agradvel em companhia do
fazendeiro. Possuia este duzentos escravos dos quaes sessenta
casados. Cada casal tinha domicilio parte, morava o resto em
grande senzala dividida em quartos, cada qual para seis individues.
As
mulheres
solteiras
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
415
Kio.
Todos os escravos trabalhavam na fazenda, mulheres e
crianas empregavam-se na colheita ou serviam nos ferreiros. Os
moleques occupavam-se da operao final da catao e ventilao. Esplendidas as terras da Soledade cujos arrozaes e miIharaes rendiam immenso. Cento
cincoenta
por
um
era
dez de Novembro partiam Castelnau e seus companheiros saudosos dos momentos agradabilssimos passados em casa
do bom Silva Pinto.
Cinco lguas e meia venceram atravez de uma regio encantadora embellezada pela presena do Parahybuna. Foram dorde Juiz de Fra.
grande cidade mineira de hoje quo distante se
acha do pobre villarejo que ento viu Castelnau.
Que miservel hospedaria ali encontrou. Nem colches tinha Viram-se os viajantes forados a dormir sobre taboas
No dia seguinte novo e grande dissabor: um almoo detesdaquellas bodas
tvel. Que saudades dos brdios da Soledade,
de Camacho offerecidas pelo excellente Antonio Jos da Silva
mir no
arraial
bella e
Juiz de Fra
pitus da estalagem de
hospitaleiros fazen-
deiros".
AFFONSO DE
416
as brincadeiras do
sobretudo eni
mesmo
jaez,
E.
TAUNAY
Paris.
calorosa acolhida.
ns, americanos, sem duvida, esta recepo hosa um de nossos companheiros, o dr. Antonio Ildefonso
Gomes, de quem qualquer homem instrudo que visita o Imprio
ficar encantado ao lhe verificar a intelligencia, as eminentes
aptides e conhecimentos de naturalista, alm de integridade de
Devamos
pitaleira
caracter.
s ordens do
ram-nos
ss.
HISTORIA
como os
DO CAF NO BRASIL
tradittori
"As
realidade.
O dr. Idelfonso Gomes, informou-me que este fructo, exactamente to acido originariamente, quanto o seu congnere vulgar, era amargo, mas pela degenerescena e por intermdio da
enxertia produzira esta nova espcie.
gosto no to rico
quanto o de uma laranja, mas como dessedenta muito, os brasi-
27
AFFONSODEE. TAUNAY
418
do Rio
modo
brasileira.
as
sica
No
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
bora sem
tempo christo
Mostrmos desejo de conhecer sua orohestra. certos de que ouviramos alguma rabeca mal afinada, algum pifano e tambor. O
commendador disse-nos que tarde seriamos satisfeitos. Uma
hora aps a benam, ouvi o vibrar do violino, o som das flautas,
toques de diversas cornetas, a vibrao dos tambores e todos os
symptomas preparatrios do comeo de alguma marcha, valsa
ou polka.
Dirigi-me ao quarto de onde vinha o som ; ahi encontrei
quinze escravos msicos uma banda regular, sentou-se um delles
a um harmonium e um coro de pretos mais moos tomou posio por traz de estantes decentes, onde se viam folhas de musica
manuscriptas e impressas.
:
420
A F F O N S O
DE
E.
T A U
NA Y
com
o reforo de tambores, grandes e pequenos, e cymbalos, comeou os primeiros compassos de hymno nacional do
Brasil a que logo se seguiu a "Grande Marcha de Lafayette".
Antes de deixarmos a Soledade, o hospitaleiro proprietrio
forneceu-nos cavallos e partimos a percorrer a enorme fazenda.
Alguns de ns levavam espingardas, esperando encontrar caa
durante o passeio. Percorremos os morros que serviam de pastagem litteralmente sapicados pelos cones desmoronados dos trmia banda,
ou formigas brancas".
Dando a mais errnea verso aos primrdios da cultura cafeeira no Brasil e estropiando o nome de Frei Velloso, escreve
tas
Fletcher
"A honra de ter sido o primeiro a plantar cafeeiros no Bracabe ao franciscano Frei Villaso (sic), que, em 1754 (sic) o
do convento de Santo Antonio no Rio de Janeiro.
Mas, no emtanto, s depois da insurreio haitiense que o caf
se tornou objecto de grande cultivo e commercio no Brasil.
1809 fez-se a primeira remessa para os Estados Unidos e e
todo caf produzido no Imprio (sic!) durante o anno apenas
se elevou a 30.000 saccas, emquanto no anno financeiro de 1855
se exportaram 3.256.089 de saccas que ao paiz valeram quasi vinte
e cinco milhes de dollares.
Os Estados Unidos, no anno financeiro encerrado a 30 de
junho de 1856 importou de todos os paizes productores de caf
235.241.362 libras de caf e 180.243.070 (quasi tres quartos da
produco mundial) do Brasil.
paiz seguinte na lista a Venezuela que lhe mandou 16.546.166 de libras e o terceiro, o Haiti,
de onde se importaram perto de 13.500.000 de libras.
somma
sil
fez no jardim
Em
HISTORIA
DO CAF NO BRASIL
421
Um
ndice
QUINTA PARTE
CAPITULO LXXIX
O Conde
em 1820
agricultura da canna
CAPITULO LXXX
cafeeira fluminense
em
1836
CAPITULO LXXXI
Jos Silvestre Rebello e seus mritos
bre a cultui-a do cafeeiro (1839)
sua memoria
so-
CAPITULO LXXXII
"Arte da cultura
29
CAPITULO LXXXIII
Conselhos ministrados pelo Dr. Rodrigues da Cunha em 1844
aos fazendeiros de caf
3fl
CAPITULO LXXXIV
do Paty do Alferes e a sua "Memoria sobre a fundao e costeio de uma fazenda na Provncia do Bio de
O Baro
Janeiro"
Quem
era
este
grande landlord
notvel
426
ndice
fazendeiro d caf Conselhos aos lavradores A
escolha das terras cafeeiras A destruio das
pelo incndio Elevados conselhos O emprego
flores-
tas
47
CAPITULO LXXXV
As obrigaes do administrador de uma fazenda de caf segundo o Baro do Paty do Alferes
Precioso quadro
de costumes
As normas do trabalho
Os furtos de
caf
Castigo dos receptadores
Permanncia no
eito
Os seres
A ferramenta dos escravos
As
officinas
da fazenda
tirada de madeira
57
CAPITULO LXXXVI
Escolha da terra para os cafesaes
As carpas annuaes
Os terreiros
As machinas de beneficiadespolpamento
Methodos de beneficio
questo da poda dos cafesaes
colheita
mento
63
CAPITULO LXXXVII
O
cultivo
dos
73
CAPITULO LXXXVIII
Os processos do
de Ribey-
Atrazo
methodos de beneficiamento do gro
dos processos brasileiros
A destruio selvagem das
rolles, os
CAPITULO LXXXIX
seu tratado de
derrubadores de
Conselhos
A irregularidade das estaes
O plano de algodo nos cafesaes
aos cafeicultores
Verberao contra
e o
os
87
ndice
427
CAPITULO XC
sil
seus
Sementeiras
inconvenientes
viveiros
Capinas
Decote
beneficiamento do caf
93
CAPITULO XCI
Os processos do beneficiamento do caf em 1860, segundo
Frederico Burlamaque
O problema da secca
Estu-
fas primitivas
CAPITULO XCII
Condies de longa salubridade das lavouras brasileiras de
caf
Inimigos de quasi nuUo poder destruidor
O
caruncho do Padre Aguiar
Palavras de Burlamaque
em 1860
Os inimigos dos cafesaes conhecidos nesta
data
CAPITULO
XCIII
Devastao
Pro\'idencias do Go
Nomeao de uma commisso de
verno Imperial
Seu
Idenestudo do
scien-
flagello
tistas pai-a o
tificao
relatrio
das Antilhas
CAPITULO XCIV
Esperanas desvanecidas de uma minerao do mal
relatrios de Freire Allemo
Os
CAPITULO XCV
os estragos causados pela "Elachistes coffeela" nas laO relatrio do Vice-Presidente fluminense Commendador Jos Nogrueira dos Santos
Ainda
vouras brasileiras
133
ndice
428
SEXTA PARTE
Regime das Fazendas
Caractersticas Sociolgicas
CAPITULO XCVI
mappas do
Os primei-
XIX
sculo
143
CAPITULO XCVII
Costumes speros dos abridores das primeiras fazendas cafeeiras fluminenses
Derrama de sesmarias
e
O papel das
Opulentamente rpido dos lavradores Ces O commercio de escravos
Norte do Brasil Processos feudaes Grandes fa-
mulheres
do
zendeiros e grandes fazendas da poca urea do cafesismo fluminense
157
CAPITULO XCVIII
Escravos do Norte transportados para as lavouras cafeeiras
Grandes fazenRivalidades entre captivos
do Sul
ndices de opulncia e cividas e grandes fazendeiros
lisao
Famlias de grandes landlords
167
CAPITULO C
CAPITULO
Uma
177
Cl
O Visconde do
A fazenda do Pasua notvel opulncia
raso
Trgico final de grande festividade
Os dois
grandes perodos da grandeza cafeeira fluminense, secarreira de gTande landlord do caf
Rio Preto
183
ndice
CAPITULO
O que eram Vassouras
suas fazendas
429
CII
em 1850
enri-
CAPITULO
Inventario de
em
um
195
cm
em Vassou-
1851
bemfeitorias,
terras,
201
CAPITULO CIV
O
vinda
deiros,
Fazendas
215
STIMA PARTE
Depoimentos
jantes que visilaram fazendas e cidades cafeeiras do Rio de Janeiro, S. Paulo e Minas Geraes
CAPITULO CV
cafeeiras das vizinhanas da cidade do Rio de
Declnio da
O Caf na Serra da Tijuca
ViSua extinco
produco no Municpio Neutro
sita de viajantes estrangeiros a fazendas de caf na dO cultivo da rubiacea em 1850 no Mucada de 1840
As lavouras
Janeiro
nicpio
Neutro
CAPITULO CVI
Os pormenores escassos existentes sobre a chronologa da disO relato de Eschwege sobre a sua
seminao do caf
A cultura caviagem ao districto de Angra dos Reis
fluminense e o actual Dismeridional
feeira na regio
tricto
ndice
430
CAPITULO
CVII
CAPITULO
O Conde
CVIII
Um
261
spero
em
1843
Informa Um Ca-
sandra falho
279
CAPITULO CIX
O
291
CAPITULO CX
ritrio
Fidlis,
301
CAPITULO CXI
As
primeiras
paulista
rence
referencias
estrangeiras
Saint Hilaire
Kidder
cafesaes
em Campinas
do oeste
Hercules Flo-
Jomes Fletcher
318
ndice
431
CAPITULO CXII
em 1860
Os magnficos prdios de
Desenvolvimenlo enorme do munic lavoura cafeera
Dissenes politicas perturbadoras de tal progresso
Impresses de Bananal
fazendeiros ricos
pio devido
CAPITULO
27
CXIII
Aspectos do Bananal
O marasmo das cidades cercadas de
grandes fazendas
ndices de civilisao progressiva
Palavras de Spx e iVIartius e de Saint Hilaire ....
331
CAPITULO CXIV
So Jos do Barreiro, sua produco
lavoura cafeera
im.portantes
Inrcia
progresso, filhos da
Melhoria de estradas
Zelo dos
barreirenses
Fazendas
bem
pelo
publico
da administrao provincial
Areias, centi'D
da propagao cafeera no Norte de S. Paulo
Seu
desenvolvimento rpido provocado pelo surto cafeeiro ..
."li
CAPITULO CXV
Ainda Areias
e o interior
iniciativa
luz,
Sil-
351
CAPITULO CXVI
As lavouras
O problema das
estradas para o Mar Guaratniguet M impresso
de proda cidade Grande lavoura cafeera
Indcios
gresso
361
CAPITULO CXVII
Os gi-andes fazendeiros de caf de Guaratinguet em 1860
Belleza da regio
A Apparecida e seu sanctuario
ndice
432
de desenvolvimento da cafeicultura
Grandes fazendas
Reflexo da riqueza cafeeira sobre o progresso da cidade
CAPITULO CXVIII
O caminho
de Pindamonhangaba a
desta cidade
As
deiros taubateanos
Taubat
Progressos
Os grandes fazen-
lavouras locaes
atrazo
CAPITULO CXIX
S.
Jacarehy, municpio
Mogy
Aldeia da Escada
Sua cultura
cafe-
eira medocre
CAPITULO CXX
Viagem de Gardner Matta mineira em 1840
zendas de
Mar d'Hespanha
Em
casa do Baro de