Os Meus Apontamentos de Economia Portuguesa e Europeia
Os Meus Apontamentos de Economia Portuguesa e Europeia
Os Meus Apontamentos de Economia Portuguesa e Europeia
Para a caracterizao do nvel mdio de vida vamos usar uma srie de indicadores, tais como:
Indicadores fsicos:
- indicadores fsicos de meios: dizem respeito os meios que cada um destes pases tem
ao seu dispor para satisfazer uma determinada necessidade. No so fiveis, pois no nos
informam sobre a eficincia desses meios. H apenas uma quantificao. Exemplo: nmero de
professores per capita, nmeros de mdicos per capita.
- indicadores fsicos de resultados: so os que indicam os resultados obtidos numa
sociedade em consequncia dos meios disponveis. So melhores que os indicadores de meios,
pois mostram-nos a eficincia. Exemplo: taxa de analfabetismo e esperana de vida mdia
nascena; taxa de mortalidade infantil.
Indicador compsito: surgem devido multiplicidade de factores que condicionam o
nvel de vidas das pessoas. Aqui se destaca o ndice de desenvolvimento humano
(IDH). Neste indicador usamos ponderadores para diversos indicadores, sendo estes
subjectivos. Aqui so considerados trs vertentes:
- Educacional;
- Longevidade;
- Monetrio;
Indicadores monetrios: so vrios os indicadores monetrios possveis. No entanto,
ns iremos usar o PIBpc Paridade de Poder de compra.
PIB per-capita o indicador quantitativo mais apropriado para representar o nvel de
produo e bem-estar das economias uma vez que tem em conta as diferenas de dimenso
existentes entre as economias.
Temos que destacar a necessidade de usarmos a Paridade de Poder de Compra (PPC) em vez
de simplesmente o uso das taxas de cmbio correntes1. Isso porque necessrio ter em conta
os diferentes nveis gerais de preo dos vrios pases (destacando as diferenas de nvel de
preos no sector dos bens no transaccionveis entre pases).
Nota bem:
Bens transaccionveis (1 e 2 sector): susceptveis de serem transaccionados
internacionalmente, que tende a igualizar os preos nos diferentes pases caso no
existissem pautas aduaneiras e politicas fiscais diferentes.
1
Concluso: De acordo com os indicadores que estudamos, Portugal um pas com IDH muito
elevado, embora em patamares mais baixos.
B) As fases de Maddison
Em 1995, Angus Maddison identifica cinco fases no desenvolvimento da economia mundial a
partir de 1820. Estas fases foram identificadas na base da observao e anlise de
caractersticas observveis e mensurveis, correspondendo a alteraes significativas no
ritmo de evoluo da maioria das economias. Pode-se destacar que estas fases tm uma
durao superior do ciclo econmico. A passagem de uma fase para outra foi, por via de
regra, determinada por acidentes histricos ou choques significativos no sistema econmico
As fases so:
- Fase I (1820 a 1870) e Fase II (1870 a 1913): encontramos um conjunto significativo de pases
envolvidos no processo de crescimento econmico moderno desencadeado com a Revoluo
industrial na Europa do sculo XIX.
- Fase III (1913 a 1950): H uma desacelerao clara do crescimento das economias dos
principais pases industrializados ou desenvolvidos da actualidade nesta fase e, ao mesmo
tempo, uma forte flutuao do nvel de actividade econmica com um nmero muito elevado
de anos de crescimento negativo para o conjunto dos 16 pases. Esta foi a fase de mais baixo
crescimento econmico e tambm a de maior instabilidade no crescimento econmico. Os
pases em termos mdios s cresceram 1% ao ano.
As duas Guerras Mundiais provocaram:
- Grandes destruies nos stocks de capital fsico e humano da maioria dos pases do norte e
centro da Europa;
- O aparecimento de desequilbrios macroeconmicos, nomeadamente inflao (exemplo:
hiperinflao na Alemanha) e elevados dfices pblicos (monetizao dos dfices pblicos),
com as consequentes limitaes para o crescimento econmico que estes desequilbrios
introduzem;
- Maior fechamento ao exterior por parte das vrias economias industrializadas ou
desenvolvido (aumento das pautas aduaneiras);
- O sistema de pagamentos internacionais, que se baseou em grande parte do perodo nos
cmbios flutuantes (em contraste com o padro-ouro da fase anterior), no foi tambm
favorvel ao crescimento dos fluxos de capitais e mercadorias, pelo risco cambial que os
cmbios flutuantes introduzem;
- Fase IV (1950 a 1973): Esta marcada por um perodo de crescimento bastante mais rpido e
estvel (no geral) do que a fase III. Os pases chegam a uma taxa mdia de cerca de 4% ao ano.
Os factores que vo ajudar a essa expanso so:
- Maior abertura das economias (diminuio dos direitos aduaneiros) e criao de espaos de
comrcio livre, podendo destacar:
- Comunidade Econmica Europeia (CEE) em 1957 formado por seis pases: Frana,
Alemanha, Itlia, e Benelux (Blgica, Luxemburgo e Holanda);
- European Free Trade Association (EFTA), em 1959 que uma zona de comrcio livre.
Formada pelo Reino Unido, pases nrdicos, ustria, Sua e Portugal;
- O acordo GATT (General Agreement on Tarifs and Trade) que deu origem
Organizao Mundial do Comrcio (a partir dos anos 90);
- O regime de cmbios fixos, com base nos acordos de Bretton Woods (padro dlar-ouro).
Isto , as moedas dos pases aderentes ficam apegadas ao dlar e ao ouro. Este sistema cria
oportunidades de crescimento. Temos um aumento dos fluxos de capitais entre os vrios
pases, principalmente o investimento directo (os EUA investem no Japo e na Europa).
Em Bretton Woods, foram tambm criadas duas instituies: o Banco Mundial e o Fundo
Monetrio Internacional, este ltimo vocacionado para ajudar os pases integrados no padro
- Fase V (1973 at os nosso dias): esta etapa marcada pelo choque petrolfero. Caracteriza-se
esta fase por um crescimento mais irregular e mais lento, cerca de 2% ao ano.
Isso deve-se ao forte aumento do preo do petrleo, a partir dos finais de 1973, e dos
problemas resultantes do desaparecimento da ordem em matria de sistema de pagamentos
internacionais estabelecida nos acordos de Bretton Woods.
Temos um segundo choque em 1979-81 que levaram a presses inflacionrias de muitas
matrias-primas chaves.
1945
1950
37,6
1955
37,7
1960
1961
1962
1963
1964
1965
1966
38,6
38,5
39,9
40,7
41,1
42,8
43,6
Industrializao
introvertida
(%)
Industrializao
extrovertida
Anos
Nesta fase vamos ter: o perodo inicial da Revoluo Industrial (do qual Portugal no pertenceu), e
ainda, o Fontismo ou Perodo de Regenerao (1851 1900);
3
Nesta fase vamos ter: parte da Primeira Repblica (1910-1926), a fase ruralista do Estado Novo (19261945), e ainda, um parte da fase introvertida (1945-1960) do Estado Novo.
4
Nesta fase vamos ter: uma parte da fase introvertida (1945-1960), e ainda, a fase extrovertida do
Estado Novo (1960-1974).
1967
1968
1969
1970
1971
1972
1973
1974
45,5
47,8
46,7
49,2
51,5
53,8
57,3
C) As estatsticas do PIBpc
- Bairoch (1976): a mais antiga e conhecida, fornece estimativas de base decenal para o
produto nacional bruto por habitante dos diferentes pases europeus, em dlares e aos preos
dos E.U.A. de 1960, desde 1830 e at 19732.
No que diz respeito a Portugal, e at 1950, a srie de Bairoch foi construda a partir de 12
indicadores indirectos do nvel de produto por habitante portugus em 1889-1901 e 1928. Os
valores assim obtidos foram, em seguida, estendidos no tempo utilizando a evoluo da
populao e do volume de produto nacional bruto total, tendo como base, neste ltimo caso,
estimativas pessoais do autor sobre o crescimento em volume das produes agrcola e
industrial portuguesas, antes e depois daquelas duas datas.
- Numava (1989): fornece estimativas de base anual sobre o crescimento em volume do
produto interno bruto por habitante portugus, em escudos, desde 1833 e at 1985.
Os dados entre 1833-1947 foram obtidos a partir de indicadores indirectos (exportaes,
receitas fiscais e despesas pblicas). J os de 1947-1985 so estatsticas oficiais;
- Lains (1995): fornece estimativa em volume do PIBpc, de base anula, no perodo de 18511913. Foram estabelecidas a partir de estimativas pessoais do autor sobre a evoluo durante
este perodo das produes agrcola e industrial portuguesas a preos constantes.
- Maddison (1996): fornece estimativas em volume do PIBpc no perodo 1870-1992. Estas
estimativas tm por base, at 1938, nas de Lains. Estas estimativas apresentadas por
Maddison, at 1913 repousam sobre as de Lains. No perodo 1913-1938 repousam nas
estimativas de Numava.
PNB pc portugus relativamente (nvel relativo) ao de outros pases europeus
(1830, %, dlares e preos dos EUA de 1960 para os dados de base)
BAIROCH NUMAVA
Alemanha (PNBpc - Portugal /
PNBpc - Alemanha)
ustria-Hungria (PNBpc - Portugal /
PNBpc - ustria - Hungria)
102
87,4
100
85,7
94,7
81,1
94,3
80,8
72,3
91,2
61,9
78,2
84,7
72,6
120,02
103
89,3
76,5
128,9
110,4
90,6
99,8
95,3
77,6
85,5
81,7
Nota bem:
Como comparar os pases com o Reino Unido:
PNBpc - Portugal / PNBpc - Reino Unido = 72,3%
Portugal tinha relativamente ao Reino Unido um PNBpc de 72,3% (isto , o PNBpc de Portugal
equivalente a 72,3% do PNBpc do Reino Unido;
- Em segundo lugar, devemos ter em conta o contexto econmico existente nesta altura. A
situao descrita por estas plausvel com as informaes qualitativas da altura sobre a
situao portuguesa e da dos demais pases europeus nos comeos do sculo XIX.
Afinal, Portugal teve uma posio importante durante o perodo do capitalismo comercial
europeu (do sculo XV ao sculo XVIII - Descobrimentos) e que, mesmo se essa posio s foi
uma posio de primeira linha durante um curto perodo de tempo (at integrao na
Espanha em finais do sculo XVI), ela manteve-se, de qualquer forma, mais importante que,
por exemplo, a dos pases escandinavos considerados no seu conjunto.
Por outro lado, e certamente mais decisivo, necessrio ter em conta que nos princpios do
sculo XIX, e portanto numa altura em que a maioria dos pases da Europa continental no
estavam ainda significativamente envolvidos no processo de crescimento econmico moderno
desencadeado pela Revoluo Industrial Inglesa, as diferenas entre os diversos pases da
Europa continental em matria de produtividade, e assim as diferenas entre esses pases em
matria de produto por habitante, no podiam ser ainda significativas.
Finalmente, notemos que o Reino Unido (e provavelmente tambm o territrio da atual
Blgica) foi pioneiro em matria de industrializao.
10
Nmero de Horas de Trabalho Necessrias para Produzir 100 libras de Fio de Algodo n 80
Neste perodo (1830 a 1913) existem as 3 principais estimativas para analisar a evoluo da
convergncia neste perodo (Baircoh, 1976; NUMAVA, 1989; Lains, 1995) e todos indicam uma
divergncia. No entanto, no interior do perodo a evoluo no coincidente. As de Bairoch apontam
para um processo de divergncia continua. As de NUMAVA apontam para um perodo de convergncia
nas dcadas de 60, 70 e 80, estando a divergncia no conjunto do perodo 1860-1073. Finalmente, as de
Lains associam a divergncia no conjunto do perodo s dcadas de 60 e 70 do sculo XIX e ao perodo
1900-1913.
11
Portugal apresentava um nvel de industrializao muito baixo nesta altura (abaixo dos 20%
face ao Reino Unido).
Produo Industrial por Habitante em Diversos Pases por volta de 1900
(Reino Unido = 100)
Concluso: A partir dos dados disponibilizados, podemos ento concluir que as diferenas de
nvel de vida mdio que existem actualmente entre Portugal e os pases do norte e centro da
Europa ocidental tm as suas origens no sculo XIX.
Embora a industrializao tenha chegado a Portugal no sculo XIX, estas inovaes no se
difundiram a toda a economia, mas a apenas algumas empresas, sectores e regies mais
dinmicos. A economia portuguesa no conseguiu acompanhar de forma suficientemente
dinmica o movimento de industrializao europeu do sculo XIX.
12
13
OBS: Antes do sculo de XIX, a indstria portuguesa resume-se ao artesanato (cada uma
pessoa procede a todas as tarefas no processo do produto) e manufactura (cada trabalhador
est especializado numa dada tarefa). Durante o sculo XIX vamos mquinas (existe diviso de
do trabalho, e o trabalhadores so auxiliados pela maquinaria).
2-
Falta de recursos naturais adequados: defende-se aqui que Portugal no tinha matriasprimas adequadas contribui para o atraso. Afinal alguns pases tinham recursos no subsolo
de modo a desenvolverem a indstria siderurgia (afinal carvo e ferro eram de difcil
transporte).
No entanto importante realar que os txteis e siderurgia s formam indstrias de
pontas at 1870/1880, surgindo a partir da as indstrias qumicas e elctricas.
14
15
Os restantes pases
O primeiro grupo, formado pelos pases que comearam a sua industrializao at por volta de
1870/1880, (exemplo: EUA e Alemanha) apresentavam um grande nvel de industrializao de
pelo menos 50% da do Reino Unido.
O segundo grupo a destacar so os que arrancaram o crescimento econmico entre 1870/80 e
os finais do sculo XIX e que tinham ainda nesta altura entre 30% e 40% do nvel de
industrializao do Reino Unido (como a Sucia e a Dinamarca iriam no entanto atingir
rapidamente nveis prximos do Reino Unido).
O ltimo grupo, formado pelos pases que no conseguiram acompanhar o movimento de
industrializao europeu durante o sculo XIX de forma suficientemente dinmica. Estes
apresentam um nvel de industrializao muito baixo nesta altura (abaixo dos 20% face ao
Reino Unido). Pases como a Espanha e a Grcia tiveram uma evoluo ao longo do perodo
1830-1914 bastante parecida com a de Portugal (destaca-se que desnvel de Portugal face
Espanha e Grcia mantm- se at os nossos dias).
PNB per capita espanhol e grego relativamente ao de um grupo de 10 pases do norte e
centro da Europa ocidental segundo as estimativas de BAIROCH (1976)
[%, dlares e preos dos EUA de 1960 para os dados de base]
16
Assiste-se ento:
- um aumento significativo da superfcie
cultivada;
- difuso, ainda lenta e irregular, dos
adubos e maquinaria agrcola;
- aumento importante da produo
agrcola para exportao (vinhos, cortia,
);
- Modernizao do enquadramento institucional e legislativo: destaque para a Pauta
Aduaneira de 1837, passando a existir uma proteco alfandegria mais favorvel ao
desenvolvimento industrial. Destaca-se ainda polticas de dinamizao das infraestruturas de
transportes e comunicaes;
Alguns autores mostraram que, a partir da dcada de 1840 e sobretudo a partir da de 1870, se
verifica um certo avano da indstria moderna em Portugal, nomeadamente: txteis e
indstrias ligadas a certos recursos naturais do Pas (transformao da cortia, conservas de
peixe).
8
As estimaes de NUMAVA, 1989 apontam para uma convergncia na dcada de 40 e sobretudo nas
de 60, 70 e 80. verdade que vrios autores podem mostrar que a partir da dcada de 1840, e sobre
tudo, a partir de 1870, se verifica um certo desenvolvimento da indstria moderna em Portugal, um
enquadramento institucional e legislativo mais favorvel ao crescimento, e ainda, a partir de 1851, que
uma politica de investimentos pblicos no domnio das infra-estruturas ligadas aos transportes e
comunicaes (Fontismo). No entanto, no plausvel que esses progressos possam ter conduzido a
uma convergncia entre 1860 e 1890. Com efeito, chegados a 1913, Portugal ainda um pas
essencialmente agrcola e a sua taxa de industrializao muito baixa. Por outro lado, precisamente a
partir de por volta de 1860 que se regista uma segunda vaga de pases que arrancam de forma decisiva
para a industrializao.
9
Parte deste perodo no est includo no perodo do Fontismo.
17
18
Depsitos
1867
13
3,2
1875
51
32,1
Grande parte desses investimentos s foi conseguida em recurso a endividamento por parte
do Estado e de privados. Isto , h um aumento da dvida pblica interna e externa e ao
dfice oramental. O Estado endividou-se principalmente no exterior. No entanto em
1891/1892 surge uma crise financeira internacional que afectou vrios pases, Portugal no foi
excepo.
Esta evoluo, associada deficitria balana comercial portuguesa, acabaria por acabaria
por arrastar a economia para uma difcil situao financeira, colocando-a sob a perspectiva de
uma falncia generalizada
Devido ao grande endividamento, quando chegamos a 1892, o Estado portugus declara
bancarrota parcial, no pagando a totalidade da dvida, havendo assim uma reestruturao da
dvida. Portugal assim deixa de puder ter acesso a crdito no exterior at por volta de 1962.
Concluso:
19
20
Captulo II e III
O Perodo das Guerras Mundiais e da Crise de 1929 (1913-1950)
| A industrializao introvertida dos anos 50 (1950-1960)
A) A Primeira Repblica (1910-1926)
21
22
Um outro problema, tambm muito importante, situava-se ao nvel das contas externas da
economia. Entre o final da Grande Guerra em 1924, o dfice da balana comercial aumentou
rapidamente, devido ao crescimento das importaes provocado pela retoma do comrcio
internacional com a abertura das vias de transporte na Europa.
A inflao tinha igualmente contribudo para este aumento do desequilbrio da balana
comercial, na medida em que a taxa de proteco real da economia tinha cado rapidamente.
De facto, a maioria dos direitos alfandegrios portugueses eram estabelecidos em valor e no
segundo taxas ad valorem.
Normalmente, Portugal tem rubricas da Balana de transaces correntes que compensam
estes dfices comerciais, no entanto, naqueles anos as remessas de emigrantes no foram
suficientes.
A deteriorao das contas externas portuguesas decorria tambm de uma fuga muito
significativa de capitais, devido incerteza que envolvia a situao poltica e os principais
agregados macroeconmicos da economia portuguesa.
23
Uma das consequncias mais importantes da deteriorao das contas externas e da inflao
foi a forte desvalorizao da moeda portuguesa. Com efeito, entre 1919 e 1924, esta
desvalorizao que se situou bastante acima da subida dos preos no consumidor no mesmo
perodo.
Evoluo da taxa de cmbio do escudo em relao libra esterlina (1910 - 1926)
24
conjugadas com condies mais favorveis no exterior do pas, permitiram travar a inflao a
partir de 1925.
Nesse mesmo ano, o desequilbrio no sector externo comeou a atenuar-se. As importaes
regrediram, sob o efeito conjugado da forte desvalorizao do escudo e das medidas
protecionistas em matria de poltica aduaneira, o que permitiu uma diminuio do dfice
comercial, embora este ainda fosse elevado em 1926.
Foi tambm possvel estabilizar a taxa de cmbio do escudo, a partir do incio de 1926, graas
melhoria da situao das contas externas e s vrias medidas tomadas para aumentar a oferta
e reduzir a procura de divisas.
Em termos de mudana estrutural, Portugal mantm-se essencialmente agrcola.
B) O Estado Novo (1926-1974)
O grande objectivo para esta fase ser de manter os grandes equilbrios macroeconmicos:
- Estagnao programada;
- Inflao baixa, equilbrio oramental, moeda e contas externas estveis
- As polticas estruturais subordinam-se a este objectivo;
Vai estar divida em duas fases:
- Fase ruralista ou de estagnao programada (1926 a 1945);
- Fase industrialista ou desenvolvimento (1945 a 1974);
- Industrializao introvertida ou por substituio de importaes (1945 a 1960);
- Industrializao extrovertida ou por promoo de exportaes (1960 a 1974);
Para o nosso estudo vamos identificar duas fases:
25
e Colon z
o In ern n o ro
z os res l
os es er os;
26
Fase ruralista
Fase introvertida
Fase extrovertida
1930
1950
1960
1970
1973
41,2
46,9
27
Em segundo lugar deve-se poltica aduaneira, a qual garante uma proteco significativa da
concorrncia estrangeira. A poltica do Estado em matria de concorrncia no mercado
interno, ser no sentido da concentrao industrial e no da criao de empresas de grande
dimenso em vrios dos sectores citados acima, graas a incentivos fiscais e de crdito.
Tambm se vai proceder reorganizao das indstrias ligeiras, principalmente nos sectores
em que o abastecimento do mercado interno dependia em mais larga medida das
importaes. A Lei do Condicionamento Industrial foi um grande instrumento utilizado para
estimular a concentrao e a criao de grandes grupos industriais nas indstrias de base.
Em terceiro lugar pode-se destacar o papel desempenhado no financiamento dos grandes
projectos industriais, quer como participante directo no capital social das empresas, quer
como emprestador por intermdio das suas instituies de crdito.
crucial citar que a Lei do Fomento e Reorganizao Industrial, publicada em 1945 um
plano pormenorizado de industrializao por substituio de importaes a realizar num
perodo de oito anos, marca uma viragem nas polticas estruturais do Estado Novo:
- fomentar uma forte interveno estatal, o desenvolvimento de um conjunto de
indstrias de base, cuja produo se destinaria ao abastecimento do mercado interno
(siderurgia e metalurgia do cobre, cimentos, algumas indstrias qumicas, pasta para papel);
- encorajar, por meio de incentivos fiscais e de crdito, a reorganizao das indstrias
ligeiras, principalmente nos sectores em que o abastecimento do mercado interno era ainda
muito dependente das importaes. A interveno estatal centrou-se, desde logo, na poltica
aduaneira e na poltica dirigida aos capitais estrangeiros, que asseguraram uma proteco da
concorrncia estrangeira.
Os resultados da estratgia de industrializao definida na Lei do Fomento e Reorganizao
Industrial vo comear a ser mais visveis no incio dos anos 50. A contribuio do sector
secundrio para a composio do PIBpm e da populao activa vai progredir a partir de
agora muito mais rapidamente.
OBS: Esta industrializao esteve essencialmente virada para o mercado interno e assente na
substituio de importaes. Apostou-se, nomeadamente, nas indstrias produtoras de bens
intermedirios e de bens de equipamento (refinaria do petrleo, petroqumica, adubos e
outros produtos intermedirios qumicos, cimentos, pasta para papel e indstrias
metalomecnicas).
A n s r s errg c , q e
es v no cen ro
es r g
os n s r l s s, no
entanto, s comear a desenvolver-se no incio dos anos 60, apesar da constituio da
Siderurgia Nacional, em 1954, uma empresa com capitais pblicos.
No centro de todos os grandes projectos industriais que foram lanados durante os anos 50,
encontramos os dois mais importantes grupos industriais e financeiros portugueses do aps
guerra: a CUF, sobretudo presente nas actividades qumicas, e o grupo Champallimaud, ligado
aos cimentos, siderurgia e pasta de papel. Como j referido, o Estado vai tambm
participar directamente no capital social de alguns destes projectos.
Portugal tinha, portanto, no incio dos anos 60, uma estrutura industrial mais moderna,
mesmo sendo ainda um pas essencialmente agrcola.
28
A estratgia de industrializao implementada pelo Estado Novo nos anos 50 tambm teve
fracassos:
- os mecanismos previstos para encorajar a reorganizao das indstrias ligeiras,
essencialmente os incentivos fiscais e de crdito, no deram frutos. No se permitiu a
modernizao das indstrias, que continuaram, deste modo, muito fragmentadas,
dominadas pelas empresas de pequena dimenso, mal equipadas do ponto de vista
tecnolgico, e produzindo essencialmente para o mercado interno.
- os novos sectores, desenvolvidos no mbito da estratgia de industrializao por
substituio de importaes dos anos 50, enfrentavam j no final desta dcada problemas
relacionados com o facto de no serem competitivos ao nvel internacional. De facto, e
contrariamente quilo que se passou em Espanha que tambm adoptou uma estratgia de
industrializao por substituio de importaes, nos anos 40, mas que tinha um mercado
interno muito mais significativo -, as novas indstrias no conseguiram obter economias de
escala no estreito mercado interno (dimenso e poder de compra) portugus. Os
consumidores, as indstrias ligeiras e a agricultura eram os grandes sacrificados, j que tinham
que suportar os preos elevados que elas praticavam.
Estrutura do valor acrescentado bruto na indstria transformadora em 1953 e em 1960 (%) *
29
Com o incio da guerra colonial em 1961 ser um elemento relevante para a industrializao
portuguesa. Devido ao esforo de guerra, o papel desempenhado pelo Estado ser ocupado
pela iniciativa privada.
Este processo de industrializao vai prosseguir de uma forma bastante mais rpida, entre
1960 e 1973. E ter como foco os mercados externos.
O crescimento rpido do produto da indstria transformadora entre 1960 e 1973 , com
efeito, arrastado principalmente pelos mercados externos. A participao de Portugal na
E.F.T.A., como membro fundador em 1959, bem como os contactos que foram sendo
estabelecidos com a Comunidade Europeia a partir dessa data, e que culminaro na assinatura
de um "Acordo de Comrcio Livre" entre Portugal e esse espao econmico integrado em
1972, permitiro um forte crescimento das exportaes de produtos manufacturados.
Com isso h uma nova preocupao em relao competitividade internacional da indstria
portuguesa e necessidade de expor um pouco mais as empresas concorrncia
internacional. Esta nova orientao vai aparecer no III Plano de Desenvolvimento, publicado
em 1968.
Desenha-se uma nova orientao baseada na promoo das exportaes. Isto , arrastado
pelo crescimento da procura nos mercados externos, mercados esses em forte expanso nesta
fase, e ainda, o capital estrangeiro.
O objectivo era dar a prioridade dos incentivos pblicos s empresas e aos sectores
industriais voltados para os mercados externos. Procurava-se concentrar os esforos pblicos
nos sectores em que Portugal possua vantagens comparativas:
- baixo custo da mo-de-obra (indstria txtil, do vesturio e do calado);
- abundncia de recursos florestais (indstria da pasta para papel);
- situao geogrfica de Portugal (o que vai ser importante para o desenvolvimento durante os
anos sessenta da indstria da construo e reparao naval).
A participao portuguesa na EFTA, com a expanso da procura de produtos industriais
portugueses na Europa a que a mesma levou, e a entrada de investimentos estrangeiros,
constituem os principais factores que contriburam para o forte crescimento do produto
industrial registado em Portugal entre 1960 e 1973. Estes investimentos contriburam muito
para o aparecimento das novas indstrias centradas na exportao.
Entradas de investimento directo estrangeiro em Portugal (1965-1974)
30
substituda a Lei da Nacionalizao dos Capitais (1943), que proibia o investimento directo
estrangeiro em todo um conjunto de sectores de atividade econmica. So criados incentivos
fiscais, assim como condies favorveis de repatriamento das mais-valias e dos capitais,
foram igualmente criados no mbito da nova legislao.
Os resultados da nova estratgia de industrializao foram claramente mais positivos que os
alcanados com a estratgia de industrializao por substituio de importaes do aps
guerra. Eles explicam assim, em grande medida:
- a emergncia de novos segmentos exportadores dentro da indstria transformadora
portuguesa durante os anos sessenta (mquinas e material elctrico, construo e reparao
naval, pasta para papel, algumas indstrias qumicas, concentrado de tomate);
- permitiram o desenvolvimento de algumas indstrias j anteriormente vocacionadas para
os mercados externos (, por exemplo, o caso da indstria do vesturio);
O crescimento das exportaes de produtos manufacturados, parcialmente relacionado com o
investimento estrangeiro, como acabamos de ver, conduzir, por sua vez, a importantes
alteraes no perfil de especializao internacional da economia portuguesa. Esta passa,
durante estes anos de 1960 a 1973, de economia essencialmente exportadora de produtos
primrios (produtos com um grau de transformao muito reduzido, como os agrcolas) a
economia onde a parte dos produtos manufacturados claramente maioritria nas
exportaes totais.
Em 1960 Portugal exportava essencialmente Fios e Tecidos e Obras de Cortia e Madeira. Em
1973, a situao era muito diferente. A nova estratgia de industrializao e a maior abertura
aos capitais estrangeiros, tinham feito crescer a parte das Mquinas e Material de Transporte.
Portugal apresentava assim, em 1973 e relativamente a 1960, uma especializao
internacional mais diversificada e tambm mais centrada em sectores com maior valor
acrescentado.
Composio das exportaes totais portuguesas em 1960 e em 1973 (%)
Alimentares e Bebidas
Matrias-Primas e Combustveis
Produtos Manufacturados:
* Obras em Cortia e Madeira
* Pasta para Papel
* Fios e Tecidos
* Minerais no Metlicos
* Mquinas e Material de Transporte
* Vesturio, Malhas e Txtil-Lar
* Calado
*Outros
1960
25,3
24,9
49,8
24,9
4,9
36,2
3,9
8,6
2,9
0,6
17,9
1973
17,8
14,9
67,3
7,1
7,3
24,7
3,5
21,6
14,8
1,7
19,4
Outro contributo relevante para o crescimento econmico portugus no perodo entre 19601973 foi dado pela:
31
32
Captulo IV
A integrao europeia nos anos 60 (1960-1973) 10 perodo de
industrializao extrovertida
A acelerao do crescimento da economia portuguesa est associada a uma progressiva
abertura da economia portuguesa ao exterior:
- Crescente abertura aos capitais estrangeiros, sobretudo a partir de 1965;
10
33
34
35
Fase ruralista
Fase introvertida
Fase extrovertida
1930
1950
1960
1970
1973
41,2
46,9
- Agricultura:
A quota-parte do sector secundrio na composio do PIB pm e da populao activa progride
assim rapidamente, apesar de um tero do emprego se situar ainda no sector primrio da
economia, no incio dos anos setenta.
Tambm o nvel de produtividade no sector agrcola evolui agora muito mais rapidamente. No
entanto, em virtude do elevado crescimento da produtividade nos outros sectores, e
sobretudo na indstria, a diferena entre o nvel mdio de produtividade do sector agrcola e
o do conjunto da economia contnua a crescer entre 1960 e 1973. Destaca-se ainda que o n
de efectivos foi decrescendo.
Verifica-se estagnao e, em certos anos, at regresso da produo agrcola. Os motivos so
idnticos aos observados na dcada de 50, em particular o controlo administrativo dos preos
dos produtos do sector primrio que se manteve at meados dos anos 60. Destaca-se que a
reforma das estruturas fundirias continuou por fazer, e ausncia de polticas com resultados
visveis ao nvel das estruturas de irrigao.
- Indstria11:
Durante este perodo, o crescimento foi elevado em todos os sectores da indstria
transformadora. No entanto, as indstrias mais voltadas para os mercados externos, bem
como aquelas que receberam capitais estrangeiros, registaram as taxas de crescimento mais
elevadas. Foi nomeadamente o caso dos txteis e do vesturio, da indstria da pasta para
papel, da construo e reparao navais e da indstria das mquinas e material elctrico.
Como a substituio das importaes prosseguia ainda, continuando at meados dos anos
sessenta, embora fosse cada vez mais difcil, devido queda progressiva dos direitos
aduaneiros imposta pela adeso EFTA, alguns sectores industriais (qumicas, siderurgia,
cimentos) registaram tambm taxas de crescimento elevadas.
As taxas de crescimento elevadas que se registaram nestes ltimos sectores foram tambm
uma consequncia de investimentos pblicos, embora sempre em articulao com os grupos
industriais e financeiros portugueses.
Os mais importantes foram certamente aqueles que foram realizados na Siderurgia Nacional e
no sector petroqumico, em Sines, um grande porto martimo, situado perto de Lisboa. Os
sec ores
s o ernos, os
Seg n Revol o In s r l, con n
ss
g nh r
terreno na estrutura da produo industrial portuguesa entre 1960 e 1973.
11
36
8,60%
7,80%
7,20%
6,70%
5,80%
4,70%
2,60%
Os grupos econmicos:
O processo de concentrao do capital industrial tinha sido iniciado no perodo posterior 2
Guerra Mundial, no mbito da estratgia de industrializao introvertida. Entre 1960 e 1973,
verifica-se uma acelerao deste processo, com novas manifestaes.
Durante os anos sessenta, os grandes grupos industriais (onde predominavam, o grupo CUF e o
Grupo Champallimaud) reforam a sua posio, atravs de alianas que celebram com as
empresas do sector financeiro da economia. Os grupos financeiros, por sua vez, apostaro
tambm em determinados projetos industriais de grande envergadura. O mais importante
desses grupos com origem financeira foi, sem dvida, o Grupo Esprito Santo.
No final deste perodo, por volta de 1973, este conjunto de sete grandes grupos industriais e
financeiros dominavam a economia portuguesa. Estes controlavam, com efeito, toda uma srie
de actividades importantes. Controlavam ainda os quatro sectores industriais portugueses com
mais elevadas taxas de lucro.
37
Estes grupos, bastante ligados entre eles e com fortes relaes a nvel do aparelho de Estado,
desempenharam um papel importante na viragem para uma maior abertura ao exterior da
economia portuguesa durante estes anos que vo de 1960 a 1973. Contriburam para a
captao de IDE e tinham ligaes relevantes a capitais estrangeiros.
Foram, em certa medida, quadros destes grupos, que, chegando ao aparelho de Estado,
tambm contriburam para alterao na estratgia de industrializao que se vai dar
progressivamente ao longo deste perodo.
Os agregados macroeconmicos
A situao era bastante estvel no incio dos anos 60:
- O aumento anual dos preos no consumidor tinha sido moderado nos anos 50;
- As contas pblicas estavam tambm virtualmente equilibradas;
- No ao sector externo, a situao era tambm favorvel. Os saldos positivos das transferncias
privadas (com as remessas dos emigrantes) e dos servios (com o turismo) permitiam
contrabalanar o dfice comercial persistente;
- O valor da moeda portuguesa conhecia tambm uma grande estabilidade desde os finais dos
anos quarenta;
- O mercado de trabalho, parece ser possvel afirmar-se, com base nas estimativas existentes,
que a taxa de desemprego no era elevada no incio dos anos sessenta.
38
Apesar deste bom desempenho da economia portuguesa, a evoluo dos salrios reais no foi
muito significativa. O crescimento entre 1945 e 1960 foi muito inferior ao da produtividade do
trabalho. Os custos unitrios da mo da obra na economia, em termos reais, diminuram deste
modo entre estas duas datas. O fraco crescimento dos salrios reais provocou uma muito fraca
progresso da dimenso do mercado interno, do qual dependia, no entanto, a estratgia de
industrializao por substituio de importaes do aps guerra e a maioria das empresas
portuguesas.
Durante o perodo da abertura ao exterior, entre 1960-1973, os objectivos no plano da
poltica macroeconmica continuaram a ser os mesmos do passado, mas foi um pouco mais
difcil cumpri-los:
- Equilbrio nas contas externas: entre 1960 e 1973, a balana de pagamentos portuguesa
apresentou quase sempre saldos positivos, o que permitiu uma forte acumulao de reservas
em ouro e divisas, em particular entre 1964 e 1973. Esta acumulao explica-se quase
exclusivamente pelo crescimento das remessas dos emigrantes portugueses na Europa e pelo
desenvolvimento das actividades tursticas.
Importante destacar que as fontes que geram o superavit da Balana Corrente, e
consequentemente a de Pagamentos, apresentam forte instabilidade no mdio-longo prazo,
pelo que se pode considerar que a sustentabilidade de tal superavit era questionvel.
Quanto Balana Comercial importante destacar que h uma degradao no perodo 19601973 relativamente a 1950-60. Apesar da estratgia de industrializao extrovertida, assente
nas exportaes, e que tal provocou uma elevada taxa de crescimento das importaes,
principalmente facilitada pela participao de Portugal nos movimentos europeus e
internacionais, igualmente se observou uma elevada taxa de crescimento das importaes
pelas mesmas razes.
Saldo da Balana Comercial (em % do PIB)
1950-59
1960-65
-5,1
-7,4
12
A baixa taxa de desemprego observada entre 1960 e 1973 (2,2% em mdia por ano durante este
perodo), explica-se sobretudo pelo forte crescimento da emigrao. Esta tinha principalmente como
origem as zonas rurais do pas. Os salrios agrcolas foram assim a principal fonte de crescimento dos
salrios reais durante este perodo.
39
1965-73
-8,4
Alm disso, num contexto de forte convergncia real relativamente a economias mais
desenvolvidas, torna-se natural um crescimento do dfice comercial, motivada por um
crescimento mais forte das importaes face s exportaes, associada a um ritmo de
crescimento do PIB interno bastante superior ao correspondente para as economias
desenvolvidas.
Balana de pagamentos (em % do PIB pm, 1960-1973)
- O dfice pblico aumentou a partir do incio dos anos 60: este aumento foi sobretudo
importante entre 1960 e 1965, devido subida das despesas com a Guerra Colonial e ainda, a
queda das receitas, devido baixa dos direitos alfandegrios na sequncia da adeso
portuguesa EFTA. A reforma fiscal, realizada entre 1959 e 1964, permitiu entretanto
melhorar a situao, a partir de 1965. Entre 1965 e 1973 os dfices pblicos votaram assim a
ser moderados;
40
- Um crescimento elevado dos preos no consumidor a partir de 1963. Este processo vai-se
manter at os anos 90;
Taxas anuais de crescimento dos preos no consumidor em Portugal (1960-1974)
41
Evoluo dos salrios reais, da produtividade do trabalho e dos custos unitrios da mo-deobra
Captulo V
O perodo das rupturas e dos choques petrolferos (1973-1985)
A) A economia europeia depois dos choques petrolferos e do fim de
Bretton-Woods
O contexto internacional deste perodo nada favorvel ao crescimento. Como vimos o
crescimento nestas economias desacelerou muito durante a fase IV de Maddison 13(de 1973
aos nossos dias).
Os 16 pases industrializados em que se baseia o estudo de Maddison cresceram em termos
per capita e em mdia a uma taxa que foi de cerca de metade da verificada entre 1950 e 1973
(cerca de 2, 6%). As flutuaes de nvel de actividade econmica tambm foram maiores,
tendo-se mesmo verificado vrias quebras anualizadas do PIB do conjunto dos principais
pases industrializados.
13
Esta etapa marcada pelo choque petrolfero. Caracteriza-se esta fase por um crescimento
mais irregular e mais lento. Isso deve-se ao forte aumento do preo do petrleo, a partir dos
finais de 1973, e dos problemas resultantes do desaparecimento da ordem em matria de
sistema de pagamentos internacionais estabelecida nos acordos de Bretton Woods. Temos um
segundo choque em 1979-81 que levaram a presses inflacionrias de muitas matrias-primas
chaves.
42
2,5
4,9
2,6
1,4
3,4
3,9
-5,6
-18,2
4,5
0,4
1,2
2
1
-12,4
-36,5
7,5
0,7
3,8
5,8
8,6
0,2
-7
2,6
4,1
2,1
4,2
4,7
-1,8
-7,6
5,7
7,3
1-
43
contributo do sector primrio para o PIB e emprego dos pases industrializados era j
muito baixo.
Quando aos ganhos de crescimento econmico conseguidos com a liberalizao do
comrcio, naquela altura j eram menores, uma vez que a liberalizao entre pases
industrializados j estava feita. Apenas faltava entre os pases desenvolvidos e os em
vias de desenvolvimento. E isso colocava problemas aos pases mais desenvolvidos.
5- Desacelerao do ritmo de crescimento do progresso tcnico: aqui destaca-se
principalmente no caso dos EUA, mas com repercusses nos demais pases
industrializados que aproveitam com as transferncias de tecnologia americanas.
Caractersticas sistmicas das fases da tipologia de Angus Maddison
Em paralelo com grandes alteraes no cenrio internacional, Portugal tambm sofre grandes
modificaes na sua realidade nacional. H o derrube do regime ditatorial do Estado Novo. A
mudana de regime poltico operada em 25 de Abril de 1974 vem trazer as seguintes
alteraes:
1- Liberdade sindical: 14com o aparecimento da liberdade sindical h grandes
modificaes no processo de formao dos preos e dos salrios na economia
portuguesa.
At esta data, o Estado controla fortemente o poder reivindicativo dos sindicatos,
procurando assegurar no s uma pretendida "ordem social", como tambm uma
poltica de crescimento moderado dos salrios. A poltica de baixos salrios constituiu
um dos pilares em que assentou o forte crescimento industrial que se registou a partir
dos incios dos anos cinquenta.
14
Com a descolonizao temos o regresso dos portugueses das ex-colnias. Com isso, h um
aumento do fluxo de oferta de trabalho, no entanto no houve uma diminuio dos salrios,
como seria suposto.
44
15
Evoluo que reconduzir, em 1984, o salrio mdio em termos reais para nveis inferiores aos de
1973.
45
Taxa de desemprego
Taxa de desemprego
%
1974
2,2
1975
5,6
1976
6,7
1977
7,9
1978
8,4
1979
8,1
1980
7,9
1981
7,6
1982
7,5
1983
8,1*
1984
8,8
1985
9
*Ruptura de srie
46
47
Entre anos de ponta, de 1973 para 1985, as informaes da OCDE mostram, uma queda do
nosso indicador de convergncia.
1974
56,1
1975
52,2
1976
52,2
1977
53,4
1978
53,2
1979
53,6
1980
54,4
1981
54,8
1982
55,1
1983
53,8
1984
51,1
1985
50,9
Convergncia lenta
%
57,3
Divergnci
a forte
Anos
1973
fortes
quebras
PIB per capita portugus relativamente ao de 10 pases do norte e centro da Europa (dados
da OCDE)
A tabela mostra que o nvel do produto per capita portugus face ao dos 10 pases do norte e
centro da Europa caiu de 57,3% em 1973 para 50,9% em 1985. Globalmente, este indicador
regista uma perda de 6,4 pontos percentuais nos doze anos (ou seja, o ritmo de divergncia
de 0,5 pontos percentuais em mdia por ano).
O nvel do produto por habitante portugus, face ao dos 10 pases de referncia, tinha assim
cado, em 1985, para um nvel prximo do de 1970/1971. No entanto, a divergncia no foi
contnua ao longo desta fase.
Podemos distinguir ento trs perodos diferentes:
- 1974 a 1975: so anos de fortes quebras em matria de produto por habitante face aos dez
pases do nosso grupo de referncia (e, particularmente, o ano de 1975);
- 1976 a 1982: o processo de convergncia prossegue, se bem que a ritmo bastante lento (0,5
pontos percentuais ano);
- 1982 a 1985: um novo perodo de divergncia forte (-1,4 ponto percentuais), e aqui que
tivemos o regaste do FMI.
A desacelerao do ritmo de crescimento do PIB portugus era inevitvel face aos choques
petrolferos e ao desaparecimento de Bretton Woods face ao aumentado (principalmente
entre 1960 e 1973) grau de integrao nos fluxos de comrcio europeu atingido pela economia
portuguesa em 1973. No entanto, a desacelerao no crescimento econmico foi maior em
48
Portugal que no exterior, j que o nosso indicador de convergncia regista uma evoluo
globalmente negativa entre 1973 e 1985.
Taxa de crescimento anual do PIB pm de Portugal (%)
Perodo
%
1960-70
6,2
1970-73
8,8
1974
2,6
1975
-4,7
1976
6,6
1977
5,6
1980
4,1
1981
0,8
1984
1,6
1985
3,3
1974-85
2,4
A revoluo de Abril teve impacto nesse pior desempenho de Portugal face ao resto do
mundo?
Para percebermos melhor o impacto da revoluo do 25 de Abril sobre o crescimento
econmico portugus vamos comparar o que se passou na Grcia e Espanha, onde no se
verificaram revolues. Ambos divergiram face aos pases do norte e centro da Europa neste
perodo que vai de 1973 a 1985. Essa divergncia foi superior de Portugal.
No caso da Espanha, a divergncia verificada ligeiramente superior verificada por Portugal
(6,9 pontos percentuais no caso da Espanha contra 6,4 para Portugal). Para a Grcia, h um
ritmo de divergncia bastante maior face a Portugal (9,0 pontos percentuais ano contra os
6,4 portugueses).
As informaes parecem indicar que as autoridades pblicas portuguesas conduziram a
poltica econmica de uma forma bastante positiva durante este perodo de graves problemas
internos e externos.
PIB per capita espanhol e grego relativamente ao de 10 pases do norte e centro da Europa
(dados da OCDE)
49
Essas informaes estatsticas, indicam a divergncia para a Grcia, Espanha e Portugal neste
perodo. Mas tambm indicam que os pases mais pobres do sul da Europa foram mais
afectados pelos choques petrolferos que os do norte e centro da Europa. Isso poder estar
associado a uma maior dependncia do petrleo enquanto fonte de energia primria nos
primeiros relativamente aos segundos.
%
2,5
50
1973
1974
1975
1976
197717
1978
1979
1980
1981
1982
198318
1984
1985
1974 - 1984
3,1
-6,2
-5,5
-8,3
-9,2
-4,4
-0,2
-5
-11,7
-13,5
-7,3
-3,1
1,7
-7,1
As polticas acordadas com o FMI deram bons resultados, e o dfice comercial reagiu como
pretendido. Logo aps o primeiro acordo e durante o perodo de vigncia deste, at 1979, o
dfice da Balana Corrente caiu significativamente aproximando-se mesmo do equilbrio a
Balana Corrente no final do perodo de vigncia do acordo.
No entanto, temos o segundo choque petrolfero, nos finais de 1979. E conjugado com alguma
abertura da poltica de rendimentos que se verificou nos anos de 1980 e 1981, voltaram a
fazer crescer o desequilbrio das transaces correntes portuguesas, o que obrigou a um novo
acordo com o FMI em 1983.
Tambm durante o perodo de vigncia deste segundo acordo, a Balana Corrente portuguesa
reagiu bem s medidas tomadas. A tabela mostra uma diminuio acentuada do dfice
corrente a partir de 1982. Em 1985, verificou-se mesmo, pela primeira vez desde 1974, um
saldo positivo. Devemos, no entanto, ter em conta que no ano de 1985, a descida do preo do
petrleo, aps a escalada que se tinha verificado desde os finais de 1973, facilitou esse
melhoramento da situao da Balana Corrente portuguesa.
A dvida externa
A Dvida Externa portuguesa atingiu propores bastante preocupantes, at chegou a
representar, em 1984, cerca de 90% da produo interna. Este desequilbrio nas contas com o
exterior condicionar fortemente as possibilidades de crescimento da Economia Portuguesa
entre 1974 e 1985.
Este conduzir, nomeadamente, necessidade de assinar dois acordos com o Fundo
Monetrio Internacional:
- 1 acordo: em 1977, que vai ser aplicado entre 1977 e 1979;
- 2 acordo: em 1983, que vai ser posto em prtica de 1983 a 1985;
17
18
Aqui temos o primeiro acordo com o FMI que vai desde 1977 e 1979.
Aqui temos o segundo acordo com o FMI, que vai desde1983 a 1985.
51
Anos
1966 - 1973
1973
1974
1975
1976
197719
1978
1979
1980
1981
1982
198320
1984
1985
1974 - 1984
No que diz respeito s polticas efectivamente postas em prtica durante os dois programas,
pode-se dizer que:
- o esforo passou sobretudo pela poltica de rendimentos (forte quebra dos salrios em
termos reais a partir do primeiro acordo com o FMI apenas interrompida nos anos de 1980 e
1981) e pela poltica cambial (forte desvalorizao real da moeda portuguesa que mais que
compensou o crescimento dos preos e custos portugueses acima do exterior dando
competitividade-preo aos produtos nacionais nos mercados exteriores).
19
20
Aqui temos o primeiro acordo com o FMI que vai desde 1977 e 1979.
Aqui temos o segundo acordo com o FMI, que vai desde1983 a 1985.
52
Inflao (IPC)
Real
1982
23,5%
22,7%
0,7%
1983
30%
25%
4%
1984
29%
29,3%
-0,2%
1985
26,5%
19,3%
6%
%
1,20%
-1%
-3.8%
-5.3%
-4,1%
-6,3%
-5,8%
-5,4%
-5,8%
-8.5%
-12,5%
-8,5%
-6,7%
-10,2%
-10,5%
-6,9%
Percebe-se que a poltica em geral torna-se expansionista, dando pouco contributo para a
conteno do dfice. Importante relembrar a componente cclica do dfice pblico. Mais
precisamente, atravs dos estabilizadores automticos (como por exemplo: aumento de
custos com os desempregados, diminuio das receitas pblicas). Normalmente tem-se em
ateno ao dfice estrutural. Nos dados que temos, no se tem em considerao esse dfice
estrutural.
A inflao
Um outro desequilbrio que marcou esse perodo foi a inflao. Esse processo inflacionrio
tinha j comeado antes, em meados dos anos sessenta. Com efeito, o ritmo de crescimento
21
(1 + ) = (1 + r) * (1 + )
53
anual dos preos no consumidor acelerou a partir desta data e, em particular, a partir de
1969.22
Com oscilaes, a taxa de inflao vai subindo at atingir, em 1984, um mximo histrico
para a segunda metade do sculo XX portugus de 29,3%.
22
23
54
24
55
2- O salrio real teve uma evoluo bastante negativa no perodo 1974-1985, podendo
destacar:
- 1974 a 1976: na sequncia do aparecimento da liberdade sindical, regista-se um forte
aumento dos salrios reais;
- Aps 1977 at 1985: esse forte crescimento no pde ser sustentado. Aps 1977, vamos
assistir-se a uma queda praticamente contnua do salrio real em Portugal. Em 1985, de
acordo com o INE indicado, o poder de compra do salrio em Portugal era um pouco inferior
ao registado em 1973.
Podemos justificar essa evoluo os seguintes factores:
- desacelerao do crescimento econmico no exterior, na sequncia dos choques petrolferos;
- a necessidade de polticas restritivas de ajustamento econmico, devido ao desequilbrio nas
contas externas portuguesas, e ainda, no mbito dos acordos com o FMI.
Evoluo dos salrios reais
3- Custos unitrios do trabalho: estes cresceram mais em Portugal do que nos principais
parceiros comerciais. Isso deveu-se:
- a uma maior subida dos salrios nominais em Portugal;
- um menor crescimento da produtividade;
No entanto, importante destacar que o maior crescimento dos CUT em Portugal no
trouxe problemas de competitividade internacional, uma vez que este crescimento
foi mais do que compensado pela desvalorizao da moeda nacional ao longo deste
perodo.
56
1973
7,1
7,3
24,7
3,5
21,6
14,8
1,7
19,4
1985
5,4
8,4
14,4
4,5
19,3
22
6,6
19,3
Com a forte desvalorizao da moeda nacional que se verificou a partir de 1977, bem como a
quebra nos salrios reais que comeou tambm nessa data com o primeiro acordo com o FMI,
beneficiaram sobretudo os sectores mais mo-de-obra intensivos, em particular as chamadas
indstrias da moda, o vesturio e o calado.
Essas duas indstrias foram praticamente os nicos que ganharam peso na estrutura das
exportaes de produtos manufacturados entre 1973 e 1985. Pode-se portanto afirmar que a
evoluo da composio das exportaes foi bastante menos positiva que a verificada no
perodo 1960-1973.
preciso destacar que a indstria do papel e os minerais no metlicos (vidros, cermicas e
outros materiais de construo civil) tambm subira, mas muito menos que o vesturio e o
calado. Note-se tambm que o vesturio se tornou, entre 1973 e 1985, no principal produto
manufacturado exportado por Portugal, tirando dessa posio as mquinas, material
elctrico e de transporte que a assumiam em 1973.
Entre 1974 a 1985 h uma menor qualidade do IDE realizado em Portugal, apesar dos
esforos das novas autoridades pblicas, como por exemplo:
- publicao de nova legislao (Cdigo do Investimento Estrangeiro);
- criao do Instituto do Investimento Estrangeiro, um departamento governamental que
passou a ser a nica entidade com a qual o investidor estrangeiro precisaria de contactar para
fazer o seu investimento.
- aquando das nacionalizaes, no se tocou na parte detida por estrangeiros do capital das
empresas nacionalizadas.
No entanto, esses esforos enfrentaram dificuldades significativas como:
- o menor crescimento da economia internacional nestes anos de 1973 a 1985;
57
Embora as entradas lquidas de IDE no tenham diminudo face aos anos sessenta, podemos
perceber que sobretudo de reforo de investimentos realizados no perodo anterior, em
detrimento de investimentos novos. Uma parte maioritria das entradas de IDE entre 1974 e
1985 dirigiu-se tambm, no para a indstria transformadora, como nos anos sessenta, mas
para o sector do comrcio por grosso.
A terciarizao em Portugal25
A teoria dos 3 sectores de Colin Clark indica que medida que as economias se vo
desenvolvendo (e o produto per capita vai subindo), verificam-se as alteraes na procura
dirigida aos trs sectores:
- 1 fase: quando as economias se dedicam essencialmente s actividades do sector primrio e
apresentam nveis de produto per capita baixos, os acrscimos de rendimento gerados, por
qualquer motivo, tendem a dirigir-se para a procura de bens do sector secundrio, fazendo
aparecer uma fase de industrializao.
- 2 fase: Mais tarde, com rendimento per capita ainda mais elevado, verifica-se um
fenmeno de saciedade relativa dos bens do sector secundrio. Agora, o acrscimo de
rendimentos gerados destina-se procura de servios (bens imateriais) em detrimento dos
bens materiais produzidos pelos sectores primrio e secundrio. Em particular, aumenta a
elasticidade-rendimento da procura para os servios, nomeadamente para os chamados
servios sociais e pessoais (turismo e lazer, sade, educao e administrao pblica).
Esta teoria explica no s o facto de em todas as economias mais ricas da actualidade ter
aparecido uma fase de terciarizao, mas tambm o facto de o aparecimento dessa fase
acontecer mais cedo numas economias que noutras.
25
58
1953
28,9
33,2
37,9
100
1974
11,9
43,2
44,9
100
Sectores
Primrio
Secundrio
Tercirio
Economia (total)
Reino Unido
1985
10,5
39,6
49,9
100
1953
28,9
33,2
37,9
100
1788-1789 1950-1954
40
4
21
49
39
47
100
1973
12
41,2
46,9
100
1974
11,9
43,2
44,9
100
Frana
1985-1989
2
37
61
100
100
Portugal
1985
10,5
39,6
49,9
100
1995
6,5
34
59,5
100
2003
3,2
25,8
70,9
100
2010
2,7
22,8
74,5
100
Primrio
Secundrio
Tercirio
Economia (total)
26
1953
48,8
23,9
27,3
100
1973
23,7
36,3
40
100
1974
23,2
35,7
41,1
100
1985
17,1
37,1
45,8
100
1992
12,6
35,7
51,8
100
1995
12,5
33,7
53,9
100
1999
12,5
34,1
53,4
100
2005
11,8
30,6
57,6
100
2007
11,5
30,5
58,1
100
2011
9,9
27,3
62,8
100
59
Captulo VI
A consolidao da integrao europeia (da adeso CEE aos
nossos dias)
A partir de 1985 a economia portuguesa vai novamente convergir para os nveis de PIB per
capita dos pases mais ricos do Norte e Centro da Europa.
O produto per capita portugus subiu de 50,9% em 1985 para 61,7% em 2006, tendo-se
portanto verificado um ritmo de convergncia de 0,5 pontos percentuais ao ano no conjunto
destes ltimos 21 anos. No entanto, trata-se de um ritmo de convergncia bastante inferior ao
da fase de industrializao 27(entre 1950 e 1973). Devemos ter em conta que em 1950 a
economia portuguesa partia de um nvel mais baixo e, por diversas razes, mais fcil
convergir a partir de um patamar baixo.
10 pases (%)
EU 15 pases
1985
50,9
59,3
59,8
1986
51,7
60,2
60,8
1987
54,1
62,5
63,3
1988
56,8
64,8
65,6
1989
59,2
67
67,6
1990
60,4
68,1
68,4
1991
62,7
70,3
70,1
1992
62,9
70,5
70,1
1993
61,9
69,5
69,5
1994
60,6
68,3
68,5
1995
61,6
69,3
69,7
1996
62,6
70,6
71,1
1997
63,4
71,6
72,1
1998
64,6
72,8
73,4
1999
65,3
73,3
73,9
2000
65,4
73,2
73,8
2001
65,6
73,1
73,7
2002
65,3
72,7
73,5
2003
63,9
71
72
2004
63,1
70,3
71,5
2005
62,5 / 62,4*
69,8
71,1
Convergncia lenta,
at h perodos de
divergncia
Anos
PIB per capita portugus relativamente ao de 10 pases do Norte e Centro da Europa, UE15 e
Euro rea [% - dados da OCDE]
27
Neste ltimo perodo, o ritmo de convergncia foi de cerca de 0,9 pontos percentuais em
mdia por ano.
60
2006
61,7 / 61,5*
68,9
70,2
2007
61,5
_________
_________
2008
61,7
_________
_________
2009
2010
62,9
62,6
_________
_________
_________
_________
61
Portugal
50,9
51,7
54,1
56,8
59,2
60,4
62,7
62,9
61,9
60,6
61,6
62,6
63,4
64,6
65,3
65,4
65,6
65,3
63,9
63,1
62,5
61,7
Espanha
64,3
64,5
66,7
68,1
69,6
70,5
71,6
71,5
71
70,5
70,8
71,1
71,9
73
74,4
75
76
76,6
77,3
76,9
77,3
77,2
Grcia
64,3
62,8
60,1
60,8
61,3
59,6
60,4
59,9
58,9
58,1
57,9
57,9
58,1
58,4
58,7
59,2
61,4
63,2
65,8
67,3
68,8
69,7
Irlanda
59,2
57,4
59
60,7
63,1
67
67,3
68,5
70,3
72
76,9
81,3
87,8
91,7
98,1
102,5
106,1
110,1
112,7
113,6
116,3
117,1
62
Polnia Eslovquia
29
33,5
30,2
34,2
30,9
35,2
32,2
36,3
33,6
37,8
35
38,5
35,7
39,2
36,4
38,8
37
38,3
37
39,3
37,3
41,1
38,6
42,8
40
44,3
40,9
46,3
42,5
48,9
1986
26%
69%
2011
36%
62%
63
29
30
64
Brutas
1,7
3,2
3,9
2,7
2,4
3
Lquidas
0,8
2,1
2,7
1,7
1,4
1,9
Ao abrigo dos vrios Quadros Comunitrios de Apoio (QCA), Portugal recebeu transferncias
da Unio Europeia representando 3% do PIB (em termos brutos e em mdia por ano) no
perodo 1986-2007. As transferncias foram particularmente elevadas durante o II QCA,
desceram durante o III QCA, e devero descer ainda mais durante o IV QCA (2007-2013).
Um estudo produzido pela Comisso Europeia em 1997 estimou que os efeitos da adeso e da
integrao no Mercado nico, e ainda, o efeito dos fundos estruturais, elevaria o nvel do PIB
portugus em 13,4% em 2000 relativamente ao nvel que se verificaria na ausncia desses
efeitos.
Estimativas do impacto do Mercado nico Europeu e Fundos Estruturais (QCA I e II) sobre o
nvel do PIB portugus
14,7
65
- indirecto positivo, devido aos efeitos de imitao que as empresas multinacionais geram nas
empresas do espao onde se instalam;
Investimento Directo Estrangeiro entradas lquidas de desinvestimentos (em % do PIBpm) Dados do Banco Central
Anos
1965-1973
1974-1985
1986-1992
1993-1999
2000-2007
1986-2007
2007-2011
(%)
0,5
0,6
2,4
1,5
3,6
2,6
1
V-se que as entradas de IDE a partir de 1986 aceleraram muito, representaram cerca de 2,6%
do PIB em mdia por ano entre 1986 e 2007, muito superior ao verificado no perodo que se
seguiu adeso EFTA.
As entradas foram particularmente elevadas no perodo 1986-1992, tendo depois cado entre
1993 e 1999. A partir de 2000, as entradas deste tipo de capitais voltaram a acelerar, mas
sobretudo associados a relaes puramente financeiras, e no tanto a aplicaes com
carcter estvel e duradouro.
Para aferimos de forma mais completa do impacto da adeso CEE sobre os nveis de produto
e produtividade na economia, teremos que juntar aos ganhos j vistos, um novo
enquadramento institucional e legislativo mais favorvel ao crescimento econmico. Afinal,
foi necessrio adaptar as instituies e a legislao portuguesas ao contexto comunitrio, o
que influenciou positivamente o crescimento econmico e a boa performance em matria de
convergncia real alcanados pela economia portuguesa no perodo que se segue adeso
CEE.
O impacto da Unio Monetria
Esta adaptao da economia portuguesa no tem sido to positiva como a da CEE. Afinal, a
convergncia de Portugal tem sido muito baixa desde 1999, e at divergiu a partir de 2001.
Para se explicar esse menor desempenho podemos ter em conta a evoluo das polticas de
rendimentos e oramental.
Portugal perdeu a autonomia da poltica monetria e cambial, restando apenas:
- a poltica de rendimentos: que tem de ser conduzida de forma a evitar um crescimento
sistemtico dos salrios nominais acima da produtividade, uma vez que um eventual
crescimento dos custos unitrios do trabalho (CUT) acima do dos demais parceiros da Zona
Euro no pode ser compensado atravs da poltica cambial.
- a poltica oramental: tornou-se agora o principal instrumento de poltica anti-cclica, e
torna-se um instrumento mais forte em tem um efeito directo e indirecto (atravs do efeito
multiplicador) no produto. Isso porque, antes uma politica expansionista teria o problema de
66
CUT =
3,8
3,1
1
1
Zona Euro
C.U.T
Remunerao
Produtividade
C.U.T
2,8
2, 1
2,3
2,3
0,8
0,7
1,5
1,6
Entre 1999-2005, sabemos que a TCRE apreciou, como resultado de um crescimento dos
salrios nominais em Portugal acima da Zona Euro e de um crescimento da produtividade
muito prximo desses pases.
31
a produtividade; N o n de trabalhadores;
a massa salarial
67
Para manter um diferencial positivo de crescimento dos salrios nominais face ao exterior
(prximo do salrio mdio dos pases mais ricos) ser necessrio um crescimento da
produtividade tambm substancialmente superior ao do exterior, o que no se tem verificado.
T.v.m.a. da taxa de cmbio real efectiva
mdia anual da taxa de mdia anual dos CUT portugueses cmbio nominal efectiva
mdia anual dos CUT parceiros
Perodo
-10,732
-3,8
-2,1
-
1978-1984
1985-1992
1993-1998
1999-2006
2010
2011
2012
8,2
8,8
2
1,3
-0,8
-1,7
-5,5
-2,5
5
-0,1
1,3
-0,8
-1,7
-5,5
OBS:
Sabemos que a taxa de cmbio real efectiva dada pela relao entre os preos domsticos e
os preos dos nossos parceiros comerciais, expressos na mesma moeda.
Ao Certo
Ao Incerto
Ln
= Ln E + Ln P LN
Ln
= Ln E + LN
- Ln P
Exprimindo os preos a partir dos salrios nominais Exprimindo os preos a partir dos salrios nominais
podemos obter a seguinte relao entre as taxas de podemos obter a seguinte relao entre as taxas de
variao:
variao:
P=
P=
LN P = Ln w + Ln (1 + ) Ln
% P = % w + %(1 + ) - %
Vamos ter:
= % E + [(%w - % ) (% - %
+ )] [% - %
) ] + [%(1 + ) - % (1
]
LN P = Ln w + Ln (1 + ) Ln
% P = % w + %(1 + ) - %
Vamos ter:
= % E + [(% - % ) (%w - %)] + [%(1 +
%(1 + )] - [%
-% ]
)-
32
Esta depreciao mais que compensou o crescimento dos preos e custos em Portugal acima dos seus
principais parceiros comerciais.
68
o No
o No
Nota bem:
Taxa de cmbio nominal ao certo indica o nmero de unidades de moedas de outros pases
que conseguimos obter num determinado momento dando uma unidade de moeda nacional.
Taxa de cmbio nominal ao incerto representa o nmero de unidade de moeda nacional que
temos que dar para obter uma unidade de moeda estrangeira.
33
Mark Up um ndice aplicado sobre o custo de um produto ou servio para a formao do preo de
venda, baseado na ideia do preo margem; que consiste basicamente em somar-se ao custo unitrio do
produto ou servio uma margem de lucro para obter-se o preo de venda. Isto , markup multiplicado
pelo custo e a margem de lucro uma parcela do preo.
69
Taxa de cmbio bilateral indica o valor da moeda de um pas face ao valor de outro pas num
determinado momento do tempo.
Taxa de cmbio efectiva refere-se ao valor de mercado de um pas face ao de um cabaz de
moedas de um grupo de pases. Na formao deste ltimo, cada taxa de cmbio bilateral entra
com um determinado peso, normalmente o peso que cada um dos pases do grupo tem no
comrcio externo do primeiro.
Taxa de cmbio real compara o nvel de preos de dois ou mais pases numa mesma moeda.
Uma outra consequncia da entrada na Unio Monetria foi a acentuada descida das taxas de
juro nominais e reais. A convergncia para os nveis de taxas de juro da Alemanha, comeou a
verificar-se j a partir de meados de 1995, e foi aproveitada pelas famlias para aumentarem
de forma muito substancial os seus nveis de consumo, diminuindo a sua taxa de poupana e
recorrendo maciamente ao crdito bancrio.
Do mesmo modo, o Estado aproveitou a descida dos encargos financeiros associados dvida
pblica (com a descida da taxa de juro) para expandir a despesa.
70
Pelo quadro, mais precisamente, atravs do dfice ajustado 2, verificamos que at 2002 temos
uma poltica oramental expansionista, e depois, uma contraccionista. Percebe-se ainda que o
crescimento da despesa ocorreu em perodo de expanso, tendo as autoridades pblicas
chegado recesso de 2003 sem capacidade para fazer poltica anti-cclica.
Dfice pblico (em % do PIB)
A forte expanso do consumo, com a descida da taxa de juro, alimentada tambm por um
crescimento pr-cclico da despesa pblica, bem como a poltica de rendimentos demasiado
expansionista (face ao crescimento da produtividade), que levou a perda de competitividade
internacional dos produtores portugueses, resultaram numa subida muito acentuada do
dfice externo a partir de 1996.
71
Saldo
-13.5
-7,3
-3,1
1,7
0,1
-0,4
-5,8
0,8
Percebe-se que o dfice da balana de transaces correntes atingiu quase 10% do PIB em
vrios anos, valores muito prximos dos verificados aquando da crise que levou ao segundo
acordo com o FMI em 1983. Ao mesmo tempo, a dvida externa portuguesa tem subido (para
financiar o dfice corrente) tendo atingido, segundo nmeros do Banco de Portugal, cerca de
100% do PIBpm em 2007.
As consequncias deste dfice na Balana de Transaces Correntes?
- Antes da integrao de Portugal na Zona do Euro, teria uma escassez de divisas que obrigaria
desvalorizao da moeda e tomada de outras medidas de ajustamento para corrigir a
situao, nomeadamente o processa de ajuda financeira que recebeu do FMI.
- Actualmente, no h o problema da escassez de divisas, mas mantendo-se a mdio prazo,
provoca a passagem de activos portugueses para mos de estrangeiros. Ainda, h a subida
do prmio de risco implcito nas taxas de juro praticadas pelo sistema financeiro internacional
72
nas transaces com agentes nacionais. Tudo isso coloca em causa a sustentabilidade das
finanas pblicas, o que levou assistncia financeira da Troika em 2011.
Ciclos de Crescimento
Aqui vamos destacar trs ciclos de evoluo da economia portuguesa (com trs fases de
crescimento e duas recesses):
1 ciclo (1985 a 1993): tem-se a fase de expanso do ciclo entre 1985 e 1990. H a fase de
declnio, a partir de 1990 e que culmina com a recesso de 1993;
2 ciclo (1994 a 2003): a sua fase de expanso entre 1994 e 1998. A fase de declnio comea a
partir de 1998 e termina com uma recesso em 2003.
3 ciclo (2004 a ): de 2004 a 2007 temos uma fase de expanso, com um declnio posterior
at grande recesso de 2009.
Da tabela seguinte pode-se verificar que as recesses de 1993 (queda de 0,7% do PIB) e a de
2003 (queda de 0,8%) foram mais brandas que as anteriores, sobretudo mais brandas que a de
1975.
Taxas de variao real do PIBpm
O padro de crescimento
73
PIB pm = C + G + I + (X- M)
PIB pm = procura interna + procura externa lquida
T.V.R do PIB = Contributo do Consumo + Contributo do Investimento + Contributo das
Exportaes Contributo de Importaes
T.V.R =
* T.V.R. C +
* T.V.R I +
* T.V.R. X -
* T.V.R. M
74
O desemprego
Globalmente, no conjunto do perodo 1986-2007 a taxa de desemprego esteve, em mdia,
mais baixa que a verificada no perodo das rupturas e dos choques petrolferos (5,9% no
primeiro perodo contra 7,3% no segundo), sem que se tenha, no entanto, voltado s baixas
taxas de desemprego mdias do perodo 1960-1973 (2,2%).
A melhoria verificada no aps 1985 uma consequncia do maior crescimento econmico
verificado neste perodo relativamente ao que vai de 1973 a 1985. Por outro lado, possvel
observar na tabela que o desemprego mdio atingiu valores muito prximos no conjunto de
cada um dos dois ciclos de crescimento completos citados anteriormente.
A taxa de desemprego
Anos
1985
1974-1985
1986
(%)
9
7,3
8,4
75
1987
7,1
1988
5,7
1989
5
1990
4,7
1991
4,1
1992
4,1
1993
5,5
1985-1993 (1 ciclo)
6
1994
6,8
1995
7,2
1996
7,3
1997
6,7
1998
4,9
1999
4,4
2000
3,9
2001
4
2002
5
2003
6,3
1994-2003 (2 Ciclo) 5,7
2004
6,7
2005
7,6
2006
7,7
2007
8
1986-2007
5,9
2008
7,6
2009
9,5
2010
10,8
2011
12,7
2012
15,7
2013
16,3
76
a performance do PIB, isto : a taxa de desemprego comea a descer quando o produto j est
em expanso; a taxa de desemprego comea a subir quando o produto j estava em declnio.
Este desfasamento porque as empresas tardam a reagir conjuntura econmica, despedindo
ou empregando de novo. entrada das fases de declnio do ciclo as empresas tm ainda uma
carteira de encomendas que vem da fase de expanso e s quando ela se comea a esgotar
reagem, despedindo. entrada fase de expanso a situao similar. A carteira de
encomendas demasiado baixa e as empresas esperam que ela aumente para reagir ao ciclo,
empregando de novo. O perodo de desfasamento para Portugal de cerca de 20 meses.
Salrio Nominal
O salrio nominal cresceu em mdia cerca de 7,9% ao ano no perodo 1986-2006, o que, tendo
em conta um crescimento dos preos de 6,0% ao ano (medido pelo IPC) significa que o salrio
real cresceu cerca de 1,9% ao ano no perodo em questo.
Salrio Real = Salrio Nominal Inflao (IPC)
Como a produtividade subiu 2,4% ao ano, os custos unitrios do trabalho (CUT) elevaram-se
cerca de 5,5% ao ano nesse perodo. Essa subida foi superior verificada nos nossos principais
parceiros comerciais, mas desta vez j no foi compensada com a desvalorizao pois:
- a poltica cambial estava ao servio da desinflao;
- aps 1999, simplesmente deixou de existir poltica cambial prpria;
Portugal
1986 - 2006
1999-2006
1999-2011
Remunerao
Produtividade
C.U.T
7,9
3,8
3,1
2,4
1
1
5,5
2,8
2, 1
A desinflao
77
78
36
Inflao Subjacente: uma medida de inflao que exclui certos itens muito sensveis a
variaes conjunturais, como o caso dos alimentares no transformados e o preo do
petrleo.
Taxa de inflao Subjacente = IPC - (Preo do petrleo + Preo de bens alimentares no
transformados)
Logo,
IPC = Taxa de inflao subjacente + (Preo do petrleo + Preo de bens alimentares no
transformados)
79
Perodo
37
80
1978-1984
1985-1992
1993-1998
1999-2006
2010
2011
2012
-10,7
-3,8
-2,1
39
-
8,2
8,8
2
1,3
-0,8
-1,7
-5,5
-2,5
5
-0,1
1,3
-0,8
-1,7
-5,5
Esta presso trazida pela abertura CEE no teria, no entanto, qualquer efeito se a
poltica cambial (deixando depreciar a moeda em termos nominais) acomodasse o
diferencial de crescimento dos preos face aos pases CEE, os nossos principais
parceiros comerciais. Nesse caso, seria possvel manter um crescimento de preos
muito acima do exterior, sem que a produo nacional perdesse competitividade
internacional.
Os custos da desinflao
O processo de desinflao comporta um risco muito grave o desemprego (Curva de Philips).
Por Portugal ter feito o seu processo de desinflao num perodo favorvel do ponto de vista
internacional, em termos de desemprego, os custos desta poltica no foram muito elevados
comparativamente a outros pases europeus anos 1980, numa altura em que o preo do
petrleo estava a subir nos mercados internacionais.
Processos de desinflao em alguns pases europeus
Portugal apresentou um rcio de sacrifcio de 0,2. Isto , por cada 1 pp de descida da inflao,
houve um aumento 0,2 pp na taxa de desemprego.
Pases como a Irlanda ou a Espanha incorreram em custos em termos de desemprego bastante
mais elevados que Portugal, por cada ponto percentual a menos de inflao.
39
Este valor ser 0 face aos principais comerciais de Portugal da Zona Euro, uma vez que a taxa de
cmbio do escudo face s moedas desses pases foi fixada.
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1- O comrcio Externo
Como j vimos anteriormente, a adeso CEE com os seus efeitos de comrcio que lhe esto
associados, conduziram a algum crescimento da intensidade exportadora da economia
portuguesa, ao mesmo tempo que a taxa de cobertura do mercado interno por produo
nacional diminuiu. Esses efeitos de comrcio associados entrada de IDE trouxeram tambm
alteraes muito significativas na estrutura geogrfica e sectorial do comrcio externo
portugus.
Entre 1986 e 2005, a parte no nosso comrcio externo dos 15 pases que constituam a Unio
Europeia at ao penltimo alargamento em 2004 progrediu rapidamente, subindo 13,2 pontos
percentuais do lado das importaes e 2,9 pontos percentuais do lado das exportaes.
Actualmente, o comrcio externo portugus est fortemente concentrado na UE15 e, dentro
deste grupo, num nmero muito reduzido de pases. Em 2005, 75% das importaes
provinham da UE15 e 78% das exportaes dirigiam-se para estes mercados. O mesmo
acontece com outros fluxos geradores receitas externas, como o turismo, o IDE e as
remessas dos emigrantes.
Importante destacar que uma excessiva concentrao do comrcio externo portugus nesta
rea geogrfica pode trazer problemas. Uma maior diversificao traria vantagens, porque
tenderia a atenuar o impacto das fases de menor crescimento da UE (ou das suas recesses)
sobre Portugal.
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Dentro da UE15, a Espanha domina com uma quota prxima de 40% do lado das importaes
e de 35% do lado das exportaes. Seguem-se a Alemanha, a Frana (12 e 17%), o Reino Unido
e a Itlia.
Desde a adeso, o comrcio externo portugus por pases de origem e destino sofreu
profundas alteraes. A quota da Espanha, como seria de esperar (dada a abertura simultnea
dos respectivos mercados em 1986 e a proximidade geogrfica dos dois pases), subiu
acentuadamente, passando de 18 para cerca de 40% do lado das importaes e de 9 para 35%
do lado das exportaes.
Estrutura geogrfica do comrcio externo portugus, por pases da UE15
Todos os outros principais parceiros perderam importncia relativa. A Frana, o Reino Unido
e a Itlia, desde 1986, indicando uma substituio desses mercados pelo espanhol, mais
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Mais recentemente, mais precisamente, em 2010, a Espanha continua como parcial parceira
(tanto em termos de importaes como exportaes). A Alemanha continua como segunda
maior parceira (tanto em termos de importaes e exportaes).
Referente estrutura sectorial do comrcio externo, houveram alteraes considerveis.
Exportaes
Importaes
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papel), que pesam um pouco mais de 10% e O segundo principal grupo de produtos
que tm mantido desde 1986 a sua quota.
importados pela economia portuguesa so os
produtos qumicos e combustveis, com
A estrutura das exportaes tornou-se mais cerca de 20%.
moderna, com mais peso de produtos com
maior valor acrescentado. Isso est De seguida, temos os produtos agrcolas e
sobretudo associada a entradas de IDE e no das indstrias agro-alimentares, com cerca de
tanto aos efeitos de comrcio. Destaca-se 10% das importaes.
aqui grandes investimentos estrangeiros nas
reas da indstria automvel e das mquinas
e material elctrico.
Em particular, esta alterao da estrutura das
nossas exportaes est muito dependente
de um investimento de grandes dimenses
na rea do material de transporte, o que
preocupante dada a volatilidade associada a
muitos destes investimentos.
Porm, a estrutura das exportaes
portuguesas ainda revela, quando comparada
com a da mdia dos outros pases da UE15,
uma excessiva concentrao nos produtos
tradicionais da fileira txtil, vesturio e
calado e da fileira florestal. Como sabemos,
este grupo de produtos est actualmente sob
a ameaa da forte concorrncia nos
mercados europeus por parte da China e de
o ros ses e ren
en o
o.
86
Uma anlise dos saldos positivos com o exterior, mostra que os principais plos de
competitividade internacional da economia portuguesa continuam a ser os produtos da fileira
txtil, vesturio e calado, seguidos (embora distncia) pelos produtos da fileira florestal e
(a uma distncia muito maior ainda) pelo grupo dos produtos minerais no metlicos
(cermicas, vidro, cimentos e produtos afins).
Os principais plos de dependncia externa (saldo deficitrio com o exterior) aparecem nas
reas dos bens de equipamento e de consumo duradouro (produtos das indstrias
metalomecnicas e elctricas) dos grandes bens intermedirios (produtos qumicos e da
siderurgia), dos combustveis e dos produtos agrcolas e alimentares.
Os saldos com o exterior
87
41
Intensidade tecnolgica o nvel conhecimento incorporado aos produtos das empresas de cada
sector industrial. Deste indicador resulta a classificao dos sectores industriais de pases desenvolvidos
em quatro nveis de intensidade tecnolgica: alta, mdia-alta, mdia-baixa e baixa.
88
89
O baixo investimento estrangeiro na indstria depois de meados dos anos 1990 parece estar
associado a uma deslocao deste tipo de fluxos para os pases da Europa de Leste que
aderiram recentemente Unio Europeia. Estes pases esto mais prximos do ponto de vista
geogrfico de muitos dos tradicionais investidores na economia portuguesa e tm custos
unitrios do trabalho mais baixos e um maior nvel de capital humano.
A anlise da origem geogrfica das entradas de investimento directo estrangeiro revela que a
parte mais importante desse investimento teve origem em pases da UE15. Destacam-se
investidores tradicionais, como o Reino Unido e a Frana, que tm estado sempre por entre os
principais investidores estrangeiros na economia portuguesa desde, pelo menos, a segunda
metade do sculo XIX, e tambm investidores novos, como o caso da Espanha,
acompanhando a sua subida enquanto parceiro comercial da economia portuguesa. Tornou-se
mesmo no principal investidor a partir de meados dos anos 1990.
Origem geogrfica do IDE realizado em Portugal (principais investidores em % do
investimento total)
90
91
Depois, entre 1997 e os nossos dias, o investimento directo portugus no exterior acelerou
fortemente. Neste ltimo perodo, Portugal tornou-se mesmo exportador lquido de capitais
a ttulo de investimento directo em vrios anos. Aqui o dirigiu-se sobretudo para pases fora
da Unio Europeia, com destaque para o Brasil.
As informaes qualitativas existentes sobre os investimentos realizados parecem indicar
sobretudo tentativas de expanso de mercado por parte de algumas empresas portuguesas. E
no tanto a procura de mais baixos custos relativos de produo.
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Entre 1960 e 1973 com a modernizao ocorrida, dos sectores com maior valor acrescentado
(exemplo: mquinas, material elctrico e material de transporte) contriburam muito para a
forte subida do VAB industrial.
No entanto, durante o perodo das rupturas e dos choques petrolferos os sectores tradicionais
ganham novamente peso. Entre 1973 e 1985, com a forte desvalorizao da moeda nacional, a
quebra nos salrios reais (acordos com o FMI) e ainda, a menor qualidade do IDE realizado em
Portugal beneficiou-se sobretudo os sectores de mo-de-obra intensivos. Como por exemplo:
txteis, vesturio e calado e tambm alguns dos sectores ligados s agro-alimentares e ao
papel.
Estrutura do valor acrescentado bruto a preos de mercado na indstria transformadora (%)
At 1995, detecta-se sobretudo uma subida da parte no VAB industrial dos minerais no
metlicos (cimentos e outro material de construo civil), uma consequncia dos importantes
investimentos pblicos realizados aps 1986 na rea das infra-estruturas rodovirias
( ene c n o os o os o F n o e Coes o
CEE) e
expanso do parque
habitacional em Portugal.
Depois de 1995, contudo, os sectores mais modernos (como o das mquinas, material elctrico
e material de transporte) retomaram o movimento ascendente comeado na dcada de 1960,
devido a grandes projectos ligados ao investimento directo estrangeiro realizado em Portugal,
como foi o caso do da fbrica de
o ve s A o E ro .
Ao mesmo tempo, nota-se uma contraco dos txteis, vesturio e calado, no seu conjunto,
devido ao aumento da concorrncia dos p ses e ren
en o
o. Os minerais no
metlicos continuam a ganhar importncia, impulsionados pelos grandes projectos pblicos
(como a Expo 98 ou os estdio do Euro 2008) e pela expanso do parque habitacional.
T.v.r.m.a. em % do valor acrescentado bruto a preos de mercado na indstria
transformadora
93
No sector dos servios, o maior crescimento do VAB entre 1985 e os nossos dias deu-se no
subsector de prestao de servios colectividade, na sua componente privada, uma
consequncia do desenvolvimento do sector privado em servios como o da sade ou o do
apoio s pessoas mais idosas. O subsector do imobilirio (em linha com a expanso do parque
habitacional) e o da restaurao e hotelaria (este ltimo ligado ao desenvolvimento do
turismo) apresentam tambm taxas de crescimento acima da mdia, bem como o sector das
telecomunicaes.
T.v.r.m.a. em % do valor acrescentado bruto a preos de mercado nos servios
Nota bem:
Anos
(%)
94
38,6
1961
1962
1963
1964
1965
1966
1967
1968
1969
1970
1971
1972
1973
1974
1975
1976
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
38,5
39,9
40,7
41,1
42,8
43,6
45,5
47,8
46,7
49,2
51,5
53,8
57,3
56,1
52,2
52,2
53,4
53,2
53,6
54,4
54,8
55,1
53,8
51,1
50,9
51,7
54,1
56,8
59,2
60,4
62,7
62,9
61,9
60,6
61,6
62,6
63,4
64,6
1 ciclo
1960
2 ciclo
37,7
Industrializao
introvertida
1955
Industrializao extrovertida
37,6
FMI
1950
FMI
1945
95
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
65,3
65,4
65,6
65,3
63,9
63,1
62,5
61,7
96