Gelificantes
Gelificantes
Gelificantes
GELIFICANTES
Gelificantes so substncias que do textura aos gneros
alimentcios atravs da formao de um gel. Os gelificantes mais
conhecidos so a pectina, a carragena e a gelatina.
INTRODUO
Os gelificantes so usados para
espessar e estabilizar os alimentos
lquidos, conferindo-lhes, desta
for ma, a sua textura. Embora
desempenhem um efeito muito
semelhante aos espessantes, como
o prprio nome sugere, os agentes
44
A PECTINA
O poder gelificante da pectina
usado em alimentos desde que as primeiras geleias base de frutas foram
feitas. Alm da produo de geleias,
a pectina utilizada em balas, doces,
laticnios e produtos de panificao.
A pectina , primeiramente, um
agente de gelificao, sendo usada
para dar textura de geleia a produtos
alimentcios. As pectinas so usadas
nas indstrias processadoras de frutas,
na produo de doces e confeitos, em
confeitaria industrial, na indstria lctea,
na indstria de bebidas e em comestveis
finos.
As pectinas so responsveis, em
grande parte, pelas propriedades atraen
tes das geleias de frutas: geleia lisa, sin
rese mnima, superfcie brilhante, boa
untabilidade, distribuio homognea
das frutas e o gosto tpico e naturalmente
frutado. Os processadores procuram,
particularmente, pectinas que permitem
ligar de forma homognea os pedaos
de frutas, que facilitem o envasamento,
e que formem o gel a baixa temperatura.
Geleias e compotas so preparadas
base de frutas ou de suco de frutas, de
acar, de cidos alimentcios e de pecti
nas. Para produtos com teor de acar
de mais de 60% e pH de cerca de 3,0,
as pectinas com alta esterificao (ATM)
so as mais adequadas, na dosagem de
0,2% a 0,4%, oferecendo condies
timas de gelificao. Em contrapartida,
nos produtos com teor reduzido de a
car, a melhor opo utilizar pectinas do
tipo BTM. As propriedades de textura
e realador do gosto natural das frutas
fazem das pectinas, desde muito tempo,
o ingrediente indissocivel das geleias
e compotas. Cerca de 80% da produo
mundial de pectinas ATM usada na
fabricao de geleias e compotas.
nos fornos dos confeiteiros que
as pectinas demonstram suas propriedades nicas e imprescindveis;
neste tipo de preparao de frutas,
resistentes ao cozimento, que elas
mostram seus maiores trunfos. Bolos
e tortas de frutas, massas com leveduras ou biscoitos, graas as pectinas
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que a produo industrial desses produtos ocorre sem problemas. Os recheios, quase que sempre fornecidos
em lotes industriais, devem ter para
o processo uma consistncia elstica,
pastosa, de fcil bombeamento e dosagem. As operaes mecnicas, como
o enchimento, no podem alterar a
estrutura do gel, de forma indesejvel. No caso de preparados de frutas
resistentes ao calor, conveniente
assegurar uma temperatura de fuso
elevada e uma perfeita estabilidade
dimensional no forno para evitar
qualquer deformao ou dessecao.
Os produtos guardam, assim, na sada
do forno, todo seu atrativo e gosto
tpico de frutas.
O nappage, chamado de cobertura, protege as frutas do ressecamento
e confere aos produtos sua superfcie
brilhante. A textura dessas coberturas deve atender a exigncias particularmente rgidas e controlada com
preciso graas ao uso de pectinas
amidadas, estandardizadas sob medida para esse tipo de aplicao.
Os fabricantes de balas e confeitos aucarados tm ideias precisas
quando falam de pastas de frutas e
recheios gelificados. So as pectinas
que do a textura elstica e esttica.
Fortalecem naturalmente o aroma
45
Dossi Gelificantes
e a viscosidade, as pectinas so particularmente
indicadas no preparo de
bebidas refrescantes no
alcoolizadas. Nessas, o teor
de acares total ou parcialmente substitudo por
diferentes edulcorantes ou
associaes dos mesmos e a
perda de corpo inevitvel
compensada pela pectina.
O comportamento reo
lgico de molhos finos,
catchups, dips, chutneys e
outros pode ser perfeitamente controlado pela adio da pectina adequada.
Mecanismos de
gelificao
A associao de cadeias
de pectina leva a formao de uma
estrutura tridimensional, ou seja,
a construo de um gel. Tratase de tramas largas de sequncia
regular, as quais se interrompem
mediante a incorporao de
ramnose e ramificaes na cadeia.
Duas ou mais tramas da cadeia se
sobrepem mutuamente e interagem
reciprocamente.
A formao de um gel, estado onde
o polmero dissolvido completamente, obtida atravs de fatores fsicos
ou qumicos que tendem a diminuir a
solubilidade da pectina, favorecendo
a formao de cristalizao local. Os
fatores mais importantes que influenciam a solubilidade da pectina, ou
seja, a tendncia para a formao de
gel so temperatura, tipo de pectina,
pH, acar e outros solveis, e ons
de clcio.
Temperatura. Ao esfriar uma soluo quente que contm pectina, os
movimentos trmicos das molculas
diminuem e a sua tendncia combinao em uma rede de gel aumentada. Qualquer sistema que contm
pectina em condio potencial de
gelificao tem uma temperatura limite acima da qual a gelificao nunca
ocorrer. Abaixo dessa temperatura
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A CARRAGENA
As carragenas so um grupo de
polissacardeos naturais que esto
presentes na estrutura celular de
algas do tipo Rodophyceae. Possuem
a particularidade de formar colides
e gis em meios aquosos a concentraes muito baixas. Esses gis so
transparentes e termorreversveis,
tendo uma ampla variedade de textu
ras, desde muito elsticas e coesas,
at gis firmes e quebradios, dependendo da combinao das fraes que
se utiliza.
A carragena pode ser separada
em diferentes tipos: Lambda, Kappa,
Iota, Mu e Nu, das quais Lambda,
Kappa e Iota so as principais.
As carragenas do tipo Lambda
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47
Dossi Gelificantes
bucal de gordura.
As carragenas permitem alcanar
um amplo espectro de texturas; podem dar corpo a um lquido, conferi-lo
todos os graus de espessura possvel
ou, inclusive, deix-lo no estado slido. Em altas temperaturas, as carragenas apresentam baixa viscosidade,
facilitando assim o seu processamento
e manuseio.
As carragenas Lambda atuam
como espessante, tanto em processos a frio quanto a quente. As Iota e
Kappa II so tambm amplamente
usadas como agentes espessantes em
produtos que passam por processamento a quente.
As carragenas Iota e Kappa
produzem gis estveis em gua, a
temperatura ambiente, no havendo
necessidade de refrigerao. Dependendo do blend de carragenas
utilizado, uma grande variedade de
textura de gel pode ser conseguida,
desde coeso e muito elstico at duro
e quebradio.
Gelificao
Solues quentes de carragenas
Kappa e Iota possuem a habilidade
de formar gis termorreversveis
atravs do seu resfriamento. Esse
fenmeno ocorre devido formao
de uma estrutura de dupla hlice
pelos polmeros da carragena. Em
temperaturas acima da temperatura
de fuso do gel, os polmeros da carragena existem na soluo como
espirais aleatrias.
Durante o resfriamento da
soluo, uma rede tridimensional de
polmeros formada onde as hlices
duplas constituem os pontos de
juno das cadeias de polmero. O resfriamento adicional causa a agregao
dos pontos de juno para formar
a estrutura de gel tridimensional.
A presena de alas na cadeia, bem
como o nmero, tipo e posio dos
grupos de ster sulfato tm efeitos
importantes nas propriedades de
gelificao. Esse mecanismo de gelificao bsico para solues de
48
eletrosttica.
Em certas aplicaes, suas propriedades espessantes tixotrpicas ajudam a estabilizar emulses,
inibindo a coalescncia e posterior
separao das fases.
No leite, as carragenas Kappa em
concentrao muito baixa produzem
a formao quase imperceptvel de
um gel, o que permite manter slidos
em suspenso sem conferir muita
viscosidade bebida lctea.
Em sobremesas do tipo gelatina, o
poder gelificante das carragenas Iota
e Kappa, em combinao com LBG
clarificado, permite obter uma grande
variedade de texturas. Esses tipos de
sobremesas so estveis a temperatura ambiente e no necessitam de
refrigerao para sua elaborao e
endurecimento. Pode-se produzir sobremesas do tipo gelatina, totalmente
transparente e com textura fresca e
agradvel ao paladar.
Em sucos de frutas, o uso de carragena do tipo Kappa II e/ou Lambda
propicia maior estabilidade na polpa e
confere maior corpo bebida, dando
assim uma sensao mais agradvel
ao paladar. O pH das bebidas deve ser
superior a 3,5 e o processo no deve
envolver condies extremas de calor,
pois nessas condies a carragena
perde parte da sua viscosidade.
Em geleias e marmeladas, as
carragenas Kappa II e Iota so normalmente utilizadas pelas suas propriedades gelificantes e espessantes.
As carragenas, em combinao com
os acares das frutas, apresentam
a vantagem de ter uma textura mais
estvel durante a fase de estocagem.
Devido as suas excelentes propriedades de reteno de gua, as
Kappa I e II e Iota so amplamente
usadas em carnes processadas para
melhorar a textura e corte de derivados de carnes, cujo processo envolva
aquecimento.
Tambm so regularmente usadas em produtos processados a frio
e onde h injeo de salmoura, como
presuntos e outros.
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A GELATINA
49
Dossi Gelificantes
possui um grupo -NH2- livre e um
grupo -COOH-; a condensao pode
ser repetida vrias vezes, levando a
cadeias polipeptdicas que formam
macromolculas, chamadas de protenas. Assim, a gelatina constituda
de vrias cadeias polipeptdicas, as
quais podem ser livres ou ligadas
entre si, formando uma macromolcula polidispersa com peso molecular
entre 10.000 e vrias centenas de milhares (Mw). A distribuio do peso
molecular (mwD) pode ser determinada por anlise cromatogrfica e
depende da matria-prima utilizada
e do processo.
No processo de extrao, existe
liberao de monmeros - cadeias :
peso molecular de cerca de 100.000,
mas tambm de dmeros (cadeias )
e trmeros (cadeias ), bem como de
outros peptdeos.
Poder gelificante
A gelatina forma um gel termorreversvel. Aumentando a temperatura
acima de 30C a 35C, obtm-se uma
soluo. Ao resfriar a soluo at seu
ponto de solidificao, a estrutura
gelatinosa forma-se novamente. Esse
processo de converso reversvel e
pode ser repetido muitas vezes. O gel
da gelatina tem uma caracterstica de
derretimento na boca (melt-in-themouth), propiciando uma excelente
liberao do sabor, propriedade
altamente desejada em inmeros
alimentos.
A gelatina tem capacidade de
formar gis em todos os nveis de pH
encontrados em sistemas alimentcios
nos quais no h sinrese. No incio
do resfriamento h um tremendo
aumento de viscosidade, at que o
gel esteja completamente formado. A
rigidez do gel aumenta com o tempo,
at chegar a um ponto de equilbrio,
o qual ocorre aps cerca de 18 horas
de maturao.
A firmeza da gelatina depende de
sua concentrao e da firmeza intrnseca da gelatina usada, a qual funo, tanto da sua estrutura quanto do
50
51
Dossi Gelificantes
INOVAO E
INSPIRAO EM
HIDROCOLIDES DE
ORIGEM NATURAL
As mega tendncias de consumo
e as novas realidades econmicas e
sociais criam cenrios e oportunidades
que por sua vez desafiam as empresas
e os formuladores a criarem e lanarem
produtos que enfoquem em:
Diferenciais de performance, sade, sofisticao e embalagem.
Custo em uso, sabor, convenincia
e praticidade no consumo.
Solues criativas e ldicas que
inspirem diferentes demografias
a consumir seu produto ao invs
daquele do concorrentes.
Sustentabilidade, rotulagem amigvel e opes orgnicas.
O mercado , est e ser sempre
muito dinmico e importante conhecer
e explorar o que os hidrocolides, que
oferecem poder de gelificao, podem
fazer para apoiar estas demandas e
solucionar tais desafios. O portflio de
hidrocolides da CP Kelco est baseado
em biopolmeros de origem natural,
obtidos a partir de distintos processos,
como biofermentao e extrao cida
ou alcalina. Estes polmeros especiais
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GELIFICANTES EM DIFERENTES
SEGMENTOS DE MERCADO
O uso de biopolmeros em sobremesas lcteas ou base gua bastante
comum, mas possvel explorar seus
diferentes perfis reolgicos para solucio-
IOGURTES
Vemos pouco a pouco mudanas no
padro de consumo de produtos lcteos
fermentados, sejam eles bebveis, de
colherada ou mesmo as novas texturas
oferecidas no mercado como os produtos tipo grego. Aqui a demanda por
saudabilidade, rtulo amigvel, controle
de sinrese, textura indulgente, estabilizao proteica, praticidade no espessamento e distribuio uniforme de preparados de frutas, controle de migrao de
fases entre a massa branca e uma geleia
ou gel so chave. Alm disso, como todos
os segmentos de mercado, qualidade
com bom custo em uso so essenciais.
Por isso, foram apresentados no evento
FI 2013 inovaes quanto oferta de
biopolmeros gelificantes multifuncionais que permitem: substituir gelatina
e amido na massa branca, substituir 2 a
3 polmeros em uso na frmula da massa
branca por um nico ingrediente que
espessa a mesma estando presente no
preparado de frutas. Em ambos os casos
sem impactar o atual processo utilizado
53
Dossi Gelificantes
que por sua vez, est alinhada busca
por produtos prticos e saudveis.
H diferentes demografias que veem
valor em tais ofertas de produtos.
Os hidrocolides que apresentam
poder de gelificao como as pectinas
Genu podem ser usadas para compor
barras de frutas bifsicas. Tratase de um conceito de uma barrra
de gel de fruta com 0% de acar
(e excelente controle de sinrese e
liberao de sabor), contendo uma face
com gros milenares. Este conceito
interessante tanto para frutas quanto
vegetais, pensando-se na possibilidade
de oferecer uma ou mais pores
destes alimentos essenciais ao dia por
barrinha. J a gelana Kelcogel pode
ser usado em snacks e fritas porque
seu filme tridimensional (aplicado
superfcie dos alimentos por spray ou
imerso) permite formar uma barreira
que reduz a absoro de leos quando
o produto frito, reduzindo a consumo
dos mesmos em at 30%.
OUTROS SEGMENTOS:
CONDIMENTOS E BEBIDAS
Quando se fala de aplicaes de
condimentos como molhos para saladas
e maionese, podemos citar o uso de
alguns tipos de agentes de gelificao
como pectinas Genu, Slendid e gelanas Kelcogel que permitem influenciar
positivamente o mouthfeel, pick up,
brilho e estabilidade de tais emulses.
Alm disso possvel substituir gorduras mantendo a cremosidade e espalhabilidade originais, compondo assim
produtos com apelo mais saudvel. Um
outro exemplo interessante que conjuga
inovao, praticidade e novos formatos
de consumo seria utilizar o perfil reolgico caracterstico de Kelcogel (gelana)
para substituir aos alginatos no processo
de encapsulamento de ingredientes
(caviar de shoyu ou prolas contendo
emulses) ou mesmo influenciar formatos tradicionais de tens como cubos de
caldo ou gis de pimenta gourmand.
Estes gis podem ser formulados (no
formato gelificado e moldado) para
apresentar diferentes graus de resis-
54
CONCLUSO:
importante lembrar que os
biopolmeros no so todos iguais,
distinguem-se no s por peso molecular,
estrutura, compatibilidade, viscosidade
extensional, perfil de gelificao, condies de disperso e hidratao, entre
outras particularidades tcnicas. Os
hidrocolides so biopolmeros de alta
eficincia e multifuncionalidade que
agregam valor a diferentes produtos
alimentcios. Seu carter natural e a
gama de perfis de textura permite aos
formuladores solucionar desafios e inovar no desenho de frmulas, processos,
tipo de embalagem, tempo de vida do
produto e diferentes experincias sensoriais que faro do produto final um
sucesso de vendas.
PECTINA CTRICA
Nos ltimos anos h um interesse
crescente em pectinas, devido a sua
utilizao como agente geleificante e
estabilizante em alimentos, por ser
uma fibra diettica, um componente
importante das paredes celulares de
plantas e uma substncia com atividades farmacuticas reconhecidas.
A origem do nome pectina derivada do grego pectos que significa gelatinizado ou solidificado. Sua
descoberta foi em 1790, por meio de
Nicolas Louis Vauquelin, no entanto
por volta de 1824, o qumico francs
Henri Braconnot descobriu que esta
PROPRIEDADES
As matrias-primas mais importantes para a extrao comercial de
pectina constituem-se na polpa de
ma e cascas de frutas ctricas. A
diferena nas caractersticas fsico
qumicas do produtos est apresentadas na Tabela 1.
COLORAO
BRANCA
AMARELA
SABOR
LEVEMENTE AMARGO
FRUTAL
GEL
ELSTICO VISCOSO
SUAVE VISCOSO
GELEIFICAO
REATIVIDADE
O GRAU DE METOXILAO
O grau de metoxilao a relao
de unidades de cidos galacturnicos
esterificados por unidade de cido
galacturnico total. A quantidade
destes grupos desempenha um importante papel na capacidade de
formar um bom gel, sendo parmetro
para indicar as propriedades fsicas
ou funcionais das pectinas.
As pectinas so classificadas de
acordo com o grau de metoxilao.
As mais comuns so as pectinas com
grau de metoxilao acima de 50 %,
chamadas de alta metoxilao, ATM,
que formam gel aps aquecimento em
solues com concentrao de acar
superior a 55 % e pH abaixo de 3,5.;
e as pectinas de baixa metoxilao,
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Dossi Gelificantes
pH acima de 4,5. O pH muito baixo
causa uma geleificao muito rpida,
com formao de grumos, sabor excessivamente cido e sinrese.
Pectinas com teor de grupos
metoxlicos superior a 70% so denominadas pectinas rpidas, por
GRAU DE ESTERIFICAO
TEMPERATURA NECESSRIA
ULTRA RPIDA
>71%
88 96.C
RAPIDA
>69%
82 92.C
MEDIA
66 69%
74 80.C
LENTA
62 66%
59 67.C
MUITO LENTA
<62%
50 64.C
APLICAES NA INDSTRIA
ALIMENTCIA
Na indstria, a pectina conhecida por suas propriedades geleificante, espessante e estabilizante. No
setor industrial, os polissacardeos
pcticos promovem aumento de viscosidade e funcionam como colide
estabilizante e protetor em alimentos e bebidas. Hoje, ele usado em
diversas aplicaes, como produtos
de confeitaria, iogurte e bebidas
lcteas acidificadas. Possui a imagem
de um produto natural e benefcios
nutricionais reconhecidos. Por todas
estas razes, novos usos esto constantemente sendo encontrados para
56
GELATINA AUXILIA
NO PROCESSO DE
GELIFICAO DOS
ALIMENTOS
Ela tradicionalmente reconhecida por formar gis termo reversveis,
que se fundem na temperatura do corpo humano, e por possuir corte elstico reversvel, agradvel e com brilho
nico, ela se torna um ingrediente
extremamente verstil e at mesmo
insubstituvel em vrias aplicaes.
Alm da funcionalidade de gelificao/espessante, ela pode contribuir
para o enriquecimento proteico de
diversos alimentos como barras de
cereais, iogurtes, sucos entre outros.
De forma simplificada podemos
dizer que a gelatina uma protena de
origem animal, uma substncia natural, saudvel e, sobretudo, funcional.
O ingrediente absorvido facilmente
pelo organismo e tambm usado em
uma infinidade de aplicaes tcnicas
que, com frequncia, surpreende at
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Dossi Gelificantes
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GELATINA
UM AGENTE
GELIFICANTE NICO E
NATURAL
A
A GELATINA EXTRADA DA
PROTENA MAIS ABUNDANTE NO
REINO ANIMAL: O COLGENO
Obtida a partir do colgeno, por
extrao com gua quente, a gelatina
um ingrediente natural, de fcil digesto. Sua composio de cerca de
86% de protena, 2% de sais minerais e
12% gua. No contem gorduras nem
colesterol. Contm 18 aminocidos
diferentes, incluindo 7 dos 8 essenciais
para a dieta humana. A gelatina complementa muitas protenas alimentares, proporcionando um consumo
equilibrado de aminocidos.
O colgeno, a matria-prima para
a fabricao da gelatina, um constituinte dos ossos, cartilagens, tendes
e peles de animais como bovinos e sunos, e portanto, uma protena fibrosa
presente nas estruturas de suporte
nos vertebrados e invertebrados. O
colgeno a protena mais abundante no reino animal e assim como em
nosso corpo, constitui mais de 30% do
total das protenas.
O colgeno, assim como a gelatina, tem uma sequncia nica e
distinta de aminocidos, e contm
como caracterstica em mdia 14% de
hidroxiprolina, 16% de prolina e 26%
de glicina, sendo que o aminocido
hidroxiprolina usado para determinar o contedo de colgeno ou
gelatina em nos produtos finais.
ESTRUTURA E
FUNCIONALIDADE
A molcula do colgeno existe como
uma tripla hlice que constituda por
3 cadeias denominadas de cadeias alfa
que podem ou no ser idnticas dependendo da fonte do colgeno. Esta
estrutura formada pela conformao e
posio dos aminocidos e seus resduos, resulta numa geometria ideal para
a formao de pontes de hidrognio
entre as suas cadeias.
A gelatina consiste numa mistura
de fragmentos polipeptdicos que
contm como estrutura fundamental, baseada nas cadeias alfa, uma
massa molecular estimada em 95.000100.000 Daltons. A gelatina possui
tambm cadeias denominadas de
beta e gama, que so combinaes da
unidade bsica alfa em duas ou trs
cadeias respectivamente. A proporo relativa de todas as suas fraes
e os seus peptdeos, ou constituintes
de baixo peso molecular, influenciam
a sua funcionalidade.
Portanto, diferenas no perfil de
peso molecular podem afetar a funcionalidade da gelatina. Em termos
gerais, quanto mais alta a proporo
de baixo peso molecular e os peptdeos, aumenta o setting time da gelatina
(o tempo para gelificar). O Bloom, ou
fora de gel, est relacionado com a
soma de cadeias alfa e beta juntas e
FOOD INGREDIENTS BRASIL N 27 - 2013
59
Dossi Gelificantes
com peptdeos grandes. Viscosidade
est diretamente relacionada com o
peso molecular mdio.
60
ETAPAS DO PROCESSO DE
FABRICAO
Comeando do condicionamento
da matria-prima at o produto final,
o processo de fabricao de gelatina
envolve vrias etapas indo do estado
lquido ao de gros ou p:
Condicionamento
Extrao e filtrao
Deionizao
Concentrao
Esterilizao
Resfriamento
Secagem
Mistura e produto final
FORA DE GEL
A fora de gel da gelatina
expressa em (gramas) Bloom.
Os produtos comerciais podem variar desde baixo Bloom
(<150), mdio (150-220) at alto
Bloom (>220Bloom).
O Bloom da gelatina ir determinar a concentrao necessria
para que a dureza de gel desejada
sejam atingidas: quanto mais alta a fora
do gel, menor a concentrao necessria
de gelatina para a formao deste gel.
Em geral,
quanto mais alta for a fora Bloom
da gelatina utilizada, mais duro
ser o produto;
quanto mais alta for a dose de
gelatina, mais duro ser o produto.
A gelatina um agente gelificante
que necessita de um tempo para a
formar o gel, sendo considerada um
produto de lento setting (veja Figura
1) j que a sua mxima forca de gel
atingida somente depois de 15horas. A medida do Bloom feita aps
refrigerao por 16-18hs em banho
termosttico estritamente controlado
a 10C e com agitao.
No existe uma correlao linear
entre a dosagem de gelatina requerida para obter uma dada fora no
produto final e o Bloom aplicado, mas
existe uma equao que se usa para
se intercambiar entre um Bloom e
outro. Levando-se em considerao
a concentrao usada, estima-se
com o novo Bloom a concentrao
procurada.
Foras de gel similares no produto
final podem, por exemplo, ser obtidas
usando-se diferentes nveis de uso de
uma gelatina com Bloom diferentes.
Na Figura 2 encontra-se uma tabela
de converso para os diferentes
Blooms da gelatina. Para substituir
gura 1
gura 3
gura 4
61
Dossi Gelificantes
FORMAO DO GEL E
TERMORREVERSIBILIDADE
A estrutura das molculas de
gelatina e a composio dos seus
aminocidos permitem a formao
de gis em uma forma nica. Zonas
de junes se formam entre as molculas imobilizando a gua dentro da
estrutura de tripla hlice, formando
a rede de gel.
Quando a gelatina gelifica, as
suas molculas tendem a voltar para
a estrutura do colgeno nativo. Nos
estgios iniciais da gelificao, os
stios do aminocido hidroxiprolina
e prolina formam estas junes. a
alta proporo destes aminocidos
na gelatina que a diferencia de outras
protenas e a proporo deste stios
que afeta a fora mxima do gel.
Os gis de gelatina so claros e
brilhantes, elsticos e de textura
mastigvel. Os gis se formam sob
resfriamento e so termorreversveis. Fundem normalmente de
30 a 35C e por isto fornece a to
inigualvel fuso na boca, o que
faz da gelatina um ingrediente que
facilita a liberao de aromas. Isto
tambm faz com que o reprocesso
seja simples.
O ponto de fuso dos gis de
gelatina esto relacionados ao valor
de Bloom. Gelatinas de alto Bloom
so mais estveis, mesmo quando em
mais baixa concentrao para obter
a mesma forca de gel de um Bloom
mais baixo.
Os gis de gelatina tem o carter
termorreversvel com uma temperatura de gelificao sempre ao redor
de 5C mais baixa que o seu ponto
de fuso.
62
PROPRIEDADES
MULTIFUNCIONAIS E
CARACTERSTICAS
Como todo agente gelificante a
gelatina usada para dar estrutura e
forma, resultando em diversas texturas dependendo da concentrao usada ou aplicao, mas tambm fornece
viscosidade e espessa, atuando como
um excelente agente estabilizante
que ajuda a manter as caractersticas
fsicas e propriedades de textura em
diversos produtos alimentcios.
Portanto um ingrediente multifuncional que d textura e estabilidade aos produtos terminados graas s
propriedades abaixo descritas:
Gelificao.
Reteno de gua.
Emulsificao.
Formao de espumas.
Formao de filmes.
Elasticidade.
Viscosidade.
As principais caractersticas da
gelatina que fazem dela um agente
gelificante to especial esto resumidas abaixo:
Produto natural.
No produzida com materiais
geneticamente modificados.
Produzida atravs de matria
prima rastrevel.
No modificada quimicamente.
No alergnico.
APLICAES ONDE A
GELATINA INSUBSTITUVEL:
SOBREMESA E GOMAS DE
GELATINA!
Algumas aplicaes podem ser
citadas como as mais tradicionais cujo
foco principal a formao de gel. Nelas, a gelatina aplicada primariamente como agente gelificante, fornecendo
desde texturas suaves e elsticas
at produtos muito duros. Neste
caso outras variveis influenciam na
textura final, incluindo slidos totais
e os tipos e propores dos diferentes
ingredientes presentes na formulao.
As aplicaes que imediatamente
remetem a seu poder de formar gis
transparentes e de textura nica esto
abaixo relacionadas:
As sobremesas de gelatina preparadas de mesclas em p ou os
produtos prontos para o consumo.
No produto final a concentrao de
gelatina est por volta de 1,5-3,0%
dependendo do Bloom, que varia
de 180-260Bloom e textura final
desejada.
As balas gelificadas que aplicam
em mdia de 6 a 10% de gelatina
de 180 a 260Bloom
Os aspics ou galantinas que aplicam gelatina de 150 a 280Bloom
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PB Leiner
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63
Dossi Gelificantes
ALGINATOS - OVERVIEW
Alginatos so polissacardeos de
ocorrncia natural em algas pardas
na costa Norte do Chile. Representam 30% a 60% da composio da alga
e se acumulam nas paredes celulares
e espaos intracelulares, o que resulta
em sua estrutura flexvel, necessria
para as condies de crescimento no
ambiente marinho.
O cido algnico e seus sais (alginatos) presentes nas algas so
SOLUBILIDADE DE ALGINATOS
PROCESSAMENTO
O cido algnico e seus derivados
se transformam na forma comercial
(alginatos) mediante vrias operaes
que incluem a extrao e purificao
das algas, utilizando reaes de trocas
inicas e esterificao.
Existem dois mtodos de processamento para produzir cido
algnico: o denominado mtodo por
precipitao de cido e o mtodo por
precipitao de clcio. Desde a sua
fundao a empresa Kimica Corporation vem desenvolvendo e aplicando
o mtodo de precipitao de cido.
O mtodo de precipitao de cido
se ajusta perfeitamente a produo
de cido algnico mais puro por meio
de reduo e controle de clcio que
afetam diretamente as propriedades
e funcionalidade do cido algnico e
seus derivados, os alginatos.
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Tipos de Alginatos
cido algnico
Solubilidade
gua quente/fria
Insolvel
Solventes orgnicos
Insolvel
Alginato de sdio
Solvel
Insolvel
Insolvel
Alginato de potssio
Solvel
Insolvel
Insolvel
Alginato de clcio
Insolvel
Insolvel
Insolvel
Solvel
Insolvel
Insolvel
Processamento Alginatos
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ESTRUTURA QUMICA
GELIFICAO
A maior vantagem dos alginatos o seu comportamento em solues aquosas. Uma variedade de ctions
se combina com os grupos carboxlicos dos alginatos formando gis irreversveis, estveis a altas temperaturas.
Ao agregar-se o alginato em gua, obtm-se uma soluo de alginato viscosa que apresenta uma propriedade de
fluxo laminar propcio para espessamento. Nesta etapa o
alginato tem um comportamento pseudoplstico.
Ligaes M-M
Ligaes G-G
Ligaes M-G
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Dossi Gelificantes
Para se obter gelificao, deve-se
considerar a velocidade da reao de
gelificao que pode ser controlada
mediante o ajuste da velocidade de
liberao do clcio segundo:
Seleo de tipo adequado de sal
de clcio (liberao rpida, mdia,
lenta).
Uso de sequestrante compatvel.
Ajuste ao pH apropriado.
No mecanismo de formao de
gel o Clcio Ca+ se encaixa nas
estruturas de cido algnico como
uma caixa de ovo sendo demonstrado
na figura abaixo.
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ESFERIFICAO
Os alginatos de propileno glicol
no formam gis em presena de
clcio. Estveis em baixo pH e alta
concentrao de clcio, so empregados na estabilizao de espumas
com baixas dosagens (cervejas) e se
destacam pelas propriedades emulsificantes, desejveis em molhos de
preparo a frio.
Comparando-se com outros hidrocolides, os alginatos se destacam
devido:
Gelificao controlvel (Uso de on
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