TCC Penal Militar
TCC Penal Militar
TCC Penal Militar
PR-REITORIA ACADMICA
CURSO DE DIREITO
Juiz de Fora
2015
Juiz de Fora
2015
Auto
de
Resistncia.
Policiais
Militares.
Polmica.
Competncia.
INTRODUO
Em relao ao auto de resistncia, documento circunstanciado,
elaborado quando da ocorrncia de resistncia pelo criminoso interferncia
policial com violncia ou amea no momento da abordagem ou captura, h a
previso legal dada pelo caput do art. 234 do Cdigo de Processo Penal Militar,
sendo um documento a ser confeccionado pelo oficial de servio e subscrito
pelo executor e duas testemunhas, expondo todo o ocorrido, onde o executor,
fundamentado no 2 deste artigo, quando estritamente necessrio poder
fazer uso de fora de modo a conter a injusta agresso, inclusive, utilizar-se de
arma de fogo para proteger sua incolumidade ou de terceiros.
No ambiente policial, o referido documento conhecido pelo jargo
policial de auto de resistncia ou AR.
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Como em toda e qualquer profisso, existem bons e maus profissionais.
inegvel que existem policiais, valendo aqui destacar que representam a
minoria, que se utilizam do AR como forma de legalizar suas aes ilcitas,
passando tal documento a ser alvo de crticas e perda de credibilidade.
A importncia na adoo de procedimentos especficos para a
elaborao do auto de resistncia, a fim de uma padronizao das aes,
esclarecendo assim, os meios a serem seguidos pelo oficial da polcia militar,
responsvel pelos trabalhos investigatrios.
Por derradeiro, vamos analisar a polmica que envolve a competncia
para apurar os crimes dolosos contra a vida praticados por policiais militares
quando de servio ou em razo deste. Alm de uma explanao sobre a atual
jurisprudncia acerca desse assunto.
METODOLOGIA
Para
produo
do
presente
artigo,
realizou-se
uma
pesquisa
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clara o AR, criando apenas seus contornos, esclarecendo os casos em que tal
documento deve ser confeccionado.
O Delegado de Polcia do Estado de So Paulo, Rafael Francisco
Marcondes de Moraes esclarece que:
Quando os criminosos resistem interferncia policial com
violncia ou ameaa no momento em que seriam abordados ou
capturados, a lei estipula a elaborao de um auto
circunstanciado, no qual devem ser registradas as
circunstncias e expostas as justificativas que ultimaram a
atuao da polcia e a dinmica dos fatos. Nesses casos, o
parmetro inicial para a apurao do evento, em geral, ser o
conjunto das verses alegadas pelos policiais, bem como por
testemunhas e pessoas envolvidas no incidente. No mbito
policial e no universo jurdico, referido documento
historicamente foi batizado de auto de resistncia ou auto de
resistncia seguida de morte, em especial quando ocorre a
morte do suposto agressor trnsfuga da lei em razo do revide
pelos agentes policiais. (MORAES, 2013).
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autoridade, de acordo com o art. 3, i da Lei n 4.898 (Lei de Abuso de
Autoridade), sendo possvel ainda, o uso da agravante capitulada no art. 61, II,
g do CP, como menciona Luiz Regis Prado:
A agravante prevista no artigo 61, II, g, do Cdigo Penal referese ao fato de ter o agente cometido o crime com abuso de
poder ou violao de dever inerente a cargo, ofcio, ministrio
(exerccio de atividades religiosas) ou profisso (atividade
especializada, remunerada, intelectual ou tcnica). Cuida-se de
agravante que opera sobre a medida do injusto, demonstrando
maior desvalor da ao. Exige um elemento objetivo- maior
facilidade ou menor risco para a prtica de delito- e um
elemento subjetivo- uso (consciente e voluntrio) ilegtimo ou
alm dos limites legais do poder inerente a cargo, ofcio,
ministrio ou profisso. (PRADO, 2007).
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1.3 INQURITO POLICIAL MILITAR
O Decreto-Lei n 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Cdigo de Processo
Penal) diz no caput do seu art. 1 que o processo penal reger-se-, em todo o
territrio brasileiro, por este Cdigo, ressalvados (...) e logo traz, em uma das
suas ressalvas, a competncia da Justia Militar, prevista no inciso III, os
processos da competncia da Justia Militar. Dessa forma, o processo penal
militar ser regido pelas normas contidas no Decreto-Lei n 1.002, de 21 de
outubro de 1969 (Cdigo de Processo Penal Militar), as quais devero ser
interpretadas no sentido literal de suas expresses, sendo que os casos
omissos sero supridos pela legislao de processo penal comum, quando
aplicvel ao caso concreto e sem prejuzo da ndole do processo penal militar,
pela jurisprudncia, pelos usos e costumes militares, pelos princpios gerais de
Direito e pela analogia, de acordo com o art. 3 do CPPM.
O Inqurito Policial Militar (IPM) tem por sua principal finalidade apurar
sumariamente e de forma inquisitorial determinado fato, de modo a descobrir a
autoria do crime militar, colhendo e fornecendo provas suficientes para o titular
da ao penal, ou seja, o Ministrio Pblico, para que este, possa ajuizar a
ao, como previsto no art. 9 do CPPM, in verbis:
O inqurito policial militar a apurao sumria de fato, que,
nos termos legais, configure crime militar, e de sua autoria. Tem
o carter de instruo provisria, cuja finalidade precpua a
de ministrar elementos necessrios propositura da ao
penal.
Pargrafo nico. So, porm, efetivamente instrutrios da ao
penal os exames, percias e avaliaes realizados
regularmente no curso do inqurito, por peritos idneos e com
obedincia s formalidades previstas neste Cdigo.
2. Aspectos Legais
2.1 RESISTNCIA
O referido delito configura-se quando da desobedincia a uma ordem
manifestadamente legal dada pelo agente pblico no exerccio de suas
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funes, ocorrendo violncia ou ameaa ao agente ou que o auxilia, atravs de
uma ao positiva. Sobre este delito, diz o art. 329 do CP:
Opor-se execuo de ato legal, mediante violncia ou
ameaa a funcionrio competente para execut-lo ou a quem
lhe esteja prestando auxlio:
Pena- deteno, de dois meses a dois anos.
1- Se o ato, em razo da resistncia, no se executa:
Pena- recluso, de um a trs anos.
2- As penas deste artigo so aplicveis sem prejuzo das
correspondentes
violncia.
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Emprego de fora
O emprego de fora s permitido quando indispensvel, no
caso de desobedincia, resistncia ou tentativa de fuga. Se
houver resistncia da parte de terceiros, podero ser usados os
meios necessrios para venc-la ou para defesa do executor e
auxiliares seus, inclusive a priso do ofensor. De tudo se
lavrar auto subscrito pelo executor e por duas testemunhas.
Emprego de algemas
1- O emprego de algemas deve ser evitado, desde que no
haja perigo de fuga ou de agresso da parte do preso, e de
modo algum ser permitido, nos presos a que se refere a art.
242.
Uso de armas
2- O recurso ao uso de armas s se justifica quando
absolutamente necessrio para vencer a resistncia ou
proteger a incolumidade do executor ou de auxiliar seu.
3. Competncia
3.1. PREVISO CONSTITUCIONAL
A Constituio Federal de 1988, ao tratar da segurana pblica,
estabelece em seu art. 144, 1, inciso IV, a competncia da Polcia Federal
para exercer a polcia judiciria da Unio, e no 4 a competncia da Polcia
Civil para o exerccio das funes de polcia judiciria e a apurao das
infraes penais, destacando-se, vale ressaltar, a exceo no que se refere aos
crimes militares, o que seria alvo de diversas discusses jurdicas, tanto no
mbito estadual quanto federal, e que resultaria no questionamento da
constitucionalidade da Lei n 9.299/96, em repetidas Aes Diretas de
Inconstitucionalidade.
Nos casos em que o sujeito ativo for militar estadual, o art. 125 da CF
prev que a Justia Militar estadual ser competente para processar e julgar os
crimes militares definidos em lei, com exceo dos crimes dolosos contra a
vida, praticados por militares contra civis, o qual compete ao Tribunal do Jri,
por fora da Emenda Constitucional n 45/2004 que alterou o 4, desse
mesmo artigo, cujo teor o seguinte:
[...] 4 - Compete a Justia Militar estadual processar a julgar
os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e
as aes judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada
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a competncia do jri quando a vtima for civil, cabendo ao
tribunal competente decidir sobre a perda de posto e da
patente dos oficiais e da graduao das praas.
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a vigorar com a seguinte redao, acrescido, ainda, o seguinte
2, passando o atual pargrafo nico a 1:
"Artigo 82 - O foro militar especial, e, exceto nos crimes
dolosos contra a vida praticados contra civil, a ele esto
sujeitos, em tempo de paz:
(...)
1 - (...)
2 - Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil,
a Justia Militar encaminhar os autos do inqurito policial
militar justia comum."
Artigo 3 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicao.
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alterao a chamada Emenda Constituio [...]. Por fim, a
EC 45, de 08.12.2004, culminou por alterar a competncia da
Justia Militar Estadual (e somente em relao a ela),
ressalvando que os crimes dolosos contra a vida, praticados
por policial militar estaduais e, do Distrito Federal, quando a
vtima for civil, sero de competncia do Tribunal do Jri.
(ASSIS, 2012).
3.5. JURISPRUDNCIA
O Tribunal de Justia Militar do Estado de Minas Gerais reconheceu a
validade do IPM na investigao de crime contra a vida, praticado por policial
militar contra a vida de civil, conforme HC n 1299, de 21 de junho de 2001,
como segue:
HABEAS CORPUS. TRANCAMENTO DE IPM. PEDIDO DE
CONCESSO DE LIMINAR. - Nega-se a concesso de liminar
quando o pedido destitudo de argumentao. - A notcia de
um fato de homicdio no pode, tecnicamente, ser pr-definido
como criminoso, como doloso ou culposo. Da, ocorrido o fato
que, em tese, seja crime militar, cabe Polcia Militar instaurar
o IPM nos termos do art. 82, 2, do CPPM com a redao
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dada pela Lei n 9.299/96. O IPM ser encaminhado Justia
Militar, que o remeter Justia Comum quando o fato apurado
constituir, em tese, o crime de que trata o art. 82, 1, do
CPPM. Acordam os Juzes do Tribunal de Justia Militar do
estado de Minas Gerais, por unanimidade de votos, em tomar
conhecimento do pedido e, por maioria de 4 votos a 1, em
denegar a ordem impetrada. Vencido o Juiz Cel PM Laurentino
de Andrade Filocre, que concedia a ordem.
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se tenha pretendido, na mesma lei, estabelecer a mesma
competncia em dispositivo de um Cdigo o Penal Militar que no o prprio para isso e noutro de outro Cdigo - o de
Processo Penal Militar - que para isso o adequado. Recurso
extraordinrio no conhecido.
CONCLUSO
Aps o estudo de doutrinas e jurisprudncias, podemos entender que o
policial militar poder fazer uso de fora fsica ou de arma de fogo para conter a
injusta agresso (violncia ou amea), de modo proporcional e necessrio,
atuando desta forma no estrito cumprimento de seu dever legal, ou em legtima
defesa, quando se tratar de seu auxiliar ou terceiros, onde lavrar-se- o devido
auto de resistncia, subscrito tambm por duas testemunhas.
Com relao a Lei n 9.299/96 e a Emenda Constitucional n 45/2004,
pode-se entender que tais normas, apenas alteraram a competncia para o
julgamento dos crimes dolosos contra a vida, praticados por policias militares,
onde a competncia para o julgamento passa da Justia Militar para a Justia
Comum, ou seja, o tribunal do juri. Porm, sendo pacfico o entendimento,
atravs de julgados dos tribunais, como do prprio STF, a constitucionalidade
na apurao, sendo a Polcia Judiciria Militar, em sede de IPM, competente de
forma sumria e inquisitorial, a investigao e apurao dos citados crimes.
A apurao no Inqurito Policial Militar, realizada pela figura do
Encarregado, Oficial da Polcia Militar, onde este, ao final da apurao,
confeccionar um relatrio de concluso, limitando-se apenas a indicar a
existncia ou no de indcios de cometimento de crime. importante salientar,
que os autos so remetidos ao titular da ao penal, ou seja, o Ministrio
Pblico Estadual, que tem o poder fiscalizatrio sobre o IPM, o qual recebido
os autos, decidir sobre a realizao de diligncias complementares, o
oferecimento da denncia, ou seu arquivamento.
Por fim, saliente ressaltar que tais discusses entre as instituies
policiais acerca deste tema, no trazem benefcios, somente enfraquecem esta
relao to importante no combate a violncia que se agrava a cada dia em
nosso pas. Vale dizer ainda, que coibir ou restringir de qualquer forma as
aes da segurana pblica, apenas desestimulam estes profissionais que
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diuturnamente atuam em prol do combate a criminalidade e na promoo de
um ambiente seguro e de paz para toda a sociedade.
REFERNCIAS
ASSIS, Jorge Csar de. Cdigo de Processo Penal Militar:- 1 volume
(artigos 1 a 383). 4. ed. Curitiba: Juru, 2012.
BRASIL.Cdigo Penal, Processo Penal, Penal Militar, Processo Penal
Militar e Constituio Federal. 11. ed. atual.eampl. So Paulo: Saraiva, 2014.
GRECO, Rogrio. Atividade Policial: Aspectos penais, processuais penais,
administrativos e constitucionais. 4. ed. Niteri: Impetus, 2012.
MORAES, Rafael Francisco Marcondes de. Morte decorrente de interveno
policial: o debate em torno do "auto de resistncia". Disponvel em:
http://jus.com.br/artigos/24119. Acesso em: 13 abr.2015.
NEVES, Ccero Robson Coimbra. Crimes dolosos, praticados por militares
dos Estados, contra a vida de civis: crime militar julgado pela Justia
Comum.
Disponvel
em:
http://www.jusmilitaris.com.br/novo/uploads/docs/crimedolososcivis.pdf. Acesso
em 10 abr. 2015.
PRADO, Luiz Rgis. Curso de Direito Penal Brasileiro:- volume 1: parte
geral, arts. 1 a 120.7. ed. rev., atual. eampl. So Paulo: Revista dos Tribunais,
2007.