Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Educação Programa de Pós-Graduação em Educação
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INSTITUTO DE EDUCAO
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM EDUCAO
LINHA DE PESQUISA: ORGANIZAO ESCOLAR, FORMAO E PRTICAS PEDAGGICAS
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Obrigada!
AGRADECIMENTOS
Borges
Monteiro
(professor
PPGE/UFMT);
RESUMO
O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA LNGUA PORTUGUESA:
REPRESENTAES SOCIAIS DE PROFESSORAS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL
A presente pesquisa teve como objetivo compreender as representaes sociais de
professoras que trabalham de 1 ao 5 ano do ensino fundamental do sistema pblico
municipal urbano do municpio de Jata, Estado de Gois, sobre o processo de ensinoaprendizagem da lngua portuguesa. A questo que guiou o presente trabalho foi: quais so
as representaes sociais docentes sobre o processo de ensino-aprendizagem da lngua
portuguesa? Ao longo de aproximadamente trs anos realizamos 156 contatos diferenciados
para alcanar tais indcios de representaes sociais. Primeiramente, realizamos um estudo
piloto para conhecer o universo nocional. Nesta etapa conversamos com seis professoras a
partir de entrevistas. Posteriormente, realizamos a segunda fase de coleta dos materiais,
neste momento contatamos 100 professoras, nos valendo do uso da tcnica de associaes
livres para identificar a estrutura das representaes sociais. Finalmente, na terceira fase de
recolha de textos de campo, entrevistamos 50 professoras. Algumas profissionais
concederam mais de um dilogo conosco, neste momento, tivemos a oportunidade de
conhecer o contedo representacional em formato contextualizado. Os dizeres professorais
foram gravados, transcritos e organizados com o auxlio de dois programas computacionais.
O software EVOC foi utilizado para processar o material coletado com a tcnica de
evocaes livres, e o software ALCESTE foi usado para processar os textos de campo
recolhidos nos momentos de entrevistas. Norteados pelos fundamentos da Teoria das
Representaes Sociais, da Teoria do Ncleo Central e de conhecimentos das reas de
Formao de Professores e da Linguagem elaboramos nossas compreenses
considerando a especificidade de cada organizao dos materiais recolhidos. A partir
dos resultados, compreendemos que a representao social docente sobre o processo
de ensino-aprendizagem da lngua portuguesa na escola constituda por elementos
ancorados na valorizao social para o uso apropriado da lngua na sociedade e por
elementos objetivados nas prticas frequentes de leitura em sala de aula. As
professoras representam que o princpio fundamental a ser traado dentro do processo
de ensino-aprendizagem da lngua portuguesa o fomento prtica leitura;
consequentemente, a prtica de leitura norteia outras prticas, como a escrita de textos
que seguem as regras ortogrficas da lngua portuguesa. As professoras recebem
diversas influncias histricas e sociais para a realizao de seus ofcios, como, por
exemplo, leis, normas, valores sociais que a famlia e a sociedade carregam a respeito
de como o ensino e a aprendizagem da lngua portuguesa deveria ocorrer nas escolas,
como, tambm, so influenciadas pelos valores que atribuem importncia para o uso
correto da lngua portuguesa na sociedade. As inscries sociais docentes situam-se
dentro de uma grande teia de elementos que se inter-relacionam e que produzem
efeitos diversos, assim, fomentam formas de ser e agir na profisso de professor/a.
Dentro desta rede de elementos, os/as profissionais professores/as constroem seu
ofcio. Desta maneira, o principal efeito desta sua inscrio social em um espao
mltiplo de meios exigncia para que conheam todos os elementos contidos na
prtica educativa e que saibam lidar no plano singular de cada um, como tambm, no
plano plural de relaes entre todos os elementos.
Palavras-chave: Ensino-aprendizagem. Lngua portuguesa. Representaes sociais.
ABSTRACT
THE TEACHING LEARNING PROCESS OF PORTUGUESE LANGUAGE: SOCIAL
REPRESENTATIONS OF TEACHING IN THE EARLY YEARS OF ELEMENTARY
EDUCATION
This research aims to understand the social representations of teachers who work
from 1st to 5th grade of elementary school in the public system in the municipal urban
area of the city of Jatai, State of Goias, about the process of teaching and learning
Portuguese. The question that guided this project was: What are the social
representations of teachers about the process of teaching and learning Portuguese?
Over the nearly three years we did 156 different contact to achieve such indications
of social representations. First we realized a pilot study to know the notional universe.
In this phase we talked with six teachers Trough interview. After that we conducted
the second phase of collecting material data, in this moment we talked with 100
teachers. We used the technique of free association to identify the structure of social
representation. Finally in the third phase we collected texts in the field, interviewing
50 teachers. Some professionals gave more than one interview to us. In this moment
we had the opportunity to know the representational subject in contextualized format.
The words from the teachers were recorded, written and organized with the help of
two software. The software EVOC was used to process the material collected with
the technique of free evocation and the software ALCESTE was used to process the
texts collected in the moment of the interview. Guided by the fundamentals of Social
representation theory , theory of the central core and knowledge in the formation
area of teachers and the language we had done our comprehension considering the
specificity in each organization where the material were collected. From the result we
understood that the social representation of teachers about the teaching and learning
process of Portuguese language in the school is formed by elements anchored in the
social valorization for the specific use of language in the society and by elements
targeted in the frequent practice of reading in the classroom. The teachers showed
that the main principle to be drawn within the process of teaching and learning the
Portuguese language is the promotion of reading practice, therefore the reading
practice guides to other practice such as writing texts that follow the spelling rules of
Portuguese language. The teachers receive many historic and social influences to
do their job, like; laws, rules, social values that the family and the society bring due
to the way that teaching and learning Portuguese language must happen in the
schools and also they have influence by values that give importance to the correct
use of Portuguese language in the society. The social enrollment by the teachers are
located within a big web of elements that interrelate and make many effects, then
start ways of being and do in the teachers occupation. Inside the web of elements,
the professional teachers build their job. Then the main effect of this social enrollment
in the multiple space of demanding that they know all the elements inside the
educational practice and they learn how to deal in singular plane of each individual
and also in the plural plans of relationship among all the elements.
Keywords: teaching and learning. Portuguese Language. Social representations.
LISTA DE ILUSTRAES
LISTA DE TABELAS
LISTA DE QUADROS
SUMRIO
INTRODUO .......................................................................................................... 19
A trajetria percorrida ................................................................................................ 27
CAPTULO I METODOLOGIA DA PESQUISA .......................................................... 37
1.1 As vertentes quantitativas e qualitativas da pesquisa ......................................... 37
1.2 O local da pesquisa e o grupo de professoras .................................................... 41
1.3 O estudo piloto e o software ALCESTE............................................................... 49
1.4 As evocaes livres e o software EVOC ............................................................. 51
1.5 As ltimas entrevistas realizadas ........................................................................ 55
CAPTULO II FUNDAMENTOS TERICOS E CONCEITUAIS QUE NORTEARAM
A PESQUISA ............................................................................................................ 58
2.1 O que entendemos sobre formao de professores ........................................... 59
2.2 Elementos constitutivos do processo de ensino-aprendizagem da lngua
portuguesa ................................................................................................................ 68
2.2.1 A linguagem entendida como processo de interao e a importncia da
mediao entre professor/a e alunos/as dentro da prtica educativa ................... 69
2.2.2 O processo de ensino-aprendizagem da lngua portuguesa enquanto um
contnuo progressivo de alfabetizao .................................................................. 88
2.3 A Teoria das Representaes Sociais .............................................................. 101
2.3.1 O conceito do fenmeno representacional ................................................. 109
2.3.2 O princpio de tornar o no-familiar em familiar e os processos formadores
das representaes sociais ................................................................................. 112
2.3.3 A Teoria do Ncleo Central das representaes sociais ............................ 116
CAPTULO III MATERIAIS COLETADOS: COMPREENSES POSSVEIS ......... 123
3.1 Elementos estruturais das representaes sociais de professoras sobre os
processos de ensino e de aprendizagem da lngua portuguesa ............................. 123
3.2 representaes sociais de professoras sobre o processo de ensinoaprendizagem da lngua portuguesa ....................................................................... 144
Compreenso I - Conjunto de segmentos de textos provenientes das entrevistas
concedidas pelas professoras que atuam no 1 e 2 ano do ensino fundamental
sobre o processo de ensino-aprendizagem da lngua portuguesa .......................... 145
18
19
INTRODUO
20
denominado Domnio Pblico, considerado como sendo uma biblioteca virtual que
disponibiliza informaes e conhecimentos diversos de forma livre. Pesquisas em
outras bibliotecas virtuais no foram realizadas, pois a busca teve carter
exploratrio e no havia o objetivo de ser exaustiva. A ltima coleta foi realizada no
ms de abril do ano de 2012.
Essa busca de informaes foi iniciada a partir da insero de palavras
descritivas junto ao ambiente virtual dessa biblioteca. O termo Educao foi
introduzido no operador do site denominado rea de conhecimento e as palavras
Lngua Portuguesa foram inseridas na caixa de texto intitulada Palavras-chave.
Estas inseres de elementos auxiliaram a filtragem dos resultados. Foram
localizados vinte e nove trabalhos, seus ttulos podem ser vistos no Apndice B.
Entre esses trabalhos, trs tratam do ensino da lngua portuguesa para
pessoas surdas; outro discute o ensino da lngua dentro da Histria da Educao;
um deles fala do ensino da lngua portuguesa no ensino superior; outro destes
discute o ensino da lngua portuguesa para os primeiros anos do ensino fundamental
de nove anos. Dois outros trabalhos tratam da temtica em formato de discusso
para todos os nveis de ensino e, finalmente, vinte e um trabalhos discutem o ensino
da lngua portuguesa nos anos finais do ensino fundamental de nove anos e no
ensino mdio, sendo estas etapas da educao bsica de responsabilidade dos/as
profissionais licenciados/as em Letras.
A maioria das produes foi elaborada por autores que adquiriram a
graduao em Letras, sendo vinte profissionais. Trs so formadas em Pedagogia,
uma em Fonoaudiologia e outra apresentou duas formaes: Letras e Pedagogia.
Estas informaes foram recolhidas junto aos currculos profissionais publicados por
meio da Plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e
Tecnolgico (CNPq). Espao este em que trs pesquisadores/as no apresentaram
a sua formao em nvel de graduao e uma delas no publicou seu currculo na
plataforma. Vinte trabalhos foram produzidos junto a cursos de mestrado e nove de
doutorado. Quatro trabalhos foram defendidos no ano de 2010, dez no ano de 2009,
sete em 2008, cinco em 2007, um em 2006, um em 2005 e um em 2001.
Diante desses materiais, observei que no existem muitos relatrios de
pesquisas entre os anos de 2001 a 2012, disponibilizados nesse site oficial, que
discutem o processo de ensino-aprendizagem da lngua portuguesa nos anos iniciais
do ensino fundamental. Identificamos a existncia de apenas um, intitulado: O jogo
21
22
23
Obtivemos contribuies de apenas um professor do sexo masculino, por este motivo, escolhemos
chamar todo o grupo de professoras.
24
25
26
27
compreender a prpria formao. Aps esta oportunidade, decidi comear este trabalho
falando da relao entre o meu Eu e a pesquisa realizada. Esta escolha no trata
autopromoo, mas uma forma de registrar a importncia da compreenso de si na
profisso docente, como tambm, uma oportunidade de simbolizar meus sinceros
agradecimentos ao GEPForDoc/PPGE/UFMT que me concedeu este e outros
importantes entendimentos formativos.
Para um melhor entendimento desse princpio, propus mergulhar em uma
(auto)compreenso profissional, relembrando algumas das minhas experincias
vivenciais. Antes de saber sobre o dinamismo da formao de outros/as professores/as,
precisei refletir sobre a minha prpria trajetria percorrida. Portanto, compreendi que os
processos formativos de ns professores/as dependem da nossa prpria vontade, das
nossas caractersticas pessoais e do contexto social que fazemos parte, onde a
formao acontece ao longo de toda a carreira e de toda a vida da pessoa/professor/a.
Os/as professores/as so sujeitos adultos que aprendem e se inserem em
processos formativos que so constitudos por implicaes de natureza fisiolgica,
cognitiva, pessoal e moral. Quando falo desse longo processo formativo, incluo o
aprendizado que ocorre pela observao, desde o momento que o/a futuro/a professor/a
se insere no ambiente escolar ainda como aluno/a da educao bsica, pois considero
que as experincias passadas, desde a infncia at a fase adulta, contribuem para a
compreenso do que seja ser professor/a.
A trajetria percorrida
28
29
30
31
32
assistente
em
regime
de
trabalho
efetivo
junto
ao
curso
de
doutorado/UFMT/Cuiab-MT,
em
regime
presencial,
por
dois
anos,
e,
33
Conforme Kawahara (2007, p. 12), comunidade nikkei, So as pessoas que deixaram a sua terra
natal para tentar a sorte em um pas estrangeiro e passaram por experincias que no podem ser
perdidas.
34
reconhecer na fala considerada errada do outro, ningum quer falar que cometeu os
mesmos erros ortogrficos em relao escrita do outro. Sendo diferentes do grupo
nikkei, as pessoas que convivem nas escolas pblicas do Brasil se distanciam entre si
quando o uso da lngua culta exigido. Mesmo se reconhecendo como sujeitos
integrantes de grupos dentro das escolas muitos professores/as e alunos/as exercem
um grande esforo de no reconhecimento lingustico aos falantes. Poucas pessoas
querem ser: Nois jeca mais jia3! Mesmo estando contido nesta cultura. Existem
muitas culturas brasileiras que so negadas pelo prprio grupo, em meio a outras.
Buscando conhecer esse e outros exemplos de caminhos investigativos
construdos por outros pesquisadores, compreendi que a pesquisa que me propus
realizar tinha um potencial para alm das minhas angstias. Eu no iria investigar algo
para mim mesma, mas sobre uma teia de relaes sociais em que eu vivia presa, esta
produzida por vrias pessoas. Ento, comecei a assumir meus erros ortogrficos e
tericos e no queria mais escond-los ou super-los; entend-los e, assim, caminhar
para outras possibilidades. Para transformar, preciso ter conscincia e compreenso
das dimenses que se entrecruzam na prtica dentro da qual nos movemos.
(SACRISTN; PREZ GMEZ, 2000, p. 10).
No dia treze de abril de 2011, a Professora Eugnia Paredes sugeriu que
eu buscasse abrigo junto a outro grupo de pesquisa, sob a orientao de colega
igualmente credenciado no PPGE/UFMT. Depois de alguns dias, ela encerrou
definitivamente as suas atividades junto ao GPEP/PPGE/UFMT. Naquela ocasio, o
Professor Doutor Carlo Ralph De Musis solicitou, e lhe foi concedida, a possibilidade de
continuar orientando a pesquisa que me propus realizar. Alm dos momentos de
orientao promovidos pelo Professor Carlo De Musis em plataformas virtuais entre
tantas especialidades, a intimidade com a tecnologia - acompanhou todo o processo de
uma possvel insero minha em outro grupo de pesquisa. Aproveito este relato para
apresentar meus sinceros agradecimentos ao Professor Carlo De Musis, que guiou todo
o meu percurso investigativo, ajudando com os estudos e a pesquisa.
No dia 22 de maio de 2011, Lusa Maria Teixeira Silva Santos, secretria
no PPGE/UFMT, me informou por telefone que o colegiado do PPGE/UFMT encontrou
no meu caso razes para acolher a minha pesquisa junto ao Grupo de Estudos e
Pesquisas em Poltica e Formao Docente: educao infantil, fundamental e superior
3
Letra de msica do compositor Juraildes da Cruz, que conferiu ao artista o Prmio Sharp em 1997,
atual Prmio da Msica Brasileira.
35
36
37
38
Clementino
de
Souza,
junto
ao
39
40
por
tratamentos
estatsticos.
Fundamentados
pela
Teoria
das
41
o espao
um
conjunto
de formas com
42
dinmicas, o que a liga a cidade de Jata aos processos dinmicos que ocorrem no
Estado de Gois, na Regio Centro Oeste, como tambm no Brasil e no mundo.
Jata uma cidade situada no sudoeste de Gois, a 323 km da capital
estadual, Goinia. Tem uma rea de 7.174,23 km e o bioma predominante o
Cerrado. Comeou a ser povoada em 1836, mas foi solenemente instalada em 1885.
Estima-se que a populao constituda por 88.048 habitantes6. No perfil
agropecurio, nos anos de 2003/2004 e 2005/2006, o municpio foi considerado o
maior produtor de milho e sorgo do Brasil, como tambm, o maior de soja de Gois.
o maior produtor de gros de Gois e o quinto do Brasil. O municpio produz
1,08% de toda produo nacional de gros, por conta destes valores, em Jata, a
produtividade dos agricultores j superou a dos Estados Unidos7.
Em Jata, os anos iniciais do ensino fundamental de nove anos, que se
processam no Sistema Municipal de Ensino, no permetro urbano, so ofertados em
dezenove escolas, sendo os espaos que percorremos na busca por uma
compreenso sobre o saber social do grupo de professoras acerca do ensino da
lngua portuguesa. A reorganizao do ensino fundamental para nove anos
fomentou mudanas nos sistemas de ensino, devendo ocorrer at 2010, atendendo
ao disposto na Lei n 11.274, de 6 de fevereiro de 2006. De acordo com o Ministrio
da Educao, esta reformulao teve como objetivos:
a) melhorar as condies de equidade e de qualidade da Educao Bsica;
b) estruturar um novo ensino fundamental para que as crianas prossigam
nos estudos, alcanando maior nvel de escolaridade; c) assegurar que,
ingressando mais cedo no sistema de ensino, as crianas tenham um tempo
mais longo para as aprendizagens da alfabetizao e do letramento.
8
(BRASIL/MEC/SEB, 2009, p. 5) .
43
para todos os que a ela no tiveram acesso na idade prpria; o Art. 32 da Lei
9394/96 LDB , modificado pela Lei 11.274, que afirma que o ensino fundamental
obrigatrio, com durao de 9 (nove) anos, gratuito na escola pblica, iniciando-se
aos 6 (seis) anos de idade, e
44
45
que
existem
especificidades
entre
as
atuaes
pedaggicos/as
das
escolas
para
que
tivssemos
46
Pedagogia
Outras
Graduao
Especializao
01 ms a 10 anos
11 anos a 20 anos
21 anos em diante
23
33
19
14
11
90
10
39
61
59
31
10
47
10
Utilizamos o termo preferencialmente para designar a entrada dos alunos na primeira fase do
ensino fundamental a partir de 6 anos de idade, conforme a LDB n 9394/96.
11
Informaes obtidas junto ao Projeto Pedaggico do Curso de Pedagogia da UFG, campus Jata,
ano 2011.
48
49
12
50
51
13
Consideramos o estudo piloto como sendo a primeira fase de recolha de materiais advindos do
campo de pesquisa, pois contribuiu substancialmente na reformulao do trabalho.
52
53
< mdia
NCLEO CENTRAL
Palavras com frequncia (F) igual ou acima
da mdia e com Ordem Mdia de Evocao
(OME) ou Ordem Mdia de Hierarquizao
(OMI) abaixo da mdia
ZONA DE CONTRASTE
mdia
PRIMEIRA PERIFERIA
Palavras com F igual ou acima da
mdia e com OME ou OMI igual
ou acima da mdia
SEGUNDA PERIFERIA
Palavras com F abaixo da mdia e
< mdia
Palavras com F abaixo da mdia e com OME
com OME ou OMI igual ou acima
ou OMI abaixo da mdia
da mdia
Ilustrao 1 Esquema do quadro de quatro casas dos elementos estruturais das
representaes sociais
Fonte: Adaptao da proposta de Abric (2003, 2005, p. 64 apud PCORA, 2007, p. 163).
54
55
56
57
uso do termo discurso como sinnimo do termo fala pode acarretar simplificaes da
definio do primeiro, porque o entendemos como produo derivada de um sujeito,
situado em um local social e que sofre tenses e confrontos entre o indivduo e a
sociedade (ORLANDI, 2006); enquanto que as falas reunidas se referem aos
elementos de contedos de um conhecimento social compartilhado; em que revelam
as representaes sociais que so formas de saber com contedos de uma
realidade prtica, socialmente partilhada em determinado local e tempo, que nem
sempre tem carter ideolgico. (NASCIMENTO-SCHULZE; CAMARGO, 2000).
Buscando coerncia entre o material coletado e as linhas de
pensamentos, utilizamos os termos texto, falas e dizeres para fazer uso do material
recolhido, enquanto possibilidade de tratamento estatstico e, finalmente, nos
valemos do termo discurso para compreender processos maiores de influncias
sociais que contriburam para as nossas compreenses dos textos de campo.
No prximo captulo apresentamos outros fundamentos tericos e
conceituais que nortearam a pesquisa.
58
CAPTULO
II
FUNDAMENTOS
TERICOS
CONCEITUAIS
QUE
NORTEARAM A PESQUISA
59
entre
os/as
alunos/as,
algo
fundamental
para
aquisio
da
60
61
62
dentro
dessa
necessidade
de
assegurar
qualidade
da
63
um
processo
de
mudana,
de
inovao
de
desenvolvimento curricular.
Terceiro: est ligado ao desenvolvimento organizacional da instituio
escolar.
Quarto: est integrado aos contedos da aprendizagem, sejam eles
acadmicos e disciplinares, incluindo aqueles da formao pedaggica.
Quinto: est contido dentro da relao entre teoria e prtica.
Sexto: [...] na formao de professores muito importante a
congruncia entre o conhecimento didtico do contedo e o conhecimento
pedaggico transmitido, e a forma como esse conhecimento se transmite
(MARCELO, 1999, p. 29).
Stimo: [...] a formao de professores se deve basear nas
necessidades e interesses dos participantes, deve estar adaptada ao contexto em
que estes trabalham, e fomentar a participao e reflexo. (MARCELO, 1999, p.
29).
Compreendemos,
assim,
que
os
processos
formativos
dos/as
64
de
professores
est
contida
no
prprio
conceito
acerca
do
[...] a iniciao ao ensino o perodo de tempo que abarca os primeiros anos, nos quais os
professores fazem a transio de estudantes para professores. um perodo de tenses e
aprendizagens intensivas em contextos geralmente desconhecidos [...]. Neste primeiro ano, os
professores so principiantes, e, em muitos casos, no segundo e terceiro anos podem estar ainda a
lutar para estabelecer a sua prpria identidade pessoal e profissional. (MARCELO, 1999, p. 113).
65
respostas
nicas
dos/as
profissionais
em
um
processo
de
autodesenvolvimento reflexivo.
Eles precisam compreender as variveis internas e externas ao
processo de ensino e aprendizagem que vo alm das formaes inicial e
continuada. Desta forma, a qualidade do ensino estaria vinculada capacidade de
tomada de decises a partir da interao com a complexidade que constitui o ensino
escolar e a efemeridade do conhecimento, de informaes, indo alm das respostas
prontas, decorrentes de conceitos lineares, uniformes, que no respondem a
alteridade prpria das relaes sociais, determinantes da construo e da
desconstruo de conhecimentos.
Para Marcelo (1995), a reflexo deve ser o novo objetivo para a
formao de professores, uma possibilidade de melhoria educativa. O autor nos
informa que um conceito que est sendo frequentemente utilizado dentro dos
estudos sobre a formao docente, sendo uma perspectiva iniciada por Dewey
(1989) e de grande difuso por Schn (1983, 1987).
Conforme Schn (1995), o/a professor/a precisa refletir sobre sua ao
profissional, observar e compreender os processos de aprendizagem dos/as
alunos/as, reconhecer as capacidades e as dificuldades das crianas.
Se o professor quiser familiarizar-se com este tipo de saber, tem de lhe
prestar ateno, ser curioso, ouvi-lo, surpreender-se, e actuar como uma
espcie de detective que procura descobrir as razes que levam as crianas
a dizer certas coisas. Este tipo de professor esfora-se para ir ao encontro
do aluno e entender o seu prprio processo de conhecimento, ajudando-o a
articular o seu conhecimento-na-ao que exige do professor uma
capacidade de individualizar, isto , de prestar ateno a um aluno, mesmo
numa turma de trinta, tendo a noo do seu grau de compreenso e das
suas dificuldades. (SCHN, 1995, p. 82).
66
67
68
desenvolvimento
profissionais dos/as
docentes,
queremos
situar
os/as
69
70
71
72
17
73
da
cincia
da
ideologia
que
nos
envolve.
Portanto,
quando
Utilizamos o artigo de autoria da Maria de Ftima R. Andrade intitulado Interaes sociais em sala
de aula: o ensino de Lngua Portuguesa, publicado em meio eletrnico no ano de 2008 pelo VIII
Congresso Nacional de Educao e III Congresso Ibero-Americano sobre Violncias nas Escolas, que
ocorreu em Curitiba. Neste artigo, a autora discutiu as trs principais concepes de linguagem
como expresso do pensamento, enquanto instrumento de comunicao e como forma de interao e suas implicaes na prtica educativa.
74
significaes acerca do assunto tratado a partir das significaes que j temos, tanto
em formato singular por nossas vivncias, como no ato do dilogo do eu com o
outro, alm mais, acrescenta-se as significaes sociais e ideolgicas que esto
inseridas na nossa conscincia individual e social.
Na
multiplicidade
de
discursos
interiores
exteriores,
onde
75
76
77
um
movimento
de
relaes
entre
as
ideias
de
sabemos
que
existem
referncias
de
significados
78
dos contatos realizados para a investigao, acerca do processo de ensinoaprendizagem da lngua esto intimamente relacionados a outros dilogos
professorais, institucionais, sociais e ideolgicos existentes.
Alm do mais, esses diferentes discursos e representaes sociais
podem definir, orientar e justificar as aes das professoras no espao educacional,
trazendo um carter identitrio para o grupo. Desta maneira, necessrio
compreender como se formam e como funcionam os sistemas de referncias que
direcionam os enunciados das professoras que, possivelmente, guiam as prticas
educativas.
Alguns autores, como Andrade (2008), defendem a necessidade da
apropriao pelos/as professores/as sobre a concepo de linguagem que
carregam, pois, assim, favorecer a compreenso ampla acerca de sua prpria
prtica educativa, conhecendo o que norteia sua prtica e direciona suas atuaes
professorais:
[...] o professor precisa conhecer sua concepo de linguagem, pois ela
que ir fundamentar a sua ao pedaggica. A prtica escolar, em que a
relao professor/aluno e aluno/aluno mediada pela palavra, no pode ser
vista como algo neutro, desvinculado da realidade. Assumir que qualquer
proposta metodolgica articulada a uma concepo de mundo e de
educao perceber, de alguma forma, as diferentes concepes de
linguagem que esto presentes no cotidiano da sala de aula. (ANDRADE,
2008, p. 4010).
79
outro
nos exerccios
educacionais, dificulta
aquisio
de
Obra sob o ttulo Discurso e Leitura. Publicada pelas editoras: CORTEZ e UNICAMP, na sua 7
edio em 2006.
80
81
82
83
interagem
afeioados
suas
caractersticas
pessoais,
seus
23
84
85
86
pesquisa
citada
como
alunos/as
representam
seus
87
88
Dentro da nossa compreenso acerca do processo de ensinoaprendizagem da lngua portuguesa esto contidos os norteamentos da Teoria da
Enunciao de Bakhtin, como tambm, a Teoria Histrico-Cultural de Vygotsky nos
ajudaram a entender esse processo enquanto atividade cognitiva e discursiva que
constituda por foras interativas entre interlocutores e os objetos de conhecimentos.
Como escrevemos anteriormente, a concepo de linguagem que
carregamos e a reflexo acerca do processo interativo entre os sujeitos que realizam
a prtica educativa, neste item sero apresentados, em sntese, os conceitos que
carregamos sobre educao, ensino, aprendizagem, alfabetizao e letramento;
fundamentados nas ideias de tericos que nos ajudaram a compreender a amplitude
e, principalmente, a fuso de conceitos que promovem significaes acerca da
prtica educativa escolar.
Para Chaves (1979), a educao um processo mediante o qual as
pessoas obtm domnio e compreenso de certos contedos considerados valiosos.
Compreendemos, a partir das ideias do autor, que a educao um movimento
contnuo para aquisio e aprendizagem de conhecimentos, atitudes e valores
avaliados como apropriados para uma determinada cultura, que necessitam de
entendimentos acerca dos mesmos, se valendo de reflexes sobre a significncia do
contedo.
Os sujeitos podem aprender sobre diversas coisas do mundo
proporcionadas pela socializao e aculturao. Entretanto, a educao s
adquirida se existir apropriaes e compreenses dos saberes, conhecendo [...] sua
razo de ser, e venha a aceit-los somente aps investigao criteriosa que abranja
no s as normas e os valores em questo, mas tambm possveis alternativas.
(CHAVES, 1979, no paginado).
Para o autor, a educao compreendida para alm de um processo
de incorporao e de inculcao de contedos considerados valiosos. Para ser
considerada como educao necessria a cincia plena da significao dos
saberes para a vida das pessoas.
89
90
91
92
entre
interlocutores
para
construo
de
conhecimentos
e,
93
94
95
96
97
professores,
na
desenvolvimento
elaborao
intelectual,
de
materiais
pedaggicos
psico-scio-lingusticas
de
que
trabalhem
produo,
leitura
o
e
98
preciso saber falar, ler e escrever bem para depois construir uma
reflexo lingustica sobre os usos da prpria lngua, de um modo consciente,
sistemtico e tcnico. Conforme Bagno (2002), isto dever ocorrer quando os/as
discentes j tiverem obtido um nvel de letramento que lhes permite teorizar e
investigar criticamente a utilizao da lngua.
A alfabetizao e o letramento s sero compreendidos em prticas de
ensinar e aprender que ocorrerem em toda jornada vivencial escolar, que sero
entendidos em processos de reflexo antes, durante e depois das aes
pedaggicas,
possibilitando,
assim,
criao,
sentido
vida
recriao e divulgao
dos/as
alunos/as,
de
promovendo
99
100
101
102
103
104
105
106
107
prtica das representaes sociais. Sendo esta a terceira dimenso do campo das
representaes sociais, que discute a natureza epistmica em confronto com o
saber erudito.
Como nosso objetivo de pesquisa no contempla essa dimenso, ns
intencionamos responder a quinta pergunta formulada por Jodelet (2001), nos
valendo apenas da construo de possveis hipteses. Fizemos a aparente
descrio de possveis hipteses da funo orientadora das representaes sociais
nas prticas educativas para que pudssemos apontar para a realizao de novos
esforos investigativos que trazem comparaes entre as representaes sociais
identificadas acerca de determinado objeto e as prticas realizadas pelo grupo.
Todas as respostas referentes s perguntas de Jodelet (2001) situam o
sujeito em um contexto ideolgico e histrico, conferindo-lhe uma inscrio social
que determina sua posio, funo, pertena e seu lugar em um grupo. Jodelet
(2001, p. 20) ensina que as representaes sociais se [...] inscrevem nos quadros
de pensamentos j existentes [...], formando uma rede de conhecimentos que iro
interferir em atitudes e julgamentos dos sujeitos sobre os objetos naturais e sociais,
determinando e organizando uma realidade comum a um conjunto social.
Os estudos de representaes sociais, valendo-se dos constructos
vinculados ao campo moscoviciano, vem se tornando um trabalho frequente dentro
das cincias humanas, porque este domnio de pesquisa est dotado de
instrumentos conceituais e metodolgicos que contribuem para conhecer este
fenmeno que se processa na rotina diria das pessoas. Entretanto, nas pesquisas
cientficas, a demarcao da escolha da instrumentalizao por meio dos conceitos
e dos mtodos advindos da TRS necessria, pois este campo investigativo
mapeado como um espao multidimensional de estudo, assim, recebe uma
multiplicidade de territrios autnomos de pesquisa, em funo dos aspectos
especficos problematizados sobre os fenmenos em observao. Aspecto este
apresentado anteriormente em formato de questes investigativas formuladas por
Jodelet (2001), que caracterizam os espaos de estudo das representaes sociais.
Em relao a esse vasto campo de estudo e por comportar
proposies
que
possibilitam
desdobramento
de
correntes
tericas
complementares, a TRS tratada como sendo uma grande teoria (DOISE, 1993).
Essas correntes de pensamento provm da TRS e se configuram enquanto teorias
108
109
da
lngua
portuguesa
construda
pelas
professoras,
como
tambm,
nos
110
111
Para Jodelet (2001), existem cinco motivos para que as pessoas criem
representaes sociais: 1 informao sobre o mundo sua volta; 2 ajustamento
realidade; 3 saber como se comportar; 4 dominar o mundo fsica e
intelectualmente; e 5 identificar e resolver problemas existenciais. Para esta
pesquisadora, as representaes sociais podem ser observadas na circulao das
conversaes, so trazidas pelas palavras e veiculadas em mensagens e imagens
miditicas, cristalizadas em condutas e em organizaes materiais e espaciais.
Assim, so consideradas como fenmenos complexos sempre ativados e em ao
na vida real.
A complexidade das representaes sociais reforada diante da sua
prpria constituio, sendo composta por diversos elementos, como, por exemplo,
informativos, cognitivos, ideolgicos, normativos, crenas, valores, atitudes, opinies
e imagens que so organizados sob a aparncia de um saber que diz algo sobre o
estado de determinada realidade de um objeto. Deste modo, as representaes
sociais so sistemas de interpretao que regem a relao das pessoas com o
mundo e com os outros, em que orientam e organizam as condutas e as
comunicaes sociais.
[...] representaes sociais so sempre complexas e necessariamente
inscritas dentro de um referencial de um pensamento preexistente, sempre
dependentes, por conseguinte, de sistemas de crena ancorados em
valores, tradies e imagens do mundo e da existncia. (MOSCOVICI,
2003, p. 216).
112
113
esfera
no
sejam
totalmente
114
As
pessoas
selecionam
aquelas
caractersticas
que
so
mais
115
116
117
interindividuais.
Abric
(2003)
props
que
estas
caractersticas
118
SISTEMA CENTRAL
SISTEMA PERIFRICO
119
120
Nesta presente pesquisa, nos valemos dessa referncia tericometodolgica para conhecer a importncia dos elementos evocados sobre o objeto
da representao para o grupo de professoras contatadas. Todavia, no utilizamos o
ndice de normatividade, mas a ideia de hierarquizao de elementos. Solicitamos s
participantes para que nos apontassem a hierarquizao por ordem de importncia
das cinco palavras que vieram mente e foram anteriormente evocadas sobre o
ensino e a aprendizagem da lngua portuguesa. Procedimento que permitiu
identificar a efetiva salincia dos elementos centrais, como tambm o carter
normativo e funcional de todos os elementos que estruturam o objeto de
representao. O detalhamento desta escolha procedimental foi discutido no
captulo que apresenta a metodologia da nossa pesquisa.
Como complemento indispensvel para esse conjunto de elementos
centrais, Abric (2003) prope a existncia de outro sistema que promove a ligao
entre o sistema central e a realidade concreta, denominado de sistema perifrico. O
sistema central , essencialmente, normativo, de outra forma, o sistema perifrico ,
principalmente, funcional. Apresentam tais caractersticas, mesmo carregando em
seus sistemas estes dois tipos de elementos. (ABRIC, 1994b, apud S, 2002).
Assim, tem a funo de fixar a representao na realidade, a partir da concretizao
dos elementos centrais em termos de tomadas de posio e de condutas, pois as
posies ocupadas pelas pessoas em relao aos objetos das representaes
sociais colaboram no quanto os elementos normativos e funcionais so ativados.
121
terico-metodolgica
de
identificar
nos
estudos
comparativos
122
representao devem ser considerados distintos se, e apenas se, seus respectivos
ncleos centrais tiverem composies claramente diferentes.
Finalmente, essa teoria auxiliou nossos estudos de forma importante
para que pudssemos conhecer a centralidade de elementos na estrutura das
representaes sociais de professoras sobre o processo de ensino-aprendizagem da
lngua portuguesa, especialmente, compreendendo as relaes entre os diversos
elementos.
123
124
sistema
central
rene
elementos
mais
estveis
de
uma
125
LNGUA PORTUGUESA
ELEMENTOS DO ENSINO
OME
F
17
< 17
< 3,00
3,00
NCLEO CENTRAL
PRIMEIRA PERIFERIA
ATRIBUTOS F OME ATRIBUTOS
F OME
Leitura
55 2,345 Escrita
40 3,225
Produo
26 3,731
Interpretao 24 3,000
Ortografia
20 3,300
Compreenso 18 3,444
ZONA DE CONTRASTE
SEGUNDA PERIFERIA
ATRIBUTOS F OME ATRIBUTOS
F OME
Dificuldade
12 2,000 Conhecimento 16 3,000
Necessrio
11 2,364 Aprendizagem 12 3,083
Alfabetizao 11 2,182 Oralidade
10 3,800
Letramento
10 2,100 Essencial
7 3,286
Importante
9 1,333 Gramtica
6 3,500
Base
6 2,333
Complexo
5 1,800
ELEMENTOS DA APRENDIZAGEM
OME
F
16
< 16
< 3,00
NCLEO CENTRAL
ATRIBUTOS
F OME
Leitura
43 2,419
Escrita
32 2,938
Dificuldade
21 2,143
Conhecimento 18 2,944
ZONA DE CONTRASTE
ATRIBUTOS
F OME
Importante
10 2,900
Desinteresse
9 1,778
Necessria
8 2,500
Complicada
7 2,714
Compreenso 6 2,667
3,00
PRIMEIRA PERIFERIA
ATRIBUTOS F OME
Produo
23 3,478
Interpretao 17 3,118
SEGUNDA PERIFERIA
ATRIBUTOS F OME
Oralidade
12 3,250
Ortografia
11 3,182
Compromisso 7 3,000
Ilustrao 2 Elementos estruturais das representaes sociais Ilustrao 3 Elementos estruturais das representaes sociais
das professoras acerca do ensino da lngua portuguesa - mote das professoras referentes ao mote indutor aprendizagem da
espontneo
lngua portuguesa mote espontneo
Fonte: Materiais organizados pela pesquisadora.
F = frequncia intermediria de palavras; OME = Ordem Mdia de Evocao, clculo que organiza as palavras fazendo a mdia da posio que foram
apresentadas.
126
Abric
(1998),
para
que
possamos
localizar
uma
127
128
129
famlia era a adequao correta da linguagem verbal e escrita por parte dos sujeitos,
sendo os contedos da gramtica normativa os elementos mais importantes do
currculo. Nos materiais recolhidos, a gramtica no assumiu o carter de
centralidade nas representaes sociais docentes. Todavia, observamos que
gramtica, oralidade e ortografia se posicionaram nos quadros que atribuem
concretude
representao,
apresentam
uma
possvel
materialidade
da
130
dimenso da
131
132
133
134
de
identificar
as
dificuldades
apresentadas
pelas
professoras,
135
136
de
elementos
estruturais
as palavras
interpretao,
produo
137
138
propostas. Partindo dessa teoria, consideramos que o pensamento se torna livre das
limitaes da realidade concreta aps os doze anos, em que o sujeito j pode
pensar de modo lgico e correto, mesmo com um contedo incompatvel com o real,
que ser desencadeado atravs da soma de um conjunto formativo e constituinte do
desenvolvimento cognitivo e social da criana: o psquico, o motor, o auditivo, o
visual, o afetivo, o emocional e o social.
Diante da teoria do desenvolvimento humano, questionamos: qual o
nvel de complexidade exigido pelas professoras para que o/a estudante relacione
os contedos de lngua portuguesa aos outros saberes adquiridos para uma efetiva
compreenso de mundo? Mesmo apresentando a informao acerca da importncia
da compreenso dentro do processo de ensino-aprendizagem da lngua, as
professoras no evocaram nenhuma palavra frequente reveladora de significados
que fomentam compreenses dos/as alunos/as para a sua insero social. Palavras
como, por exemplo, poesia, conto, rtulo, reportagem, livros, revistas, jornais,
televiso e internet no apareceram nos dois quadros de elementos estruturais.
Destacamos, ainda, que a relao dos/as alunos/as com os signos no se
desenvolvem a partir de invenes, descobertas sbitas e aleatrias, ou de
adivinhaes promovidas por uma descoberta brusca e ao acaso. O uso
instrumental dos signos se desenvolve como resultado de um processo longo e
complexo, a ser produzido atravs dos fazeres e afazeres pedaggicos. Todavia, no
imaginrio docente, identificamos as palavras: gramtica, ortografia e oralidade, que
evidenciam o carter normativo do uso correto da lngua.
Esses indicativos apontam para um processo de ensino-aprendizagem
da lngua portuguesa fundamentado pela concepo de linguagem enquanto
expresso do pensamento, valorizando o uso correto da lngua. Conforme Possenti
(2000), ter uma concepo clara sobre os processos de aprendizagem pode ditar o
comportamento dirio do/a professor/a de lngua portuguesa em sala de aula. Por
exemplo, se ele/a d aos/as alunos/as exerccios repetitivos (longas cpias,
exerccios estruturais, preenchimento de espaos vazios, etc.), porque est
seguindo (saiba ou no) uma concepo de aquisio de conhecimento segundo a
qual no h diferenas significativas entre os homens e os animais em nenhum
domnio de aprendizagem ou de comportamento.
O conjunto de preocupaes que orienta a prtica pedaggica dos/as
professores/as d um panorama do processo formativo do corpo docente
139
140
(ANDRADE, 2008, p. 4011). Portanto, os/as aluno/as imersos dentro desta ltima
concepo so considerados como sujeitos ativos que constroem suas habilidades e
conhecimentos da linguagem oral e escrita em influncia mtua com os outros
sujeitos participantes da prtica educativa e em interao com a prpria lngua,
objeto do conhecimento, levando em conta as determinadas circunstncias de
enunciao e os contextos das prticas discursivas.
Alm da valorizao da gramtica no ensino, localizamos nos sistemas
perifricos de ambos os motes que a prpria prtica educativa foi avaliada pelo
grupo. As professoras avaliam o ensino da lngua portuguesa como necessrio,
importante, essencial, complexo e sendo a base para a aprendizagem, como
tambm, consideram que a aprendizagem da lngua portuguesa importante,
necessria, complicada, precisa de compromisso e sofre desinteresse por parte do
alunado. A palavra desinteresse foi contextualizada por frases que tratam da figura
discente.
Todos esses resultados foram confirmados quando organizamos os
materiais recolhidos estabelecendo uma relao entre a Ordem Mdia de
Hierarquizao das palavras (OMI), ordem de importncia atribuda pelas
professoras aos vocbulos, e a frequncia das mesmas. Observamos nesta nova
sistematizao estatstica das palavras que os Elementos do Ensino e os Elementos
da
Aprendizagem
no
sofreram
modificaes
consubstanciais.
Esta
nova
141
142
143
144
145
apresentao
em
duas
partes.
Na
primeira
mostramos
as
nossas
compreenses sobre o material textual proveniente das falas das professoras que
trabalham no 1 e 2 ano do ensino fundamental. Na segunda compreenso dos
textos de campo, mostramos nossas reflexes sobre os conjuntos de segmentos de
textos apontados pelo programa ALCESTE a partir das falas das professoras do 3,
4 e 5 ano.
146
1
2
Classes sobre o
Dimenso
processo de ensinovalorativa do
aprendizagem da processo de ensinoLngua Portuguesa
aprendizagem da
Lngua Portuguesa
(42%)
3
2
Dificuldades
advindas do
processo e a
relao com a
famlia
(38%)
Ensino da Lngua
Portuguesa:
prticas, materiais
didticos e
contedos
(20%)
24
As UCEs [...] so segmentos de texto, na maior parte das vezes, do tamanho de trs linhas,
dimensionadas pelo programa informtico em funo do tamanho do corpus e, em geral, respeitando
a pontuao. (CAMARGO, 2005, p. 514).
147
148
que,
para
as
149
Tabela 1 Palavras principais da classe 1 intitulada Dimenso valorativa do processo de ensinoaprendizagem da lngua portuguesa (42%), resultantes dos dizeres das professoras que atuam no 1 e 2
ano do ensino fundamental, ordenadas por 2
Quant. de frases (UCEs) que
contm as palavras
na classe (A) e no corpus (B)
Palavras na classe
B-A
F.
F.
Total Total
1
2
50 63
50
58
86
Lendo (14)
14
14
14
16
88
Le (10)
10
89
Leu (5)
100
29
52
38
48
10
79
Escrevendo (7)
10
100
21
35
32
42
10
76
Ela (76)
19
76
43
63
20
68
Processo (37)
19
37
32
43
74
Me (25)
16
25
21
26
81
92
59
14
51
37
56
19
66
Fundamental (12)
14
Precisa (15), precisam (5), precisamos (1), precisando (1),
13
precisar (2)
Acha (10) acham (12), achar (2). Ache (1), acho (49)
12
12
10
19
100
31
25
35
10
71
74
62
108
46
57
Bom (18)
Gosta (4), gostam (7), gostar (5), gostei (1), gosto (6),
gostosa (1)
Aprenda (4), aprendam (2), aprende (10), aprender (31),
aprendeu (4)
Aprendendo (14)
Valoriza (2), valorizao (1), valorizada (1), valorizam (4),
valorizado (2), valorizar (6)
Peca (7), peco (2)
12
18
16
20
80
12
23
18
23
78
12
60
47
78
31
60
14
13
17
76
12
16
11
12
92
11
100
Ver (15)
11
15
14
17
82
Vou (17)
Comea (2), comeam (3), comeando (4), comear (3),
comecei (1), comeo (3)
Cria (4), criao (1), criando (1), criar (3)
11
17
14
17
82
11
17
15
19
79
10
100
10
100
74
150
ler e compreender o que ela est lendo e saber explicar o que leu.
(P. 2825).
151
152
Frase apresentada pelo grupo de professoras na segunda fase de coleta de materiais no campo de
pesquisa.
29
Apontamentos constatados na segunda fase de coleta de materiais.
153
Alm disso, observamos nas falas docentes que a escrita das crianas
est muito vinculada s cpias das escritas elaboradas no quadro-negro pelas
professoras, e, de outra forma, muitas outras professoras tambm utilizam de
materiais impressos de atividades para que os/as alunos/as completem os
exerccios. Observamos que estas duas formas de trabalhar com a escrita so as
mais utilizadas em sala de aula. A produo de textos ocorre em dias especficos,
com menor frequncia em relao s outras atividades.
Esta Classe 1 foi processada pelo ALCESTE com uma composio
ampla de valorizao atribuda pelas professoras para o processo educativo, que
seguiu vinculada figura docente como o sujeito mais importante para a obteno
das prticas de ler e escrever pelo/a aluno/a. As representaes sociais das
professoras foram objetivadas na imagem delas como fundamentais para a
realizao do processo.
Eu me vejo como o pilar, o alicerce. Toda vida eu vejo que o
professor o alicerce. Tm muitos que no querem ser, mas
precisam ser, porque seno logo esto excludos, porque no est
cabendo mais. No vai caber mais. Precisam de qualificao. (P. 6).
Eu me sinto como educadora, que a educadora. A professora l da
sala de aula, ela a pea mais importante. Mais importante, mesmo!
Porque se ela no cria momentos de motivao, se no chama a
criana para necessidade de aprender, ela vai se dispersar, ela vai
achar que ela tem que brincar com o coleguinha, ela vai sair fora
do que realmente a funo da escola, que ela veio para aprender.
Ento, o professor que tem que estar chamando, mostrando a
importncia. E acredito que o professor fundamental. a pea
mais importante. E ele, o professor, sabendo conduzir essa aula bem
dada, ela vai ter sucesso. [...] Para mim, o professor est em primeiro
lugar. a pea chave. (P. 1).
Acho que eu me vejo como uma pea muito importante, que tem que
saber trabalhar, tem que saber coordenar o trabalho, para que seja
bem feito, porque eu sou aqui a moda mestre, vou estar auxiliando, e
muito. Ento, esto muito dependentes de mim, e eu tenho que estar
consciente disso. (P. 30).
154
155
156
157
Tabela 2 Palavras principais da classe 2 intitulada Ensino da lngua portuguesa: prticas, materiais
didticos e contedos (20%), resultantes dos dizeres das professoras que atuam no 1 e 2 ano do ensino
fundamental, ordenadas por 2
Quant. de frases (UCEs) que
contm as palavras na
classe (A) e no corpus (B)
Palavras na classe
F.
F.
Total Total
1
2
131 43
58
13
15
B-A
33
35
94
14
31
17
45
29
28
17
25
14
8
14
4
56
26
13
20
14
7
8
38
38
17
36
14
8
14
7
131
40
13
34
24
8
10
9
10
0
11
0
0
0
3
75
14
0
14
10
1
2
76
74
100
69
100
100
100
57
43
65
100
59
58
88
80
82
75
71
60
58
33
58
6
57
56
54
35
24
24
23
41
48
20
32
19
9
20
4
94
34
16
22
16
10
9
22
26
20
42
22
48
22
21
21
20
18
16
16
16
16
16
16
16
15
15
15
15
12
12
12
12
12
12
11
10
13
6
5
9
11
6
4
9
4
7
4
4
5
11
12
5
13
4
3
4
4
4
10
6
13
5
5
8
9
6
4
9
4
6
4
4
5
8
12
5
12
3
3
4
3
4
8
6
22
5
5
11
14
8
4
15
4
8
4
4
6
13
24
6
26
3
3
5
3
5
15
10
9
0
0
3
5
2
0
4
0
2
0
0
1
5
10
1
14
0
0
1
0
1
7
4
59
100
100
73
64
75
100
60
100
75
100
100
83
62
50
83
46
100
100
80
100
80
53
60
28
24
158
que
as
professoras
buscam
nesses
materiais
didticos
159
dessa
viso
histrica,
Vygostsky
(1998)
discutindo
160
161
162
Tabela 3 Palavras principais da classe 3 intitulada Dificuldades advindas do processo e a relao com a
famlia (38%), resultantes dos dizeres das professoras que atuam no 1 e 2 ano do ensino fundamental,
ordenadas por 2
Quant. de frases (UCEs) que
contm as palavras na
classe (A) e no corpus (B
Palavras na classe
F.
Total
1
B-A
Casa (50)
54
50
40
45
89
44
59
50
67
17
75
41
77
62
92
30
67
36
26
23
24
96
31
28
25
29
86
22
14
13
13
100
18
19
16
19
84
43
34
54
20
63
16
15
18
83
16
55
36
58
22
62
15
47
38
63
25
60
Me (15)
13
15
13
16
81
13
13
13
16
81
Desejar (8)
13
100
Caderno (8)
12
100
12
100
Acompanhamento (8)
12
100
11
19
15
21
71
10
18
18
27
67
10
100
10
11
11
14
79
10
100
163
164
165
166
167
168
5 1
4
3
Classes sobre o
processo de ensinoaprendizagem da
Lngua Portuguesa
4
2
Famlia:
Aprendizagem
sua
dos/das
importncia e
alunos/as
a falta de
(40%)
incentivo ao
estudo dos/as
alunos/as
(17%)
3
Valor social da Ensino:
prticas,
Lngua
materiais
Portuguesa
(20%) pedaggicos e
contedos
(14%)
A prtica de
leitura e
algumas
fontes de
informao
(9%)
Ilustrao 7 Classificao e interseco dos dizeres das professoras que atuam no 3, 4 e 5 ano do
ensino fundamental sobre o processo de ensino-aprendizagem da lngua portuguesa, por porcentagem
169
professoras anunciam cinco temas mais recorrentes, aqui listados pela ordem das
classes numeradas pelo programa ALCESTE: Famlia, Aprendizagem, Ensino,
Valores sociais e Leitura. Como apresentado no item anterior, em que discutimos os
materiais textuais recolhidos junto a 25 professoras que atuam no 1 e 2 ano do
ensino fundamental. Trataremos os materiais seguindo a numerao das classes.
O tema Aprendizagem recebeu o mais alto percentual de recorrncia
nos dizeres das professoras entrevistadas, com forte ligao ao tema chamado de
Valores sociais e com uma relao mais secundria com o tema Famlia. Todos eles
receberam as maiores recorrncias de falas processadas pelo ALCESTE. De outro
lado, os temas Ensino e Leitura obtiveram as menores recorrncias das classes
geradas pelo ALCESTE, ambos, se apresentaram interligados, conforme o
processamento. A seguir apresentaremos cada tema separadamente.
170
171
Tabela 4 Palavras principais da classe 1 intitulada Famlia: sua importncia e a falta de incentivo aos
estudos dos alunos (17%), resultantes dos dizeres das professoras que atuam no 3, 4 e 5 ano do
ensino fundamental, ordenadas por
Palavras na classe
F.
Total
133 47
B-A
32
36
89
80
34
23
29
79
72
35
30
48
18
63
55
15
14
16
88
Vem (27)
41
27
22
40
18
55
41
15
11
13
85
38
54
45
122
77
37
37
14
10
90
37
17
11
14
79
32
14
11
82
32
89
30
11
11
16
69
Manda (7), mandam (1), mandar (2), mandei (1), mando (1)
30
12
11
16
69
Caderno (7)
28
100
Pais (26)
27
26
22
49
27
45
Cu (5)
24
100
24
100
Lei (8)
23
86
19
100
Negcio (4)
19
100
Diretoria (4)
19
100
Pede (5)
18
83
17
17
14
31
17
45
17
51
34
108
74
31
Eu (170)
15
170
79
336
257
24
Olha (12)
15
12
14
57
Minha (15)
15
15
12
26
14
46
14
80
Direo (3)
14
100
14
12
58
14
80
14
71
Casa (14)
12
19
19
55
36
35
11
11
63
11
11
55
Vindo (4)
Pergunta (2), perguntando (2), perguntar (2), perguntas (3),
Pergunto (1)
10
67
10
10
21
12
43
172
Falei que a escola nossa tem um projeto das crianas levarem livros
para ler em casa e o pai tem que estar acompanhando. Porque esse
negcio, assim s do professor, s do professor... O professor
sozinho no d conta. E agora, como diz a lei, que o professor que
tem que estar, tem que esquecer pai, tem que esquecer me. Eu no
acho certo isso. Porque faz muitos anos que eu dou aula e eu acho
que o ensino mais para trs era melhor do que hoje. A nossa escola
do municpio era mais ou menos igual escola particular, tinha pai que
falava assim: Nossa, professora, o ensino de vocs igual de escola
particular, no tem diferena! Hoje tem diferena! (P. 27).
173
aula, consequentemente, estas iriam aprender mais e melhor. Dentro deste grupo
entrevistado, a imagem que se tem que a famlia delegou a responsabilidade da
formao de valores e condutas do/a aluno/a exclusivamente escola, pois entende
que ela a escola dispe dos meios necessrios para o desenvolvimento da
capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisio de conhecimentos e
habilidades e a formao de atitudes e valores. (Inciso III, Artigo 32 da LDB n.
9.394/1996). A escola, por sua vez, entende que o fortalecimento dos vnculos de
famlia, dos laos de solidariedade humana e de tolerncia recproca em que se
assenta a vida social. (Inciso IV, Artigo 32 da LDB n. 9.394/1996).
Alm das representaes sociais e regulamentaes legais sobre as
responsabilidades da escola e da famlia, algumas profissionais disseram que existe
uma lei que normatiza a responsabilidade exclusiva do/a professor/a de mediar o
processo de ensino-aprendizagem dos/as alunos/as, no tendo o direito de solicitar
o apoio familiar.
O que aconteceu foram as mudanas de paradigmas. O ensino escolar
ganhou outras nuances, incorporando conceitos como, por exemplo, padro de
qualidade, acesso, incluso e permanncia, qualidade social. Desta forma, os
paradigmas do passado, embora presentes, enquanto resqucios de um passado, de
uma representao social, so incompatveis com os apresentados para se
materializar no ensino escolar preconizado para o sculo XXI. De forma incisiva, o
novo paradigma afirma que a educao direito universal e se constitui em alicerce
indispensvel para o exerccio da cidadania em plenitude, da qual depende a
possibilidade de conquistar todos os demais direitos, uma vez que o conhecimento
que cria as condies necessrias para o exerccio pleno da cidadania.
Vejamos o que diz a Resoluo 04/2010, do Conselho Nacional da
Educao, que instituiu as Diretrizes Nacionais da Educao Bsica:
Art. 8 A garantia de padro de qualidade, com pleno acesso,
incluso e permanncia dos sujeitos das aprendizagens na escola e
seu sucesso, com reduo da evaso, da reteno e da distoro de
idade/ano/srie, resulta na qualidade social da educao, que uma
conquista coletiva de todos os sujeitos do processo educativo.
Art. 9 A escola de qualidade social adota como centralidade o
estudante e a aprendizagem, o que pressupe atendimento aos
seguintes requisitos:
I - reviso das referncias conceituais quanto aos diferentes espaos
e tempos educativos, abrangendo espaos sociais na escola e fora
dela;
174
175
176
177
grande
frequncia
de
Tabela 5 Palavras principais da classe 2 intitulada Aprendizagem dos/das alunos/as (40%), resultantes
dos dizeres das professoras que atuam no 3, 4 e 5 ano do ensino fundamental, ordenadas por
Palavras na classe
Frequncia (F.) por vocbulo
Aprendam (1), aprende (23), aprendem (5), aprender (37),
aprendeu (12), aprendia (1)
Aluno (84), alunos (55)
Total
A
B
40
79
57
80
23
71
32
139
106
189
83
56
23
22
18
20
90
18
41
36
55
19
65
14
30
24
35
11
69
14
16
14
17
82
14
21
17
22
77
13
10
100
12
14
13
16
81
Tenta (6), tentam (1), tentando (6), tentar (4), tente (1), tento (3)
Consegue (16), conseguem (5), conseguia (1), conseguir (4),
conseguiu (3)
Dificuldade (50), dificuldades (15)
11
21
17
24
71
11
29
25
39
14
64
11
65
60
114
54
53
Sala (23)
11
23
23
35
66
Sabe (17), sabem (8), sabemos (2), saber (14), sabia (2)
10
43
35
61
26
57
10
28
23
36
13
64
10
100
10
100
10
100
178
179
passar para a srie seguinte vai ser muito mais contedo, vai ser
muito mais difcil para a criana. Ento, eu sou plenamente contra,
mas contra mesmo porque se eu pudesse fazer alguma coisa eu
faria. Se tivesse jeito de voc ir l e falar assim: no! For um monte
de gente l fazer um protesto ou votar, fazer um abaixo assinado, eu
seria a primeira a assinar. Porque acho que acaba que desestimula a
criana, porque ela chega no outro ano, ela no sabe e v os
coleguinhas que sabem fazer as coisas, ento muito complicado.
Ainda mais de segundo para terceiro ano. A, terceiro ano so trinta e
cinco alunos na sala. Pensa, se voc pegar um aluno l que no
sabe nem ler e nem escrever direito como que vai ser? muito
complicado. Por mais que voc tente tirar um tempinho para ele,
difcil. Porque voc tem trinta e cinco alunos que voc tem que ir l
dar ateno para eles, porque no porque eles no tm muita
dificuldade que voc vai deixar de ir l dar ateno para os que esto
precisando. Ento eu fiquei muito triste de saber que vai ser desse
jeito agora. O aluno passa para o segundo ano mal sabendo ler e
escrever. Chega no terceiro, ele tem portugus, matemtica, histria,
geografia, cincias, artes e ensino religioso. E tudo registra nota no
dirio. Tudo tem que ter avaliao. Pensa? Se ele no sabe nem
escrever direito, como que ele vai fazer isso? Vai ficar muito difcil.
Eu fiquei muito triste. Tem horas que eu fico triste com a educao
porque, ao invs de melhorar, vai piorando cada dia mais. Isso que
eu penso. (P. 35).
180
181
Tabela 6 Palavras principais da classe 3 intitulada Ensino: prticas, materiais pedaggicos e contedos
(14%), resultantes dos dizeres das professoras que atuam no 3, 4 e 5 ano do ensino fundamental, ciclo,
ordenadas por 2
Palavras na classe
Frequncia (F.) por vocbulo
Texto (32), textos (26)
Jogos (19)
Escrita (29), escritas (1), escrito (2), escritor (1)
Trabalha (26), trabalhado (4), trabalham (2), trabalhamos (4),
trabalhando (11)
Leitura (44), leituras (2)
Produo (10), produes (7)
Pontuao (8), pontuaes (1)
Dicionrio (8)
Alfabeto (11)
Reestruturao (8) reestruturaes (1)
Desenvolvendo (10)
Uso (9)
Material didtico (16)
Ortografia (13)
Palavras (3), palavras (12), palavrinhas (2)
Diversos (7)
Materiais (8), material (2)
Oral (8)
Didtica (3) didtico (4) didticos (4)
Mvel (4)
Explora (2), explorar (6)
Utiliza (1), utilizamos (1), utilizar (2), utilizavam (1)
Sequncia (5)
Diferenciada (6), diferenciadas (1), diferenciado (2)
Individual (7$)
Ldica (1), ldico (4), ldicos (1)
Letra (1), letras (6), letrinhas (3)
Silabas (5), silbico (1)
Joguinho (2), joguinhos (2)
Interpretao (10)
Gramtica (5), gramatical (1)
Quadro (4)
Coletiva (4)
Poesia (1), poesias (3)
Receita (1), receitas (3)
Aproveitando (2), aproveito (1)
Concreto (3)
Paragrafao (2) pargrafo (1)
Ensina (1), ensino (14)
Construo (2), construo (2)
Atividade (9), atividades (10)
Questo (10), questes (2)
Total A
B
104 58
34
57
27
60
84
19
16
18
2
89
67
33
26
48
22
54
59
82
56
176
120
32
50
49
49
43
42
42
37
36
35
34
30
30
27
26
26
24
24
24
24
24
22
19
18
18
18
18
15
14
14
12
12
12
12
12
11
11
11
10
32
17
9
8
11
9
10
9
16
13
17
7
10
8
11
4
8
5
5
9
7
6
10
6
4
10
6
4
4
3
4
3
3
3
15
4
19
12
32
12
8
7
9
8
9
7
12
10
12
7
8
7
9
4
4
5
4
6
7
5
10
4
4
9
5
4
4
3
3
3
3
3
14
4
14
11
79
16
8
7
11
9
12
8
20
15
22
9
12
10
15
4
4
6
4
8
11
7
22
5
5
19
8
6
6
4
4
4
4
4
46
7
45
33
49
4
0
0
2
1
3
1
8
5
8
2
4
3
4
0
0
1
0
2
3
2
12
1
1
10
3
2
2
1
1
1
1
1
32
3
31
22
41
75
100
100
82
89
75
88
60
67
55
78
67
70
60
100
100
83
100
75
64
71
45
80
80
47
63
67
67
75
75
75
75
75
30
57
31
33
182
183
184
Essa
penltima
classe,
processada
pelo
programa
ALCESTE,
185
Total A
B
54 23
21
28
7
75
Acredita (7), acreditam (3), acreditar (1), acreditava (1), acredito (12) 48
Pensa (1), pensado (1), pensam (4), pensando (2), pensar (5),
43
pense (1), penso (5)
42
Famlia (29), familiar (1), famlias (7)
24
21
30
70
19
19
27
70
37
28
50
32
56
40
12
10
10
100
Do (13)
38
13
11
12
92
Compromisso (10)
Valoriza (1), valorizao (3), valorizado (1), valorizam (1),
valorizando (1), valorizar (2)
Acontece (9), aconteceu (1)
Melhora (3), melhorado (1), melhoram (1), melhorando (3),
melhorar (7), melhoras (1), melhor (12)
Escola (33), escolar (3), escolas (3)
32
10
100
28
100
23
10
10
14
71
22
17
14
24
10
58
21
39
34
87
53
39
20
11
10
15
67
Responsabilidade (8)
19
11
73
Atribui (5)
16
100
Vontade (4)
16
100
Processo (16)
16
16
16
34
18
47
Importncia (16)
16
16
15
31
16
48
Importante (20)
14
20
19
45
26
42
Humano (3)
12
100
Reflexo (4)
12
100
Resultado (8)
12
67
Compreenso (4)
12
100
12
100
Ensino-aprendizagem (6)
12
67
Acha (2), acham (5), achei (1), achem (1), acho (39)
11
48
38
120
82
32
11
10
10
20
10
50
Pouquinho (5)
11
71
Sociedade (5)
11
80
Ter (2)
10
25
23
65
32
35
10
17
15
37
22
41
186
187
188
189
Total
A
B
113 33
20
33
13
61
76
46
28
79
51
35
75
11
10
13
77
72
100
62
12
10
80
61
35
22
60
38
37
53
78
Livros (13)
47
13
11
22
11
50
Leu (6)
41
83
Leem (4)
41
100
Lendo (8)
37
15
53
Dom (3)
30
31
100
31
11
80
Quixote (3)
31
100
Propaganda (4)
31
100
25
67
24
56
24
56
Fez (7)
21
10
50
21
10
50
21
75
Principalmente (3)
21
75
L (7)
20
57
Casa (14)
16
14
13
55
42
24
Filme (3)
16
60
16
12
42
16
60
14
13
13
57
44
23
Jornal (3)
12
50
Interpretao (10)
12
19
13
32
Pedacinho (3)
12
50
Televiso (2)
12
67
10
11
36
Internet (3)
10
43
Palavras na classe
Frequncia (F.) por vocbulo
31
30
190
191
da leitura ele no vai ter como escrever bem, sair bem na escrita
tambm. Por exemplo, de manh, na nossa entrada, ns temos a
leitura compartilhada. Sempre tem um texto e nesse texto a gente
refora bem valores, a importncia do estudo para o dia a dia, para a
formao do ser humano, do cidado consciente. Ns estudamos
muito os valores e dentro dos valores a leitura em si. Por exemplo,
quando eu peo uma notcia de casa, ele tem que ouvir; entender e
escrever. Se ele ouviu e no entendeu ele no vai ter como escrever,
registrar por escrito o que ele ouviu. Ento ns trabalhamos essa
modalidade. Se ele ouve, ele entende, se ele entendeu, ele escreve.
(P. 46).
192
193
194
processamento dos materiais. Neste item, aps realizar uma possvel comparao
entre todos os materiais coletados, mostraremos trs possveis indcios de
elementos constitutivos das representaes sociais sobre o processo de ensinoaprendizagem da lngua portuguesa. Apresentaremos separadamente estes
elementos, mas, consideramos que todos estabelecem relaes entre si, portanto,
influenciam a constituio das representaes sociais. Ressaltamos que os ttulos
que abrem a apresentao dos elementos que formam a representao social sobre
o processo educativo so construes elaboradas a partir dos dizeres docentes.
Escolhemos intitular as subdivises deste captulo fazendo uso de elementos
principais apresentados pelo grupo professoral. Posteriormente, sero expostas as
nossas consideraes finais.
195
Processo de
objetivao
Leitura
O ensino e a
aprendizagem da
lngua na escola
Processo de
ancoragem
Valorizao da sociedade
para o uso correto da lngua
portuguesa
196
Leitura
O processo de ensinoaprendizagem da
lngua portuguesa
Escrita
Contedos
Gramaticais
197
de leitura foi simbolizada na parte superior para destacar a sua importncia para o
grupo de professoras. Abaixo do tema, foram simbolizadas as prticas de escrita e
os contedos advindos da gramtica.
Esse esquema simboliza o segundo indcio de elementos da
representao social docente encontrado na pesquisa. As professoras representam
que o princpio fundamental a ser traado dentro do processo de ensinoaprendizagem
da
lngua
portuguesa
fomento
prtica
de
leitura.
198
Facilidades
Dificuldades
Ilustrao 10 Relao entre as facilidades e as dificuldades do processo de ensinoaprendizagem da lngua portuguesa apresentadas pelas professoras
199
200
201
202
203
suas vivncias, e o valor das sociedades atuais est diretamente relacionado com o
nvel de formao de seus cidados e da capacidade de inovao e
empreendimento que eles possuam.
Diante do exposto, compreendemos, a partir dos materiais textuais
recolhidos, que as professoras apontam para a existncia de um feixe de foras que
saem dessa sociedade do conhecimento e exigem competncia docente e sucesso
educativo. Desta forma, todas as professoras entrevistadas tm informaes,
opinies e crenas sobre o trabalho educativo, a simbologia que envolve os
conceitos e preconceitos sobre o ensino da lngua portuguesa, a formao de bons
leitores.
Como vimos anteriormente, a diferena da realizao deste ofcio ao
longo dos anos no trazida pelos projetos didtico-pedaggicos ou pelas novas
compreenses sobre o processo educativo. Conforme as docentes, a diferena
trazida pelas circulaes de informaes e saberes contidos na sociedade. Portanto,
o pensamento docente identificado mostra que o aumento das trocas de ideias entre
as pessoas muda o tipo de sociedade e influencia a necessidade de um novo perfil
profissional para o/a professor/a.
Alm disso, as docentes nos disseram que quando elas eram alunas,
em escolas de tempos anteriores, os valores estabelecidos na relao entre
professor/a e alunos/as eram diferentes destes atuais. Elas disseram que, na poca
em que eram alunas, o/a professor/a era valorizado/a - respeitado/a - pelos/as
alunos/as e suas famlias, como tambm pela sociedade. Por outro lado, elas dizem
que nos dias de hoje o/a aluno/a no aceita o conhecimento advindo do/a
professor/a de forma inquestionvel, este conhecimento questionado com
frequncia. Os conhecimentos apresentados no ambiente escolar so menos
atrativos que aqueles disponibilizados na Internet e na televiso. Elas entendem que
existe um universo mais atrativo do que o da escola, por este motivo, as professoras
se veem em uma demanda diferente em relao aos seus prprios professores do
passado.
A comparao entre a escola de tempos anteriores e a escola da
atualidade contribuiu para a formao de atribuies de valores para os processos
construdos atualmente, como por exemplo, elas consideram que os/as alunos/as de
antes eram mais interessados e hoje os discentes so mais desinteressados/as;
antigamente, a famlia participava do processo educativo de seus filhos, hoje ela
204
205
mtuas.
Identificamos,
assim,
importncia
de
construir
dimenso,
interdiscursividade,
pois
ela
insere
feio
fundamentalmente social da escrita: para que, para quem, onde, como, por qu?
206
207
academia? Podem escrever o que falam? Podem escrever como falam? Quando?
Por qu? Estes questionamentos so estendidos para outros locais sociais. Refletir
sobre o papel de cada sujeito e de suas relaes leva para a busca de uma
compreenso do papel social dos grupos para a promoo de melhorias para todos.
Vamos, todos juntos, compreender que, muitas vezes, no escutamos
as vrias vozes e desconsideramos os silncios que influenciam a prtica educativa
e investigativa, a construo identitria e social de professores/as, alunos/as,
pesquisadores/as, levando para a constituio de um processo educativo e
investigativo estruturado, principalmente, por especficos elementos em detrimento
de outros. As selees so reais em mundo cheio de diferenas, e podem ser
entendidas como discordncias apropriadas para uma evoluo social, mas so, em
determinados pontos, prejudiciais, pois, se no existem acordos, unio de
entendimentos para uma compreenso social da prtica educativa, cada sujeito
realiza o processo de ensino-aprendizagem da lngua com objetivos diferentes e,
consequentemente, utilizam mobilizaes variadas de elementos.
Como desafios para superar a prtica pedaggica do ensino de lngua
portuguesa fragmentado, de um discurso social valorativo da norma culta, est a de
se buscar meios necessrios para assegurar um ensino dinmico, no qual seja
possvel trabalhar a aprendizagem como um processo que leva em considerao a
cultura vigente e a sua transformao, como condio fundamental para a promoo
do conhecimento. Significa dizer que a aprendizagem vai alm de se trabalhar um
contedo em todas as suas possibilidades de conhecimentos. tambm uma
reviso da prtica pedaggica do/a professor/a, que, dentre outros elementos,
precisa se empenhar para elaborar e colaborar na construo de um conhecimento
consequente.
Para tanto, ser necessrio uma formao consequente que subsidie
aos pensamentos e s prticas pedaggicas. Isto , para intervir numa determinada
realidade, neste caso, nos discursos professorais consolidados. Mais do que
entendimento sobre o ensino da lngua portuguesa, os conhecimentos advindos de
estudos ou formao continuada oferecero condies para determinar que aes
pedaggicas podero ser desenvolvidas para gerar atitudes novas, que levem
participao e ao questionamento e, consequentemente, transformao do que ora
se apresenta como absoluto. Portanto, precisamos construir uma sintonia de
208
209
REFERNCIAS
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215
216
217
218
219
220
221
( ) Masculino
5 Idade:
6 Tempo de profisso como professor (a):
7 Tempo de servio na educao:
8 Tempo de servio na escola:
9 Vinculo Empregatcio atual: ( ) Efetivo ( ) Contratado
10 Carga Horria: ( ) 20 horas ( ) 30 horas ( ) 40 Horas
QUESTES
222
Ttulo da tese/dissertao
Ano
da
defesa
Formao do autor/a
Graduao em
Fonoaudiologia
Mestrado em Educao
Especial
Doutorado em Educao
Graduao em Letras
(Portugus/Ingls)
Mestrado em Estudos
Literrios
Doutorado em Educao
Dr.
2009
Dr.
2009
Me.
2009
Graduao em Letras
Mestrado em Educao
Me.
2006
Graduao em Letras
Mestrado em Educao
Me.
2005
Graduao em Letras
(Vernculas)
Graduao em Pedagogia
Mestrado em Educao
Me.
2008
Graduao em Letras
Mestrado em Educao
Me.
2007
Ensino de lngua
encantamentos
Me.
2007
Me.
2009
10
Dr.
2007
Me.
2010
Me.
2009
Dr.
2009
Dr.
2010
Graduao em Letras
Mestrado em Educao
Me.
2010
Graduao: no publicada
Mestrado em Cognio e
Linguagem
11
12
13
14
15
portuguesa:
desafios
Graduao em Letras
Mestrado em Educao
Agrcola
Doutorado em Agronomia
Graduao em Letras
Mestrado em Educao
Graduao em Letras
(Portugus, espanhol)
Mestrado em Educao
Graduao em Letras
Mestrado em Letras
Doutorado em Educao
Graduao em Letras
Mestrado em Educao
Gaduao em Letras
(Portugus/Ingls)
Mestrado em Educao
Graduao em Letras
Mestrado em Letras
Doutorado em Educao
223
16
Me.
2001
17
Me.
2008
18
Me.
2009
19
Dr.
2007
20
Dr.
2009
21
Me.
2009
Dr.
2008
Currculo lattes no
publicado
Me.
2008
Graduao: no publicada
Mestrado em Educao
Agrcola
Me.
2009
Me.
2008
Me.
2010
22
23
24
25
26
uma
27
Me.
2008
28
Dr.
2008
29
Me.
2007
Graduao em Letras
(Portugus/Ingls)
Mestrado em Educao
Graduao em Letras
Mestrado em Educao
Graduao em Letras
Mestrado em Educao
Graduao em Letras
Mestrado em Educao
Doutorado em Estudos
Lingsticos
Graduao em Letras
Mestrado em Letras
Doutorado em Educao
Graduao em Pedagogia
(Educao Especial Deficincia Auditiva)
Mestrado em Educao
224
225
Vamos, agora, retornar s palavras que voc disse e ver se a ordem de importncia delas
deve ser mantida, ou modificada.
Vamos numerar com 1 aquela que, no seu entender, a mais importante; depois vamos
marcar a segunda mais importante, e assim sucessivamente, est bem?
Agora gostaria que voc dissesse, de forma breve, Por que voc escolheu cada uma dessas
palavras? (Escrever a frase)
Obs.: O pesquisador deve apresentar cada palavra evocada pelo sujeito e estimul-lo a falar
sobre cada uma delas. Preferencialmente, na seqncia espontnea ditada pelo interlocutor,
a fim de no excluir algum dos termos.
226
APNDICE D Elementos estruturais das representaes sociais das professoras sobre o processo de ensinoaprendizagem da lngua portuguesa motes hierarquizados por ordem de importncia (OMI)
LNGUA PORTUGUESA
ELEMENTOS DO ENSINO
OMI
f
17
<
17
< 3,00
NCLEO CENTRAL
ATRIBUTOS
F OME
Leitura
55 1,873
Escrita
40 2,875
Interpretao 23 2,652
Compreenso 18 2,500
ZONA DE CONTRASTE
ATRIBUTOS
F OME
Conhecimento 16 2,625
Alfabetizacao 10 2,000
Letramento
10 2,100
Necessrio
10 2,600
Importante
9 1,778
Essencial
7 2,571
3,00
PRIMEIRA PERIFERIA
ATRIBUTOS
F OME
Produo
27 3,593
Ortografia
20 4,100
SEGUNDA PERIFERIA
ATRIBUTOS
F OME
Aprendizagem 12 3,667
Dificuldade
12 3,417
Oralidade
10 3,300
Base
6 3,167
Gramtica
6 4,167
ELEMENTOS DA APRENDIZAGEM
OMI
F
16
<
16
< 3,00
NCLEO CENTRAL
ATRIBUTOS F OME
Leitura
43 2,070
Escrita
32 2,844
Dificuldade
21 2,905
Interpretao 17 2,647
ZONA DE CONTRASTE
ATRIBUTOS F OME
Importante
10 2,900
Desinteresse 9 2,667
Necessria
8 2,125
Compromisso 7 2,714
Compreenso 6 2,833
3,00
PRIMEIRA PERIFERIA
ATRIBUTOS
F OME
Produo
23 3,652
Conhecimento 18 3,222
SEGUNDA PERIFERIA
ATRIBUTOS
F OME
Oralidade
12 3,333
Ortografia
11 3,091
Complicada
7 3,286
Ilustrao 11 Elementos estruturais das representaes sociais Ilustrao 12 Elementos estruturais das representaes sociais
das professoras acerca do ensino da lngua portuguesa - mote das professoras referentes ao mote indutor aprendizagem da
hierarquizado
lngua portuguesa mote hierarquizado
227
ROTEIRO DE ENTREVISTA
DADOS CENSITRIOS
1 Escola em que trabalha:____________________________________________
2 Formao: ( ) ensino mdio ( ) ensino superior ( ) especializao ( ) outros Qual:
_______________________
Completo: ( ) Sim ( ) No
3 Participao em cursos de capacitao: ( ) sim ( ) no Quantos por
ano?________________________
4 Sexo: ( ) Feminino
( ) Masculino
5 Idade: ___________
PERGUNTAS
1 Como o ensino da lngua portuguesa?
2 Como a aprendizagem da lngua portuguesa?
3 Como so os relacionamentos entre professores e alunos no processo de ensinoaprendizagem da lngua portuguesa?
4 Quais so as dificuldades encontradas pelos professores no processo de ensinoaprendizagem da lngua portuguesa?
5 Quais so as facilidades encontradas pelos professores no processo de ensinoaprendizagem da lngua portuguesa?
6 De um modo geral, qual a importncia que a famlia atribui ao processo de ensinoaprendizagem da lngua portuguesa?
7 De um modo geral, qual a importncia que o aluno atribui ao processo de ensinoaprendizagem da lngua portuguesa?
8 Como o professor se v neste processo educativo?
9 Gostaria de contribuir com outras informaes? Se a resposta positiva, o quer gostaria
de falar, dentre o que no foi perguntado, sobre o processo de ensino e aprendizagem de
lngua portuguesa?
Obrigada pelas suas contribuies!
228
Ind.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
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23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
Formao
graduao
graduao
especializao
especializao
especializao
graduao
graduao
graduao
especializao
especializao
especializao
graduao
especializao
graduao
graduao
especializao
especializao
especializao
especializao
especializao
especializao
graduao
graduao
especializao
especializao
especializao
graduao
especializao
especializao
graduao
especializao
especializao
especializao
especializao
graduao
graduao
especializao
especializao
especializao
especializao
especializao
graduao
especializao
especializao
especializao
especializao
especializao
especializao
especializao
especializao
Tempo de servio
(professor)
1 ms a 10 anos
11 a 20 anos
21 anos em diante
11 a 20 anos
11 a 20 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
11 a 20 anos
11 a 20 anos
21 anos em diante
21 anos em diante
11 a 20 anos
11 a 20 anos
11 a 20 anos
1 ms a 10 anos
21 anos em diante
1 ms a 10 anos
11 a 20 anos
1 ms a 10 anos
11 a 20 anos
1 ms a 10 anos
11 a 20 anos
11 a 20 anos
11 a 20 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
11 a 20 anos
1 ms a 10 anos
11 a 20 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
11 a 20 anos
11 a 20 anos
1 ms a 10 anos
11 a 20 anos
1 ms a 10 anos
11 a 20 anos
11 a 20 anos
1 ms a 10 anos
11 a 20 anos
1 ms a 10 anos
11 a 20 anos
11 a 20 anos
1 ms a 10 anos
21 anos em diante
11 anos a vinte anos
21 anos em diante
11 anos a vinte anos
1 ms a 10 anos
11 anos a vinte anos
Tempo de
servio
(escola)
1 ms a 10 anos
11 a 20 anos
11 a 20 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
11 a 20 anos
11 a 20 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
11 a 20 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
11 a 20 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
11 a 20 anos
1 ms a 10 anos
11 a 20 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
11 a 20 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
11 a 20 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
1 ms a 10 anos
11 a vinte anos
1 ms a 10 anos
11 a vinte anos
Vnculo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
contratado
efetivo
efetivo
contratado
efetivo
efetivo
contratado
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
contratado
contratado
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
efetivo
Carga
horri
a
20
30
40
30
30
30
60
40
40
60
40
40
40
30
40
30
40
40
40
40
40
40
30
40
40
30
30
20
40
40
40
40
40
40
40
30
40
40
20
40
40
20
60
40
30
30
40
60
60
60
Ano
(Srie)
3
5
2
5
1
3
2
2
1
2
3
2
3
1
3
1
3
1
2
1
5
2
1
4
2
2
3
2
1
1
4
4
4
5
3
2
2
2
3
3
1
2
2
1
3
5
5
1
3
3
229
230
231