Calculo 1 - Volume 2 PDF

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Clculo I

Volume 2 - Mdulo 2
2 edio

Apoio:

Dinamrico Pereira Pombo Jr.


Paulo Henrique C. Gusmo

Fundao Cecierj / Consrcio Cederj


Rua Visconde de Niteri, 1364 Mangueira Rio de Janeiro, RJ CEP 20943-001
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Dinamrico Pereira Pombo Jr.


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Nenhuma parte deste material poder ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio
eletrnico, mecnico, por fotocpia e outros, sem a prvia autorizao, por escrito, da Fundao.

P784c
Pombo Jr, Dinamrico Pereira
Clculo I. v.2 / Dinamrico Pereira Pombo Jr. 2. ed. Rio
de Janeiro: Fundao CECIERJ, 2010.
130p.; 21 x 29,7 cm.
ISBN: 85-89200-08-6

2010/1

1. Derivao. 2. Funes crescentes. 3. Funes


decrescentes. 3. Funes trigonomtricas inversas. I. Gusmo,
Paulo Henrique C. II. Ttulo.
CDD: 515.15
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DO RIO DE JANEIRO
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Clculo I
SUMRIO

Volume 2 - Mdulo 2

Derivao e Aplicaes ___________________________________ 7


Aula 16 O Teorema do valor mdio ______________________________ 9
Aula 17 Funes crescentes e decrescentes_______________________ 17
Aula 18 Concavidade do grfico de funes ______________________ 27
Aula 19 Pontos de inflexo. Derivadas de ordem superior ____________ 39
Aula 20 Exerccios resolvidos _________________________________ 47
Aula 21 Mximos e mnimos relativos __________________________ 55
Aula 22 O teste da derivada segunda para extremos relativos _________ 65
Aula 23 Exerccios resolvidos _________________________________ 71
Aula 24 Extremos absolutos __________________________________ 79
Aula 25 Exerccios resolvidos _________________________________ 89
Aula 26 A regra de LHpital __________________________________ 95
Aula 27 O Teorema da funo inversa __________________________ 107
Aula 28 Funes trigonomtricas inversas ______________________ 115
Aula 29 Funes trigonomtricas inversas. Continuao ____________ 123

M
odulo 2
Derivac
ao e Aplicaco
es
Quando consideramos, por exemplo, a funcao f (x) = x2 , ja sabemos do
Pre-Calculo que seu grafico e uma parabola. Algumas perguntas naturais que
podemos fazer sao: Se tomarmos dois pontos do grafico da funcao, digamos
(1,1) e (2,4), o que nos garante que a parte do grafico compreendida entre
esses dois pontos e realmente como a desenhamos? O que nos garante que
o grafico entre eles nao e, por exemplo, ondulado ? Sera que em algum
pedaco do grafico aparece uma quina? Enfim, essas e outras questoes nos
levam, naturalmente, a` seguinte questao geral: Como esbocar, de maneira
razoavelmente fiel, o grafico de uma determinada funcao?
O objetivo deste modulo e desenvolver, a partir do conceito de derivada
introduzido no Modulo 1, conceitos e tecnicas que nos permitam responder
a essas e outras questoes. Voce vera ao longo do modulo que cada novo conceito apresentado esta intimamente ligado a certas propriedades importantes
dos graficos de funcoes. Assim, apos cada etapa, voce estara mais apto a
compreender o comportamento do grafico de funcoes e, portanto, a esbocalos mais fielmente. Voce vera, tambem, que a derivada permitira o calculo
de certos limites que, com as tecnicas vistas no Modulo 1, nao eramos capazes de calcular. Finalmente, estudaremos mais profundamente as funcoes
trigonometricas inversas, ja introduzidas na disciplina de Pre-Calculo.

CEDERJ

O Teorema do valor medio.

MODULO
2 - AULA 16

Aula 16 O Teorema do valor m


edio.
Refer
encias: Aulas 9, 10,
11 e 12.

Objetivo
Usar os conceitos de continuidade e derivabilidade para obter determinadas propriedades geometricas do grafico de funcoes.

Vamos comecar com a seguinte observacao intuitiva sobre graficos de


funcoes: Seja f : [a, b] R uma funcao contnua em [a, b] e derivavel em
(a, b). Entao existe pelo menos um ponto P do grafico de f , situado entre
A = (a, f (a)) e B = (b, f (b)), tal que a reta tangente ao grafico de f no
ponto P e paralela a` reta que contem A e B (ver a Figura 16.1).

f(b)

f(a)

O coeficiente angular de uma


reta r
e a tangente do
a
ngulo que a reta r faz com
o eixo x das abscissas.

Figura 16.1
A observacao acima envolve dois fatos ja vistos anteriormente. Com
efeito, vimos na aula 9 que se f e deriv
avel em todo ponto do intervalo
(a, b), entao o gr
afico de f possui reta tangente em qualquer ponto entre
A = (a, f (a)) e B = (b, f (b)) e a derivada f 0 (x) num ponto x e exatamente o
coeficiente angular da reta tangente ao grafico no ponto (x, f (x)). Por outro
lado, dizer que duas retas s
ao paralelas significa dizer que elas possuem o
mesmo coeficiente angular.
Nos exemplos que seguem, utilizaremos estes fatos para determinar P .
Exemplo 16.1
Considere a funcao f (x) = x2 , sejam A = (1, f (1)) = (1, 1) e
B = (2, f (2)) = (2, 4) dois pontos do grafico de f e r a reta que contem
A e B (ver a Figura 16.2).
9

CEDERJ

O Teorema do valor medio.


r
4

Figura 16.2
Vamos mostrar que existe pelo menos um ponto intermediario P , do
grafico de f , tal que a reta tangente em P e paralela a` reta r.
(1)
= 3. Assim,
= 41
O coeficiente angular da reta r e dado por f (2)f
1
21
para encontrarmos o ponto P , precisamos encontrar um ponto c (1, 2) tal
que f 0 (c) = 3 pois, neste caso, a reta tangente ao grafico de f no ponto
P = (c, f (c)) tera o mesmo coeficiente angular que a reta r e sera, portanto,
paralela a esta u
ltima (ver a Figura 16.3).
r
B

3
2

Figura 16.3
Ora, f 0 (x) = 2x para todo x (1, 2); logo, f 0 (x) = 3 se, e somente se, 2x = 3, ou seja, x = 32 . Vemos assim que o ponto procurado e


P = 32 , f 32 = 32 , 94 .

Vamos agora determinar a equacao da reta tangente ao grafico que


passa por P . Como seu coeficiente angular e igual a 3, sua equacao e da

CEDERJ

10

O Teorema do valor medio.

MODULO
2 - AULA 16


forma y = 3x + b. Por outro lado, como ela passa pelo ponto P = 32 , 94 ,
temos que 94 = 3 32 + b, ou seja, b = 94 . Portanto, a equacao da reta
procurada e y = 3x 94 .

Exemplo 16.2
1

Considere a funcao f (x) = x 3 e sejam A = (0, f (0)) = (0, 0) e


B = (8, f (8)) = (8, 2) dois pontos do grafico de f . Queremos determinar
um ponto (c, f (c)) do grafico tal que a reta tangente por esse ponto seja
paralela a` reta r que contem A e B (ver a Figura 16.4).

0A

Figura 16.4
A funcao f e derivavel em todo ponto x (0, 8] (mas nao e derivavel
em x = 0); portanto, seu grafico possui reta tangente em todo ponto entre
(0)
= 14 . Queremos, portanto,
A e B. O coeficiente angular da reta r e f (8)f
80
determinar um ponto c (0, 8) tal que f 0 (c) = 14 .

Ora, f 0 (x) =

; assim, o n
umero c procurado e tal que
3
1
= 1, 5396 e o ponto procurado e
= 14 , ou seja, c = 23
1
3(c 3 )2

3
(c, f (c)) = 23 , 23 .
1

3(x 3 )2

De um modo geral, temos o seguinte teorema:

Teorema 16.1 (Teorema do valor medio)


Seja f uma funcao contnua no intervalo [a, b] e derivavel no intervalo aberto
(a, b). Entao existe pelo menos um n
umero c (a, b) tal que
f 0 (c) =

Uma demonstraca
o rigorosa
deste Teorema ser
a vista na
disciplina de An
alise.

f (b) f (a)
ba

No Exemplo 16.1, temos a = 1, b = 2 e f (x) = x2 ; e, no Exemplo


1
16.2, a = 0, b = 8, e f (x) = x 3 . O coeficiente angular da reta r em cada
(a)
. Em ambos os casos, o n
umero c (a, b)
um dos casos e o n
umero f (b)f
ba
encontrado e u
nico, ou seja, a reta tangente ao grafico e paralela a` reta r, e
u
nica. Entretanto, pode haver mais de um n
umero c satisfazendo a conclusao
do Teorema do valor medio, como veremos no exemplo a seguir.
11

CEDERJ

O Teorema do valor medio.

Exemplo 16.3
Sejam f : [2, 2] R definida por f (x) = x3 , A = (2, 8) e B = (2, 8)
dois pontos do grafico de f e r a reta contendo A e B (ver a Figura 16.5).

Figura 16.5
(2)
= 4. Por outro lado,
O coeficiente angular da reta r e igual a f (2)f
2(2)
0
2
para todo x (2, 2), f (x) = 3x . Queremos determinar os valores de x
para os quais f 0 (x) = 4. Como 3x2 = 4 se, e somente se, x = 23 ou x = 23 ,
vemos que ha dois valores c (2, 2) para os quais f 0 (c) = 4.

Agora, uma pergunta natural e a seguinte:

A hip
otese f deriv
avel em (a, b)
e realmente necess
aria para
a validade do Teorema do valor m
edio?
Vejamos:
Exemplo 16.4
Seja a funcao f : [1, 1] R definida por f (x) = |x|, e sejam A = (1, 1) e
B = (1, 1) dois pontos de seu grafico (ver a Figura 16.6).
Note que o grafico de f nao possui reta tangente paralela a` reta r
que contem os pontos A e B. Realmente, o coeficiente angular da reta r
(1)
= 0. Por outro lado, f e derivavel em todo ponto x (1, 1),
e f (1)f
1(1)
exceto em x = 0. Alem disso, ja vimos que f 0 (x) = 1 para todo 1 < x < 0,
e que f 0 (x) = 1 para todo 0 < x < 1.
CEDERJ

12

O Teorema do valor medio.

MODULO
2 - AULA 16

Figura 16.6
Vemos, assim, que a conclusao do Teorema do valor medio falha no
exemplo acima, o que nos mostra a real necessidade da hipotese de derivabilidade em todo ponto do intervalo aberto.
O exemplo a seguir nos mostra que a hip
otese f contnua em [a, b]

e tamb
em necess
aria para assegurar a validade do Teorema do valor
m
edio.
Exemplo 16.5
1
se x 6= 4 e f (x) = 0 se x = 4,
Sejam f : [0, 4] R definida por f (x) = 4x

1
A = 0, 4 e B = (4, 0) dois pontos do grafico de f .

Vemos que a reta r que contem A e B nao e paralela a qualquer reta


tangente ao grafico de f . Com efeito, em todo ponto x [0, 4), sua derivada
1
e sempre um n
umero positivo. Por outro lado, o
e f 0 (x) = (4x)
2 , que
1
(ver a Figura 16.7).
coeficiente angular da reta r e igual a 16

Figura 16.7
Uma observacao geometrica bastante intuitiva que podemos fazer e que
se o grafico de uma funcao f possui reta tangente em todo ponto entre
(a, f (a)) e (b, f (b)) e f (a) = f (b), entao existe pelo menos um ponto intermediario de modo que a reta tangente naquele ponto e paralela ao eixo x das
abscissas. Vejamos um exemplo.
13

CEDERJ

O Teorema do valor medio.

Exemplo 16.6
Seja f (x) = x3 2x2 + 1 definida no intervalo [a, b] = [0, 2] (ver a Figura
16.8).

4
3
0

Figura 16.8
Note que f (0) = 1 e f (2) = 1. Assim, se considerarmos os dois pontos
A = (0, 1) e B = (2, 1) do grafico de f , vemos que o coeficiente angular
da reta r que contem A e B e igual a zero, ou seja, a reta r e paralela ao
eixo x das abscissas. Por outro lado, como f 0 (x) = 3x2 4x, vemos que
nico c (0, 2) tal que f 0 (c) = 0,
f 0 (x) = 0 para x = 0 e x = 43 . Logo, ha um u
a saber, c = 43 .
Michel Rolle nasceu em 21
de abril de 1652 em Ambert,
Basse-Auvergne, Franca. Ele
teve pouca educaca
o formal,
tendo sido na verdade um
autodidata. Seus trabalhos
versavam sobre An
alise

Diofantina, Algebra
e
Geometria. Entretanto, ficou
mais conhecido pelo
Teorema que leva seu nome,
publicado num obscuro livro
em 1691, em cuja prova foi
usado um m
etodo de Hudde.
Vale lembrar que Rolle era
um forte opositor ao
C
alculo, tendo afirmado: O
C
alculo
e uma coleca
o
engenhosa de fal
acias.

Veremos, na disciplina de
An
alise, que embora o
Teorema de Rolle seja um
caso particular do Teorema
do valor m
edio, este u
ltimo
e
uma conseq
u
encia do
primeiro.

CEDERJ

14

De maneira geral, temos o seguinte Teorema:


Teorema 16.2 (Teorema de Rolle)
Se f : [a, b] R e contnua em [a, b] e derivavel no intervalo aberto (a, b) e
f (a) = f (b), entao existe pelo menos um n
umero c (a, b) tal que f 0 (c) = 0.
Demonstracao: Aplicando o Teorema do valor medio a f , conclumos que
(a)
.
existe pelo menos um n
umero c (a, b) tal que f 0 (c) = f (b)f
ba
Como f (b) = f (a), segue que f 0 (c) = 0.

O exemplo abaixo mostra que pode existir mais de um n


umero c em
0
(a, b) para o qual f (c) = 0.
Exemplo 16.7
Seja f (x) = x3 3x2 x + 3, a qual satisfaz f (1) = f (3) = 0. Como

f 0 (x) = 3x2 6x 1, f 0 (x) = 0 se, e somente se, x = 1 + 32 ou x = 1 32 .

Como x = 1 + 32 e x = 1 32 pertencem a (1, 3), vemos que ha dois


n
umeros c (1, 3) tais que f 0 (c) = 0.

O Teorema do valor medio.

MODULO
2 - AULA 16

Resumo
Nesta aula, vimos dois importantes Teoremas que nos mostram como
as retas tangentes ao grafico de uma funcao nos dao informacoes geometricas
sobre o seu comportamento. Como as retas tangentes sao determinadas essencialmente pelo seu coeficiente angular, ou seja, pela derivada da funcao,
vemos a relevancia desse conceito para o entendimento das funcoes.

Lembrete
Esta aula e de fundamental importancia, pois ela contribui para sedimentar o conceito de derivada e sua interpretacao geometrica. Estaremos,
ate a aula 24, explorando o conceito de derivada como uma ferramenta para
aprofundar nosso entendimento sobre o comportamento de funcoes. Assim e
muito importante que voce resolva os exerccios que se seguem pois, atraves
deles, voce tera a oportunidade de fixar o significado dos teoremas vistos
acima.

Exerccios
1. Verifique se cada uma das funcoes abaixo, definidas no intervalo [a, b],
satisfaz ou nao as hipoteses do Teorema do valor medio. Em caso
(a)
.
afirmativo, determine um n
umero c (a, b) tal que f 0 (c) = f (b)f
ba

a) f (x) = x 1, [a, b] = [1, 5];


( 2
x 1
se x 6= 1
x1
[a, b] = [0, 1];
b) f (x) =
2 se x = 1
( 2
x +x2
se x 6= 1
x2 1
[a, b] = [0, 1];
c) f (x) =
4 se x = 1

d) f (x) = x2 4x + 3, [a, b] = [1, 3].


2. Em cada um dos itens abaixo, determine qual das hipoteses do Teorema
do valor medio nao e valida. Justifique sua resposta.
(
4
se x 6= 3
x3
[a, b] = [1, 6];
a) f (x) =
1 se x = 3

b) f (x) = 1 |x|, [a, b] = [1, 1];


(
2x + 3 se x 3
c) f (x) =
[a, b] = [1, 5];
5x 6 se x > 3
2

d) f (x) = 3(x 4) 3 , [a, b] = [0, 4].


15

CEDERJ

O Teorema do valor medio.

3. Para a funcao f (x) = 4x3 + 12x2 x 3 determine tres conjuntos de


valores para a e b, tais que as hipoteses do Teorema de Rolle sejam
satisfeitas no intervalo [a, b]. Depois, encontre para cada um deles o
valor conveniente para c que satisfaca a conclusao do teorema.
4. Se f (x) = x4 2x3 + 2x2 x, entao f 0 (x) = 4x3 6x2 + 4x 1. Use o
Teorema de Rolle para mostrar que a equacao 4x3 6x2 + 4x 1 = 0
possui pelo menos uma solucao no intervalo (0, 1).
5. Para as funcoes definidas em cada intervalo correspondente, determine
quais hipoteses do Teorema de Rolle sao satisfeitas e quais, se existir
alguma, nao sao satisfeitas. Para aquelas funcoes que satisfazem todas
as hipoteses do Teorema de Rolle, determine um ponto do grafico cuja
reta tangente e paralela ao eixo x das abscissas.
3

a) f (x) = x 4 2x 4 , [0, 4];


( 2
2x 5x+3
se x 6= 1  5 
x1
, 1, 2 ;
b) f (x) =
1 se x = 1

c) f (x) =

x2 x12
,
x3

[3, 2].

6. A recproca do Teorema de Rolle nao e verdadeira. Em cada um dos


itens abaixo, construa um exemplo satisfazendo a conclusao do teorema
mas tal que:
a) f nao e contnua em [a, b] mas e derivavel em (a, b) e f (a) = f (b);
b) f e contnua em [a, b], f (a) = f (b) mas f nao e derivavel em (a, b);
c) f e contnua em [a, b], derivavel em (a, b) mas f (a) 6= f (b).
Desafio
Use o Teorema de Rolle para demonstrar que a equacao
x + x3 + 2x 3 = 0 tem exatamente uma raiz no intervalo (0, 1).
5

Auto-avaliac
ao
Em todos os exerccios voce deve demonstrar total domnio dos conceitos de continuidade e derivabilidade de funcoes pois, em cada um deles,
voce deve verificar a validade das hipoteses dos Teoremas vistos nesta aula.
tambem exigido de voce a compreensao do significado dos Teoremas para
E
poder aplica-los; e o caso principalmente dos Exerccios 4,5, 6 e, tambem, do
Desafio. Se voce encontrar alguma dificuldade em qualquer um dos Exerccios
de 1 a 6, releia esta aula com mais cuidado.
CEDERJ

16

Funcoes crescentes e decrescentes.

MODULO
2 - AULA 17

Aula 17 Fun
co
es crescentes e decrescentes.
Refer
encias: Aulas 9, 10,
11, 12 e 16.

Objetivo
Usar o conceito de derivada para compreender as propriedades de crescimento e decrescimento de funcoes.

A ideia de funcao crescente ou decrescente e bastante simples. Quando


estamos percorrendo um determinado caminho numa montanha, nos deparamos com tres tipos de percurso: o primeiro tipo de percurso e aquele que, ao
ser percorrido, a altitude sempre aumenta, isto e, estamos sempre subindo; o
segundo e aquele que, ao ser percorrido, a altitude e sempre constante, isto e,
estamos caminhando horizontalmente em relacao ao nvel do mar; o terceiro
e aquele cuja altitude sempre diminui, quando o percorremos, isto e, estamos
sempre descendo. Se denotarmos por f (x) a altitude do ponto x do percurso,
podemos representar os tres tipos de percurso pelo seguinte grafico:

Figura 17.1
Note que, para quaisquer x1 , x2 [a, b] [c, d] com x1 < x2 , temos
f (x1 ) < f (x2 ), isto e, o grafico de f entre a e b e entre c e d representa, cada
um deles, um percurso do primeiro tipo. Por outro lado, para quaisquer
x1 , x2 [d, e] com x1 < x2 , temos f (x1 ) > f (x2 ), isto e, o grafico de f
entre d e e representa um percurso do terceiro tipo. Dizemos entao que em
[a, b] [c, d] a funcao f e crescente e que em [d, e] a funcao f e decrescente.
De maneira geral, temos a seguinte definicao:

Definicao 17.1 Uma funcao f e dita crescente (respectivamente decrescente)


num intervalo I se f (x1 ) < f (x2 ) (respectivamente f (x1 ) > f (x2 )) para
quaisquer x1 , x2 I com x1 < x2 .
17

CEDERJ

Funcoes crescentes e decrescentes.

Voltando ao grafico da Figura 17.1, note que, para quaisquer x 1 , x2


[b, c] com x1 < x2 , tem-se f (x1 ) = f (x2 ), ou seja, neste intervalo o grafico
de f representa um percurso do segundo tipo. Conclumos, assim, que no
intervalo [a, d] a funcao f nao decresce. Isso nos leva a` seguinte definicao:
Definicao 17.2 Uma funcao f e dita nao decrescente (respectivamente nao
crescente) no intervalo I se para quaisquer x1 , x2 I com x1 < x2 , tem-se
f (x1 ) f (x2 ) (respectivamente f (x1 ) f (x2 )).
Considere, agora, uma funcao f cujo grafico tem reta tangente em todo
ponto (ver a Figura 17.2). Observe que nos intervalos onde f e crescente,
o coeficiente angular das retas tangentes ao grafico e sempre positivo. Analogamente, nos intervalos onde ela e decrescente, o coeficiente angular das
retas tangentes ao grafico e sempre negativo.

Figura 17.2
Ja vimos, por outro lado, que se f e derivavel num ponto x, entao
ela possui reta tangente ao grafico no ponto (x, f (x)), e que o coeficiente
angular dessa reta e o n
umero f 0 (x). Assim, se f e derivavel num intervalo
I e crescente em I, entao f 0 (x) > 0 para todo x I. Analogamente, se
f e derivavel num intervalo I e decrescente em I, entao f 0 (x) < 0 para
todo x I. A proposicao a seguir mostra que a recproca destas afirmacoes
tambem e verdadeira.
Proposicao 17.1
Seja f uma funcao derivavel num intervalo nao trivial I. Entao:
(a) Se f 0 (x) = 0 para todo x I, f e constante em I.
(b) Se f 0 (x) > 0 para todo x I, f e crescente em I.
(c) Se f 0 (x) < 0 para todo x I, f e decrescente em I.
Demonstracao: Sejam x1 , x2 dois pontos arbitrarios de I com x1 < x2 . Pelo
Teorema do valor medio, existe um ponto c (x1 , x2 ) tal que

CEDERJ

18

f (x2 ) f (x1 )
= f 0 (c) .
x2 x 1

Funcoes crescentes e decrescentes.

MODULO
2 - AULA 17

(x1 )
= 0, isto e,
Agora, se f 0 (x) = 0 para todo x I, obtemos f (xx22)f
x1
f (x1 ) = f (x2 ). Como x1 e x2 sao arbitrarios, conclumos que f e constante
em I, o que prova (a).

(x1 )
> 0 e,
Suponha, agora, f 0 (x) > 0 para todo x I. Assim, f (xx22)f
x1
como x2 x1 > 0, obtemos f (x2 ) f (x1 ) > 0, ou seja, f (x1 ) < f (x2 ). Sendo
x1 e x2 arbitrarios, conclumos que f e crescente em I, o que prova (b).

(x1 )
<0 .
A demonstracao de (c) e analoga neste caso, f (xx22)f
x1

Corolario 17.1
Sejam f, g : I R duas funcoes derivaveis num intervalo nao trivial I tais
que f 0 (x) = g 0 (x) para todo x I. Entao existe uma constante c R tal
que f (x) = g(x) + c para todo x R.
Demonstracao: Consideremos a funcao f g que, como sabemos, e derivavel
em I. Como
(f g)0 (x) = f 0 (x) g 0 (x) = 0
para todo x I, segue do item (a) da Proposicao 17.1 que existe c R tal
que f (x) g(x) = c para todo x I, como queramos demonstrar.
Exemplo 17.1
Vamos mostrar que
cos2 x + sen2 x = 1
para todo x R, fato que voce ja estudou em Pre-Calculo.

De fato, definamos f (x) = cos2 x + sen2 x para todo x R. Entao f


e derivavel em R e f 0 (x) = 2(cosx)(senx) + 2(senx)(cosx) = 0 para todo
x R. Pela Proposicao 17.1 (a), temos que a funcao f e constante. Como
f (0) = 1, conclumos que cos2 x + sen2 x = 1 para todo x R.
Exemplo 17.2
Considere a funcao f (x) = x3 3x + 1. Vamos determinar os intervalos onde
f e crescente e aqueles onde f e decrescente.
Pela Proposicao 17.1, f e crescente nos intervalos onde a derivada
positiva. Ora, f 0 (x) = 3x2 3 = 3(x2 1). Conseq
uentemente, f 0 (x) >
se x2 1 > 0, ou seja, se x < 1 ou x > 1. Por outro lado, f 0 (x) <
se 1 < x < 1. Portanto, f e crescente em (, 1) (1, +) e f
decrescente em (1, 1).

e
0
0
e

19

CEDERJ

Funcoes crescentes e decrescentes.

Os dados acima nos permitem obter um esboco do grafico de f . Com


efeito, temos f (2) = 1. Como f e crescente em (, 1), para valores
de x menores ou iguais a -2, o grafico de f estara abaixo do eixo x das
abscissas e subindo em direcao ao ponto (2, 1). Sendo f (1) = 3 e
f ainda crescente no intervalo (2, 1), o grafico continua subindoate o
ponto (1, 3). Como f (1) = 1 e f e decrescente em (1, 1) fica claro
que, neste intervalo, o grafico desce do ponto (1, 3) ao ponto (1, 1).
Finalmente, como f (2) = 3 e f e de novo crescente em (1, +), a partir do
ponto (1, 1) o grafico de f sobe indefinidamente.

Reunindo as informacoes acima, podemos, agora, esbocar o grafico de


f (ver a Figura 17.3).
3

Figura 17.3
Exemplo 17.3
Considere a funcao
f (x) =

2x + 9 se x 2,
x2 + 1 se x > 2.

Vamos determinar os intervalos onde f e crescente e aqueles onde f


e decrescente. De novo, com as informacoes obtidas, esbocaremos o grafico
de f .
Para x < 2, f 0 (x) = 2; e, para x > 2, f 0 (x) = 2x. Alem disso,
(2)
(2)
= 4. Portanto, f nao
= 2 e lim + f (x)f
verifica-se que lim f (x)f
x(2)
x(2)
x2

x2

e derivavel em x = 2. Sendo a derivada de f positiva para x < 2, temos


que f e crescente no intervalo (, 2). Por outro lado, a derivada de f e
negativa no intervalo (2, 0), zero em x = 0 e positiva no intervalo (0, +).
Conclumos, assim, que f e crescente em (, 2) (0, +) e decrescente
em (2, 0).
CEDERJ

20

Funcoes crescentes e decrescentes.

MODULO
2 - AULA 17

Ja sabemos, pela propria definicao de f , que seu grafico no intervalo


(, 2] e uma reta. Sendo f (2) = 5, f (0) = 1 e f decrescente em (2, 0),
seu grafico entre os pontos (2, 5) e (0, 1) desce, subindo indefinidamente
a partir do ponto (0, 1) (ver a Figura 17.4).
5

1
4.5

Figura 17.4

Exemplo 17.4
Considere a funcao
2

f (x) = (x + 1) 3 (x 2) 3 .

Vamos determinar os intervalos onde f e crescente e aqueles onde f e


decrescente. Em seguida, esbocaremos o grafico de f .
A funcao f nao e derivavel em x = 1 e x = 2. Para x 6= 1 e
1
1
2
2
x 6= 2, temos f 0 (x) = (x + 1) 3 13 (x 2) 3 + 23 (x + 1) 3 (x 2) 3 , isto e,
 23 2 x+1  13
.
+ 3 x2
f 0 (x) = 13 x+1
x2

Desenvolvendo, obtemos:

f 0 (x) =

x1
2

(x 2) 3 (x + 1) 3

Sendo a derivada um quociente, seu sinal sera aquele resultante do


2
produto dos sinais do numerador, x 1, e do denominador, (x 2) 3 (x +
1
1) 3 , nos intervalos onde a derivada existe. Alem disso, como f 0 (x) = 0
somente para x = 1, e preciso tambem conhecer o sinal da derivada para
valores menores do que 1 e para valores maiores do que 1. Devemos, assim,
1
2
estudar os sinais de x 1 e (x 2) 3 (x + 1) 3 nos intervalos (, 1), (1, 1),
(1, 2) e (2, +). Para facilitar nossa vida, elaboramos uma tabela como na
Figura 17.5.
21

CEDERJ

Funcoes crescentes e decrescentes.

-1

x1
1
2
(x 2) 3 (x + 1) 3
x1
2

(x2) 3 (x+1) 3

+
-

+
+
+

+
+
+

Figura 17.5
As colunas sao separadas pelos pontos onde a derivada nao existe e
aqueles onde a derivada e zero, dispostos, da esquerda para a direita, em
ordem crescente, ou seja, -1, 1 e 2. Na primeira coluna, colocamos nas
linhas 1 e 2 as funcoes do numerador e do denominador, respectivamente; na
segunda, os respectivos sinais do numerador e do denominador para valores
menores do que -1; na terceira, os respectivos sinais no intervalo (1, 1); na
quarta, os respectivos sinais no intervalo (1, 2); e, na quinta, os sinais para
os valores maiores do que 2. A u
ltima linha da tabela corresponde ao sinal
1
2
resultante do produto dos sinais de x 1 e (x 2) 3 (x + 1) 3 , nos respectivos
intervalos.

Claramente, x 1 < 0 equivale a x < 1 e x 1 > 0 equivale a


p
2
x > 1. Agora, como (x 2) 3 = 3 (x 2)2 > 0 para todo x 6= 2, o si1
1
2
nal de (x 2) 3 (x + 1) 3 fica determinado pelo sinal de (x + 1) 3 , da o sinal
negativo para valores de x < 1 e positivo para valores de x > 1.

Estamos, agora, aptos a esbocar o grafico de f (ver a Figura 17.6).

1.6

Figura 17.6

Exemplo 17.5
Seja f uma funcao derivavel em todos os pontos, exceto em x = 2 e x = 2,
2
. Vamos determinar os intervalos onde f e
cuja derivada e f 0 (x) = xx2 1
4
crescente e aqueles onde f e decrescente. Temos que f 0 (x) = 0 para x = 1
CEDERJ

22

Funcoes crescentes e decrescentes.

MODULO
2 - AULA 17

e x = 1. Dispondo em ordem crescente os pontos onde f nao e derivavel


e aqueles onde a derivada e zero vemos, como no exemplo anterior, que
devemos estudar o sinal de f 0 nos intervalos, (, 2), (2, 1), (1, 1),
(1, 2) e (2, +). Analisando os sinais do numerador e do denominador temos:
x2 1 > 0 para x (, 1) (1, +) e x2 1 < 0 para x (1, 1);
x2 4 > 0 para x (, 2) (2, +) e x2 4 < 0 para x (2, 2).
Colocando essas informacoes na tabela (ver a Figura 17.7), conclumos que f
e crescente em (, 2)(1, 1)(2, +) e decrescente em (2, 1)(1, 2).
-2

x2 1
x2 4
x2 1
x2 4

-1

+
+
+

+
+
+

Figura 17.7
Ate aqui usamos informacoes sobre o sinal da derivada de uma funcao
para obter informacoes sobre seu crescimento ou decrescimento. Entretanto,
o fato de uma funcao ser, por exemplo, crescente num intervalo I, nao nos
permite concluir de que maneira ela cresce. Isso fica mais claro no seguinte
exemplo:
Exemplo 17.6
Sejam f, g : (0, 1) R duas funcoes cujos graficos sao como na Figura 17.8.
1

g
1

Figura 17.8
Ambas as funcoes sao crescentes em (0, 1). Entretanto, ha uma diferenca fundamental entre seus graficos: para todo x (0, 1), a reta tangente
ao grafico de f no ponto (x, f (x)) esta sob o grafico de f ao passo que a
reta tangente ao grafico de g no ponto (x, g(x)) esta sobre o grafico de g.
Geometricamente, isto se reflete nos graficos de f e g de maneira evidente.
23

CEDERJ

Funcoes crescentes e decrescentes.

Voce deve neste momento estar se perguntando de que maneira pode


ter certeza de que os esbocos dos graficos dos Exemplos 2, 3 e 4 sao de fato
aqueles indicados nas figuras. A resposta sera dada na proxima aula, onde
veremos rigorosamente como distinguir os dois comportamentos.

Resumo
Nesta aula estudamos, a partir do conceito de derivada, propriedades
de crescimento e decrescimento de funcoes. Como vimos, essas informacoes
sao muito importantes para compreendermos o comportamento de funcoes,
visando um esboco mais preciso de seu grafico.

Exerccios
1. Para cada uma das funcoes abaixo, encontre os intervalos onde ela e
crescente e aqueles onde ela e decrescente. Esboce o grafico.
a) f (x) = x3 12x + 11

b) f (x) = x3 9x2 + 15x 5

c) f (x) = x5 5x3 20x 2

d) f (x) = x2

e) f (x) =

x2
x+2

g) f (x) = x 4 x2

CEDERJ

24

i) f (x) =

x2 5 se x < 4,
10 3x se x 4.

j) f (x) =

(x 2)2 3 se x 5,
1
(x + 7) se x > 5.
2

k) f (x) =

3
x2
3

f) f (x) = x 5 8x 5

h) f (x) = (1 x)2 (1 + x)3

25 x2 se x 4,
7 x se x > 4.

6 se x 6,
x
p
l) f (x) =
4 (x 8)2 se 6 < x 10,

20 2x se x > 10.

Funcoes crescentes e decrescentes.

MODULO
2 - AULA 17

2. Seja f uma funcao contnua em R. Trace um esboco de um possvel


grafico de f sabendo que: f e derivavel para todo x R, exceto em
x = 3 e x = 1; f 0 (x) < 0 se x (, 3) (0, 1); f 0 (x) > 0 se
x (3, 0) (1, +); f 0 (0) = 0.
3. Seja f uma funcao como no Exerccio 2. Trace um possvel esboco do
grafico de f em cada um dos seguintes casos, onde e satisfeita a seguinte
condicao adicional:
(a) f 0 (x) = 1 se x (, 3) e f 0 (x) = 2 se x (1, +);
(b)

lim f 0 (x) = 1, lim + f 0 (x) = 1 e f 0 (x) 6= f 0 (y) para x 6= y.

x3

x3

4. Prove que a composta de duas funcoes crescentes e uma funcao crescente, valendo o mesmo para funcoes decrescentes..
5. Seja f uma funcao crescente em I. Prove que: (a) Se g(x) = f (x),
entao g e decrescente em I; (b) Se f (x) > 0 para todo x I e
1
, entao h e decrescente em I.
h(x) = f (x)

Auto-avaliac
ao:
Em todos os exerccios, e exigido de voce o perfeito entendimento da
definicao de funcao crescente e decrescente, principalmente nos de n
umero 4
e 5. A realizacao dos exerccios de n
umero 1 a 3 requer de voce a compreensao da Proposicao 17.1 para o estudo do comportamento de funcoes. Para
isso, o domnio do estudo do sinal de funcoes em intervalos, e das regras de
derivacao, bem como a interpretacao geometrica da derivada, sao absolutamente necessarios. Tendo alguma dificuldade na execucao dos mesmos releia
a aula e tente novamente. Permanecendo d
uvidas, procure o tutor no polo.

25

CEDERJ

Concavidade do grafico de funcoes.

MODULO
2 - AULA 18

Aula 18 Concavidade do gr
afico de fun
co
es.
Refer
encias: Aulas 9, 10,
11, 12, 16 e 17.

Objetivo
Usar a derivada segunda para identificar os diferentes tipos de comportamento de funcoes crescentes ou decrescentes.

Ao final da aula 17 (Exemplo 17.6), chamamos sua atencao para o fato


de que para uma funcao f crescente no intervalo I, temos duas possibilidades
para o comportamento do seu grafico entre dois de seus pontos (a, f (a)) e
(b, f (b)): um, como na Figura 18.1a e, outro, como na Figura 18.1b.

f(b)

f(b)

f(a)

f(a)
0

(a)

(b)

Figura 18.1

Analogamente, se f e decrescente em I, temos tambem as duas possibilidades de comportamento, indicadas nas Figuras 18.2a e 18.2b.

f(a)

f(a)

f(b)
0

f(b)
a

(a)

Figura 18.2

(b)

Nesta aula, veremos que esses diferentes tipos de comportamento podem ser bem determinados a partir da compreensao do comportamento da
derivada da funcao f .
27

CEDERJ

Concavidade do grafico de funcoes.

Facamos, primeiramente, uma consideracao de carater puramente


geometrico.
Observe que, nas situacoes das Figuras 18.1a e 18.2a, ao nos deslocarmos sobre o grafico, de (a, f (a)) a (b, f (b)), as retas tangentes giram no
sentido anti-horario, enquanto nas situacoes das Figuras 18.1b e 18.2b, elas
giram no sentido horario. Isso significa que, no primeiro caso, o coeficiente angular das retas tangentes aumenta a` medida que nos deslocamos de
(a, f (a)) a (b, f (b)); por outro lado, no segundo caso, ele diminui.
Agora, se f e derivavel em I, sabemos que o coeficiente angular da
reta tangente ao grafico em um ponto (x, f (x)) e f 0 (x). Assim, dizer que o
coeficiente angular das retas tangentes aumenta (respectivamente, diminui)
quando nos deslocamos de (a, f (a)) a (b, f (b)) equivale a dizer que a derivada
f 0 e uma funcao crescente (respectivamente, decrescente) em (a, b).
De maneira geral temos a seguinte definicao:
Definicao 18.1 Seja f uma funcao derivavel em um intervalo aberto I. Dizemos que o grafico de f tem concavidade para cima em I se a derivada
f 0 e uma funcao crescente em I; e tem concavidade para baixo em I se a
derivada f 0 e uma funcao decrescente em I.
Antes de prosseguir, vejamos um exemplo simples que nos permite fixar
o conceito de concavidade.
Exemplo 18.1
Considere as duas funcoes crescentes f, g : (0, +) R, definidas por

f (x) = x2 e g(x) = x. As duas funcoes sao derivaveis em (0, +),


f 0 (x) = 2x e g 0 (x) = 21 x . Como para quaisquer x1 , x2 (0, +) com
x1 < x2 , f 0 (x1 ) < f 0 (x2 ) e g 0 (x1 ) > g 0 (x2 ), temos que f 0 e crescente em
(0, +) e g 0 e decrescente em (0, +).

Assim, f tem concavidade para cima em (0, +) e g tem concavidade


para baixo em (0, +), sendo seus graficos como na Figura 18.3.

CEDERJ

28

Concavidade do grafico de funcoes.

MODULO
2 - AULA 18

f
g

Figura 18.3
Vimos, na aula 17, que os sinais da derivada determinam os intervalos
onde uma funcao e crescente ou decrescente. Suponha entao que uma funcao
f definida em um intervalo aberto I e tal que sua derivada f 0 e derivavel em
I. Neste caso dizemos que f e duas vezes deriv
avel em I e denotamos por
00
0
00
f a derivada da funcao f , chamada derivada segunda de f . Os sinais de f
0
em I determinam entao, em quais intervalos f e crescente e em quais ela e
decrescente e, portanto, determinam em quais intervalos o grafico de f tem
concavidade para cima e em quais ele tem concavidade para baixo.
Temos, assim, a seguinte proposicao:
Proposicao 18.1
Seja f uma funcao duas vezes derivavel no intervalo aberto I.
00

(a) Se f (x) > 0 para todo x I, o grafico de f tem concavidade para


cima em I.
00

(b) Se f (x) < 0 para todo x I, o grafico de f tem concavidade para


baixo em I.
00

00

No Exemplo 18.1, f (x) = 2 > 0 para x (0, +) e g (x) = 13 < 0


4x 2
para x (0, +), mostrando que o grafico de f tem concavidade para cima
em (0, +) e o grafico de g tem concavidade para baixo em (0, +).

Exemplo 18.2
2

Considere a funcao f (x) = (x + 1) 3 (x 2) 3 do Exemplo 17.4. A funcao f


so nao e derivavel em x = 1 e x = 2, e sua derivada para x 6= 1 e x 6= 2
0
x1
e crescente em (, 1) (1, +)
e f (x) =
1 . Vimos que f
2
(x2) 3 (x+1) 3

e decrescente em (1, 1). Vamos, agora, estudar a concavidade do grafico

29

CEDERJ

Concavidade do grafico de funcoes.


0

de f . Por propriedades de funcoes derivaveis, f e derivavel em (, 1)


(1, 2) (2, +) e
1 

2
 
1
2
1 x2 3 2 x+1 3
3
3
+
(x 2) (x + 1) (x 1)
3 x2
3 x+1
00
=
f (x) =
2
4
3
3
(x 2) (x + 1)
2
3

(x 2) (x + 1)

1
3

2 1
1
+
1 (x 1)
3(x + 1) 3 (x 2)
4

(x 2) 3 (x + 1) 3

2(x 1)
x1

3(x + 1) 3(x 2)
1

(x 2) 3 (x + 1) 3

3(x + 1) 3 (x 2) 3



00

Para estudar o sinal de f , utilizamos, como na aula anterior, o auxlio


da tabela de sinais (ver a Figura 18.4).
-1

-6
4
3

3(x + 1) (x 2)
6
4

3(x+1) 3 (x2) 3

5
3

Figura 18.4
Pela Proposicao 18.1, conclumos que o grafico de f tem concavidade
para cima em (, 1) (1, 2) e concavidade para baixo em (2, +).
Voce pode, agora, conferir o esboco do grafico indicado na Figura 17.6.

Exemplo 18.3
Considere a funcao f (x) = x + x1 , definida para x 6= 0. Vamos determinar
os intervalos onde f e crescente, aqueles onde ela e decrescente, os intervalos
onde o grafico de f tem concavidade para cima, e aqueles onde o grafico de
f tem concavidade para baixo.
0

A funcao f e derivavel em todo ponto x 6= 0 e f (x) = 1 x12 = x x1


2 .
Colocando em ordem crescente os pontos onde a derivada se anula, devemos
0
estudar o sinal de f nos intervalos (, 1), (1, 0), (0, 1) e (1, +).
CEDERJ

30

Concavidade do grafico de funcoes.

MODULO
2 - AULA 18

A tabela de sinais de f (Figura 18.5) nos mostra que f e crescente em


(, 1) (1, +) e decrescente em (1, 0) (0, 1).
-1

x2 1
x2
x2 1
x2

+
+
+

+
-

+
-

+
+
+

Figura 18.5
00

Para estudar a concavidade, observe primeiro que f (x) = x23 para


00
00
todo x 6= 0. Como f (x) < 0 para todo x (, 0) e f (x) > 0 para todo
x (0, +), conclumos que o grafico de f tem concavidade para cima em
(0, +) e concavidade para baixo em (, 0).

Voce deve tambem observar que f (x) < 0 se x < 0 e f (x) > 0 se x > 0.
Alem disso, a reta x = 0 e uma assntota vertical ao grafico de f , visto que
limx0 f (x) = e limx0+ f (x) = +. Agora, vamos reunir todas as
informacoes obtidas, para esbocar o grafico de f .

Assntotas verticais: aula 5;


assntotas horizontais: aula
8.

A funcao f assume valores negativos para x < 0; ela e crescente em


(, 1), f (1) = 2 e seu grafico tem concavidade para baixo nesse
intervalo. No intervalo (1, 0) ela e decrescente, seu grafico tambem tem
concavidade para baixo e a reta x = 0 e uma assntota vertical ao grafico de f .
Conclumos, portanto, que no intervalo (, 0) o grafico de f e como
indicado na Figura 18.6.

1
2

Figura 18.6
A funcao f assume valores positivos para x > 0; ela e decrescente em
(0, 1), f (1) = 2, ela e crescente em (1, +) e seu grafico tem concavidade
para cima em (0, +). Temos, portanto, que o grafico de f e como na Figura
18.7.
31

CEDERJ

Concavidade do grafico de funcoes.

2
1

1
2

Figura 18.7
Exemplo 18.4
Considere a funcao f (x) = x3 6x2 +9x+1. Sendo f uma funcao polinomial,
0
0
0
ela e derivavel em todo x R e f (x) = 3x2 12x+9; logo, f (1) = f (3) = 0.
0
0
Como f (x) > 0 para x (, 1) (3, +) e f (x) < 0 para x (1, 3), f e
0
crescente em (, 1)(3, +) e decrescente em (1, 3). Agora, f e derivavel
00
00
00
e sua derivada e f (x) = 6x 12. Como f (x) < 0 se x < 2 e f (x) > 0 se
x > 2, o grafico de f tem concavidade para baixo em (, 2) e concavidade
para cima em (2, +).
Dispondo as informacoes obtidas nas respectivas tabelas de sinais de f
00
e f , como indicado na Figura 18.8,
1

f 0 (x)
f 00 (x)

Figura 18.8
Podemos, agora, esbocar o grafico de f (ver a Figura 18.9).

Figura 18.9

CEDERJ

32

+
+

Concavidade do grafico de funcoes.

MODULO
2 - AULA 18

Voce deve ter notado que o ponto (2, 3), do grafico do Exemplo 18.4,
tem uma certa particularidade; antes dele, o grafico de f tem concavidade
para baixo e, apos ele, o grafico de f tem concavidade para cima. De outra maneira, podemos dizer que o ponto (2, 3) e um ponto de mudanca de
concavidade do grafico. O mesmo ocorre com o ponto (2, 0), do Exemplo
18.2, so que, neste caso, antes dele o grafico de f tem concavidade para cima
e, apos ele, o grafico de f tem concavidade para baixo. Estes pontos sao
denominados pontos de inflex
ao e serao estudados em detalhe na proxima
aula.
Exemplo 18.5
2

, definida para todo x R. Vamos fazer o


Considere a funcao f (x) = (x+1)
x2 +1
estudo do crescimento e decrescimento da funcao f e da concavidade de seu
grafico.
0

+2
. Como o denomiDerivando e simplificando, obtemos f (x) = 2x
(x2 +1)4
0
nador e positivo para qualquer valor de x, o sinal de f fica determinado pelo
0
0
0
sinal do numerador, 2x2 + 2. Assim, f (1) = f (1) = 0, f (x) > 0 se
0
x (1, 1) e f (x) < 0 se x (, 1) (1, +). Conclumos, portanto,
que f e crescente em (1, 1) e decrescente em (, 1) (1, +).
0

A funcao f e derivavel em todo ponto e

(x2 + 1)4 (4x) (2x2 + 2)4(x2 + 1) 2x


=
f (x) =
(x2 + 1)8
00

(x2 + 1)(4x) (2x2 + 2)8x


=
(x2 + 1)5

12x3 20x
.
(x2 + 1)5
00

O sinal de f e determinado pelo sinal do numerador, ou seja,


x(12x2q
20). Os valores para os quais o numerador se anula sao x = 0 e

x = 53 . Dispondo esses valores em ordem crescente na tabela de sinais (ver


a Figura q
18.10), conclu
q paraqbaixo em
q mos que o grafico de f tem concavidade


5
5
5
, + .
, 3 0, 3 e concavidade para cima em 53 , 0
3

33

CEDERJ

Concavidade do grafico de funcoes.

+
-

x
12x2 20
f 00 (x)

5
3

5
3

+
+
+

Figura 18.10
Para esbocar o grafico de f , necessitamos de mais algumas informacoes.
Observe que f (x) 0 para todo x R e f (x) = 0 somente se x = 1.
x2 +2x+1
2
x x +1

Temos tambem, lim f (x) = lim


x

= lim

1
x2
1
1+ 2
x

1+ x2 +

reta y = 1 e uma assntota horizontal ao grafico de f .

= 1, ou seja, a

Vamos, agora, reunir as informacoes obtidas para esbocar o grafico de


f : f e decrescente em (, 1), f (1) = 0 e f e crescente
em (1, 1). Seu
q 
grafico tem concavidade para baixo em , 53 e concavidade para
q 
cima em 53 , 0 . No intervalo (, 0] o grafico de f e, entao, como na
Figura 18.11.

Figura 18.11
A funcao f e decrescenteqem (1, +), f (1) = 2, o graficoq
de f tem


5
,
+
.
concavidade para baixo em 0, 53 e concavidade para cima em
3
O esboco do grafico de f e, entao, como indicado na Figura 18.12.

2
1

5
3

Figura 18.12
CEDERJ

34

1 q5

Concavidade do grafico de funcoes.

MODULO
2 - AULA 18

Voce deve ter observado que, para esbocar o grafico de uma funcao f ,
temos ate agora quatro etapas a considerar:
1) determinar, caso existam, os pontos de descontinuidade de f ;
2) determinar, caso existam, as assntotas verticais e horizontais ao grafico
de f ;
0

3) fazer o estudo do sinal de f ;


00

4) fazer o estudo do sinal de f .


importante ressaltar que para o estudo de sinais de f 0 (respectivamente,
E
00
f ) utiliza-se a tabela de sinais, onde dispomos em ordem crescente os pontos
0
00
0
onde f (respectivamente, f ) nao existe e aqueles onde f (respectivamente,
00
0
f ) se anula para, em seguida, determinarmos o sinal de f (respectivamente,
00
f ) nos intervalos determinados por tais pontos.

Resumo
Nesta aula voce aprendeu como calcular a derivada segunda de uma
funcao e como essa pode contribuir para o estudo da concavidade de seu
grafico.

Exerccios
1. Para cada uma das funcoes abaixo determine:
(i) os intervalos onde ela e crescente e aqueles onde ela e decrescente;
(ii) os intervalos onde o grafico tem concavidade para cima e aqueles
onde a concavidade e para baixo.
Finalmente, faca o esboco do grafico.
1
x

(a) f (x) = x3 + x2 5x

(b) f (x) = x2

(d) f (x) = x 5 8x 5

(e) f (x) = 3x4 + 8x3 18x2 + 12

(f) f (x) = x2 (12 x2 )

(g) f (x) = x

4
x2

(c) f (x) =

(h) f (x) =

x+

4
x

2x
x+2
1

(i) f (x) = x2 (x + 4)3


(j) f (x) = 3x5 + 5x4 (k) f (x) = x 3 + 2x 3
(
(
2(x 1)3 se x < 1
x3 se x < 0
(m)
f
(x)
=
(l) f (x) =
(x 1)3 se x 1.
x3 se x 0
35

CEDERJ

Concavidade do grafico de funcoes.

2. Em cada um dos itens abaixo, esboce o grafico de uma funcao contnua


com as propriedades indicadas.
(a) f (1) = 2, f (0) = 0, f (1) = 2, f (3) = 0, f (4) = 1, f (x) < 0
0
0
se x < 0, f (x) < 0 se x (, 1) (1, 3), f (x) > 0 se x
00
(1, 1) (3, +), f (x) < 0 se x (, 32 ) (0, 32 ) (4, +) e
00
f (x) > 0 se x ( 32 , 0) ( 32 , 4).

(b) f (x) > 0 se x (, 2) (1, +), f (0) = 0, lim f (x) = 0,


x

lim f (x) = lim + f (x) = +, lim f (x) = , lim+ f (x) = +,


x1

x2

x2
0

x1

f (x) > 0 se x (, 2) (2, +), f (x) < 0 se x (2, 1) (1, 2),


00
00
f (x) < 0 se x (0, 1) e f (x) > 0 se x (, 2)(2, 0)(1, +).
3. Na Figura 18.13 quatro graficos de funcoes sao apresentados, todas
elas definidas no intervalo [a, e]. Em cada caso, o intervalo [a, e] esta
dividido em quatro subintervalos [a, b], [b, c], [c, d] e [d, e]. Suponha que
as funcoes que eles representam sao duas vezes derivaveis no interior
de cada subintervalo. Determine em quais destes intervalos
(i) a funcao dada e crescente;
(ii) a funcao dada e decrescente;
(iii) o grafico tem concavidade para cima;
(iv) o grafico tem concavidade para baixo.

Figura 18.13

CEDERJ

36

Concavidade do grafico de funcoes.

MODULO
2 - AULA 18

4. Seja f uma funcao derivavel no intervalo aberto I. Suponha que em I


o grafico de f tem concavidade para cima (segundo a Definicao 18.1).
0
Mostre que se a, b I e a < b, entao f (b) > f (a) + f (a)(b a).
Sugestao: use o Teorema do valor medio (aula 16).

Desafio
Seja f uma funcao derivavel no intervalo aberto I. Suponha que o
grafico de f tem concavidade para cima em I. Prove que para quaisquer
a, b I tem-se f (ta + (1 t)b) < tf (a) + (1 t)f (b) para todo t (0, 1).

Auto-avaliac
ao
Nos Exerccios 1, 2 e 3, voce deve mostrar que realmente absorveu os
conceitos envolvidos na aula anterior e nesta aula. Neles, como nos exerccios
da aula 17, voce deve dominar o estudo do sinal de funcoes. Nao prossiga
para a aula seguinte caso tenha dificuldade nesses exerccios. O exerccio de
n
umero 4 e o Desafio sao mais sutis mas devem ser tentados com empenho.

37

CEDERJ

Pontos de inflexao. Derivadas de ordem superior.

MODULO
2 - AULA 19

Aula 19 Pontos de inflex


ao. Derivadas de
ordem superior.
Objetivo
Usar o conceito de derivada para identificar os pontos onde ocorrem
mudancas de concavidade no grafico de uma funcao.

Chamamos sua atencao, na aula 18, para os pontos do grafico de uma


funcao onde ocorrem mudancas de concavidade.
Veremos que tais pontos podem ter caractersticas distintas e estaremos
interessados apenas naqueles onde o grafico possui reta tangente. Vejamos
alguns exemplos:

Refer
encias: Aulas 9, 10,
11, 12, 16, 17 e 18.

Exemplo 19.1
Considere a funcao
f (x) =

x2 se x < 1,
2x2 + 3 se x 1.

O grafico de f e como na Figura 19.1.

Figura 19.1
00

00

Note que f (x) existe para todo x 6= 1, f (x) = 2 > 0 se x < 1 e


00
f (x) = 4 < 0 se x > 1. Assim, o ponto (1, f (1)) = (1, 1) e um ponto de
mudanca de concavidade do grafico de f .

39

CEDERJ

Pontos de inflexao. Derivadas de ordem superior.

Agora, como
(x + 1)(x 1)
x2 1
f (x) f (1)
= lim (x + 1) = 2
= lim
= lim
lim
x1
x1
x1 x 1
x1
x1
x1

e
lim+

x1

2(x + 1)(x 1)
(2x2 + 3) 1
f (x) f (1)
=
= lim+
= lim+
x1
x1
x1
x1
x1

= lim+ 2(x + 1) = 4,
x1

temos que f nao e derivavel em x = 1. O fato dos dois limites laterais acima
serem distintos, nos mostra, alem da nao derivabilidade de f no ponto 1, a
inexistencia de reta tangente ao grafico de f no ponto (1, 1). Assim, o ponto
(1, 1) e um ponto de mudanca de concavidade do grafico de f , mas neste
ponto ele nao possui reta tangente.
Lembramos que se f
e
deriv
avel num ponto c, ent
ao
seu gr
afico possui reta
tangente em (c, f (c)).
Entretanto, a recproca
e
falsa, isto
e, o gr
afico de uma
funca
o pode possuir reta
tangente em um ponto
(c, f (c)) de seu gr
afico sem,
no entanto, a funca
o ser

deriv
avel em c. E
exatamente o caso do
Exemplo 19.2.

Vejamos, agora, um exemplo de um ponto (c, f (c)) onde o grafico de


f muda de concavidade, f nao e derivavel em c, mas seu grafico possui reta
tangente em (c, f (c)).
Exemplo 19.2
1

00

00

Considere a funcao f (x) = x3 . Para x 6= 0, f (x) = 29 x 3 . Assim, f (x) < 0


00
se x (0, +) e f (x) > 0 se x (, 0), ou seja, o ponto (0, 0) e um
ponto de mudanca de concavidade do grafico de f .

Agora,
1

1
x3
f (x) f (0)
= lim 2 = +,
= lim
lim
x0 x 3
x0 x
x0
x0
mostrando que f nao e derivavel em x = 0. Por outro lado, voce pode ver que
(0)
(0)
coincidirem e serem
e lim f (x)f
o fato dos limites laterais lim+ f (x)f
x0
x0
x0

x0

iguais a +, significa que a reta tangente ao grafico de f no ponto (0, 0)


e a reta vertical x = 0. Assim, o ponto (0, 0) e um ponto de mudanca de
concavidade do grafico de f , o qual admite reta tangente no ponto (0,0) (ver
a Figura 19.2).

CEDERJ

40

Pontos de inflexao. Derivadas de ordem superior.

MODULO
2 - AULA 19

Figura 19.2
No exemplo a seguir, o ponto (c, f (c)) e um ponto de mudanca de
concavidade do grafico de f tal que f e derivavel em x = c.
Exemplo 19.3
Considere a funcao f (x) = x3 6x2 + 9x + 1, do Exemplo 18.4. Como
00
00
00
f (x) = 6x 12, temos que f (x) < 0 se x (, 2) e f (x) > 0 se
x (2, +), ou seja, o ponto (2, 3) e um ponto de mudanca de concavidade
do grafico de f . Sendo f derivavel em todo ponto, seu grafico possui, em
particular, reta tangente no ponto (2, 3).
Os exemplos acima motivam a seguinte definicao:
Definicao 19.1 Seja f uma funcao derivavel em um intervalo aberto I contendo c, exceto possivelmente em x = c. O ponto (c, f (c)) e dito um ponto
de inflex
ao do gr
afico de f se o grafico de f possui reta tangente em
(c, f (c)) e se existem a, b I, com a < c < b, tais que:
00

ou

00

(a) f (x) > 0 para todo x (a, c) e f (x) < 0 para todo x (c, b)
00

00

(b) f (x) < 0 para todo x (a, c) e f (x) > 0 para todo x (c, b).
Voce pode constatar, a partir da Definicao 19.1, que o ponto (1, 1) do
Exemplo 19.1 nao e um ponto de inflexao pois, embora seja um ponto de
mudanca de concavidade (satisfaz (a)), ele e um ponto onde o grafico nao
admite reta tangente.
Voce deve ter notado tambem que, na definicao de ponto de inflexao,
nada e dito a respeito da derivada segunda de f no ponto c. Veja que, no
00
Exemplo 19.2, (0, 0) e um ponto de inflexao, mas f (0) nao existe. Ja no
00
Exemplo 19.3, (2, 3) e um ponto de inflexao do grafico de f , f (2) existe e
00
f (2) = 0.

No dicion
ario de Ant
onio
Houaiss, ele se utiliza de
uma citaca
o para
exemplificar o significado
liter
ario de ponto de
inflex
ao. A citaca
o diz:
Antes de atingir a foz, o rio
inflecta-se no rumo oeste.
Vemos aqui, que
e como se o
rio mudasse suavemente de
direca
o rumo a
` oeste.
Podemos, de fato, perceber
uma certa semelhanca com o
conceito matem
atico de
ponto de inflex
ao, sendo este
u
ltimo mais preciso, como
veremos ao longo da aula.

A proposicao a seguir, mostra que o que ocorre no Exemplo 19.3 nao e


uma mera coincidencia.
41

CEDERJ

Pontos de inflexao. Derivadas de ordem superior.

Proposicao 19.1
Se (c, f (c)) e um ponto de inflexao do grafico de uma funcao f e, se alem
00
00
disso, f (c) existe, entao f (c) = 0.
0

Demonstra
c
ao: Considere a funcao g(x) = f (x). Por definicao de ponto
de inflexao, existem a, b I, com a < c < b, tais que ou (a) ou (b) e
satisfeito. Faremos o caso em que (a) e satisfeito; o outro caso e analogo.
0
00
Como g (x) = f (x), temos por (a) que g e crescente em (a, c) e decrescente
em (c, b).
00

Por outro lado, f (c) existe, por hipotese e, por definicao,


0

g(x) g(c)
f (x) f (c)
.
= lim
f (c) = lim
xc
xc
xc
xc
00

> 0. ConAgora, se x (a, c), g(x) g(c) < 0, donde g(x)g(c)


xc
00
g(x)g(c)
clumos, assim, que f (c) = lim xc 0. Para x (c, b), ao contrario,
xc

g(x)g(c)
xc
00

00

0. Portanto,
< 0, donde conclumos que f (c) = lim+ g(x)g(c)
xc
xc

f (c) = 0, como queramos demonstrar.


importante notar que a recproca da proposicao e falsa, isto e, se a
E
derivada segunda de uma funcao e zero em um ponto c, nao e necessariamente
verdadeiro que (c, f (c)) seja um ponto de inflexao. Vejamos um exemplo:
Exemplo 19.4
00

00

A funcao f (x) = x4 satisfaz f (0) = 0, mas f (x) > 0 se x (, 0)


(0, +). Assim (0, 0) nao e um ponto de inflexao, pois nao e um ponto de
mudanca de concavidade.
00

Por outro lado, se f (c) existe e a, b R sao tais que a < c < b e
00
f (x) tem sinais distintos em (a, c) e (c, b), entao (c, f (c)) e um ponto de
00
inflexao. Com efeito, por hipotese, f satisfaz (a) ou (b) da Definicao 19.1.
00
0
Como f (c) existe, temos que f (c) tambem existe; logo, o grafico de f possui
reta tangente em (c, f (c)), o que mostra a afirmacao. Em particular, pela
00
Proposicao 19.1, f (c) = 0. Conclumos, assim, que para determinar os
pontos de inflexao de uma funcao duas vezes derivavel em um intervalo I,
00
basta determinar os pontos c I que satisfazem f (c) = 0 e verificar se
00
existem a, b I, com a < c < b, tais que f (x) possua sinais distintos em
(a, c) e (c, b).
Exemplo 19.5
0

CEDERJ

42

00

Considere a funcao f (x) = (1 4x)3 . Temos f (x) = 12(1 4x)2 e f (x) =


96(1 4x), para todo x R.

Pontos de inflexao. Derivadas de ordem superior.


00

MODULO
2 - AULA 19
00

Assim, f e decrescente em R, e como f ( 14 ) = 0, f (x) > 0 se x


00
(, 14 ) e f (x) < 0 se x ( 14 , +), conclumos que o ponto ( 14 , 0) e um
ponto de inflexao do grafico de f (ver a Figura 19.3).

1
4

Figura 19.3

Derivadas de ordem superior


Vimos na aula anterior e na primeira parte desta aula, o interesse da
00
derivada segunda f de uma funcao f para o estudo do comportamento de
seu grafico. Em alguns exemplos, observamos que o fato da derivada primeira
0
f (t) existir, para t em um intervalo nao trivial contendo x, nao garante a
0
00
existencia da derivada de f em x, f (x), dita a derivada de segunda ordem
00
de f em x. Quando f (x) existe, dizemos que f e duas vezes deriv
avel em x.
00
Analogamente, se f (t) existe para t em um intervalo nao trivial contendo x,
00
00
podemos estudar a derivabilidade de f em x. Quando f e derivavel em x,
000
dizemos que f e tres vezes deriv
avel em x e denotamos por f (x) a derivada
00
de f em x, usualmente chamada a derivada de terceira ordem de f em x.
Em geral, se n e um inteiro positivo tal que f (n1) (t) existe para t em um
intervalo nao trivial contendo x, podemos estudar a derivabilidadede f (n1)
em x. Quando f (n1) e derivavel em x, dizemos que f e n vezes deriv
avel em
x e denotamos por f (n) (x) a derivada de f (n1) em x, usualmente chamada
a derivada de ordem n de f em x.
A funcao f (n) , que a cada x associa o n
umero real f (n) (x) (definida no
conjunto dos x para os quais f (n) (x) existe), e dita a derivada de ordem n de
f . No caso em que n = 2, f (2) e dita a derivada segunda de f e, no caso em
que n = 3, f (3) e dita a derivada terceira de f .
Exemplo 19.6
Considere a funcao f (x) = x6 + 2x4 x3 + 2x + 1. Note que f (n) (x) existe
para todo inteiro positivo n e para todo x R.

43

CEDERJ

Pontos de inflexao. Derivadas de ordem superior.

Com efeito, para todo x R, temos


f (1) (x)
f (2) (x)
f (3) (x)
f (4) (x)
f (5) (x)
f (6) (x)

=
=
=
=
=
=

f (x) = 6x5 + 8x3 3x2 + 2,


00
f (x) = 30x4 + 24x2 6x,
000
f (x) = 120x3 + 48x 6,
360x2 + 48,
720x,
720 .

Como f (6) e uma funcao constante, temos


f (7) (x) = 0,
f (8) (x) = 0,
..
.
ou seja, f (n) (x) = 0 para todo n 7 e para todo x R.
Exemplo 19.7
Considere a funcao f (x) =
0
00
000
f (0), f (2), f (0).

x+1
,
x1

definida para x 6= 1. Vamos determinar

Realmente, para todo x 6= 1,


0

f (x)

2
,
(x1)2
4
,
(x1)3

00

f (x) =

e
000

f (x) =
0

00

12
.
(x 1)4
000

Assim, f (0) = 2, f (2) = 4 e f (0) = 12.


Uma outra notacao utilizada para derivadas de ordem superior e a
notacao de Leibniz: Se f e uma funcao da variavel x, a derivada de primeira
2
df
, a de segunda ordem por ddxf2 e a derivada de ordem
ordem e denotada por dx
n
n e denotada por ddxnf .

Na aula 13, voce aprendeu a derivar funcoes que sao definidas implicitamente. O exemplo seguinte ilustra como encontrar derivadas de ordem
superior para funcoes definidas implicitamente.
Exemplo 19.8
Seja y uma funcao da variavel x, duas vezes derivavel, y > 0, definida implid2 y
dy
e dx
citamente por 3x2 + 4y 2 = 9. Vamos determinar dx
2.

Derivando implicitamente, temos


CEDERJ

44

Pontos de inflexao. Derivadas de ordem superior.

MODULO
2 - AULA 19

dy
= 0,
6x + 8y dx

de maneira que

6x
dy
.
=
8y
dx
2

d y
Para determinarmos dx
2 devemos encontrar a derivada de um quociente,
tendo em mente que y e uma funcao de x. Assim,

dy
8y(6) (6x) 8 dx
d2 y
=
=
64y 2
dx2

48y (48x)

48y

64y 2

64y 2

36x
y

6x
8y

48y 2 36x
.
64y 3

Resumo
Nesta aula, voce aprendeu o conceito de ponto de inflexao do grafico
de uma funcao, e como determina-los. Em seguida, voce aprendeu como a
operacao de derivacao pode ser realizada repetidas vezes.

Exerccios
1. Para cada funcao abaixo, determine onde ela e crescente, onde e decrescente, onde o grafico da funcao e concavo para cima, onde e concavo
para baixo e encontre, se existirem, os pontos de inflexao. Esboce o
grafico.
(a) f (x) = x3 + 7x

(b) g(x) = 2x3 12 x2 7x + 2

(c) f (x) = x4 8x3 + 24x2

(d) f (x) =

x
x2 1

(f) g(x) = (x 2) 5
(e) f (x) = x + x1
(
x2 se x < 0
(g) f (x) =
x2 se x 0
(
x2 se x < 1
(h) g(x) =
x3 4x2 + 7x 3 se x 1.
45

CEDERJ

Pontos de inflexao. Derivadas de ordem superior.

2. Se f (x) = ax2 + bx + c, determine a, b e c tais que o grafico de f tenha


um ponto de inflexao em (1, 2) e tais que o coeficiente angular da reta
tangente neste ponto seja -2.
3. Em cada item abaixo, trace o esboco da parte do grafico de uma funcao
f que passe pelo ponto (c, f (c)) e satisfaca a condicao dada. Se as
condicoes forem incompletas ou inconsistentes, explique porque. Supoese sempre que f seja contnua em um intervalo aberto contendo c.
0

00

00

(a) f (x) > 0 se x < c; f (x) < 0 se x > c; f (x) > 0 se x < c;
00
f (x) < 0 se x > c.
(b) f (x) > 0 se x < c; f (x) > 0 se x > c; f (x) > 0 se x < c;
00
f (x) < 0 se x > c.
00

00

00

00

(c) f (c) = 0; f (c) = 0; f (x) > 0 se x < c; f (x) > 0 se x > c.


00

(d) f (c) = 0; f (x) > 0 se x < c; f (x) > 0 se x > c.


00

00

(e) f (c) = 0; f (c) = 12 ; f (x) > 0 se x < c; f (x) < 0 se x > c.


0

00

00

(f) f (c) nao existe; f (x) > 0 se x < c; f (x) > 0 se x > c.
4. Encontre as derivadas primeira e segunda de cada uma das funcoes
abaixo.

(a) f (x) = x4 3x3 x2 + 9


(b) f (x) = x x2 1
1

(c) f (t) = (2t3 + 5) 3

(e) f (x) = xsen(x2 + x + 3) +

1
x

(d) g(y) =

2 y

2+ y

(f) f (x) =

xsenx
.
x+1

5. Sabendo que x 3 + y 2 = 6, encontre

6. Encontre

d2 y
,
dx2

d3 y
.
dx3

onde y e dada implicitamente por x3 + y 3 = 1.

00

00

7. Encontre f (x), f (x) e estabeleca os domnios de f e f para

f (x) =

x2
|x|

se x 6= 0,

0 se x = 0.

Auto-avaliac
ao
Se voce compreendeu o conceito de ponto de inflexao e, portanto,
domina as relacoes entre derivabilidade de uma funcao em um ponto e a
existencia de reta tangente ao grafico da funcao, voce nao tera dificuldade
para resolver os exerccios de n
umeros 1, 2 e 3. Os exerccios restantes so
exigem o domnio das tecnicas de derivacao.
CEDERJ

46

Exerccios resolvidos.

MODULO
2 - AULA 20

Aula 20 Exerccios resolvidos.


Objetivos
Fixar os conceitos vistos ate agora, visando o esboco do grafico de
funcoes.

Refer
encias: Aulas 5, 6, 8,
16, 17, 18 e 19.

Ate agora, aprendemos varios conceitos e tecnicas que sao fundamentais


para o esboco do grafico de funcoes, a saber:
(i) continuidade,
(ii) assntotas verticais e horizontais,
(iii) crescimento e decrescimento de funcoes,
(iv) concavidade do grafico de funcoes e
(v) pontos de inflexao.
Nesta aula, vamos utilizar todo este ferramental para esbocar o grafico
de funcoes. Em cada um dos exerccios estudaremos, um a um, os conceitos
listados acima para, em seguida, esbocar o grafico da funcao.

Exerccio 1: Considere a funcao


(
x2 + 2x + 3 se x 0,
f (x) =
x1 se x > 0.

Solu
c
ao: (i) Continuidade de f . Como p(x) = x2 + 2x + 3 e um polinomio e
1
x

e contnua em (0, +), f e contnua em todo ponto x 6= 0. Vamos, entao,


estudar a continuidade de f em x = 0. Para isso, devemos determinar os
limites laterais em x = 0.
Ora,
lim f (x) = lim (x2 + 2x + 3) = 3

x0

x0

e
lim+ f (x) = lim+

x0

x0

= lim+
x0

1
= .
x
47

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Exerccios resolvidos.

Conclumos, entao, que nao existe lim f (x) e, portanto, f nao e contnua
x0
em x = 0.
(ii) Assntotas verticais e horizontais.
Acabamos de ver que
lim f (x) =

x0+

ou seja, a reta x = 0 e uma assntota vertical ao grafico de f . Como para


todo ponto a 6= 0 lim f (x) = f (a), a reta x = 0 e a u
nica assntota vertical
xa
ao grafico de f .
Para as assntotas horizontais devemos determinar os limites no infinito.
Como
lim f (x) = lim (x2 + 2x + 3) = lim x2 = +
x

e
lim f (x) = lim

x+

x+

= 0,

temos que a reta y = 0 e a u


nica assntota horizontal ao grafico de f .
(iii) Crescimento e decrescimento de f .
0

A funcao f so nao e derivavel em x = 0, f (x) = 2x+2 para x (, 0)


0
0
e f (x) = x12 para x (0, +). Assim, f (x) > 0 se x (1, 0) (0, +) e
0
f (x) < 0 se x (, 1), ou seja, f e crescente em x (1, 0) (0, +)
e decrescente em x (, 1).

(iv) Concavidade do grafico de f .


Podemos observar do item (iii) que f e duas vezes derivavel em todo
00
00
x 6= 0, f (x) = 2 se x (, 0) e f (x) = x23 se x (0, +). Assim,
00
00
f (x) > 0 se x (, 0) e f (x) < 0 se x (0, +), ou seja, o grafico
de f tem concavidade para cima em (, 0) e concavidade para baixo em
(0, +).

(v) Pontos de inflexao.


00

Como f so muda de sinal em x = 0, o ponto (0, f (0)) seria o u


nico
candidato a ponto de inflexao do grafico de f . Entretanto, f nao e sequer
contnua em x = 0, logo o grafico de f nao possui reta tangente em (0, f (0)) =
(0, 3). Assim, conclumos que o grafico de f nao possui pontos de inflexao.
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48

Exerccios resolvidos.

MODULO
2 - AULA 20

Reunindo todas as informacoes obtidas, podemos, agora, esbocar o


grafico (ver a Figura 20.1).

-3
-2

1
1

Figura 20.1
Exerccio 2: Considere a funcao f (x) =

Solu
c
ao: (i) Continuidade de f .

x2 se x < 1,
x3 4x2 + 7x 3 se x 1.

Sendo p(x) = x2 contnua em (, 1) e h(x) = x3 4x2 +7x3 contnua


em (1, +), a funcao f e contnua em (, 1) (1, +). Resta, portanto,
analisar a continuidade de f em x = 1. Para isso, devemos determinar os
limites laterais em x = 1.
Ora,
lim f (x) = lim x2 = 1

x1

x1

e
lim f (x) = lim+ (x3 4x2 + 7x 3) = 1.

x1+

x1

Assim, existe lim f (x) = 1 = f (1), donde conclumos que f e contnua


x1
em x = 1. Logo, f e contnua em R.
(ii) Assntotas verticais e horizontais.
Como f e contnua em R, lim f (x) = f (a) para todo a R. Assim, o
xa
grafico de f nao possui assntota vertical.
Agora, visto que lim f (x) = lim x2 = + e lim f (x) = lim (x3
x

x+

x+

4x2 +7x3) = lim x3 = +, vemos que o grafico de f nao possui assntota


x+

horizontal.
(iii) Crescimento e decrescimento de f .
49

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Exerccios resolvidos.

Vemos, claramente, que f e derivavel em (, 1) (1, +), sendo


0
f (x) = 2x se x (, 1) e f (x) = 3x2 8x + 7 se x (1, +). Resta,
portanto, analisar a derivabilidade de f em x = 1. Calculando os limites
laterais, temos:
0

lim

x1

e
lim+

x1

(x + 1)(x 1)
x2 1
f (x) f (1)
= lim (x + 1) = 2
= lim
= lim
x1
x1
x1 x 1
x1
x1

x3 4x2 + 7x 4
(x3 4x2 + 7x 3) 1
f (x) f (1)
.
= lim+
= lim+
x1
x1
x1
x1
x1

Fatorando o polinomio p(x) = x3 4x2 + 7x 4, obtemos p(x) =


2
(1)
= lim+ (x2
= lim+ (x 3x+4)(x1)
(x2 3x + 4)(x 1). Assim, lim+ f (x)f
x1
x1
x1

x1

x1

3x + 4) = 2.

Vemos, portando, que f e derivavel em x = 1 e f (1) = 2. Note


0
0
que f (x) = 2x < 0 se x (, 0), f (x) = 2x > 0 se x (0, 1) e
0
f (x) = 3x2 8x + 7 > 0 se x (1, +). Assim, f e crescente em (0, +)
e decrescente em (, 0).
(iv) Concavidade do grafico de f .
Segue do item (iii) que f e duas vezes derivavel em (, 1) (1, +),
00
f (x) = 2 se x (, 1) e f (x) = 6x 8 se x (1, +). Resta, portanto,
0
analisar a derivabilidade de f em x = 1. Calculando os limites laterais de
0
f em x = 1, obtemos:
00

lim

x1

2(x 1)
2x 2
f (x) f (1)
=2
= lim
= lim
x1
x1
x1
x1
x1

3x2 8x + 5
(3x2 8x + 7) 2
f (x) f (1)
.
= lim+
= lim+
lim+
x1
x1
x1
x1
x1
x1

Fatorando p(x) = 3x2 8x + 5, obtemos p(x) = (3x 5)(x 1).

Assim, lim+ f
x1

(x)f (1)
x1

= lim+ (3x 5) = 2, mos= lim+ (3x5)(x1)


x1
x1

x1

trando que nao existe a derivada segunda de f em x = 1. Para determinar


00
a concavidade do grafico de f , devemos estudar o sinal de f (x) nos intervalos determinados pelos pontos onde a derivada segunda nao existe, no
nosso caso, x = 1 e pelos pontos onde ela se anula, no nosso caso, x = 43 .

00
00
Ora, f (x) = 2 > 0 se x (, 1), f (x) = 6x 8 < 0 se x 1, 43

00
e f (x) = 6x 8 > 0 se x 43 , + . Conclumos, entao, que o grafico
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50

Exerccios resolvidos.

de f tem concavidade para baixo em 1, 43



(, 1) 43 , + .

MODULO
2 - AULA 20

e concavidade para cima em

(v) Pontos de inflexao.

Pelo item (iv), os pontos onde ocorrem mudancas de concavidade do




. Sendo f derivavel
grafico de f sao (1, f (1)) = (1, 1) e 43 , f 43 = 43 , 43
27
4
em ambos os pontos, x = 1 e x = 3 , o grafico de f possui reta tangente em

, mostrando que esses sao os pontos de inflexao do grafico de f .
(1, 1) e 43 , 43
27

O esboco do grafico de f e como indicado na Figura 20.2.

43/27

1 4/3

Figura 20.2
Exerccio 3: Considere a funcao f (x) =

Solu
c
ao:

(x 1) 3 se x < 1,
2
(x 1) 3 se x 1.

(i) Continuidade de f .
Claramente, f e contnua em (, 1) (1, +). Resta, entao, estudar
a continuidade de f em x = 1.
2

Como lim f (x) = lim (x 1) 3 = 0, lim+ f (x) = lim+ (x 1) 3 = 0, e


x1

x1

x1

x1

f (1) = 0, vemos que f e contnua em x = 1 e, portanto, contnua em todo


x R.
(ii) Assntotas horizontais e verticais.
Como lim f (x) = e lim f (x) = +, vemos que o grafico de f
x

x+

nao possui assntotas horizontais.

Agora, sendo f contnua em todo x R, para todo a R tem-se que


lim f (x) = f (a), mostrando que o grafico de f tambem nao possui assntotas
xa
verticais.
51

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Exerccios resolvidos.

(iii) Crescimento e decrescimento de f .


2

Como (x 1) 3 e derivavel para todo x < 1 e (x 1) 3 e derivavel para


todo x > 1, temos que f e derivavel para todo x (, 1) (1, +) com
0
0
2
1
f (x) =
1 se x (1, +). Resta-nos,
2 se x (, 1) e f (x) =
3(x1) 3

3(x1) 3

entao, estudar a derivabilidade de f em x = 1.


Ora, como

(1)
lim f (x)f
x1

x1

2
3

(1)
= lim+
= lim+ (x1)
e lim+ f (x)f
x1
x1

x1

x1

x1

lim (x1)
x1

1
3

x1

1
(x1) 3

lim

x1 (x1) 3

= +

(1)
=
= +, vemos que lim f (x)f
x1
x1

+ e, portanto, f nao e derivavel em x = 1.


0

Conclumos, entao, que f (x) > 0 se x < 1 e f (x) > 0 se x > 1.


Portanto, f e crescente em (, 1) (1, +).
(iv) Concavidade do grafico de f .
0

Do item (iii) vemos que f nao esta definida para x = 1 e e derivavel


00
em todo x (, 1) (1, +), com f (x) = 2 5 se x (, 1) e
00

f (x) =
00

9(x1) 3

00

9(x1) 3

se x (1, +). Assim, f (x) > 0 se x (, 1) e

f (x) < 0 se x (1, +), ou seja, o grafico de f tem concavidade para cima
em (, 1) e concavidade para baixo em (1, +).
(v) Pontos de inflexao.
Pelo item (iv), o u
nico ponto do grafico de f onde ocorre mudanca de
concavidade e o ponto (1, f (1)) = (1, 0). Por outro lado, vimos no item (iii)
(1)
= +. Assim, como foi visto na aula 9, o grafico de f
que lim f (x)f
x1
x1

possui reta tangente no ponto (1, f (1)) = (1, 0), donde conclumos que (1, 0)
e um ponto de inflexao do grafico de f .
O grafico de f e, entao, como indicado na Figura 20.3.

Figura 20.3

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52

Exerccios resolvidos.

MODULO
2 - AULA 20

Resumo
Nesta aula utilizamos como ferramenta os conceitos de continuidade,
assntotas verticais e horizontais, crescimento e decrescimento de funcoes,
concavidade e pontos de inflexao, para esbocar o grafico de funcoes. Esses
exerccios comentados devem ter contribudo para sua compreensao de alguns
itens do programa. Alem disso, voce deve ter sanado algumas d
uvidas em
exerccios nos quais teve dificuldade ou nao conseguiu resolver. Se esse for o
caso, retorne a eles e refaca-os.

53

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Maximos e mnimos relativos.

MODULO
2 - AULA 21

Aula 21 M
aximos e mnimos relativos.
Objetivo
Utilizar o conceito de derivada para determinar pontos de maximo e
mnimo relativos de funcoes.
Quando olhamos uma montanha, identificamos facilmente os picos da
montanha e os fundos dos vales. Uma maneira ingenua de descrever esses
pontos seria: um pico e um ponto da montanha tal que a partir dele, em qualquer direcao que se caminhe, estaremos ou na mesma altitude ou descendo a
montanha. Por outro lado, para o fundo de um vale acontece exatamente o
contrario: a partir dele, em qualquer direcao que se caminhe, estaremos ou
na mesma altitude ou subindo a montanha.

Refer
encias: Aulas 9, 16,
17, 18 e 19.

Por exemplo, o Pao de Acu


car possui tres picos e dois fundos de vale,
o mesmo ocorrendo com o Dedo de Deus, montanha situada na Serra dos
aos (ver a Figura 21.1).
Org

Figura 21.1
Poderamos abstrair um pouco e representar essas duas montanhas pelas duas figuras a seguir, que suporemos representar o grafico de duas funcoes
(ver a Figura 21.2).

Figura 21.2
Nada impede, tambem, que picos e fundos de vale sejam como na Figura
21.3.
55

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Maximos e mnimos relativos.

Figura 21.3
Recorra a
` aula 17 caso voc
e
n
ao lembre a definica
o de
funca
o n
ao crescente ou
funca
o n
ao decrescente.

Podemos observar que, em quaisquer das situacoes consideradas, tais


pontos se caracterizam intuitivamente pelas seguintes propriedades:
Um pico e um ponto (a, f (a)) que separa o grafico de f em dois pedacos:
um, a` esquerda, onde para algum n
umero c R, com c < a, f e nao decrescente em (c, a) e outro, a` direita, onde para algum n
umero d R, com
d > a, f e nao crescente em (a, d).
O fundo de um vale e um ponto (b, f (b)) que separa o grafico de f em
dois pedacos: um, a` esquerda, onde para algum n
umero c R, com c < b, f
e nao crescente em (c, b) e outro, a` direita, onde para algum n
umero d R,
com d > b, f e nao decrescente em (b, d).
Os picos e fundos de vale correspondem, no contexto da Matematica,
aos pontos de m
aximo e mnimo relativos do gr
afico de uma funcao e serao,
a partir de agora, nosso objeto de estudo.
Definicao 21.1 Uma funcao f possui um m
aximo relativo (ou m
aximo
local) em um ponto c se existe um intervalo aberto I contendo c tal que f
esteja definida em I e f (c) f (x) para todo x I. Neste caso, dizemos que
o ponto (c, f (c)) e um ponto de m
aximo relativo do gr
afico de f .
Definicao 21.2 Uma funcao f possui um mnimo relativo (ou mnimo local) em um ponto c se existe um intervalo aberto I contendo c tal que f
esteja definida em I e f (c) f (x) para todo x I.Neste caso, dizemos que
o ponto (c, f (c)) e um ponto de mnimo relativo do gr
afico de f .
Quando uma funcao f possui um maximo ou um mnimo relativo em
um ponto c, dizemos que ela possui um extremo relativo em c.
Vejamos alguns exemplos.
Exemplo 21.1
Considere a funcao f (x) = 1 x2 . Voce pode ver facilmente que f (0) = 1 >
f (x) para todo x 6= 0. Assim, f possui um maximo relativo em x = 0. Por

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56

Maximos e mnimos relativos.

MODULO
2 - AULA 21

outro lado, a funcao g(x) = x2 1 possui um mnimo relativo em x = 0, ja


que g(0) = 1 < g(x) para todo x 6= 0. Note que, em ambos os casos, as
0
0
funcoes sao derivaveis em x = 0 com f (0) = 0 = g (0), ou seja, o grafico de
f admite reta tangente em (0, f (0)) = (0, 1) paralela ao eixo x das abscissas,
o mesmo ocorrendo com o grafico de g no ponto (0, g(0)) = (0, 1).
Exemplo 21.2
Considere a funcao f (x) =

x + 1 se x < 0,
1 x se x 0.

Vemos, claramente, que f possui um maximo relativo em x = 0. Entretanto, f nao e derivavel em x = 0 e seu grafico nao possui reta tangente
no ponto (0, f (0)) = (0, 1).
O grafico de f e como na Figura 21.4.

Figura 21.4
Agora, a funcao g(x) = |x| possui um mnimo relativo em x = 0. Assim
como f , g nao e derivavel em x = 0 e seu grafico nao possui reta tangente
no ponto (0, g(0)) = (0, 0).
Exemplo 21.3

(
x se x 0,
Considere a funcao f (x) =

x se x < 0.

O grafico de f e como na Figura 21.5.

57

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Maximos e mnimos relativos.

Figura 21.5
Como
1
1
1
(x) 2
(x) 2
f (x) f (0)
= lim
= lim
= lim
lim
1 =
x0 (x) 2
x0
x0
x0
x
x
x0
e
1
1
(x) 2
f (x) f (0)
= lim+ 1 = +,
= lim+
lim+
x0 x 2
x0
x0
x
x0



(0)
conclumos que f nao e derivavel em x = 0. Entretanto, sendo lim f (x)f
=
x0
x0
+, o grafico de f possui reta tangente no ponto (0, f (0)) = (0, 0) (lembrar
a aula 9).

Considere, agora, a funcao g(x) = f (x). Vemos que g possui um


maximo relativo em x = 0, seu grafico possui reta tangente em (0, 0) e g nao
e derivavel em x = 0.
Definicao 21.3 Sejam I um intervalo nao trivial de R e f uma funcao definida
em I. Um ponto c I e chamado um ponto crtico de f se ocorre um dos
dois casos seguintes:
(a) f nao e derivavel em x = c
ou
0

(b) f (c) = 0.
Note que, em cada um dos Exemplos 21.1, 21.2 e 21.3, o ponto x = c
onde a funcao posssui um extremo relativo e um ponto crtico da funcao. A
proposicao a seguir mostra que este fato nao e uma mera coincidencia.
Proposicao 21.1
Se x = c e um extremo relativo de f , entao c e um ponto crtico de f .
Demonstracao: Vamos fazer o caso em que c e um mnimo relativo. O caso em
que c e maximo relativo e analogo. Se f nao e derivavel em x = c, segue, da
Definicao 21.3, que c e um ponto crtico de f , e nada ha a provar. Suponha,
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58

Maximos e mnimos relativos.

MODULO
2 - AULA 21

entao, que f seja derivavel em x = c. Logo, existe


f (x) f (c)
.
xc
xc

f (c) = lim
0

Precisamos provar que f (c) = 0. Considere os limites laterais


lim

f (x) f (c)
xc

lim+

f (x) f (c)
.
xc

xc

e
xc

Por definicao de mnimo relativo, existe um intervalo (a, b) contendo c


(c)

tal que f (x) f (c) para todo x (a, b). Como para x (a, c), f (x)f
xc
f (x)f (c)
0. Por outro lado, como para x (c, b),
0, obtemos que lim xc
xc

f (x)f (c)
xc

(c)
0. Visto que f (c) existe, os
0, obtemos que lim+ f (x)f
xc
xc

limites laterais tem que ser iguais a f (c). Portanto, f (c) 0 e f (c) 0, o
0
que implica f (c) = 0, como queramos demonstrar.
Veremos, agora, dois exemplos que mostram que a recproca da Proposicao 21.1 e falsa, isto e, ha funcoes cujos pontos crticos nao sao extremos
relativos.
Exemplo 21.4
Seja f : R R definida por
f (x) =

x se x < 1,
x2 se x 1.

Vemos, claramente, que f (x) existe e e diferente de zero para todo x 6=


(1)
(1)
=
= 1, enquanto lim+ f (x)f
= lim x1
1. Por outro lado, lim f (x)f
x1
x1
x1
2

x1

x1

x1

1
= 2. Assim, x = 1 e o u
nico ponto crtico de f . Como f (x) < 1
lim+ xx1

x1

se x < 1 e f (x) > 1 se x > 1, vemos que f nao possui extremo relativo em
x = 1. Note que, neste exemplo, x = 1 e um ponto crtico, pois satisfaz a
condicao (a), da Definicao 21.3.
Vejamos agora um exemplo em que o ponto crtico satisfaz a condicao
(b), da Definicao 21.3.
Exemplo 21.5
Considere a funcao f (x) = x3 . Sabemos que f e derivavel em todo ponto.
0
Ou
nico ponto crtico de f e x = 0, visto que f (x) = 3x2 = 0 se, e somente
59

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Maximos e mnimos relativos.

se, x = 0. Entretanto, f (x) < f (0) = 0 se x < 0 e f (x) > f (0) = 0 se x > 0,
mostrando que f nao possui extremo relativo em x = 0.
Ate agora, vimos que os extremos relativos de uma funcao f fazem
parte do conjunto dos pontos crticos de f . Entretanto, ate o momento, a
u
nica maneira de que dispomos para determinar se um ponto crtico de f
e um extremo relativo e comparar f (x) com f (c) para x em um intervalo
aberto (a, b) contendo c o que, em muitos casos, pode nao ser muito simples.
0
A proposicao a seguir mostra como a derivada f da funcao f pode ser u
til
para determinar se um ponto crtico e ou nao um extremo relativo de f .
Na verdade, o significado da proposicao e bastante claro: ela diz que se f e
crescente no intervalo (a, c) e decrescente em (c, b), entao f possui um maximo
relativo em c. Por outro lado, se f e decrescente no intervalo (a, c) e crescente
em (c, b), entao f possui um mnimo relativo em c. Mais precisamente, temos:
Proposicao 21.2
(Teste da derivada primeira) Seja f uma funcao contnua em um intervalo
aberto (a, b). Seja c (a, b) e suponha que f seja derivavel em (a, b), exceto
possivelmente em c.
0

(a) Se f (x) > 0 para todo x (a, c) e f (x) < 0 para todo x (c, b), entao
f possui um maximo relativo em c.
(b) Se f (x) < 0 para todo x (a, c) e f (x) > 0 para todo x (c, b), entao
f possui um mnimo relativo em c.
Demonstracao: Faremos somente o caso (a); o caso (b) e demonstrado de
0
maneira analoga. Com efeito, como f (x) > 0 para todo x (a, c), f e
crescente em (a, c). Assim, f (x) < f (c) para todo x (a, c). Agora, como
0
f (x) < 0 para todo x (c, b), f e decrescente em (c, b) e, portanto, f (x) <
f (c) para todo x (c, b). Obtemos assim que f (x) f (c) para todo x
(a, b), ou seja, f possui um maximo relativo em x = c.
Nos dois exemplos que se seguem vamos aplicar a Proposicao 21.2 para
determinar os extremos relativos de uma funcao dada.
Exemplo 21.6
2

Considere a funcao f (x) = (x + 1) 3 (x 2) 3 do Exemplo 19.2. Como vimos,


f so nao e derivavel em x = 1 e x = 2 e sua derivada para valores de
0
0
x1
x 6= 1 e x 6= 2 e f (x) =
1 . Como f (x) = 0 se, e somente se,
2
(x2) 3 (x+1) 3

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60

Maximos e mnimos relativos.

MODULO
2 - AULA 21

x = 1, conclumos que os pontos crticos de f sao x = 1, x = 1 e x = 2.


Vimos, tambem, que f e crescente em (, 1) (1, +) e decrescente em
0
0
(1, 1). Assim, visto que f (x) > 0 se x < 1 e f (x) < 0 se x (1, 1),
pela Proposicao 21.2 f possui um maximo relativo em x = 1. Note que
0
f nao possui extremo relativo em x = 2, pois f (x) > 0 para x (1, 2) e
0
0
0
f (x) > 0 se x > 2. Finalmente, como f (x) < 0 se x (1, 1) e f (x) > 0 se
x (1, +), conclumos que f possui um mnimo relativo em x = 1. Confira
as informacoes que acabamos de obter com o esboco do grafico de f (ver a
Figura 17.6).
Exemplo 21.7
Seja f : R R definida por
f (x) =

x + 1 se x < 2,
x3 12x2 + 45x 47 se x 2.

Entao f (x) = 1 se x < 2 e f (x) = 3x2 24x + 45 se x > 2. Para


determinar se f e ou nao derivavel em x = 2, devemos determinar os limites
(2)
(2)
.
e lim+ f (x)f
laterais lim f (x)f
x2
x2
x2

x2

Ora,
lim

x2

Por outro lado,


lim+

x2

(x + 1) 3
f (x) f (2)
= 1.
= lim
x2
x2
x2

f (x) f (2)
=
x2

lim+

(x3 12x2 + 45x 47) 3


=
x2

lim+

x3 12x2 + 45x 50
.
x2

x2

x2

Fatorando o polinomio p(x) = x3 12x2 + 45x 50, obtemos


p(x) = (x 2)(x2 10x + 25).
Assim,
lim+

x2

f (x) f (2)
=
x2

lim+

x2

(x 2)(x2 10x + 25)


=
x2

lim (x2 10x + 25) = 9.

x2+

Conclumos, portanto, que f nao e derivavel em x = 2; logo, x = 2 e


0
um ponto crtico de f . Como f (x) = 0 se, e somente se, x = 3 ou x = 5, os
61

CEDERJ

Maximos e mnimos relativos.

pontos crticos de f sao 2, 3, e 5. Utilizando a tabela de sinais para o estudo


0
do sinal de f (ver a Figura 21.6),
2

f 0 (x)

Figura 21.6
obtemos que f possui um maximo relativo em x = 3 e um mnimo relativo
em x = 5.

Resumo
Nesta aula voce foi apresentado ao conceito de extremo relativo de
uma funcao, e estudou um criterio, a Proposicao 21.2, que permite determinar tais extremos relativos. A referida proposicao reforca, mais uma vez, a
importancia da derivada como ferramenta para a compreensao do comportamento de uma funcao.

Exerccios
1. Para cada uma das funcoes f abaixo determine, se existirem, todos os
pontos onde a funcao possui um extremo relativo.
(a) f (x) =

(c) f (x) =

4x
1+x2

(b) f (x) = 1 (x 2) 3

x2 1 se x 1
1 x2 se x < 1

(d) f (x) = x4 4x

(e) f (x) =

2
x +1
x2 +4

(f) f (x) =

3x
.
x2 +9

2. Para cada uma das funcoes f abaixo, determine, se existirem:


(i) os pontos de descontinuidade de f ,
(ii) as assntotas verticais e horizontais ao grafico de f ,
(iii) os intervalos nos quais f e crescente ou decrescente,
(iv) os intervalos nos quais o grafico de f possui concavidade voltada
para cima ou para baixo,
(v) todos os pontos onde ocorrem os extremos relativos de f e
(vi) os pontos de inflexao do grafico de f .
CEDERJ

62

Maximos e mnimos relativos.

Finalmente, esboce o grafico de f .


(
(x 2)2 3 se x 5
(a) f (x) =
1
(x + 7) se x > 5
2
(
4 (x + 5)2 se x < 4
(b) f (x) =
12 (x + 1)2 se x 4

(c) f (x) = x 5 x2

(e) f (x) =

(f) f (x) =

MODULO
2 - AULA 21

(d) f (x) = (x1) 3 +(x1)2

5x
x2 +7

1 + x12 se x 6= 0
0 se x = 0

(g) f (x) = x 3 10x 3

(h) f (x) =

x+2
.
x2 +2x+4

Auto-avaliac
ao
Todos os exerccios exigem de voce a compreensao do conceito de extremo relativo e da Proposicao 21.2, vistos nesta aula. Voce tambem deve
demonstrar domnio do conte
udo estudado desde a aula 17. Caso tenha
d
uvidas, faca uma releitura cuidadosa da aula relativa ao conceito ou resultado ainda nao bem entendido. Se as d
uvidas persistirem, procure o tutor
no polo.

63

CEDERJ

O teste da derivada segunda para extremos relativos.

MODULO
2 - AULA 22

Aula 22 O teste da derivada segunda para


extremos relativos.
Objetivo:
Utilizar a derivada segunda para determinar pontos de maximo e mnimo
relativos de funcoes.

Refer
encias: Aulas 9, 16,
17, 18, 19 e 21.

Voce viu nas aulas 18 e 19 que a derivada segunda e uma ferramenta


bastante importante para a compreensao do comportamento do grafico de
uma funcao. Nesta aula, veremos que a derivada segunda de uma funcao
nos permite, tambem, determinar os pontos onde a funcao possui extremos
relativos.
Considere uma funcao f , derivavel em um intervalo aberto I e c I
0
com f (c) = 0 (portanto, c e um ponto crtico de f ). Voce ja sabe que o fato
0
de f (c) ser zero implica que a reta tangente ao grafico de f no ponto (c, f (c))
e paralela ao eixo x das abscissas. Suponha, alem disso, que o grafico de f
tenha concavidade para baixo em um intervalo aberto (a, b) I contendo c.
De posse desses dados, podemos esbocar o grafico de f no intervalo (a, b) e
constatar que o ponto (c, f (c)) e um ponto de maximo relativo do grafico de
claro que se o grafico de f tivesse
f . A Figura 22.1 representa a situacao. E
concavidade para cima em (a, b), o ponto (c, f (c)) seria um ponto de mnimo
relativo do grafico de f .

f(c)

Figura 22.1
Essa observacao de carater puramente geometrico e de fato simples, mas
pressupoe o conhecimento das propriedades de crescimento ou decrescimento
0
de f em (a, b), pois sao elas que determinam a concavidade do grafico de f .
65

CEDERJ

O teste da derivada segunda para extremos relativos.

No caso de f ser duas vezes derivavel em (a, b), ja vimos na aula 18 que o
00
sinal de f em (a, b) determina a concavidade do grafico de f em (a, b).
O teorema que veremos a seguir nos mostra que em vez de estudar
00
essas propriedades da funcao f em (a, b), basta conhecermos o sinal de f
em x = c para garantir que f possui um extremo relativo em x = c.
Teorema 22.1
(Teste da derivada segunda) Seja f uma funcao derivavel em um intervalo
0
00
aberto I e c I com f (c) = 0 e tal que f (c) exista. Entao:
00

(a) Se f (c) < 0, f possui um maximo relativo em x = c.


00

(b) Se f (c) > 0, f possui um mnimo relativo em x = c.


Demonstracao: Vamos demonstrar somente o caso (a), pois (b) e analogo
e sera deixado para voce como exerccio (ver o Exerccio 3). Por hipotese,
0
0
0
0
00
00
(x)
(c)
< 0.
< 0 e, como f (c) = 0, temos que f (c) = lim fxc
f (c) = lim f (x)f
xc
xc
0
f (x)
Assim, para valores de x proximos de c, xc < 0, ou seja, existem a, b
0
(x)
< 0 para todo x (a, b), x 6=
com a < c < b e (a, b) I tais que fxc
xc

c.
Como x c < 0 para todo x (a, c), obtemos que f (x) > 0 para todo
x (a, c). Por outro lado, como x c > 0 para todo x (c, b), obtemos que
0
f (x) < 0 para todo x (c, b). Pelo teste da derivada primeira conclumos
que f possui um maximo relativo em x = c, como queramos demonstrar.
0

Voce pode observar que o teste da derivada segunda nao diz nada no
00
caso em que f (c) = 0. De fato, neste caso nada se pode concluir a respeito
do ponto crtico x = c, como veremos a seguir.
Exemplo 22.1
0

00

Considere a funcao f (x) = x4 . Temos f (x) = 4x3 e f (x) = 12x2 ; assim,


0
00
f (0) = f (0) = 0. Como f (x) = x4 0 = f (0) para todo x R, segue que
f possui um mnimo absoluto em x = 0.
Exemplo 22.2
0

00

Para a funcao g(x) = x4 , temos g (x) = 4x3 , g (x) = 12x2 e, portanto,


0
00
g (0) = g (0) = 0. Como g(x) = x4 0 = g(0) para todo x R, segue que
g possui um maximo absoluto em x = 0.

CEDERJ

66

O teste da derivada segunda para extremos relativos.

MODULO
2 - AULA 22

Exemplo 22.3
0

00

A funcao h(x) = x3 e tal que h (x) = 3x2 e h (x) = 6x. Assim, h (0) =
00
h (0) = 0; entretanto, x = 0 nao e um extremo relativo de f , visto que
h(x) < h(0) para x < 0 e h(x) > h(0) para x > 0.
Nos tres exemplos a derivada segunda da funcao se anula no ponto
crtico x = 0. Entretanto, no primeiro, o ponto crtico e um mnimo relativo,
no segundo, um maximo relativo e, no terceiro, o ponto crtico nao e nem
maximo nem mnimo relativo da funcao.
Vamos, agora, usar o teste da derivada segunda para determinar os
importante ressaltar
maximos e mnimos relativos de algumas funcoes. E
que esse teste so vale para pontos crticos nos quais a derivada primeira se
anula.
Exemplo 22.4
Considere a funcao f (x) =

x2 + 4x + 3 se x 0,
x2 4x + 3 se x > 0.

Vimos, na aula 21, que os pontos crticos de f sao os candidatos a


0
extremos relativos. Temos que f e derivavel para todo x < 0 e f (x) = 2x+4
0
se x < 0. Analogamente, f e derivavel para todo x > 0 e f (x) = 2x 4 se
x > 0. Agora, como
lim

x0

f (x) f (0)
=
x0

=
e
lim+

x0

f (x) f (0)
=
x0

lim

(x2 + 4x + 3) 3
=
x

lim

x(x + 4)
=
x

x0

x0

lim (x + 4) = 4.

x0

lim+

(x2 4x + 3) 3
=
x

lim+

x(x 4)
=
x

x0

x0

lim (x 4) = 4,

x0+

conclumos que f nao e derivavel em x = 0. Os pontos crticos de f sao


0
0
x = 2, x = 0 e x = 2. Sendo f (2) = f (2) = 0, f duas vezes derivavel
00
00
em x = 2 e x = 2 e f (2) = f (2) = 2 > 0, podemos aplicar o teste da
67

CEDERJ

O teste da derivada segunda para extremos relativos.

derivada segunda e concluir que f possui um mnimo relativo em x = 2 e


outro em x = 2. Quanto ao ponto crtico x = 0, podemos aplicar o teste da
0
derivada primeira. Realmente, para x (2, 0), f (x) > 0 e, para x (0, 2),
0
f (x) < 0. Assim, conclumos que f possui um maximo relativo em x = 0.
O grafico de f e indicado na Figura 22.2.

2
3

2
1

Figura 22.2

Exemplo 22.5
Considere a funcao f (x) = x3 + 3x + 2. Como f e derivavel em todo x R
0
e f (x) = 3x2 + 3 nunca se anula, conclumos que f nao possui extremos
relativos (ver a Figura 22.3).

Figura 22.3

Exemplo 22.6
Considere a funcao f (x) = x21+x , definida em R{1, 0}. Como f e derivavel
0
nico ponto crtico de f
em todo ponto do seu domnio e f (x) = (x2x1
2 +x)2 , o u
CEDERJ

68

O teste da derivada segunda para extremos relativos.

MODULO
2 - AULA 22

e x = 12 . Derivando f , obtemos
00

f (x) =

(x2 + x)2 (2) (2x 1)(2(x2 + x)(2x + 1))


=
(x2 + x)4

(x2 + x)[2(x2 + x) + 2(2x + 1)2 ]


=
(x2 + x)4

2(x2 + x) + 2(2x + 1)2


.
(x2 + x)3

00

Assim, f ( 12 ) = 32 e, pelo teste da derivada segunda, f possui um


maximo relativo em x = 12 (ver Figura 22.4).

1/2

Figura 22.4

Resumo
Nesta aula, voce aprendeu a identificar maximos e mnimos relativos
de funcoes usando a derivada segunda. Voce deve ter notado que o teste
da derivada segunda e mais facil de ser usado do que o teste da derivada
primeira.

Exerccios
1. Para cada uma das funcoes abaixo, use o teste da derivada segunda
para determinar, se existirem, os pontos de maximo e mnimo relativos
da funcao.
(a) f (x) = x5 5x3 20x 2
(c) f (x) =

x2
x+3

(e) f (x) =

x
(x+1)2

(b) f (x) = (1 x)2 (1 + x)3


8

(d) f (x) = (x 1) 3 + (x 1)2

(f) f (x) =

5x
.
x2 +7

69

CEDERJ

O teste da derivada segunda para extremos relativos.

2. Para cada uma das funcoes dadas, determine, caso existam:


(i) as assntotas verticais e horizontais ao grafico de f ,
(ii) os intervalos onde f e crescente ou decrescente,
(iii) os intervalos onde o grafico de f tem concavidade para cima ou
concavidade para baixo,
(iv) os extremos relativos de f ,
(v) os pontos de inflexao.
Finalmente, esboce o grafico de f .
(a) f (x) = 3x4 4x3 12x2

(b) f (x) = x4 + 4x

1
(d) f (x) =
(c) f (x) = 2x + 2x
(
2(x 1)3 se x < 0
(e) f (x) =
(x 1)4 se x 0

(f) f (x) = (x + 2) x.

1
x2 +x

3. Sejam f uma funcao derivavel em um intervalo aberto I e c I com


0
00
00
f (c) = 0. Mostre que se f (c) existe e f (c) > 0, entao f possui um
mnimo relativo em x = c.
4. Se f (x) = ax3 + bx2 + cx + d, determine a, b, c e d tais que o grafico
de f tenha um extremo relativo em (0, 3) e um ponto de inflexao em
(1, 1).

Auto-avaliac
ao
O exerccio de n
umero 1 depende apenas do teste da derivada segunda.
Os demais, exigem de voce o domnio de todos os conceitos e resultados vistos
ate agora visando a compreensao do comportamento de funcoes. Se voce
tiver qualquer d
uvida relativa a um desses conceitos ou resultados, retorne a`
aula correspondente e faca uma releitura detalhada. Caso persista a d
uvida,
procure o tutor no polo.

CEDERJ

70

Exerccios resolvidos.

MODULO
2 - AULA 23

Aula 23 Exerccios resolvidos.


Objetivo
Fixar o conte
udo visto desde a aula 16.

Exerccio 1: Verifique se cada uma das funcoes abaixo, definidas no intervalo [a, b], satisfaz ou nao as hipoteses do Teorema do valor medio. Em caso
0
(a)
.
afirmativo, determine um n
umero c (a, b) tal que f (c) = f (b)f
ba

Refer
encias: Aulas 9, 16,
17, 18, 19, 21 e 22.

(a) f (x) = (x2 4) 2 , [a, b] = [2, 4].

2
x 4
se x < 2,
, [a, b] = [3, 3].
(b) f (x) =
x2

6 x se x 2.

Solu
c
ao: (a) Considere f1 (x) = x2 4 para x [2, 4] e f2 (x) = x para
claro que f = f2 f1 . Como f1 e contnua em [2, 4] e f2 e contnua
x 0. E
em [0, +), entao f e contnua em [2, 4].

Alem disso, sendo f1 (x) > 0 para todo x (2, 4], f1 derivavel em (2, 4]
e f2 derivavel em (0, +), entao pela regra da cadeia f = f2 f1 e derivavel
em (2, 4] e
0

f (x) = (f2 f1 ) (x) = f2 (f1 (x))f1 (x) =

x
x2 4

para todo x (2, 4]. Em particular, f e derivavel em (2, 4).

Assim, as hipoteses do teorema do valor medio sao todas satisfeitas.

A reta que passa por A = (2, f (2)) = (2, 0) e B = (4, f (4)) = (4, 12)

tem coeficiente angular igual a 212 = 3. Queremos, portanto, determinar

2
c (2, 4) tal que 2 c 1 = 3, isto e, c2c4 = 3, isto e, c2 = 6. Como
(c 4) 2

c (2, 4), o n
umero c procurado e c = 6.

(b) A funcao f e claramente contnua em (, 2)(2, +). Resta-nos,


71

CEDERJ

Exerccios resolvidos.

portanto, estudar a continuidade em x = 2 [3, 3]. Como


lim f (x) =

x2

lim

x2 4
=
x2

lim

(x 2)(x + 2)
=
x2

x2

x2

lim (x + 2) = 4

x2

e
lim f (x) =

x2+

lim (6 x) = 4

x2+

obtemos que existe lim f (x) = f (2), mostrando que f e contnua em 2. Logo,
x2

f e contnua em R e, em particular, no intervalo [3, 3].


A funcao f e derivavel para x < 2, pois ela e um quociente de funcoes
derivaveis cujo denominador nao se anula em (, 2) (lembrar a aula 10).
Sendo f um polinomio para x > 2, ela e derivavel em (2, +). Resta-nos,
portanto, estudar a derivabilidade de f em x = 2. Determinando os limites
laterais temos:

x2 4
4
f (x) f (2)
=
= lim x 2
lim
x2
x2
x2
x2

(x 2)(x + 2)
4
x

2
=
= lim
x2
x2

lim

(x + 2) 4
=1
x2

lim+

(6 x) 4
x2

x2

e
lim

x2

f (x) f (2)
=
x2

x2

(x 2)(x + 2)
4
x2
=
= lim
x2
x2

lim+

x2

2x
= 1 .
x2

Conclumos, assim, que f nao e derivavel em x = 2 nao satisfazendo,


portanto, a hipotese de derivabilidade no intervalo aberto (3, 3).
CEDERJ

72

Exerccios resolvidos.

MODULO
2 - AULA 23

Exerccio 2 (Desafio, da aula 16): Use o Teorema de Rolle para demonstrar


que a equacao x5 + x3 + 2x 3 = 0 possui exatamente uma raiz no intervalo
(0, 1).
Solu
c
ao: A funcao f (x) = x5 +x3 +2x3 e contnua em [0, 1]. Como f (0) =
3 < 0 e f (1) = 1 > 0, pelo teorema do valor intermediario (aula 7) existe
a (0, 1) tal que f (a) = 0. Isso mostra que a equacao x5 + x3 + 2x 3 = 0
possui uma raiz no intervalo (0, 1). Vamos mostrar que ela e u
nica. Com
efeito, suponha que b (0, 1) seja uma outra raiz da equacao com, digamos,
a < b. Entao temos que f (a) = f (b) e, pelo teorema de Rolle, existe c (a, b)
0
0
tal que f (c) = 0. Mas f (x) = 5x4 + 3x2 + 2 > 0 para todo x (0, 1);
portanto, tal b nao pode existir.

Exerccio 3: Para cada uma das funcoes a seguir determine, se existirem:


(i) os pontos de descontinuidade de f ,
(ii) as assntotas horizontais e verticais ao grafico de f ,
(iii) os intervalos onde f e crescente ou decrescente,
(iv) os extremos relativos de f ,
(v) os intervalos onde o grafico de f tem concavidade para cima ou para
baixo,
(vi) os pontos de inflexao do grafico de f .
Finalmente, esboce o grafico de f .
1

(a) f (x) = x 3 + 2x 3 ( Exerccio 1 (k), da aula 18);


5x
.
(b) f (x) = 2
x +7

Solu
c
ao: (a) (i) A funcao f e contnua em R, pois e uma soma de funcoes
contnuas em R.
(ii) Como lim f (x) = f (a) para todo a R, o grafico de f nao posxa
sui assntotas verticais. Ele tambem nao possui assntotas horizontais, pois
4

lim f (x) = lim x 3 x1 + 2 = +.

73

CEDERJ

Exerccios resolvidos.
1

(iii) A funcao f so nao e derivavel em x = 0, visto que x 3 so nao


4
e derivavel neste ponto e x 3 e derivavel em todos os pontos. Para x 6= 0,
1
1

2
0
0
1
+ 83 . Assim, f (x) = 0 se, e somente se, x = 18 .
f (x) = 13 x 3 + 83 x 3 = x 3 3x
Os pontos crticos de f sao, portanto, x = 18 e x = 0. Usando a tabela de
1

0
1
+ 83 ,
sinais (conforme a Figura 23.1) para o estudo do sinal de f (x) = x 3 3x
obtemos

1
8

f 0 (x)

Figura 23.1


18 , + .


, 18 e crescente em

que f e decrescente em

(iv) Pelo teste da derivada primeira, vemos que f possui um mnimo


relativo em x = 18 . O ponto crtico x = 0 nao e nem maximo nem mnimo
relativo, pois pelo sinal da derivada vemos que f e crescente em um pequeno
intervalo aberto contendo o ponto x = 0.

00

(v) A funcao f so nao e derivavel em x = 0, sendo f (x) =



2
00
3
2
+ 89 para x 6= 0; logo, f (x) = 0 se, e somente se, x = 14 . Assim,
9x
x
os pontos x = 0 e x = 14 determinam os intervalos onde devemos estudar o
00
sinal de f .
00

Utilizando a tabela de sinais para f , como indicado na Figura 23.2,


obtemos
1
4

f 00 (x)

Figura 23.2
que o grafico de f tem concavidade para cima em (, 0)

concavidade para baixo em 0, 14 .
00

1
, +
4

Voce pode observar, neste momento, que f existe em x = 18 e



00
f 18 > 0. Pelo teste da derivada segunda, f possui um mnimo relativo em x = 18 , como ja havamos visto.

CEDERJ

74

Exerccios resolvidos.

MODULO
2 - AULA 23

(vi) Os candidatos a pontos de inflexao sao aqueles onde ocorrem mu1 



dancas de concavidade, ou seja, (0, f (0)) = (0, 0) e 14 , f 14 = 14 , 32 14 3 .
Como f e derivavel em x = 14 , o grafico de f possui reta tangente em

 1
 1

00
1
1
1
1
,
f
,
+
,
e
.
Tendo
f
sinais
contr
a
rios
nos
intervalos
0,
,
f
4
4
4
4
4
4
e um ponto de inflexao do grafico de f . Quanto ao ponto x = 0, devemos
determinar se o grafico de f possui reta tangente em (0, f (0)) = (0, 0).

Como

f (x) f (0)
= lim
lim
x0
x0
x0

1
3

= +,
2 + 2x
x3
o grafico de f possui reta tangente vertical em (0, 0), mostrando que (0, 0)
tambem e um ponto de inflexao do grafico de f .
Podemos, agora, esbocar o grafico de f , como indicado na Figura 23.3.

f(1/4)

1/8

1/4

1/2
3/8

Figura 23.3
Solu
c
ao: (b) (i) A funcao f (x) = x25x+7 esta definida e e contnua em todo
x R, pois e um quociente de polinomios cujo denominador nunca se anula.

(ii) Como, para todo a R, lim f (x) = f (a), o grafico de f nao possui
xa
assntotas verticais. Agora, como


5
7
x2 5
5x
x
=0,
1 + 2 = lim
= lim 2
lim f (x) = lim 2
x 1 + 72
x x x
x
x x + 7
x
x

temos que a reta y = 0 e uma assntota horizontal ao grafico de f .


0

+35
e, portanto,
(iii) A funcao f e derivavel em todo x R, f (x) = 5x
(x2 +7)2

0
0
f (x) = 0 se, e somente se, x = 7. O sinal de f e determinado pelo sinal
do numerador. Assim, vemos facilmente (5x2 + 35 tem como grafico uma
parabola com concavidade para baixo interceptando o eixo x das abscissas

0
0
em x = 7) que f (x) < 0 em (, 7) ( 7, +) e f (x) > 0

75

CEDERJ

Exerccios resolvidos.


em ( 7, 7). Conclumos, entao, que f e decrescente em (, 7)

( 7, +) e crescente em ( 7, 7).

(iv) Pelo item (iii), os pontos crticos de f sao x = 7. De posse


0
dos sinais de f (x) temos, pelo teste da derivada primeira, que f possui um

mnimo relativo em x = 7 e um maximo relativo em x = 7. Poderamos


usar o teste da derivada segunda para chegar a mesma conclusao. Com

3 210x
0
0
00
para todo x R. Como f ( 7) = f ( 7) = 0,
efeito, f (x) = 10x
2 +7)3
(x

00
00
f ( 7) > 0 e f ( 7) < 0, segue do teste da derivada segunda que f possui

um mnimo relativo em x = 7 e um maximo relativo em x = 7.


0

00

210x
= 0 se,
(v) Como f e derivavel para todo x R e f (x) = 10x
(x2 +7)3

e somente se, x = 0 ou x = 21, para determinar os intervalos onde o


grafico de f tem concavidade para cima ou para baixo, devemos estudar o

00
sinal de f em (, 21) ( 21, 0) (0, 21) ( 21, +). Sendo o
00
denominador (x2 + 7)3 > 0 para todo x R, o sinal de f fica determinado
00
pelo sinal do numerador. Como 10x3 210x = x(10x2 210), o sinal de f
e o produto dos sinais das funcoes g(x) = x e h(x) = 10x2 210. Dispondo
esses dados na tabela de sinais, conforme a Figura 23.4,

21
0
21

f 00 (x)

Figura 23.4

obtemos que o grafico de f tem concavidade para cima em ( 21, 0)

( 21, +) e concavidade para baixo em (, 21) (0, 21).

(vi) Pelo item (v), os u


nicos pontos de mudanca de concavidade do

grafico de f sao ( 21, f ( 21)), (0, f (0)) = (0, 0) e ( 21, f ( 21)). Como
o grafico de f possui reta tangente em cada um deles (f e derivavel em 0,

nicos pontos de inflexao do grafico de f .


21 e 21), eles sao os u

Reunindo todas as informacoes podemos, agora, esbocar o grafico de f


(ver a Figura 23.5).

CEDERJ

76

Exerccios resolvidos.

21 7

MODULO
2 - AULA 23

5 7
14

5 21
28

21

5 2821

5147

Figura 23.5
Exerccio 4: Se f (x) = ax3 + bx2 + cx + d, determine a, b, c, e d tais que
o grafico de f possua um ponto de inflexao em (1, 2) e tais que o coeficiente
angular da reta tangente ao grafico de f neste ponto seja 2.
Solu
c
ao: Primeiramente, como (1, 2) deve ser um ponto do grafico de f ,
temos que f (1) = 2, ou seja, a + b + c + d = 2. Em segundo lugar, como
o coeficiente angular da reta tangente ao grafico no ponto (1, 2) e dado por
0
0
0
f (1), obtemos de f (x) = 3ax2 + 2bx + c e f (1) = 2 que 3a + 2b + c = 2.
00
Finalmente, como queremos que (1, 2) seja ponto de inflexao e como f (1)
00
existe, pela Proposicao 19.1 devemos ter f (1) = 0, ou seja, 6a + 2b = 0.
Obtemos, assim, o sistema

a + b + c + d = 2,
3a + 2b + c = 2,

6a + 2b = 0.

Resolvendo o sistema, obtemos b = 3a, c = 2 + 3a e d = 4 a. Assim,


para qualquer valor de a, obtemos b, c, e d tais que a respectiva funcao f
satisfaz as propriedades desejadas. Por exemplo, se tomarmos a = 1, obtemos
b = 3, c = 1 e d = 3, ou seja, a funcao f (x) = x3 3x2 + x + 3 satisfaz as
propriedades desejadas. Forneca outros exemplos de funcoes satisfazendo as
propriedades desejadas.

Resumo
Esses exerccios avaliam todo o conte
udo visto ate aqui nesse modulo.
A partir dessas resolucoes voce pode, inclusive, tirar d
uvidas de exerccios de
aulas anteriores nos quais tenha tido d
uvida ou nao tenha conseguido resolver.
Nesses casos, retorne a`(s) aula(s) em questao e refaca-os. Se persistir a
d
uvida, procure o tutor no polo.
77

CEDERJ

Extremos absolutos.

MODULO
2 - AULA 24

Aula 24 Extremos absolutos.


Objetivo
Aplicar o Teorema de Weierstrass, visto na aula 7, para resolver problemas de maximos e mnimos absolutos.

Refer
encias: Aulas 7, 21 e
22.

Na aula 21 voce foi apresentado aos conceitos de maximo e mnimo


relativo de funcoes. Uma pergunta natural a se fazer e: qual a justificativa
para a utilizacao do termo relativo quando se fala de maximos e mnimos?
Para responder a essa pergunta, vejamos dois exemplos.
Exemplo 24.1
Considere a funcao f (x) = x3 +2x2 4x+1. Sendo f duas vezes derivavel em
R, podemos aplicar o teste da derivada segunda para determinar os pontos
0
de maximo e mnimo relativos de f . Como f (x) = 3x2 + 4x 4, temos que
00
00
0
f (x) = 0 se, e somente se, x = 2 ou x = 23 . Sendo f (x) = 6x+4, f (2) =

00
8 < 0 e f 23 = 8 > 0, segue que f possui um maximo relativo em x = 2
e um mnimo relativo em x = 23 . Por outro lado, como lim f (x) = e
x

lim f (x) = +, existem valores de x para os quais f (x) > f (2) e existem
x+

por esse motivo que falamos em
valores de x para os quais f (x) < f 23 . E
maximo relativo e em mnimo relativo. No nosso exemplo, f (2) nao e o
valor maximo assumido por f se considerarmos todos os valores de x no

domnio de f assim como f 23 nao e o valor mnimo assumido por f se
considerarmos todos os valores de x no domnio de f .

Um esboco do grafico de f e apresentado na Figura 24.1.


9

2/3
2

13/27

Figura 24.1

Por outro lado, temos:


79

CEDERJ

Extremos absolutos.

Exemplo 24.2
Considere a funcao f : [3, 1] R definida por f (x) = x3 + 2x2 4x + 1,
facil
isto e, restringimos a funcao do Exemplo 24.1 ao intervalo [3, 1]. E

ver que os valores f (2) e f 23 sao, respectivamente, os valores maximo
e mnimo assumidos por f dentre todos os valores de x [3, 1], isto e,

f 23 f (x) f (2) para todo x [3, 1].

Isso justifica a definicao a seguir:

Definicao 24.1 Dizemos que uma funcao f possui um m


aximo absoluto em
um ponto x1 , se f (x1 ) f (x) para todo x no domnio de f . Analogamente,
f possui um mnimo absoluto em um ponto x2 , se f (x2 ) f (x) para todo
x no domnio de f . No primeiro caso, dizemos que f (x1 ) e o valor m
aximo
absoluto de f e, no segundo caso, dizemos que f (x2 ) e o valor mnimo
absoluto de f . Um ponto onde f possui um maximo ou mnimo absoluto e
chamado de extremo absoluto de f .
O Exemplo 24.1 mostra que uma funcao pode admitir maximo e mnimo
relativo sem, entretanto, admitir maximo ou mnimo absoluto. Por outro
lado, na aula 7, voce foi apresentado ao Teorema de Weierstrass que da uma
condicao para a existencia de extremos absolutos. Ele pode ser enunciado
como se segue:
Teorema 24.1
Se f : [a, b] R e uma funcao contnua, entao f possui um maximo e um
mnimo absoluto em [a, b].
Agora, note que um extremo absoluto de uma funcao contnua
f : [a, b] R ou e um extremo relativo de f ou um extremo do intervalo.
Para que uma funcao tenha um extremo relativo em um n
umero c e condicao
necessaria que c seja um ponto crtico. Assim, para determinar os extremos
absolutos de f , voce deve proceder da seguinte maneira:
(a) determine os pontos crticos de f em (a, b);
(b) determine f (a) e f (b).
Compare, entao, os valores assumidos por f nos pontos crticos, com
f (a) e f (b); o maior dentre eles sera o valor maximo absoluto assumido por
f em [a, b]; o menor dentre eles sera o valor mnimo absoluto assumido por
f em [a, b].
Vejamos um exemplo.
CEDERJ

80

Extremos absolutos.

MODULO
2 - AULA 24

Exemplo 24.3
Considere a funcao f : [4, 1] R definida por f (x) = x3 + 2x2 4x + 1,
isto e, restringimos, agora, a funcao do Exemplo 24.1 ao intervalo [4, 1].
Vimos que f possui um maximo relativo em x = 2 e um mnimo relativo

e f (1) = 0.
em x = 23 . Alem disso, f (4) = 15, f (2) = 9, f 23 = 13
27
Assim, f possui um maximo absoluto em x = 2 e um mnimo absoluto em
x = 4.

Vamos, a partir de agora e ate o fim desta aula, aplicar o teorema de


Weierstrass para resolver alguns problemas interessantes.
Exemplo 24.4
Um campo retangular, beirando um rio, vai ser cercado. O proprietario do
terreno exigiu que o lado do campo que beira o rio nao seja cercado. Se
o material da cerca custa R$2,00 por metro para os extremos do campo e
R$3,00 por metro para o lado paralelo ao rio, qual a dimensao do campo de
maior area possvel que pode ser cercado com um custo de R$1.200,00?
y
x

Figura 24.2
Queremos maximizar a area do campo a ser cercado levando-se em
conta o custo limite de R$1.200,00. Sejam
x = o n
umero de metros de comprimento de um extremo do campo;
y = o n
umero de metros de comprimento do lado paralelo ao rio;
A = o n
umero de metros quadrados da area do campo.
Entao, A = xy.
Como o custo do material de cada extremo e de R$2,00 por metro e
o comprimento de um extremo e de x metros, o custo total para cercar um
extremo e de R$2x. Analogamente, o custo total para cercar o lado paralelo
81

CEDERJ

Extremos absolutos.

ao rio e de R$3y. Temos, assim,


2x + 2x + 3y = 1.200.
Queremos, agora, expressar a area A em termos de uma u
nica variavel.
Tirando y como funcao de x na equacao acima e substituindo na equacao da
area, obtemos


4
A(x) = x 400 x .
3

Devemos, agora, determinar o intervalo de definicao dessa funcao. Ora,


como x e y nao podem ser negativos, devemos ter x 0 e y = 400 43 x
0, donde x 300. Desde que A e contnua no intervalo fechado [0, 300],
conclumos pelo teorema de Weierstrass que A possui um maximo absoluto
neste intervalo.

Vamos determinar os pontos crticos de A(x) = 400x 43 x2 .


0

Temos A (x) = 400 83 x; assim, os pontos crticos de f sao os valores


0
de x para os quais A (x) = 0, ou seja, x = 150, que pertence ao intervalo
(0, 300). Portanto, o maximo absoluto de A e assumido em 0, 150 ou 300.
Como A(0) = 0, A(150) = 30.000 e A(300) = 0, conclumos que A assume
seu maximo absoluto em x = 150 metros. Assim, a maior area que pode ser
cercada com R$1.200 e de 30.000 metros quadrados e isto e obtido quando
o lado paralelo ao rio possuir 200 metros de comprimento e cada um dos
extremos possuir 150 metros de comprimento.

Exemplo 24.5
Duas cidades, A e B, ambas com energia eletrica, se situam em pontos opostos
um ao outro nas margens de um rio reto de 30 km de largura. Uma terceira
cidade C se situa a 60km rio abaixo da cidade B e nao tem energia eletrica.
Uma companhia de energia eletrica decidiu fornecer-lhe energia. Visto que a
energia seria fornecida pela usina situada na cidade A e sendo o custo por km
de cabeamento por agua 25% mais caro que o custo por km do cabeamento
por terra, qual deveria ser o cabeamento feito pela companhia para que o
custo final fosse o mais barato?
Queremos determinar um ponto P entre as cidades B e C de maneira
que o cabeamento por agua mais o cabeamento por terra de P a C tenha o
menor custo final.

CEDERJ

82

Extremos absolutos.

MODULO
2 - AULA 24

Figura 24.3
Sejam
x = a distancia (em quilometros) de B a P;
c = o custo por quilometro do cabeamento por agua.
Como a distancia de A a B e de 30km, temos que a distancia de A a P

e a hipotenusa do triangulo retangulo ABP, isto e, 900 + x2 . Sendo o

cabeamento de A a P feito por agua, o custo para a ligacao e de c 900 + x2 .


c(60 x), visto que o custo por
O custo do cabeamento de P a C e de 100
125
25
terra T mais 100 T e igual ao custo por agua c e a distancia de P a C e 60 x.

c(60 x) (ver a Figura


Assim, o custo total e de C(x) = c 900 + x2 + 100
125
24.4). Como x varia de 0 a 60, queremos encontrar o mnimo absoluto da
funcao contnua C(x) no intervalo [0, 60].

Figura 24.4
0

100c
cx
ticos sao os
Temos que C (x) = 900+x
2 125 . Assim, os pontos cr
0
100
x
valores de x para os quais C (x) = 0, ou seja, 900+x2 = 125 , ou seja,
x2 = 1600. Obtemos, portanto, x = 40km. Como C(0) = 78c, C(40) = 66c

e C(60) = c 4.500, conclumos que o cabeamento mais barato para a companhia e ligar, por agua, a cidade A a um ponto P distante de B 40km rio
abaixo e, em seguida, por terra, ligar P a C.

83

CEDERJ

Extremos absolutos.

Exemplo 24.6
Um monopolista determina que o custo total de producao de x unidades de
certa mercadoria e C(x) = 25x + 20.000. A equacao de demanda e x + 50p =
5.000, onde sao solicitadas x unidades por semana a um preco de p reais por
unidade. Se o lucro semanal deve ser maximizado, determine: (a) o n
umero
de unidades que se deve produzir a cada semana; (b) o preco de cada unidade;
(c) o lucro semanal.
A funcao preco por unidade ao se demandar x unidades por semana
, onde x [0, 5.000], pois x e P (x) devem
da mercadoria e P (x) = 5.000x
50
ser nao negativos. Assim, a receita ao se vender x unidades por semana e
. Sendo o lucro igual a receita menos despesa,
R(x) = xP (x) = x 5.000x
50
25x 20.000,
obtemos que o lucro e dado pela funcao L(x) = x 5.000x
50
definida para x [0, 5.000]. Determinemos qual a producao para que se
obtenha lucro maximo.
0

Um maximo relativo de L em (0, 5.000) e um ponto x tal que L (x) = 0


00
0
25 = 0 se, e somente se, x = 1.875.
e L (x) < 0. Temos L (x) = 100 2x
50
00
2
< 0 para todo x (0, 5.000), L possui um maximo
Como L (x) = 50
relativo em x = 1.875. Agora, sendo L(0) = 20.000, L(1.875) = 50.312, 5
e L(5.000) = 145.000, temos que L possui um maximo absoluto em x =
1.875. Assim, o lucro maximo e obtido ao se produzir 1.875 unidades da mer=
cadoria por semana. O preco de cada unidade sera P (1875) = 5.0001.875
50
62, 5 reais e o lucro semanal sera de L(1875) = 50.312, 5 reais.

Exemplo 24.7
O navio A esta 60km a leste do navio B viajando para o sul a 20km por
hora, enquanto o navio B esta indo para o leste a uma velocidade de 15km
por hora. Se os navios continuam seus respectivos cursos, determine a menor
distancia entre eles e quando isto ocorrera.

CEDERJ

84

Figura 24.5

Extremos absolutos.

MODULO
2 - AULA 24

P
Q

20t km

15t km

Figura 24.6
Na Figura 24.5, P representa a posicao original do navio A e Q a posicao
original do navio B. Apos t horas, o navio A tera se deslocado 20t km enquanto o navio B tera se deslocado 15t km. Pelo Teorema de Pitagoras, a
distancia entre os dois neste momento sera de
y = y(t) =

(20t)2 + (60 15t)2 =

625t2 1800t + 3600km.

claro que y(t) sera mnima quando 625t2 1800t + 3600 for mnima.
E
Seja entao f (t) = 625t2 1800t + 3600, definida para t [0. + ). Como
0
0
. Alem disso, f (t) <
f (t) = 1250t1800, o u
nico ponto crtico de f e t = 180
125


0
180
180
;
logo,
f

e
decrescente
em
0,
e
f
(t)
>
0
para
t
>
0 para t 0, 180
125
125
125

180

e
o
ponto
de
m
nimo
,
+
.
Vemos,
assim,
que
t
=
e crescente em 180
125
125
absoluto de f . Portanto, a distancia mnima entre os dois navios ocorre apos
p
(28, 8)2 + (21, 6)2 =
=
1,
44
horas
e

e
dada
por
y(1,
44)
=
ter passado 180
125

1296 = 36km.

Resumo
Nesta aula voce aprendeu a determinar os extremos absolutos de uma
funcao definida em um intervalo fechado e limitado, percebendo, atraves das
aplicacoes que fizemos, a importancia do teorema de Weierstrass na resolucao
de problemas concretos.

85

CEDERJ

Extremos absolutos.

Exerccios
1. Determine os extremos absolutos das funcoes dadas nos intervalos indicados.
(a) f (x) = (x + 1)2 em [2, 1]

 3 
)
em
2, 3
(b) f (x) = sen(x2 x 3
2
(
x + 2 se x < 1,
(c) f (x) =
em [6, 5]
x2 3x + 5 se x 1
2

(d) f (x) = (x + 2) 3 em [4, 3]

(e) f (x) = x3 2x2 4x + 1 em [2, 3]


(f) f (x) = |x 4| + 1 em [0, 6]

(g) 4 x2 em [2, 2].

2. Uma area retangular e cercada por 1500m de grade. Determine as


dimensoes do retangulo de area maxima.
3. Encontre dois n
umeros reais positivos cuja soma seja 16 e o produto
seja maximo.
4. Uma folha de papel dispoe de 18 centmetros quadrados para impressao
de um texto informativo. As margens superior e inferior estao a 2
centmetros da extremidade correspondente do papel. Cada margem
lateral deve ser de 1 centmetro. Quais as dimensoes da folha de papel
para que sua area total seja mnima?
5. Determine as dimensoes do cilindro de maior volume que pode ser inscrito em uma esfera de raio igual a 6 centmetros.
6. Uma lampada L de vapor de sodio sera colocada no topo de um poste
de altura x metros para iluminar um jardim J situado em um espaco
p
ublico bastante visitado (Figura 24.7). O pe P do poste precisa estar
localizado a 40 metros de J. Se r = |LJ| e a distancia da lampada ao
jardim J e e o angulo PJL, entao a intensidade de iluminacao I em
J e proporcional ao seno de e inversamente proporcional a r 2 ; assim,
, onde c e uma constante. Ache o valor maximo de x que
I = csen
r2
maximiza I.

CEDERJ

86

Extremos absolutos.

MODULO
2 - AULA 24

r = |LJ|
x

P
40 m

Figura 24.7
7. Uma empresa de porte medio observou que uma secretaria trabalha
efetivamente 30 horas por semana. Entretanto, se outras secretarias
forem empregadas, o resultado de sua conversa provocara uma reducao
no n
umero efetivo de horas trabalhadas por semana e por secretaria
30(x1)2
horas, onde x e o n
umero total de secretarias empregadas.
de
33
Quantas secretarias devem ser empregadas para produzir o maximo de
trabalho efetivo por semana?

8. A equacao de demanda de uma certa mercadoria e


106 px = 109 2.106 x + 18.103 x2 6x3 ,
onde x e o n
umero de unidades produzidas semanalmente, p reais e
o preco de cada unidade e x 100. O custo de producao da cada
1
x 24 + 11.103 x1 . Encontre o n
umero
unidade e dado por c(x) = 50
de unidades que devem ser produzidas semanalmente e o preco de cada
unidade para que o lucro semanal seja maximo.

9. Dada a circunferencia x2 + y 2 = 9, encontre a menor distancia do ponto


(4, 5) a um ponto da circunferencia.

Auto-avaliac
ao
Nesta aula, voce deve demonstrar domnio dos conte
udos vistos nas aulas 21 e 22. Entretanto para que voce tenha exito na resolucao dos exerccios
voce deve demonstrar, tambem, conhecimento de geometria plana e espacial
( area e permetro de polgonos, volume e area da superfcie de solidos), geometria analtica (equacoes de conicas, distancia entre dois pontos, no plano
e no espaco) e dominar alguns conceitos basicos de contabilidade, tais como,
receita, despesa, lucro, etc... Caso persista alguma d
uvida, procure o tutor
no seu polo.

87

CEDERJ

Exerccios resolvidos.

MODULO
2 - AULA 25

Aula 25 Exerccios resolvidos.


Refer
encia: Aula 24.

Objetivo
Fixar o conte
udo da aula 24 dando enfase a` resolucao de problemas
aplicados.

Exerccio 1: Determine o volume da maior caixa, sem tampa, que pode ser
feita com um pedaco quadrado de papelao de 8cm de lado atraves do corte
de quadrados iguais nos quatro cantos do papelao e dobrando-se os lados.

Solu
c
ao: Sejam x o lado dos quadrados do papelao a serem recortados e V
o volume (em centmetros c
ubicos) da caixa.
As dimensoes em centmetros da caixa sao x, (8 2x) e (8 2x). A
Figura 25.1a representa o pedaco de papelao e a Figuta 25.1b representa a
caixa.

8 cm

(a)

Figura 25.1

(b)

O volume da caixa e, portanto, V = V (x) = x(8 2x)2 . Se x = 0 ou


x = 4, V (x) = 0. Assim, o valor de x procurado esta no intervalo [0, 4]. Um
0
maximo relativo de V (x) em (0, 4) e um ponto x (0, 4) tal que V (x) = 0
00
0
0
e V (x) < 0. Como V (x) = 3x2 16x + 16, V (x) = 0 se, e somente se,
nico ponto crtico de V (x) em (0, 4) e, portanto, x = 43 .
x = 4 ou x = 43 ; o u

00
00
Alem disso, V (x) = 6x 16, donde V 43 < 0, mostrando que x = 43 e o

,
ponto de maximo relativo em (0, 4). Como V (0) = V (4) = 0 e V 43 = 1024
27
1024
conclumos que o volume maximo que pode ser obtido e de 27 centmetros
c
ubicos e isto ocorre quando os lados dos quadrados recortados medem 43
centmetros.
89

CEDERJ

Exerccios resolvidos.

Exerccio 2: Encontre as dimensoes do cone circular de volume maximo


que pode ser inscrito em uma esfera de 4 centmetros de raio.

Solu
c
ao: O volume do cone e dado por V = 13 r2 h, onde h e a altura do
cone e r o raio da base do cone. Na Figura 25.2, O e o centro da esfera e A
o centro da base circular do cone.
C

Figura 25.2
Denotamos por |OA| o
comprimento do segmento
ligando os pontos O e A.

Assim, h = |AC| = 4 + |OA| e r = |AB|.

Aplicando o teorema de Pitagoras ao triangulo OAB, obtemos r 2 =


16 |OA|2 . Por outro lado, |OA|2 = (h 4)2 , ou seja, r 2 = 16 (h 4)2 .

Portanto, o volume do cone e dado por

1
8
1
V = V (h) = (16 (h 4)2 )h = h2 h3 , h [0, 8] .
3
3
3
0

h h2 , segue que o ponto crtico de V (h) em (0, 8)


Como V (h) = 16
3
 2048
16
= 81 , o volume maximo e atin.
Como
V
(0)
=
V
(8)
=
0
e
V
e h = 16
3
3
q
2 8
16

4
= 3 2 centmetros.
16

cent
metros
e
r
=
gido quando h = 16
3
3

Exrccio 3: Um arremessador de peso lanca sua bola de ferro de tal forma


que a altura em metros atingida pela bola e expressa por
x2
,
800
onde m e o coeficiente angular da trajetoria no momento do arremesso e x
e a distancia do ponto de lancamento ate a projecao, no nvel horizontal, da
posicao da bola em um instante dado (ver a Figura 25.3) . Determine o valor
de m para o qual o arremesso e o melhor possvel.
y(x) = mx (m2 + 1)

CEDERJ

90

Exerccios resolvidos.

MODULO
2 - AULA 25

Figura 25.3
ao: Estamos procurando o valor de m para o qual, ao tocar o chao,
c
Solu
a distancia x percorrida pela bola seja maxima. Para qualquer valor de
x2
.
m, a bola toca o chao quando y = 0, isto e, quando mx = (m2 + 1) 800
Determinando x, obtemos

x = x(m) =

800m
.
m2 + 1

Nosso problema e, portanto, encontrar o valor de m que maximize a


2
0
funcao x(m), m (0, +). Derivando x(m), temos x (m) = 800 (m1m
2 +1)2 ;
nico ponto crtico. A solucao m = 1 indicaria que
m = 1 e, portanto, o u
para se obter o melhor arremesso a bola deveria partir com uma inclinacao
de 45 e, neste caso, a distancia atingida seria de 400 metros. Nao e difcil
acreditar que, de fato, o coeficiente angular m = 1 maximiza x(m). Por via
0
uvidas, comprovemos nossa crenca. O sinal de x (m) e determinado
das d
0
0
pelos sinal do numerador 1 m2 . Como x (m) > 0 em (0, 1) e x (m) < 0 em
(1, +), segue que x(m) possui um maximo absoluto em m = 1.

Uma outra pergunta que poderamos fazer e: fixado um coeficiente


angular m, a que distancia x do lancamento a altura y da bola seria maxima?
Neste caso, o valor m e uma constante e procuramos o valor de x
x2
e maximo.
(0, +) para o qual y(x) = mx (m2 + 1) 800
2

+1)x
d y
dy
400m
= 0 se, e somente se, x = m
= m (m400
Visto que dx
2 +1 e dx2 =
2
m400+1 < 0 para todo x > 0, conclumos que y(x) possui um maximo relativo

400m
400m
e
e crescente em 0, m
em x = m
2 +1
2 +1 . Pelo sinal da derivada, vemos que y

400m
decrescente em m2 +1 , + . Concluimos, portanto, que y possui um maximo
400m
absoluto em x = m
2 +1 .

Comparemos, agora, com a resposta da primeira pergunta: ao tomarmos m = 1 vemos que a altura maxima e obtida quando x = 200 metros,
isto e, a meio caminho entre o lancamento e o ponto onde a bola toca o chao.
Bastante razoavel voce nao acha?
91

CEDERJ

Exerccios resolvidos.

Exerccio 4: Um hotel de um andar com area retangular de 14.000 metros


quadrados sera construdo. Segundo a legislacao vigente, constatou-se que
a construcao deve ser feita de maneira que se tenha uma area livre de 22
metros na frente, 22 metros nos fundos e 15 metros de cada lado. Encontre
as dimensoes do lote de area mnima no qual pode ser construdo este hotel.
Solu
c
ao: A Figura 25.4 representa o lote e o hotel vistos de cima, respeitadas
as exigencias da legislacao.

22 m

15 m

22 m

Figura 25.4
Sendo as dimensoes do lote dadas por l e h, segue que os lados do hotel
.
sao l 30 e h 44. Assim, 14.000 = (l 30)(h 44), donde l = 11.880+30h
h44
Sendo a area do lote dada por A = lh, substituindo a expressao de l, obtemos

A = A(h) =

11.880h + 30h2
h 44

Note que, pelos dados do problema, h > 44. Como


0

A (h) =

3h2 264h 56.672


(h 44)2

os pontos crticos de A(h) sao os valores de h (44, +) que satisfazem

3h2 264h 56.672 = 0. Logo, o u


nico ponto crtico e h = 44(1 + 10).

Note que, pelo sinal da derivada, A(h) e decrescente em (44, 44(1 + 10))

e crescente em (44(1 + 10), +). Conclumos, assim, que A(h) possui um

mnimo absoluto em h = 44(1 + 10) e as dimensoes do lote de area mnima

sao dadas por h = 44(1 + 10) metros e l = 30(1 + 10) metros.


CEDERJ

92

Exerccios resolvidos.

MODULO
2 - AULA 25

Exerccio 5: Para produzir uma determinada peca do sistema de freios


de um automovel, uma fabrica de autopecas tem C(x) reais de custo para
produzir semanalmente x unidades da referida peca, onde C(x) = 50x + 300.
Se a demanda por x unidades semanais e de x + 15p = 950, onde p reais e o
preco por unidade, determine o n
umero de pecas que devem ser produzidas
para se obter o lucro maximo.

reais, x [0, 950]


Solu
c
ao: Como o preco por unidade e p = 950x
15
.
(x e p sao nao negativos), a receita por x unidades da peca e R(x) = x 950x
15
Sendo o lucro L(x) igual a receita menos a despesa, temos

L(x) =

950x x2
50x 300 .
15

Um ponto de maximo relativo de L em (0, 950) e um ponto x tal que


00
L (x) = 0 e L (x) < 0.
0

00

2
para todo x (0, 950), cone L (x) = 15
Sendo L (x) = 2x+200
15
clumos que x = 100 e o u
nico ponto de maximo relativo em (0, 950). Finale L(950) < 0, para obter o lucro
mente, como L(0) = 300, L(100) = 1.100
3
maximo a fabrica deve produzir 100 pecas por semana e vender cada peca
por R$56,66.

Exerccio 6: No Exerccio 5, suponha, tambem, que o governo exija 80


centavos de imposto por unidade produzida. Quantas unidades devem ser
produzidas semanalmente para se obter o lucro maximo?
Solu
c
ao: Com o imposto acrescentado, o custo total passa a ser C(x) =
2

50x + 300 + 0, 80x; portanto, a funcao lucro passa a ser L(x) = 950xx
15
00
0
2
2x+188
e L (x) = 15 < 0 para
50, 8x 300, x [0, 950]. Como L (x) =
15
todo x (0, 950), conclumos, como no Exerccio 6, que x = 94 e o ponto de
maximo absoluto, ou seja, para obter lucro maximo a fabrica deve produzir
94 pecas por semana e vender cada peca por R$57,06.
interessante notar que, ao compararmos os resultados dos Exerccios 5
E

e 6, o aumento total de 80 centavos nao deve ser repassado integralmente para


o consumidor para que o lucro semanal maximo seja atingido. O fabricante
deve repassar somente 40 centavos para o consumidor. O que esse resultado
esta nos dizendo e que o consumidor resiste a grandes variacoes de preco.
93

CEDERJ

Exerccios resolvidos.

Exerccio 7: Uma empresa de seguro de sa


ude fez um acordo com a Associacao de Docentes de uma universidade no qual, a partir do 12 professor,
cada novo professor segurado teria um desconto de 2 por cento no valor do
plano individual. Adimitindo-se que no acordo nao se pode incluir dependentes, qual o n
umero de professores necessarios para que a empresa tenha
receita maxima?
Solu
c
ao: Sejam x o n
umero de professores segurados e R$a o valor do seguro
sem desconto por professor. Se x 12, a receita da empresa e dada por ax
reais. Por outro lado, se x > 12, o n
umero de professores que receberao o
desconto de 2 por cento e igual a (x 12) , ou seja, devemos diminuir de ax
2
(x 12)ax reais. Assim, a receita total da empresa e dada por
o valor de 100

ax se 0 x 12, 
R(x) =
2
ax
(x 12) ax se x > 12.
100

Temos que R e contnua em [0, +), nao e derivavel em x = 12 e

a se 0 x < 12,
0
R (x) =
4
124

ax se x > 12.
a
100
100
0

Portanto, os pontos crticos de R sao x = 12 e x = 31. Como R (x) > 0


em (0, 12) e tambem em (12, 31), temos que R e crescente em [0, 31]. Mas
0
R (x) < 0 para x > 31; logo, x = 31 e o ponto de maximo absoluto de R.
Assim, com 31 professores a empresa tera receita maxima.

Resumo
Esses exerccios comentados devem ter contribudo para sua compreensao da aula 24. Alem disso, voce deve ter sanado algumas d
uvidas em
exerccios nos quais teve dificuldade ou nao conseguiu resolver. Se esse for o
caso, retorne a eles e refaca-os.

CEDERJ

94

A regra de LH
opital.

MODULO
2 - AULA 26

Aula 26 A regra de LH
opital.
Refer
encia: Aulas 3, 4, 5 e
10.

Objetivo
Usar a derivada para determinar certos limites onde as propriedades
basicas de limites, vistas nas aulas 3, 4, e 5, nao se aplicam.

Voce se lembra de que, na aula 3, do modulo 1, vimos como conseq


uencia das Proposicoes 3.2 e 3.3 que, se lim f (x) = l1 e lim g(x) = l2 ,
xa
xa
lim f (x)
(x)
= ll12 .
= xa
com l2 6= 0, entao lim fg(x)
lim g(x)
xa
xa

o
No caso em que lim g(x) = 0 esta regra nao pode ser aplicada. E
xa
o caso, tambem,
caso, por exemplo, do lim x1 que, como vimos, nao existe. E
x0

. Para determinar este limite lancamos mao da fatoracao de


do lim xx2 3x+2
x2 5x+6
polinomios. Obtemos que este limite e igual a
lim

x2

x1
(x 2)(x 1)
= 1 .
= lim
x2
x3
(x 2)(x 3)

, visto na aula 4, e um outro exemplo dessa situacao. MosO lim senx


x0 x
tramos que este limite e igual a 1 usando outras tecnicas.
Uma pergunta natural a se fazer e: existe uma maneira mais simples de
determinar limites de funcoes quando as propriedades elementares por nos
conhecidas nao se aplicam? Daremos a resposta a esta pergunta em alguns
casos.
O que veremos agora e que, sob certas hipoteses, podemos usar a deri(x)
no caso em que lim f (x) = 0 e lim g(x) = 0.
vada para determinar lim fg(x)
xa

Iniciemos pela forma indeterminada

xa
0
.
0

xa

Definicao 26.1 Quando lim f (x) = 0 e lim g(x) = 0, dizemos que a funcao
xa

f (x)
g(x)

tem a forma indeterminada

xa

0
0

em a

Veremos, agora, um metodo geral para encontrar o limite de uma funcao


umero a. Este metodo e atribudo
que tem a forma indeterminanda 00 em um n
ao matematico amador frances Guillaume Francois de LHopital (1661-1707),
que escreveu o primeiro livro de Calculo, publicado em 1696. Este metodo e
conhecido como regra de LH
opital.

95

CEDERJ

A regra de LH
opital.

Teorema 26.1 (regra de LHopital)


Sejam f e g funcoes derivaveis em um intervalo aberto I, exceto possivel0
mente em um ponto a I. Suponha que para todo x 6= a em I, g (x) 6= 0. Su0
(x)
= L,
ponha, alem disso, que lim f (x) = 0 e lim g(x) = 0. Entao, se lim fg0 (x)
xa

xa

xa

(x)
= L.
segue que lim fg(x)
xa

(x)
tem a forma indeterminada 00 em
O que o teorema nos diz e que se fg(x)
0
0
a e se a derivada do numerador f (x) e do denominador g (x) sao tais que
0
(x)
(x)
= L.
= L, entao lim fg(x)
lim fg0 (x)

xa

xa

O teorema tambem e valido se todos os limites forem limites a` direita ou


o caso, por exemplo, quando
se todos os limites forem limites a` esquerda. E
o ponto a for o extremo inferior de I ou o extremo superior de I.
Antes de demonstrar o teorema, vamos ilustrar seu uso em alguns
exemplos.
Exemplo 26.1
2

= 1.
Usando fatoracao de polinomios, vimos que lim xx2 3x+2
5x+6
x2

Como

lim (x2 3x + 2) = 0 e lim (x2 5x + 6) = 0, podemos aplicar a regra de


x2
LHopital para obter
x2

2x 3
x2 3x + 2
= 1 .
= lim
2
x2 2x 5
x2 x 5x + 6
lim

Exemplo 26.2

= 1. Como lim senx = 0 e lim x = 0, podemos


Ja sabemos que lim senx
x0
x0
x0 x
aplicar a regra de LHopital para obter

cosx
senx
=1.
= lim
x0 1
x0
x
lim

Exemplo 26.3
2cos2 x 2
.
x0
sen2 x
Temos lim (2cos2 x 2) = 0 e lim sen2 x = 0; aplicando a regra de
x0
x0
LHopital, temos

Vamos determinar o lim

2cosx
4(cosx)(senx)
2cos2 x 2
= 2 .
= lim
= lim
2
x0 cosx
x0 2(senx)(cosx)
x0
sen x
lim

O exemplo a seguir mostra que a regra de LHopital pode ser aplicada


repetidas vezes desde que em cada etapa as condicoes do Teorema 26.1 sejam
satisfeitas.
CEDERJ

96

A regra de LH
opital.

MODULO
2 - AULA 26

Exemplo 26.4
x2
.
x0 1 cos(2x)

Determinemos o lim

x
tem a forma indeterminada
Como a funcao 1cos(2x)
mos aplicar a regra de lHopital para obter

0
0

em a = 0, pode-

x
2x
x2
.
= lim
= lim
x0 sen(2x)
x0 2sen(2x)
x0 1 cos(2x)
lim

Como lim x = 0 e lim sen(2x) = 0, podemos, de novo, aplicar a regra


x0
x0
de lHopital para obter

1
1
x
x2
= .
= lim
= lim
x0 2cos(2x)
x0 sen(2x)
x0 1 cos(2x)
2
lim

Na aula 16 voce foi apresentado ao teorema do valor medio. Agora,


para demonstrar o Teorema 26.1, necessitamos do teorema conhecido como
o teorema do valor medio de Cauchy que e uma extensao do teorema do
valor medio. Este teorema e atribudo ao matematico frances Augustin Louis
Cauchy (1789-1857).
Teorema 26.2
(Teorema do valor medio de Cauchy) Sejam f e g duas funcoes tais que:
(a) f e g sao contnuas no intervalo fechado [a, b];
(b) f e g sao derivaveis no intervalo aberto (a, b);
0

(c) g (x) 6= 0 para todo x (a, b).


Entao existe pelo menos um n
umero c (a, b) tal que
0

f (c)
f (b) f (a)
.
= 0
g (c)
g(b) g(a)

Demonstracao: Observe que, se g(a) = g(b), entao pelo teorema de Rolle


0
(visto na aula 16) existe x (a, b) tal que g (x) = 0, o que contraria a
hipotese do teorema. Portanto, g(a) 6= g(b), isto e, g(b)g(a) 6= 0. Considere
a funcao h definida por
h(x) = [f (b) f (a)]g(x) [g(b) g(a)]f (x) para x [a, b] .
Evidentemente, h e contnua em [a, b], pois f e g sao contnuas em [a, b].
Analogamente, como f e g sao derivaveis em (a, b), segue que h e derivavel
em (a, b) e
0

h (x) = [f (b) f (a)]g (x) [g(b) g(a)]f (x) para x (a, b) .


97

CEDERJ

A regra de LH
opital.

Agora,
h(b) = [f (b) f (a)]g(b) [g(b) g(a)]f (b) = f (b)g(a) f (a)g(b)
e
h(a) = [f (b) f (a)]g(a) [g(b) g(a)]f (a) = f (b)g(a) f (a)g(b) .
ou seja, h(a) = h(b). Podemos, portanto, aplicar o teorema de Rolle a` funcao
0
h e concluir que existe um n
umero c (a, b) tal que h (c) = 0, isto e,
0

0 = [f (b) f (a)]g (c) [g(b) g(a)]f (c) .


0

Como g(b) g(a) 6= 0 e, por hipotese, g (c) 6= 0, conclumos da u


ltima
igualdade que
0
f (c)
f (b) f (a)
,
= 0
g (c)
g(b) g(a)

provando assim o teorema.

Voce pode observar que se a funcao g e dada por g(x) = x, entao


g (x) = 1 e a conclusao do teorema se reduz a` conclusao do teorema do valor
medio.
0

Agora, estamos prontos para demonstrar o Teorema 26.1. Note que,


se provarmos a regra de lHopital para o caso em que x se aproxima de a
pela direita e o caso em que x se aproxima de a pela esquerda, o teorema
estara provado, pois a igualdade dos limites laterais garante a conclusao do
teorema.
Faremos a demonstracao para o limite a` direita; o outro caso e analogo.
Demonstracao do Teorema 26.1: Vamos mostrar que se lim+ f (x) = 0,
lim g(x) = 0 e

xa+

lim f 0 (x)
xa+ g (x)

xa

= L, entao

lim f (x)
xa+ g(x)

= L.

Considere as funcoes F e G definidas por


(
(
f (x) se x 6= a,
g(x) se x 6= a,
F (x) =
e G(x) =
0 se x = a;
0 se x = a.
Seja b I tal que b > a. Como f e g sao derivaveis em I, exceto
possivelmente em x = a, temos que F e G sao derivaveis em (a, x] para todo
x (a, b) e, portanto, contnuas em (a, x] para todo x (a, b). Note tambem
que, como lim+ F (x) = lim+ f (x) = 0 = F (a) e lim+ G(x) = lim+ g(x) =
xa

xa

xa

xa

0 = G(a), conclumos que F e G sao contnuas em cada intervalo [a, x], para
todo x (a, b). Vemos, assim, que F e G satisfazem as hipoteses do teorema
CEDERJ

98

A regra de LH
opital.

MODULO
2 - AULA 26

do valor medio de Cauchy em cada intervalo [a, x], para x (a, b). Segue,
entao, que para cada x (a, b) existe cx (a, x) tal que
0

F (cx )
F (x) F (a)
,
= 0
G (cx )
G(x) G(a)

ou seja,

f (cx )
f (x)
.
= 0
g (cx )
g(x)

importante observar que o n


E
umero cx depende de x visto que, para
cada x (a, b), o intervalo (a, x) ao qual cx pertence, varia. Por outro lado,
quando x a+ , tambem cx a+ ; conseq
uentemente,
xa

lim+

f (x)
f (cx )
f (cx )
f (x)
=L,
= lim+ 0
= lim+ 0
= lim+ 0
g(x) xa g (cx ) cx a g (cx ) xa g (x)

o que prova o teorema.


Veremos, agora, que a regra de lHopital tambem e valida no caso em
que x + e no caso em que x . Enunciaremos e demonstraremos
somente o primeiro caso; o segundo, deixaremos como exerccio (ver o Exerccio 3).
Teorema 26.3
Sejam f e g duas funcoes derivaveis em um intervalo aberto (a, +), sendo
a uma constante positiva e g 0 (x) 6= 0 para todo x (a, +). Suponha que
lim f (x) = 0 e lim g(x) = 0. Entao, se
x+

x+

f (x)
=L,
lim 0
x+ g (x)

segue que
f (x)
=L.
x+ g(x)
lim

Demonstracao:
Fazendo t = x1 para x > a, segue que x = 1t com 0 < t <
quando x +. Considere as funcoes F e G definidas por


 
 
1
1
1
.
para t 0,
e G(t) = g
F (t) = f
a
t
t


Note que lim+ F (t) = lim+ f 1t =
t0 
t0
lim+ G(t) = lim+ g 1t = lim g(x) = 0.

t0

t0

1
a

e t 0+

lim f (x) = 0. Analogamente,

x+

x+

99

CEDERJ

A regra de LH
opital.


Pela regra da cadeia, F e G sao derivaveis em 0, a1 e


 
 
1
1 0 1
1 0 1
0
0
.
para t 0,
e G (t) = 2 g
F (t) = 2 f
a
t
t
t
t

Aplicando o Teorema 26.1 a`s funcoes F e G no intervalo


obtemos
0
F (t)
F (t)
= lim+ 0 ;
lim
t0 G (t)
t0+ G(t)

logo,


0, a1 ,

f ( 1t )
F (t)
F (t)
f (x)
=
= lim+ 0
= lim+ 1 = lim+
lim
x+ g(x)
t0 G (t)
t0 G(t)
t0 g( )
t
0

f ( 1t )
f (x)
= L,
= lim+ 0 1 = lim 0
x+
t0 g ( )
g (x)
t

o que completa a prova do teorema.


Vejamos um exemplo.
Exemplo 26.5 
sen x1
 e tal que lim sen
O lim
2
x+ sen

x+

1
x

= 0 e lim sen
x+

2
x

assim, aplicar o Teorema 26.3 para obter




x12 cos x1
sen x1
1 cos
 = lim
 = lim
lim
2
2
2
x+ 2 cos
x+ 2 cos
x+ sen
x
x
x

= 0. Podemos,

1
x
2
x

1
.
2

Agora, passaremos ao estudo de outras formas indeterminadas.

sec2 x
,
sec2 (3x)

Vejamos a forma indeterminada

Se voce quiser determinar o lim


x 2
2

voce nao pode aplicar a propri-

edade do quociente, pois lim sec x = + e lim sec2 (3x) = +. Veremos,


x 2

x 2

agora, que a regra de lHopital tambem se aplica a uma forma indeterminada


deste tipo.
Definicao 26.2 Quando lim |f (x)| = + e lim |g(x)| = +, dizemos que a
xa

funcao

f (x)
g(x)

tem a forma indeterminada

xa

em a.

Voce deve observar na definicao que as formas


.
elas, indeterminacoes do tipo


,
+

sao, todas

O teorema que veremos a seguir e a regra de lH


opital para a forma
. Sua demonstracao sera omitida, pois esta alem
indeterminada do tipo

dos objetivos deste curso.

CEDERJ

100

A regra de LH
opital.

MODULO
2 - AULA 26

Teorema 26.4
Sejam f e g funcoes derivaveis em um intervalo aberto I, exceto possivel0
mente em um ponto a I. Suponha que g (x) 6= 0 para todo x 6= a em I.
Suponha, alem disso, que lim |f (x)| = + e lim |g(x)| = +. Entao, se
xa

xa

f (x)
= L,
0
xa g (x)
lim

segue que
lim

xa

f (x)
=L.
g(x)
0

(x)
= , sendo
O Teorema 26.4 tambem vale no caso em que lim fg0 (x)
xa
ainda valido se considerarmos limites laterais.

Exemplo 26.6
Determinemos o lim
+
x 2

7tgx
.
5 + secx

(5 + secx) = , podemos aplicar o


7tgx = e lim
Como lim

+
x 2 +

x 2

Teorema 26.4 para obter

7tgx
=
5 + secx

lim
+

x 2

lim
+

7sec2 x
=
(secx)(tgx)

lim
+

7secx
=
tgx

lim

7
cosx
senx
cosx

lim
+

7
=7.
senx

x 2

x 2

x 2 +

x 2

Exemplo 26.7
Determinemos o lim

x+

cos

x2

1
x

Como lim x2 = + e lim cos


x+

x+

regra de lHopital para obter


lim

x+

cos

x2

1
x

lim

x+

lim

x+

1
x

1
x2


x = , podemos aplicar a
1
x2

2x
sen

1
x



2x

= + .
sen x1 1
101

CEDERJ

A regra de LH
opital.

Veremos, agora, mais dois casos de formas indeterminadas. Sao elas as


formas indeterminadas .0 e .
Definicao 26.3 Se lim |f (x)| = + e lim g(x) = 0, dizemos que o produto
xa

xa

f (x).g(x) tem a forma indeterminada .0.

Para determinar lim f (x).g(x), escrevemos f (x).g(x) como


xa

g(x)
1/f (x)

ou

f (x)
.
1/g(x)

No primeiro caso, obtemos a forma indeterminada 00 e, no secomo


. A escolha de uma das duas
gundo caso, obtemos a forma indeterminada

formas dependera de qual delas e a mais conveniente, em cada caso.

Exemplo 26.8

sec(5x).
x
Calculemos o lim
2
x 2


sec(5x) = +, temos uma forma


= 0 e lim
x

Como lim
2
x 2
x 2


x 2

indeterminada do tipo .0. Escrevendo x 2 sec(5x) como 1 , obtemos




sec(5x)

uma indeterminacao da forma 00 . Aplicando a regra de lHopital, obtemos





x 2

=
sec(5x) = lim
lim x
1
2
x 2 sec(5x)
x 2

lim

x 2

lim

x 2

lim

x 2

lim

x 2

1
5sec(5x).tg(5x)
sec2 (5x)

1
5tg(5x)
sec(5x)

1
5tg(5x)
sec2 (5x)

1/cos(5x)
=
5sen(5x)/cos(5x)

lim

x 2

1
1
= .
5
5sen(5x)

Voce deve estar se perguntando porque nao foi feita a escolha de se



e que ao derivar o numerador
escrever x 2 sec(5x) como sec(5x)
1  . O motivo
x
2

e o denominador deste quociente, obtemos

5sec(5x)tg(5x)
1

x
2

CEDERJ

102

2

o que, convenhamos,

A regra de LH
opital.

MODULO
2 - AULA 26

nao ajuda em nada. Por isso, a escolha entre as duas formas de escrita do
produto f (x).g(x) como um quociente deve ser feita levando-se em conta qual
dentre elas facilita a aplicacao da regra de lHopital.
claro, tambem, que poderamos ter determinado este limite muito
E


x 2

mais facilmente escrevendo x 2 sec(5x) como cos(5x) , obtendo a forma


indeterminada 00 que, neste caso, tem solucao bem mais simples. A opcao
pela solucao apresentada teve como objetivo ilustrar a tecnica no caso de
uma indeterminacao da forma .0.

Definicao 26.4 Se lim f (x) = + e lim g(x) = +, dizemos que a diferenca


xa

xa

f (x) g(x) tem a forma indeterminada .


Para resolver este tipo de indeterminacao escreva f (x) g(x) como
observando que esse u
ltimo quociente tem a forma
indeterminada 00 .
1/g(x)1/f (x)
,
1/f (x)g(x)

Exemplo 26.9


1
1
.

Calculemos o lim+
x0
senx x
1
x1 tem a forma indeterminada . Escrevendo
Claramente senx
1
, obtemos
x1 como xsenx
xsenx
senx

lim+

x0

1
1

senx x

= lim+
x0

1 cosx
x senx
,
= lim+
x0 senx + xcosx
xsenx

que, de novo, tem a forma indeterminada 00 . Aplicando novamente a regra


de lHopital, obtemos

lim+

x0

1
1

senx x

lim+

x senx
=
xsenx

lim+

1 cosx
=
senx + xcosx

lim+

0
senx
= =0.
2
2cosx xsenx

x0

x0

x0

A regra de lHopital se aplica a outras formas de indeterminacao, a


saber, 00 , 0 e 1 . Entretanto, para trata-las, necessitaremos das funcoes
logartmica e exponencial, que serao estudadas nas aulas 36, 37, 38 e 39.
103

CEDERJ

A regra de LH
opital.

Resumo
Nesta aula voce constatou, mais uma vez, a importancia da derivada
que, neste caso, atraves da regra de LHopital, se mostrou extremamente
eficaz para o calculo de certos limites.

Exerccios
1. Encontre todos os valores de c, no intervalo [a, b] dado, que satisfacam
a conclusao do teorema do valor medio de Cauchy para o par de funcoes
dadas.
(a) f (x) = x3 , g(x) = x2 ; [a, b] = [0, 2].
(b) f (x) = cosx, g(x) = senx; [a, b] = [0, 2 ].

(c) f (x) =

2x
,
1+x2

g(x) =

(d) f (x) = tg x, g(x) =

1x2
;
1+x2

4x
;

[a, b] = [0, 2].

[a, b] = [ 4 , 4 ].

(e) f (x) = x2 (x2 2), g(x) = x; [a, b] = [1, 1].


2. Use a regra de lHopital para calcular cada um dos limites abaixo:
sen(x)
x2 2 x

(a) lim

(e) lim+
x0

sen(2/x)
x+
1/x

x
x0 tg x

(c) lim

(b) lim

1 cos(2/x)
x0
tg(3/x)

cosx cos(3x)
sen(x3 )

(f) lim

sen2 x
x0 sen(x2 )

(d) lim

sen(7/x)
.
x+
5/x

(g) lim

3. Enuncie e demonstre o Teorema 26.3 no caso em que x .


4. Use a regra de lHopital para calcular cada um dos limites abaixo:
lim

x 2

1 + secx
tg x

tgx tg(2x)
(d) lim
+
x 2

(f) lim+
x1

(h) lim
x 2

(b) lim+
x 12

(e) lim

x1

1
1

x1
x1


2
1
.

1 senx cos2 x

sec(3x)
tg(3x)

x2

(c) lim xsen( )


x+
x


1
2

1 x1

1x x+1
(g) lim
x0
x

n(n + 1)
nxn+1 (n + 1)xn + 1
.
=
2
x1
2
(x 1)

5. Mostre que lim

CEDERJ

104

A regra de LH
opital.

MODULO
2 - AULA 26

Auto-avaliac
ao
Nesta aula voce aprendeu uma nova tecnica para calcular limites. Os
exerccios propostos exigem o domnio das regras de derivacao e a identificacao, em cada caso, da forma de indeterminacao da regra de lHopital a
ser aplicada. Caso persista alguma d
uvida, releia a aula com atencao ou
procure o tutor no seu polo.

105

CEDERJ

O Teorema da funcao inversa.

MODULO
2 - AULA 27

Aula 27 O Teorema da fun


c
ao inversa.
Objetivos

Refer
encia: Aulas, 9,10 e
12.

Relembrar a nocao de inversa de uma funcao e estudar a derivabilidade


da inversa de uma funcao derivavel.

Inicialmente, relembremos o conceito de inversa de uma funcao, ja estudado na disciplina de Pre-Calculo (aulas 36 e 39, do modulo 4). Por questoes
de objetividade, nos restringiremos a`s funcoes contnuas definidas em intervalos.
Exemplo 27.1
Considere a funcao f : R R definida por f (x) = x2 1. Note que a imagem
de f e o conjunto f (R) = [1, +). A pergunta que queremos responder
e: dado qualquer x R e y = f (x) [1, +], e possvel encontrar uma
funcao g : [1, +) R tal que g(f (x)) = g(y) = x? Responder a essa
pergunta equivale a determinar se a solucao da equacao y = x2 1 nos da
a variavel x como uma funcao da variavel y, concorda? Ora, resolvendo a

equacao, obtemos x = y + 1, ou seja, para cada y (1, +) ha dois


valores de x para os quais f (x) = y. Assim, x nao pode ser obtido como uma
funcao de y, pois para que pudessemos definir uma tal funcao, o valor de x,
para um y dado, deveria ser u
nico. Isso mostra que uma tal funcao g nao
existe.

Exemplo 27.2
Considere, agora, a funcao f : [0, +) [1, +) definida por f (x) =
x2 1, como no Exemplo 1. A pergunta do Exemplo 1 passa a ser, neste caso,
a seguinte: dado qualquer x [0, +) e y = f (x) [1, +), existe uma
funcao g : [1, +) [0, +) tal que g(f (x)) = g(y) = x? Analogamente,
resolvendo a equacao y = x2 1 para valores de x [0, +), obtemos como

solucao x = y + 1. Assim, a funcao g procurada e g(y) = y + 1.


p
p
Note que g(f (x)) = f (x) + 1 = (x2 1) + 1 = x, como queramos,

e que f (g(y)) = (g(y))2 1 = ( y + 1)2 1 = (y + 1) 1 = y.

Voce pode observar que da igualdade g(f (x)) = x pode-se dizer, de


maneira ingenua, que o que a funcao f faz com um ponto x [0, +) a
funcao g desfaz. Da mesma maneira, da igualdade f (g(y)) = y pode-se dizer
que o que a funcao g faz com um ponto y [1, +) a funcao f desfaz.

107

CEDERJ

O Teorema da funcao inversa.

Neste sentido dizemos que g e a inversa da funcao f e f e a inversa da funcao


g. Uma definicao precisa da inversa de uma funcao, no caso particular em
que estaremos interessados, e a seguinte:
Definicao 27.1 Sejam I um intervalo nao trivial e f : I R uma funcao
contnua em I. Dizemos que f e inversvel, se existe uma funcao g : f (I) R
tal que g(f (x)) = x para todo x I. Uma tal funcao g e necessariamente
u
nica, e denominada a inversa da funcao f e e denotada por f 1 .
Antes de continuar, facamos algumas observacoes relevantes a respeito
da definicao acima.
(a) f e injetora: realmente, sejam x1 , x2 I tais que f (x1 ) = f (x2 ); entao
f 1 (f (x1 )) = f 1 (f (x2 )), ou seja, x1 = x2 . Assim, f e injetora.
(b) f : I f (I) e bijetora: isto e claro em vista de (a), ja que f (I) =
{f (x); x I}.
(c) f (f 1 (y)) = y para todo y f (I): realmente, seja y f (I); entao
y = f (x), para x I. Logo, f (f 1 (y)) = f (f 1 (f (x))) = f (x) = y.
(d) f 1 : f (I) I e bijetora: realmente, o fato de f 1 ser sobrejetora
segue da propria definicao e o fato de f 1 ser injetora segue de (c).
(e) f (I) e um intervalo nao trivial: realmente, o fato de que f (I) e um
intervalo foi provado na aula 7 (lembrar que f e contnua) e o fato de
que f (I) nao e um conjunto unitario decorre de (a).
Considere, agora, os dois graficos de funcoes, indicados nas Figuras 27.1a e
27.1b.

(a)

Figura 27.1

(b)

Note que as duas funcoes sao contnuas, a primeira sendo crescente e a


segunda decrescente. Intuitivamente pode-se observar que ambos os graficos
tem a seguinte propriedade: ao se tracar qualquer reta horizontal passando
por um ponto da imagem da funcao, esta reta interceptara o grafico em um
CEDERJ

108

O Teorema da funcao inversa.

MODULO
2 - AULA 27

u
nico ponto. Uma outra maneira de dizer isso e a seguinte: se f denota a
funcao cujo grafico e esbocado, digamos, na Figura 27.1a, entao para cada
y na imagem de f existe um u
nico x no domnio de f tal que f (x) = y.
Assim, podemos definir uma funcao g tal que, para cada y na imagem de f ,
g(y) = x, onde x e o u
nico ponto que satisfaz f (x) = y. A funcao g, assim
definida, satisfaz g(f (x)) = x para todo x no domnio de f , ou seja, g e a
inversa da funcao f .
importante observar que, na discussao imediatamente acima, a hipotese
E
das funcoes serem crescentes ou decrescentes e realmente necessaria, pois caso
contrario nao teramos a unicidade do ponto x para um dado y na imagem
da funcao f . A Figura 27.2 ilustra uma tal situacao.

x
2

Figura 27.2
O proximo teorema prova o que acabamos de dizer.
Teorema 27.1
Sejam I um intervalo nao trivial e f : I R uma funcao contnua e crescente(respectivamente decrescente). Entao
(a) f possui uma inversa f 1 (que e definida em f (I));
(b) f 1 e crescente (respectivamente decrescente) em f (I);

O item (c) ser


a demonstrado
na disciplina de An
alise.

(c) f 1 e contnua em f (I).


Demonstracao: Faremos a demonstracao de (a) e (b) no caso em que f e
crescente; o caso em que f e decrescente e analogo.
(a) Para cada y f (I) existe pelo menos um valor de x I tal que
f (x) = y. Vamos mostrar que x e u
nico. Com efeito, se w I e w 6= x,
entao w < x ou w > x. No primeiro caso, f (w) < f (x) e, no segundo caso,
f (w) > f (x), pois estamos supondo f crescente. Assim, f (w) 6= f (x) = y,
mostrando a unicidade de x. Defina g : f (I) R da seguinte maneira: para
109

CEDERJ

O Teorema da funcao inversa.

cada y f (I), faca g(y) = x, onde x e o u


nico elemento de I tal que f (x) = y.
Temos, assim, que g(f (x)) = g(y) = x para todo x I, mostrando que f e
inversvel.
(b) Sejam y1 , y2 f (I), com y1 < y2 . Devemos mostrar que
f (y1 ) < f 1 (y2 ). Ora, se x1 = f 1 (y1 ) e x2 = f 1 (y2 ), temos que
f (x1 ) = y1 < f (x2 ) = y2 . Como f e crescente, conclui-se que x1 < x2 ,
isto e, f 1 (y1 ) < f 1 (y2 ).
1

Exemplo 27.3
0

em R {1}. Como f (x) =


Seja f a funcao definida por f (x) = 2x3
x+1
5
> 0 para x 6= 1, segue que f e crescente em R {1}. Pelo Teorema
(x+1)2
27.1 (a), (b), f e inversvel e f 1 e crescente. Para encontrar f 1 , considere
a equacao y = f (x); tirando x como funcao de y, obtemos

y=

2x 3
,
x+1

xy + y = 2x 3,
2x xy = y + 3,
x(2 y) = y + 3,
donde
x=

y+3
.
2y

, sendo f 1 definida em R {2}. O grafico de f 1


Assim, f 1 (y) = y+3
2y
e indicado na Figura 27.3.

Figura 27.3

CEDERJ

110

O Teorema da funcao inversa.

MODULO
2 - AULA 27

Veremos, agora, um teorema que estabelece, no caso de funcoes inversveis,


uma relacao entre a derivada de uma funcao e a derivada de sua inversa.
Teorema 27.2
(Teorema da funcao inversa) Seja f : I R uma funcao derivavel e crescente
0
ou decrescente em um intervalo nao trivial I. Se f (x) 6= 0 para todo x I,
entao f 1 e derivavel em f (I) e para todo x I, tem-se
0

(f 1 ) (f (x)) =

1
.
f (x)
0

O Teorema 27.2 nos diz que para determinar a derivada da inversa f 1


0
em um ponto f (x) f (I) do seu domnio, basta determinar a derivada f (x)
de f em x I, ou seja, nao e necessario conhecer f 1 para conhecer sua
derivada. Antes de demonstrar o Teorema 27.2, vejamos dois exemplos.
Exemplo 27.4

, do
Constatemos a validade do Teorema 27.2 para a funcao f (x) = 2x3
x+1
0
y+3
5
1
Exemplo 27.3, cuja inversa e f (y) = 2y . Como f (x) = (x+1)2 > 0 para
todo x R {1}, segue do Teorema 27.2 que f 1 e derivavel em R {2}
2
0
para todo x R {1}. Vamos comprovar este fato
e (f 1 ) (f (x)) = (x+1)
5
diretamente. Derivando f 1 em um ponto y = f (x), temos
0

(f 1 ) (y) =

Substituindo y =
0

(f 1 ) (f (x)) =

Exemplo 27.5

2x3
x+1

5
2x3
x+1

5
.
(y 2)2

na igualdade acima, obtemos

x+1

5
x+1

 =
2x32x2 2

2 =

2 =

1
(x + 1)2
.
= 0
f (x)
5

Seja f (x) = x3 + 2x 5, cuja derivada e f (x) = 3x2 + 2. Portanto, f (x) > 0


para todo n
umero real; assim, podemos aplicar os Teoremas 27.1 e 27.2 para
concluir que f possui uma inversa f 1 e
0

(f 1 ) (f (x)) =

1
+2

3x2

para todo x R.
Demonstracao do Teorema 27.2: Seja x I e mostremos que f 1 e derivavel
em y = f (x) f (I). De fato, sendo f crescente ou decrescente, para w 6= 0
111

CEDERJ

O Teorema da funcao inversa.

tal que y + w f (I), existe h 6= 0 tal que x + h I e f (x + h) = y + w.


Como x = f 1 (y) e x + h = f 1 (y + w), segue que h = f 1 (y + w) f 1 (y).
Portanto,

h
h
h
f 1 (y + w) f 1 (y)
=
=
= =
f (x + h) f (x)
f (x + h) y
w
w
1
.
=
f (x + h) f (x)
h

Alem disso, como f 1 e contnua em y pelo Teorema 27.1(c), segue que


lim h = lim (f 1 (y + w) f 1 (y)) = 0. Por outro lado, como f e contnua

w0

w0

em x (pois e derivavel em x), segue que lim w = lim (f (x + h) f (x)) = 0.


h0
h0
Assim, h 0 se, e somente se, w 0. Aplicando a propriedade do quociente,
obtemos
f 1 (y + w) f 1 (y)
= lim
w0
h0
w

lim

f (x+h)f (x)
h

1
1
.
= 0
f (x + h) f (x)
f (x)
lim
h0
h
0

Isto prova que f 1 e derivavel em y = f (x) e (f 1 ) (y) =

1
.
0
f (x)

O Teorema da funcao inversa nos da a expressao da derivada de f 1 em


cada ponto f (x) de seu domnio f (I). Se quisessemos, poderamos reescrever
esta expressao da seguinte forma: cada elemento x f (I) se escreve de modo
u
nico na forma x = f (t), onde t I; logo,
0

(f 1 ) (x) = (f 1 ) (f (t)) =

1
1
.
= 0 1
f (f (x))
f (t)
0

Exemplo 27.6
Seja n um inteiro positivo, n 2.Vamos aplicar o Teorema da funcao inversa
1 1

0
para mostrar que a derivada de g(x) = n x e g (x) = n1 x n para todos os

valores de x para os quais n x esta definida, exceto para x = 0 (ver a aula 12).

Inicialmente, lembremos que g estara definida em [0, +) para n par


e em R para n mpar.
0

A funcao g e a inversa da funcao f (x) = xn . Como f (x) = nxn1 6= 0


para todo x 6= 0, pelo Teorema da funcao inversa g e derivavel e
1

1 1
xn
1
= x n 1
=
=
= 0
g (x) = 0 1
n1
n
n
nx
f (f (x))
n( x)
f ( x)
0

para todo x 6= 0.
CEDERJ

112

O Teorema da funcao inversa.

MODULO
2 - AULA 27

Exemplo 27.7
Considere a funcao f : [, 2 ] R definida por f (x) = senx x . Como
0
xcos x > 0 e sen x < 0 para todo x [, 2 ], segue que f (x) =





xcos xsen x
,
.
Logo,
f

e
crescente
em

>
0
para
todo
x

2
2
2
x
e do Teorema 27.1(a) resulta que f e inversvel. Pelo Teorema da funcao
inversa, f 1 e derivavel e



x2
1 0
.
para todo x ,
(f ) (f (x)) =
2
xcos x sen x
3
. Pelo Teorema
Vamos, agora, determinar a derivada de f 1 no ponto 7
3
.
da funcao inversa, basta determinar
para que valor de x f (x) = senx x = 7

7
1


sen

3
, 2 , obtemos que
= 72 = 7 6 e visto que 7
Ora, como 7
6
6

e o ponto procurado. Assim,


x = 7
6
(f 1 )

3
7

2

 
7

7
6
=
= (f 1 ) f
7
6
sen
cos

7
6
6
2
7
6

=
.
1
3

7
2
2
6
0

7
6

=

Resumo
Nesta aula voce foi apresentado ao Teorema da funcao inversa, o qual
sera estudado mais profundamente na disciplina de Analise. Nas aulas 28
e 29 usaremos este teorema para estudar a derivabilidade das funcoes trigonometricas inversas.

Exerccios
1. Encontre, se existir, a inversa da funcao dada e determine seu domnio.
(a) f (x) = x2 + 4;

(b) f (x) =

(d) f (x) = x + 3|x|;

(e) f (x) =

3x1
;
x

4
;
x3 +2

(c) f (x) = x3 ;

(f) f (x) =

4
.
3+|x|

2. Para cada uma das funcoes do Exerccio 1, use o Teorema 27.1 para
determinar o maior subconjunto do seu domnio onde f e inversvel.
113

CEDERJ

O Teorema da funcao inversa.

3. Mostre que cada uma das funcoes abaixo satisfaz as hipoteses do Teorema da funcao inversa no conjunto I e aplique-o para determinar a
derivada da inversa no ponto a.

(a) f (x) = x 4, I = (4, +), a = 4;

(b) f (x) = x x1 , I = (0, +), a = 0;



, I = R 23 , a = 0;
(c) f (x) = 2x1
3x2

(d) f (x) =

x3 1
,
x2 +1

I = (0, +), a = 0.

4. Use as informacoes dadas e o Teorema da funcao inversa para calcular


0
(f 1 ) (a) (admita que as hipoteses do teorema sejam satisfeitas).
0

(a) a = 4, f (3) = 4, f (3) = 1;


0

(b) a = 2, f (1) = 2, f (1) = 3;


0

(c) a = 0, f (5) = 0, f (5) = 4;



0
(d) a = 22 , f 4 = 22 , f 4 =

2
.
2

Auto-avaliac
ao
Nos exerccios propostos voce deve demonstrar a compreensao do conceito de inversa de uma funcao, do significado dos Teoremas 27.1 e 27.2,
bem como saber aplica-los. Caso persista alguma d
uvida, releia a aula com
atencao ou procure o tutor no polo.

CEDERJ

114

Funcoes trigonometricas inversas.

MODULO
2 - AULA 28

Aula 28 Fun
co
es trigonom
etricas inversas.
Refer
encias: Aulas, 9, 10,
12 e 27.

Objetivos
Recordar as funcoes trigonometricas inversas e estuda-las no que diz
respeito a sua derivabilidade.

Na aula 39, de Pre-Calculo, voce estudou as funcoes trigonometricas


inversas: arco seno, arco cosseno, arco tangente, arco cotangente, arco secante
e arco cossecante. O objetivo principal desta aula e estudar a derivabilidade
das funcoes trigonometricas inversas, usando como ferramenta o Teorema da
funcao inversa.
Sabemos que as funcoes trigonometricas sao funcoes periodicas. Assim,
dado um ponto y da imagem de uma tal funcao, existe uma infinidade de
pontos do domnio que tem por imagem o ponto y. Portanto, todas elas
sao funcoes nao inversveis. Entretanto, ao restringirmos cada uma delas a
intervalos convenientes, obtemos que elas sao inversveis. Aqui, nos concentraremos no estudo da derivabilidade das funcoes arco seno, arco cosseno e
arco tangente.
Iniciemos com a fun
c
ao arco seno.
A funcao seno e contnua em R e tem por imagem o intervalo [1, 1].
Sendo uma funcao periodica de perodo 2, segue que a funcao seno nao e
inversvel.


Note, entretanto, que no intervalo 2 , 2 a funcao seno e crescente



= [1, 1]. Pelo Teorema 27.1, a funcao sen :
e sen x; x 2 , 2
 
2 , 2 [1, 1] e inversvel, sendo sua inversa contnua em [1, 1]. A
inversa em questao e a funcao arco seno, denotada por arcsen. Assim,


arcsen : [1, 1] 2 , 2 e definida por arcsen x = y se, e somente se,
x = sen y.

Pela definicao de funcao inversa, podemos afirmar que


sen(arcsen x) = x para todo x [1, 1]
e
arcsen(sen x) = x para todo x



.
,
2 2

115

CEDERJ

Funcoes trigonometricas inversas.

Na Figura 28.1a, apresentamos o grafico da funcao seno restrita ao




intervalo 2 , 2 e, na Figura 28.1b, apresentamos o grafico da funcao
arco seno.
pi/2
1

-pi/2

pi/2

-pi/2

Figura 28.1
(a)

(b)

Exemplo 28.1

2
2

Vamos calcular arcsen

e arcsen

3
2

 
No primeiro caso, temos que determinar o valor de y
2 , 2 para o




2

qual sen y = 2 . Como y = 4 2 , 2 e sen y = 22 , tem-se que

 

3

,
e
sen
y
=

como
y
=

arcsen 22 = 4 . Analogamente,
2
2 2
3

3

tem-se que arcsen 2 = 3 .

Proposicao 28.1
A funcao arco seno e derivavel em (1, 1) e sua derivada e
0

(arcsen) (x) =

1
para todo x (1, 1) .
1 x2

Demonstracao: Para facilitar a compreensao da demonstracao, escrevamos


0
f (x) = sen x; logo, f 1 (x) = arcsen x (x [1, 1]). Como f (x) = cos x > 0

para todo x 2 , 2 , segue do Teorema da funcao inversa que f 1 e

derivavel em f 2 , 2 = (1, 1) e

(f 1 ) (x) =

(f 1 (x))

1
cos (f 1 (x))

para todo x (1, 1).

Da identidade cos2 (f 1 (x)) = 1sen2 (f 1 (x)) e visto que cos (f 1 (x)) >
p
0 para todo x (1, 1), segue que cos (f 1 (x)) = 1 sen2 (f 1 (x)). Mas,
sen2 (f 1 (x)) = (sen (arcsen x))2 = x2 . Assim,
0

(f 1 )0 (x) = (arcsen) (x) =

para todo x (1, 1).


CEDERJ

116

1
1 x2

Funcoes trigonometricas inversas.

MODULO
2 - AULA 28

Exemplo 28.2

Vamos calcular a derivada da funcao f (x) = arcsen(x2 1) para x (0, 2).

Note que, se h(x) = x2 1, entao h((0, 2)) = (1, 1); logo, f (x) = (g h)(x)

para todo x (0, 2), onde g(x) = arcsen x. Sendo g derivavel em (1, 1)

e h derivavel em R (logo, em (0, 2)), a regra da cadeia garante que f e

derivavel em (0, 2) e
0

f (x) = g (h(x))h (x) = p

2
1
.
2x = 2
x + 2
1 (x2 1)2

Exemplo 28.3

dy
, onde y e uma funcao
Vamos usar a derivacao implcita para calcular dx
derivavel da variavel x dada pela equacao xarcsen y = x + y para x, y
(1, 1).

Derivando implicitamente ambos os lados da equacao, obtemos


0

arcsen y + x(arcsen) (y)

dy
dy
=1+ ,
dx
dx

ou seja,

Assim,

isto e,

arcsen y + x p

dy
dy
.
=1+
dx
1 y 2 dx
1

dy
p
= 1 arcsen y,
1
2
dx
1y
x

1 arcsen y
dy
.
=
x 2 1
dx
1y

Estudemos, agora, a fun


c
ao arco cosseno.
A funcao cosseno e contnua em R e tem por imagem o intervalo [1, 1].
Sendo uma funcao periodica de perodo 2, segue que a funcao cosseno nao
e inversvel.
Note, entretanto, que no intervalo [0, ] a funcao cosseno e decrescente
e {cos x; x [0, ]} = [1, 1]. Pelo Teorema 27.1, a funcao cos : [0, ]
[1, 1] e inversvel, sendo sua inversa contnua em [1, 1]. A inversa em
questao e a funcao arco cosseno, denotada por arccos. Assim,
arccos : [1, 1] [0, ] e definida por arccos x = y se, e somente se,
x = cos y.
117

CEDERJ

Funcoes trigonometricas inversas.

Pela definicao de funcao inversa, podemos afirmar que


cos(arccos x) = x para todo x [1, 1]
e
arccos(cos x) = x para todo x [0, ] .
Na Figura 28.2a, apresentamos o grafico da funcao cosseno (restrita ao
intervalo [0, ]) e, na Figura 28.2b, apresentamos o grafico da funcao arco
cosseno.
p

p
2

p
p
2

(a)

(b)

Figura 28.2

Proposicao 28.2
A funcao arco cosseno e derivavel em (1, 1) e sua derivada e
0

(arccos) (x) =

1
1 x2

para todo x (1, 1).


Demonstracao: Escrevamos f (x) = cos x; logo, f 1 (x) = arccos x (x
0
[1, 1]). Como f e derivavel em (0, ) e f (x) = sen x < 0 para todo
x (0, ), segue do Teorema da funcao inversa que f 1 e derivavel em
f ((0, )) = (1, 1) e
1

(f 1 ) (x) =

para todo x (1, 1).

(f 1 (x))

1
sen (f 1 (x))

Sendo sen2 (f 1 (x)) = 1 cos2 (f 1 (x)) e sen (f 1 (x)) > 0 para todo
p

x (1, 1), obtemos que sen (f 1 (x)) = 1 cos2 (f 1 (x)) = 1 x2 .


Assim,
1
0
0
(f 1 ) (x) = (arccos) (x) =
1 x2
para todo x (1, 1).
CEDERJ

118

Funcoes trigonometricas inversas.

MODULO
2 - AULA 28

Exemplo 28.4
2

Considere a funcao f (x) = arccos x x1 . Vamos determinar o domnio de


f e estudar sua derivabilidade. Como o domnio da funcao arco cosseno e
o intervalo [1, 1], para determinar o domnio de f , devemos encontrar os
2
2
valores de x 6= 0 para os quais x x1 [1, 1]. O grafico da funcao h(x) = x x1
e indicado na Figura 28.3.

Figura 28.3

Os valores de x para os quais h(x) = 1 sao 1+2 5 e 12 5 . Por outro


1 5
. Sendo
lado, os valores de x para os quais h(x) = 1 sao 1+2 5 e
2
 1 5 1 5 
1]
, 2 = [1,
h uma fun
cao crescente em R {0}, temos que h
2
 1 5 15 
 1+5 1+5 
, 2
= [1, 1]. Assim, o domnio de f e
e h 2 , 2
2

 1+ 5 1+ 5 
1 5 1 5

, 2
, 2 . Pela regra da cadeia, f e derivavel em
2
2

1+ 5 1+ 5
e sua derivada e
, 2
2

para todo x

f (x) = q

1 5 1 5
,
2
2


x2 1 2
x

x2 + 1
x2

1+ 5 1+ 5
.
,
2
2

Vejamos, agora, a fun


c
ao arco tangente.
A funcao tangente e contnua no seu domnio de definicao, a saber,

 k
R 2 ; k Z, k mpar . Sendo uma funcao periodica de perodo , segue
que a tangente nao e inversvel.


Note, entretanto, que no intervalo 2 , 2 ela e crescente e tg x; x


2 , 2 = R. Pelo Teorema 27.1, a funcao tg : 2 , 2 R e inversvel,
sendo sua inversa contnua em R. A inversa em questao e a funcao arco
tangente, denotada por arctg. Assim,

arctg : R 2 , 2 e definida por arctg x = y se, e somente se, y = tg x.
119

CEDERJ

Funcoes trigonometricas inversas.

Pela definicao de funcao inversa, podemos afirmar que


tg(arctg x) = x para todo x R
e
arctg(tg x) = x para todo x


,
2 2

Na Figura 28.4a, apresentamos o grafico da funcao tangente (restrita



ao intervalo 2 , 2 ) e, na Figura 28.4b, apresentamos o grafico da funcao
arco tangente.

p
2

- p2

- p2

(a)

Figura 28.4

(b)

Proposicao 28.3
A funcao arco tangente e derivavel em R e sua derivada e
0

(arctg) (x) =

1
1 + x2

para todo x R.


Demonstracao: Escrevamos f (x) = tg x, x 2 , 2 ; logo, f 1 (x) = arctg x,

0
x R. Como f e derivavel em 2 , 2 e f (x) = sec2 x = cos12 x > 0 para

todo x 2 , 2 , segue do Teorema da funcao inversa que f 1 e derivavel
em R e
1
1
0
=
(f 1 ) (x) = 0 1
2
sec (f 1 (x))
f (f (x))

para todo x R.

Da identidade sec2 (f 1 (x)) = 1 + tg 2 (f 1 (x)) = 1 + (tg(arctg (x))2 =


1 + x2 , segue que
1
0
(arctg) (x) =
1 + x2

para todo x R.
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120

Funcoes trigonometricas inversas.

MODULO
2 - AULA 28

Exemplo 28.5


2x
Vamos calcular a derivada da funcao f (x) = arctg 1x
2 , definida para
x R {1, 1}. Temos que f (x) = (g h)(x), onde g(x) = arctg x e
2x
avel em R e h derivavel em R {1, 1}, a regra
h(x) = 1x
2 . Sendo g deriv
da cadeia garante que f e derivavel em R {1, 1} e
0

f (x) = g (h(x)).h (x) =

1+

2x2 + 2
=
2
2x
(1 x2 )2
2

1x

2x2 + 2
(1 x2 )2
=
(1 x2 )2 + 4x2 (1 x2 )2

2x2 + 2
(1 x2 )2 + 4x2

para todo x R {1, 1}.

Resumo
Nesta aula, voce estudou as funcoes arco seno, arco cosseno e arco tangente no que diz respeito a seus intervalos de definicao e a sua derivabilidade.
Voce pode constatar a importancia do Teorema da funcao inversa que nos
permitiu determinar a derivada de tais funcoes.

Exerccios
1. Para cada uma das funcoes abaixo, determine:
(i) o domnio da funcao;
(ii) os pontos onde ela e derivavel;
(iii) a derivada da funcao.
2 1 
(a) f (x) = arcsen xx+1

(c) f (x) = arctg x2 1



2
(e) f (x) = arccos x x1

x+1
arcsen x1
(g) f (x) =
x2 +1

(b) f (x) = arccos(senx)

(d) f (x) = arcsen x2 x + 2


q
2
(f) arctg x +4x5
x+1

arccos x2
(h) f (x) = x1 .
121

CEDERJ

Funcoes trigonometricas inversas.

2. Para cada uma das funcoes abaixo, determine:


(i) o domnio da funcao;
(ii) os intervalos onde a funcao e crescente ou decrescente;
(iii) as assntotas verticais e horizontais ao grafico da funcao, caso existam;
(iv) os intervalos onde a funcao tem concavidade para cima e aqueles
onde a funcao tem concavidade para baixo;
(v) os extremos relativos e os extremos absolutos da funcao, caso existam.
Finalmente, esboce o grafico da funcao.
x+1
x1

(a) f (x) = arcsen(x2 1)

(b) f (x) = arctg

(c) f (x) = arccos(x2 2x)

(d) f (x) = artg(sen x)

(e) f (x) = arcsen(tg x)

(f) f (x) = arccos(sen x).

Auto-avaliac
ao
Em todos os exerccios, e exigido de voce o bom entendimento das
funcoes estudadas nesta aula, e das proposicoes apresentadas. O Exerccio 2
sera importante tambem para voce rever e aplicar todo o ferramental visto
neste modulo, visando ao esboco de grafico de funcoes. Caso tenha alguma
dificuldade, releia a aula com atencao ou procure o tutor no seu polo.

CEDERJ

122

Funcoes trigonometricas inversas. Continuacao.

MODULO
2 - AULA 29

Aula 29 Fun
co
es trigonom
etricas inversas.
Continua
c
ao.
Refer
encia: Aulas, 9, 10,
12 e 28.

Objetivos
Recordar as funcoes arco cotangente, arco secante e arco cossecante e
estuda-las em relacao a sua derivabilidade.

Na aula 28, recordamos as funcoes arco seno, arco cosseno e arco tangente e estudamos cada uma no que diz respeito a sua derivabilidade. Nesta
aula, faremos o mesmo com as funcoes arco tangente, arco secante e arco
cossecante.
Iniciemos com a fun
c
ao arco cotangente.
A funcao cotangente e contnua em seu domnio R {k; k Z} e
tem R por imagem. Sendo uma funcao periodica de perodo , segue que a
cotangente nao e inversvel.
Note, entretanto, que no intervalo (0, ) a funcao cotangente e decrescente e {cotg x; x (0, )} = R. Pelo Teorema 27.1, a funcao cotg : (0, )
R e inversvel, sendo sua inversa contnua em R. A inversa em questao e a
funcao arco cotangente, denotada por arccotg. Assim,
arccotg : R (0, ) e definida por arccotg x = y se, e somente se, x = cotg y.
Pela definicao de funcao inversa, podemos afirmar que
cotg(arccotg x) = x para todo x R
e
arccotg(cotg x) = x para todo x (0, ) .
Na Figura 29.1a, apresentamos o grafico da funcao cotangente (restrita
ao intervalo (0, )) e, na Figura 29.1b, apresentamos o grafico da funcao arco
cotangente.
123

CEDERJ

Funcoes trigonometricas inversas. Continuacao.

p
2

(a)

(b)

Figura 29.1

Proposicao 29.1
A funcao arco cotangente e derivavel em R e sua derivada e
0

(arccotg) (x) =

1
1 + x2

para todo x R.
Demonstracao: Para facilitar a compreensao da demonstracao, escrevamos
f (x) = cotg x (x (0, )); logo, f 1 (x) = arccotg x (x R). Como
0
f (x) = cossec2 x = sen12 x < 0 para todo x (0, ), segue do Teorema
da funcao inversa que f 1 e derivavel em f ((0, )) = R e

(f 1 ) (x) =

(f 1 (x))

cossec2 (f 1 (x))

para todo x R.

Da identidade

cossec2 (f 1 (x)) = 1 + cotg 2 (f 1 (x)) = 1 + (cotg(arccotg (x))2 = 1 + x2 ,


segue que
0

(f 1 ) (x) = (arccotg) (x) =

1
1 + x2

para todo x R.
Exemplo 29.1


2
Considere a funcao f (x) = arccotg x x1 , definida para x R {0}. Sendo
2
a funcao g(x) = x x1 derivavel em R {0} , h(x) = arccotg x derivavel em
R e f (x) = (h g)(x) para todo x R {0}, segue da regra da cadeia que
f e derivavel em R {0} e

x2 + 1

f (x) = h (g(x))g (x) =
2
x2
1 + x x1
0

para todo x R {0}.


CEDERJ

124

Funcoes trigonometricas inversas. Continuacao.

MODULO
2 - AULA 29

Exemplo 29.2
Um quadro de 2 metros de altura esta pendurado em uma parede de maneira
que sua borda inferior fique situada a 2 metros acima do nvel dos olhos de
um observador. A que distancia da parede deve ficar o observador para que
o angulo determinado pelas bordas superior e inferior do quadro e os olhos
do observador seja o maior possvel?
Sejam x a distancia do observador a` parede, o angulo determinado
pela borda superior do quadro e o nvel dos olhos do observador e o angulo
determinado pela borda inferior do quadro e o nvel dos olhos do observador
(ver a Figura 29.2).

Figura 29.2


Note que cotg = x4 e cotg = x2 . Assim, = arccotg x4 e

= arccotg x2 . O angulo determinado pelo quadro e, portanto, (x) =


arccotg x4 arccotg x2 e queremos determinar o maximo absoluto da funcao
em (0, +).

Como e derivavel em (0, +) e


0

(x) =

2
4
,
+
2
4 + x2
16 + x
0

os pontos crticos de sao os valores de x para os quais (x) = 0, ou seja,


4(4 + x2 ) + 2(16 + x2 ) = 0, donde x =

8.

0
Portanto, o u
nico ponto crtico de e x = 8. Como (x) > 0 para

todo x (0, 8) e 0 (x) < 0 para todo x ( 8, +), segue do teste da

derivada primeira que x = 8 e um ponto de maximo absoluto da funcao .

Assim, o observador devera posicionar-se a 8 metros da parede.


125

CEDERJ

Funcoes trigonometricas inversas. Continuacao.

Vejamos, agora, a fun


c
ao arco secante.
A funcao secante e contnua no seu domnio de definicao, a saber, R

; k Z, k mpar e tem (, 1] [1, +) por imagem. Sendo uma
2
funcao periodica de perodo 2, segue que a secante nao e inversvel.




Note, entretanto, que em 0, 2 2 , ela e crescente e sec x; x

 
0, 2 2 , = (, 1] [1, +). Pelo Teorema 27.1, a funcao sec :
  
0, 2 2 , (, 1] [1, +) e inversvel, sendo sua inversa contnua
em (, 1] [1, +). A inversa em questao e a funcao arco secante,
denotada por arcsec. Assim,



arcsec : (, 1] [1, +) 0, 2 2 , e definida por arcsec x = y
se, e somente se, x = sec y.

 k

Pela definicao de funcao inversa, podemos afirmar que

sec(arcsec x) = x para todo x (, 1] [1, +)


e


arcsec(sec x) = x para todo x 0,


2

, .
2

Na Figura 29.3a, apresentamos o grafico da funcao secante (restrita a




2 , e, na Figura 29.3b, apresentamos o grafico da funcao arco
0,
secante.

p
p
2

(a)

(b)

Figura 29.3

CEDERJ

126

Funcoes trigonometricas inversas. Continuacao.

MODULO
2 - AULA 29

Proposicao 29.2
A funcao arco secante e derivavel em (, 1) (1, +) e sua derivada e
0

(arcsec) (x) =

1
para todo x (, 1) (1, +) .
|x| x2 1

Demonstracao: Vamos mostrar que arcsec x = arccos x1 para todo x


(, 1] [1, +). Com efeito, suponha que y = arcsec x; logo, y

 
0, 2 2 , e sec y = x, isto e, cos1 y = x, o que equivale a cos y = x1 .




Como y 0, 2 2 , e cos y = x1 , segue que y = arccos x1 , ou seja,

arcsec x = arccos x1 . Assim, pela regra da cadeia, a funcao arco secante e
derivavel em (, 1) (1, +) e


 
1
1
1
1
0
0
2 = 2 2
= q
(arcsec) (x) = (arccos)

x x 1
2
x
x
1 x1
x2

para todo x (, 1) (1, +).

Finalmente, como x2 = |x| e


0

(arcsec) (x) =

x2
|x|

= |x|, obtemos

1
para todo x (, 1) (1, +) .
|x| x2 1

Exemplo 29.3
2

1)
. Vamos determinar o domnio de f e
Considere a funcao f (x) = arcsec(x
x2 1
estudar a sua derivabilidade.

Como a funcao arco secante tem (, 1] [1, +) por domnio e


visto que g(x) = x2 1 tem [1, +) por imagem, segue que arcsec(x2 1)

esta definida em (, 2] {0} [ 2, +). Conclumos, portanto, que

o domnio de f e o conjunto (, 2] {0} [ 2, +).

Agora, como g(x) = x2 1 e derivavel em R (e, em particular, em

(, 2] [ 2, +)), g(x) 6= 0 para todo x (, 2] [ 2, +) e

a funcao arco secante e derivavel em g((, 2) ( 2, +)) = (1, +),


segue da regra da cadeia e da regra de derivacao do quociente que f e de

rivavel em (, 2) ( 2, +) e sua derivada e


(x2 1)2x

f (x) =

|x2 1|

(x2 1)2 1

2x arcsec(x2 1)

(x2 1)2

para todo x (, 2) ( 2, +).

Finalmente, vejamos a fun


c
ao arco cossecante.
127

CEDERJ

Funcoes trigonometricas inversas. Continuacao.

A funcao cossecante e contnua no seu domnio de definicao, a saber,


R {k; k Z} e tem (, 1] [1, +) por imagem. Sendo uma funcao
periodica de perodo 2, segue que ela nao e inversvel. Entretanto, em





 
=
2 , 0 0, 2 ela e decrescente e cossec x; x 2 , 0 0, 2

 

(, 1][1, +). Pelo Teorema 27.1, a funcao cossec : 2 , 0 0, 2


(, 1] [1, +) e inversvel, sendo sua inversa contnua em (, 1]
[1, +). A inversa em questao e a funcao arco cossecante, denotada por
arccossec. Assim,



arccossec : (, 1][1, +) 2 , 0 0, 2 e definida por arccossec x =
y se, e somente se, x = cossec y.

Pela definicao de funcao inversa, podemos afirmar que


cossec(arccossec x) = x para todo x (, 1] [1, +)
e

h   i
.
arccossec(cossec x) = x para todo x , 0 0,
2
2

Na Figura 29.4a, apresentamos o grafico da funcao cossecante restrita




a 2 , 0 0, 2 e, na Figura 29.4b, apresentamos o grafico da funcao
arco cossecante.


p
2

- p2
p
2

- p2

(a)

Figura 29.4

(b)

Proposicao 29.3
A funcao arco cossecante e derivavel em (, 1) (1, +) e sua derivada
e
1
0
(arccossec) (x) =
|x| x2 1

para todo x (, 1) (1, +).

CEDERJ

128

Funcoes trigonometricas inversas. Continuacao.

MODULO
2 - AULA 29

Demonstracao: Como na demonstracao da Proposicao 29.2, podemos mostrar



que arcossec x = arcsen x1 para todo x (, 1] [1, +) (ver o
Exerccio 1). Assim, pela regra da cadeia, a funcao arco cossecante e derivavel
em (, 1) (1, +) e


 
1
1
1
1
0
0
2 = 2 2
=q
(arccossec) (x) = (arcsen)

x x 1
2
x
x
1 x1
x2

para todo x (, 1) (1, +).

Finalmente, como x2 = |x| e

x2
|x|

= |x|, obtemos

(arccossec) (x) =

1
|x| x2 1

para todo x (, 1) (1, +).

Resumo
Nesta aula, conclumos o estudo das funcoes trigonometricas inversas,
recordando as funcoes arco cotangente, arco secante e arco cossecante no que
diz respeito a seus domnios de definicao, e estudando a derivabilidade das
mesmas. Voce pode constatar a importancia do Teorema da funcao inversa,
que nos permitiu determinar a derivada de tais funcoes.

Exerccios
1. Mostre que arccossec x = arcsen
[1, +).

1
x

para todo x (, 1]

2. Determine o domnio e estude a derivabilidade de cada uma das funcoes


abaixo:

(b) f (x) = arccotg(x2 5x + 6)
(a) f (x) = arccotg x+1
x1

2 +1)
2
(d) f (x) = arcsec(x
(c) f (x) = arcsec x 5x+6
x2
x1
2 9x)
2 4x 
.
(f) f (x) = arccossec(x
(e) f (x) = arccossec xx+1
x2

3. Um quadro de h unidades de altura esta pendurado em uma parede


de maneira que sua borda inferior esteja a unidades acima do nvel
dos olhos de um observador. A que distancia da parede deve ficar
o observador para que o angulo determinado pelas bordas superior e
inferior do quadro e os olhos do observador seja maximo?
129

CEDERJ

Funcoes trigonometricas inversas. Continuacao.

4. Determine o angulo agudo entre as tangentes aos graficos de f (x) =


arcsec x e g(x) = arccossec x no ponto de intersecao.
5. Use derivacao implcita nas equacoes abaixo para determinar

(a) arctg x + arccotg y =

dy
.
dx

(b) arcsec x + arccossec y = 2 .

6. Uma escada de 5 metros de altura esta encostada em uma parede vertical. Se a parte inferior da escada e puxada horizontalmente para fora
da parede de tal forma que a parte superior escorregue verticalmente a`
razao de 3m/seg, com que velocidade esta variando a medida do angulo
formado pela escada e o solo, quando a parte inferior da escada esta a
3 metros da parede?

Auto-avaliac
ao
Nos Exerccios 2, 4 e 5, e exigido de voce o bom entendimento das
funcoes estudadas nesta aula, e das proposicoes apresentadas. Nos Exerccios
3 e 6, voce deve demonstrar capacidade de modelar matematicamente as
situacoes apresentadas em cada um deles e aplicar seus conhecimentos de
extremos absolutos e taxas de variacao (aulas 24 e 14). Caso tenha alguma
dificuldade, releia a aula com atencao ou procure o tutor no seu polo.

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