Apostila de Citometria de Fluxo em Doenças Infescto-Parasitárias
Apostila de Citometria de Fluxo em Doenças Infescto-Parasitárias
Apostila de Citometria de Fluxo em Doenças Infescto-Parasitárias
Citometria de Fluxo no
estudo das doenas
infecto-parasitrias
AUTORES
AMANDA TORRENTES
DE
CAVALHO:
Graduao
em
Cincias
Biolgicas
Avaliao
das
alteraes
ultra-estruturais
bioqumicas
induzidas
por
COORDENADOR
Pesquisador
Titular
Chefe
Substituto
no
Laboratrio
de
PREFCIO
Os autores
Rio de Janeiro 2010
SUMRIO
10
Figura 1.1. Perfil de expresso dos antgenos CDs durante a hematopoise. Ao longo do processo de maturao e
diferenciao, as clulas expressam diferentes molculas de superfcie.
11
12
Figura 1.2. Resposta imune inata. Componentes e vias efetoras da resposta imune natural na defesa do hospedeiro
contra microorganismos infecciosos.
13
grande especificidade,
podendo
distinguir entre os
diferentes
14
15
Figura 1.4. As clulas TCD8+ reconhecem peptdeos antignicos de microorganismos fagocitados associados a MHC
de classe I e destroem as clulas.
Os linfcitos T auxiliares (CD4+), por sua vez respondem aos antgenos secretando
citocinas que disparam o processo inflamatrio e ativam diferentes tipos celulares. Aps o
reconhecimento de algum antgeno estranho associado ao MHC de alguma APC pelas clulas
T CD4+, elas tornam-se ativadas, expandem-se em vrios clones e diferenciam-se, para que o
combate ao antgeno estranho seja efetivado. A populao de clulas T CD4+ heterognea,
podendo se diferenciar em dois subconjuntos principais: as clulas Th1 e Th2, que produzem
um perfil de citocinas distinto um do outro (Figura 1.5).
16
Figura 1.5. Diferenciao das clulas TCD4+ frente exposio ao antgeno. As clulas TCD4+ podem se diferenciar
em subpopulaes distintas, principalmente Th1 e Th2 em resposta ao antgeno, aos co-estimuladores e s citocinas.
17
Figura 1.6. Funes efetoras das clulas Th1 e Th2. As clulas Th1 e Th2 produzem diferentes tipos de citocinas, que
ativam diferentes vias de resposta imune. A resposta produzida por Th1 mais efetiva no combate microorganismos
intracelulares, enquanto a resposta produzida por Th2 eficaz no combate de patgenos extracelulares.
18
Figura 1.7: Funes efetoras dos anticorpos. Os anticorpos contra microorganismos infecciosos neutralizam esses
agentes, opsonizando-os para a fagocitose ou para a citotoxicidade celular dependente de anticorpo e ativam o
complemento.
19
Cadeias leves
Cadeias pesadas
Regio de ligao de
antgenos
Regio Fab
Regio Fc
Figura 1.8. Estrutura de uma molcula de anticorpo. A imunoglobulina apresenta uma regio varivel de cadeia leve e
pesada (Regio Fab) que atua no reconhecimento dos antgenos. As pores constantes da cadeia pesada (Regio Fc)
interagem com clulas efetoras do sistema imune, mediando diferentes funes biolgicas dos anticorpos.
20
21
Figura 1.9. Produo de anticorpos monoclonais. Anticorpos monoclonais so produzidos a partir de ensaios de
cultura de hibridomas, formados por linfcitos B antgeno-especficas e clulas obtidas de tumores.
22
A morte celular um evento essencial na vida normal dos organismos, nas respostas
imunes frente a infeces causadas por uma variedade de microorganismos infecciosos ou nos
eventos patofisiolgicos que desencadeiam a doena. A nomenclatura clssica distingue duas
principais formas de morte celular: apoptose e a necrose.
A necrose a morte celular acidental em tecidos ou rgos. Ela compreende um
evento patofisiolgico que evolui por uma conseqente interrupo dos processos celulares.
Agentes fsicos, qumicos ou infeces podem origin-la. Esses agentes comprometem o
metabolismo celular, a integridade da membrana celular e a manuteno da capacidade de
multiplicao celular. Todos esses eventos culminam na perda da homeostase celular, de
forma que a clula perde a sua vitalidade. Dessa forma, a necrose abrange alteraes
regressivas que provocam leses irreversveis na clula. O tecido morto ou necrosado
ingerido e degradado pelos fagcitos, que atuam na limpeza do tecido danificado e na cura da
leso.
A apoptose, diferente da necrose, uma morte celular gentica, biologicamente
programada sem a perda da integridade de membrana celular e aparentemente
compartilhada por todos os organismos multicelulares, tendo sido descrita tambm em alguns
organismos unicelulares. Ela consiste em um mecanismo pelo qual as clulas com DNA
danificado podem ser eliminadas sem gerar prejuzo, atravs da fagocitose dos corpos
apoptticos. Tal processo culmina na ativao de uma cadeia enzimtica complexa de
sistemas de sinalizao intracelular, que levam destruio de componentes essenciais
sobrevivncia das clulas. Ela ocorre em resposta a uma variedade de sinais e estmulos, tanto
intra como extracelulares, incluindo deficincia de fatores de crescimento, hormnios,
citocinas, ativao de receptores de morte e proteases endgenas, pela interao via granzima
B/perforinas utilizadas por clulas do sistema imune ou ainda por agentes virais, qumicos ou
fsicos.
23
Citoplasma
Citoplasma
Ncleo
Ncleo
C lula Vi
Vivel
Clula Apopt
Apopttica
Fosfatidilserina
Figura 1.10: Alteraes morfolgicas e nucleares em clulas apoptticas. As clulas em apoptose sofrem uma retrao,
com projees digitiformes da membrana celular e formao de corpos apoptticos. A nvel nuclear ocorre
fragmentao da membrana nuclear, condensao da cromatina e fragmentao do DNA pela ao de endonucleases
(A). A nvel de membrana plasmtica ocorre a externalizao da fosfatidilserina, porm sem perda de integridade de
membrana (B).
24
Figura 1.11. Vias de sinalizao da Apoptose. Tipo 1: Seguindo a trimerizao dos receptores de morte e o
recrutamento das protenas adaptadoras, pr-caspases, so tambm recrutadas e ativadas. A caspase 8 ativa a caspase
3 conduzindo a desintegrao celular. Tipo 2: A caspase 8 tambm cliva Bid em Bidt, que translocado para a
mitocndria modulando a permeabilidade mitocondrial e promovendo a liberao do citocromo c, que induz a Apaf-1
e a pro-caspase 9 para ativar a caspase 9 e 3. Seguindo o sinal de morte, ptn da famlia do gene Bcl-2 associadas a
mitocndria so reguladas levando a liberao de mediadores que promovem a amplificao da cascata apopttica.
Alm das vias de sinalizao que culminam na apoptose vrios outros mecanismos regulatrios existem para inibir a
morte celular. Dentre esses podemos citar o papel das IAPS e protenas anti-apoptticas da famlia Bcl-2.
25
26
transio da permeabilidade mitocondrial, em parte pela interao das protenas prapoptticas da famlia Bcl-2 que formam canais ou poros na membrana mitocondrial. Esses
mecanismos culminam na liberao de protenas do espao intermembranar, como
citocromo C, para o citoplasma. A funo do citocromo C consiste em modular a ativao da
caspase 9, localizada em um complexo formado no citoplasma conhecido como apoptossomo.
A caspase 9 ativada induz a ativao da caspase 3 efetora, culminando na desintegrao
celular.
IMPORTANTE: A caspase 8 tambm cliva uma protena citoslica, a p22 Bid, em uma
forma truncada (Bidt). A Bidt tem um importante papel, pois interconecta tanto a via
extrnseca quanto a intrnseca apopttica. Na via extrnseca, a permeabilizao da membrana
mitocondrial serve como uma ala amplificadora da ativao de caspases efetoras.
27
28
Quantificao antignica;
Variaes linfoproliferativas;
Fagocitose;
Apoptose.
Tabela 1.1: Caractersticas gerais do sistema imune
Inata
Adaptativa
Reconhecimento
Desenvolvimento
Rpido, imediato
Mensageiros
Citocinas
Citocinas
Memria
No ?
Sim, duradoura
Apresentao antignica
Processamento, sinapse:
Anticorpo Humoral
Medida por clula
Citotxica
Auxiliar
Clulas
Fatores solveis
Sistema
Macrfagos/moncitos
Clulas dendrticas
C lulas NK
Fagcitos (neutrfilos, eosinfilos,
mastcitos e basfilos)
Molculas do sistema complemento e
citocinas
citocinas
29
2.1. Introduo
30
Figura 2.1. Citmetro de fluxo padro. Cmara de fluxo, para onde a suspenso aspirada;.sistema de espelhos e
foto-sensores para direcionamento e captao de luz, sistema computacional para a converso em dados digitais e
anlise.
31
1949, E.UA. Wallace Coulter - Publicou o artigo: Means for counting particles
suspended in a fluid no qual patenteou o primeiro contador de clulas eletrnico utilizando
um mtodo alternativo de deteco e contagem individual de clulas em um meio lquido
soluo salina isotnica. O contador de clulas desenvolvido por Wallace Coulter permitia
uma contagem rpida e automatizada de clulas sanguneas, e passou a ser utilizado em
laboratrios clnicos.
IMPORTANTE: A Coulter Electronics Inc. foi uma das empresas de citometria de fluxo de
maior importncia no mercado mundial, e que, em meados de 2000, foi comprada pela
Beckman, tornando-se conhecida como Beckman Coulter.
32
1965, E.U.A
Katmentsky
1965, E.U.A Mack Fulwyler - Descreveu um separador de clulas Cell Sorter no qual as clulas sanguneas eram adquiridas em equipamento do tipo Coulter Counter e
posteriormente a interceptao do laser eram desviadas por um campo eletrosttico e
coletadas em tubo de ensaio.
1969, Alemanha Dittrich e Gohde - Iniciou uma das aplicaes mais importantes
e utilizadas da citometria uso de corantes de DNA utilizando o brometo de etdeo.
Primeiro citmetro de fluxo comercializado ICP11.
33
1978 Wallace Coulter - Sua empresa, Coulter Electronics, Inc. lana no mercado o
primeiro EPICS (Electronically Programmabl Individual Cell Sorter).
IMPORTANTE: A sigla EPICS est para os citomtros de fluxo da empresa hoje conhecida
como Beckman Coulter, assim como a sigla FACS est para os citmetros de fluxo da
empresa hoje conhecida como Becton & Dickinson (BD). A evoluo dos citmetros a partir
da dcada de 1980 aconteceu com a produo de equipamentos de ambas as empresas, as
quais junto com a Dako-Cytomation (hoje em dia comprada pela Beckman Coulter)
dominaram o mercado da citometria de fluxo.
34
Figura 2.2. MoFlo XDP Cell Sorter. Beckman Coulter - 3 lasers, 11 cores - foto cortesia: Bertho, A.L.
35
Figura 2.3. EPICS 751 Cell Sorter Coulter Electronics. Primeiro citmetro de fluxo no Brasil 2 lasers, 4 cores. Foto
cortesia: Bertho A.L.
36
Figura 2.4.FACS Aria Cell Sorter. 2 lasers 11cores foto cortesia: Ferraz, R.
Figura 2.5. FACS Calibur Bench-top Analyzer BD. 2 lasers, 4 cores. Foto cortesia: Ferraz, R.
Figura 2.6. Cyan ADP Bench-top Analyzer Dako Cytomation. 2 lasers 7 cores foto cortesia: Ferraz, R.
Figura 2.7. EPICS Altra Cell Sorter Beckman Coulter - 1 laser, 4 cores foto cortesia: Bertho, A.L.
37
38
39
3.3. Fluorocromos
40
41
42
com o desenho cnico da cmara, fora a acomodao das clulas uma atrs da outra5 de
forma que ao deixarem esta cmara por um pequeno orifcio (50 - 200m de dimetro) sejam
individualmente interceptadas6 por uma radiao laser. Este encontro resulta na refrao da
luz do laser e na emisso de fluorescncia(s) de acordo com o(s) fluorocromo(s) presentes na
clula que interceptada pelo laser (Figura 3.2).
Figura3.2. Princpios bsicos. Esquema do caminho da clula com fluorocromo acoplado at a fluoresccia ser
detectada por PMT especfico. O caminho est numerado de 1 11.
Para que as informaes de emisso de luz, que neste caso representam propriedades
da clula, sejam determinadas, preciso que esta luz atinja um determinado PMT. Para isto,
necessrio que a luz emitida pelo fluorocromo e a luz do laser refratada pela clula passem
por filtros com propriedades especficas, de permitir a passagens de determinados
comprimentos de onda e refletir outros, e direcionando, assim, a luz para os PMTs.
43
10a
7a
(Figura 3.2 e
Figura 3.3).
Figura 3.3. Avaliao dos parmetros tamnho e granularidade de acordo com a incidncia da luz do laser sobre a
clula. Luz do laser atravessando o fluxo de soluo salina no intervalo entre uma amostra e outra, e incidnciapadro no fotossensor de tamanho (FS); e luz do laser sendo refratada pela clula, de acordo com seu tamanho,
formando ngulo de refrao maior incidncia de luz detectada.
44
488nm. Finalmente chegando ao PMT10b, a luz detectada determina o que chamamos de side
scatter10b ou granularidade celular. Ao mesmo tempo, as fluorescncias que passam pelo filtro
dicrico long pass 488nm9a so refletidas por um outro filtro dicrico long pass9b de
determinado comprimento de onda, e ento chegam ao PMT11 aps passar por um filtro de
interferncia (band pass) especfico para cada fluorescncia (Figura 3.2 e Figura 3.4).
Figura 3.4. Esquema bsico da disposio dos filtros dicricos - Long pass; de interferncia (band pass) e do filtro de
bloqueio (block) - e do caminho das cores at o PMT.
3.4.4. Software
Em frao de segundos, milhares de clulas passam uma a uma pelo laser e toda a
informao quanto a intensidade de fluorescncia detectada e convertida. A avaliao das
informaes de tamanho e de granularidade, fenotpicas e ou funcionais, simultaneamente
aquisio realizada atravs de um software especfico.
45
46
47
Figura 3.8: Tamanho vs. granularidade de clulas, e gate na regio dos linfcitos.
Figura 3.9. Gate de linfcitos, e anlise dos mesmo quanto s molculas de superfcie CD4 e CD8, de acordo com a
intensidade de fluorescncia de PE e FITC, respectivamente.
48
Figura 3.10: Interpretao do histograma. Clulas negativas para a FL1 representadas no 10 pico, e clulas positivas
para FL1, representadas no 20 pico.
49
com
aparecimento,
agravamento
ou
cura
de
diversas
doenas
50
Figura 4.1. Clulas em apoptose. As clulas apoptticas podem ser identificadas de acordo com seu tamanho e
granularidade caractersticos.
51
Figura 4.2. Avaliao da viabilidade celular com PI. As clulas viveis apresentam-se com membrana ntegra,
impermevel ao PI. As clulas mortas apresentam perda da integridade da membrana e marcam-se com PI, que se
intercala nos cidos nuclicos.
52
Figura 4.3. Avaliao do ciclo celular. A intensidade de fluorescncia proporcional quantidade de DNA,
definindo as clulas em diferentes fases do ciclo celular, e clulas apoptticas, com menos DNA marcado do
que as clulas viveis em G0/G1.
Figura 4.4. Utilizao do PI hipotnico. Clulas (cls.) da mesma amostra, submetidas ao protocolo de PI hipotnico,
analisadas em escala linear e logartmica.
53
Figura 4.5: Marcao de clulas apoptticas com 7AAD. Intensidade de fluorescncia da 7AAD e respectivas
populaes de clulas (cls.) viveis, em apoptose e em necrose.
Quando excitado pelo laser argnio a 7AAD emite fluorescncia entre 620 e 675nm,
e simultneas marcaes de superfcie e intracelular com fluorocromos de outro comprimento
de onda podem ser realizadas para associar caractersticas fenotpicas e funcionais ao
processo de morte celular (Figura 4.6).
54
Figura 4.6: Protocolo multiparamtrico de tripla marcao (CD4-FITC, CD8-PE, 7AAD) baseado em gate de
linfcitos.
Figura 4.7: Dupla marcao Hoechst vs. PI. Clulas viveis em ciclo celular representadas pela diferena de
intensidade de fluorescncia do Hoechst no dotplot A. Clulas viveis positivas para o Hoechst, clulas em apoptose
inicial e tardia positivas para PI, e clulas necrticas duplamente marcadas, no dotplot B.
55
Figura 4.8: Pico de intensidade de fluorescncia do corante DAPI quando ligado ao DNA e ao RNA.
Figura 4.9: Clulas no estimuladas, e clulas com induo de apoptose. DAPI em menor intensidade de fluorescncia
nas clulas com DNA fragmentado.
4.6. Annexina-V
56
apoptose funcionando como sinalizao para fagocitose desta clula por macrfagos
(Figura 4.10).
Figura 4.10. Translocao da fosfatidilserina, da superfcie interna para a superfcie externa da membrana
plasmtica na fase inicial da apoptose, e ligao com a AnexinaV.
57
Figura 4.12:Dotplot PI vs. AnexinaV. Q1 clulas em necrose; Q2 clulas em apoptose tardia ou necrose; Q3 clulas
viveis; Q4 clulas em fase inicial de apoptose.
Excitado pelo laser argnio, com pico de emisso mxima em 528 nm, tambm
possui a propriedade de se acumular no interior da mitocndria metabolicamente ativa.
Quando esta organela apresenta-se vivel esse corante se acumula no espao intermembranas,
onde esterificado. Quando a mitocndria perde seu potencial de membrana a Rodamina 123
no esterificada pelos prtons H+ e nem se acumula no espao intermembranas. Redues
na intensidade de fluorescncia desta sonda, detectadas atravs do deslocamento dos picos no
histograma, representam a perda do potencial de membrana (Figura 4.13).
Figura 4.13: Mitocndria de clula vivel hiperpolarizada, com acmulo de Rodamina 123 e alta intensidade de
fluorescncia; e mitocrndria de clula em apoptose com perda do potencial de membrana e menor ligao de
Rodamina 123.
58
4.8. TUNEL
Figura 4.14: Clula com DNA intacto e dUTP, marcado com fluorocromo, ligado s duas extremidades 3. Clula em
apoptose, e dUTP ligado vrias extremidades 3 do DNA fragmentado.
4.9 DiOC6(3)
59
Figura 4.15: Representao da marcao com Dioc6(3): Clulas viveis representadas por alta intensidade de
fluorescncia, e clulas em apoptose, em menor nmero, com menor intensidade de fluorescncia.
Figura 4.16: Anticorpos monoclonais antiFas, antiBax e Anticaspase-3, com afinidade por molculas que caracterizam
a apoptose, conjugados a fluorocromos. Estes anticorpos monoclonais no se ligam clula vivel, e portanto
identificam as clulas apoptticas.
60
61
62
do parasito nas amostras como tambm a deteco da viabilidade das amostras (Figura 5.1). A
avaliao da viabilidade um parmetro importante para se avaliar os riscos de infeco e
para a monitorao do tratamento.
Figura 5.1. Deteco de cistos de Giardia e da viabilidade celular. A deteco pode ser realizada a partir de uma
marcao com anticorpos monoclonais para molculas de superfcie desse parasito e a avaliao simultnea da
viabilidade dos mesmos pode ser realizada com o marcador de morte celular Iodeto de Propdeo (PI).
Figura 5.2. Diagnstico da Doena de Chagas. O diagnstico pode ser realizado atravs da deteco de
anticorpos especficos para as formas tripomastigotas vivas do parasito.
63
Figura 5.3. Deteco da interao entre macrfagos e L. amazonensis por citometria de fluxo. Os macrfagos
infectados apresentam maior granularidade do que aqueles no infectados.
Figura 5.4. Quantificao da taxa de infeco de macrfagos por L. amazonensis. Marcao de amastigotas, com
anticorpo monoclonal especfico, no interior de macrfagos infectados aps permeabilizao.
64
Figura 5.5. Avaliao simultnea do efeito antileishmanial e citotxico de diversos compostos. (A) Esquema
mostrando a anlise simultnea da presena do parasito marcado com GFP no interior da clula hospedeira e da
viabilidade dessa clula, uma vez que a permeabilizao neste caso no necessria j que os parasitos j so
geneticamente marcados. (B) Histograma representativo.
65
O CFSE se liga as clulas parasitrias e a cada diviso a fluorescncia das clulas cai pela
metade, o que faz deste corante uma ferramenta ideal para monitorar a proliferao celular.
Cada clula filha herda aproximadamente a metade da marcao de CFSE, permitindo assim o
acompanhamento e quantificao das divises celulares.
Na tentativa de entender melhor as diferentes patogenias causadas por parasitas, vrios
estudos envolvendo a interao do parasita com a clula hospedeira tm sido desenvolvidos
com o uso da citometria de fluxo. A interao entre essas clulas dependente da interao de
vrios ligantes na superfcie do parasito com receptores na superfcie da clula hospedeira.
A interao de promastigotas de Leishmania com as clulas do hospedeiro baseia-se
no reconhecimento de ligantes do parasito por receptores dos fagcitos. Essas interaes
incluem a ligao de molculas de superfcie do parasito (lipofosfoglicanos e gp63) ou de
opsoninas derivadas do hospedeiro (complemento, fibronectina e imunoglobulinas) aos
mltiplos receptores dos macrfagos. Nesse sentido, a citometria de fluxo torna-se uma
ferramenta til para avaliao destes ligantes e receptores, responsveis pelo estabelecimento
da infeco pelos parasitos. A citometria pode ser utilizada como instrumento de estudo da
expresso e da modulao de receptores e ligantes de superfcie, a partir da marcao com
diferentes anticorpos.
Alm disso, pode ser utilizada tambm para investigar diversos parmetros associados
ativao ou anergia do sistema imune, com a identificao simultnea das subpopulaes
celulares envolvidas. A distino de subpopulaes celulares envolvidas com a patogenia,
principalmente linfcitos, realizada a partir da marcao de molculas de superfcie. A
anlise da expresso dessas molculas de superfcie permite identificar e avaliar a
representatividade de um determinado tipo celular em uma determinada infeco. O perfil das
molculas expressas nessas clulas varia de acordo com o parasito envolvido, desencadeando
diferentes patogenias.
A avaliao dos mecanismos imunolgicos associados leishmaniose extremamente
importante, uma vez que a resposta imune celular est diretamente relacionada patologia da
doena. A infeco por Leishmania desencadeia uma resposta imune bastante complexa, que
se inicia com a resposta imune inata, na qual receptores presentes na superfcie de
macrfagos, clulas dendrticas e NK reconhecem molculas presentes na superfcie dos
parasitas, tais como lipofosfoglicanos. Aps o reconhecimento dos parasitos, essas clulas
induzem a produo de citocinas proinflamatrias tais como TNF-alfa, IFN- e IL-12, bem
como molculas coestimulatrias. Nesta doena os macrfagos exercem um triplo papel,
sendo clulas hospedeiras, clulas efetoras e clulas apresentadoras de antgenos (APC) que
66
ativam clulas T especficas. Em modelos experimentais tem sido demonstrado que a resposta
Th1 leva cura da doena, enquanto a resposta Th2 leva progresso da doena (Figura 5.6).
A partir dos ensaios com citometria de fluxo possvel detectar o perfil da infeco,
relacionado predominncia de clulas do tipo Th1 ou Th2.
especficos
possvel
realizar
uma
investigao
Atravs de marcadores
detalhada
das
caractersticas
Figura 5.6. Resposta imune direcionada Leishmania. Em modelos animais, a suscetibilidade ou resistncia doena
depende do tipo de citocinas secretadas e do perfil de clulas T ativado. Enquanto a resposta Th1 induz a destruio
do parasito, a resposta Th2 possibilita a sobrevivncia do parasito e a progresso da doena.
67
68
6.1. Introduo
Figura 6.1. Parmetros que podem ser avaliados utilizando a citometria de fluxo. A partir da citometria diversos
parmetros celulares podem ser analisados, como imunofenotipagem, ciclo celular, diviso celular, produo de
citocinas, fluxo de clcio intracelular, nveis intracelulares de espcies reativas de oxignio, potencial de membrana
mitocondrial, viabilidade (apoptose), entre outros.
69
70
Nas infeces virais crnicas, nveis elevados de replicao viral persistem por longos
perodos levando a uma estimulao contnua e conseqente perda da capacidade funcional e
elaborao de respostas efetoras pelo sistema imune.
Os estudos da patogenia das infeces virais, diagnstico e o monitoramento de uma
doena infectoparasitria envolvem uma srie de fatores que incluem a caracterizao e
quantificao do parasito, das clulas, dos receptores e mediadores inflamatrios envolvidos.
Para isso utilizam-se ensaios de imunofenotipagem com anticorpos monoclonais conjugados
fluorocromo ou sondas fluorescentes, ambos especficos a antgenos virais encontrados na
superfcie, citoplasma ou ncleo de clulas infectadas. Com esse propsito, a citometria de
fluxo torna-se uma ferramenta de extrema aplicao e importncia. Para demonstrar o estudo
das infeces virais por citometria, utilizamos como base um exemplo de infeco crnica
(causada pelo Vrus da Imunodeficincia Adquirida HIV) e um exemplo de infeco aguda
(Dengue).
As interaes vrus-clula do hospedeiro vm sendo analisadas em conjunto com a
citometria de fluxo por mais de 25 anos. O potencial da Citometria de Fluxo para anlise
multiparamtrica traz duas vantagens importantes no estudo de infeces virais:
71
Humano
(HCMV)
geralmente
assintomtica
em
indivduos
72
Figura 6.2: Caracterizao de moncitos humanos infectados ou no com DENV-2. Moncitos obtidos do sangue
perifrico de doadores saudveis foram cultivados em meio apenas(A) ou vrus infeccioso (C). As clulas foram
recuperadas e marcadas extracelularmente com Ac anti-CD14 PE e em seguida, intracelularmente com anticorpo
anti-dengue conjugado com Alexa fluor 647. O percentual de clulas CD14+, infectadas ou no, foi estabelecido por
citometria de fluxo. (Figura cortesia: Carvalho, A.T.).
6.3.1. Susceptibilidade
73
6.3.2. Funcionalidade
74
mecanismo pelo qual o HCV escapa do sistema imune e estabele uma infeco persistente
prejudicando as funes efetoras das clulas dendrticas. Estudos in vitro por citometria
demonstram que clulas dendrticas infectadas tem uma diminuio na expresso de MHC-I e,
portanto um defeito no desencadeamento de respostas efetoras do tipo Th1.
Nas infeces causadas por Dengue, apesar dos linfcitos T CD8+ e clulas NK no
serem susceptveis a replicao viral, trabalhos utilizando a tcnica de citometria demonstram
que a frequncia aumentada dessas subpopulaes celulares no sangue perifrico dos
pacientes est associada a um aumento na expresso de grnulos citotxicos em pacientes na
fase aguda da doena (Figura 6.3 e Figura 6.4). Moncitos obtidos do sangue perifrico de
pacientes da fase aguda com a forma branda da doena, apresentam um aumento na expresso
de receptores do tipo Toll 2 e 4, indicando que o perfil fenotpico ativado dessas clulas
importante na imunopatogenia da Dengue (Figura 6.5).
75
Figura 6.3: Ativao de linfcitos TCD8 durante a infeco por dengue. PBMCs do sangue perifrico de indivduos
saudveis (n:9) e de amostras de pacientes em diferentes dias da doena. As clulas foram marcadas
extracelularmente com Ac anti-CD8 PE e em seguida, intracelularmente com anticorpo anti-Tia 1 FITC ou seu isotipo
anticorpo IgG1 FITC Os nmeros em cada quadrante dos grficos de dot plot indicam o percentual de clulas Tia+ na
subpopulao de linfcitos TCD8. As mdias esto representando os 3 diferentes grupos de pacientes e controle. para
cada paciente e controles. A significncia estatstica foi avaliada pelo teste Mann-Whitney U com * representando P <
0,05 (Figura cortesia: Azeredo, E. L. et al.).
Figura 6.4: Ativao de clulas NK durante a infeco por dengue. PBMCs do sangue perifrico de indivduos
saudveis e de amostras de pacientes em diferentes dias da doena foram analisadas por citometria de fluxo. As
clulas foram marcadas extracelularmente com Aniticorpo anti-CD56 Cy e em seguida, intracelularmente com
anticorpo anti-Tia 1 FITC ou seu isotipo anticorpo IgG1 FITC Os nmeros em cada quadrante dos grficos de dot
plot indicam o percentual de clulas Tia+ em subpopulaes de clulas NK CD56+. As mdias esto representando os 3
diferentes grupos de pacientes e controle. para cada paciente e controles. A significncia estatstica foi avaliada pelo
teste Mann-Whitney U com * representando P < 0,05. (Figura cortesia: Azeredo, E. L. et al.).
76
Figura 6.5: Deteco de TLR-2 e TLR-4 em pacientes com Febre do Dengue: PBMCs do sangue perifrico de
indivduos saudveis (n: 6)s e de amostras de pacientes da fase febril (n: 10) e defervecncia (n: 13) foram analisadas
por citometria de fluxo. As clulas foram marcadas extracelularmente com Anticorpos anti-CD14 FITC e anti-TLR-2
PE (isotipo IgG PE) ou com Anticorpos anti-CD14PE e anti-TLR4 FITC (Isotipo IgG FITC). Os nmeros em cada
quadrante dos grficos de dot plot indicam o percentual de clulas + duplo marcadas, marcao simples ou nenhuma
marcao. A mdia dos percentuais de moncitos TLR-2+ e TLR-4+ esto representadas para cada paciente e
controles nos grficos A e B. A significncia estatstica foi avaliada pelo teste Mann-Whitney U com * representando P
< 0,05. (figura cortesia: Azeredo, E. L. et al.).
4. Apoptose
77
induzem a apoptose de clulas TCD4 infectadas ou no, por diminuir a expresso de protenas
anti-apoptticas da famlia Bcl-2 como o Bcl-2, ou pelo aumento da expresso de receptores e
ligantes da famlia de morte, como Fas e FasL.O aumento na expresso de Fas em clulas
TCD4 naive e de memria; e a diminuio na expresso de Bcl-2 e Bcl-xL e clones de
linfcitos TCD8 HIV especficos tornam essas clulas mais susceptveis a apoptose. Protenas
virais induzem a diminuio da expresso de molculas de MHC-I em clulas infectadas,
prevenindo a apoptose mediada por citotoxicidade de linfcitos TCD8. O uso de marcao
por citometria para avaliar potencial de membrana mitocondrial e exposio de
fosfatidilserina demonstra que PBMCs de pacientes HIV positivos so mais susceptveis a
apoptose quando comparados aos PBMCs de pacientes que receberam terapia antiviral. Outro
dado interessante que o vrus tambm capaz de inibir a atividade citotxica de clulas NK
em clulas dendrticas infectadas, tornando-as importantes reservatrios para a persistncia
viral em tecidos linfides.
A apoptose vem sendo descrita nas infeces por Flavivrus. O papel de protenas
virais e mediadores inflamatrios produzidos durante a infeco promovem a induo da
apoptose . Resduos de aminocidos da protena de membrana do sorotipo 2 do vrus dengue
provocam disfuno mitocondrial e ativao de caspases em linhagens de clulas epiteliais
infectadas. Em pacientes na fase aguda da doena foi demonstrado um aumento na freqncia
de uma subpopulao de Linfcitos TCD8 do sangue perifrico expressando baixos nveis de
Bcl-2 comparado aos controles e pacientes na fase de convalescncia (Figura 6.6). A infeco
in vitro do vrus induz a expresso de fosfatidilserina e receptor Fas em moncitos infectados
in vitro (Figura 6.7). Todos esses eventos podem contribuir na susceptibilidade a gravidade da
Dengue.
78
Figura 6.6. Diminuio na expresso de Bcl-2 em linfcitos TCD8+ de pacientes na fase aguda da Dengue: A expresso
ex vivo de Bcl-2 em linfcitos T CD8+ obtidos do sangue perifrico de indivduos saudveis (controle) e pacientes na
fase aguda e de convalescncia, respectivamente. O percentual de clulas expressando nveis baixos, intermedirios
ou elevados de Bcl-2 foram determinadas por citometria atravs da marcao com anticorpos anti-Bcl-2 PE e antiCD8 Cy 5.5. Os grficos so representativos, onde: PBMCs isolados de controles (n = 8); pacientes na fase aguda (110 dias n = 10) e nas fases de convalescncia (> 11 dias n = 9) (Figura cortesia: Azeredo, E. L. et al.).
Inactivated
DENV-2
PI
Control
CD14 Cy5.5
Annexin V-FITC
Fas-FITC
Figura 6.7. Vrus Dengue-2 aumenta apoptose de moncitos humanos infectados in vitro. Moncitos foram obtidos a
partir de PBMCs de indivduos saudveis, cultivado e infectados com vrus da dengue. Dois dias aps infeco as
clulas foram recuperadas e marcadas com anexinaV FITC e iodeto de propdeo para avaliao de clulas apoptticas
e necrticas; e anticorpos anti-CD14 Cy5.5 e anti-Fas FITC para avaliao de moncitos expressando receptor Fas.
Os grficos so representativos 6 experimentos independentes. (Figura cortesia: Carvalho, A.T.).
79
Figura 7.1: Separao de clulas. Anlise de amostra heterognea, submetida ao Sorting e separada em amostras
homogneas.
80
Sorting de uma nica clula para ensaios in vitro a partir de um clone celular.
7.1 Princpios
Durante a aquisio e anlise das amostras devemos definir, nos dot plots e/ou
histogramas, regies de interesse (gates) para selecionar as populaes celulares que
desejamos separar. O processo de Sorting se inicia com o estabelecimento de procedimentos
junto ao software e ao equipamento visando que as clulas escolhidas sejam direcionadas para
um recipiente que as armazenaro (tubos ou vrios tipos de placas de cultivo).
Estes procedimentos incluem uma vibrao da cmara de fluxo (Flow Cell) levando
o fluxo contnuo de salina a se quebrar em gotas (droplets). Assim cada clula dentro de
uma gota interceptada pelo laser e posteriormente passa por uma placa de carreamento de
eltrons, onde recebe uma carga positiva ou negativa dependendo do critrio de seleo prestabelecido no software de aquisio e anlise. Por exemplo, se duas subpopulaes de
linfcitos T CD4+ e CD8+, forem escolhidas para serem separadas, cada gota contendo uma
destas clulas receber uma carga positiva e outra gota contendo a outra clula receber uma
carga negativa. A seguir, as gotas so atradas por placas defletoras com carga eltrica
contrria da gota, de forma que as gotas carregadas ao invs de seguir o fluxo de lquido
contnuo, regular do equipamento, so atradas pelas respectivas placas (Figura 7.2).
81
82
populaes celulares. A eficcia do Sorting pode ser conferida atravs de nova aquisio das
clulas isoladas, as quais devem ser positivas somente para o parmetro que foi selecionado.
clulas a ser separado, o que confere ainda mais especifidade a este processo.
Em alguns equipamentos possvel, ainda, separar apenas uma clula, em um
processo chamado de Single Cell Sorting (ou clonagem), muito utilizado para clonar parasitos
para serem cultivados para enriquecimento de acervos das colees parasitrias ou serem
utilizados em ensaios in vitro ou de biologia molecular. Geralmente neste processo cada
clula direcionada para um poo de placa de cultivo e para isso o citmetro de fluxo deve ter
alm do suporte especfico para placa que permite a sua movimentao para que cada poo
receba a clula, um dispositivo para calcular a direo que esta deve seguir (Figura 7.3).
Figura 7.3. Clonagem. Placa de cultivo em movimento para que cada poo receba uma clula.
83
84
85
IMPORTANTE: Para que seja possvel a anlise correta no citmetro, devemos ficar atento
a vrios procedimentos, tanto na obteno quanto no preparo e procedimentos de marcao
das amostras. Minimizar a perda de material a ser analisado, reduzir alteraes morfolgicas e
evitar ou minimizar variveis que influenciem na antigenicidade, so alguns exemplos.
86
IMPORTANTE: Cuidados devem ser tomados para que a concentrao ideal do anticorpo
disponvel no decaia em decorrncia da sua ligao a formas solveis do antgeno na amostra
a ser testada.
87
primrio foi gerado e analisado. O anticorpo controle (isotipo) correto nesse tipo de
imunoensaio ser um anticorpo no conjugado da mesma classe de imunoglobulina do
anticorpo primrio e tambm ser incubado ao anticorpo secundrio conjugado (Figura 8.1).
Ao contrrio da marcao direta, a marcao indireta um ensaio mais demorado e
dispendioso, pois requer o uso de dois tipos de anticorpos, alm de aumentar a probabilidade
de marcaes inespecficas. Entretanto, a principal vantagem desta tcnica compreende na
maior sensibilidade devido amplificao do sinal adquirida pela ligao de vrios anticorpos
secundrios a um nico anticorpo primrio (Figura 8.1).
88
Existem boas razes para o uso de clulas vivas quando se quer caracterizar a expresso
de receptores de superfcie. Nessas condies, tenta-se ao mximo manter as clulas num
estado natural, prximo do que ocorre in vivo. Portanto o ajuste da quantidade de sal,
temperatura, pH e outros componentes proticos devem obedecer a um parmetro fisiolgico.
Nos protocolos de marcao extracelular, geralmente fixamos as amostras ao trmino do
ensaio de imunofenotipagem para preservar as marcaes, permitindo uma anlise posterior.
A utilizao do protocolo de fixao celular em citometria, antes dos procedimentos de
marcao extracelular, pode alterar a antigenicidade do anticorpo causando resultados falsonegativos, embora a ultraestrutura da membrana celular permanea ntegra.
Adiante ser explicado com mais detalhes a importncia da etapa de fixao e os tipos de
fixadores a serem utilizados durante o procedimento de citometria de fluxo.
89
90
91
92
A. Amostra de sangue:
Em tubos com EDTA - o preferencial para a imunofenotipagem e demais
protocolos de marcao com anticorpos monoclonais;
Em tubos com Heparina quando as clulas forem submetidas ensaios de cultivo
celular.
B. Cultura de clulas - Dependendo do tipo celular a obteno pode ser feita por ao
enzimtica, trmica e/ou mecnica;
C. Outras: Lquor; lavados peritoneal e bronco-alveolar (BAL) pulmonar; MO suspenses celulares naturais;
D. rgo ou tecidos: Processamentos especiais para obteno das clulas em suspenso
ao enzimtica, mecnica e/ou trmica.
93
Protocolo:
Em 100L de sangue, contendo 5x105 clulas (sangue pode estar diludo em PBS
para ajustar as clulas para 5 x 103/L) adiciona-se 5 L do Ac anti-CD4-FITC, 5
L de Ac anti-CD8-PE e 5 L de AC anti-CD3-PC5 (diludos em PBS);
Agitar em vortex e incubar por 20 minutos em temperatura ambiente, protegido da
luz; Lavar e centrifugar a amostra e em seguida adicionar 500 L de Optilyse C,
agitando imediatamente;
Incubar por mais 10 minutos em temperatura ambiente;
Adicionar 500 L de PBS; agitar mais uma vez; e fixar com paraformaldedo 1%.
Em 10 minutos a amostra j est pronta para ser analisada, mas pode ser
armazenada por 24 horas na geladeira.
94
Protocolo:
Em 100L da amostra contendo entre 5 x 105 e 1 x 106 clulas, adicionar o
anticorpo monoclonal desejado e agitar por vortex por 5 segundos antes da etapa de
incubao (por 20 minutos, protegido da luz e em temperatura ambiente);
Aps a incubao adicionado 2mL da soluo de lise, j diluda, e novamente
agitada por 5 segundos; Outra incubao feita, por 10 minutos, protegido da luz,
para que ocorra a lise das hemcias;
A amostra submetida centrifugao por 5 minutos a 300g; O sobrenadante
descartado e o pellet celular ressuspendido em 1mL de PBS seguido de mais 5
segundos de agitao no vortex;
A amostra j est pronta para ser analisada, mas pode ser armazenada por at 2h na
geladeira (*aps este perodo a propriedade de fluorescncia comea a ser
prejudicada; j que a amostra no est fixada). No caso de se utilizar uma
soluo fixadora uma nova lavagem deve ser realizada para em seguida adicionar a
soluo de fixao com paraformaldedo.
C)
95
D)
O sangue pode ou no estar diludo 1:1 em meio RPMI completo com 10% de
SFB, ou em PBS. Se o sangue estiver fresco no tem problema usar sem diluio,
96
A suspenso celular transferida para outro tubo, no gelo, onde se acrescenta 10mL
de meio de cultura e submete-se a soluo a lavagens e centrifugaes (250g, por
10 min, temperatura ambiente com freio e acelerao) de 3 a 4 vezes para a
retirada de resduo de Ficoll. Alguns protocolos recomendam fazer a ltima
lavagem a 40 C;
Em seguida as clulas devem ser ressuspendidas em PBSAZ (2% de soro + 0,1% de
azida sdica) e uma alquota retirada e diluda 1:10 em Azul de Tripan 0,2% para
verificar a viabilidade e contagem das clulas em cmara de Neubauer. A
concentrao celular deve ser ajustada para 1 x106 clulas/mL.
Marcao de receptores de membrana e de apoptose de PBMC obtidos a partir de
cultivos in vitro.
97
98
99
Para a utilizao da citometria de fluxo como metodologia preciso seguir uma srie
de etapas, desde o preparo da suspenso de clulas at a anlise de dados, passando pela
aquisio das amostras. Esta ltima deve ser realizada por profissional treinado, que conhea
as caractersticas de funcionamento do equipamento, que podem variar de um citmetro para
outro.
De uma forma geral esto descritos a seguir, seqencialmente, os procedimentos
bsicos para adquirir as amostras em um citmetro de fluxo.
1 passo: Definir que tipo de clulas ser adquirido e quais molculas se deseja avaliar.
100
IMPORTANTE: Em qualquer aquisio o dot plot padro, ou seja, o que vai definir a sua
populao de clulas, independente de fluorescncia, tamanho vs. granularidade. A partir
deste dot plot podemos distinguir diferentes populaes celulares, com tamanho e
granularidade caractersticos, e selecionar as de interesse.
IMPORTANTE: A cada troca de amostras deve-se deixar a soluo salina passar pela agulha
para evitar contaminao da prxima amostra a ser adquirida.
101
102
103
104
Figura 11: Grficos em Dot Plot com parmetros de FSC vs SSC; FSC vs CD3; CD4 vs CD8 e 7 AAD vs FSC e as
regies selecionadas para cada grfico.
Marcao com Anticorpo isotipo IgG PE cy5 (linha azul) e Anticorpo anti-CD3 PE cy5 (linha vermelha)
Histograma 2
Marcao com Anticorpo isotipo IgG FITC (linha azul) e Anticorpo anti-CD4 FITC (linha vermelha)
Histograma 3
Marcao com Anticorpo isotipo IgG PE (linha azul) e Anticorpo anti-CD8 PE (linha vermelha)
105
Abbas AK, Lichtman AH. Imunologia Celular e Molecular 5 Ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2005
Alberts B, Johnson A, Lweis J, Raff M, et al. Molecular Biology of the Cell, 4th edition. New
York: Garland Science; 2002
Alvarez-Barrientos A, Arroyo J, Canton R, Nombela C, Sanchez-Perez M. Applications of
flow cytometry to clinical microbiology. Clin Microbiol Rev. 2000 Apr;13(2):167-95.
Azeredo EL, De Oliveira-Pinto LM, Zagne SM, Cerqueira DI, Nogueira RM, Kubelka CF.
NK cells, displaying early activation, cytotoxicity and adhesion molecules, are associated
with mild dengue disease. Clin Exp Immunol. 2006 Feb;143(2):345-56.
Azeredo EL, Neves-Souza PC, Alvarenga AR, Reis SR, Torrentes-Carvalho A, Zagne SM, et
al. Differential regulation of toll-like receptor-2, toll-like receptor-4, CD16 and human
leucocyte antigen-DR on peripheral blood monocytes during mild and severe dengue fever.
Immunology. Jun;130(2):202-16.
Azeredo EL, Zagne SM, Alvarenga AR, Nogueira RM, Kubelka CF, de Oliveira-Pinto LM.
Activated peripheral lymphocytes with increased expression of cell adhesion molecules and
cytotoxic markers are associated with dengue fever disease. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2006
Jun;101(4):437-49.
Bacal NS, Faulhaber MHW. Aplicao prtica em citometria de fluxo. Editora Atheneu, So
Paulo, Rio de Janeiro, Ribeiro Preto, Belo Horizonte, 2003
Barber GN. Host defense, viruses and apoptosis. Cell Death Differ. 2001 Feb;8(2):113-26.
Barbosa J, Costa-de-Oliveira S, Rodrigues AG, Pina-Vaz C. Optimization of a flow cytometry
protocol for detection and viability assessment of Giardia lamblia. Travel Med Infect Dis.
2008 Jul;6(4):234-9.
Barral A, Jesus AR, Almeida RP, Carvalho EM, Barral-Netto M, Costa JM, et al. Evaluation
of T-cell subsets in the lesion infiltrates of human cutaneous and mucocutaneous
leishmaniasis. Parasite Immunol. 1987 Jul;9(4):487-97.
Bedner E, Li X, Gorczyca W, Melamed MR, Darzynkiewicz Z. Analysis of apoptosis by laser
scanning cytometry. Cytometry. 1999 Mar 1;35(3):181-95.
Bertho AL, Cysne L, Coutinho SG. Flow cytometry in the study of the interaction between
murine macrophages and the protozoan parasite Leishmania amazonensis. J Parasitol. 1992
Aug;78(4):666-71.
Bertho AL, Santiago, MA, Coutinho SG. Flow Cytometry in the study of cell death. Mem Inst
Oswaldo Cruz. 2000 Jun;95(3):401-2.
106
Bertho AL, Santiago, MA, Da-Cruz, AM, Coutinho, SG. Detection of early apoptosis and cell
death in T CD4+ and CD8+ cells from lessions of patients with localized cutaneous
leishmaniasis. Braz J Med Biol Res 2000 Mar;33(3):317-25.
107
108
Hulett HR, Bonner WA, Barrett J, Herzenberg LA. Cell Sorting: automated separation of
mammalian cells as a function of intracellular fluorescence. Science. 1969 Nov
7;166(906):747-9.
Humphreys MJ, Allman R, Lloyd D. Determination of the viability of Trichomonas vaginalis
using flow cytometry. Cytometry. 1994 Apr 1;15(4):343-8.
Janeway CA, Travers P, Walport M, Shlomchik M. The Immune System in Health and
Disease. Immunobiology, 5th edition. Garland Science, 2001
Jaroszeski MJ, Radcliff G. Fundamentals of flow cytometry. Mol Biotechnol. 1999
Feb;11(1):37-53.
Kamau SW, Nunez R, Grimm F. Flow cytometry analysis of the effect of allopurinol and the
dinitroaniline compound (Chloralin) on the viability and proliferation of Leishmania infantum
promastigotes. BMC Pharmacol. 2001;1:1.
Kram D, Thale C, Kolodziej H, Kiderlen AF. Intracellular parasite kill: flow cytometry and
NO detection for rapid discrimination between anti-leishmanial activity and macrophage
activation. J Immunol Methods. 2008 Apr 20;333(1-2):79-88.
Kulkarni MM, McMaster WR, Kamysz W, McGwire BS. Antimicrobial peptide-induced
apoptotic death of leishmania results from calcium-de pend ent, caspase-independent
mitochondrial toxicity. J Biol Chem. 2009 Jun 5;284(23):15496-504.
Lecoeur H, de Oliveira-Pinto LM, Gougeon ML. Multiparametric flow cytometric analysis of
biochemical and functional events associated with apoptosis and oncosis using the 7aminoactinomycin D assay. J Immunol Methods. 2002 Jul 1;265(1-2):81-96.
Lecoeur H, Melki MT, Saidi H, Gougeon ML. Analysis of apoptotic pathways by
multiparametric flow cytometry: application to HIV infection. Methods Enzymol.
2008;442:51-82.
Lemasters JJ. Dying a thousand deaths: redundant pathways from different organelles to
apoptosis and necrosis. Gastroenterology. 2005 Jul;129(1):351-60.
Li X, Breukers C, Ymeti A, Pattanapanyasat K, Sukapirom K, Terstappen LW, et al. Clinical
evaluation of a simple image cytometer for CD4 enumeration on HIV-infected patients.
Cytometry B Clin Cytom. Jan;78(1):31-6.
Limjindaporn T, Netsawang J, Noisakran S, Thiemmeca S, Wongwiwat W, Sudsaward S, et
al. Sensitization to Fas-mediated apoptosis by dengue virus capsid protein. Biochem Biophys
Res Commun. 2007 Oct 19;362(2):334-9.
Loeffler M, Kroemer G. The mitochondrion in cell death control: certainties and incognita.
Exp Cell Res. 2000 Apr 10;256(1):19-26.
Maniati E, Potter P, Rogers NJ, Morley BJ. Control of apoptosis in autoimmunity. J Pathol.
2008 Jan;214(2):190-8.
109
Marti GE, Stetler-Stevenson M, Bleesing JJ, Fleisher TA. Introduction to flow cytometry.
Semin Hematol. 2001 Apr;38(2):93-9.
McSharry JJ. Uses of flow cytometry in virology. Clin Microbiol Rev. 1994 Oct;7(4):576604.
McSharry JJ. Analysis of virus-infected cells by flow cytometry. Methods. 2000
Jul;21(3):249-57.
Melki MT, Saidi H, Dufour A, Olivo-Marin JC, Gougeon ML. Escape of HIV-1-infected
dendritic cells from TRAIL-mediated NK cell cytotoxicity during NK-DC cross-talk--a
pivotal role of HMGB1. PLoS Pathog.6(4):e1000862.
Merchant SH, Gonchoroff NJ, Hutchison RE. Apoptotic index by Annexin V flow cytometry:
adjunct to morphologic and cytogenetic diagnosis of myelodysplastic syndromes. Cytometry.
2001 Feb 15;46(1):28-32.
Murali-Krishna K, Altman JD, Suresh M, Sourdive DJ, Zajac AJ, Miller JD, et al. Counting
antigen-specific CD8 T cells: a reevaluation of bystander activation during viral infection.
Immunity. 1998 Feb;8(2):177-87.
Myint KS, Endy TP, Mongkolsirichaikul D, Manomuth C, Kalayanarooj S, Vaughn DW, et
al. Cellular immune activation in children with acute dengue virus infections is modulated by
apoptosis. J Infect Dis. 2006 Sep 1;194(5):600-7.
Noble-Wang JA, Zhang S, Price D, Ahearn DG. Viability of amoebae, fungal conidia, and
yeasts: rapid assessment by flow cytometry. Methods Mol Biol. 2004;268:153-61.
Noviello CM, Pond SL, Lewis MJ, Richman DD, Pillai SK, Yang OO, et al. Maintenance of
Nef-mediated modulation of major histocompatibility complex class I and CD4 after sexual
transmission of human immunodeficiency virus type 1. J Virol. 2007 May;81(9):4776-86.
Nunez R. Flow cytometry: principles and instrumentation. Curr Issues Mol Biol. 2001
Apr;3(2):39-45.
Ow YP, Green DR, Hao Z, Mak TW. Cytochrome c: functions beyond respiration. Nat Rev
Mol Cell Biol. 2008 Jul;9(7):532-42.
Pala P, Hussell T, Openshaw PJ. Flow cytometric measurement of intracellular cytokines. J
Immunol Methods. 2000 Sep 21;243(1-2):107-24.
Peng L, Jiang H, Bradley C. [Annexin V for flow cytometric detection of phosphatidylserine
expression on lymphoma cells undergoing apoptosis]. Hua Xi Yi Ke Da Xue Xue Bao. 2001
Dec;32(4):602-4, 20.
Petrovas C, Mueller YM, Dimitriou ID, Bojczuk PM, Mounzer KC, Witek J, et al. HIVspecific CD8+ T cells exhibit markedly reduced levels of Bcl-2 and Bcl-xL. J Immunol. 2004
Apr 1;172(7):4444-53.
110
111
Vindelov, L. Flow cytometric analysis of nuclear DNA in cells from solid tumors and cell
suspensions. Virchows arch. B. Cell pathol. 1977 Sep; 24(1):227-242
Wu NP, Li D, Bader A, Hoxtermann S, Brockmeyer N. [Effect of HIV-1 infection on
apoptosis of CD4+ T lymphocytes mediated by Fas]. Zhejiang Da Xue Xue Bao Yi Xue Ban.
2003 Apr;32(2):90-3.
Ymeti A, Li X, Lunter B, Breukers C, Tibbe AG, Terstappen LW, et al. A single platform
image cytometer for resource-poor settings to monitor disease progression in HIV infection.
Cytometry A. 2007 Mar;71(3):132-42.
Youle RJ, Strasser A. The BCL-2 protein family: opposing activities that mediate cell death.
Nat Rev Mol Cell Biol. 2008 Jan;9(1):47-59.
Zuo J, Church J, Belzer M, Kitchen C, Ank B, Schmid I, et al. Short communication:
enhanced CD8+ T cell apoptosis in HIV-infected adolescents with virologic failure on
protease inhibitor-based therapy. AIDS Res Hum Retroviruses. Jun;26(6):681-4.