Apostila Fisica Do SoloUFV
Apostila Fisica Do SoloUFV
Apostila Fisica Do SoloUFV
DEPARTAMENTO DE SOLOS
SOL 250 CONSTITUIO, PROPRIEDADES E CLASSIFICAO DE SOLOS
APOSTILA
VIOSA-MG
DEZEMBRO 2001
O QUE SOLO?
O seu conceito se ajusta conforme a rea de conhecimento e de aplicao. Para um
engenheiro de minas trata-se do detrito que cobre as rochas ou minerais a serem
explorados, portanto deve ser eliminado. Para o engenheiro civil que ir construir uma
estrada, ser o material que ir ser compactado. J para o agricultor, que depende dele, sua
importncia est relacionada com sua capacidade produtiva.
Em geral, para a Cincia do Solo, a superfcie inconsolidada que recobre as
rochas e mantm a vida animal e vegetal na Terra, sendo resultante da ao conjugada de
agentes intempricos1 sobre os materiais preexistentes de natureza mineral e orgnica.
constitudo de camadas que diferem entre si pela natureza fsica, qumica, mineralgica e
biolgica, que se desenvolvem no tempo, sob influncia do clima e da prpria atividade
biolgica.
Sistema
Poroso
(vazio)
Fase
Gasosa
Fase
lquida
Fase slida orgnica
Fase
Slida
Fase
Slida
Mineral
Compreende solos pouco evoludos, constitudos por material orgnico proveniente de acumulaes de
restos vegetais em grau varivel de decomposio, acumulado em ambientes mal drenados, ou em ambientes
midos de grande altitude, de colorao escura e de elevados teores de carbono orgnico
qual se formou os regolitos3 e por sua vez o solo, mediante intemperismo.Os minerais so
muito variveis em termos de tamanho (Tabela 1), sendo alguns grandes como os
fragmentos rochosos e outros to pequenos, como as partculas coloidais da argila, que s
podem ser vistos com auxlio de microscopia eletrnica (Figura 5). Os minerais
encontrados podem ser primrios ou secundrios. O primeiro apresenta composio similar
composio da rocha matriz e constituem principalmente as fraes mais grosseiras do
solo (areia e silte). O conhecimento dos minerais primrios existentes no solo muito
importante para a pedologia4 e edafologia5, j que a sua presena fornecer indicaes teis
para determinar o grau de evoluo do solo e sobre a sua reserva mineral, fonte de
nutrientes essenciais para o crescimento das plantas.
J os secundrios foram formados mediante o intemperismo de materiais menos
resistentes e ocupam as fraes finas do solo, como a argila e os xidos de Fe e Al6. Estes
apresentam, normalmente, composies totalmente distintas da rocha matriz. Devido a este
fato, o solo formado no apresenta uma composio mineral semelhante rocha matriz, da
qual se originou.
TABELA 1 Caracterizao das partculas comuns no solo
Partcula
Dimetro (mm)
Mataes
> 200
Calhaus
200-20
Cascalhos
20-2
Areia grossa
2-0,20
Areia fina
0,20-0,05
Silte
0,05-0,002
Argila
< 0,002
Caracterizao
Fragmentos grosseiros
Frao fina
Manto no consolidado de rocha decomposta e de material de solo na superfcie da terra; materiais soltos de
terra acima rocha slida. Horizontes A, B e C.
4
Pedologia (do grego pedon = solo ou terra): parte da Cincia do Solo que trata da origem, morfologia,
distribuio, mapeamento, taxonomia e classificao quanto ao uso dos solos.
5
Edafologia (da palavra grega edaphos que tambm significa solo. Cincia que trata da influncia do solo em
organismos vivos, particularmente nas plantas, incluindo o uso da terra com a finalidade de cultivo.
6
Denominao genrica para xidos, hidrxidos e oxihidrxidos presentes principalmente na frao argila
da maioria dos solo brasileiros.
Caulinita, do monte Kaoling (kao, alto; ling, monte), perto de Jauchu Fa, na China, de onde se extraiu o
primeiro caulim; o principal constituinte do caulim (HURLBUT, 1971; WEBSTER, 1989). Argila 1:1 de
grande importncia para os solos de regies de clima tropical. H indicaes (RESENDE et al., 1988) de que
nos solos brasileiros a superfcie especfica da caulinita atinge maiores valores.
medida que parte desta umidade removida, a remanescente encontrada apenas nos
poros menores ou como apenas uma pelcula delgada ao redor das partculas do solo, que
passa a competir com a prpria planta pela posse da gua, ou seja, nem todo o montante de
gua retido no solo pode ser utilizado pelas plantas.
Ao se decompor, a matria orgnica libera eltrons. Esses eltrons so recepcionados pelo oxignio, o grande oxidante da natureza,
que se reduz ao receber os eltrons. Nos solos de drenagem deficiente, encharcados, o oxignio disponvel esgota-se logo. Os prximos
O2
CO2
N2
_____________________________________
Livre
20,9
0,03
do solo
19,6
0,9
H2O
(Umidade relativa)
% _____________________________________
78,9
Varivel
79,5
100
oxidantes, substituindo o oxignio na recepo de eltrons, so nitratos e alguns compostos de mangans; quando esses se esgotam, e
fazem-no rapidamente, pois existem em pequena quantidade, o ferro de valncia 3 na goethita e hematita passa a ser o recepcionador de
eltrons, passando de Fe(III) para Fe(II), dando a cor cinzenta das tabatingas. A quantidade de eltrons disponveis expressa em Eh ou pe
( semelhana do pH para quantificar os tomos de hidrognio) indica o potencial de oxirreduo.
PROBLEMAS
1) Sugira algumas situaes onde ocorram somente duas fases das trs fases do
solo.
2) possvel um solo apresentar somente uma fase?
Suspenso coloidal
Soluo
> Heterogeneidade
Sistema disperso
> Homogeneidade
100 nm
_
1 nm
____________________________________
Argila______________________________________
rea (cm2)
0,1
60
0,01
600
...
0,0001 (argila)
60.000
11
y O estudo da estrutura dos minerais de argilas mostra que todos os grupos, com
exceo das argilas amorfas, tm superfcies planas.
2.2.1.1. Clculo terico da superfcie especfica
A equao geral para determinar a superfcie especfica dada pela seguinte
expresso:
s=
(1)
S
S
=
M D pV
S
6l 2
6
s=
=
=
3
D pV D p l
Dpl
12
s=
(3)
6l 2 6
=
l
l3
l = lado do cubo
b) Partculas esfricas
Para uma esfera de dimetro d, a rea superficial (S) e o volume (V) so:
2
d
S = 4r 2 = 4 = d2
2
V=
4
=
3r 3
4
d
3
2
d 3
6
Sua massa
(4)
Dpd 3
, com isso:
6
s=
d 2
6
=
3
Dpd Dpd
(5)
s=
6d 2 6
=
d
d 3
Esses resultados so idnticos aos das equaes (2) e (3), exceto que o L
substitudo pelo d . Em ambos os casos, quanto menor o tamanho das partculas, maior a
sua superfcie especfica.
c) Partculas laminares
(6)
s=
S
2(CL + C + L )
2
=
=
1+ +
D pV
D p CL
Dp L C
(7)
2
Dp
PROBLEMAS
14
O termo textura9 se refere proporo das fraes areia, silte e argila no solo. Cada
solo recebe uma designao quanto sua textura, designao esta que nos d idia do
tamanho das partculas mais freqentes.
Conhecida as quantidades relativas destas fraes atravs de uma anlise textural, o
solo recebe uma designao, sendo encaixado em uma classe, determinada com auxlio de
um tringulo.
A textura uma caracterstica de grande importncia para os solos, j que grande
parte das reaes que ocorrem no sistema solo-gua-planta, so fenmenos de superfcie,
que tem sua magnitude dependente do tamanho das partculas envolvidas.
Diversas propriedades dos solos esto, diretas ou indiretamente, associadas
textura, como, por exemplo, o movimento e a reteno de umidade, a aerao do solo,
entre outras, condicionando de forma sistemtica, o manejo do solo (Tabela 6).
Trata-se de uma caracterstica estvel, pois os tamanhos das partculas de um solo
mineral no est sujeito a mudanas rpidas, alm do fato que a proporo de cada grupo
de frao, no pode ser alterado. de grande auxlio na classificao do solo.
A anlise e a determinao da distribuio das partculas de uma amostra de solo
quanto ao seu tamanho denominada anlise granulomtrica ou textural. As partculas
minerais do solo apresentam grande variabilidade em tamanho, desde blocos de rochas,
pedras e cascalhos diversos, at as argilas coloidais, como j apresentado na Tabela 1. Para
que possam ser estudadas convenientemente, estas partculas so agrupadas em classes de
tamanhos, geralmente denominadas fraes do solo. Diversos sistemas de classificao j
foram propostos, baseados em limites arbitrrios de separao entre as fraes diversas
(Figura 7). Em geral, as partculas menores de 2,0 mm so agrupadas em trs classes de
fraes principais: AREIA, SILTE e ARGILA.
Apesar da classificao dos grupos de partculas ser arbitrria, ela segue
determinados princpios bsicos, especialmente quanto capacidade de reteno de gua,
condutividade hidrulica, movimento capilar, mineralogia, alm de propriedades qumicas,
como por exemplo, capacidade de troca catinica. Com base nisto estabeleceu-se o limite
principal de separao das partculas como sendo 0,002mm ou 2. Este ponto separa,
9
Textura, do latim textura, teia, tecido; em solos refere-se s propores relativas de areias, argila e silte; nas
rochas, tamanho, forma e arranjo dos gros da rocha sedimentar, cristalinidade, granularidade e trama dos
elementos nas rochas gneas. aplicado a superfcies pequenas de uma rocha homognea. O termo estrutura
usado para aspectos maiores. Em francs, textura e estrutura tm sentidos opostos aos mencionados
(BATES & JACKSON, 1987; WEBSTER, 1989 citados por RESENDE et.al, 1997).
15
mm
Brasileira
2,0
Areia Grossa
1,0
Areia mdia
0,5
2,0
Areia grossa
0,25
Areia grossa
Areia Fina
Areia fina
0,05
Silte
Internacional
(Atterberg)
0,2
Areia Fina
0,10
mm
0,02
Silte
Silte
0,002
Argila
0,002
Argila
Argila
16
Textura
Caracterstica
Argilosa
Arenosa
Sedosa
Mdia
Ta
Tb
Sensao do tato
Atrito
Sedoso
Atrito
Execuo de tratos
culturais
gua disponvel
Drenagem interna
Fcil
Dificuldade
mdia
Alta
Moderada
Fcil
Plstico/
pegasoso
Difcil
Plstico/
pegasoso
Fcil
Mdia
Boa
Alta
Boa
Alto
Mdia
Baixo/mdio
Mdia
Alta
Moderada/
imperfeita
Mdio/alto
Baixa
Baixo
Baixa
Alta
Mdia
Alta
Alta
Baixa
Mdia
Baixa
Baixa
Baixa
Excessiva
Escorrimento superficial
Baixo
Eroso hdrica:
Alta
- tendncia ao
fracionamento
Baixa
- tendncia ao transporte
Eroso elica
Alta
Ta = Argila de atividade alta
Tb = Argila de atividade baixa
17
Textura
Descrio
Arenosa
Siltosa
Mdia
Argilosa
Muito
argilosa
2-
FRANCO-ARGILOSA
FRANCA
FRANCO
ARENOSA
FRANCO
SILTOSA
4) a frao argila, pela sua atividade, imprime seu nome a vrias classes de textura,
isto , das treze classes, sete levam o nome argila ou argilosa na sua denominao. Isto no
ocorre com outra frao, a no ser com a palavra franca (seis vezes), a qual no representa
uma frao.
A textura de um solo depende de diversos fatores, tais como da rocha de origem e
do seu grau de intemperizao (idade). O quartzo sendo um mineral muito resistente,
quando de tamanho maior do que de 0,05 mm de dimetro , no entanto, pouco resistente
se ocorre nas fraes argila e silte.
H uma tendncia de os solos originrios de rochas psamticas10 apresentarem altos
teores de areia e baixos teores de argila.
10
19
2.4. Densidade
Ms
Vs
Dp = Densidade da partcula
Ms = massa do solo
Vs = volume de slidos
A tabela 8 apresenta valores tpicos de densidade das partculas de alguns
constituintes do solo.
TABELA 8 Valores de densidade das partculas para diferentes constituintes do solo
Hmus
Argila
2,2 2,5
Quartzo
2,5 -2,8
Feldspato
2,5 2,6
Calcita
2,6 2,7
4,9 5,3
Material
20
Ds =
Ms
Vt
Ds = densidade do solo
Ms = massa do solo
Vt = volume total
Observa-se que tanto para Dp como para Ds, no se considera a massa da gua, por
ser varivel e no caracterizar o solo.
A Tabela 9 apresenta os valores mdios de densidade do solo para as diferentes
classes texturais de solo. Quanto mais fino o material, maior a porosidade total, menor a
massa especfica da frao slida e, conseqentemente, menor densidade do solo.
TABELA 9 Valores mdios de densidade do solo para as principais classes
texturais do solo
Classe textural
Areia
Silte
Argila
2.4.2.1. Determinao
Existem diversos mtodos de determinao da densidade do solo, quase todos
baseados na obteno de dois valores: a massa de uma determinada amostra de solo e o seu
volume, incluindo slidos e poros. Como a massa facilmente determinada em balana, a
obteno do volume que diferencia os mtodos.
21
Slidos e
espaos
porosos
b)
1,33g
dos espaos
dos poros
dos slidos
1,33 g
Para se calcular a
densidade do solo
Volume = 1 m3 Peso = 1,33Mg
(slidos e poros) (apenas slidos)
Ms
Vt
1,33
Ds =
= 1,33 Mg/m3
1
Ds =
Volume = 0,5 m3
(apenas slidos)
Peso = 1,33Mg
(apenas slidos)
Dp =
Ms
Vs
Dp =
1,33
= 2,66 Mg/m3
0,5
22
2.5. Porosidade
Pode ser definida como sendo a poro do volume do solo no ocupada por
partculas slidas, incluindo todo espao poroso ocupado por gua e ar. Todo solo possui
poros, mas sua quantidade, tamanho, distribuio e continuidade so variveis conforme o
solo.
Pode ser feitas algumas observaes da presena dos poros, seja atravs de uma
lupa, seja adicionando gua e observar como esta se infiltra (com maior ou menor rapidez).
Existe uma grande variao nos valores encontrados na porosidade diferentes solos.
Ela funo, principalmente, da textura e da estrutura do solo. Tambm a matria orgnica
afeta a porosidade, contribuindo para valores mais elevados.
Solos arenosos apresentam menor porosidade total, uma vez que suas partculas,
grosseiras, tendem a se arranjar numa disposio piramidal, que apresenta menor espao
entre as partculas. J os solos argilosos apresentam, em geral, maiores porosidades porque
suas partculas finas, tendem a assumir um arranjo mais espaado e, alm disto, formam
agregados que aumentam sua porosidade.
Os poros so divididos em duas classes: microporos e macroporos, menores e
maiores do que 0,05 mm de dimetro, respectivamente (Tabela 10).
A porosidade do solo est ligada a uma srie de caractersticas importantes do solo,
tais como o movimento e reteno da umidade, arejamento, reaes do solo, movimento de
gua relacionada eroso, manejo do solo , etc..
TABELA 10 Classificao mais detalhada do sistema poroso
Denominao
Dimetro
efetivo
funo
Poros grandes
> 60
Poros mdios
60 10
Poros pequenos
10 0,2
Superfcies higroscpicas
colides
23
P=
Vp Vt Vs
=
Vt
Vt
Vp = espao poroso
Vt = volume total
P = 1
Vs
Vt
P = 1
1 / Vt
1 / Vs
P = 1
1 / Vt Ms
1 / Vs Ms
P = 1
Ms / Vt
Ms / Vs
P = 1
Ds
Dp
11
Ped: unidade de estrutura do solo, tal como um agregado, prisma, bloco ou grnulo, formada por processos
naturais. Difere do torro, o qual formado artificialmente e trata-se de uma massa compacta e coerente de
material do solo, usualmente produzida pela atividade humana ao arar, escavar, etc., especialmente quando
estas atividades so feitas quando os solos esto ou muito secos ou muito molhados para serem trabalhados.
25
Um espao poroso inadequado, por exemplo, num solo compactado, pode prejudicar o
desenvolvimento das razes (Figura 11) e impedir a emergncia de sementes.
2.6.1. Classificao da estrutura
A classificao da estrutura do solo baseada em aspectos morfolgicos, podendose considerar a existncia de uma macroestrutura e de uma microestrutura. Em geral, os
estudos de solo que exigem descrio do perfil, levam em conta a macroestrutura. Os
limites de separao entre estes dois grupos so arbitrrios, podendo-se considerar, como
regra geral, a possibilidade ou no de a estrutura ser vista a olho nu.
26
27
a=b
a>b
28
Prismtica
- Prismtica
- Colunar
Em blocos
Caractersticas
- As partculas do solo esto arranjadas
em torno de um plano horizontal.
- As unidades estruturais apresentam
aspecto de lminas de espessura
varivel, porm a linha horizontal
sempre maior.
- As partculas do solo esto arranjadas
em torno de uma linha vertical
dominante.
- Os limites entre as superfcies
verticais so relativamente planos.
Ocorrncia tpica
No horizonte E (de eluvial)
de
muitos
Argissolos
(Podzlicos). Por efeito de
compresso, pisoteio, por
exemplo,
na
camada
superficial.
Em muitos solos com B
textural (Bt). No corte
exposto do Latossolo (neste
caso, geralmente, no
composta de blocos).
Horizonte B solontzico
(horizonte Bt com alto teor
de Na+)
- As trs dimenses da unidade Horizonte B dos solos com
estrutural so aproximadamente iguais. B textural
- Angulares
29
Muito pequena
Pequena
Mdia
Grande
Muito grande
Tipos de estrutura
Laminar
Prismtica
Blocos
Granular
_________________________________________
mm ______________________________________
<1
< 10
<5
<1
12
10 -20
5 10
12
25
20 50
10 20
2 -5
5 10
50 100
20 50
5 -10
> 10
> 100
> 50
> 10
a)
b)
c)
12
Estes ciclos ocorrem nas reas de interface do solo com a atmosfera livre, onde o solo fica mais exposto s
variaes climticas.
30
Definio
Sem estrutura
- Gros simples*
- Macia**
Com estrutura
- Fraca
- Moderada
- Forte
* Figura 12
** Ver Figura 4 O Organossolo outro exemplo de solo que apresenta grau de estrutura
macia nos horizontes mais profundo
Antigas Areias Quartzosas, apresenta solo com seqncia de horizonte A-C, sem contato com a rocha
dentro dos primeiros 50 cm de profundidade, apresentando-se essencialmente quartozoso, com alto teor de
areia (cerca de 95%) e praticamente ausncia de minerais primrios alterveis (menos resistente ao
intemperismo)
14
compreende solos hidromrficos (alagados), constitudo por material mineral, que apresentam horizonte
glei dentro dos primeiros 50 cm de profundidade. Apresenta, geralmente, mosqueados abundantes e cores
acinzentadas.
31
d)
e)
Sendo a esfera a forma que apresenta o mnimo de rea exposta por unidade de
volume, e como o grnulo a estrutura que mais se aproxima da esfera, concluise: os materiais que apresentam estrutura granular tendem a ter o mnimo de
coerncia entre os grnulos. Estes, se forem pequenos, podem ser facilmente
deslocveis pela gua, da os Latossolos mais ricos em xidos de Al e Fe (os
Latossolos mais velhos) serem de fcil erodibilidade. Porm tal fato no
comumente observado, pois estes solos tendem a ocorrer em superfcie de baixa
declividade;
f)
g)
O excesso de sais tende a formar grnulos (como nos Solos Salinos) enquanto o
Na+ tem efeito oposto, tendendo a formar estrutura prismtica colunar (como
nos Solontzicos15).
O manejo adequado do solo requer que a estrutura do solo seja melhorada ou, pelo
menos, conservada. Para isso, deve-se fazer uso de tcnicas que promovam a estruturao e
evitem a destruio dos agregados existentes. Dentre estas tcnicas, destacam-se:
a) Calagem esta prtica geralmente proporciona um aumento da estabilidade dos
agregados, uma vez que os carbonatos so agentes cimentantes de partculas primrias e o
ction Ca2+ promove a floculao dos colides (salvo em algumas situaes especficas de
solos oxdicos e cidos, ricos em ctions trivalentes);
b) Incorporao de resduos orgnicos a incorporao de matria orgnica aos solos
favorece a formao e o aumento da estabilidade dos agregados;
15
Solonetz, do russo sol, sal, e etz, fortemente expresso; solo com camada delgada e frivel sobre camada
com estrutura colunar, escura, muito alcalina.
32
c) Proteo do solo contra impactos de gotas de chuvas isto pode ser feito com o uso de
cobertura morta ou cobertura vegetal;
d) Minimizar a movimentao do solo o uso de tcnicas de cultivo, que minimizem o
movimento do solo proporciona, a diminuio da quebra mecnica de agregados (ex.:
plantio direto, cultivo mnimo, etc.);
e) Operao de preparo e de cultivo mecnico somente nas condies de umidade ideais
(estudo da consistncia do solo);
f) Evitar a entrada de ctions dispersantes no solo (como o Na+ atravs de gua de
irrigao)
2.7. Consistncia do solo
16
Fora mantendo um slido ou lquido junto, devido atrao entre molculas semelhantes.
Fora de atrao que as partculas do solo exercem sobre as molculas de gua. Seu efeito para manter as
partculas de solo ligadas depende da presena de gua e ar no sistema (tenso superficial).
17
33
SECO
MIDO
MOLHADO
MUITO MOLHADO
suspenso
DUREZA
FRIABILIDADE
PLASTICIDADE
PEGAJOSIDADE
Arao, etc.
Vertissolos
Latossolos
FIGURA 13 Representao esquemtica da consistncia do solo conforme o teor de gua.
Em destaque a faixa de friabilidade, apropriada para arao, etc., estreita
nos solos de argila de atividade alta (Vertissolo18, por exemplo) e bem mais
ampla em alguns Latossolos (RESENDE et al., 1997).
Quanto mais argiloso um solo, maior a expresso das foras de coeso e
adeso. Para solos como mesmo teor de argila, quanto mais novo ele for, isto , quanto
menos intemperizado e mais rico em argilas mais ativas, maior vai ser a expresso das
foras de coeso e adeso.
A consistncia do solo afetada, basicamente, pela textura do solo, pela natureza
dos colides minerais, pelo teor de matria orgnica, estado de estrutura do solo, pelos
ctions presentes (disperso/floculao), alm do teor de umidade, principalmente.
Estes fatores podem atuar na consistncia do solo de forma isolada ou em conjunto,
na manifestao das foras de coeso e adeso. A adesividade devida essencialmente a
colides minerais. No caso das areias, no existe praticamente aderncia ou plasticidade.
Esteja seco ou molhado, a consistncia sempre muito fraca, sendo descrita como solta.
Normalmente, a consistncia nos estados mido e seco tende a aumentar com o teor de
argila e diminuir com o teor de matria orgnica.
A avaliao da consistncia pode ser feita no campo ou em laboratrio. comum
sua realizao no campo, durante os trabalhos de descrio de perfis para fins de
levantamento e caracterizao de solos, sendo complementada com informaes de
laboratrio.
18
Vertissolo, do latim, vertere; d conotao de inverso da superfcie do solo. Tem argila de atividade muito
alta, mostrando expanso e contrao pronunciadas com umedecimento e secagem, produzindo superfcies de
frico e grande fraturas, respectivamente.
34
19
Em solos formados sob condies de excesso de gua, ou seja, falta de oxignio, h perda de Fe do
sistema. O Fe(III) reduzido a Fe(II), o qual mais solvel e removido com facilidade. Com o aquecimento
do tijolo, todas as formas de Fe presentes passam hematita, que, mesmo em pequenas quantidades, d cor
vermelha. Quando os teores de hematita so muito baixos, os tijolos so rseos.
35
mida
Dureza
Friabilidade
Molhada
Plasticidade
Pegajosidade
Capacidade de ser
molhado
No plstica
Ligeiramente
Qualidade de aderir
a outros objetos
No pegajosa
Ligeiramente
pegajosa
Pegajosa
Muito pegajosa
Material no
desagregado
Solta
Macia
Ligeiramente
dura
Dura
Muito dura
Extremamente
dura
Solta
No coerente entre o
polegar e indicador
Facilidade de
desagregao
Solta
Muito frivel
Frivel
Firme
Muito Firme
Extremamente
Solta
No coerente
No plstica
Nenhum fio fino ou
cilindro se forma
Extremamente dura
Extremamente
resistente presso.
No pode ser
quebrado com as
mo.
Extremamente firme
Muito plstica
Forma-se um fio,
sendo necessria
muita presso para
deformar a forma
modelada.
plstica
Plstica
Muito
plstica
firme
Somente se esboroa
sob presso muito
forte. No pode ser
esmagado entre o
indicador e o
polegar.
No pegajosa
Aps cessar a
presso,
praticamente
nenhuma aderncia
Muito pegajosa
Aps cessar a
compresso, o
material de solo
adere fortemente a
ambos os dedos,
alonga-se
perceptivelmente
quando eles so
afastados.
36
PROBLEMAS
37)
38
BIBLIOGRAFIA
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PREVEDELLO, C.L.; Fsica
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Curitiba:
RESENDE, M.; CURI, N.; REZENDE, S.B.de; CORRA, G.F.; Pedologia: base
para distino de ambientes . 2 Ed. Viosa: NEPUT, 1997. 367p.
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3) L = 2mm; s =
6
6
= 1,13m2/kg ou s =
= 3.10-3m2/m3
3
2650 2 10
2 10 3
L = 200m; s =
L = 2 m; s =
6
6
= 11,3 m2/kg ou s =
= 3 10-4 m2/m3
4
4
2650 2 10
2 10
6
6
= 1132 m2/kg ou s =
= 3 10-6 m2/m3
6
6
2650 2 10
2 10
4) a) As equaes (2), (3), (4) e (5) podem ser utilizadas para areia e silte, enquanto as
equaes (6) e (7) para a argila.
b) desde que a areia tenha tamanho de partculas entre 2mm at 20m, sua
superfcie especfica varia entre:
s=
6
6
= 1,13 m2/kg e s =
= 113 m2/kg
3
5
2650 2 10
2650 2 10
40
s=
2
2
2 1 1
2r 2 + 2r
=
+
=
+
2
Dp Dpr
Dp r
Dpr
2
. Isso
Dpr
__________________
Areia
Silte
12
462
< Dimetro
cm2/g________________
462
11.639
> Dimetro
0,0012
0,0462
7) s =
2
Dp
s =
2
= 769 m2/g
3
9
2600000 g / m 1 m
8) s =
2
Dp
s =
2
= 1098,9 m2/g
2600000 g / m 3 0,7 9 m
< Dimetro
m2/g
0,0462
1,1639
1098,9m 2 / g
20m 2 / g
55 unidades
9) 2,4 nm
10) So coloidais, pois a menor superfcie especfica corresponde a partculas de 29
nm, dimetro inferior aos 100 nm fixados como limite superior das partculas
coloidais.
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