Jornal Academus Jan-Fev 2010
Jornal Academus Jan-Fev 2010
Jornal Academus Jan-Fev 2010
Aniversariantes
Luiz Berto, escritor pernambucano, autor A história poderia ser dividida em dois I
dos livros “A prisão de São Benedito”, “Nunca atos: I Ato – antes do empréstimo; II Ato – depois Eu vou contar pra vocês
houve guerrilha em Palmares”, “O romance da do empréstimo. No segundo ato, ainda de acordo Um caso que aconteceu
Besta Fubana” e outros, teve o privilégio de ser com o Luiz Berto, Orlando Tejo escreveu outras E tornou-se engraçado
amigo de Orlando Tejo. Desse extraordinário poeta estrofes completamente distintas do inicial. Da forma que ele se deu
ele enaltece a capacidade literária e criativa que se Com um “cabra” muito valente
contrapunha a uma monumental e incorrigível Que ficou quase doente
Um sujeito despeitado, De um susto quase morreu.
inabilidade para lidar com números, aí se incluindo
Desses de baixa maré, II
o “vil metal” da sobrevivência.
Inventou que Canindé Lalau é um amigo meu
Conta Luiz Berto que um dia Orlando Tejo
Que mora na minha rua,
invadiu sua sala na Câmara Federal, “num aperreio É um canalha safado.
Mas o que chama a atenção
daqueles que não era de seu costume”1 e lhe Eu fiquei preocupado É a impaciência sua;
confidenciou uma “desgraça”: o Gerente da Caixa Com a informação ralé, Ele até é gente boa
havia concedido a Orlando um cheque especial que Porém não perdi a fé Mas “facinho” se enjoa
o mesmo gastou num único final de semana, sem se Em quem merece louvores… E briga até com a lua.
dar conta de que muitos cheques “voadores” E haja palmas e haja flores III
estariam para “pousar” em sua conta na segunda- Na fronte de Canindé. Outro dia estava na rua
feira seguinte. Luiz Berto disse então que não podia Onde meus irmãos estavam
colaborar com o amigo, pois não tinha dinheiro, Tenho dito e sustentado Conversando na calçada
entretanto, informou que havia na Câmara um (Todo mundo sabe disso) E todos observavam
servidor que “ajudava” todos que se encontravam Que na Câmara, esse cortiço, Uns meninos ali brincando
em situação vexatória, conseguindo empréstimos Há um cidadão honrado, Eles “tavam” combinando
junto a um agiota. Tratava-se de João Canindé Pai de família extremado, E um objeto ajeitavam.
Tolentino Ribeiro. Luiz percebera que naquela Homem de bem e de fé! IV
manhã de segunda-feira “o homem estava mais O Papa já disse até Um deles ali gritava,
agoniado do que bacorinho em caçuá”2, ante a Que há no torrão brasileiro Esse era bem gaiato
iminência do estourar da conta do pobre poeta, que Padre Cícero em Juazeiro Que trazia em suas mãos
faria ruir a amizade e a admiração que o gerente lhe E em Brasília, Canindé... Um pobrezinho de um gato
devotava, à medida que Canindé não dava o ar de E amarraram então
sua graça ou adiava o famigerado empréstimo para Canindé - nome decente! Na ponta de um cordão
Tolentino - ô nome macho! Uma bomba com muito trato.
as próximas horas ou para o dia seguinte.
Ribeiro - lindo riacho V
Orlando Tejo, num determinado
Que mata a sede da gente! E foi no rabo do gato
momento, deixou de lado a sua aflição, pegou um Que fizeram a amarração,
papel e começou a escrever uns versos intitulados Honrado, amigo e valente,
Subiu da glória o sopé… Quando acenderam a bomba
“Louvação a Canindé”, dos quais eu peço Dali riscaram o chão;
permissão ao laureado autor para transcrever A Virgem de Nazaré
Já lhe envolveu com seu manto, O bicho então correu
algumas das hilariantes estrofes: Sabe onde se meteu?
Por isso um caminho santo
Digo de primeira mão.
Estando sem um tostão Vai trilhando Canindé... VI
E me encontrando bem perto, E não é mentira não
Fui procurar Luiz Berto Você pode acreditar,
Para alguma solução. Todos os dias em diversos rincões do Foi na casa de Lalau
Berto disse: “Meu irmão, torrão pátrio ocorrem fatos pitorescos que os Que o bichano foi entrar;
Eu também queria até abnegados cultuadores dos repentes transformam Lalau tava descansando
Fazer um querrequequé em obras-primas da cultura e sempre externam o E o felino foi entrando,
Daquele que o diabo pinta lado jocoso ou espiritualista do nosso povo. Em Ele não pôde notar.
Para ver se arranco trinta Alto Santo existe um cidadão chamado Sinval VII
Do bolso de Canindé... Pereira de Oliveira que atende sem mágoa pelo A bomba foi estourar
apelido de Lalau, mesmo sendo um homem Mesmo debaixo do bruto;
E eu que necessitava honrado, honesto e trabalhador. Tem a fama de “ser Lalau quase que morria
Também da mesma quantia mais grosso que papel de enrolar prego” e nos Por causa de um “puta” susto
Me fiei nessa franquia momentos em que externa suas “delicadezas” Pela mulher foi gritando:
Que Canindé propalava demonstra ser “mais macho que preá de balseiro” A casa tá desabando,
Quando eu menos esperava como dizem os sertanejos. Como todo bom Isso é coisa do “futo”.
O safado, de má fé, interiorano, gosta de curtir uma sesta (descanso VIII
Filho de p... ralé, após o almoço). Numa manhã ensolarada uns No outro dia “tava” puto
Disse que hoje não tem nada… meninos “levados da breca” amarraram uma Disse até que passou mal
bomba no rabo de um gato e o soltaram nas E que tinha a certeza
Ah! uma foice amolada
proximidades de sua residência. Ao ouvir o barulho Que o gato marginal,
No chifre de Canindé...
indesejado, Lalau afirmou alto e bom som para sua Quando foram amarrando
esposa: “Mulher, a casa tá desabando”. Entretanto, O bicho “véi” foi pensando:
Por capricho do destino “Eu vou pra casa de Lalau”.
De Satanás ou Deus Brama, ao notar a verdadeira cena acrescentou: “Eu tenho
certeza que, quando estavam amarrando a bomba, o Embora tenha causado um medo repentino
O bicho também se chama aos protagonistas da história, felizmente a bomba
Coisa e tal e Tolentino, gato pensou: eu vou direto pra casa do Lalau”.
Tudo teria parado aí se a cena não tivesse não era mortífera, mas apenas assustadora. O
Doido, avarento e mofino, felino, apesar do susto e de ser chamado de
Não conhece a Santa Sé, contado com o testemunho do poeta alto-santense
Carlos Oliveira Reis, que não tem nenhum marginal, continuou sua missão de encher o mundo
Faz da cola o seu rapé, de graciosidade. Enquanto os insensatos
Vive da desgraça alheia, constrangimento em se autodenominar Carlin
Gordo (cento e trinta quilos de talento). Este, com transformam bombas em tragédias, os poetas e os
Devia estar na cadeia humoristas as transfiguram em explosões de
Esse tal de Canindé... sua inspiração peculiar escreveu: Lalau e o gato3
alegria e irreverência. E assim tornam mais feliz a
humanidade.
________________________
1e2
BERTO, Luiz. Orlando Tejo e o agiota. In: http://www.luizberto.com/?p=8881 [acesso 27 jan 2010]
3
Cedido gentilmente pelo autor Carlos Oliveira Reis, o Carlin Gordo.
Saudação aos Presentes... veio Antônio Haroldo Felinto pelo município CEVALA – Cedro, Várzea Alegre e Lavras da
de Catarina com assento na Cadeira número 9, Mangabeira. Nesta ordem, os patronos deste
Consuma-se esta noite aqui no Palácio
cuja saudação coube a mim fazê-la com aplaudido trio Almeceano. Assim como destaco
da Luz, templo do testemunho das mais
indescritível júbilo. Na sequência juntaram-se a o “Meu padrinho literário”. Sem contar que
importantes decisões políticas do Estado do
nós: Antônia Regina Pinheiro da Costa para somente nos últimos meses prefaciou três livros,
Ceará em tempos idos e que nos últimos anos
ocupar a Cadeira 06 representando Senador Nicodemos Napoleão vem de concluir mais um
empresta suas instalações às letras cearenses;
Pompeu; Maria Linda Lemos Bezerra na título, que também será lançado em 2010. Sobre
mais uma portentosa solenidade. Posto que
Cadeira 63 por Várzea Alegre, na vacância da o qual não tenho dúvida: trata-se de uma obra de
portentosa é a ALMECE.
saudosa Maria Hilma Correia Montenegro e, por grande qualidade, como de grande conteúdo são
[...]Até parece que foi ontem, quando,
fim, Sílvio dos Santos Filho na Cadeira 13 os seus três primeiros livros: Alto Santo de
com o título 2008: UM ANO AUSPICIOSO
pertencente ao município de Chorozinho. De Ontem de Hoje, Sonhos e Emoções e Obstinação
PARA ALMECE, escrevi o Editorial do último
forma que já somos 69. Ou seja: quase 40% dos Sertaneja. E por fim friso a confreira Benildes
Academus do ano passado. E lá já se vão doze
184 municípios do Estado do Ceará habitam esta Batista que sempre teve participação atuante em
meses. Como o tempo corre! Como o tempo
luminosa estrela cujo brilho rutila no nosso Silogeu. Mais que isto, sempre inovando e
voa! E o tempo... Austero tempo, em que pese
firmamento literário cearense. colocando sua arte nas Produções Literárias de
democrático, voa principalmente para quem não
E tudo isso – repito – graças a quem todas as entidades a que pertence. No presente
vivencia a própria infância, para quem não tem a
entende dos “como e porquês” do bem gerenciar ano, em parceria com Gilson Pontes, outro
adolescência em perspectiva (tempo em que não
um Grêmio Literário sem patrocínio e sem os competente e dedicado companheiro, atuou
se tem a sensação do tempo), e, sobretudo, para
necessários recursos para fazer face aos seus como designer da VII Coletânea da ALMECE e,
quem só recorda seus verdes anos quando tem os
custos. Mas o incansável Lima Freitas, sem se também se deu à edição do 6º Volume de
olhos no retrovisor da vida. Mas não é de bom-
importar com quanto já lhe pesa a vida, dar-se de Mulheres do Brasil – livro patrocinado pela
alvitre lamentar. Enquanto o presente se ocupa
corpo e alma à cultura cearense. E movido por ALA Feminina da Casa de Juvenal Galeno.
do passado, perde o futuro. Nem tampouco é de
admirável competência e pragmatismo, por uma Ah! Quanto a mim... Bem, quanto a
bom-tom reclamar porque temos muito a
inquestionável habilidade e reconhecida mim... Confesso: se não fora a insistência do
comemorar. Devemos sim, levantar as mãos aos
experiência que só os anos dão; faz verdadeiros Presidente Lima Freitas as revelações a seguir,
céus em agradecimento a Deus por nossa saúde,
milagres. Uma dedicação, um zelo, um esmero aqui passariam em brancas nuvens. Posto que
por nossa capacidade produtiva e tantos feitos
que há muito conquistou a consagração do tudo em mim convidava ao silêncio. Todavia
realizados.
reconhecimento. Aos nove dias de julho encorajado por ele considerei que muito embora
E se o assunto são as realizações
próximo passado, por exemplo, por absoluto possa – aos ouvidos de alguns – soar
Almeceanas, quem mais conta? Obviamente, o
merecimento, foi outorgado com a MEDALHA autopromoção; abster-me de tais citações seria
Comandante deste “Bólido Supersônico” que é a
DE RETOR PADRÃO da Academia de Retórica mais que esconder informações aos que torcem
Academia de Letras dos Municípios do Estado
do Ceará. Arcádia da qual também é membro. por nosso sucesso; um ato de falsa modéstia da
do Ceará. Falo do jornalista e escritor Francisco
E se o que não falta no quadro social da minha parte. Tais foram a satisfação e o orgulho
Lima Freitas que – há quase 14 anos – pilota,
ALMECE é repertório para os mais distintos meus diante das gratas surpresas que declinarei a
com inquestionável competência, esta
cenários culturais, mesmo tendo em mente que seguir. No entanto, que não vá o sapateiro além
admirável Nave da Cultura Alencarina.
devo limitar esta fala a um tempo que não a torne das sandálias.
Ninguém entre nós, melhor farejaria talentos e
enfadonha, eu não poderia deixar de destacar Pois bem, e em meio aos argumentos do
garimparia virtudes, promoveria a amizade e
aqui as principais vitórias intelectuais de nossos Presidente para me demover do planejado
instalaria o cooperativismo, administraria
co-irmãos, durante este ano que se finda. De silêncio, encontra-se esta frase que aqui
produções literárias e promoveria cultura. E por
modo que saúdo Francinete Azevedo que viu um transcrevo textualmente: “A ALMECE se sente
falar em produção literária, um levantamento de
de seus admiráveis livros transformado em envaidecida pelo galardão conquistado por um
nosso brilhante confrade José Luis Araújo Lira,
Filme; aplaudo Oneida Pinheiro que estreou e dos seus mais eminentes imortais que, com
que tem a aprazível Guaraciaba do Norte como
estrelou como atriz na película o Auto da muito talento, representa o município de
Patrono, revela que nos últimos 14 anos
Camisinha; parabenizo Vilma Matos pela Jaguaretama”. Um exagero que muito me
nenhuma uma outra Academia do Estado do
publicação de seu belíssimo Odisséia em envaidece e massageia o ego. Câmara Cascudo,
Ceará publicou tanto quanto a ALMECE.
Ulisséia – livro sobre o qual versa o meu artigo por exemplo, diante de elogios assim não
De modo que repetindo os anos
do último Academus 2009; bem como a Moacir tergiversava em afirmar: “É mentira, mas é
anteriores, neste, 2009 foram seis edições de mil
Gadelha pelo romance Morreu e Não Sabia; gostoso de ouvir”.
exemplares do Jornal Academus, a Coletânea
Maria Carmosa pela a obra Carmosa Canta Mas a propósito do que saíram essas
DI(VERSOS) lançada aos vinte e seis dias de
Lavras da Mangabeira e Outros Poemas e palavras de Lima Freitas? É que de quando em
setembro último por ocasião da inesquecível
Haroldo Felinto pelo recém-lançado Contos quando uma ou outra pessoa (às vezes próxima,
festa comemorativa dos vinte e seis anos de
Matutos. por vezes mais distante), traz-me notícias de que
existência desta Arcádia, e a Revista que ora
Assim como não foge à minha assistiu, ouviu ou leu algo sobre meus escritos.
trazemos ao público.
lembrança, o Professor João Gonçalves de Entretanto as mais alvissareiras, consistentes e
Além do que, nas onze Reuniões
Lemos, quem, a despeito da dor que lhe oprime o documentadas “Boas Novas” do gênero,
Ordinárias do ano, onde sempre transborda
peito (sua perda ainda é lamentada e sentida por vieram-me ao conhecimento já nestes últimos
cultura e se levantam os mais legítimos temas da
todos nós Almeceanos), teve um ano muito meses, por pessoas afeitas aos assuntos da
literatura e das artes em geral, várias palestras
produtivo. Organizou e publicou a Revista do literatura, porém não tão presentes assim em
foram proferidas. Destaque-se: A Mulher e o
Instituto dos Advogados do Ceará (Edição meu convívio. A primeira dava conta de que ao
Centenário de Nascimento de Patativa do
comemorativa dos 77 anos do IAC) e dela é co- ser indicado em 2008 por uma Biblioteca
Assaré – por Nicodemos Napoleão; Os 180 anos
autor com o artigo Ensino Jurídico – um Ambulante do Estado de São Paulo, meu
do Natalício de José de Alencar – por nosso
verdadeiro tratado de 48 páginas, e ainda está Satirizando o Cotidiano, com a preferência de
Vice-presidente Vicente Alencar e O Cangaço –
concluindo os livros: Notas para a História do 20 dos 85 jurados credenciados pelo certame,
pelo confrade Ângelo Osmiro
Cedro e São José das Mangabeiras que deverão saíra vencedor em um concurso da internet
E neste ano que praticamente já se foi
ser lançados em 2010; ajudou a fundar a sobre livros de Sátira. E entre os 13 autores
(só mais dois dias e o Menino nascerá) cinco
Academia Cedrense de Letras e dela é o Vice- concorrentes estavam nada mais nada menos
novos companheiros passaram a integrar nossa
presidente e, juntamente com as confreiras que Leonardo da Vinci, com a obra, Sátiras,
galeria. O primeiro foi Francisco Alencar
Linda Lemos e Fátima Lemos articula uma Fábulas, Aforismos e Profecias; Mário Martins,
Alves empossado na Cadeira número 51 que tem
pesquisa sobre os literatos da chamada região da com Sátiras da Literatura Medieval; Gregório
como patrono o município de Tarrafas; depois
O VAZIO
João Gonçalves de Lemos, Acadêmico, Cadeira 01, Patrono Cedro, membro de outras instituições culturais.
... a que me refiro neste artigo quando se precisa de um recipiente para de você, nada é mais igual como
não tem sentido material, não se trata do conduzir nele algo, um bem material antes..., nada é mais igual sem você” –
vazio, por exemplo, de algum qualquer e, uma vez encontrado e, em seguida, ela procura preenchê-lo
recipiente seja de que natureza for que, recipiente vazio..., a gente dá graças a com a esperança – “mamãe, sei que
no linguajar interiorano, chamam-no Deus pelo achado; experiência que você está em um lugar bom e que não
impropriamente de “seco”, não observei no Engenho de cana-de- está mais sofrendo na cadeira de
significa que alguém chegue a algum açúcar de meus pais em Lages, quando rodas..., e o que me faz ter coragem de
lugar “com as mãos abanando”, isto é, alguém precisava levar um pouco de vencer e de viver é o meu pai” – e
“com as mãos vazias”. mel (melado) e ficava feliz quando Rosemary continuou fazendo-me
Por outro lado, falando sobre a encontrava uma garrafa vazia e o seu compreender que a vida continuava e
complexidade da mente humana, problema, num instante, estava precisava continuar, tínhamos (e
quando ela se acha vazia pode ser uma resolvido; o outro aspecto do vazio, temos) uma família e o amor habitava o
boa coisa que, desse modo, a gente mais difícil, complexo, é o vazio seu coração.
pode preenchê-la de coisas saudáveis. existencial..., precisa enchê-lo do A lição que Rosemary me
A mente vazia, nesse sentido, é uma conteúdo que se acha na mente e no ensinou, preparou-me, sem saber, para
mente descontraída e que dá a sensação coração e, se nele está reunido elevado a sua própria partida (22.02.2009) e
de bem-estar. grau de subjetividade, a coragem para fora, assim, a antevisão de outro
Encontrar um assunto, escrever transcender e sublimar, na realização sofrimento que, felizmente, assim
sobre ele para circular pelo dessa ingente tarefa, é a força que se como ela, Ercilia e Izabel
ACADEMUS não foi tarefa fácil..., pode buscar na graça de Deus. compartilham comigo. Buscamos na
tive que voltear e refletir sobre as idéias Acho que todo mundo sabe e fé, esse dom não ensinado, com certeza
que me vinham à mente e que me nem todas as pessoas respeitam, o bem vinda do Pai Eterno que, como explica
tocaram ao coração... Idéias que maior, o mais inestimável bem dado por Rosemary, “é preciso força para não
lembram acontecimentos na vida da Deus a todos nós, suas criaturas – a desanimar e continuar essa grande
gente e na vida da família; vida. caminhada que é a vida”.
acontecimentos que estão na vida das Eu, de algum tempo a esta parte, E a Rosemary conclui trazendo
cidades, na vida do País e na do mundo mais do que em toda a minha trajetória conteúdo para o vazio que sua mãe
que o racional e o emocional quase se de vida, já octogenário, venho deixou e, hoje, ela nos deixou com sua
confundem, quase não se entendem o experimentando a importância da vida. ausência, dizendo para sua mãe a mais
que, no presente caso, até quis desistir A gente fala tanto em tantos presentes pura e emocionante verdade filial:
de trazer às páginas deste jornal a que se espera receber ou ofertar, “amo muito você..., jamais esquecerei a
minha contribuição. presentes materiais, e se esquece que grande mãe que você foi e continua
Procurava alguma coisa e não Deus Pai nos presenteou com algo sendo em meu coração”.
achava e nem me achava, estava um caríssimo, mais do que qualquer Encerro esta modesta escritura
tanto perdido na escolha de um assunto presente trocado no cotidiano humano: com as mesmas palavras que Rosemary
a tratar..., as idéias eram difusas ou eu a vida. as registrou em relação a sua mãe,
me sentia num vazio? E foi assim que E a minha filha Rosemary, hoje aplicando-lhe como a mais pura
resolvi eleger “o vazio” como assunto noutra dimensão de vida, foi quem verdade paternal: amo muito você,
deste artigo para o nosso jornal. melhor ensinou-me lições de vida. minha filha..., jamais esquecerei a
Mas eu gostaria de dizer, de Apesar de seu sofrimento pela perda da grande filha que você foi e continua
proclamar por estas modestas linhas, na mãe, o vazio que ela sentia - “mamãe, sendo na sua imagem projetada nas
ordem das idéias que afinal me vieram com um ano de sua ida (15.07.2002), suas irmãs Ercilia e Izabel. Que
para referir-me a dois aspectos do tenho certeza de que você não volta saudade! Que Deus seja louvado!
vazio: um, já descartado, o vazio de mais..., fico aqui com muitas saudades