Normas de Boa Pratica em Trauma
Normas de Boa Pratica em Trauma
Normas de Boa Pratica em Trauma
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30/01/09 18:27:42
GRUPO DE TRABALHO
Salvador Massada
SRN Ordem dos Mdicos - Anestesiologia
Antnio Marques
SRN Ordem dos Mdicos - Anestesiologia
Carlos Mesquita
SRC Ordem dos Mdicos - Cirurgia Geral
Fernando Prspero Lus
SRN Ordem dos Mdicos - Cirurgia Geral
Joo Paulo Farias
SRS Ordem dos Mdicos - Neurocirurgia
Joo Paulo Almeida e Sousa
SRC Ordem dos Mdicos - Medicina Intensiva
Jorge Mineiro
SRS Ordem dos Mdicos - Ortopedia
Paulo Telles de Freitas
SRS Ordem dos Mdicos - Medicina Intensiva
Renato Bessa de Melo
SRN Ordem dos Mdicos - Cirurgia Geral
PERITOS CONVIDADOS
Celso Cruzeiro
SRC Ordem dos Mdicos - Cirurgia Plstica Reconstrutiva e Esttica
Joaquim Murta
SRC Ordem dos Mdicos Oftalmologia
Lus Mendes Pedro
SRS Ordem dos Mdicos - Cirurgia Vascular
Maria Filomena Soares Cardoso
SRN Ordem dos Mdicos Ginecologia/Obstetrcia
NDICE
PREMBULO
II
III
IV
7
9
19
ORGANIZAO EM TRAUMA
Rede de Trauma
Centros de Trauma
Sala de Emergncia
Equipa de Trauma
Formao
Triagem
Avaliao do Processo de Trauma
Lista de Verificao de Recursos
Bibliografia
21
23
35
43
57
67
75
85
103
116
119
121
141
147
155
159
163
169
175
175
181
185
193
199
209
SUMRIO EXECUTIVO
215
PREMBULO
Na realidade portuguesa, o tratamento das vtimas de trauma, apesar dos esforos de vrios
grupos e associaes, tem sido pouco consistente e sem resultados palpveis.
Alguns dos profissionais envolvidos nessa luta optaram por colaborar com diversas entidades
oficiais a ttulo individual, como peritos, em mltiplas iniciativas relacionadas com a preveno
dos acidentes e no tratamento dos ferimentos resultantes dos mesmos, resultando dessa
colaborao uma reduo significativa da taxa de sinistralidade e uma melhoria do sistema de
socorro. No entanto, o tratamento do politraumatizado grave apresenta ainda lacunas
intolerveis, apontando os estudos efectuados para que, em Portugal, a taxa de mortalidade
por acidente seja o dobro da de outros pases da Europa.
Para essa taxa contribui uma deficiente assistncia s vtimas, que, muitas vezes, efectuada
em moldes desadequados e desorganizados.
Neste campo, no nosso pas, h lacunas importantes a suprir, tais como a inexistncia de
dados epidemiolgicos consistentes e de registos em trauma.
Numa patologia, em que o tempo corre sempre contra a vtima, fundamental que todas as
etapas da cadeia de sobrevivncia sejam conhecidas e respeitadas pelos diversos
intervenientes no sistema de socorro, de modo a que o tempo entre o acidente e o retorno
vida activa seja o mais curto possvel.
Quis a Ordem dos Mdicos nomear um grupo de trabalho para elaborar normas de boa prtica
em trauma para Portugal, em colaborao ntima com a Comisso de Competncia em
Emergncia Mdica.
O trabalho efectuado representa um passo importante num esforo de organizao que, se for
seguido por todas as entidade intervenientes no tratamento destes doentes, salvar muitas
vidas e reduzir incapacidades.
I
PRINCPIOS GERAIS EM TRAUMA
INTRODUO
O trauma mantm-se como uma das causas mais importantes na origem da morbilidade e da
mortalidade em Portugal, com maior incidncia na populao mais jovem. Reconhecendo que,
em grande parte, a melhoria da resposta ao trauma se relaciona com a organizao dos meios
de socorro e assistncia, um conjunto de mdicos, em representao de reas diversas do
saber mdico relacionado com o trauma, elaborou um documento de consenso: Normas de
Boa Prtica em Trauma.
Sendo a Ordem dos Mdicos uma das entidades responsveis pela determinao de exigncias
tcnicas e clnicas, e de recomendaes relativas boa gesto dos recursos e servios, o
Conselho Nacional Executivo nomeou um grupo de trabalho para a elaborao dessas normas.
Foram nomeados mdicos em representao de vrios Colgios Anestesiologia, Medicina
Intensiva, Cirurgia Geral, Ortopedia, Neurocirurgia e da Competncia em Emergncia Mdica.
Posteriormente, foi acordada a articulao do grupo de trabalho com a Competncia em
Emergncia Mdica, sendo que o grupo de trabalho j era, na prtica, integrado pelos actuais
membros da respectiva Comisso Tcnica.
Com o decorrer dos trabalhos do grupo, geraram-se consensos em torno dos temas
julgados como estratgicos, que contribuiro para a melhoria da abordagem do doente
traumatizado.
PLANEAMENTO
A boa gesto de recursos mandata como prioritrias, a planificao e a rentabilizao de meios
existentes. Acreditando-se no potencial da capacidade instalada e na necessidade da tomada
de opes estratgicas, so exigncias organizativas:
>
>
>
FORMAO
A par do investimento na definio dos processos de gesto e encaminhamento de doentes,
crucial definir um corpo curricular para os profissionais de sade. A formao ser
determinante para a resposta adequada ao trauma, para a rentabilizao da capacidade
instalada e para a planificao correcta dos cuidados.
O processo formativo constitui um investimento, quando enquadrado em projecto global de
melhoria da organizao e da prestao de cuidados ao traumatizado, em determinada
regio ou instituio. No se advoga a ministrao de cursos ad hoc sem enquadramento
institucional, nem a exclusividade de uma determinada figura formativa na formao
pretendida. Pelo contrrio, para que o processo formativo possa conferir competncias
prticas para o bom desempenho, defende-se a realizao de formao estruturada nos
domnios do Suporte Avanado de Vida e do Suporte Avanado de Vida em Trauma, de acordo
com critrios internacionalmente aceites, propostos por associaes cientficas dignas de
crdito, que cabe Ordem dos Mdicos reconhecer. Para alm de cursos temticos, de
valorizar a vivncia clnica em Bloco Operatrio, Unidades de Cuidados Intensivos, na Sala
de Emergncia e na Emergncia Pr-Hospitalar. A Competncia em Emergncia Mdica j
o reconhecimento pela Ordem dos Mdicos da experincia nestes domnios, devendo ser
encorajada a sua obteno.
10
>
P RI NC P I OS GERA I S EM T RA UM A
>
>
encaminhamento desses doentes, sem passagem obrigatria por qualquer outro hospital,
s porque se encontra mais prximo.
Qualificao do transporte primrio (pr-hospitalar) e secundrio (entre instituies).
Acompanhamento da resposta ao trauma: criao de um sistema de informao, com
definio de indicadores de acompanhamento e registos obrigatrios de dados.
Qualificao crescente dos profissionais de sade: investimento na formao em trauma, a
qual dever ser obrigatria, no contexto de projectos estruturantes das organizaes
responsveis pela assistncia ao traumatizado.
Sistematizao de orientaes clnicas para as situaes mais frequentes e/ou graves,
que promovam a divulgao da boa prtica mdica.
ATENDIMENTO
pertinente equacionar as competncias e as atitudes exigveis ao longo da cadeia de
socorro. Utilizando como referncia uma matriz que pressupe a fase pr hospitalar e trs
nveis de servios de urgncia, prope-se a seguinte avaliao inicial do doente crtico por nvel
de atendimento urgente:
Nvel de Atendimento
EMERGNCIA GERAL
Pr-Hosp
HB3
HMC2
HP1
Nebulizao/broncodilatao
N/A
11
P RI NC P I OS GERA I S EM T RA UM A
Nvel de Atendimento
HB3
HMC2
HP1
N/A
N/A
N/A
Asma brnquica
Controlar convulses
N/A
N/A
N/A
Ecocardiografia
N/A
N/A
TAC
N/A
N/A
Imagiologia de interveno
N/A
N/A
N/A
Imagiologia electromagntica
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
12
Pr-Hosp
P RI NC P I OS GERA I S EM T RA UM A
EMERGNCIA GERAL
Nvel de Atendimento
HB3
HMC2
HP1
Controlo da ventilao
Cricotiroidotomia
Colar Cervical
Fixadores laterais
Ventilao artificial
Drenagem torcica
N/A
N/A
Toracotomia Exploradora
N/A
N/A
Buraco de Trpano
N/A
N/A
D*
N/A
Ecografia toraco-abdominal
N/A
N/A
N/A
N/A
Ressonncia Magntica
N/A
N/A
N/A
Angiografia
N/A
N/A
N/A
13
Pr-Hosp
P RI NC P I OS GERA I S EM T RA UM A
TRAUMA
Nvel de Atendimento
HB3
HMC2
HP1
Fibroscopia
N/A
N/A
Ecocardiografia
N/A
N/A
Comunicao
Nvel de Atendimento
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
1E
2 Enfermeiros
1E
N/A
Gastroenterologia
N/A
N/A
Neurologia
N/A
N/A
Oftalmologia
N/A
N/A
Otorrinolaringologia
N/A
N/A
Pneumologia
N/A
N/A
Cardiologia
N/A
N/A
Nvel de Atendimento
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
1E
2 Enfermeiros
1E
N/A
Anestesiologia
N/A
N/A
Cirurgia Geral
N/A
N/A
Ortopedia
N/A
N/A
Neurocirurgia
N/A
N/A
N/A
14
Pr-Hosp
P RI NC P I OS GERA I S EM T RA UM A
TRAUMA
Nvel de Atendimento
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Dois enfermeiros
N/A
N/A
N/A
Cirurgia Vascular
N/A
N/A
N/A
Urologia
N/A
N/A
Obstetrcia
N/A
N/A
Cirurgia Maxilo-Facial
N/A
N/A
N/A
Oftalmologia
N/A
N/A
Otorrinolaringologia
N/A
N/A
Cirurgia Cardio-Torcica
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
*Emergencista mdico de qualquer especialidade com formao e treino em medicina de emergncia, reconhecida pela O.M.
TRANSPORTES
Em 1992, a Sociedade Americana de Cuidados Intensivos divulgou normas de boa prtica no
transporte do doente crtico (ltima reviso publicada na revista Critical Care Medicine, Janeiro
de 2004). Seguindo o exemplo, a Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos (SPCI) investiu
na sistematizao das boas prticas mdicas, em relao ao transporte secundrio de doentes,
tendo, em 1997, sido elaborado e divulgado o Guia de Transporte de Doentes Crticos.
Em 2001, foram elaboradas e divulgadas pela ARS Norte as Normas de Transporte Secundrio
de Doentes, prevendo um sistema de pontuao, que objectiva a sistematizao das situaes
e a classificao dos doentes, respeitando os princpios enunciados pela SPCI.
Como actualizao da Portaria n 439/93, de 27 de Abril, foi publicada a Portaria n 1147/2001,
de 28 de Setembro, que define o Regulamento de Transporte de Doentes em Portugal, incluindo
as caractersticas das Ambulncias tipo C (medicalizadas) apropriadas ao transporte secundrio
de doentes graves.
Em harmonia com princpios j assumidos noutros pases, a Intensive Care Society (Gr-Bretanha) publicou, em 2002, as Guidelines for the Transport of the Critically ill Adult.
Reconhecendo a utilidade da actualizao das normas e recomendaes em causa, a Ordem
dos Mdicos, em sintonia como a SPCI, nomeou um grupo de trabalho para o estudo do
Transporte do Doente Crtico. O objectivo possuir um referencial nacional das recomendaes
tcnicas, actualizando os modelos de implementao e acompanhamento do transporte
secundrio (publicadas em Maio de 2008).
O respeitante ao transporte primrio encontra-se sob a responsabilidade do Instituto Nacional
de Emergncia Mdica, sendo contudo, naquilo que diz respeito s atribuies tcnicas da
Ordem dos Mdicos, abrangido pelas recomendaes em causa.
15
Pr-Hosp
P RI NC P I OS GERA I S EM T RA UM A
ndices de gravidade
A Rede de Trauma necessita de um registo e de um sistema de informao para recolher, tratar
e apresentar dados dos cuidados prestados, da sua operacionalidade, bem como dos
resultados. No contexto da caracterizao do doente, da sua gravidade e, consequentemente,
das suas necessidades, surgem diversos instrumentos disponveis em formato de escalas,
ndices e indicadores. condio essencial que haja um acordo para a adopo de um
conjunto de indicadores, a nvel nacional, muito especialmente nos componentes da Rede,
integrados no Sistema de Trauma.
So opes a considerar:
>
>
>
>
>
>
16
P RI NC P I OS GERA I S EM T RA UM A
ORIENTAES CLNICAS
A implementao de orientaes clnicas para as situaes mais frequentes e/ou graves constitui
uma metodologia de trabalho vantajosa para a construo de instrumentos de trabalho, que
visem sistematizar o conceito e o referencial do que constitui a boa prtica. Proporciona ainda
uma ferramenta de ensino dos profissionais, acelera a correcta abordagem e o encaminhamento
do doente e, pelas razes expostas, incrementa a segurana do Servio Assistencial em causa.
Contudo, repletas que esto as fontes bibliogrficas sobre possveis opes de orientao clnica,
a simples constatao da sua existncia no basta para modificar comportamentos, sendo
imperativo que se reunam os seguintes requisitos, para a eficcia das orientaes clnicas:
>
>
>
Compreendidos os pressupostos acima descritos, acordou-se que, para uma srie de situaes
julgadas mais pertinentes, seriam elaboradas orientaes clnicas, de acordo com o seguinte
formato:
Introduo
Objectivos
Organizao / Nvel de Atendimento
Procedimentos, Normas e Princpios de Tratamento
Problemas mais comuns
Indicadores de Qualidade
Bibliografia
Foram considerados os seguintes captulos:
Rede de Trauma Sistema Integrado de Trauma
Centros de Trauma - Referenciao
17
>
P RI NC P I OS GERA I S EM T RA UM A
>
CONCLUSO
Pretende-se, com estas normas de boa prtica:
>
>
>
>
>
>
18
P RI NC P I OS GERA I S EM T RA UM A
Committee on Trauma, American College of Surgeons, Resources for Optimal Care of the Injured
Patient, 2006.
D, Skinner, Driscoll P., Trauma Care Beyond the Ressuscitation Room, British Medical Journal
Books, London, 1998.
E, Soreide, Grande C Ed., Prehospital Trauma Care, Marcel Dekker, New York, 2001.
European Transport Safety Council, Reducing the Severity of Road Injuries through Post Impact
Care, Brussels, 1999.
Injuries and Violence Prevention Department, Guidelines for Essential Trauma Care, World Health
Organization (WHO); International Association for the Surgery of Trauma and Surgical Intensive
Care; International Society of Surgery, 2004.
Injuries and Violence Prevention Department, Prehospital Trauma Care Systems, World Health
Organization (WHO), 2005.
Joint Report from the Royal College of Surgeons of England and the British Ohthopaedic
Association, Better Care for the Severely Injured, 2000.
19
B IB LIO G R AFIA
P RI NC P I OS GERA I S EM T RA UM A
BIBLIOGRAFIA
II
ORGANIZAO EM TRAUMA
21
REDE DE TRAUMA
INTRODUO
No nosso pas, ao longo dos ltimos anos, a abordagem clnica do doente com trauma , na
maior parte das vezes, feita de uma forma individualizada, personalizada na experincia de
cada um. Tambm verdade que o doente com trauma , frequentemente, assistido e
transportado de uma forma no uniformizada, muitas vezes para unidades de sade sem os
recursos necessrios para os poder tratar.
A necessidade de uma resposta estratgica a este problema parece clara e fundamental. Esta
estratgia consistente com o desenvolvimento de uma Rede de Trauma.
Uma Rede de Trauma pretende ser uma resposta planeada e coordenada ao doente vtima de
trauma, para que receba um tratamento standardizado e adequado ao seu tipo de leso, em
devido tempo, independentemente do local onde a sofreu.
OBJECTIVOS
Implementar uma Estratgia Nacional e Regional, para a abordagem do doente vtima de
leses graves, de forma adequada e uniformizada, que:
>
>
>
>
>
23
>
>
>
>
>
Preveno.
Emergncia Mdica Pr-Hospitalar.
Emergncia Mdica e Cuidados Hospitalares.
Medicina Fsica e Reabilitao.
Avaliao do Sistema.
Plano de Trauma
O Plano de Trauma reflecte, identifica e descreve os componentes essenciais de uma Rede de
Trauma, com estruturas de coordenao, a nveis nacional, regional (nvel ARS), local (nvel rea
de influncia de urgncia polivalente) e uma instituio prestadora de cuidados de trauma.
Liderana
A Rede de Trauma requer uma liderana administrativa e clnica multidisciplinar, de forma a
planear e desenvolver a organizao nacional e seus subsistemas.
>
Propor
24
R ED E D E TR AU MA
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
>
>
25
R ED E D E TR AU MA
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
Contribuir
>
>
>
>
>
26
R ED E D E TR AU MA
Deve ter em conta os objectivos traados pela Comisso Regional de Trauma, reportandolhe dados peridicos da operacionalidade do sistema e um plano estratgico de melhoria
da rede (necessidade de afectao de recursos, formao, etc...).
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
consultivos de reas de interveno, convidados para o efeito, sendo presidida pelo Centro
de Trauma Nvel 1.
FINANCIAMENTO
Ao considerar o financiamento da Rede de Trauma, deve ter-se o conceito de que o sistema de
trauma um investimento e no uma despesa:
>
>
>
>
>
ASPECTOS ESTRATGICOS
Preveno
Exceptuando a medicina comunitria (Medicina Geral e Familiar e Sade Pblica), no
tradio nacional a interveno na rea da preveno de leses.
27
R ED E D E TR AU MA
>
Desenvolvimento / adopo de normas de boa prtica de cuidados em trauma, articulandose com organizaes mdicas, profissionais e sociedades cientficas.
Desenvolvimento de um sistema de avaliao do sistema e de avaliao de cada
componente.
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
>
Uma Rede de Trauma deve incluir esta rea, fazendo todo o sentido a criao de parcerias com
outras entidades, na implementao de programas de preveno, em funo da especificidade
da sua rea de interveno. Os Centros de Sade, pela sua ligao de proximidade com a
populao local e com a sade escolar, podem dar um forte contributo nesta rea.
Estes programas devem promover comportamentos positivos de segurana na populao. So
exemplos de programas:
>
>
>
>
>
>
>
>
Para alm dos programas de preveno, essencial sensibilizar a populao em geral para os
objectivos de uma Rede de Trauma. Essa informao deve incluir:
>
>
>
Activao do sistema.
Comportamento perante o acidente, atitudes at chegada de primeiros socorros.
Divulgao generalizada de manobras de suporte bsico de vida:
As grandes empresas industriais, aeroportos, escolas, portos fluviais e martimos
e transportes em geral.
A todos os candidatos a licena de conduo de veculos motorizados.
>
>
>
28
R ED E D E TR AU MA
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
>
>
>
TRIAGEM
Triagem em trauma o processo pelo qual se identifica um doente com leses graves, em risco
de vida actual ou potencial, estabelecendo a prioridade relativa no tratamento do mesmo,
referenciando-o para um local que possua os recursos para poder trat-lo.
Uma rede de trauma deve estar organizada, de forma a que haja uma fcil e rpida identificao
da severidade da leso, identificando indirectamente os nveis de recursos necessrios.
essencial a implementao de:
>
>
>
29
R ED E D E TR AU MA
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
>
Em colaborao com a Proteco Civil e o INEM, a rede de trauma deve definir protocolos de
triagem e de referenciao para situaes de excepo (calamidades, catstrofes, acidentes
com nmero elevado de acidentados).
TRANSPORTE
A referenciao de um doente vtima de trauma encontra, por vezes, vrias dificuldades, que
podem colocar o doente em risco de vida ou de funcionalidade:
>
>
>
>
>
A Rede de Trauma bem planeada tem como desgnio eliminar estes problemas, de forma a
assegurar uma transferncia sem obstrues ou atrasos. Os protocolos, os acordos escritos
e o trabalho em rede, em que a responsabilidade repartida e aceite por todos os
intervenientes, minimizaro e, idealmente, acabaro com estas situaes de prejuzo claro
para o doente. Assim, prioritrio:
>
>
Importa reafirmar questes tcnicas j bem estabelecidas, que devem ser adoptadas:
>
>
>
30
R ED E D E TR AU MA
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
>
CENTROS DE TRAUMA
Muitos hospitais tm capacidade para tratar doentes com trauma. No entanto, os doentes,
vtimas de leses complexas, necessitam e so beneficiados de uma abordagem com uma
multiplicidade de recursos com formao especializada, acrescida de experincia e
organizao, que permita uma fluidez e integrao de cuidados na Sala de Emergncia, Bloco
Operatrio aos Cuidados Definitivos, muitas vezes em ambientes especializados.
Assim, inerente criao de uma Rede de Trauma, dever estar a seleco, dentro de uma
determinada rea geogrfica, de um nmero de Hospitais, eventualmente tambm Centros de
Sade que, pela sua localizao estratgica, acessibilidade, recursos disponveis, diferenciao
tcnica, cientfica e casustica, sejam preparados e creditados como Centros de Trauma.
A preparao inclui recursos humanos, a sua formao ps-graduada em trauma e recursos
tcnicos definidos como essenciais e necessrios para o seu nvel de responsabilidade e actuao.
A sua creditao pressupe, para alm das anteriores, a sua aderncia a standards / normas de
boas prticas clnica e administrativa e a uma constante avaliao de funcionamento.
Numa Rede de Trauma, impensvel integrar todos os Hospitais e Centros de Sade com a
mesma capacidade tcnica. Pressupe-se a criao de centros com, pelo menos, trs nveis
diferentes de actuao e responsabilidade, estando, de algum modo, associados sua
classificao na Rede de Urgncias (Hospital com Urgncia Bsica, Mdico-Cirrgica ou
Polivalente - nomenclatura e caracterizao adiante explicitadas).
31
R ED E D E TR AU MA
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
Plano de Trauma.
Recursos humanos com formao tcnica e cientfica similares.
Linguagem clnica comum.
Registo de dados - Sistema de informao (standardizado e integrado).
Plano de avaliao global.
REABILITAO
Numa Rede de Trauma, o objectivo no apenas reduzir a mortalidade. Um dos grandes
desafios aumentar o nmero de doentes que se restabelece para uma vida social
normal.
A reabilitao uma rea fundamental de uma Rede de Trauma, sendo imprescindvel uma
integrao precoce destes servios em todas as fases de cuidados definitivos do doente.
Qualquer atraso pode condicionar todo o processo de tratamento desse doente, bem como o
seu resultado final. Condiciona tambm custos acrescidos, por aumento do tempo de
internamento, a limitao de acesso a essa cama por outros doentes dela carenciados e por
incapacidade (e possvel indemnizao) acrescida.
Um Plano de Trauma deve contemplar e identificar os servios de reabilitao locais,
implementando normas de actuao precoce, bem como servios de reabilitao regionais e
especiais, em que se estabeleam acordos de transferncia entre as instituies.
Os servios de reabilitao devem contemplar a recuperao funcional, cognitiva e adaptao
vocacional, bem como o suporte psicolgico necessrio ao doente e sua famlia.
Como parte integrante de um sistema de trauma, os dados da evoluo do processo de
reabilitao devem estar integrados no registo de trauma.
AVALIAO DO SISTEMA
A criao de uma Rede de Trauma constitui uma motivao e um esforo significativo com
objectivos bem definidos. Esses objectivos tm de ser continuamente monitorizados,
permitindo-nos colocar questes fundamentais nos cuidados prestados, facilitando atitudes de
mudana.
Essencial a qualquer programa o registo de dados, integrando todas as reas de
interveno clnica (do pr-hospitalar ao ps-hospitalar). Para alm de permitir avaliar a
eficcia do sistema de trauma, permite obter dados para aferir a qualidade do mesmo,
desenvolver planos de preveno, avaliar e justificar os recursos necessrios Rede de
Trauma.
32
R ED E D E TR AU MA
>
>
>
>
>
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
A Rede de Trauma, no que se refere aos Centros de Trauma, implica, assim, um conjunto de
Hospitais e Centros de Sade, que mantm entre si responsabilidades repartidas na
organizao e na implementao da rede, independentemente da sua autonomia como
entidade de sade. Estas instituies tm em comum:
>
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>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
Dados demogrficos.
Mecanismo e tipo de leso.
Dados do Pr-Hospitalar (ou pr-tratamento definitivo):
Dados administrativos do pr-hospitalar (activao, tempos de actuao, recursos
utilizados, etc...).
Dados de transferncia (local do acidente hospital).
Dados de transferncia inter-hospitalar (quando existentes).
Procedimentos efectuados (no pr-hospitalar e no hospital de referncia).
Dados do Hospital:
ndices de Gravidade.
Avaliao Inicial e Sinais Vitais.
33
R ED E D E TR AU MA
Idealmente, o registo de trauma deve ser nacional, pelo que se recomenda, no seio da Ordem
dos Mdicos, a criao de um grupo multidisciplinar, no sentido de identificar os dados a
recolher. Estes devem ser simples, objectivos, tentando evitar duplicao, permitindo o registo
com uma evoluo semelhante abordagem clnica e administrativa do doente com trauma.
O registo deve incluir indicadores de qualidade, complicaes e ndices de gravidade, para
avaliar o alcance do sistema s normas de boa prtica por ele adoptado.
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
Registo de Trauma
A opo tcnica para a execuo do registo de trauma de escolha livre por cada instituio
envolvida, desde que seja respeitada uma listagem de funcionalidades mnima, garantida a sua
funcionalidade e a interoperabilidade / transferncia de dados entre sistemas, incluindo a
passagem final para uma base de dados central. O sistema de informao deve merecer
parecer positivo da Comisso Nacional de Proteco de Dados.
Cada rea local da Rede de Trauma deve organizar-se, de forma a encontrar a melhor soluo
para a gesto do registo de trauma, responsabilizando-se pela anlise e pela interpretao dos
seus prprios dados.
Um sistema ideal requer a identificao do elemento responsvel pela implementao e pela
gesto do registo, que inclui a transferncia de dados do pr-hospitalar, o registo no servio de
urgncia, o registo de incidentes ou complicaes durante o internamento e dados da alta.
Respeitando a necessria confidencialidade, os mecanismos de acesso aos dados devem ser
autorizados aos diversos intervenientes, e objecto de anlise pelas Comisses Tcnicas (j
descritas).
Investigao
A garantia de excelncia de qualidade de uma Rede de Trauma necessita de estudos
continuados em todas as suas reas:
>
>
>
>
Estudos
Estudos
Estudos
Estudos
de vigilncia.
epidemiolgicos.
clnicos e cientficos (estudos observacionais e estudos experimentais).
de operacionalidade organizativa.
34
R ED E D E TR AU MA
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
CENTROS DE TRAUMA
INTRODUO
A severidade da leso apresenta um espectro de mnima a extrema gravidade. Os recursos
necessrios para prestar os cuidados clnicos adequados devem co-existir, ao longo deste
mesmo espectro. Nesse sentido, o objectivo de uma Rede de Trauma o cruzamento
constante entre as necessidades de um doente traumatizado e o grau de recursos
disponveis e necessrios, para que cada doente receba uma teraputica, que lhe seja
eficaz e em tempo til (triagem estratificao de gravidade e risco estabilizao inicial
referenciao).
impensvel desenvolver Centros de Trauma que, de forma isolada, sejam capazes de tratar
todo o tipo de leses. Devero existir nveis de diferenciao tcnica e com disponibilidade de
recursos. O doente dever ser referenciado, em funo do espectro de gravidade da leso que
apresentar.
OBJECTIVOS
>
>
>
35
>
>
>
>
>
>
>
Preveno.
Acesso ao sistema.
Cuidados pr-hospitalares.
Triagem, transporte e referenciao.
Cuidados hospitalares.
Reabilitao.
Avaliao/Auditoria do Sistema.
Todos estes componentes (de um sistema de trauma), sem prejuzo da sua autonomia
cientfica, tcnica e de gesto, devero desenvolver uma linguagem de aco comum,
reciprocidade de anlise e cooperao, maximizando o tratamento do traumatizado, para que
as necessidades do doente, nas diferentes fases de interveno (do local do acidente
reabilitao), sejam supridas com fluidez e segundo normas de boa prtica.
A linguagem deve ser alicerada num plano de formao base e mantida numa actividade de
formao contnua.
Deve existir reciprocidade efectiva de informao mltipla, no que diz respeito a dados de
transferncia, diagnstico, actuao e resultados.
Os diferentes Centros de Trauma devem desenvolver um sistema de permuta constante de
dados clnicos, indicadores e resultados, de forma a melhorar a avaliao da sua actuao.
Este processo dever ser vertical, entre os diferentes nveis de uma Rede de Trauma, e
horizontal, entre as diferentes redes de referenciao. A reciprocidade da informao do
desempenho e dos resultados fundamental, sendo necessria a todos os nveis da
abordagem do traumatizado.
Centros de Trauma
Uma vez activado o atendimento de um doente com trauma grave, a resposta dever permitir
avaliar, tratar e encaminhar o doente para os pontos da rede capazes de melhor responder s
suas necessidades, de acordo com o tipo de leso encontrado.
Numa determinada regio, devero ser identificados Centros de Trauma com nveis diferenciados
de capacidades de atendimento; idealmente, devero existir pontos de rede com capacidades
de reanimao com uma cobertura, em tempo til, a menos de trinta minutos. Na sua
impossibilidade, ter de existir acesso imediato a equipa pr-hospitalar profissionalizada,
nesse mesmo perodo de tempo, e acesso a um Centro de Trauma com capacidade de
36
C EN TRO S D E TR AU MA
Com a denominao de Centro de Trauma, pretende identificar-se um local que, pela sua
localizao, pelos seus recursos e capacidades tcnicas (instalada ou a instalar), se prepare
logstica e cientificamente para o atendimento do traumatizado.
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
>
>
>
>
>
>
>
>
37
C EN TRO S D E TR AU MA
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
tratamento de todo o tipo de leses, dentro de um tempo de trajecto inferior a duas horas de
distncia inter-hospitalar.
>
>
>
Protocolos articulados com o Centro de Trauma Nvel 1 para referenciao de doentes, que
excedam a sua capacidade tcnica para tratamento definitivo (nomeadamente,
Neurocirurgia, Trauma Vrtebro-Medular, Queimados, Leso Vascular, Unidade de Cuidados
Intensivos, entre outros).
Protocolo para transporte de doentes crticos, que permita no diminuir a qualidade dos
cuidados, que durante a transferncia.
Hospital com um Programa Interno de Trauma, adaptado sua dimenso e responsabilidade,
incluindo, necessariamente, um plano de avaliao de qualidade e registo de trauma.
>
>
ORGANIZAO HOSPITALAR
38
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Programa de Trauma
Protocolos Clnicos
Protocolos Organizativos/Administrativos
Registo de Trauma
C EN TRO S D E TR AU MA
Hospital com recursos tcnicos e humanos, disponveis 24 horas por dia, para proceder
avaliao e reanimao inicial de toda e qualquer leso traumtica, incluindo a capacidade
de realizar intervenes de Cirurgia Geral e Ortopedia. Pode no dispor de capacidade para
tratar definitivamente todo o tipo de leses, mas capaz de cuidar de um grupo significativo
de doentes, transferindo aqueles que necessitam de recursos que no tem disponveis. Deve
dispor de capacidade para tratamento temporrio de leses que necessitem de correco,
antes da transferncia, nomeadamente as que comprometam o A, B e C da reanimao.
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
N/A
N/A
Unidade Ps-Anestsica
N/A
N/A
N/A
Unidade de Queimados
N/A
N/A
N/A
Laboratrio
Capacidade de suporte transfusional
Ecografia
N/A
Radiologia de Interveno
N/A
Hemodilise
N/A
Servio de Reabilitao
N/A
Especialidades Clnicas
Emergencista
Intensivista
NA
Enfermeiro
Anestesista
N/A
Cirurgio Geral
N/A
Ortopedista
N/A
Neurocirurgio
N/A
N/A
Radiologista
N/A
Cirurgio Cardio-Torcico
N/A
N/A
Cirurgio Vascular
N/A
N/A
Cirurgio Plstico
N/A
N/A
Urologista
N/A
N/A
Ginecologista/Obstetra
N/A
N/A
Oftalmologista
N/A
N/A
39
C EN TRO S D E TR AU MA
Nvel 3
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
ORGANIZAO HOSPITALAR
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
Otorrinolaringologista
N/A
N/A
Pneumologista
N/A
N/A
Computador Internet
N/A
Comunicao
Telemedicina
FORMAO
SAV
ATLS
TNCC
DSTC
Emergencista
N/A
N/A
Intensivista
N/A
N/A
Anestesista
N/A
N/A
Cirurgio
N/A
Ortopedista
N/A
Enfermeiro
N/A
N/A
Ou similar
PRINCPIOS DE ORGANIZAO
No dependente do nvel de diferenciao tcnica e de recursos dos Centros de Trauma,
aconselhvel que, em cada centro, se constitua um grupo multidisciplinar de trauma Comisso
de Trauma. Este grupo, na dependncia da respectiva Direco Clnica, tem como misso
promover a discusso interna de todos os aspectos relacionados com os cuidados a prestar
ao doente traumatizado.
40
C EN TRO S D E TR AU MA
Nvel 3
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
>
>
Representantes
i. Mdico
ii. Enfermeiro
Representantes Consultivos
i. Instituto Nacional de Emergncia Mdica
ii. Bombeiros
iii. Programa de Sade Escolar
iv. Servio de Reabilitao
v. Servio Social
vi. Servio Administrativo
>
>
>
>
41
C EN TRO S D E TR AU MA
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
Comisso de Trauma
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
42
C EN TRO S D E TR AU MA
>
>
>
>
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
SALA DE EMERGNCIA
INTRODUO
A Sala de Emergncia uma rea fulcral num Servio de Urgncia. habitualmente, uma rea,
onde se concentra um nmero complexo de capacidades para avaliao e tratamento inicial
de um doente em estado crtico, e onde uma equipa de reanimao tem acesso imediato a um
conjunto de meios para avaliao, monitorizao, correco de desequilbrios fisiolgicos e
suporte de funes.
Esta Sala, pela sua misso, deve estar preparada e equipada, para receber e estabilizar
(sempre que possvel) o doente crtico, antes da sua referenciao definitiva.
OBJECTIVOS
Apresentar normas de operacionalidade necessrias adequada funcionalidade da Sala de
Emergncia.
Definir os recursos tcnicos necessrios para avaliao e tratamento dos doentes com trauma
grave, em funo do nvel de atendimento.
>
>
43
Gesto
Ainda que enquadrada no Servio de Urgncia, deve ser assegurada a articulao operacional
da Sala de Emergncia com um Servio ou Unidade de Cuidados Intensivos, podendo este
coordenar funcionalmente a Sala de Emergncia.
Na ausncia desse Servio ou Unidade, aconselha-se a que a operacionalidade da Sala de
Emergncia esteja na dependncia hierrquica do Servio de Urgncia e seja assegurada por
uma equipa qualificada em Medicina de Emergncia ou Cuidados Intensivos.
Estrutura
A Sala de Emergncia uma rea de interveno aberta 24 horas por dia, sempre preparada
para receber e tratar qualquer doente grave ou em risco de vida, cujo espao fsico deve estar
a curta distncia da entrada do Servio de Urgncia.
No mbito do plano de emergncia, o hospital deve prever uma resposta supletiva, em caso
de esgotamento do espao da Sala de Emergncia.
Consoante a categorizao da urgncia, a Sala de Emergncia deve ter recursos tcnicos bem
estabelecidos e protocolados (ver adiante).
So consideradas capacidades mnimas:
44
SALA D E EMER G N C IA
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
Responsabilidade
A Sala de Emergncia deve ter fontes de electricidade, gua, oxignio, ar comprimido, vcuo e
luz necessrias e suficientes.
A Sala de Emergncia deve possuir um sistema de controlo da temperatura ambiental, com
possibilidade de ambiente entre os 24 e os 26 graus, nas situaes de trauma grave /
exsanguinao.
No mnimo, deve poder receber dois doentes em simultneo. Nos Centros de Trauma Nveis 1
e 2, deve ser obrigatrio disporem da possibilidade de poderem receber, pelo menos, outros
dois doentes emergentes, num espao em proximidade, designado e preparado, previamente,
com a logstica de apoio relevante. Recomenda-se que as necessidades mnimas apresentadas
possam ser ultrapassadas, projectando a sua capacidade para outras reas do Servio de
Urgncia, que estejam preparadas para situaes de excepo.
Comunicaes
As comunicaes so um aspecto importante na triagem e nos planeamentos diagnstico e
teraputico do doente.
As Salas de Emergncia devem ter normas de comunicao e de activao das equipas de
atendimento.
>
>
Comunicao externa via rdio: CODU - Centro de Orientao de Doentes Urgentes (em
reas no abrangidas pelo CODU, do Servio Nacional de Bombeiros e Proteco Civil).
Comunicao interna:
Por alarme sonoro e visual.
Por sistema de chamada interna (bip, pager, telemvel, etc...) da equipa responsvel.
Qualicao e Responsabilidade
A Sala de Emergncia tem como responsvel operacional um mdico com qualificao em
Medicina de Emergncia ou Cuidados Intensivos que, perante um doente crtico, por doena
sbita ou trauma, deve responsabilizar-se clinicamente por ele. Nos Centros de Trauma, a
responsabilidade clnica do doente traumatizado do Coordenador da Equipa de Trauma
(adiante definido, no captulo descritivo da equipa de trauma, que, consoante a funo e a
organizao local, poder acumular as funes de coordenador e responsvel pela Sala de
Emergncia).
A Sala de Emergncia deve ter um enfermeiro, responsvel que seja responsvel pela
manuteno de um programa de avaliao contnua da qualidade, nomeadamente:
>
45
SALA D E EMER G N C IA
A Sala de Emergncia deve estar preparada para uma utilizao segura dos equipamentos de
Radiologia. Ainda no domnio da Imagiologia, recomenda-se a existncia ou disponibilidade, em
condies e tempo til, de equipamento de ecografia.
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
Operacionalidade
A Sala de Emergncia deve ter recursos humanos com disponibilidade imediata (< 3 minutos),
que permitam a abordagem inicial do doente (incluindo a reanimao) e a optimizao clnica,
com transferncia segura para o local de tratamento definitivo.
A Sala de Emergncia dever ter sempre uma equipa mnima de atendimento, sob a
responsabilidade nominal de um emergencista (mdico com qualificao em Medicina de
Emergncia) ou intensivista, com disponibilidade imediata (< 3 minutos), que ter a
responsabilidade de coordenar a assistncia prestada ao doente, bem como a activao de
equipas pluridisciplinares, quando existentes.
Devem existir linhas de orientao claras de funcionalidade com reas ou entidades afins, no
sentido de maximizar a eficcia, a qualidade e a rapidez de atendimento do doente crtico:
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
Via Area.
Acessos Venosos.
Cateterizao Arterial.
Drenagem Torcica.
Pericardiocentese.
Toracotomia de Emergncia.
Lavagem Peritoneal Diagnstica.
Algaliao.
Monitorizao da Presso Intra-Craniana.
>
>
>
>
>
46
SALA D E EMER G N C IA
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
>
>
>
>
CATETER ARTERIAL
Mesa de Trabalho
Mesa de Trabalho
1 Saco de 500ml de SF
1 Saco de 500ml de SF
1 manga de presso
1 manga de presso
1 Frasco de Heparina
1 Frasco de Heparina
1 Bata esterilizada;
1 Bata esterilizada
Soluo desinfectante
Soluo desinfectante
1 cateter arterial 18 G ou 20 G
3 Torneiras
1 Seda 2/0
1 Seda 2/0
1 Bisturi
1 Bisturi
1 Penso
1 Penso
1 Ampola de lidocana a 1%
1 Ampola de lidocana a 1%
1 agulha hipodrmica
1 agulha hipodrmica
1 agulha endovenosa
1 agulha endovenosa
CATETERIZAO VESICAL
1 Mesa de Trabalho
1 Mesa de Trabalho
47
SALA D E EMER G N C IA
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
Soluo desinfectante
Soluo desinfectante
Lidocana a 1%
1 Seringa de 10cc
1 Torneira de 3 vias
1 Debitmetro
DRENO TORCICO
48
PERICARDIOCENTESE
1 Mesa de Trabalho
1 Mesa de Trabalho
1 Clampe
1 Dreno torcico
Soluo desinfectante
Lidocana a 1%
1 Kit de Pericardiocentese
1 Torneira de 3 vias
1 Seringa de 5cc
1 Seringa de 10cc
1 Seringa de 50cc
1 Porta agulha
1 Agulha 19G
1 Agulha 23G
1 Penso
1 Sistema de soro
Soluo desinfectante
1 Saco colector
1 Seda 2/0
Lidocana 1%
1 Penso oclusivo
1 Torneira de 3 vias
SALA D E EMER G N C IA
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
CATETERIZAO VESICAL
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
12 Tomadas elctricas
3 Tomadas de vcuo
4 Tomadas de oxignio
3 Tomadas de ar comprimido
Nvel de Atendimento
IMOBILIZAO
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Plano Duro
Nvel de Atendimento
PROTECO PESSOAL
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Batas esterilizadas
Barretes
culos protectores
Protectores de sapatos
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
Cnulas nasais
Mscaras de oxignio:
24%, 31%, 35%, 40%, 60%
49
SALA D E EMER G N C IA
Nvel de Atendimento
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
Adulto (6 a 9 c/cuff)
Aramado (7 a 9 c/cuff)
Peas em T
Ventilador Porttil:
PEEP
Filtros de ventilador
Adultos (3, 4)
Pina de MaGill
Kit de Cricotiroidotomia
E
E
E
E
E
E
E
E
E
Laringoscpio:
Tubos endotraqueais:
Nvel de Atendimento
CIRCULAO
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Electrocardigrafo / 12 derivaes
Desfibrilador:
Pace-Maker externo
50
SALA D E EMER G N C IA
Nvel 3
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
Ps de desfibrilao externas
Ps de desfibrilao internas
Ps de desfibrilao peditricas
Placas de desfibrilao
NA
N/A
Aquecedores de soros
Suporte de soros
Nvel de Atendimento
MONITORIZAO
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
N/A
Capacidade de registo
Electrocardiograma
NA
Oximetria de Pulso
Temperatura
CO2 expirado
Monitorizao modular:
Porttil
Uniformidade com BO, UCI
51
SALA D E EMER G N C IA
Nvel 3
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
CIRCULAO
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
Capacidade de transporte
Gaveta de Rx
Suporte de monitorizao
Suporte de soros
Esfingmomanmetro
Otoscpio
Ecgrafo porttil
NA
Ecocardigrafo
Papel de electrocardigrafo
Elctrodos
Rx suspenso
NA
Rx porttil
2 Estetoscpios
Balde de sujos
Contentor de agulhas
Negatoscpio
Finoquetes curvos
Finoquetes rectos
Tesouras pequenas
Clamps
Porta agulhas
Tabuleiros
Cuvetes
N/A
Maca de ressuscitao:
52
SALA D E EMER G N C IA
Nvel 3
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
OUTRO MATERIAL
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
Sondas Nasogstricas
Seringas:
Agulhas hipodrmicas
Fita de nastro
Adesivo
Pensos
Ligaduras de fibra
Ligaduras de algodo
lcool 70o
Soluo desinfectante
Gel lubrificante
Alglias 14 / 16 / 18 / 20
Debitmetros
Sacos colectores
Linhas de sutura
Bisturis
Elctrodos
Prolongadores
Bionecteurs
Torneiras de 3 vias
Sonda de Blackmore
Garrote
Sistema vacutainer
Tubos de anlises:
Hemograma
2 cc
5 cc
10 cc
20 cc
50 cc
53
SALA D E EMER G N C IA
Nvel 3
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
CONSUMVEIS
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
N/A
Recolha de urina
Frascos de Hemoculturas
Tubos de ensaio
N/A
Agulhas de Tuhoy
N/A
N/A
Bioqumica
Estudo da coagulao
Microbiologia:
FRMACOS
cido acetilsaliclico
cido aminocaprico
Adenosina
Adrenalina
Aminofilina
Amiodarona
Anatoxal
Atropina
Bicarbonato de sdio a 8,4%
Brometo de Ipatrpio
Budenosido
Butilescopolamina
Carbomix (Carvo Activado)
Cefazolina
Clemastina
Cloreto de Clcio
Cloreto de Potssio
Desmopressina
Diazepam
Digoxina
Dinitrato de Isosorbido DNI
Dobutamina
54
SALA D E EMER G N C IA
Nvel 3
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
CONSUMVEIS
Droperidol
Efedrina
Enoxiparina
Etomidato
Factor VII Activado
Fenitona
Fenobarbital
Fentanil
Fibrinoltico (Tromboltico)
Flumazenil
Furosemida
Glicose a 30%
Gluconato de Clcio
Haloperidol
Heparina
Hidrocortisona
Hidroxizina
Isoprenalina
Labetalol
Lidocana 1%
Lidocana 2%
Lidocana Gel 2%
Lidocana spray
Metamizol
Metilprednisolona
Metoclopramida
Midazolam
Morfina
Naloxona
Nimodipina
Noradrenalina
Paracetamol
Propofol
Propanolol
55
SALA D E EMER G N C IA
Dopamina
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
FRMACOS
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
Ranitidina
Salbutamol ampolas
Salbutamol, soluo respiratria
Salicilato de Lisina
Succinilcolina (Suxametnio)
Sulfato de Magnsio
Tramadol
Vecurnio
SOROS E SIMILARES
gua Destilada
Cloreto de Sdio Hipertnico a 20%
Cloreto de Sdio a 0,9%
Cloreto de Sdio a 5%
Gelatina Modificada
Glicose a 5%
100 cc
250 cc
500 cc
Glicose a 5% em SF
Glicose a 10%
Hidroxietil Amido a 6% 130/0.4
Lactato de Ringer
Manitol 20%
Polielectroltico com glicose
Polielectroltico simples
Soro atropinizado
Soro Fisiolgico
100 cc
500 cc
1000 cc
56
SALA D E EMER G N C IA
FRMACOS
EQUIPA DE TRAUMA
INTRODUO
A avaliao e o tratamento iniciais dos doentes politraumatizados exigem uma equipa
pluridisciplinar, em que o tempo e a qualidade de actuao so fundamentais para a
sobrevivncia do doente.
Nem todos os Hospitais necessitam de ter os recursos necessrios ao tratamento de todas
as situaes clnicas. No entanto, devem ser dotados de pessoal com formao, experincia
e capacidade tcnica suficientes, para avaliar e optimizar os doentes que precisam de cuidados
emergentes. Estes conhecimentos so fundamentais para a execuo tcnica de procedimentos,
para avaliao e tratamento de desequilbrios e falncias e para responder ao desafio, que
a tomada de deciso clnica.
OBJECTIVOS
Definir os recursos humanos necessrios para avaliao e tratamento dos doentes com
trauma grave, em funo do nvel de atendimento.
Definir o grau de capacidade tcnica e cientfica bsica e avanada para avaliao e tratamento
dos doentes com trauma grave.
Descrever programas actuais de formao e educao contnua em trauma, necessrios
aquisio da capacidade tcnica e actualizao dos conhecimentos essenciais para a
tomada de deciso clnica.
>
>
>
>
>
57
>
>
>
>
>
>
Curso
Curso
Curso
Curso
Curso
Curso
>
>
Pese embora a tendncia para o alargamento nacional da influncia das equipas de socorro
medicalizado, j profissionalizadas, continua a existir um peso significativo da actuao de no
mdicos voluntrios na actividade de socorro pr-hospitalar, mais evidente em reas longe dos
centros urbanos. Nesse sentido, recomendamos um esforo formativo a estes agentes, de
forma a uniformizar a abordagem, a avaliao inicial e a triagem dos doentes graves,
contribuindo para a credibilizao do sistema. Este esforo pode passar, inclusivamente, para
a eventual progresso para novos patamares de diferenciao, nomeadamente para o nvel
Tcnico de Emergncia Mdica.
Recomenda-se a seguinte formao:
>
>
>
>
Curso
Curso
Curso
Curso
Hospitalar
A nvel hospitalar, a avaliao do doente politraumatizado envolve um nmero significativo de
58
EQ U IPA D E TR AU MA
Pr-Hospitalar
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
Nvel de Interveno
Todas as Salas de Emergncia dos Hospitais, independentemente do seu nvel de interveno,
devem ter uma equipa mnima para a abordagem do doente crtico, que esteja preparada
para:
>
>
>
>
>
A reanimao.
A abordagem inicial.
A optimizao clnica.
O transporte intra-hospitalar.
O transporte inter-hospitalar, quando necessrio.
>
>
>
>
>
>
>
>
59
EQ U IPA D E TR AU MA
As unidades referenciadas como Centros de Trauma devem ter um grupo de profissionais com
um mnimo de trs elementos na Equipa de Trauma (mdico, enfermeiro e auxiliar de aco
mdica) destacados para a Sala de Emergncia, em que estejam previamente estabelecidas
regras de activao, definio de responsabilidades, coordenao e operacionalidade. A sua
composio est dependente do seu nvel de interveno.
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
>
>
>
>
>
>
>
>
Liderana
Um dos maiores desafios, no tratamento do doente com trauma, integrao dos dados da
60
EQ U IPA D E TR AU MA
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
>
>
>
>
61
EQ U IPA D E TR AU MA
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
62
EQ U IPA D E TR AU MA
Nestas reas, a responsabilidade da Equipa de Trauma deve continuar a fazer-se sentir, com o
intuito de:
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
>
>
Emergencista / Intensivista
Mdico com formao complementar em Medicina de Emergncia (reconhecida pela Ordem
dos Mdicos) e actos de Medicina Intensiva, com experincia e treino em suporte avanado
de vida e trauma. A sua aco abrange:
>
>
>
>
>
>
Enfermeiro
Enfermeiro com formao em suporte imediato ou avanado de vida e de trauma, conhecedor
e aderente s orientaes clnicas e operacionais da Sala de Emergncia. Compete-lhe:
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
63
EQ U IPA D E TR AU MA
>
>
>
>
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
>
>
>
>
>
>
Mdico Anestesista
Mdico especialista, com formao ps-graduada em suporte avanado de vida e trauma.
Compete-lhe:
>
>
>
>
>
Mdico Cirurgio
Mdico especialista, com formao em suporte avanado de vida e trauma, com experincia
em cirurgia de emergncia. Compete-lhe:
>
>
>
>
>
Mdico Ortopedista
Mdico especialista, com formao em suporte avanado de vida e trauma, com experincia
em cirurgia de emergncia. Compete-lhe:
64
EQ U IPA D E TR AU MA
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
Mdico Neurocirurgio
Mdico especialista, com formao em trauma, com experincia em cirurgia neurocirrgica de
emergncia. Compete-lhe:
>
>
>
>
>
Mdico Imagiologista
Mdico com experincia em Imagiologia no trauma. Compete-lhe:
>
>
>
>
Segundo Enfermeiro
Para dar apoio ao doente crtico ou em situaes de multi-vtimas, deve existir a possibilidade
de recrutar um segundo enfermeiro para a Sala de Emergncia.
A sua activao e o seu plano de aco devem estar claramente definidos, dividindo tarefas
com o primeiro enfermeiro.
Nvel 2
Nvel 1
Mdico Emergencista **
Enfermeiro
Anestesiologista
N/A
N/A
65
EQ U IPA D E TR AU MA
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
>
>
>
>
>
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
Mdico Intensivista
N/A
Mdico Ortopedista
N/A
Mdico Neurocirurgio
N/A
N/A
Mdico Radiologista
N/A
Segundo Enfermeiro
Cirurgia Cardio-Torcica
N/A
N/A
Cirurgia Maxilo-Facial
N/A
N/A
N/A
N/A
Cirurgia Vascular
N/A
N/A
Gastroenterologia
N/A
N/A
Ginecologia/Obstetrcia
N/A
N/A
Hemoterapia
N/A
Nefrologia
N/A
N/A
Neurorradiologia
N/A
N/A
Oftalmologia
N/A
N/A
Otorrinolaringologia
N/A
N/A
Pneumologia
N/A
N/A
Urologia
N/A
N/A
66
EQ U IPA D E TR AU MA
Nvel 3
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
FORMAO
INTRODUO
A avaliao e o tratamento adequado do traumatizado grave esto dependentes de:
>
>
>
>
OBJECTIVOS
Propor poltica de formao integrada, ao longo da carreira acadmica e profissional.
Definir formao mnima para os profissionais envolvidos na abordagem do trauma.
Identificar e caracterizar exemplos de solues formativas, que cumprem os objectivos e
requisitos de formao em trauma.
POLTICA DE FORMAO
Recomenda-se, a nvel nacional, o esforo conjunto de Universidades, Hospitais, Sociedades
Cientficas, Colgios de Especialidades e outras Instituies, de acordo com os preceitos
67
>
>
>
>
>
>
>
68
Com uma viso estratgica integrada, em funo das necessidades, das carncias dos
recursos necessrios para essa rea ou regio.
Dirigido e adaptado a cada um dos seus intervenientes:
Abrangendo as multidisciplinaridades clnica e operativa do trauma (operacionais do
pr-hospitalar, enfermeiros a vrios nveis Urgncia, Bloco Operatrio, Cuidados
Intermdios e Intensivos, e mdicos das vrias especialidades ligadas ao trauma).
A nvel pr e ps-graduado, com consistncia cientfica baseada nos princpios
ATLS.
Abrangendo os aspectos de trabalho multidisciplinar (liderana, trabalho em
equipa).
Abrangendo
os aspectos essenciais da operacionalidade do processo de trauma
FO R MA O
>
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
definidos pela Ordem dos Mdicos, para que se implemente um processo para a definio de
um plano de educao e de formao integrado em trauma, tendo como objectivos:
RECOMENDAES
No sendo exclusivos de outras solues formativas que venham a ser reconhecidas pela
Ordem dos Mdicos ou outras entidades de creditao dos seus grupos profissionais, so
exemplos actuais de formao:
Mdicos e Enfermeiros:
Suporte Bsico de Vida.
Suporte Avanado de Vida.
Suporte Imediato de Vida.
Suporte Avanado de Vida Peditrico.
Fundamental Critical Care Support (FCCS) ou similar.
Mdicos:
Advanced Trauma Life Support (ATLS) ou similar.
Enfermeiros:
Trauma Nursing Core Course (TNCC) ou similar.
Emergency Nursing Pediatric Course ENPC ou similar.
DPNTC (Definitive Perioperative Nurse Trauma Course) ou similar.
Mdicos Cirurgies:
Definitive Surgical Trauma Core Course (DSTC), ou similar.
Cursos
Existem vrios cursos, na rea da Medicina de Emergncia e do trauma creditados por
entidades nacionais e internacionais, reconhecidos pela sua qualidade e utilidade.
Os cursos da rea do pr-hospitalar so da responsabilidade do INEM e da Escola Nacional de
Bombeiros, sendo a sua frequncia obrigatria para os operacionais das respectivas reas
de interveno. Sob a responsabilidade destas instituies, existem cursos especficos de
trauma; no entanto, o plano pedaggico da maior parte dos seus cursos, esto includos os
conceitos base do ATLS.
69
FO R MA O
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
Deve ser identificado um nvel mnimo de treino que cada grupo profissional deve atingir,
relevante para o tipo de servio que desempenha.
>
>
>
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>
>
>
>
>
70
FO R MA O
Bsico de Vida
Avanado de Vida
Imediato de Vida
Avanado de Vida Peditrico
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
Suporte
Suporte
Suporte
Suporte
O curso desenvolve-se em trs dias, e est orientado, primariamente, para a primeira hora da
avaliao do doente traumatizado. Inclui aulas tericas, complementadas com aulas prticas,
onde so apresentados, em manequins, animais anestesiados ou doentes simulados,
procedimentos chave na abordagem inicial (entubao endotraqueal, cricotirotomia, acessos
venosos, drenagem pleural, lavagem peritoneal diagnstica, pericardiocentese, avaliao
imagiolgica de leses e conceitos base na abordagem de trauma por regio orgnica).
>
>
>
>
>
>
>
>
>
71
FO R MA O
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
Curso dirigido a mdicos cirurgies, orientado para o tratamento cirrgico das leses, que
colocam o doente em risco de vida (Damage Control Surgery). D realce tomada de deciso,
desenvolvendo um programa prtico em animais anestesiados, que inclui a estratgia de
explorao e tratamento cirrgico, adaptado realidade de cada Pas, tendo em vista a
capacidade de interveno em situaes de emergncia a qualquer nvel anatmico.
Formao Contnua
A manuteno da competncia necessria ao tratamento de doentes vtimas de trauma requer,
a todos os nveis de interveno, a implementao de um programa de educao e formao
contnua em trauma que, entre outros, deve incluir:
>
>
72
FO R MA O
Curso da International Association for Trauma Surgery and Intensive Care, introduzido em
Portugal pelo Grupo de Trauma do Hospital de S. Joo, disponibilizado tambm pela ALTEC
(Associao Lusitana de Trauma e Emergncia Cirrgica).
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
PHTLS
VMER
SAV /SIV
ATLS
TNCC
DSTC
PR-HOSPITALAR
Mdico
N/A
E (SAV)
N/A
N/A
Enfermeiro
E (SIV)
N/A
N/A
N/A
E (SIV)
N/A
N/A
N/A
N/A
D (SIV)
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
Emergencista
N/A
N/A
N/A
N/A
Anestesista
N/A
N/A
N/A
N/A
HOSPITALAR
73
FO R MA O
Numa Rede de Trauma, deve ter-se uma particular ateno aos Centros de Trauma e seus
elementos com menor exposio clnica (menor casustica) a doentes por trauma. Recomendase que os Centros de Trauma integrantes da Rede desenvolvam planos de aco, que permitam
uma efectiva e eficaz troca de experincia entre as diversas instituies e nveis de
resposta.
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
PHTLS
VMER
SAV /SIV
ATLS
TNCC
DSTC
Cirurgio
N/A
N/A
N/A
Ortopedista
N/A
N/A
N/A
Enfermeiro
N/A
N/A
E (SIV)
N/A
N/A
* Ou equivalente.
TEM Tcnico de Emergncia Mdica (realidade ainda no existente em Portugal, possibilidade em considerao).
TAE Tripulante de Ambulncia de Emergncia.
TAS Tripulante de Ambulncia de Socorro.
74
FO R MA O
SBV
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
CURSO PS-GRADUADO
INTRODUO
Na nossa realidade actual, o doente com doena ou leso grave transportado para o Hospital
da rea mais prximo, por vezes sem recursos para seu tratamento.
Esta situao, extremamente lesiva para o doente, contribui para o atraso no seu tratamento,
o que decisivo para o resultado final, podendo mesmo resultar na irreversibilidade das
leses.
A triagem adequada de doentes, ao permitir a sua referenciao, em funo das leses
observadas ou potencialmente sofridas, para centros com os recursos necessrios, um dos
aspectos fulcrais numa rede de trauma.
OBJECTIVOS
Permitir que as leses, que colocam o doente em risco de vida, sejam adequadamente
tratadas, de acordo com prioridades bem estabelecidas, de forma a potenciar a possibilidade
de sobrevivncia.
Permitir que o doente com leso grave seja referenciado para um centro de trauma com os
recursos necessrios ao seu tratamento.
>
>
75
>
>
A nvel hospitalar, os doentes que se incluem nos critrios de activao de Equipa de Trauma
(ver tabela) devero ser transferidos para a Sala de Emergncia, preparada e com capacidade
para (entre outras):
>
>
>
Ressuscitao.
Controlo da via area, ventilao e equilbrio cardiocirculatrio, independentemente do
nvel e dos recursos hospitalares.
Monitorizao.
>
>
>
76
Ressuscitao:
Avaliao e identificao de sinais clnicos de gravidade.
Aspirao da via area.
Oxigenoterapia com mscara de alto dbito.
Suporte Bsico de Vida.
Suporte Avanado de Vida.
Monitorizao:
Saturao de oxignio arterial perifrico.
Frequncia cardaca e electrocardiograma contnuo.
Presso Arterial, mtodo indirecto.
Dbito urinrio.
Temperatura.
Estabilizao Clnica:
Controlo da hemorragia externa.
Acesso venoso perifrico de grande calibre.
Fluidoterapia compensatria do choque.
Imobilizao da coluna.
TRIAGEM DO DO EN TE C O M TR AU MA
>
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
>
>
>
>
Ressuscitao:
Nvel 3 acrescido de...
Cricotirotomia.
Drenagem Pleural.
Imobilizao de fracturas com fixadores externos.
Toracotomia de Emergncia.
Monitorizao:
Nvel 3 acrescido de...
Determinao do CO2 expirado.
Presso Arterial Directa.
Gases do sangue, incluindo determinao de lactatos e carboxi-hemoglobina.
Acesso venoso central. Monitorizao da presso venosa central.
Monitorizao da presso intra-abdominal e compartimental.
Estabilizao Clnica:
Nvel 3 acrescido de...
Ventilao artificial.
Suporte cardiocirculatrio, incluindo perfuso de aminas simptico-mimticas e
vasopressores.
Suporte
Transfusional e Hemoterapia.
>
>
>
Ressuscitao:
Igual ao Nvel 2.
Monitorizao:
Nvel 2 acrescido de ...
Ecografia.
Ecocardiografia.
Presso Intracraniana.
Presso de Perfuso Cerebral.
Presso da Artria Pulmonar e Dbito Cardaco.
Estabilizao Clnica:
Nvel 2 acrescido de ...
Tcnica dialtica contnua.
Radiologia de interveno.
Unidade Ps-Anestsica.
Unidade de Cuidados Intensivos.
77
TRIAGEM DO DO EN TE C O M TR AU MA
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
>
>
>
>
>
CRITRIOS RELATIVOS
Projeco do veculo
Atropelamento
Anatomia da Leso
Deformidade/Intruso no veculo
Capotamento
Retalho costal
Fractura de 2 ou + ossos longos
Factores de Comorbilidade
Fractura da Bacia
Associao trauma-queimaduras
Queimaduras Major
2 Grau > 20%
3 Grau > 5%
78
Gravidez
Teraputica de risco: bloqueadores, digitlico,
anticoagulantes
TRIAGEM DO DO EN TE C O M TR AU MA
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
PROCEDIMENTOS NORMAS
Intoxicao Alcolica
Prioridades Assistenciais
A assistncia clnica, no local do acidente, exige uma actuao sistematizada, rpida,
estabelecendo uma sequncia por prioridades, potencialmente letais, do tipo problema
encontrado, problema resolvido. Esta sequncia de actuao por prioridades de todos
conhecida:
A Via Area com imobilizao da coluna.
B Ventilao Respirao.
C Cardiovascular com controlo da hemorragia.
D Disfuno Neurolgica.
E Exposio com preveno da hipotermia.
A valorizao inicial destes dados, o mecanismo e o tipo de leso determinam o processo e o
nvel de triagem.
As normas e os procedimentos relacionados com o A,B,C,D,E sero abordados no captulo
seguinte AVALIAO INICIAL.
Controlo da Coluna
No tratamento do grande traumatizado, de considerar a possibilidade de leso da coluna e,
como tal, proceder mobilizao em bloco total.
Critrios para imobilizao em plano duro e com colar cervical:
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
Atropelamento.
Projeco do veculo.
Vtima de capotamento.
Vtimas mortais no acidente.
Encarceramento > 20 minutos.
Acidente em veculo de 2 rodas > 30 km/hora.
Acidente em veculo de 4 rodas > 50 km/hora.
Grande deformidade / intruso no veculo acidentado.
Tentativa de enforcamento.
Submerso ou afogamento.
Queda > 3 metros.
Trauma acima do trax.
Leso neurolgica.
Depresso do estado neurolgico (GCS < 14).
79
TRIAGEM DO DO EN TE C O M TR AU MA
CRITRIOS RELATIVOS
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
CRITRIOS ABSOLUTOS
A imobilizao do doente deve ser efectuada em plano duro, mantendo-se a coluna cervical
imobilizada com colar cervical e com imobilizadores laterais:
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
80
Devem ser transferidos para um Centro de Trauma mais prximo todos os doentes que
possuam os critrios de identificao de trauma grave. Devem seguir-se as orientaes da
equipa mdica coordenadora de emergncia mdica (CODU).
Devem existir protocolos claros de transferncia de doentes a nveis local, regional e
nacional, para que o doente seja transferido apenas para um hospital creditado na rea de
trauma e que possua os recursos necessrios para a avaliao e para o tratamento das
leses observadas, ou potencialmente existentes. Se a distncia e a gravidade da situao
no o permitirm, o doente deve ser transferido para o Centro de Trauma mais prximo, para
ressuscitao e estabilizao imediatas, com posterior transferncia para centro definitivo.
A equipa do INEM ou o centro coordenador (CODU) valorizar as leses observadas e as
necessidades teraputicas, orientando o doente para o hospital com capacidade tcnica
para as resolver definitivamente, tendo a responsabilidade de avaliar continuamente os
recursos disponveis:
Num sistema de triagem institucionalizado, em nenhuma circunstncia um Hospital
creditado de referncia pode recusar um doente por falta de vagas. O Hospital deve
receber o doente, responsabilizando-se pela avaliao e pelo tratamento inicial, bem
como pela referenciao posterior, depois da recuperao funcional mnima do
doente.
Um Hospital de referenciao intermdia, em nenhuma circunstncia deve transferir
um doente por falta de recursos especializados (Neurocirurgia, Cirurgia Vascular,
Cuidados Intensivos, Imagiologia ou outra) sem, previamente, corrigir as alteraes
clnicas fisiolgicas encontradas na avaliao inicial (A,B e C da ressuscitao) e que
TRIAGEM DO DO EN TE C O M TR AU MA
Imobilizao do Politraumatizado
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
O controlo da via area, se indicado, deve efectuar-se sem hiper-extenso nem traco da
coluna cervical, apenas com imobilizao.
Comunicao Clnica
As informaes clnicas devem ser comunicadas de forma organizada, segundo a metodologia
de prioridades ABCDE:
>
>
>
>
>
Mecanismo de leso.
Avaliao inicial:
Estado da via area e procedimentos efectuados.
Estado da ventilao e procedimentos efectuados.
Estado da circulao e procedimentos efectuados.
Estado neurolgico.
Resposta do doente s medidas efectuadas.
Problemas e intercorrncias.
Resumo das leses encontradas.
RECURSOS TCNICOS
Paramdico
Enfermeiro
Mdico
Protocolo de Triagem
E
E
E
E
E
E
E
E
E
NA
Administrar oxignio
Avaliao Clnica
Procedimentos
81
TRIAGEM DO DO EN TE C O M TR AU MA
>
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
>
Nvel de Cuidados
Enfermeiro
Mdico
NA
Ventilao artificial
NA
NA
NA
NA
NA
NA
NA
NA
Iniciar fluidoterapia
NA
Normas Clnicas
N/A
NA
NA
NA
NA
NA
NA
Comunicao Standardizada
Precaues Universais
Registo do incidente
Entubao orotraqueal
Ventilao manual com mscara e ambu
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
82
No administrar oxignio.
No imobilizar o doente com colar cervical semi-rgido.
Imobilizar a coluna cervical com colar de Zimmer.
No imobilizar o doente em plano duro.
No imobilizar as fracturas.
No administrar analgsicos.
Avaliao clnica inadequada, no reconhecendo sinais de gravidade.
No activar o INEM por inadequado reconhecimento de gravidade ou excesso de zelo.
Tempo de actuao exagerado no local do acidente (> 20 minutos).
Insuficincia de documentao e registo das leses encontradas.
Transporte do doente sem monitorizao.
Transporte de doente para centro sem recursos tcnicos ou humanos.
TRIAGEM DO DO EN TE C O M TR AU MA
Paramdico
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
RECURSOS TCNICOS
83
TRIAGEM DO DO EN TE C O M TR AU MA
>
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>
>
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>
>
>
>
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>
>
>
>
>
>
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
INDICADORES DE QUALIDADE
Perante a implementao de uma Rede de Trauma, espera-se do seu resultado uma diminuio
significativa da morbilidade e da mortalidade. No entanto, esses resultados devem ser
validados, perante dados objectivos e mensurveis.
A avaliao de todo o processo de trauma fundamental, tambm, com o objectivo de analisar
a eficcia do sistema (operacionalidade), a eficcia e a qualidade dos cuidados prestados, bem
como permitir desenvolver planos para a correco das anomalias encontradas, de acordo com
normas de boa prtica.
O processo de trauma complexo, envolvendo vrias fases de tratamento (pr-hospitalar e
hospitalar), e vrias disciplinas mdicas, bem como outras disciplinas de sade (bombeiros,
enfermeiros, tcnicos, etc.). A natureza desta multi-dimensionalidade do processo exige um
programa bem estabelecido de avaliao peridica de qualidade, que incorpore todas as reas
e elementos do sistema.
Recomendaes
1. Um Plano de Avaliao e Melhoria de Qualidade deve ser desenvolvido e implementado
a todos os nveis da Rede de Trauma.
2. Este plano tem como objectivo analisar as reas e as actividades a desenvolver pelas
entidades competentes para uma melhor preveno da leso, avaliar a eficcia do
sistema, assim como a qualidade dos cuidados e seus resultados perante cada tipo
de leso.
3. Uma Rede de Trauma deve ter constituda uma Comisso Tcnica de Trauma, que tem
como responsabilidade acompanhar e auditar todo o processo da Rede de Trauma,
sugerindo correces junto das entidades competentes, quando necessrio.
4. A referida Comisso Tcnica de Trauma deve trabalhar em estreita colaborao com as
entidades ou grupos, que possam existir no mbito do Ministrio da Sade, para a
qualificao e o acompanhamento da Rede de Urgncias.
5. Todas as entidades e os Hospitais da Rede de Trauma devem ter um registo de dados
mnimos, para anlise de dados demogrficos, epidemiolgicos, clnicos e de
resultados. O registo de outros dados pode ser estabelecido, de acordo com as
necessidades especficas de cada entidade ou instituio.
6. Todas as entidades ou instituies devem identificar um responsvel pelo registo e
pela apresentao de dados.
85
REGISTO DE TRAUMA
Numa Rede de Trauma, o registo de dados fundamental, sendo tambm essencial em
qualquer um dos seus componentes.
86
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
AVALIAO DO P RO C ESSO D E TR AU MA
7. O registo de trauma mnimo deve ser desenvolvido a nvel nacional, mediante parecer
tcnico da Ordem dos Mdicos, ficando sob a responsabilidade do Ministrio da Sade
o seu desenvolvimento, a sua implementao e o seu financiamento, delegando numa
Comisso Tcnica de Trauma a anlise peridica da Rede de Trauma.
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
A sua incidncia.
Prevalncia geogrfica.
Causas e severidade da leso.
Identificao do acesso de cuidados.
Eficcia do tratamento e desvios das normas.
Resultados e custos associados.
A anlise destes dados permite delinear estratgias para:
na
>
>
>
AVALIAO DE QUALIDADE
Em cada um dos componentes da Rede de Trauma, para alm da anlise do registo de trauma,
recomenda-se que sejam desenvolvidas outras metodologias de melhoria de qualidade, que
podem incluir:
>
87
AVALIAO DO P RO C ESSO D E TR AU MA
>
>
NDICES DE GRAVIDADE
A caracterizao da severidade da leso fundamental, tendo como objectivos:
>
>
>
>
88
Espontnea
Orientada
Obedece a ordens
voz
Confusa
Localiza a dor
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
>
AVALIAO DO P RO C ESSO D E TR AU MA
>
dor
Inapropriada
Sem resposta
Incompreensvel
Sem resposta
Sem resposta
13 a 15 pontos
TCE Moderado
9 a 12 pontos
TCE Grave
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
PARTS
GCS
NDICE
10-29
> 89 mmHg
13-15
> 29
76-89
9-12
6-9
50-75
6-8
1-5
1-49
4-5
Nenhum
89
AVALIAO DO P RO C ESSO D E TR AU MA
1 Menor (leve)
Cabea e Pescoo
2 Moderado
Face
Trax
Abdmen e Plvis
Externo Geral
b1 (RTS)
b2 (ISS)
b3 (A)
Fechado
-1.2470
0.9544
-0.0768
-1.9052
Penetrante
-0.6029
1.1430
-0.1516
-2.6676
90
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
REGIO
AVALIAO DO P RO C ESSO D E TR AU MA
NDICE LESO
Os cdigos ICD-9 tm ainda como utilidade, para alm da identificao do diagnstico das
leses, o facto de poderem ser utilizados como critrios de incluso para o registo de trauma.
Os cdigos de diagnstico ICD-9 de trauma correspondem aos cdigos ICD9-CM 800 a 904,
910 a 959, e 994,1 (afogamento), 994,7 (asfixia) e 994,8 (electrocusso), havendo algumas
excepes, como os cdigos ICD9-CM 930-939 (corpos estranhos), que devero ser includos,
se provocarem leso, e o cdigo ICD9-CM 820 em doente > 65 anos, fractura isolada do colo
do fmur, que opcional, em funo da severidade e da causa externa.
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
Derivado do ICD9, o ICD-9 Injury Severity Score (ICISS) um ndice de gravidade anatmico,
que utiliza um ratio de sobrevivncia (SRRs) calculado para cada diagnstico ICD-9. Este ndice
parece ter uma melhor correspondncia com os resultados, em relao ao ISS, pelo facto de
ser mais sensvel a comorbidades que o doente possa apresentar.
NDICES DE RESULTADO
>
>
>
>
>
91
AVALIAO DO P RO C ESSO D E TR AU MA
>
>
>
92
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
AVALIAO DO P RO C ESSO D E TR AU MA
Este ndice tem sido largamente utilizado, com o objectivo de uniformizar a avaliao e a
classificao do processo de reabilitao e do resultado funcional ps-leso.
>
>
>
>
Suplemento de Oxignio
A leso aumenta as necessidades de oxignio em doentes, por vezes, com anemia aguda.
Todos os doentes vtimas de trauma devem ter um suplemento de oxignio.
>
>
>
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
Lista de Indicadores
93
AVALIAO DO P RO C ESSO D E TR AU MA
94
>
>
>
>
>
Referenciao obrigatria
Em nenhuma circunstncia, um hospital creditado de referncia pode recusar um doente
por falta de vagas. Deve receb-lo responsabilizando-se pela avaliao, pelo tratamento
inicial e pela referenciao final, caso necessrio, aps a recuperao funcional mnima
do doente. De igual modo, um Hospital de referenciao intermdia tem o dever e a
obrigao de informar o mdico do Hospital a referenciar da condio clnica do doente e
dos procedimentos efectuados, aps a obrigatria estabilizao clnica do doente
(A,B,C...), antes da sua referenciao.
>
Registo Clnico
O registo clnico correctamente preenchido fundamental e indispensvel, para avaliao
e acertos de funcionalidade de um sistema integrado de trauma, e indispensvel para a
investigao. Refere-se presena do registo, bem como sua informao correcta e
completa de dados mnimos.
>
>
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
AVALIAO DO P RO C ESSO D E TR AU MA
>
>
>
>
>
>
>
>
>
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
>
95
AVALIAO DO P RO C ESSO D E TR AU MA
96
>
>
>
>
Hipotermia
A hipotermia est associada a mau prognstico, pelo que deve ser evitada e controlada
eficazmente, aumentando a temperatura ambiente, a utilizao de mantas isotrmicas, a
exposio limitada, a administrao de fluidos aquecidos.
>
>
>
>
>
Sonda Orogstrica
Nos doentes com suspeita ou com traumatismo cerebral, a sonda gstrica deve ser
colocada por via oral. As fracturas do macio facial ou da base do crnio podem possibilitar
a colocao da sonda, dentro do espao cerebral, quando colocada por via nasal.
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
>
AVALIAO DO P RO C ESSO D E TR AU MA
livre intra-abdominal ou torcico (hemorragia interna), pelo que deve ser efectuada
precocemente (fase C da reanimao).
>
>
>
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
>
Traumatismo do Pescoo
>
>
Traumatismo Vrtebro-Medular
>
>
97
AVALIAO DO P RO C ESSO D E TR AU MA
Traumatismo Crnio-Enceflico
Traumatismo Torcico
>
>
>
>
Traumatismo Abdominal
>
>
>
>
98
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
AVALIAO DO P RO C ESSO D E TR AU MA
>
>
>
Sndrome Compartimental
O desenvolvimento de sndrome compartimental, documentado com valores superiores a
20 mmHg, deve ser registado.
>
Infeces Nosocomiais
Devem ser registadas, como indicadoras, todas as infeces relacionadas com o processo
cirrgico (da parede, abcessos, etc.)
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
Antibioterapia Profilctica
A antibioterapia profilctica deve ser restrita e adequada aos casos de risco de infeco.
So fortemente recomendados, a todos os nveis, protocolos de antibioterapia profilctica.
Refere-se a ausncia de protocolo ou administrao de antibitico no protocolado ou
recomendado.
Traumatismo Plvico
>
>
>
>
Traumatismo Msculo-esqueltico
>
99
AVALIAO DO P RO C ESSO D E TR AU MA
>
>
>
Traumatismo Vascular
>
>
Queimaduras
>
>
100
>
>
>
>
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
AVALIAO DO P RO C ESSO D E TR AU MA
>
>
Infeco Nosocomial
Qualquer infeco documentada por cultura a nvel de:
Ferida operatria.
Cateter.
Dreno.
Urinria.
Intra-Abdominal ou Peritonite.
Pneumonia (Febre, Leucocitose, Infiltrado, Cultura Positiva).
>
>
Barotrauma
Pneumotrax iatrognico (por ventilador ou por procedimento).
>
Leso neurolgica
Paralisia, parsia ou disfuno neurolgica no esperada.
>
>
Embolia Pulmonar
Embolia pulmonar documentada por angiografia, TAC helicoidal ou cintigrafia.
>
>
Morte
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
AVALIAO DO P RO C ESSO D E TR AU MA
>
101
RECURSOS
LISTA DE VERIFICAO
Nvel de Atendimento
RECURSOS
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Programa de Trauma
Protocolos Clnicos
Registo de Trauma
Programas de Preveno
Programa de Investigao
N/A
Servio de Hemoterapia
N/A
N/A
Divises Hospitalares:
rea de Reanimao (Sala de Emergncia)
Sala de Operaes 24 h/dia
Acesso a Anlises
103
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
N/A
Radiologia Avanada RM
N/A
N/A
N/A
N/A
Radiologia de Interveno*
N/A
N/A
N/A
N/A
Unidade Ps-Anestsica
N/A
N/A
N/A
Unidade de Queimados*
N/A
N/A
Servio de Reabilitao*
N/A
Capacidade de Hemodilise
N/A
* ou protocolo de referenciao
Nvel de Atendimento
RECURSOS
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Anestesia
N/A
Cirurgia Geral
N/A
Ortopedia
N/A
Neurocirurgia
N/A
N/A
Radiologia
N/A
Medicina Intensiva
N/A
Cirurgia Cardio-Torcica
N/A
N/A
Cirurgia Vascular
N/A
N/A
Cirurgia Plstica
N/A
N/A
Especialidades Clnicas:
Mdico Emergencista
Urologia
Ginecologia/Obstetrcia
Oftalmologia
Otorrinolaringologia
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
Pneumologia
N/A
N/A
Gastroenterologia
N/A
N/A
Enfermagem
104
N/A
R EC U R SO S
Nvel 3
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
RECURSOS
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
Enfermeiro
Mdico Anestesista
N/A
N/A
Mdico Intensivista
N/A
Mdico Neurocirurgio
N/A
N/A
Mdico Ortopedista
N/A
Mdico Radiologista
N/A
Segundo Enfermeiro
N/A
N/A
E3
N/A
N/A
E3
N/A
N/A
E*
N/A
N/A
N/A
N/A
E3
Ginecologia/Obstetrcia
N/A
N/A
Hemoterapia
N/A
Nefrologia
N/A
N/A
Neurorradiologia
N/A
N/A
Oftalmologia
N/A
N/A
Otorrinolaringologia
N/A
N/A
N/A
N/A
E3
N/A
N/A
Batas esterilizadas
Luvas esterilizadas
Cirurgia Cardio-Torcica
Cirurgia Maxilo-Facial
Cirurgia Vascular
Gastroenterologia
Pneumologia
Urologia
R EC U R SO S
Nvel 3
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
RECURSOS
2
3
Emergencista - mdico de qualquer especialidade c/ formao e experincia em medicina de emergncia, reconhecida pela
Ordem dos Mdicos.
A rentabilizar, quando presente.
Preveno ou transferncia em tempo til.
105
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
Maca de reanimao:
N/A
Mdico de Ortopedia:
Leito Duro
Capacidade de transporte
106
R EC U R SO S
Nvel 3
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
RECURSOS
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
N/A
N/A
2 Tomadas de vcuo
3 Tomadas de oxignio
2 Tomadas de ar comprimido
1 Foco porttil
N/A
R EC U R SO S
Nvel 3
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
RECURSOS
Nvel de Atendimento
RECURSOS
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Computador Internet
Telemedicina
N/A
107
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
N/A
Oximetria de Pulso
Temperatura
CO2 expirado
Kit Cricotirotomia
N/A
N/A
Kit Algaliao
Kit Cistotomia
N/A
Kit Pericardiocentese
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
Imobilizao:
Plano Duro
Fixadores Laterais
N/A
Mantas Isotrmicas
Aquecedor de Soros
Sistema de infuso de soros alto dbito
108
R EC U R SO S
Nvel 3
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
RECURSOS
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
2 Estetoscpios
Otoscpio
Ecgrafo porttil
N/A
Ecocardigrafo
N/A
Electrocardigrafo de 12 derivaes
N/A
N/A
Contentor de agulhas
Negatoscpio
Clamps
Terminal de computador
Intranet
Internet
Telemedicina
Cnulas nasais
Ps de desfibrilhao peditricas
Ps de desfibrilhao interna
Rx porttil
R EC U R SO S
Nvel 3
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
Laringoscpio:
Tubos endotraqueais:
Adulto (6 a 9 c/cuff)
109
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
Aramado (7 a 9 c/cuff)
Kit Cricotirotomia
Peas em T
Nebulizador
Adultos (3, 4)
Pina de MaGill
N/A
Nvel de Atendimento
RECURSOS
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Suporte de soros
Bombas perfusoras
Seringas perfusoras
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
110
R EC U R SO S
Nvel 3
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
N/A
N/A
N/A
lcool 70
Adesivo
Pensos
Ligaduras de fibra
Ligaduras de algodo
Agulhas hipodrmicas
Seringas
Agulhas de Tuhoy
Sistemas de soros
Sistemas de transfuso
N/A
Prolongadores
Bionecteurs
Torneiras de 3 vias
Outros:
Protocolo de analgesia sistmica
Protocolo de analgesia epidural
Consumveis:
2 cc
5 cc
10 cc
Sistemas de auto-transfuso
20 cc
50 cc
R EC U R SO S
Nvel 3
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
RECURSOS
111
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
Garrote
Sistema vacutainer
Fios de sutura
Bisturis
Tubos de anlises:
N/A
Hemograma
N/A
Bioqumica
N/A
Estudo da coagulao
N/A
Fita de nastro
Sondas Nasogstricas
Alglias 14 / 16 / 18 / 20
Debitmetros
Sacos colectores
Sonda de Blackmore
Elctrodos
Gel
Microbiologia:
N/A
Recolha de urina
N/A
Frascos de Hemoculturas
N/A
Tubos de ensaio
N/A
Frmacos:
cido acetilsaliclico
cido aminocaprico
Adenosina
Adrenalina
Aminofilina
Amiodarona
Atropina
112
R EC U R SO S
Nvel 3
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
RECURSOS
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
R EC U R SO S
Nvel 3
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
RECURSOS
113
Nvel de Atendimento
Hidroxizina
Isoprenalina
Labetalol
Levobupivacana
Lidocana 1%
Lidocana 2%
Lidocana Gel 2%
Lidocana spray
Metilprednisolona
Metoclopramida
Midazolam
Morfina
Naloxona
Nimodipina
Noradrenalina
Paracetamol
Parecoxibe
Propofol
Propanolol
Ranitidina
Remifentanil
Ropivacana
Salbutamol ampolas
Salbutamol, soluo respiratria
Salicilato de Lisina
Succinilcolina (Suxametnio)
Sulfato de Magnsio
Tramadol
Vecurnio
Soros e Similares:
gua Destilada
Cloreto de Sdio Hipertnico a 20%
Cloreto de Sdio Hipertnico a 5%
Glicose a 5%
114
100 cc
250 cc
500 cc
Nvel 2
Nvel 1
R EC U R SO S
Nvel 3
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
RECURSOS
Nvel de Atendimento
Glicose a 5% em SF
Glicose a 10%
Colides (Hidroxietil Amido a 6% 130/0.4)
Lactato de Ringer
Manitol 20%
Polielectroltico com glicose (Ionosteril G)
Polielectroltico simples (Ionosteril)
Soro atropinizado
Soro Fisiolgico
100 cc
500 cc
1000 cc
Nvel 2
Nvel 1
R EC U R SO S
Nvel 3
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
RECURSOS
115
Committee on Traume, American College of Surgeons, Resources for Optimal Care of the Injured
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B IB LIO G R AFIA
CENTROS DE TRAUMA
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
BIBLIOGRAFIA
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B IB LIO G R AFIA
FORMAO
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
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B IB LIO G R AFIA
HR, Champion, et al, Trauma Score, Crit Care Med 9:672-676, 1981.
ORGA NI ZAO EM T RA UM A
III
NORMAS DE BOA PRTICA EM TRAUMA
119
INTRODUO
A morte por trauma apresenta uma distribuio tri-modal, quando avaliada em funo do
tempo, aps o incio da leso.
>
>
>
Morte Imediata que ocorre na primeira hora, provocada, quase sempre, por leses
irreversveis do crebro, do tronco cerebral, do corao e/ou dos grandes vasos.
Morte Precoce que ocorre nas primeiras 4 a 8 horas, geralmente causada por
hemorragia interna, a nvel torcico, abdominal, plvico, msculo-esqueltico e/ou
sistema nervoso central. Situaes potencialmente evitveis, luz dos conhecimentos
e recursos existentes.
Morte Tardia que ocorre dias ou semanas aps a leso inicial, resultante de infeco,
complicaes cirrgicas e/ou falncia multi-orgnica. Situaes potencialmente evitveis
perante uma abordagem clnica adequada, em tempo til, prevenindo a leso
secundria.
A fase de reanimao a chave para o prognstico clnico do doente. Durante este perodo,
so identificadas e tratadas as leses que colocam o doente em risco de vida, o sistema
respiratrio e cardiovascular estabilizado e efectuado um inventrio conciso das leses
sofridas, para elaborao de um plano teraputico de curto, mdio e longo prazo. Estas podem
ser corrigidas de imediato ou a curto prazo (< 24 horas), eventualmente em segundo tempo,
quando colocarem em risco a recuperao de outras.
O sucesso da fase de reanimao e do resultado do tratamento est dependente de uma
avaliao clnica sistematizada e bem estruturada, bem como do nvel de percia tcnica e
cientfica exercida.
OBJECTIVOS
Todos os doentes com trauma grave devem ter uma abordagem adequada, sistematizada e
estruturada, de forma a recuperar integralmente o doente ou minorar as consequncias das
leses:
>
>
>
>
121
>
>
>
>
>
A
B
C
D
E
Este perodo de cuidados clnicos exige aces bem coordenadas. A metodologia de interveno
deve ser efectuada de uma forma horizontal, isto , em equipa, em que cada elemento tem
objectivos claros e responsabilidades bem estabelecidos nessa sequncia de interveno,
possibilitando uma mais rpida identificao e correco das anomalias encontradas.
necessrio:
>
>
>
>
Avaliao inicial
A abordagem inicial do doente traumatizado deve ser efectuada em qualquer nvel de cuidados,
idealmente em reas identificadas como Centros de Trauma. Mais do que os recursos existentes,
a abordagem inicial est dependente da organizao e da estruturao do atendimento.
122
AVALIAO INICIAL DO DO EN TE C O M TR AU MA
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
O trauma requer uma abordagem por prioridades, avaliando, passo a passo, as leses que
condicionam o transporte ou o fornecimento de oxignio s clulas, na metodologia problema
encontrado = problema resolvido. A profundidade e a durao de falta de oxignio aos tecidos
colocam o doente em risco de morte ou disfuno multiorgnica. No trauma, este risco est
presente por leso directa de rgos, edema subsequente, leses que comprometem a via
area ou as trocas pulmonares, ou ainda choque/hipotenso sustentada e anemia, todas
situaes comuns no trauma grave.
AVALIAO INICIAL DO DO EN TE C O M TR AU MA
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
VIA AREA
A avaliao consiste numa observao rpida e correco de sinais de compromisso da via
area.
considerado essencial a todos os nveis e para todos os profissionais de sade:
>
>
123
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
Apneia.
Escala de Coma de Glasgow < 9.
Actividade comicial persistente.
Agitao de difcil controlo em doente com suspeita de fractura da coluna.
Fracturas da face instveis, em particular em doente com depresso do estado
neurolgico.
Leses da via area.
Vollet Torcico com esforo respiratrio importante.
Risco elevado de aspirao.
Hipxia sustentada (SaO2<92%).
Choque sustentado (Presso arterial sistlica < 75 mmHg), apesar de manobras de
reanimao.
Leso cervical alta com tetraplegia.
Queimaduras de 2ou 3grau da face, do pescoo ou de inalao.
124
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Aspirao de secrees
Entubao endotraqueal
Cricotiroidotomia
AVALIAO INICIAL DO DO EN TE C O M TR AU MA
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
Aspirao orofarngea.
Utilizao de tubos orofarngeos (tubos de Guedel ou de Mayo).
Ventilao manual com mscara e insuflador manual.
Experincia em manobras avanadas de proteco da via area.
Entubao endotraqueal.
Cricotiroidotomia.
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
Oxignio
Aspirador
Laringoscpio
Tubos endotraqueais
Forceps de Magill
N/A
AVALIAO INICIAL DO DO EN TE C O M TR AU MA
Nvel 3
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
VENTILAO
A avaliao da ventilao ocorre aps a avaliao e o controlo da via area. considerado
essencial a todos os nveis e para todos os profissionais de sade:
>
>
>
>
125
A hipoxemia num doente com trauma ventilado com FiO2 de 100% coloca como hipteses:
>
>
>
>
>
>
VENTILAO CONHECIMENTO
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Administrao de oxignio
Ventilao mecnica
Oxignio
Ar comprimido
Estetoscpio
Drenos Torcicos
Oximetria de pulso
N/A
Ventilador mecnico
Ventilao Equipamento
126
AVALIAO INICIAL DO DO EN TE C O M TR AU MA
>
>
>
>
>
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
>
>
>
>
Controlar a hemorragia.
Repor o dfice de oxignio:
Reposio do volume plasmtico.
Reposio da massa eritrocitria.
Controlar a acidose tecidular.
Evitar a hipotermia.
>
>
>
Dfice de base.
Lactato srico.
Dbito urinrio.
>
>
>
>
AVALIAO INICIAL DO DO EN TE C O M TR AU MA
O objectivo da reanimao no atingir uma presso arterial normal, mas sim atingir uma
oxigenao adequada a nvel celular. Um doente pode estar hemodinamicante estabilizado
custa de uma vasoconstrio. Contudo, tal no garante o transporte de oxignio para as
necessidades energticas celulares.
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
>
>
Iniciar fluidoterapia com cristalides sem glicose, dois litros de soros aquecidos e observar
a resposta hemodinmica.
Manter um hematcrito acima dos 30%.
127
>
>
>
No trauma, a causa mais comum de choque o hemorrgico; porm outras causas menos
frequentes podem existir ou mesmo co-existir choque neurognico (vrtebro-medular), choque
cardiognico, choque obstrutivo (tamponamento cardaco ou pneumotrax hipertensivo) e
choque sptico.
A capacidade de tratar o choque neurognico (hipotenso e bradicardia por bloqueio do
sistema adrenrgico) implica o conhecimento e a experincia na utilizao de frmacos vasoactivos por acesso venoso central (das poucas situaes com essas indicaes). A utilizao
de metilprednisolona tem sido recomendada nas situaes de leso medular fechada.
128
AVALIAO INICIAL DO DO EN TE C O M TR AU MA
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
Nvel de Atendimento
CARDIOVASCULAR GERAL
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Administrao de oxignio
N/A
Manta isotrmica
D*
Ecgrafo porttil
Kit de Pericardiocentese
Cardiovascular Equipamento
Monitorizao base (FC, ECG, PArterial indirecta, Oximetria de Pulso,
Temperatura, Dbito Urinrio)
Monitorizao avanada (Gasimetrias, Lactatos Sricos, PVC,
PArterial Directa)
AVALIAO INICIAL DO DO EN TE C O M TR AU MA
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
DISFUNO NEUROLGICA
O conceito mais importante, como prioridade neurolgica, a preveno das leses secundrias
provocadas pela hipoxia e hipotenso.
129
Espontnea
4 Orientada
5 Obedece a ordens
voz
3 Confusa
4 Localiza a dor
dor
2 Inapropriada
Sem resposta
1 Incompreensvel
Sem resposta
Sem resposta
>
>
>
>
>
>
>
>
130
AVALIAO INICIAL DO DO EN TE C O M TR AU MA
Nesta fase, a avaliao do estado neurolgico do doente assenta no ndice de Escala de Coma
de Glasgow (GCS) e na avaliao de sinais de lateralizao e avaliao pupilar.
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
Nvel de Atendimento
DISFUNO NEUROLGICA
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Administrao de oxignio
Manuteno da normotenso
Manuteno da normocarbia
EXPOSIO
A avaliao do doente com trauma grave deve ser efectuada sem roupa, permitindo uma
observao de todo o corpo, incluindo a regio dorsal.
AVALIAO INICIAL DO DO EN TE C O M TR AU MA
O trauma cerebral grave tem, como complicao frequente, alteraes da coagulao por
activao do sistema fibrinoltico. Ponderar utilizao precoce de Plasma Fresco.
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
131
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
Aquecimento ambiente
Mantas isotrmicas
Aquecimento de soros
Monitorizao
Monitorizao recomendada a todos os nveis:
>
>
>
>
>
>
>
>
Frequncia respiratria.
Oximetria de pulso.
CO2 expirado em doentes ventilados.
Electrocardiograma e frequncia cardaca.
Presso arterial.
Gases do sangue.
Temperatura.
Dbito urinrio.
>
Lactatos Sricos.
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
132
AVALIAO INICIAL DO DO EN TE C O M TR AU MA
Nvel 3
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
EXPOSIO
>
>
>
>
>
>
>
>
>
Rx antero-posterior do Trax.
Rx antero-posterior da Coluna Cervical.
Rx de perfil da Coluna Cervical.
Rx antero-posterior e de perfil de toda a Coluna, se doente em coma ou no
colaborante.
Rx da Bacia.
Ecografia Toraco-Abdominal.
AVALIAO INICIAL DO DO EN TE C O M TR AU MA
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
Imagiologia
>
>
>
>
>
133
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
Oximetria de Pulso
Dbito urinrio
Temperatura
Frequncia Respiratria
Gases do sangue
N/A
Lactatos Sricos
Glicemia Capilar
Sonda gstrica
Algaliao
Estudo da Coagulao
N/A
D*
Bioqumica
Alcoolemia
Toxicologia
N/A
N/A
Rx do Trax
Rx da Coluna
Rx da Bacia
N/A**
N/A
Angiografia
N/A
N/A
Monitorizao
Rotinas e Colheitas
Imagiologia
Ecografia abdominal
AVALIAO SECUNDRIA
Aps a fase de reanimao e avaliao primria do doente traumatizado grave, por vezes existe um
perodo de menor ateno da equipa de trauma, situao que pode contribuir para a no deteco
134
AVALIAO INICIAL DO DO EN TE C O M TR AU MA
Nvel 3
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
Durante este perodo, j foi efectuada uma srie de procedimentos e atitudes complementares
de diagnstico e teraputica:
>
>
>
>
>
>
>
>
Analgesia adequada.
Profilaxia antibitica.
Profilaxia anti-tetnica.
Anlises clnicas.
Registos de dados que permitem a caracterizao da situao.
Avaliao da evoluo da resposta teraputica instituda.
Definio de diagnsticos de presuno.
Formulao de um plano de actuao, para tratamento definitivo e identificao do destino
final do doente.
AVALIAO INICIAL DO DO EN TE C O M TR AU MA
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
de leses menos evidentes ou ocultas. Por outro lado, existem lexes que, pela sua aparncia e
gravidade, podem desviar a ateno de outros ferimentos graves, mas ainda sem semiologia
evidente, ou at sem sinais, porque, por exemplo, o doente encontra-se sedado, entubado e em
ventilao mecnica. Caso passe despercebida qualquer leso, tornar-se- mais difcil o seu
diagnstico posterior, pois haver a presuno de que o doente foi avaliado na sua totalidade.
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>
>
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>
AVALIAO SECUNDRIA
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Cabea
Inspeco de leses no couro cabeludo e face.
135
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
Inspeco do trax
Sinais de contuso
Palpao de toda a grade costal
Enfisema subcutneo
Crepitao ou dor por fracturas de costelas
Palpao da clavcula e da omoplata
Palpao do esterno
Percusso do trax:
Timpanismo pneumotrax
Macicez hemotrax
Dor
Auscultao bilateral
Suspeita de leso:
Leso heptica
Leso esplnica.
Inspeco do perneo:
Hematoma do escroto ou perneo
Leso penetrante
Hemorragia recto, vulva, meato urinrio
Hematria
Esfncter anal na tetraplegia
Pescoo:
Hematomas
Desvio da traqueia
Dor ou dismorfia
Trax:
Abdmen:
136
AVALIAO INICIAL DO DO EN TE C O M TR AU MA
Nvel 3
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
AVALIAO SECUNDRIA
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
Sndrome do Compartimento:
Fractura ou hemorragia numa rea fechada
Fractura dos ossos da perna
Leso intra-abdominal
Leso vascular, originando isquemia.
Queimaduras do 3 grau
Encarceramento prolongado
AVALIAO INICIAL DO DO EN TE C O M TR AU MA
Nvel 3
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
AVALIAO SECUNDRIA
Dorso
Reanimao
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137
Monitorizao
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Circulao
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138
AVALIAO INICIAL DO DO EN TE C O M TR AU MA
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NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
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Suplemento de Oxignio.
Cateterizao de veias perifricas com dois catteres 14 ou 16 G.
Avaliao e estabilizao do doente em hospital referenciador < 1 hora (excepto se
necessitou de estabilizao clnica cirrgica).
Leso Cerebral cirrgica transferncia e cirurgia < 4 horas.
Luxao Articular Major Reduo < 1 hora.
Isquemia dos membros Revascularizao < 4 horas.
Hemorragia interna cirrgica controlada (hospital com capacidade cirrgica).
Equipa de Trauma atendimento < 3 minutos.
Avaliao Inicial hospitalar < 20 minutos.
Ecografia / FAST, includa no tempo da avaliao inicial.
Equipa Consultiva de Trauma accionada < 20 minutos, aps admisso.
Administrao de sangue, antes de 2000 ml de soluo hdrica.
Incio da cirurgia < 1 hora no trauma penetrante.
Exames radiolgicos, incluindo TAC tempo de execuo < 1 hora.
Hipotermia.
Hemoglobina 8,5 g/dl, aps avaliao inicial.
AVALIAO INICIAL DO DO EN TE C O M TR AU MA
>
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>
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
INDICADORES DE QUALIDADE
139
TRAUMATISMOS CRNIO-ENCEFLICOS
TRAUMATISMOS CRNIO-ENCEFLICOS LIGEIROS E MODERADOS
Ver Protocolo Nacional de Traumatismos Crnio-Enceflicos
TRAUMATISMOS CRNIO-ENCEFLICOS GRAVES
INTRODUO
Os traumatismos crnio-enceflicos so um problema maior de sade pblica e social.
A frequncia e a gravidade das leses colocam um desafio importante na organizao do
atendimento destes doentes, pelos recursos e pela rapidez necessria de interveno. As
insuficincias de actuao resultam em sequelas graves, habitualmente para o resto da vida,
e eventualmente a morte.
OBJECTIVOS
Permitir que todos os doentes com TCE grave (GCS<9) tenham acesso a tratamento adequado
e uniformizado, por forma a melhorar o prognstico e a reduzir os custos sociais e econmicos
inerentes a esta situao.
Este tratamento tem como objectivos fundamentais:
>
>
>
141
Sempre que possvel, havendo acompanhamento pr-hospitalar medicalizado, o doente com TCE
grave dever ser orientado para o Hospital que tenha os recursos para o tratamento adequado das
suas potenciais leses e no, necessariamente, para o Hospital geograficamente mais prximo.
Quando os doentes com TCE grave forem admitidos num local sem recursos adequados ao
tratamento de todas as leses, devero ser transferidos para um Hospital com acesso a
Neurocirurgio e a Unidade de Cuidados Intensivos com experincia em neurotrauma, sem prejuzo
de, nesse local, se ter efectuado um controlo eficaz da via area, da ventilao e da circulao.
Em hospitais sem mdico neurocirurgio, que distam em tempo til mais de duas horas de
distncia do hospital de referncia, recomendvel a possibilidade de execuo de buraco de
trpano descompressivo por mdico no neurocirurgio preparado e creditado para o efeito.
O transporte inter e intra-hospitalar destes doentes deve ser efectuado sempre, com
acompanhamento mdico e de enfermeiro, em ambulncias medicalizadas.
Os locais de admisso destes doentes devero ter acesso 24h/24h a TAC Crnio-Enceflica
e, nos locais em que no h Neurocirurgio, a um sistema de transferncia de imagens para
um Hospital com Neurocirurgio. essencial a leitura da TAC padronizada, segundo a
metodologia de gravidade de Marshall.
Nos Hospitais em que no h Neurocirurgio, aps estabilizao hemodinmica, deve ser
realizada TAC Crnio-Enceflica (incluindo segmento C0-C2), aps o que dever haver contacto
directo com o Neurocirurgio do Hospital de referncia (via telefone e por telemedicina), para
deciso da orientao imediata e da urgncia da transferncia. Nos doentes inconscientes ou
com suspeita de leso da coluna cervical, deve ser efectuado TAC crnio-enceflico e da coluna
cervical at C7-D1. Em situaes de politraumatizado, o contacto pode/deve ser directo com
o mdico responsvel pela sala de emergncia ou lder de trauma, caso exista.
Nos Hospitais com Servio de Neurocirurgia, dever haver um Neurocirurgio responsvel pela
organizao do apoio s Unidades de Cuidados Intensivos, que tratam neurotrauma; esse
Neurocirurgio dever ainda participar na organizao dos protocolos de actuao desse
Hospital, no que respeita ao trauma grave.
Nos hospitais de referenciao final destes doentes, essencial uma orientao e actuao
clnicas segundo as normas da American Association of Neurological Surgeons (Guidelines for
the management of severe traumatic brain injury), que inclui:
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>
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>
142
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
Nvel de Atendimento
RECURSOS TCNICOS
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Avaliao Clnica
Entubao Endotraqueal
E
E
E
E
E
E
E
N/A
E
E
E
E
Buraco de Trpano
N/A
D*
N/A
Monitorizao da PIC
N/A
N/A
Normas Clnicas
Neurocirurgio
N/A
N/A
N/A
N/A
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
>
>
>
143
>
>
>
A tecnologia a usar na monitorizao da PIC dever ser com cateter intraventricular ou, se tal
no for possvel, com sensor parenquimatoso; sensores subaracnoideus, subdurais ou
epidurais so menos fiveis e devem ser evitados.
Tratamento da hipertenso intracraneana, se acima de 20-25 mmHG, mantendo a presso de
perfuso cerebral > 60 (acima de 70, h risco acrescido de ARDS).
A hiperventilao para controlar HIC deve ser evitada, principalmente nas primeiras 24h aps
o traumatismo, em que o fluxo sanguneo cerebral est diminudo (risco de isquemia cerebral
por vasoconstrio). S dever ser usada como ltimo recurso e se todas as outras manobras
falharem (diurese osmtica, sedao, paralisia neuro-muscular e drenagem de LCR); nestes
casos, a monitorizao da saturao do bolbo jugular (SJVO2), a diferena AV O2, a oxigenao
tissular cerebral ou a monitorizao do fluxo sanguneo cerebral podem ajudar a identificar a
isquemia cerebral.
O manitol deve ser usado em bolus intermitentes (mais eficazes do que perfuso contnua),
em doses de 0.25-1 g/Kg peso corporal, conforme a PIC; deve manter-se osmolalidade srica
< 320 mOsm e euvolmia.
O uso de barbitricos em alta dose (coma barbitrico com tiopental sdico) e a hipotermia
podem ser considerados em situaes de doentes hemodinamicamente estveis e com HIC
refractria teraputica mdica e cirrgica mximas.
144
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
Todos os doentes com GCS<9 devem ser sedados, entubados e ventilados com suplemento
de O2. fundamental proteger a via area e a ventilao (promovendo normocapnia), que
esto deprimidos pela leso intracerebral. A paralisia neuro-muscular s deve ser usada em
casos em que a sedao no parea ser eficaz, facilitando as trocas pulmonares e diminuindo
a presso intracraniana.
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NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
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>
>
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>
>
No administrar oxignio.
No reconhecer/tratar hipoxia.
No reconhecer/tratar hipotenso.
No efectuar entubao endotraqueal precoce.
Efectuar a entubao sem sedao, analgesia profunda.
Efectuar entubao nasotraqueal em vez de orotraqueal.
No colocar colar cervical, enquanto no for excluda possibilidade de leso cervical.
Transporte no medicalizado, sem acompanhamento profissionalizado.
Transferncia sem controlo prvio da via area, ventilao e choque, mesmo que implique
a ida ao bloco, antes da transferncia para controlo da hemorragia interna (controlo do C
do ABCDE do trauma).
Transferir o doente sem contacto prvio.
Administrar corticosterides (risco de infeco e sepsis tardia).
No reconhecer a possibilidade da existncia de alteraes da coagulao nos doentes
com TCE grave (aumento da hemorragia).
No planear ida TAC com outros exames complementares de diagnstico eventualmente
necessrios (nomeadamente TAC da coluna cervical de difcil visualizao em rx
convencional C0/C1 C6/T1).
No corrigir cirurgicamente outras leses, que poderiam ser efectuadas em 1 tempo, sem
risco acrescido para o doente.
145
146
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NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
INDICADORES DE QUALIDADE
TRAUMATISMO VRTEBRO-MEDULAR
INTRODUO
As fracturas da coluna surgem associadas traumatologia de alta energia e constituem, hoje,
causa frequente de morbilidade e mortalidade na sociedade moderna.
Os doentes, que sofrem leso vrtebro-medular, so muitas vezes, alvo de uma leso em
cadeia (leso primria e leso secundria), que , no s agravada pela situao hemodinmica,
mas tambm pela mobilizao inapropriada do doente aps o acidente.
Os doentes, que sobrevivem e que apresentam dfices neurolgicos, exigem dos servios
competentes recursos elevados, em consequncia dos internamentos prolongados e com
mltiplas complicaes, para alm de necessitarem de uma reabilitao intensiva e demorada.
Estes factos reforam a importncia do diagnstico correcto e precoce das leses traumticas
da coluna vertebral, de forma a minimizar as suas consequncias.
OBJECTIVOS
Permitir que todos os doentes com trauma vrtebro-medular tenham acesso a tratamento
adequado e uniformizado, de forma a melhorar o prognstico e reduzir os custos sociais e
econmicos inerentes a esta situao.
Reconhecer os doentes com risco de leso vrtebro-medular, de forma a evitar ou agravar
dfice neurolgico.
Reduzir a morbilidade elevada associada leso secundria, provocada pela instabilidade
hemodinmica, provocada pela leso vrtebro-medular e hemorragia de outras regies
anatmicas.
Permitir a recuperao funcional precoce.
147
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>
>
O nosso Pas tem uma sinistralidade rodoviria e laboral muito elevada. Igualmente, em funo
dos desportos aquticos, tem um tipo de acidente de mergulho, que causa frequente de
leses graves da coluna cervical, muitas vezes associado a dfice neurolgico medular
(completo ou incompleto).
O doente com trauma vertebro-medular, aps diagnosticada leso instvel da coluna, dever
ser orientado para Centros de Trauma referenciados com recursos adequados ao tratamento
destes doentes:
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>
>
>
Quando o doente for admitido em local sem recursos adequados ao tratamento das leses,
deve ser transferido, mediante protocolo de transferncia e imobilizao de doente crtico.
Nos hospitais de referenciao final, essencial existir um plano de reabilitao precoce, de
forma a permitir a reintegrao scio-profissional destes doentes, no mais curto espao de
tempo.
Nvel de Atendimento
RECURSOS
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Imobilizao total
Colar cervical
Fixadores laterais da cabea
Plano duro
N/A
148
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NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
N/A
Ressonncia Magntica
N/A
N/A
Tratamento cirrgico
N/A
N/A
Rx simples
Avaliao Clnica
Nvel 3
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
RECURSOS
Avaliao Primria
Durante a avaliao do ABC, obrigatrio proteger a espinhal medula de uma segunda leso.
Este objectivo pode ser conseguido pela imobilizao adequada de toda a coluna, permitindo,
assim, protelar com segurana a avaliao da coluna vertebral, aps se terem realizado todas
as manobras de ressuscitao necessrias.
A imobilizao adequada da coluna implica:
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>
>
>
Os doentes agitados no devem ter a coluna cervical imobilizada isoladamente, sob risco de
poderem provocar agravamento das suas leses vertebrais. Neste tipo de doentes, prioritrio
controlar a agitao e resolver a sua causa subjacente.
Outro dos factos que necessrio relembrar a necessidade de retirar o plano duro, uma vez
que o doente esteja num leito hospitalar apropriado, aquando do rolamento para avaliao da
face posterior do corpo. Desta forma, possvel evitar zonas de presso e outras complicaes,
que so resultado da permanncia, por perodos prolongados, nestes dispositivos de
transporte.
Doentes politraumatizados inconscientes (GCS<9) devem ter a sua via erea assegurada por
meio de entubao orotraqueal precoce. Do mesmo modo, os doentes com sinais de leso
medular alta devem ser candidatos a entubao e ventilao precoce.
149
>
>
>
A entubao dos doentes com leses instveis da coluna cervical dever ser realizada com
imobilizao manual da coluna cervical.
No que se refere circulao (C da avaliao inicial), h que despistar as causas de choque,
no contexto de um doente politraumatizado. A persistncia dos sinais de choque no deve ser
atribuda leso medular, seno aps excluso do choque hipovolmico. Cerca de 80% dos
doentes com leses vrtebro-medulares apresenta mltiplas outras leses, sendo as causas
mais comuns de hemorragia oculta as leses intra torcicas, mediastnicas, intra abdominais,
retroperitoneais, fracturas da bacia e dos ossos longos.
No caso de doentes com dfice neurolgico medular, no podemos esquecer-nos que, nos
traumatismos abdominais, os sinais de reaco peritoneal esto muitas vezes ausentes e a
dor referida ao ombro pode bem ser o nico sinal de leso intra-abdominal. A ecografia
abdominal ou, se esta no for possvel, a lavagem peritoneal so exames obrigatrios para
excluir esta patologia em doentes nestas circunstncias.
A correco atempada da hipovolemia e da hemorragia aguda activa necessria, para impedir
a hipoperfuso e a leso neurolgica secundria. Uma vez excludo o choque hipovolmico,
deve iniciar-se a terapia do choque neurognico:
>
>
>
Reposio cautelosa de fluidos, com o objectivo de manter uma tenso arterial sistlica
mnima de 90-100 mmHg (valores inferiores podero originar dfices de perfuso, se
existir hipertenso intracraniana), frequncia cardaca de 60-100/min e um dbito urinrio
superior a 30ml/h.
Nos doentes com bradicardia persistente, iniciao de atropina endovenosa, na dose de
0.5-1 mg, que dever ser repetida at se atingir os objectivos anteriormente referidos.
Caso esta teraputica no seja eficaz, poder ser necessrio o suporte inotrpico e
vasopressor, com monitorizao hemodinmica e, em alguns casos, de pacing
cardaco.
No final da avaliao primria, deveremos rodar o doente em bloco com o auxlio de mais 4
pessoas, de modo a poder realizar-se a observao da face posterior, do corpo, aproveitando
para retirar o plano duro. Pretende-se observar e palpar toda a face posterior em particular
sobre o eixo espinhal, procura de feridas, equimoses, pontos dolorosos, alteraes do
alinhamento das apfises espinhosas, aproveitando estes momentos para avaliar a
sensibilidade da regio perianal ou realizar o toque rectal.
No doente inconsciente, deveremos pesquisar outros sinais, que possam ser indicativos de
leso medular:
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>
150
Respirao diafragmtica.
Hipotenso com bradicardia.
Arreflexia flcida (choque medular).
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NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
Avaliao Secundria
Nesta fase do exame clnico do doente politraumatizado (avaliao secundria), temos como
objectivo a observao detalhada da cabea aos ps, uma vez resolvidas as leses que
poderiam coloc-lo em risco de vida. nesta fase que deveremos realizar o exame neurolgico
completo, com o objectivo de determinar se o dfice neurolgico medular, radicular ou
perifrico, bem como o nvel da leso. O exame dever incluir a avaliao e o registo de:
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NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
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Avaliao Radiolgica
Radiologia convencional A radiografia antero-posterior e de perfil da coluna cervical norma
a todo o doente com trauma grave. A radiografia completa (face e perfil) de toda a coluna tem
indicao:
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Sempre que possvel, a radiografia da coluna cervical deve incluir projeco transbucal, para
visualizao do processo odontide. Considera-se adequada, quando se visualiza os cndilos
occipitais (C0) a C7/T1).
Na radiografia de perfil da coluna cervical, valorizar as partes moles pr-vertebrais como sinal
indirecto de leso cervical disco ligamentar. A radiografia de perfil da coluna cervical em boas
condies pode revelar cerca de 90% das leses traumticas desta regio.
151
CONSENSOS
Avaliao inicial do doente politraumatizado, segundo a filosofia de tratamento ABC,
identificando e tratando as leses que colocam em risco a vida do doente, com imobilizao
total e mobilizao em bloco do doente.
No C, recordar que o choque neurognico (hipotenso e bradicardia) pode resultar de uma
fractura instvel da coluna cervical ou torcica alta.
No final da avaliao primria, proceder observao da coluna, realizando a manobra de
rolamento em bloco. Pesquisar a sensibilidade perianal (sacral sparing).
Outras leses importantes sero identificadas, durante a exposio (E) do doente.
Consultar com especialista, para diagnstico de fractura instvel da coluna, necessitando de
transferncia interhospitalar.
A avaliao da possibilidade de leso vertebral inclui:
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152
Histria tipo de traumatismo (mergulho, queda de altura, traumatismo de alta energia ...).
Inspeco leses cutneas (equimoses, feridas ou escoriaes) sobre o eixo vertebral,
leses crnio-faciais, torcicas ou abdomino-plvicas, resultantes de traumatismo
directo.
Palpao dolorosa, alterao do alinhamento ou crepitao das apfises espinhosas de C1
ao sacro. Exame neurolgico com alterao da fora muscular e/ou da sensibilidade de
topografia medular ou radicular.
Sinais de alerta no doente inconsciente respirao diafragmtica, choque neurognico,
arreflexia flcida, priapismo e resposta dor acima do nvel das clavculas.
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
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Recentemente, foram introduzidas Guidelines for management of acute cervical spinal injuries
da American Association of Neurological Surgeons (AANS), que abordam todos os aspectos
da leso medular, incluindo o tratamento cirrgico. recomendvel que os especialistas e os
servios que tratam este tipo de leses adoptem uma metodologia comum na abordagem
teraputica destes doentes.
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NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
INDICADORES DE QUALIDADE
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153
TRAUMATISMO DO PESCOO
INTRODUO
O facto de existirem, na regio do pescoo, vrias estruturas anatmicas crticas (vasculares,
respiratrias, digestivas e neurolgicas) faz com que o manuseamento das leses traumticas,
nomeadamente as perfurantes, seja difcil e contribua para a morbilidade e mortalidade destes
doentes.
As leses do pescoo colocam um grande desafio na sua abordagem e tratamento. A existncia
de algoritmos de deciso facilita a sistematizao da abordagem deste tipo de leses.
Este captulo aborda os princpios do manuseamento das leses do pescoo, excluindo a
abordagem da via area e as leses vrtebro-medulares, que sero discutidas noutros
captulos.
OBJECTIVOS
Permitir que todos os doentes com traumatismo do pescoo tenham acesso a tratamento
adequado de acordo com o estado da arte, de forma a melhorar o prognstico e reduzir a
mortalidade e a morbilidade, em consequncia desta situao.
Este tratamento tem como objectivos fundamentais:
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>
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Identificao precoce dos doentes que necessitam de controlo da via area e suporte
ventilatrio.
Identificao, em tempo til, dos traumatismos que necessitam de controlo cirrgico da
hemorragia.
Utilizao adequada de meios auxiliares de diagnstico e de teraputica, para tentar evitar
exploraes cirrgicas desnecessrias e conseguir o controlo adequado de hemorragia,
em localizaes de difcil abordagem cirrgica.
Identificao de leses vasculares em traumatismos fechados, com possveis
consequncias neurolgicas.
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O tratamento definitivo das leses do pescoo , por vezes, complexo e pode implicar
explorao torcica, j que algumas destas leses podem ser crvico-mediastnicas.
A explorao destas leses deve ser efectuada por cirurgies com experincia e em centros
que disponham dos meios adequados para a sua abordagem.
Nos centros de menor diferenciao de atendimento, os mdicos devem dispor de experincia no
reconhecimento destas leses e capacidade tcnica para controlo temporrio da hemorragia.
RECURSOS TCNICOS
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Entubao endotraqueal
Cricotiroidotomia
N/A
N/A
TAC
N/A
Doppler Vascular
N/A
N/A
Angiografia
N/A
N/A
N/A
Avaliao Clnica
Capacidade de assegurar a via area:
Traqueostomia emergente
156
TRAUMATISMO D O P ESC O O
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
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>
Dispneia.
Fuga de ar atravs de ferida cervical.
Enfisema subcutneo.
Hemoptises.
Rouquido.
Hematemeses.
Odinofagia.
Em doentes com traumatismo fechado do pescoo, pode existir leso vascular. Esta deve ser
suspeitada em pacientes com sinais neurolgicos focais e TAC cerebral normal.
O manuseamento da via area pode ser complexo, quando existem leses orais,
traqueobrnquicas ou hematomas expansivos. essencial existirem capacidades avanadas
para o manuseamento da via area, incluindo por meio de tcnicas cirrgicas. O envolvimento
precoce de anestesistas e cirurgies deve ser reforado.
TRAUMATISMO D O P ESC O O
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
Quando necessrio, e sempre que possvel, a entubao orotraqueal por sequncia rpida deve
constituir a primeira abordagem da via area. Em doentes em que se prev uma entubao difcil,
a entubao por via nasotraqueal ou por fibroscopia poder ser uma alternativa segura. Reservase a utilizao da cricotirotomia para situaes extremas e de risco de vida.
Na suspeita de leso laringo-esofgica, est contra-indicada a entubao gstrica.
No controlo externo da hemorragia, a compresso externa til, mas deve ter-se em conta a
necessidade de proteger a via area, entubando o doente, se necessrio. Tcnicas mais avanadas
de controlo de hemorragia, como o tamponamento com aplicao de sondas com bales, devem
estar disponveis, pelo menos, nos nveis mais diferenciados. A manipulao das feridas para
introduo de sondas deve limitar-se a pacientes com hemorragia activa; caso contrrio, a sua
introduo pode deslocar cogulos estabelecidos e provocar hemorragia incontrolvel.
A explorao cirrgica das leses perfurantes do pescoo, como tratamento definitivo, deve ser
efectuada, em centros com recursos, que permitam, se necessrio, abordar o trax, utilizar a
angiografia e com apoio de unidade de cuidados intensivos.
>
>
157
>
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>
INDICADORES DE QUALIDADE
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158
TRAUMATISMO D O P ESC O O
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>
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
>
>
TRAUMATISMO TORCICO
INTRODUO
A maioria das leses torcicas no fatal, mas apresenta um potencial elevado de morbilidade
que, se no avaliadas e tratadas eficazmente, conduzem a complicaes graves tardias com
aumento da mortalidade (Sndrome de Dificuldade Respiratria do Adulto ARDS, Insuficincia
Multi-Orgnica, Sepsis).
A maior parte dos traumatismos torcicos fechados tratada inicialmente, com medidas
simples (entubao, ventilao, drenagem pleural), embora o diagnstico de algumas leses
necessite de uma investigao diagnstica avanada (TAC).
Os traumatismos torcicos penetrantes, pelo contrrio, no necessitam, habitualmente, de
exames diagnsticos complexos, tendo, muitas vezes, indicao cirrgica diagnstica e
teraputica.
OBJECTIVOS
Permitir que todos os doentes com traumatismo torcico tenham acesso a tratamento
adequado e uniformizado, de forma a melhorar o prognstico e reduzir a morbilidade e a
mortalidade associadas.
Identificar precocemente os doentes com indicadores de gravidade (hipoxmia, hipercpnia,
hipoperfuso/choque e acidose), de forma a optimizar o seu tratamento.
Descrever normas de actuao na abordagem do doente com leso torcica, em funo do
nvel de atendimento.
159
Algumas leses torcicas provocam leses dos grandes vasos ou hemorragias graves,
necessitando de interveno de cirurgia torcica. Os Centros de Trauma com capacidades
cirrgicas (Nveis 1 e 2) devem ter capacidade de toracotomia de emergncia (cirurgia de
controlo de dano), o que determina a necessidade de recursos tcnicos (kit de toracotomia) e
formao para esse procedimento. A capacidade para cirurgia torcica avanada est restrita
a Centros de Trauma de Nvel 1.
TRAUMATISMO TORCICO
Nivel 3
Nivel 2
Nivel 1
Oximetria de Pulso
CO2 expirado
Rx Trax
Gases do sangue
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
Cirurgio Torcico
N/A
N/A
E*
Carboxihemoglobina srica
Protocolos de analgesia sistmica
Protocolos de analgesia loco-regional
Cinesioterapia respiratria
160
TRAU MATISMO TO R C IC O
NOR M A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
Nas agresses respiratrias por inalao de fumo, essencial a determinao dos nveis
sricos de carboxihemoglobina pelo menos em Centros de Trauma de Nvel 1.
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
Dor torcica.
Adejo nasal.
Dispneia.
Tiragem intercostal.
Cianose.
Enfisema subcutneo.
Hipotenso/hipoperfuso.
Hemoptises.
Retalho costal mvel (Vollet).
Ferida perfurante.
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
TRAU MATISMO TO R C IC O
NOR M A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
O exame fsico cuidadoso, identifica muitas vezes, leses agudas. No entanto, existem leses
com sintomatologia insidiosa, pelo que a utilizao de exames subsidirios auxiliam na
estratificao das leses:
>
>
>
Rx antero-posterior do trax (identifica a maioria das leses torcicas deve ser efectuado
com sonda gstrica introduzida, para facilitar o diagnstico de hrnia diafragmtica).
Ecografia de emergncia (quantificao de hemotrax e diagnstico de tamponamento
cardaco).
Tomografia Axial Computorizada (quantificao de contuso pulmonar, diagnstico de
leses dos grandes vasos, hrnia diafragmtica).
161
>
>
>
>
>
>
INDICADORES DE QUALIDADE
>
>
>
>
>
>
162
TRAU MATISMO TO R C IC O
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
TRAUMATISMO ABDOMINAL
INTRODUO
O traumatismo abdominal uma das causas mais comuns de morte evitvel no paciente
traumatizado. A sua correcta identificao, abordagem e tratamento pode alterar este desfecho.
A identificao precoce e a deciso cirrgica atempada so fundamentais para diminuir a taxa
de mortalidade.
Em qualquer politraumatizado, que foi vtima de uma leso abdominal fechada, causada por uma
energia cintica significativa, seja por impacto directo, seja por desacelerao ou por projeco,
obrigatrio suspeitar de leso intra-abdominal, podendo esta ser visceral ou vascular.
Qualquer traumatismo penetrante nas regies anatmicas, situadas entre a linha mamilar e o
perneo, potencialmente causador de leso intra-abdominal, impondo frequentemente a
explorao abdominal (laparotomia ou laparoscopia).
OBJECTIVOS
Permitir que todos os doentes com traumatismo abdominal tenham acesso a tratamento
adequado e uniformizado, de forma a melhorar o prognstico e reduzir o nmero de bitos, em
consequncia desta situao clnica.
Este tratamento tem como objectivos fundamentais:
>
>
>
>
163
>
>
>
>
>
Arrefecimento cutneo.
Sudorese.
Taquicardia.
Alteraes do preenchimento capilar.
M perfuso perifrica.
A hipotenso j um sinal tardio de choque e significa uma perda hemorrgica superior a 30%
da volmia. Em doentes com alteraes do estado de conscincia ou outras leses
associadas, o exame fsico do abdmen pode estar comprometido. Neste contexto, a lavagem
peritoneal diagnstica (LPD) ou exames de imagem (ecografia ou tomografia axial computorizada)
so teis. A utilizao destes meios deve ser decidida por um Cirurgio. Em unidades sem
capacidade cirrgica, a realizao destas tcnicas, nomeadamente a LPD causa atrasos na
transferncia e compromete futuras avaliaes. A LPD, s em cenrios de multivtimas ou
catstrofe, poder ter alguma utilidade, quando realizada fora de um centro cirrgico. Neste
contexto, poder ser um exame complementar de triagem, tratando-se, obviamente, de uma
situao de excepo extrema.
Os Centros de Trauma com capacidade cirrgica (Nveis 1 e 2) devem dispor de capacidade de
diagnstico e tratamento da leso intra-abdominal. O meio complementar de diagnstico de
eleio para a avaliao destas leses a ecografia. Este um mtodo eficaz, no invasivo e
com boa acuidade diagnstica, quando realizado por profissional especialmente treinado, e no
compromete futuras avaliaes, como a LPD. O objectivo deste exame determinar a existncia
de lquido livre no espao hepato-renal, espleno-renal, fundo de saco de Douglas e saco
pericrdico. A tomografia axial computorizada (TAC) deve ser reservada para os traumatizados em
que foi possvel normalizar os seus parmetros hemodinmicos. Este exame permite uma melhor
caracterizao morfolgica das leses, sobretudo de rgos macios. As Urgncias Mdico-Cirrgicas devem ter sempre presente um Cirurgio capaz de realizar LPD e dispor de laboratrio
que analise o efluente. Nos Centros Nvel 1 e em alguns Nivel 2, deve ser possvel efectuar
tratamento conservador de traumatismos abdominais em casos seleccionados. Estes Centros
devem ter disponveis exames imagiolgicos, que permitam a caracterizao exacta das leses,
e dispor de instalaes e profissionais disponveis para a vigilncia destes doentes.
A capacidade para realizar uma laparotomia em vtima de trauma e lidar com todas as possveis
leses intra-peritoneais ou retroperitoneais, que possam surgir, imprescndivel, para o
tratamento adequado e definitivo do traumatizado do abdmen, e deve ser proporcionada nas
Urgncias Nveis 1 e 2.
As operaes abdominais podem, grosseiramente, ser classificadas em intermdias e
avanadas. A laparotomia intermdia implica procedimentos como explorao, reconhecimento
das leses, controlo da hemorragia com tamponamento, esplenectomia, hemostase heptica
com sutura ou tamponamento periheptico, reparao de perfuraes intestinais e resseco
intestinal com anastomose. A laparotomia avanada implica procedimentos complexos
retroperitoneais, resseco heptica, reconstrues vasculares ou urolgicas. Estas ltimas
podem necessitar de abordagem multidisciplinar de diversas especialidades cirrgicas.
Independentemente desta diferenciao, qualquer Hospital com capacidade cirrgica deve ter
164
TRAUMATISMO AB D O MIN AL
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
Nvel de Atendimento
RECURSOS
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Avaliao Clnica
Ecografia Abdominal
N/A
Laparotomia intermdia
N/A
Laparotomia avanada
N/A
N/A
N/A
Cuidados Intensivos
N/A
TRAUMATISMO AB D O MIN AL
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
RECURSOS TCNICOS
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Avaliao clnica
Avaliao do choque
165
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
N/A
N/A
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
166
TRAUMATISMO AB D O MIN AL
Nvel 3
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
RECURSOS TCNICOS
>
>
>
>
>
>
INDICADORES DE QUALIDADE
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
TRAUMATISMO AB D O MIN AL
>
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
>
167
TRAUMATISMO PLVICO
INTRODUO
As fracturas plvicas esto geralmente associadas a mecanismos de leso de elevada energia.
Encontram-se, igualmente, associadas a uma elevada mortalidade, sendo a hemorragia a
causa mais frequente, podendo tambm contribuir para outras leses sistmicas pela
gravidade do impacto de alta energia. A hemorragia, apesar da sua gravidade, reversvel,
sendo necessria uma abordagem multidisciplinar, onde a tomada de deciso fulcral.
Nos doentes que sobrevivem, as leses plvicas so, frequentemente, causa de morbilidade
acentuada para o resto da vida, sendo essencial a sua reabilitao.
OBJECTIVOS
Permitir que todos os doentes com Trauma Plvico tenham acesso a tratamento adequado e
uniformizado, de forma a melhorar o prognstico e reduzir os custos sociais e econmicos
inerentes a esta situao.
Reduzir a mortalidade elevada, associada instabilidade hemodinmica, provocada pela
hemorragia:
>
>
>
>
>
>
>
Restaurar a volemia.
Controlar a hemorragia.
Fixar o arco plvico.
Efectuar hemostase cirrgica directa, incluindo o tamponamento plvico.
Proceder com angiografia plvica e embolizao.
Diagnosticar e tratar outras leses associadas, nomeadamente urolgicas.
Permitir a recuperao funcional precoce.
169
>
>
>
>
Teraputica Hematolgica.
Fixao invasiva do arco plvico.
Damage Control Surgery (Cirurgia de Controlo de Dano).
Angiografia de interveno (embolizao).
O doente com Trauma Plvico grave dever ser orientado, sempre que possvel, para um
hospital com recursos adequados ao seu tratamento:
>
>
>
>
>
Quando o doente for admitido em local sem recursos adequados ao tratamento das leses,
deve ser transferido, com acompanhamento mdico e de enfermeiro, em ambulncia
medicalizada, sem prejuzo de, nesse local, se ter efectuado um controlo eficaz da via area e
da ventilao, bem como da circulao, incluindo:
>
>
RECURSOS TCNICOS
170
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Avaliao Clnica
Entubao Endotraqueal
>
>
>
>
>
NOR M A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
E
E
E
E
E
E
E
N/A
N/A
N/A
E
E
D
D
E
E
E
E
N/A
N/A
Angiografia de Interveno
N/A
N/A
N/A
N/A
Radiologista de Interveno
N/A
N/A
E*
Cuidados Intensivos
N/A
Nvel 3
NOR M A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
RECURSOS TCNICOS
* Com protocolo de chamada em tempo til (< 1 hora) ao hospital ou grupo de hospitais.
>
>
>
>
171
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
Imobilizao do arco plvico sob presso, com cinta plvica, lenol ou outro fixador
externo no invasivo mais adequado (em particular nas fracturas tipo open book),
imobilizao dos tornozelos com rotao interna dos ps, em ambiente pr-hospitalar, no
transporte e na urgncia bsica.
Imobilizao invasiva com Fixador Externo, na Sala de Emergncia ou no Bloco Operatrio,
com Fixador Externo ou C-Clamp.
Dois acessos de grande calibre (mnimo 14G) por tcnica directa. Acesso venoso central,
apenas (mais demorada) quando impossvel tcnica directa, utilizando, preferencialmente,
cateter curto e grosso (introdutor de Swan Ganz 7 a 8F).
Reposio judiciosa da volemia.
Aquecer os soros antes de administrar.
Colides (no exceder 2 litros risco de alteraes da coagulao).
Administrao precoce de sangue (antes de perdas previstas de 2 litros).
Correco da coagulao (doentes politransfundidos no esperar por estudos
1 Plasma/4 CE).
Ponderar a utilizao do Factor VII activado.
Hemostase cirrgica directa, com tamponamento (packing) retroperitoneal nos espaos
paravesicais e presagrados.
Damage Control Surgery, transferindo para UCI, na presena de:
Tempo de cirurgia > 1 hora.
Hipotermia (< 34).
Acidose (pH < 7,2).
Tempo de Protrombina > 16 seg..
APTT > 60 seg..
Transfuso > 10 U Sangue.
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
172
No administrar oxignio.
No entubar e ventilar o doente, no reconhecendo sinais clnicos de gravidade.
No imobilizar o doente com colar cervical em plano duro.
No imobilizar a bacia, mesmo com meios simples.
No trabalhar em equipa pluridisciplinar (ressuscitao, cirurgia, ortopedia, imagiologia).
No obter dois bons acessos venosos.
Assumir a canulao venosa central como um bom meio de reanimao.
No aquecer os fluidos de reposio da volemia.
Atrasar a correco da anemia aguda, no administrando precocemente derivados de
sangue.
Controlar inadequadamente a dor.
Realizar exames complementares de diagnstico no essenciais em doente em
choque.
No assumir o choque como causa hemorrgica aguda.
No assumir potenciais leses associadas (coluna, intra-abdominal, genito-urinrio,
msculo-esqueltico).
No ponderar a hiptese de Damage Control Surgery e a Embolizao.
>
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
Normas Especcas
>
>
>
>
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
INDICADORES DE QUALIDADE
173
INTRODUO
As leses dos membros so, de longe, as leses mais frequentes nos doentes traumatizados,
ocorrendo em cerca de 85% dos doentes com traumatismos fechados.
O espectro de leso varia de leses simples a leses que colocam em risco a vida do doente
ou a viabilidade do membro.
No doente politraumatizado grave, o seu diagnstico, por vezes, est dificultado (doentes em
coma) e no raro passar desapercebido.
Nos doentes que sobrevivem, as leses dos membros so frequentemente causa de
morbilidade acentuada para o resto da vida. As leses sem risco para a vida do doente, na
fase inicial, podem ser o maior obstculo reabilitao e reintegrao socioprofissional, em
fases mais tardias da sua recuperao.
O tratamento cirrgico das fracturas continua envolvido em alguma controvrsia, nomeadamente
na sua abordagem precoce ou tardia. Por um lado, por se acreditar que o doente politraumatizado,
na fase inicial, no apresenta reservas fisiolgicas suficientes para se submeter a operaes
prolongadas, pelo outro pelo risco do aparecimento de complicaes, por vezes graves, como a
embolia, isquemia, infeco, sepsis, falncia multiorgnica, bem como tempo prolongado de
traco esqueltica, com os seus inconvenientes e complicaes.
Nos doentes politraumatizados com TCE associado, este problema mais premente
(abordagem precoce versus tardia), face ao risco das intervenes prolongadas poderem
causar hipotenso pre-operatria, hipoxia, hipotermia, coagulopatia e desvios hidroelectrolticos, podendo causar leso cerebral secundria.
OBJECTIVOS
Identificar risco de traumatismo msculo-esqueltico.
Identificar os riscos para a vida, para o membro e para a funo.
Desenvolver normas de tratamento para diferentes nveis de actuao, para que os agentes
de sade, que primeiro abordam estes doentes, actuem de forma organizada e bem
estruturada.
175
Todas as regies do pas devem ter um sistema organizado, que permita ao doente com
traumatismo grave chegar a um Hospital com capacidade para reconhecer e tratar este tipo de
leses, em tempo til (tempo do acidente ao hospital de referncia final em menos de 6 horas).
Todos os hospitais, que recebem doentes politraumatizados graves, devero ter mdicos
permanentemente com treino e experincia em trauma grave, para executar o tratamento de
emergncia (abordagem inicial) de uma fractura de membros, nomeadamente controlo da
hemorragia externa e imobilizao das fracturas.
A imobilizao das fracturas pode incluir meios simples e improvisados, talas apropriadas,
inclundo, necessariamente, a imobilizao em plano duro.
Todo o hospital, com servio de urgncia apto a receber doentes traumatizados, deve estar
habilitado a reconhecer as leses de extremidade, que podem colocar em risco a viabilidade
do membro.
Os Hospitais com Urgncia Bsica devem referenciar o doente para o Hospital com recursos
ortopdicos apropriados e complementares ao tipo de leso suspeitada:
>
>
>
>
>
Todo o hospital, que recebe doentes com trauma msculo-esqueltico grave para tratamento
definitivo, devem ter:
>
>
>
>
Se o doente for admitido em unidade de sade sem os recursos adequados, deve ser
transferido precocemente, sempre aps avaliao e manuteno do ABC da reanimao, com
acompanhamento mdico e de enfermeiro, em ambulncia medicalizada, com imobilizao
do(s) membro(s), e em plano duro.
Nos Hospitais de referenciao final, essencial existir um plano interno de reabilitao precoce.
176
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Avaliao Clnica
E
E
E
E
E
E
Protocolo de Triagem
N/A
N/A
Radiologia Intra-Operatria
N/A
N/A
N/A
N/A
Normas Clnicas
N/A
N/A
Cuidados Intensivos
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
Nvel de Atendimento
RECURSOS TCNICOS
PROCEDIMENTOS NORMAS
Prioridade inicial ao ABC (sempre) da abordagem do doente crtico. Executar uma abordagem
secundria completa e minuciosa, particularmente nos doentes em coma ou com dores
distractivas.
Ter em mente a possibilidade de traumatismos de baixa energia que, muitas vezes, so
causadores de incapacidade funcional, tais como: leso dos nervos digitais, luxaes de
pequenas articulaes das extremidades, leses tendinosas ou ligamentares.
177
PRINCPIOS DE TRATAMENTO
Normas gerais
>
>
>
>
Normas especcas
>
>
>
>
Fracturas: imobilizao com talas ou outros meios, que produzam o mesmo efeito.
Hemorragia perifrica: compresso directa e imobilizao com talas, que ajudam no
controlo da hemorragia activa e diminuem a dor.
Fracturas e luxaes: reduo precoce e imobilizao diminuem a hemorragia e melhoram
o compromisso neurovascular e a dor.
Fracturas expostas e leses de partes moles: irrigao, imobilizao e penso assptico
contribuem para reduzir a taxa de infeco e o incio atempado da teraputica antibitica
protocolado e anatoxina antitetnica.
178
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
No administrar oxignio.
No imobilizar o doente com colar cervical em plano duro.
No imobilizar as fracturas.
No administrar analgsicos.
Avaliao clnica inadequada, suportando-se, essencialmente, nos meios auxiliares de
diagnstico.
Inadequado planeamento dos exames complementares de diagnstico com outros
elementos da equipa, levando a repeties e mltiplos transportes (em reas de menor
vigilncia e apoio a doentes crticos).
Insuficincia de documentao e registo das leses encontradas.
Ausncia de informao e registo de um plano, a curto e mdio prazo, para o tratamento
das leses encontradas.
No reduzir, precocemente, uma fractura/luxao com comprometimento neuro-vascular.
Falha no diagnstico de sndrome compartimental.
Assumir sndrome do compartimento apenas na ausncia de pulsos (ausncia da
possibilidade de recuperao).
No assumir a possibilidade da existncia de fracturas da coluna e da bacia em doentes
com fracturas dos tornozelos por queda ou acidente de viao frontal.
No assumir leso no joelho em doente com fractura do acetbulo ou do fmur.
No assumir uma fractura mdio-diafisria como de elevada carga cintica e poder estar
associada a outras leses, incluindo intra-abdominais.
No assumir a possibilidade de leses de plexo, vasculares, intra-torcicas, do mediastino,
em doentes com fractura da omoplata e/ou luxao do ombro.
No ter em conta a profilaxia trombo-emblica e a imunizao anti-tetnica.
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
>
>
INDICADORES DE QUALIDADE
>
>
>
>
>
>
179
INTRODUO
A frequncia dos traumatismos vasculares, no contexto do trauma em geral, baixa, estimando
alguns estudos que se situe entre 0.07% e 2.7%.
Os traumatismos vasculares dividem-se em fechados (contuso) e abertos ou penetrantes, e
podem envolver qualquer regio do corpo.
Podem, ainda, ser causados por agentes de baixa velocidade (por exemplo, ferimentos por
arma branca) ou de alta velocidade (por exemplo, ferimentos por arma de fogo). Nos primeiros,
as leses esto, geralmente, confinadas ao respectivo trajecto, enquanto que, no segundo
caso, excedem a rea directamente envolvida, podendo causar leses distncia.
As leses arteriais, associadas a leses venosas ou nervosas, comprometem, com frequncia,
a viabilidade do membro e/ou a sua capacidade funcional.
As suas consequncias podem ser imediatas, cursando com hemorragia, com ameaa de vida,
ou isquemia aguda, com ameaa de membro. Nas complicaes tardias, incluem-se a isquemia
crnica, as fstulas artrio-venosas e os falsos aneurismas.
Aps uma adequada estabilizao do doente, a leso vascular deve ser RECONHECIDA,
IDENTIFICADA, CONTROLADA e, por fim, REPARADA, se possvel.
OBJECTIVOS
>
>
>
>
181
>
>
>
>
>
>
Instabilidade hemodinmica.
Hemorragia externa activa.
Hematoma pulstil / expansivo.
Sinais de isqumia:
Dor.
Arrefecimento.
Palidez.
Compromisso motor (da impotncia funcional paralisia).
Compromisso sensitivo (das parestesias anestesia).
Ausncia ou diminuio de pulsos perifricos.
Frmito / sopro sobre os trajectos vasculares.
Sinais minor:
>
>
>
>
>
>
>
mais frequentemente utilizada nos traumatismos fechados com fracturas mltiplas, nas
leses penetrantes do trax, nos traumatismos cervicais das zonas I e III, em feridas mltiplas
por arma de fogo e em certos casos de leses do antebrao ou da perna.
182
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
Sinais major:
>
>
>
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
>
>
TRAUMA VASCULAR
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
183
Nvel de Cuidados
Nvel 2
Nvel 1
Repor volemia
N/A
Eco-Doppler
N/A
Angiografia
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
>
>
>
>
>
>
>
INDICADORES DE QUALIDADE
>
>
>
>
184
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
Nvel 3
TRAUMA VASCULAR
QUEIMADURAS
INTRODUO
Os doentes com queimaduras graves tm, numa fase inicial, um risco potencial de compromisso
da via area, da ventilao (resultantes de queimaduras de inalao, face, pescoo ou trax)
e de choque hipovolmico. Numa fase posterior, as leses podem ser devastadoras em termos
de morbilidade e mortalidade (infeco e insuficincia multiorgnica), podendo persistir, nos
sobreviventes, perdas funcionais e morfolgicas definitivas.
As primeiras horas de interveno so determinantes no resultado esperado. Apesar da
especificidade deste tipo de leses, mantm-se os princpios base de avaliao inicial e de
reanimao inerentes ao politraumatizado grave.
O envolvimento do cirurgio plstico deve ser precoce, face necessidade frequente de
interveno cirrgica e tomada de deciso na referenciao para unidades especficas de
tratamento.
OBJECTIVOS
Criar normas de actuao, para que os agentes de sade, que primeiro abordam os doentes
queimados, actuem de forma organizada e bem estruturada.
Minimizar as sequelas, mediante adequado tratamento inicial, e proporcionar uma reabilitao
precoce e uma rpida reintegrao scio-profissional.
Diminuir a morbilidade e a mortalidade nos doentes queimados.
>
185
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
QUEIMADURAS RECURSOS
186
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Manta isotrmica
Protocolo de Fluidoterapia
Determinao de Carboxihemoglobina
N/A
N/A
N/A
N/A
Capacidade de enxertos
N/A
N/A
Q U EIMAD U R AS
>
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
>
Nvel de Atendimento
Nvel 2
Nvel 1
N/A
N/A
Cirurgia Plstica
N/A
N/A
Fisioterapia
N/A
Unidade de Queimados
N/A
N/A
Ou protocolo de transferncia
>
>
>
VIA AREA
Q U EIMAD U R AS
Nvel 3
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
QUEIMADURAS RECURSOS
>
>
>
>
>
>
>
O oxignio a 100% humidificado por mscara facial deve ser dado a todos os doentes, mesmo
que no apresentem sinais bvios de dificuldade respiratria.
A obstruo da via area superior pode ocorrer rapidamente aps a queimadura. O estado
respiratrio deve ser monitorizado, para avaliar a necessidade de entubao e/ou ventilao.
Rouquido progressiva um sinal de obstruo da via area e a entubao endotraqueal
precoce deve ser equacionada, antes da constituio do edema e alterao da anatomia da
rea. Deve ter-se, tambm, este aspecto em especial ateno na transferncia do doente.
187
>
>
>
>
>
VENTILAO
Uma queimadura circunferencial no trax pode restringir a expanso torcica. Nesta situao,
a escarotomia mandatria.
Uma ventilao insuficiente e a hipoxemia podem, tambm, dever-se a leso por inalao ou
a intoxicao por monxido de carbono (ver quadro).
% CARBOXIHEMOGLOBINA
< 10
SINAIS E SINTOMAS
Nenhum
20
30
50
60
80
Rapidamente fatal
>
>
>
>
Doentes em coma.
Insuficincia respiratria.
Intoxicao por monxido de carbono.
Queimaduras circunferenciais do trax.
CIRCULAO
A presso arterial indirecta um ndice pouco fivel de avaliao do estado cardiovascular num
doente queimado, devido s alteraes fisiopatolgicas compensadoras. A medida da presso
arterial pode ser, ainda, difcil de obter, devido ao edema das extremidades.
188
Q U EIMAD U R AS
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
Dbito urinrio.
Frequncia cardaca.
Estado de conscincia.
Cor da pele ou a recuperao capilar em reas no queimadas.
Q U EIMAD U R AS
>
>
>
>
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
>
>
>
>
>
>
189
O primeiro gesto, perante uma rea queimada, dever ser o seu arrefecimento com gua ou
soro frio para diminuir a dor, o efeito trmico sobre as clulas e, ainda, nas queimaduras
qumicas, para diminuir a concentrao do agente. Dever ser sempre passada a mensagem
PRIMEIRO GUA, O RESTO VEM DEPOIS.
A abordagem da rea queimada, na fase pr-hospitalar, bsica e simples, porque necessita
apenas de lavagem e, posteriormente, de uma proteco do ambiente com a aplicao de um
campo limpo ou lenol para cobrir as zonas afectadas. O doente deve ser envolvido num
cobertor ou manta, para diminuir as perdas de calor, e mantido a uma temperatura controlada,
durante o transporte. importante ter em ateno:
>
>
>
Lavagem e arrefecimento.
Proteco do ambiente.
Proteco da perda de calor.
Controlo da dor
O primeiro passo para a diminuio da dor consiste na cobertura da ferida, prevenindo o
contacto com as terminaes nervosas expostas.
Utilizar narcticos (morfina) apenas por via endovenosa, em doses fraccionadas, at obter o
efeito desejado. As vias intramuscular ou subcutnea no devem ser usadas, devido
diminuio da absoro pela vasoconstrio perifrica.
>
>
Cobrir a ferida
Narcticos apenas via endovenosa
>
>
>
190
Q U EIMAD U R AS
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
ATITUDES GERAIS
4.5
4.5
18
9
18
4.5
4.5
4.5
1
9
18
9
4.5
13
2.5
9
9
9
7
7
Q U EIMAD U R AS
Membro Inferior = 18 %.
Perneo = 1%.
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
>
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Controlo da temperatura
O doente deve ser mantido quente e seco, porque a hipotermia agrava a situao clnica.
A diminuio da temperatura pode ser prevenida com o uso de solues endovenosas
aquecidas e cobertores. Utilizar fluidos aquecidos e cobertores / sistemas de aquecimento
externo.
Regurgitao ILEUS
No sentido de prevenir qualquer regurgitao por ileus intestinal (situao comum nas
primeiras horas ps-queimadura), uma sonda nasogstrica deve ser colocada para descomprimir
o estmago. Esta atitude mais premente em todos os doentes que sejam transportados por
via area.
Deve tambm ser proibida a todos os doentes qualquer toma de alimentos, lquidos ou
medicamentos por via oral, at a sua transferncia estar concluda.
191
Sonda nasogstrica.
Restrio da via oral.
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>
>
>
>
No assumir que o doente com queimaduras pode ter sofrido outras leses.
No assumir leso por inalao.
No pedir nveis de carboxihemoglobina.
Colocar outros produtos que no gua, e apenas gua, nas queimaduras, na fase inicial
da leso.
No avaliar correctamente risco de obstruo da via area (leses, por inalao, da face
ou pescoo).
No repor a volemia.
No reconhecer leses circunferenciais.
Atrasar a deciso de escarotomia.
No imunizar contra o ttano.
NDICES DE QUALIDADE
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>
192
Q U EIMAD U R AS
>
>
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
TRAUMATISMO OCULAR
INTRODUO
Os traumatismos oculares podem determinar leses no globo ocular, nervo ptico, anexos,
etc..., que vo desde leses relativamente superficiais at leses que podem comprometer
definitivamente a viso. Cerca de 80% dos traumatizados so do sexo masculino; a idade
mdia destes doentes de 30 anos. Pessoas de classes mais desfavorecidas tm mais
possibilidade de sofrerem leses traumticas. Os traumatismos ocorrem, com mais frequncia,
nos locais de trabalho, se bem que os acidentes domsticos (cerca de 39%) e os acidentes
de viao (cerca de 20%) tenham vindo a aumentar nos ltimos anos.
Observaram-se, nas ltimas dcadas, enormes avanos no conhecimento da fisiopatologia e
no tratamento destas situaes, pelo que se exigia uma uniformizao de uma terminologia
nica para traumatismos oculares mecnicos, adoptada por todos os mdicos, oftalmologistas
ou no, quando descrevem e comunicam os dados clnicos. A Birmingham Eye Trauma
Terminology (BETT), reconhecida oficialmente pelas maiores organizaes cientficas
internacionais, providencia uma definio clara de todos os tipos de traumatismos
mecnicos.
Torna-se extremamente importante recolher dados acerca da traumatologia ocular, para planear
e desenvolver aces de profilaxia (legislao, campanhas pblicas, etc) efectivas, diferente de
regio para regio. A maioria dos traumatismos oculares prevenvel, pelo que, mais do que
o tratamento, deve ser realizado o maior esforo na sua preveno.
OBJECTIVOS
Saber avaliar qualquer traumatismo orbitrio ou ocular.
Conhecer as tcnicas bsicas na abordagem e no tratamento inicial dos traumatismos do
globo ocular e das estruturas que o rodeiam.
Saber se o doente requer o envio a um Centro de Oftalmologia, bem como instituir,
fundamentalmente em situaes de extrema urgncia, e, sempre que necessrio, por exemplo,
nas queimaduras qumicas, um tratamento imediato.
193
Um doente com um traumatismo ocular grave dever ser orientado, no para o Hospital mais
prximo, mas para o que tenha os recursos para o seu correcto tratamento, de acordo com
uma rede de referenciao que necessrio definir.
>
>
>
>
Urgncia Absoluta
194
SITUAO CLNICA
Queimadura qumica (base> cido)
Hemorragia expulsiva coroideia
Aparecimento de bolha de gs intraocular
Abcesso orbitrio
Perda de viso por hemorragia expansiva da rbita
TR AU MA O C U LAR
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
traumatismo ocular grave, chegar a um centro especializado, dentro dos prazos de tempo
definidos, segundo o seu grau de gravidade.
Urgente
<24 horas
24 a 72 horas
2 semanas
CASOS PARTICULARES
Cuidados de Anestesia
O doente com suspeita de leso do globo ocular:
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>
TR AU MA O C U LAR
SITUAO CLNICA
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
TEMPO DE ACTUAO
Crianas
O traumatismo ocular a segunda causa mais frequente de cegueira em crianas; 29 a 35%
dos traumatismos oculares ocorre em crianas.
Investigar se a criana estava a realizar actos proibidos (ex.: pistolas ldicas com projcteis,
brincar com fogo ), o que muitas vezes difcil, e ter sempre em mente que pode tratar-se
de abuso de crianas, negligncia, etc... Sempre que houver dvidas, observar sob sedao
ou anestesia geral.
Traumatismos qumicos
Os traumatismos qumicos podem determinar leses gravssimas da superfcie e do globo
ocular, levando a perdas de viso irreversveis, se um tratamento adequado no for instituido,
atempadamente (cada segundo conta). O resultado visual depende fundamentalmente, da
natureza do qumico e da durao de contacto do qumico com o globo ocular.
As bases, ao contrrio da maioria dos cidos que no vo alm da superfcie ocular, penetram
no globo ocular, danificando gravemente todas as estruturas da crnea e podendo chegar
ris, ao cristalino ou ao corpo ciliar.
195
>
>
>
>
>
>
>
Eliminar o residuo de base ou cido do globo ocular, atravs de irrigao copiosa, pelo
menos 15 a 30 minutos, com soro fisiolgico, lactato de Ringer, Balanced Salt Solution
(BSS), ou outro.
Realizar sempre a everso da plpebra e irrigar os fundos de saco.
Avaliar o pH, alguns minutos depois da irrigao, e continuar a irrigar at atingir 7.
Desbridar o epitlio corneano e conjuntival necrticos (fundamental).
Aplicao tpica de corticides, ascorbato de sdio, citrato de sdio a 10% , antibitico e
cicloplgico.
Prescrio, per os de ascorbato de sdio e antibiticos.
Aplicao na superfcie ocular, de membrana amnitica, nos casos mais graves.
>
>
>
>
>
>
>
20% dos doentes com CEIO no tem dor e a viso pode estar excelente.
A porta de entrada pode no ser detectvel, especialmente se for posterior.
O interrogatrio capital ao saber o tipo de actividade que o doente estava a realizar,
consegue-se ter uma ideia se o CEIO est alojado mais superficialmente ou mais
profundamente.
A ecografia um mtodo de diagnstico muito importante; pode dar falsos negativos, em
CEIO pequenos ou vegetais, ou falsos positivos na presena de bolhas de gs.
A TAC pode no mostrar CEIO de plstico, de madeira ou mesmo de metal.
A ecografia superior TAC, na demonstrao de leses oculares associadas a CEIO. No
entanto, a TAC superior, na avaliao do tamanho e na localizao do CEIO.
Nunca realizar RM com suspeita de CEIO de origem metlica.
DADOS A RECOLHER
A Birmingham Eye Trauma Terminology (BETT), reconhecida oficialmente pelas maiores
organizaes cientficas internacionais, em que o tecido de referncia sempre o do globo
196
TR AU MA O C U LAR
Teraputica:
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
TERMO
DEFINIO E EXPLICAO
Traumatismo Fechado GO
Lacerao Lamelar
Contuso
Traumatismo Aberto GO
Ruptura
Lacerao
Leso Penetrante
Porta de entrada.
Se existe mais do que uma porta de entrada, cada uma deve ter sido determinada
por um objecto diferente; no existe porta de sada e , usualmente, criada por um
objecto cortante.
CEIO
Leso Perfurante
TR AU MA O C U LAR
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
197
Traumatismo
Globo Ocular
Contuso
Lacerao Lamelar
Lacerao
Penetrante
CEIO
Ruptura
Perfurante
RECOMENDAES
Criao de um Registo Nacional de Traumatismos Oculares, onde todos os Oftalmologistas
tenham possibilidade de reportar pela internet, de maneira uniformizada, todos os traumatismos
oculares, de molde a organizar aces apropriadas de preveno (primria, secundria e
terciria) e teraputica.
Tratamento dos traumatismos oculares graves em Centros especializados de Oftalmologia, de
acordo com os tempos de actuao referenciados na tabela I.
198
TR AU MA O C U LAR
(As caixas de contorno mais espesso mostram os diagnsticos mais utilizados na prtica
clnica)
NOR M A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
Figura 1 BETT
TRAUMATISMO NA GRVIDA
INTRODUO
O traumatismo a principal causa de morte materna, devido a causas no obsttricas, e
fundamental a existncia de alguma familiaridade com a avaliao do trauma e a fisiologia da
gravidez, para proceder a uma correcta orientao.
Os acidentes de viao so responsveis por dois teros dos casos observados nas sociedades
industrializadas, logo seguidos pelas agresses e quedas. clssico considerar os seguintes
tipos de traumatismos, aos quais esto ligadas leses especficas: traumatismos fechados,
traumatismos perfurantes ou traumatismos directos e indirectos.
A avaliao da grvida traumatizada representa um desafio mpar e requer uma equipa
multidisciplinar, para optimizar o bem-estar materno e fetal. A presena do feto indica que h
dois doentes potencialmente em risco, ambos requerendo avaliao e orientao. Contudo, o
bem-estar e a estabilizao materna so de importncia fundamental e assumem precedncia
sobre o do feto. Alm disso, a gravidez acarreta modificaes e adaptaes hemodinmicas,
nicas ao estado gravdico, que interferem com o padro de resposta, observado nas leses
traumticas, durante a gravidez. Estas mudanas (anatmicas, cardiovasculares, pulmonares,
renais, de coagulao, entre outras) afectam no s as respostas fisiopatolgicas da grvida
ao trauma e o padro das leses provocadas, mas tambm a interpretao dos sinais vitais e
dos resultados laboratoriais, interferindo com a capacidade do clnico na correcta avaliao da
gravidade do traumatismo e na sua orientao.
O princpio fundamental dos nossos procedimentos consiste em que as manobras de
ressuscitao materna so indispensveis para a ressuscitao fetal.
Em termos fetais, o efeito do traumatismo na gravidez depende da idade gestacional, do tipo
e da gravidade do traumatismo e do grau de compromisso da circulao tero-placentria.
A circulao uterina e a perfuso tero-placentria esto directamente dependentes da presso
sangunea sistmica materna, estando, assim, muito vulnervel nas situaes de choque
hipovolmico. Se houver compromisso da perfuso tero-placentria e da oxigenao fetal, a
resposta fetal consiste em alteraes da frequncia e variabilidade dos batimentos cardacos
(bradicardia, taquicardia), da ausncia de aceleraes da Frequncia Cardaca Fetal e presena
de desaceleraes. Estas alteraes so identificadas pela auscultao dos batimentos
cardacos (doptone) e, idealmente, pelo registo cardiotocogrfico da frequncia cardaca fetal
e da actividade uterina (contraces uterinas).
Outro conceito com implicaes nos procedimentos e atitudes perante uma grvida
traumatizada o da viabilidade fetal. O feto considerado vivel, quando tem 50% de hiptese
de sobrevivncia neonatal. Actualmente, e dependendo dos recursos neonatais imediatamente
disponveis, o limiar da viabilidade situa-se s 25-26 semanas ou peso estimado de 750g.
199
>
>
>
>
Sistema cardio-circulatrio:
>
>
>
>
200
TRAUMATISMO N A G R VIDA
Alteraes siolgicas
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
Aparelho digestivo:
>
Sistema urinrio:
>
Sistema nervoso:
>
>
Sistema osteo-articular:
>
TRAUMATISMO N A G R VIDA
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NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
>
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>
tero e placenta:
>
>
>
>
>
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>
>
>
>
201
OBJECTIVOS
Permitir que todas as grvidas, vtimas de trauma, tenham acesso a tratamento adequado, de
forma a melhorar o prognstico e reduzir a mortalidade elevada, associada instabilidade
hemodinmica, provocada pela hemorragia, e aumentar as hipteses de sobrevivncia de um
feto potencialmente vivel.
Numa fase inicial, todas as grvidas com trauma grave devem ter um tratamento adequado,
sistematizado e estruturado, de forma a recuperar integralmente a doente ou minorar as
consequncias das leses, tal como preconizado para todos os traumatizados em geral.
Torna-se imperativo que estas doentes sejam avaliadas por um grupo multidisciplinar, com
comunicao entre si, e notificao da equipa de obstetrcia, para avaliao da idade
gestacional e viabilidade fetal, na fase inicial (secundria) da avaliao. Esta informao
crucial para optimizar os tratamentos materno e fetal.
Identificar as potenciais complicaes do traumatismo na gravidez:
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202
TRAUMATISMO N A G R VIDA
>
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NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
Leso penetrante:
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>
>
Quando a grvida for admitida em local sem recursos adequados ao tratamento das leses,
deve ser transferida, com acompanhamento mdico e de enfermeiro, em ambulncia
medicalizada, sem prejuzo de, nesse local, se ter efectuado um controlo eficaz da via area
e da ventilao, bem como da circulao. Este princpio assume particular relevncia na
grvida, na qual a sobrevivncia fetal est directamente dependente e relacionada com todos
os esforos para a estabilizao materna e combate agressivo do choque hipovolmico.
Todas as circunstncias, que produzem instabilidade materna, so tambm deletrias para
o feto.
TRAUMATISMO N A G R VIDA
A identificao da vitalidade fetal, atravs da audio dos batimentos cardacos fetais por
doptone, pode ser efectuada de forma breve, na avaliao inicial, ficando, para a abordagem
secundria da grvida traumatizada, a avaliao da viabilidade e da monitorizao fetal.
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
AVALIAO INICIAL
A avaliao inicial da grvida politraumatizada deve estar focalizada na estabilizao
cardiovascular e respiratria da condio materna. Assim, a avaliao inicial, segundo a
filosofia de tratamento ABC, identificando e tratando as leses que colocam em risco a vida da
doente (ABC; reposio da volemia /controlo da hemorragia), d prioridade me.
Qualquer tratamento requerido, para salvar a vida da me, deve ser empreendido
independentemente da gravidez. Assim, com poucas excepes, as prioridades de tratamento
so semelhantes nas vtimas de traumatismo grvidas e no grvidas. A avaliao da via
203
>
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204
TRAUMATISMO N A G R VIDA
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NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
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Histria completa, incluindo histria obsttrica: data da ltima menstruao, data previsvel
do parto, complicaes da gravidez actual ou de gestaes anteriores.
Procurar sintomas ou sinais de contraces uterinas, hemorragia vaginal e/ou dor
abdominal.
Traumatismo abdominal directo, sensibilidade uterina ou abdominal, hemorragia vaginal
so sugestivos de DPPNI e obrigam a monitorizao uterina e fetal, bem como investigao
laboratorial. O diagnstico de DPPNI , essencialmente, clnico; a ecografia tem uma
sensibilidade inferior a 50% no diagnstico desta entidade, que pode ocorrer sem qualquer
hemorragia externa visvel.
Exame fsico completo, incluindo a avaliao da altura uterina, que nos d uma avaliao
aproximada da idade gestacional (mtodo rpido de estimar a IG).
Exames plvico e rectal so imperativos. Para alm da avaliao da possibilidade de leso
plvica (idntico em todos os doentes traumatizados), na grvida, deve ser especificamente
procurada a presena hemorragia vaginal, de rotura da bolsa de guas; abaulamento do
perneo, presena de contraces uterinas e avaliao da frequncia e ritmo dos
batimentos cardacos fetais.
TRAUMATISMO N A G R VIDA
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
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205
Monitorizao
Monitorizao recomendada a todos os nveis:
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Oximetria de pulso.
Electrocardiograma e Frequncia Cardaca.
Presso Arterial.
Temperatura.
Dbito urinrio.
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Imagiologia
A execuo destes exames exige um planeamento adequado, que inclui:
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206
TRAUMATISMO N A G R VIDA
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
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Estes exames devem ser executados, apenas quando a doente estiver estvel
hemodinamicamente.
Embora haja uma preocupao muito grande com a exposio a radiao durante a gravidez,
qualquer exame, considerado necessrio para a avaliao materna, no deve ser adiado com
base nos potenciais riscos fetais. A exposio a doses <5-10 rad no causam aumento
significativo de risco para o feto, comparado com o risco espontneo.
A avaliao radiogrfica materna implica minimizar a irradiao fetal atravs da proteco
abdominal, quando possvel.
TRAUMATISMO N A G R VIDA
NORM A S DE BOA P RT I CA EM T RA UM A
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>
1 trimestre:
Ecografia.
Lavagem peritoneal.
TAC (com contraste via oral ou endovenosa).
2 trimestre:
Ecografia ou TAC.
Lavagem peritoneal (tecnicamente mais difcil).
3 trimestre:
Ecografia ou TAC.
>
>
207
DADOS A RETER
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>
>
208
TRAUMATISMO N A G R VIDA
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213
IV
SUMRIO EXECUTIVO
NORMAS DE BOA PRTICA EM TRAUMA
GRUPO DE TRABALHO DE TRAUMA COMPETNCIA EM EMERGNCIA MDICA ORDEM DOS MDICOS
215
INTRODUO
O trauma mantm-se como uma das causas mais importantes na origem da morbilidade e a
mortalidade em Portugal, com maior incidncia entre a populao mais jovem. Reconhecendo
que, em grande parte, a melhoria da resposta ao trauma se relaciona com a organizao dos
meios de socorro, um conjunto de mdicos, em representao de diversas entidades, elaborou
um documento de consenso: Normas de Boa Prtica em Trauma (em anexo).
Sendo a Ordem dos Mdicos uma entidade responsvel pela determinao de exigncias
tcnicas, clnicas e de recomendaes relativas boa gesto dos recursos e servios, o
Conselho Nacional Executivo nomeou um grupo de trabalho para a elaborao dessas normas.
Foram nomeados mdicos em representao de vrios Colgios de Especialidade:
Anestesiologia, Cirurgia Geral, Medicina Intensiva, Neurocirurgia, Ortopedia e da Competncia
em Emergncia Mdica. Foi acordada a articulao do grupo de trabalho com a Competncia
em Emergncia Mdica, integrando-o os membros da respectiva Comisso.
Decorridos os trabalhos deste grupo, geraram-se consensos em torno dos temas elegidos
como estratgicos para a melhoria da abordagem do doente traumatizado.
PLANEAMENTO
A boa gesto de recursos mandata como prioritrias a planificao e a rentabilizao de meios
existentes. Acreditando-se no potencial da capacidade instalada e na necessidade da tomada
de opes estratgicas, so exigncias organizativas:
1. Actualizao da Rede de Referenciao da Urgncia/Emergncia Mdica, com definio
de critrios de referenciao primria e transferncia secundria para os mesmos,
equacionando temas como o transporte, as comunicaes, a telemedicina e os sistemas
de informao, entre outros.
2. Definio de Centros de Trauma no contexto da Rede de Urgncias, com concentrao
de recursos e competncias, para melhor dar resposta ao grande traumatizado.
3. Qualificao do transporte primrio (pr-hospitalar) e secundrio (entre unidades de
sade).
4. Acompanhamento da resposta ao trauma: criao de um sistema de informao
integrado, o que mandata a definio de indicadores de acompanhamento e registos
obrigatrios de dados.
5. Qualificao crescente dos profissionais de sade, investindo-se na formao em trauma.
217
ATENDIMENTO
A organizao em causa requer a sistematizao das caractersticas das diversas unidades,
requisitos formativos dos vrios profissionais e responsabilidades dos mltiplos interlocutores
implicados.
Para melhor explicitar estas exigncias e orientaes, nos diversos textos descritivos das
recomendaes sobre trauma, sero apresentadas matrizes (resource matrix) clarificadoras
do proposto, dividindo os critrios e os objectivos pela seguinte classificao: E = Essencial,
D = Desejvel, N/A = No Aplicvel.
218
SUM RI O EX ECUT I VO
FORMAO
Pr-Hosp
HB3
HMC2
HP1
Nebulizao/broncodilatao
N/A
N/A
N/A
N/A
Asma brnquica
Controlar convulses
N/A
N/A
N/A
Ecocardiografia
N/A
N/A
TAC
N/A
N/A
SUM RI O EX ECUT I VO
Nvel de Atendimento
EMERGNCIA GERAL
219
Nvel de Atendimento
HB3
HMC2
HP1
Imagiologia de interveno
N/A
N/A
N/A
Imagiologia electromagntica
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
Nvel de Atendimento
TRAUMA
Pr-Hosp
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Controlo da ventilao
Cricotiroidotomia
Colar Cervical
Fixadores laterais
220
SUM RI O EX ECUT I VO
Pr-Hosp
EMERGNCIA GERAL
Nvel de Atendimento
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Ventilao artificial
Drenagem torcica
N/A
N/A
Toracotomia Exploradora
N/A
N/A
Buraco de Trpano
N/A
N/A
N/A
Ecografia toraco-abdominal
N/A
N/A
N/A
N/A
Ressonncia Magntica
N/A
N/A
N/A
Angiografia
N/A
N/A
N/A
Fibroscopia
N/A
N/A
Ecocardiografia
N/A
N/A
Comunicao
SUM RI O EX ECUT I VO
Pr-Hosp
TRAUMA
Nvel de Atendimento
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
1E
2 Enfermeiros
1E
N/A
N/A
N/A
221
Nvel de Atendimento
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Neurologia
N/A
N/A
Oftalmologia
N/A
N/A
Otorrinolaringologia
N/A
N/A
Pneumologia
N/A
N/A
Cardiologia
N/A
N/A
Nvel de Atendimento
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
1E
2 Enfermeiros
1E
N/A
Anestesiologia
N/A
N/A
Cirurgia Geral
N/A
N/A
Ortopedia
N/A
N/A
Neurocirurgia
N/A
N/A
N/A
Dois enfermeiros
N/A
N/A
N/A
Cirurgia Vascular
N/A
N/A
N/A
Urologia
N/A
N/A
Obstetrcia
N/A
N/A
Cirurgia Maxilo-Facial
N/A
N/A
N/A
Oftalmologia
N/A
N/A
Otorrinolaringologia
N/A
N/A
Cirurgia Cardio-Torcica
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
N/A
*Emergencista mdico de qualquer especialidade, com formao e treino em medicina de emergncia, reconhecida pela
Ordem dos Mdicos.
222
SUM RI O EX ECUT I VO
Pr-Hosp
SUM RI O EX ECUT I VO
TRANSPORTES
ORIENTAES CLNICAS
A consignao de orientaes clnicas para as situaes mais frequentes e/ou graves constitui
uma metodologia de trabalho vantajosa para a construo de instrumentos de trabalho que:
visem sistematizar o conceito e o referencial do que constitui a boa prtica, proporcionem uma
223
RECOMENDAES
So recomendaes explicitadas no documento de consenso que se apresenta:
1. Definio de um Plano Nacional de Trauma:
a. Criao de uma Comisso Nacional de Trauma.
b. Comisses Regionais de Trauma (por ARS).
c. Coordenaes Clnicas locais (por rea de influncia de hospital polivalente) e
institucionais (por unidade prestadora de cuidados).
2. Identificao de Redes Regionais de Trauma e os standards para a caracterizao de
Centros de Trauma por reas geogrficas e nveis de interveno (diferenciao tcnica):
a. Centros de Trauma Nvel 3: Unidade com Urgncia Bsica.
b. Centros de Trauma Nvel 2: Hospital com Urgncia Mdico-Cirrgica.
c. Centros de Trauma Nvel 1: Hospital com Urgncia Polivalente Hospital responsvel
pela coordenao clnica da rede de trauma da sua rea de referenciao.
d. Identificao de Hospitais como Centros de Trauma para Leses Especficas:
Trauma Peditrico, Queimados, Vrtebro-Medulares, Cirurgia de Reimplante,
Neuro-Traumatologia.
3. Identificao de Recursos Mnimos para cada rea de interveno: Recursos Humanos
e Recursos Tcnicos para as Equipas do Pr-Hospitalar, Transporte e Centros de Trauma
(Nveis 1, 2 e 3).
4. Desenvolvimento de Normas de Boa Prtica:
a. Triagem.
b. Referenciao.
c. Transporte.
d. Avaliao Inicial/Reanimao.
e. Traumatismo Crnio-Enceflico.
f. Traumatismo Vrtebro-Medular.
g. Traumatismo do Pescoo.
h. Traumatismo do Trax.
i. Traumatismo do Abdmen.
j. Traumatismo Plvico.
k. Traumatismo Msculo-Esqueltico.
l. Traumatismo Vascular.
m. Queimaduras.
n. Traumatismo Ocular
o. Traumatismo na Grvida.
224
SUM RI O EX ECUT I VO
Contudo, repletas que esto as fontes bibliogrficas sobre possveis opes de orientao
clnica, a simples constatao da sua existncia no basta para modificar os comportamentos
dos profissionais. imperativo que se reunam os seguintes requisitos, para a eficcia da
implementao de orientaes clnicas: devem ser representativas dos consensos
internacionais de reconhecido mrito e permitir a adaptao local pelas equipas de trabalho,
que se responsabilizam pelo atendimento do doente traumatizado.
SUM RI O EX ECUT I VO
CONCLUSES
Pretende-se, com estas normas de boas prticas, fornecer um referencial, para promover e
facilitar as seguintes etapas cruciais do desenvolvimento de um sistema de trauma:
1. Criao de redes de trauma, com especial enfoque em sistemas regionais.
2. Capacitao tcnica e estabelecimento de nveis de atendimento para os diversos
pontos de rede.
3. Qualificao do transporte.
4. Formao e qualificao dos profissionais de sade.
5. Registo nacional de todas as fases de assistncia com carcter obrigatrio.
6. Monitorizao do sistema e implementao de medidas correctivas.
So estas as bases do consenso assumido, adiante transcrito, que serviram de inspirao
para o Grupo de Trauma nomeado pela Ordem dos Mdicos, em colaborao com a Competncia
em Emergncia Mdica, autor das recomendaes anexas.
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