Libras - Nova Revisão

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Apresentao:
A Capacitao Multiplicadores LIBRAS foi elaborada com a finalidade de apresentar
ao servidor capaz de se comunicar em Lngua de Sinais a modalidade de Metodologia
de Ensino da Lngua Brasileira de Sinais.
Temos o objetivo de capacitar servidores em Libras no contexto do seu trabalho, de
modo a facilitar o ensino-aprendizagem dentro de um processo contnuo numa
perspectiva inclusiva. Sendo que a capacitao dever ser realizada em etapas; sendo
esta a primeira.
Antes a Lngua de Sinais era usada pelas Comunidades Surdas apenas, hoje Familiares,
Educadores, Linguistas, Profissionais Liberais, Entidades Religiosas, Estudantes, enfim, o
campo de interesse aumentou bastante.
Vocs j conhecem o 'Mundo dos Surdos', agora aproveite para tirar os sapatos, sentar
conosco e usufruir de timas conversas para descobrirmos mais e mais este Mundo
Maravilhoso.
Sejam bem vindos!
Critrios do curso:
FREQUNCIA:
Metade do curso presencial. primordial a presena de todos durante o curso. O
excesso de faltas resulta em reprovao.
AVALIAO:
Visitas s comunidades surdas;
Produo de material em Libras;
Avaliao de aprendizagem virtual;
Pontualidade.
PRINCPIOS GERAIS PARA O ALUNO:

Evite falar durante as aulas, tente utilizar mais o canal visual;


Use a expresso corporal e facial para se expressar sem se envergonhar.
Lembrem-se os surdos usam esses dois recursos naturalmente;
No tenha medo de errar - pense na mensagem que quer transmitir e no
nas palavras.
Sempre fixe o olhar na face do emissor da mensagem.
Atente-se para tudo que est acontecendo durante a aula. Tudo
aprendizagem.
Comunique-se com seus colegas, troque opinies, formem grupo de
estudos.
Envolva-se com as comunidades surdas.
2

Introduo
Na dcada de 60 comearam estudos profundos sobre a Lngua de Sinais (Stokoe,
1960), tanto a nvel de sua estruturao interna como de sua gramtica, provando que
ela tinha valor lingstico semelhante s lnguas orais e que cumpria as mesmas
funes, com possibilidades de expresso em qualquer nvel de abstrao. Realizaram
estudos comparados entre filhos Surdos de pais Surdos (FSPS) e filhos Surdos de pais
ouvintes (FSPO), concluindo. FSPS: tinham desenvolvimento escolar melhor que seus
colegas FSPO, sem detrimento do desenvolvimento da fala e da leitura oro-facial.
Stevenson (1964) e Meadow (1966) concluram que os FSPS eram superiores aos FSPO
em realizao acadmica, matemtica, leitura e escrita, vocabulrio, sem diferenas na
fala e na leitura oro-facial. Como resultado destas pesquisas concluiu-se que os Sinais
no prejudicavam o desenvolvimento das crianas Surdas, mas, ao contrrio, ajudavaos no seu desenvolvimento escolar sem prejuzo para as habilidades orais.
Na Comunicao Total normalmente os sinais so usados na ordem da lngua oral sem
respeitar as caractersticas prprias da Lngua de Sinais S.V.O./S.O.V. praticamente
uma Comunicao Bimodal.
Quando pedido criana Surda que se comporte linguisticamente de forma
semelhante ao outro, sem considerar a sua forma particular de comunicao,
dominada pelo outro, ela no supostamente distinta do outro, mas deve se
comportar e construir a sua identidade pelo modelo do outro que no a aceita na sua
forma particular de comunicao, e ela no tm como formar uma auto-identificao
positiva, intersubjetivamente reconhecida.
Durante quase 100 anos existiu o ento chamado imprio oralista, e di, em 1971, no
Congresso Mundial de Surdos em Paris, que a Lngua de Sinais passou a ser novamente
valorizada. Nesse congresso foram tambm discutidos resultados de pesquisas
realizadas nos EUA sobre comunicao total.
No ano de 1975, por ocasio do Congresso seguinte, realizado em Washington, j era
evidente a conscientizao de que um sculo de oralismo dominante no serviu como
soluo para a educao de Surdos.
A constatao de que os Surdos eram sub-educados com o enfoque oralista puro e de
que a aquisio da lngua oral deixava muito a desejar, alm da realidade
inquestionvel de que a comunicao gestual nunca deixou de existir entre os Surdos,
fez com que uma nova poca se iniciasse dentro do processo educativo dos Surdos.
Os trabalhos de Danielle Bouvet, em Paris, publicados em 1981, e as pesquisas
realizadas na Sucia e Dinamarca, na mesma poca, introduzem o enfoque bilngue na
educao do indivduo Surdo.

Dados sobre os surdos no mundo:

Estima-se em torno de 250 milhes de Surdos no mundo (Coria/1999).


Estima-se em torno de 3 milhes de Surdos no Brasil (Viena/1995).
Mais ou menos 80% dos Surdos do mundo no desenvolvem escolaridade
completa (Viena/1995).
Muitos pases no tm sua prpria Lngua de Sinais sistematizada
importam a Lngua de Sinais e no tem a sua prpria cultura desenvolvida.
A Sucia foi o primeiro pas do mundo a reconhecer a Lngua de Sinais
oficialmente em 1981. Tem mais de 400 intrpretes oficiais do governo.
Depois do domnio dos sinais os intrpretes precisam ter mais 2 anos de
treinamento.
Diversos pases j aceitaram legalmente a Lngua de Sinais.
A ONU e UNESCO j redigiram um documento reconhecendo a Lngua de
Sinais para os Surdos.
Na Sucia: 80% dos Surdos no falam bem e obrigatrio aos professores
para Surdos o domnio da Lngua de Sinais.
Nos Estados Unidos 86% dos Surdos no falam bem.
A ndia possui 4 milhes de Surdos e 50 escolas.

Mitos sobre as pessoas com deficincia:


Suzana Baker

Necessitam ser dependentes dos outros;


So mal ajustados, zangados e infelizes;
So marcados e menos inteligentes (Surdo estudando grego e hebraico);
Drenam a economia e so improdutivos;
No tem os mesmos relacionamentos das pessoas ditas normais.
Merecem compaixo e piedade;
Seu lugar em instituies especializadas;
Esto sendo punidos por algum pecado.

O que Libras?
Libras ou Lngua Brasileira de Sinais a Lngua Natural e usada pela maioria dos Surdos
do Brasil, cujo aprendizado requer estudo dirio, tempo e contato constante com os
seus usurios.
Esse idioma uma Lngua visual-gestual, diferente de todos os idiomas que temos
conhecimento at agora e que so auditivos e orais, como: o portugus, ingls, francs,
japons, etc.
Esta peculiaridade tem suas implicaes:

A ateno auditiva que se presta habitualmente para captar a pronuncia ser


agora substituda pela ateno visual;
A memria auditiva ser substituda pela memria visual;
Todos os problemas de pronncia, entonao e acentuao sero aspectos de
expresso facial, corporal e agilidade manual;

Fatores Visuais:
Ateno Visual:
Este um fator fundamental na Lngua de Sinais:
Enfoque: mos, braos, expresso facial, olhos, cabea.
Discriminao Visual:
- Discriminao auditiva;
- Sinais aparentemente idnticos diferenciando apenas em dois aspectos. Exemplo:
modificao facial e modificao no movimento.
Memria Visual:
- Fundamental para a recordao de sries de vocabulrios e as oraes em Lngua
Brasileira de Sinais.
Fatores Gestuais:
Expresso Corporal:
- Desinibio, descobrimento do corpo, conscincia do espao e segurana no processo
de aprendizagem.
Expresso Facial:
Elemento fundamental na estrutura da Lngua Brasileira de Sinais.

Motricidade Digital e Manual:


- Habilidade que precisa de muita dedicao. Os gestos e o alfabeto precisam ser
praticados constantemente.
Percepo e Uso do Espao:
O aluno precisa ter uma grande percepo para que faa o sinal no espao correto.
Exemplo: CU, SOL, TRABALHAR, LARANJA, etc.

Bilinguismo
As Lnguas de Sinais, que eram conhecidas apenas pelas comunidades surdas,
atualmente so alvos de considervel interesse por parte de educadores e lingistas de
todo mundo. Dentro do histrico notamos o questionamento do uso ou no da Lngua
de Sinais, no entanto onde houver dois ou mais surdos ela estar sem dvida, presente
entre eles.
O QUE BILINGISMO?

No um mtodo, enfoque educacional;


Posso usar qualquer mtodo dentro da educao do Surdo, desde que
respeite o enfoque do Bilingismo;
multicultural;
No fala de reabilitao (como um deficiente), mas em educao (como um
diferente);
Procura trabalhar os sinais, a leitura, a escrita, Sign Writing e a fala (os dois
ltimos opcionais)

GRANDES OBJETIVOS DO BILINGISMO:

Facilitar a aquisio de conceitos pelo aluno Surdo;


Facilitar a assimilao de contedo do currculo bsico;
Proporcionar um real e efetivo meio de informaes a estes indivduos;
Aproveitar a respeitar a lngua natural dos Surdos;
Garantir aos Surdos o desenvolvimento normal da linguagem e da
inteligncia. Primeiro garantir linguagem, conhecimento e desenvolvimento;
Formar uma personalidade saudvel, com desenvolvimento emocionalsocial normal; desenvolver a personalidade sadia de crianas Surdas.
Normalmente as crianas ouvintes vem para escolas com linguagem
interior e as Surdas no;
Construo de uma teoria sobre o mundo um mundo apropriado, com
aceitao. As crianas ouvintes fazem algumas perguntas e isso constri o
seu mundo, e isso deve ser permitido as crianas Surdas;
Permitir que o Surdo soubesse que faz parte de um grupo humano com
cultura prpria e que solidrio com eles; pois eles no podem ser como os
ouvintes (ainda que tentem) por que so Surdos. No podem projetar-se
nos pais (modelos) ouvintes porque so Surdos e lhes faltar modelo para o
futuro. A formao de um entorna lingstico de sinais L.S. (Lngua de
Sinais) elemento de poder e os Surdos podem comear a sair da situao
de SUBALTERNOS dos ouvintes;
Busca de uma educao que se preocupe com indivduos e no somente
com sistemas que precisam ser aprovados.

Caracterizando a Surdez:
O audimetro um instrumento utilizado para medir a sensibilidade auditiva de um
indivduo. O nvel de intensidade sonora medido em decibel (dB).
Por meio desse instrumento faz-se possvel a realizao de alguns testes, obtendo-se
uma classificao da surdez quanto ao grau de comprometimento (grau e/ou
intensidade da perda auditiva), a qual est classificada em nveis, de acordo com a
sensibilidade auditiva do indivduo:
Audio normal de 0 a 15 dB;
Surdez leve de 16 a 40 dB. Nesse caso a pessoa pode apresentar dificuldade
para ouvir o som do tic-tac do relgio, ou mesmo uma conversao silenciosa
(cochicho);
Surdez moderada de 41 a 55 dB. Com esse grau de perda auditiva a pessoa
pode apresentar alguma dificuldade para ouvir uma voz fraca ou canto de um
pssaro;
Surdez acentuada de 56 a 70 dB. Com esse grau de perda auditiva a pessoa
poder ter alguma dificuldade para ouvir uma conversao normal;
Surdez severa de 71 a 90 dB. Nesse caso a pessoa poder ter dificuldades
para ouvir o telefone tocando ou rudos das mquinas de escrever num
escritrio;
Surdez profunda acima de 91 dB. Nesse caso a pessoa poder ter dificuldade
para ouvir o rudo de caminho, de discoteca, de uma mquina de serrar madeira
ou, ainda, o rudo de um avio decolando.
A surdez pode ser ainda, classificada como unilateral, quando se apresenta em apenas
um ouvido e bilateral, quando acomete ambos ouvidos.

Graus da Surdez e Desenvolvimento


Sendo a surdez uma privao sensorial que interfere diretamente na comunicao,
alterando a qualidade da relao que o indivduo estabelece com o meio, ela pode ter
srias implicaes para o desenvolvimento de uma criana, conforme o grau da perda
auditiva que as mesmas apresentem:
1. Surdez leve: a criana capaz de perceber os sons da fala; adquire e desenvolve
a linguagem oral espontaneamente; o problema geralmente tardiamente
descoberto; dificilmente se coloca o aparelho de amplificao porque a audio
muito prxima do normal;
2. Surdez moderada: a criana pode demorar um pouco para desenvolver a fala e
linguagem; apresenta alteraes articulatrias (trocas na fala) por no perceber
todos os sons com clareza; tem dificuldade em perceber a fala em ambientes
ruidosos, so crianas desatentas e com dificuldade no aprendizado da leitura e
escrita;
3. Surdez severa: a criana ter dificuldades em adquirir a fala e linguagem
espontaneamente; poder adquirir vocabulrio do contexto familiar; existe a
necessidade do uso de aparelho de amplificao e acompanhamento
especializado;
4. Surdez profunda: a criana dificilmente desenvolver a linguagem oral
espontaneamente; s responde auditivamente a sons muito intensos como:
bombas, trovo, motor de carro e avio; freqentemente utiliza a leitura
orofacial; necessita fazer uso de aparelho de amplificao e/ou implante
coclear, bem como de acompanhamento especializado.

Identidades Surdas
Gldis Perlin
1. Identidade Surda Poltica: so as pessoas que tm identidade surda plena,
geralmente so filhos de pais surdos, tm conscincia surda, so politizados,
tm conscincia da diferena, e tm a lngua de sinais como a lngua nativa.
Usam recursos e comunicaes visuais.
2. Identidade Surda Hbrida: so surdos que nasceram ouvintes e posteriormente
se tornam surdos, conhecem a estrutura do portugus falado. Gldis narra a
experincia prpria: Isso no to fcil de ser entendido, surge a implicao
entre ser surdo, depender de sinais, e o pensar em portugus, coisas bem
diferentes que sempre estaro em choque. Assim, voc sente que perdeu
aquela parte de todos os ouvintes e voc tem pelo meio a parte surda. Voc
no um, voc duas metades.
3. Identidade Surda de Transio: eu especificaria nesta categoria os surdos que
so oralizados, foram mantidos numa comunicao auditiva, so filhos de pais
ouvintes, e tardiamente descobrem a comunidade surda, e nessa transio, os
surdos passam pela desouvintizao, isto , passam do mundo auditivo para o
mundo visual.
4. Identidade Surda Incompleta: so surdos que so dominados pela ideologia
ouvintista, ele no consegue quebrar o poder dos ouvintes que fazem de tudo
para medicalizar o surdo, negam a identidade surda como uma diferena, so
surdos estereotipados, acham os ouvintes como superiores a eles.
5. Identidade Surda Flutuante: os surdos tm conscincia ou no da prpria
surdez, vtima da ideologia ouvintista. So surdos conformados e acomodados a
situaes impostas pelo ouvintismo, no tem militncia pela causa surda, so
surdos que oscilam de uma comunidade a outra, no conseguem viver em
harmonia, em nenhuma comunidade, por falta de comunicao com ouvintes e
pela falta de Lngua de Sinais com surdos.

Intrprete da Libras
Intrprete Pessoa que interpreta de uma lngua (lngua fonte) para outra (lngua alvo)
o que foi dito.
Lngua fonte a lngua que o intrprete ouve ou v para, a partir dela, fazer a
traduo e interpretao para a outra lngua (a lngua alvo).
Lngua alvo a lngua na qual ser feita a traduo ou interpretao.
Intrprete de lngua de sinais Pessoa que interpreta de uma dada lngua de sinais
para outro idioma, ou deste outro idioma para uma determina lngua de sinais.
O que envolve o ato de interpretar?
Envolve um ato COGNITIVO-LINGSTICO, ou seja, um processo em que o intrprete
estar diante de pessoas que apresentam intenes comunicativas especficas e que
utilizam lnguas diferentes. O intrprete est completamente envolvido na interao
comunicativa (social e cultural) com poder completo para influenciar o objeto e o
produto da interpretao. Ele processa a informao dada na lngua fonte e faz
escolhas lexicais, estruturais, semnticas e pragmticas na lngua alvo que devem se
aproximar o mais apropriadamente possvel da informao dada na lngua fonte. Assim
sendo, o intrprete tambm precisa ter conhecimento tcnico para que suas escolhas
sejam apropriadas tecnicamente. Portanto, o ato de interpretar envolve processos
altamente complexos.
O intrprete de libras o profissional que domina a lngua de sinais e a lngua falada do
pas e que qualificado para desempenhar a funo de intrprete. No Brasil, o
intrprete deve dominar a lngua brasileira de sinais e lngua portuguesa. Ele tambm
pode dominar outras lnguas, como o ingls, o espanhol, a lngua de sinais americana e
fazer a interpretao para a lngua brasileira de sinais ou vice-versa (por exemplo,
conferncias internacionais).
Alm do domnio das lnguas envolvidas no processo de traduo e interpretao, o
profissional precisa ter qualificao para atuar como tal. Isso significa ter domnio dos
processos, dos modelos, das estratgias e tcnicas de traduo e interpretao. O
profissional intrprete tambm deve ter formao especfica na rea de sua atuao
(por exemplo, a rea da educao).
Realizar a interpretao da lngua falada para a lngua sinalizada e vice-versa
observando os seguintes preceitos ticos:
a) Confiabilidade (sigilo profissional);
b) Imparcialidade (o intrprete deve ser neutro e no interferir com opinies prprias);
c) Discrio (o intrprete deve estabelecer limites no seu envolvimento durante a
atuao);
d) Distncia profissional (o profissional intrprete e sua vida pessoal so separados);
e) Fidelidade (a interpretao deve ser fiel, o intrprete no pode alterar a informao
por querer ajudar ou ter opinies a respeito de algum assunto, o objetivo da
interpretao passar o que realmente foi dito).

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Mitos sobre os intrpretes de Libras


1. Professores de surdos so intrpretes de lngua de sinais?
No verdade que professores de surdos sejam necessariamente intrpretes de lngua
de sinais. Na verdade, os professores so professores e os intrpretes so intrpretes.
Cada profissional desempenha sua funo e papel que se diferenciam imensamente. O
professor de surdos deve saber e utilizar muito bem a lngua de sinais, mas isso no
implica ser intrprete de lngua de sinais. O professor tem o papel fundamental
associado ao ensino e, portanto, completamente inserido no processo interativo social,
cultural e lingstico. O intrprete, por outro lado, o mediador entre pessoas que no
dominam a mesma lngua abstendo-se, na medida do possvel, de interferir no
processo comunicativo.
2. As pessoas ouvintes que dominam a lngua de sinais so intrpretes?
No verdade que dominar a lngua de sinais seja suficiente para a pessoa exercer a
profisso de intrprete de lngua de sinais. O intrprete de lngua de sinais um
profissional que deve ter qualificao especfica para atuar como intrprete. Muitas
pessoas que dominam a lngua de sinais no querem e nem almejam atuar como
intrpretes de lngua de sinais. Tambm, h muitas pessoas que so fluentes na lngua
de sinais, mas no tm habilidade para serem intrpretes.
3. Os filhos de pais surdos so intrpretes de lngua de sinais?
No verdade que o fato de ser filho de pais surdos seja suficiente para garantir que o
mesmo seja considerado intrprete de lngua de sinais. Normalmente os filhos de pais
surdos intermedeiam as relaes entre os seus pais e as outras pessoas, mas
desconhecem tcnicas, estratgias e processos de traduo e interpretao, pois no
possuem qualificao especfica para isso. Os filhos fazem isso por serem filhos e no
por serem intrpretes de lngua de sinais. Alguns filhos de pais surdos se dedicam a
profisso de intrprete e possuem a vantagem de ser nativos em ambas as lnguas.
Isso,
no entanto, no garante que sejam bons profissionais intrpretes. O que garante a
algum ser um bom profissional intrprete , alm do domnio das duas lnguas
envolvidas nas interaes, o profissionalismo, ou seja, busca de qualificao
permanente e observncia do cdigo de tica. Os filhos de pais surdos que atuam
como intrprete tem a possibilidade de discutir sobre a sua atuao enquanto
profissional intrprete na associao internacional de filhos de pais surdos
(www.codainternational.org).

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Som e Silncio
A msica a arte de combinar sons e silncio seguindo uma pr-organizao ao longo
do tempo. Esses sons nos encantam, nos irritam e s vezes at nos protegem. Ns
vivemos em um mundo cercado de sons, sons da Natureza, do cotidiano, do mundo,
das pessoas. Ouvimos sons ao nosso redor quase todo o tempo.
Mas o que o som?
Som uma energia que se propaga em ondas. Percebemos os sons porque somos
capazes de captar o movimento das ondas sonoras. Todo nosso organismo capaz de
sentir o movimento destas ondas, porm o ouvido o rgo especializado na captao
dos sons e transmisso para o crebro que capaz de identificar os sinais enviados e
decodificar o som.
Um objeto produz o som quando vibra a matria. Quando vibra na atmosfera, move as
partculas do ar prximas que se deslocam ao redor delas, carregando a vibrao. Essa
vibrao sofre variaes em formas de ondas de flutuao. Ouvimos sons diferentes
por causa das variaes de ondas sonoras.
Podemos destacar duas variaes que formam as caractersticas principais de um som:
Frequncia est relacionada com o nmero de vibraes da onda sonora em
determinado intervalo de tempo. Quanto maior a freqncia, mais agudo ou
alto ser o som e quanto menor a frequncia, mais grave ou baixo ser o som.
Intensidade a caracterstica que nos permite distinguir um som fraco de um
som forte. A intensidade do som uma caracterstica que est relacionada com
a amplitude das ondas sonoras. Quanto maior for a amplitude, mais forte ser
o som e quanto menor for a amplitude, mais fraco ser o som.
Quando ouvimos um som de uma msica em um aparelho de som, por exemplo,
podemos dizer que o auto-falante esta convertendo os sinais eltricos em ondas
sonoras, ou seja, vibraes na presso do ar. Quando essas ondas mecnicas chegam
s orelhas, podemos dizer que estamos ouvindo.
Para ouvir precisamos de trs coisas bsicas:
Direcionar essas ondas sonoras para dentro do aparelho auditivo.
Sentir as flutuaes na presso do ar.
Traduzir essas flutuaes para um sinal eltrico que seu crebro possa
decodificar.

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As orelhas a parte do sistema acstico que detecta essas ondas mecnicas no


ambiente e as convertem em sinais neurais. Esses sinais so conduzidos ao sistema
nervoso central que ira interpretar os sons e os seus significados: se uma musica,
uma palavra falada ou um animal.
Mas o que silncio?
Voc poderia me dizer que silncio a ausncia total ou relativa de sons. Porm, o
silncio pode se referir a qualquer ausncia de comunicao, ainda que por meios
diferentes da fala. Nas conversas informais, breves pausa no som no quer dizer pausa
na comunicao. Silncio na fala pode significar hesitao, autocorreo ou diminuio
no ritmo ou velocidade para clarear ou processar as ideias. Os surdos vivenciam uma
cultura completamente silenciosa.
Os surdos vivem no silncio?
Silncio para os surdos o mesmo que silncio para os ouvintes?

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Anatomia do Aparelho Auditivo

A audio um dos sentidos mais apurados para perceber o mundo que nos cerca. A
percepo do som requer do nosso organismo um mecanismo extremamente apurado
que funciona como uma orquestra afinada.
Vamos conhecer um pouco mais...
Na anatomia humana, o rgo responsvel pela audio a orelha, antigamente
denominada de ouvido. No Brasil, a Comisso de Terminologia da Sociedade Brasileira
de Anatomia, alterou vrios termos utilizados para partes do corpo humano, adotando
o termo orelha para todo o aparelho auditivo. Costumava-se adotar o termo ORELHA
(do latim: aurcula) para parte cartilaginosa externa do aparelho auditivo, ligada
diretamente ao canal do ouvido externo. Ruy Castro
Embora na linguagem mdica, o termo correto seja ORELHA, na linguagem comum,
ainda no existe um consenso sobre a utilizao dos termos, mantendo o uso desse
termo preferencialmente para parte EXTERNA e OUVIDO para parte interna ou para
identificar o rgo responsvel pela audio. Nos ditos e expresses populares esta
distino ntida, como podemos observar em: puxar a orelha, com as orelhas
ardendo, de orelha em p, com a pulga atrs da orelha, esprito santo de orelha, entra
por um ouvido e sai por outro, as paredes tm ouvido, ouvido de tuberculoso, dar
ouvidos, ter bom ouvido, dor de ouvido e outras similares.
Adotaremos para fins didticos na perspectiva anatmica o uso do termo ORELHA. A
maior parte da orelha fica no osso temporal, que se localiza na caixa craniana. Alm da
funo de ouvir, o ouvido tambm responsvel pelo equilbrio.
A orelha esta dividida em trs partes.
Orelha Externa
A orelha externa, formada pelo pavilho e pelo conduto auditivo, o primeiro tem como
principal funo captar as ondas sonoras e o segundo de, como o prprio nome
sugere, conduzir essas ondas a orelha media. O pavilho auditivo ajuda a determinar a
direo do som. Se o som vem de cima ou de trs, vai ricochetear no pavilho auditivo
de uma forma diferente do som vindo de baixo ou de frente, alterando a onda sonora.
E ajudando o seu crebro a reconhecer padres distintos caractersticos que determina
a localizao do som. O conduto auditivo externo estabelece a comunicao entre a
orelha externa e a orelha mdia, tem cerca de trs centmetros de comprimento e
est escavado em nosso osso temporal. revestido internamente por pelos e
glndulas, que fabricam uma substncia gordurosa e amarelada, denominada cerume

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ou cera. Tanto os pelos como o cerume retm poeira e micrbios que normalmente
existem no ar e eventualmente entram nos ouvidos.

Voc Sabia ?
Alguns mamferos, como os ces, tem orelhas grandes e mveis que podem ser
direcionadas para a origem do som. O ser humano no possui essa capacidade, pois
suas orelhas so achatadas contra a cabea e no possuem msculos que permitam
essa mobilidade. Para incrementar a capacidade de captao das orelhas,
instintivamente as pessoas colocam as Mos em concha prximas a elas.
Voc Sabia ?
O uso do cotonete faz mal a sade!
Embora prazeroso (comparado por alguns especialistas a sensaes comparveis com
a dos orgasmos) o uso de cotonete faz mal a sade. A sensao agradvel acontece,
pois essa uma regio ricamente inervada. Existem a muitas terminaes nervosas
que no contato com qualquer objeto do origem a estmulos que, no crebro, se
traduzem nas tais sensaes. Primeiro porque o ouvido j tem um mecanismo de
auto-limpeza que empurra as clulas cutneas mortas para fora. Segundo, porque o
uso de cotonete pode causar um processo inflamatrio que atinge a pele do canal
auditivo externo, alm de empurrar a cera para dentro, formando um tampo de
cera. Esse tampo pode provocar uma sensao de eco ou at a perda temporria da
audio. E terceiro, porque, diferentemente do que muitos pensam, o cerume no
sujeira, funcionando na verdade como proteo. Est certo que no nem um pouco
agradvel ficar com o ouvido sujo. Por isso, os especialistas orientam que o ideal
limp-lo aps o banho com a ponta da toalha, s at onde o dedo alcanar - e esse
dedo NO deve ser o mindinho!
Orelha Mdia
A orelha mdia comea na membrana timpnica e consiste, em sua totalidade, de um
espao areo a cavidade timpnica no osso temporal. Dentro dela esto trs
ossculos articulados entre si, cujos nomes descrevem sua forma: martelo, bigorna e
estribo. Esses ossculos encontram-se suspensos na orelha mdia, atravs de
ligamentos. Assim que as ondas sonoras entram no canal auditivo, elas vibram a
membrana timpnica, comumente chamada de tmpano. O tmpano um pedao de
pele fina, em forma de cone, com aproximadamente 10 milmetros de largura. Fica
entre o canal auditivo e o ouvido mdio (trompa de Eustquio). Como o ar atmosfrico
entra no nosso corpo tanto pelo ouvido externo como pela boca, a presso do ar nos
dois lados do tmpano continua igual. Esse equilbrio de presso permite que o
tmpano se mova livremente para frente e para trs.

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Voc Sabia ?
Essa pequena camada de pele funciona como o diafragma em um microfone. O
tmpano pode servir para proteger o ouvido mdio interno de exposies prolongadas
a rudos altos e graves. Quando o crebro recebe um sinal que indica esse tipo de
rudo, ocorre em reflexo no tmpano. O msculo ao seu redor se contrai de repente.
Isso puxa o tmpano e os ossos conectados a ele em direes diferentes, deixando a
membrana mais rgida. Quando isso acontece, o ouvido capta o som de forma
abafada. A audio fica mais concentrada, mascarando rudos de fundo altos e graves
para que voc possa concentra-se em sons mais agudos. Exemplo uma conversa em
um show de rock.

Orelha Interna
A orelha interna, chamada labirinto, formada por escavaes no osso temporal,
revestidas por membrana e preenchidas por lquido. Limita-se com a orelha mdia
pelas janelas oval e a redonda. O labirinto apresenta uma parte anterior, a cclea ou
caracol - relacionada com a audio, e uma parte posterior - relacionada com o
equilbrio e constituda pelo vestbulo e pelos canais semicirculares.
Voc Sabia ?
Labirintite
A pessoa consegue manter o equilbrio porque seu crebro recebe um conjunto de
informaes que processa para definir qual a posio dela no espao. Quais so
essas informaes? So informaes tteis, essas percebidas pela pele e que chegam
atravs dos msculos e articulaes, as ticas (por isso quando fechamos os olhos
podemos perder a noo do equilbrio) e as auditivas que vm atravs dos sons.
Para entender melhor o que labirintite, uma doena que pode comprometer o
equilbrio, preciso conhecer um pouco a anatomia do ouvido interno, atrs da
membrana do tmpano. Ele constitudo pela cclea, uma estrutura enovelada
semelhante a um caracol que contm as terminaes do nervo auditivo, e por trs
canais semicirculares. Logo abaixo deles est o vestbulo. Todas as clulas que
revestem essas estruturas tm a caracterstica de receber as ondas sonoras que fazem
vibrar o tmpano e, identificando essas vibraes, transform-las em estmulo
nervoso, em sinal eltrico que atravs do nervo auditivo alcana o crebro onde so
decodificados os impulsos recebidos. Quando essas estruturas sofrem processos
inflamatrios, infecciosos, destruies ou compresses mecnicas podem provocar os
sintomas prprios da labirintite.
Quando esses mecanismos apresentam falhas, surgem vrias deficincias
auditivas que podem ter vrios graus e culminar na surdez total.
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Causas da Surdez
O dicionrio priberam da Lngua portuesa define surdez como privao parcial ou total
no sentido de ouvir.
Algumas pessoas nascem surdas e outras ficam surdas com o tempo. Durante toda a
nossa vida estamos expostos a alguns riscos que podem interferir em nossa audio.
Estes riscos podem acontecer antes, durante ou depois do nascimento.
Risco
Pr-natal

O que significa
A criana adquire a
surdez atravs da
me no perodo de
gestao.

Perinatal

A criana fica surda


em decorrncia de
problemas no parto.

Ps-natal

A pessoa fica surda


em decorrncia de
problemas aps o seu
nascimento.

Causas
Desordens genticas ou hereditrias;
Causas relativas consanginidade;
Causas relativas ao fator Rh;
Causas
relativas
a
doenas
infectocontagiosas, como a rubola;
Sfilis,
citomegalovrus,
toxoplasmose,
herpes;
Ingesto de remdios Ototxicos;
Ingesto de drogas ou alcoolismo materno;
Desnutrio/subnutrio/carncias
alimentares;
Presso alta;
Diabetes;
Exposio radiao.
Pr- maturidade
Ps- maturidade
Anxia,
Frceps;
Infeco hospitalar.
Meningite;
Remdios Ototxicos em excesso ou sem
orientao mdica;
Sfilis adquirida;
Sarampo, caxumba;
Exposio contnua a rudos ou sons muito
altos;
Traumatismos cranianos.

17

Conforme a causa da surdez, dizemos que o indivduo nasceu surdo ou que ele
ensurdecido, ou seja, ficou surdo aps o nascimento.
Voc Sabia ?
Rubola
uma doena congnita, decorrente da infeco da me pelo vrus da rubola
durante as primeiras semanas da gravidez, sendo mais grave quanto mais precoce for
a infeco em relao idade gestacional. A infeco da me pode resultar em
aborto, morte fetal ou anomalias congnitas como diabetes, catarata, glaucoma e
surdez, entre outras.
Alm da perda fetal, a infeco congnita pode se manifestar por uma variedade de
sinais e sintomas que vo do aumento do volume do bao e do fgado, ictercia,
manchas rochas na pele, at anomalias congnitas como surdez, catarata, diabetes e
glaucoma, que aparecem em distintos estgios do desenvolvimento da criana. A
surdez o sintoma mais precoce da SRC.
A me infectada transmite o vrus ao feto por meio da placenta.
Como no h um medicamento efetivo, o tratamento voltado para as ms
formaes congnitas, de acordo com as deficincias apresentadas. A deteco
precoce facilita os tratamentos clnico, cirrgico e de reabilitao.
A vacinao a nica maneira de prevenir a doena. O esquema vacinal vigente de
uma dose da vacina trplice viral aos 12 meses de idade e uma dose de reforo entre
quatro e seis anos. Caso a mulher chegue idade frtil sem ter sido previamente
vacinada, dever receber uma dose da vacina trplice viral.
Voc Sabia ?
Remdios Ototxicos
So remdios que podem levar surdez. O uso prolongado e sem receita mdica de
certas substncias faz mal sade dos ouvidos. Quase 60 remdios entre
analgsicos, antibiticos e diurticos pode provocar tonteira, zumbido e at surdez.
Segundo especialistas, as substncias conhecidas como Oto txicas causam leses
graves e, muitas vezes, irreversveis cclea e ao vestbulo, as partes do ouvido
humano responsveis pela audio e pelo equilbrio, respectivamente. O cido
acetilsaliclico, provavelmente o analgsico mais difundido do mundo, tambm um
dos mais famosos remdios Oto txicos. No caso dele, porm, o risco de perda
auditiva reversvel e, na maioria das vezes, os indesejveis efeitos colaterais
costumam sumir aps 72 horas de suspenso do produto.
O mesmo j no acontece com os antibiticos da famlia dos aminoglicosdeos,
utilizados na preveno e no tratamento de infeces ps-operatrias, que podem
trazer danos irreversveis.
Muitos bebs prematuros esto sujeitos ao uso de antibiticos para combater
determinadas infeces respiratrias. Nestes casos, nem sempre possvel substituir
18

um medicamento pelo outro.


Apesar de a ototoxicidade requerer certa predisposio gentica, sugiro que os pais
faam exames audiomtricos antes, durante e depois do tratamento para avaliar se a
substncia provocou alguma leso ao beb, pondera Sandra Merry, presidente da
Sociedade de Otorrinolaringologia a do Rio de Janeiro (SORL-RJ).
Certos produtos qumicos, como solventes, vernizes e lubrificantes, podem ser to
prejudiciais ao ouvido humano quanto s substncias Oto txicas presentes em alguns
medicamentos. Como o risco inalatrio, otorrinos sugerem que certas atividades
profissionais, como as realizadas nas indstrias metalrgicas e petroqumicas, sejam
feitas com mscaras.
Voc Sabia ?
ndios Urubu Kaapo
Os Ka'apor so lingisticamente peculiares na Amaznia por terem uma linguagem
padro de sinais, usada para a comunicao com os surdos, que at a metade dos
anos 80 compunham cerca de 2% da totalidade de sua populao. A incidncia de
surdez deveu-se evidentemente bouba neonatal e endmica, que foi erradicada.
A Lngua de Sinais Kaapor Brasileira (em Portugal: Lngua Gestual Kaapor Brasileira,
tambm conhecida por Lngua de Sinais Urub-Kaapor) a lngua de sinais usada por
uma pequena comunidade indgena de surdos, no sul do estado do Maranho, Brasil.
A tribo Kaapor-Urub possui uma relao de 1 surdo para 75 ouvintes. Esta alta
percentagem de surdez levou a que tanto surdos como ouvintes usem a lngua de
sinais e que a grande maioria das crianas da tribo, cresa bilnge.Esta uma lngua
intra-tribal.

19

Tipos de Perdas Auditivas

A surdez, no pode ser vista de forma hegemnica, ela ter sua classificao de acordo
com a rea da orelha que apresenta a deficincia. Quando esta relacionada orelha
interna, cclea, labirinto ou nervo auditivo (que transmite as informaes geradas no
ouvido at o crebro), chama-se surdez com perda sensorial. Normalmente de difcil
tratamento e tem sua origem em causas congnitas e hereditrias, ou em razo de
doenas sistmicas, remdios Oto txicos, traumas acsticos e envelhecimento.
Quando se relaciona a dificuldade para que o som chegue do meio externo para a
orelha interna, recebe o nome de surdez com perda condutiva, geralmente tem suas
causas em obstculos passagem do som tais como: m formao no pavilho ou no
conduto auditivo, como rolhas de cera, otites (inflamaes do ouvido), problemas na
membrana timpnica e micro fraturas nos ossculos. A maior parte dos casos de perdas
condutivas pode ser revertida por tratamentos clnicos ou cirrgicos.
Alguns casos de surdez podem apresentar caractersticas mistas dos dois tipos de
perdas. s vezes, uma pessoa poder em alguns casos apresentar uma surdez
transitria ou sbita.
Voc Sabia ?
Algumas pessoas apresentam perdas auditivas transitrias ou sbitas.
As perdas transitrias acontecem quando se esta gripada ou se desce a serra ou,
ainda quando se viaja de avio. As perdas sbitas podem ter causas variadas, elas
quase sempre so unilaterais, mas em raras ocasies podem atingir os dois ouvidos.
Presso no ouvido ou estalos so sintomas que podem indicar o aparecimento da
surdez, no s a sbita, como a progressiva, que pode atingir nveis elevados em
poucos dias. A surdez sbita acompanhada de estalos intensos, podendo haver
vertigem ao mesmo tempo.
So causadoras desse problema:
Leses na cclea ou no nervo auditivo.
Formao de cogulos nos vasos que irrigam a cclea, o que faz com que as
clulas sensoriais morram por no receber sangue. Problema mais comum em
pessoas com diabetes e hipertenso.
Processos infecciosos como sarampo, rubola, herpes ou mesmo gripe
comum.
Alergias, como reao a soros, vacinas, picadas de abelha ou comidas.
Tumor no nervo auditivo, causa de 10 % dos casos.
Auto-imunizao, quando o mecanismo de defesa do organismo ataca a cclea

20

e mata as clulas como se fosse um corpo estranho.


Excesso de rudo (barulhos acima de 120 decibis podem provocar falta de
estabilidade no lquido que preenche a cclea e alimenta as clulas sensoriais).
Infeco bacteriana no labirinto, que pode desencadear. Hipersensibilidade e
problemas de micro circulao.
Degenerao neurolgica (em casos raros, a surdez sbita pode ser o primeiro
sintoma de esclerose mltipla).
Batida na cabea e fratura do osso temporal.
Fstula Peri linftica, estrutura que liga a caixa do tmpano com a cclea se
rompe sem causa aparente e provoca perda do lquido que nutre as clulas
sensoriais. medida que as clulas morrem, a audio fica comprometida.
Obstruo por cera ou inflamaes (otites).

21

Graus das perdas auditivas

Nesse mundo cercado de som comum imaginarmos que a surdez faa a pessoa viver
em um mundo de silncio. As pessoas variam na sua capacidade de ouvir os sons.
Na surdez essa incapacidade medidas em graus.
Leve
Perda de 20 a 40 dB
Discursos podem
ser
de
difcil
Audio
especialmente se
estiverem
presentes rudos de
fundo.

Moderada
de 41 dB a 70 dB
Aparelho
ou
prtese
auditiva
pode
ser
necessrio.

Grave
de 71 a 90 dB
Prteses auditivas
so teis em alguns
casos, mas so
insuficientes
em
outros.
Alguns
indivduos
com
perda
auditiva
severa
se
comunicam
principalmente
atravs
de
linguagem gestual,
outros contam com
uso das tcnicas de
leitura labial.

Severa
Acima de 91 dB
Tal como aqueles
com perda auditiva
severa,
alguns
indivduos
com
perda
auditiva
profunda
se
comunicam
principalmente
atravs
de
linguagem gestual,
outros com uso das
tcnicas de leitura
labial.

Voc Sabia ?
Todos os bebs em seu primeiro contato com a lngua apresentam o balbucio oral ou
gestual. Petitto & Marantette (1991) realizaram um estudo sobre o balbucio em bebs
surdos e bebs ouvintes no mesmo perodo de desenvolvimento (desde o nascimento
at por volta dos 14 meses de idade). Elas verificaram que o balbucio um fenmeno
que ocorre em todos os bebs, surdos assim como ouvintes, como fruto da
capacidade inata para a linguagem. As autoras constataram que essa capacidade inata
manifestada no s atravs de sons, mas tambm atravs de sinais. Nos dados
analisados por Petitto & Marantette foram observadas todas as produes orais para
detectar a organizao sistemtica desse perodo. Tambm foram observadas todas
as produes manuais tanto dos bebs surdos como dos bebs ouvintes para verificar
a existncia ou no de alguma organizao sistemtica. Nos bebs surdos foram
detectadas duas formas de balbucio manual: o balbucio silbico e a gesticulao. O
balbucio silbico apresenta combinaes que fazem parte do sistema fontico das
lnguas de sinais. Ao contrrio, a gesticulao no apresenta organizao interna. Os
22

dados apresentam um desenvolvimento paralelo do balbucio oral e do balbucio


manual. Os bebs surdos e os bebs ouvintes apresentam os dois tipos de balbucio
at um determinado estgio e desenvolvem o balbucio da sua modalidade. por isso
que os estudos afirmavam que as crianas surdas balbuciavam (oralmente) at um
determinado perodo. As vocalizaes so interrompidas nos bebs surdos assim
como as produes manuais so interrompidas nos bebs ouvintes, pois o input
favorece o desenvolvimento de um dos modos de balbuciar. As semelhanas
encontradas na sistematizao das duas formas de balbuciar sugerem haver no ser
humano uma capacidade lingstica que sustenta a aquisio da linguagem
independente da modalidade da lngua: oral-auditiva ou espao-visual. FONTE: site do
INES.
Aquisio lingustica e Surdez
Algumas pessoas nascem surdas e outras ficam surdas. A relao que elas constroem
com mundo, suas necessidades e potencialidades esta intimamente ligada vivncia
que elas tiveram com a Lngua.
Em relao lngua oral da comunidade majoritria ouvinte, podemos classificar a
surdez em:
Pr-lingustica: Surdez congnita ou adquirida antes da aquisio da lngua oral
Ps-lingustica: Surdez adquirida aps a aquisio da lngua oral.
Medicalizao da Surdez
A medicalizao da surdez a viso da comunidade mdica que acredita que a surdez
uma patologia que deve ser tratada ou corrigido por procedimentos mdicos. Neste
ponto de vista, o surdo diminudo a paciente dependente das habilidades mdicas
que lhe devolva a audio sentido este to importante para os ouvintes e minimizado
com fora de trabalho.
O surdo visto com dficit biolgico, limitado, decepado. Foi um perodo em que os
surdos saram da escola para transitar no campo da medicina.
A cincia avanou muito no campo da medicina. Os surdos que se organizaram poltica
e socialmente se tornaram objeto de pesquisa, pois como j vimos, para alguns
mdicos a surdez uma anomalia sujeita a cura.
Na concepo mdica, surdez deficincia, falta de eficincia. As escolas so
transformadas em salas de tratamento. As estratgias pedaggicas passam a ser
estratgicas teraputicas. Os professores surdos sentem-se excludos por serem
substitudos por professores ouvintes.
Hoje, algumas pessoas com surdez fazem uso de prteses auditivas, da leitura labial e
do implante coclear na tentativa de usar os avanos da medicina para "ouvir" ou
"falar".
23

Cultura Surda
Entender o que o som, o silncio e a surdez, os fatores de risco e como prevenilos fundamental para compreender a surdez. Dessa forma podemos ver, sentir
e comunicar-nos com as pessoas que apresentam algum tipo de surdez.
percebendo e respeitando o outro em sua integridade que cumprimos nosso
papel como cidados.
Estudos atuais propem uma mudana de concepo da surdez, abandonando o vis
mdico e adotando o vis cultural. Olhando para o surdo, no para a surdez.
De acordo com essa concepo, o surdo faz suas prprias escolhas. Podemos observar
os que se identificam ou no com a lngua oral, que precisam ou no de prteses, que
usam ou no a leitura labial e que querem ou no o implante coclear.
Podemos observar tambm pessoas que fazem a opo explcita pelo uso da lngua de
modalidade visual-espacial, ou lngua de sinais. Essas pessoas baseiam suas percepes
de mundo em sua postura de sujeito visual, com lngua e cultura prprias. Elas
motivam a sociedade para a reconstruo do conceito de surdo, a partir dos surdos.
A sociedade relacionou-se com a pessoa surda de vrias formas.
Existem registros histricos que mostram diferentes vises em relao aos surdos:
China - eram lanados ao mar para no se reproduzirem.
Grcia - eram tratados como incompetentes.
Itlia - eram considerados punio aos pais pela Igreja Catlica.
Egito - eram adorados.
Turquia - serviam de bobos da Corte.
Como voc pode notar, as vises apresentadas sobre a surdez permeiam o campo
sociocultural e o senso comum. Somente no fim da Idade Mdia, a deficincia passa a
ser analisada sob a tica mdica e cientfica, quando se diferenciou surdez de mudez.
Nesse perodo as crianas das famlias abastadas eram ensinadas por tutores, mdicos
ou religiosos, com o objetivo de se comunicarem oralmente ou por escrito.
Os estudos sobre os direitos das pessoas com deficincia no esto dissociados dos
fatos histricos. Desde a Antiguidade, a falta de entendimento sobre as diferenas
entre os seres humanos fez com que a deficincia fosse alvo de preconceito
(MIRANDA, 2008).
Em torno dessas pessoas se criavam marcas estigmas que as rotulavam,
discriminavam, excluam e, em alguns casos, as condenavam morte. Expresses
como anormais, retardados, dementes, aleijados e outras evidenciam a defi cincia ou
a doena em detrimento da pessoa: um sujeito de direitos, capaz de aprender e de
participar das mais diferentes atividades da vida social e cotidiana.
24

A forma como a sociedade encara as pessoas com deficincia varia em cada poca e
local, estando essa viso condicionada por fatores culturais, polticos, econmicos e
filosficos, dentre outros.
A excluso das pessoas com deficincia significa impedi-las, em maior ou menor grau,
de exercerem algum ou vrios dos direitos sociais que lhes outorgam status de
cidado. Contrariamente, o movimento mundial contemporneo pela incluso das
pessoas com deficincia se fundamenta na concepo de direitos humanos,
constituindo-se como uma ao poltica, cultural, social e pedaggica. Reconhece,
assim, a igualdade e a diferena como valores indissociveis, no sentido como afi rma
Boaventura de Souza Santos: Temos o direito a sermos iguais quando a diferena nos
inferioriza. Temos o direito a sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza(SOUZA apud SEESP, 2007, p.25).
Portanto, a educao inclusiva antes de tudo uma postura que reconhece e valoriza
em cada aluno suas potencialidades e sua condio humana. Trata-se de um princpio
filosfico que agrega valores humansticos e democrticos, atravs dos quais se busca
assegurar, indistintamente, a todos os indivduos o direito de aprender na escola, com
vistas ao crescimento, satisfao pessoal e insero social.
No curso da histria da humanidade, as pessoas com defi cincia sofreram com a
excluso social, foram vtimas de tratamentos desumanos e at de extermnio. Na
Antiguidade (4000 a.C. 476 d.C.), por exemplo, alguns povos abandonavam ou
eliminavam as pessoas deformadas por consider-las um estorvo social. Os hebreus
acreditavam que a deficincia era uma punio de Deus. Em Roma, os patriarcas eram
autorizados a matar seus filhos deficientes e, em Esparta, os pais os lanavam do alto
do Taigeto, que era um abismo de mais de 2.400 metros de altura.
Em cada poca e sociedade, a estrutura econmica, poltica e cultural influncia na
forma como as pessoas e as instituies encaram os deficientes. O contexto da Idade
Mdia (476 a 1453) foi fortemente marcado pela influncia religiosa crist e pela
ignorncia da maior parte da populao. Logo, as pessoas com deficincia eram
vtimas de supersties, consideradas possudas por demnios ou com poderes
especiais de bruxos e feiticeiros. A literatura da poca revela que anes e corcundas
eram ridicularizados e usados para diverso da nobreza.
Voc sabia que at a Idade Mdia a Igreja Catlica acreditava que os surdos no
podiam salvar sua alma porque no conseguiam proferir os sacramentos?
A partir do sculo XVI surgem diferentes instituies que passam a cuidar das pessoas
com defi cincia. Contudo, tratava-se de uma situao de segregao e isolamento
social, alegando-se que seria melhor para elas ficarem distantes, vivendo em um
ambiente mais tranquilo. Na verdade, era uma forma de livrar-se desses
inconvenientes. Persistia uma viso patolgica do indivduo que apresentava defi
cincia, o que trazia como consequncia o menosprezo da sociedade.
A partir do sculo XVI, registra-se uma preocupao em relao ao cuidado e
educao das pessoas com deficincia em instituies especiais, embora ainda

25

houvesse muito preconceito e excluso social.


Veja alguns eventos importantes na histria mundial:
368 AC
Scrates perguntou ao seu discpulo: Supunha que ns quando no
falvamos e queramos indicar objetos, ns o fazamos como fazem os
surdos-mudos sinais com as mos , cabea e demais membros do corpo?
530
Monges Beneditinos na Itlia, comunicavam-se por sinais e usavam
alfabeto manual.
1520
Pedro Ponce de Leon foi um dos tutores espanhis que se destacou no
ensino de surdos. Tinha que ensinar os surdos a falarem para reclamarem
sua herana. Utilizou alfabeto manual com duas mos e fazia uma juno
dos sinais usados pelos monges beneditinos.
1620
Juan Pablo Bonet foi um padre espanhol, educador e um dos pioneiros na
educao de surdos. Publicou um livro sobre o Alfabeto Manual, inclusive
com ilustraes.
1760
Charles Michel de LEpe era uma abade francs que fundou em 1760 o
Instituto Nacional de Sudos-Mudos de Paris, e ensinava a lngua que
aprendeu nas ruas de Paris com surdos. Divulgou, valorizou e lutou para
reconhecer como lngua, a lngua de sinais francesa. Fez com que a
educao do surdo passasse de individual para coletiva, no mais
priorizando os aristocratas, mas estendendo a todas as classes sociais. Os
seus alunos se tornaram multiplicadores fundando escolas pelo mundo,
inclusive no Brasil. O professor Hernest Huet, a convite do Imperador Dom
Pedro II, veio ao Brasil fundar a primeira escola de surdos do Brasil, o INES.
A partir de 1780 a 1980 iniciou-se a poca de
ouro na educao dos
surdos. Foi o perodo mais prspero da educao dos surdos, foram
fundadas vrias escolas, a lngua de sinais era usada e difundida
livremente, os surdos podiam aprender e dominar diversos assuntos e
exercer diversas profisses, antes inconcebveis, representando um grande
salto qualitativo na educao dos surdos. Testemunhou a sada dos surdos
da negligncia e da obscuridade, sua emancipao, cidadania e a conquista
de posies de eminncia e responsabilidade, antes inconcebveis.
1880
Samuel Heinicke e Thomas Braidwood, educadores da Alemanha e
Inglaterra, respectivamente, privilegiaram majoritariamente a lngua na
modalidade oral na educao. Argumentavam que permitir aos surdos
usar a lngua de sinais impediriam seu progresso na fala e impediria que os
surdos alcanassem uma posio na sociedade ouvinte. A escola alem,
ou oralismo, recusavam a gesticulao, lngua de sinais ou o alfabeto
manual.
II Congresso Internacional de Educao do Surdo, Milo, Itlia. Neste
congresso ficou decidido que o oralismo deveria ser utilizado

26

1911
1960

exclusivamente na educao dos surdos. Professores surdos foram


excludos , a lngua de sinais foi proibida na escola e alguns surdos tinham
as mos amarradas para serem impedidos de sinalizar, entre outros
horrores e perseguies pelos quais os surdos tiveram de suportar.
Alexandre Graham Bell, o inventor do telefone, casado e filho de me
surda, foi o maior defensor do oralismo neste congresso. Essa deciso
imposta foi um grande revs na histria do Surdo.
O INES adota o mtodo oralista.
Surge nos EUA, a comunicao. Esta proposta durou pouco por ser
parecida com a primeira, ao usar lnguas de sinais e outros meios de
comunicao, tais como aparelhos auditivos, com o fim de ensinar e apoiar
a fala.

Literatura Visual
"Recuso-me a ser considerada excepcional, deficiente. No sou. Sou surda. Para mim, a
lngua de sinais corresponde minha voz, meus olhos so meus ouvidos. Sinceramente
nada me falta. a sociedade que me torna excepcional." (Emmanuelle Laborrit)
A literatura visual
A literatura visual surgiu no momento em que as pessoas surdas se apropriaram do
saber sobre o poder de produo visual-espacial de sua lngua. De acordo com SuttonSpencer (2005), at o sculo XVIII no existiam comunidades surdas como as que
conhecemos hoje.
As formaes de comunidades surdas so fruto do movimento cientfico, social,
educacional e cultural da Modernidade. O surgimento das comunidades surdas
possibilitou a produo literria sinalizada, mesmo que esta tenha se perdido, devido
ao amordaamento lingustico e cultural vivido pelos Surdos a partir do advento do
oralismo em 1880. Em decorrncia deste evento, muito da literatura visual-espacial se
perdeu, pois, na poca a Lngua de Sinais ainda no tinha registro escrito, sendo
composta de conhecimento tcito.
Atualmente h trs tipos de literatura visual-espacial: as que so traduzidas do escrito
para a lngua de sinais; as que literaturas cujos textos so adaptados realidade dos
Surdos e, por fim, a mais importante no ponto de vista da cultura surda: a produo de
prosa e versos feito por Surdos, representando o resgate da literatura Surda.
As piadas
Culturalmente, os surdos apreciam muito contar piadas. As piadas em Libras so
contadas e recontadas em rodas e conversas e, em muitas delas, a temtica envolve o
aspecto da surdez, a lngua de sinais e a relao de surdos com ouvintes.
A poesia Surda

27

A poesia em Lngua de Sinais dos Surdos culturalmente se constitui diferente da dos


ouvintes. Segundo Sutton-Spence (2005), no h evidncias de poemas em lngua de
sinais antes de 1960. Por outro lado, pesquisas apontam que existiam poetas Surdos
nos sculos XVII e XIX. Apesar de no ser tradio entre a comunidade Surda, ela
importante no fortalecimento da identidade dos Surdos, sendo tambm uma forma de
luta contra a opresso.
Sacks (1998, p 157) considera que, para os Surdos, a lngua de sinais uma parte
imensamente ntima, indissocivel de seu ser, algo de que eles dependem, e tambm,
assustadoramente, algo que lhes pode ser tirado a qualquer momento, a exemplo da
imposio do oralismo. H nos surdos uma sensao de que preciso construir, entre
os prprios surdos, uma conscincia de valor que a lngua de sinais tem para eles quer seja na forma de literatura espacial, piada ou poemas - de modo que ela no
corra o risco de ser usurpada novamente.

28

Nova filosofia educacional: Bilinguismo

Diferente da concepo negativa que o senso comum atribui surdez, a noo de


cultura busca compreender positivamente os surdos na sua dimenso antropolgica,
histrica, psicolgica e social. A dimenso cultural, associada vida social e subjetiva
das pessoas surdas, destaca as capacidades individuais e coletivas que elas
compartilham com todos os seres humanos. Ao contrrio, as vises discriminatrias
representam as pessoas surdas como meros defi cientes fsicos que apresentam uma
incapacidade auditiva evidente, destacando, dessa forma, o surdo como diferente de
uma pessoa normal.
H vrias definies para a palavra cultura, contudo, a noo de cultura em sua
origem remete ao cultivo do campo pelos homens, s tcnicas e sentidos para o
cuidado com a terra, derivando dessa histria social a ideia de comunidade e a identifi
cao ao territrio e seus habitantes, nos seus produtos materiais e simblicos. Ora,
um dos produtos mais notveis da cultura humana foi as diferentes lnguas que
surgiram desse convvio para a garantia e desenvolvimento da vida, baseadas na
comunicao social, na organizao poltica, na troca de experincias tecnolgicas, na
elaborao filosfica e cientfica, nas narrativas poticas, nos relatos cotidianos, entre
outros.
Nesse sentido, considerando que a surdez distingue sensorialmente um grupo
particular de humanos, criando um modo especfico e compartilhado de ser, de ver e
de comunicar o mundo, podemos dizer, ento, que a cultura surda preenche todos os
critrios aqui definidos: comunidade (indivduos), identificao (sensorial), territrio
(organizaes e locais) e uma lngua prpria (lngua de sinais). A denominao cultura e
comunidade surda largamente difundida na bibliografia e produo tcnica sobre a
questo da surdez, porm, alguns autores defendem o uso da noo de povo surdo
(STROBEL, 2009), ao invs de comunidade surda, considerando a primeira como o
coletivo exclusivo das pessoas surdas e a segunda como o conjunto de surdos e
ouvintes (familiares, amigos, estudiosos, interessados) envolvidos com a surdez.
claro que esses diferentes posicionamentos esto envolvidos na adoo de um sentido
poltico. De um lado, destaca-se a luta de associaes de surdos pelo reconhecimento
de uma cultura particular e por direitos especficos. De outro lado, buscam-se formas
ampliadas de incluso e de participao na cultura social geral (local, regional,
nacional, internacional).
De fato, para os surdos, o aprendizado da Lngua Portuguesa (oral-auditiva) no o
caminho natural, sendo a Lngua Brasileira de Sinais (visual-espacial) a mais adequada
para o desenvolvimento cognitivo inicial. Todavia, pela convivncia histrica e
cotidiana com uma cultura de ouvintes, a aquisio da Lngua Portuguesa como
segunda lngua fator imprescindvel para a incluso das pessoas surdas na sociedade
brasileira. Assim, a proposta de ensino bilngue para surdos, na qual a Libras
reconhecida como a lngua natural e como pressuposto para o ensino
do Portugus, atravessa a fronteira lingustica e inclui o desenvolvimento da pessoa
surda dentro da escola e fora dela em uma perspectiva socioantropolgica (SILVA,
2008, p. 50).

29

O ensino bilngue, tendo a Libras como a lngua natural e o Portugus como segunda
lngua, preferencialmente na modalidade escrita, visto como imprescindvel para a
incluso democrtica das pessoas surdas na sociedade brasileira.
O reconhecimento legtimo de particularidades no pode estar dissociado da
participao democrtica, para que no acontea o isolamento cultural e este acabe
fortalecendo esteretipos ou criando novas discriminaes. Para os fins da ao
inclusiva na escola comum e da prtica pedaggica de professores ouvintes,
preferimos a denominao genrica de pessoas surdas ou alunos surdos.
Ao contrrio das vises discriminatrias sobre os surdos, a noo de cultura atribuda
surdez compreendida em sua dimenso antropolgica, histrica, psicolgica e
social. A noo de cultura surda preenche os critrios conceituais de: comunidade
(indivduos), identificao (sensorial), territrio (organizaes e locais) e lngua
prpria (lngua de sinais).

30

Surdo: Sujeito Visual

Antes era calado. Era um silncio total. Eu no aprendi nada durante muito tempo. S
havia bocas abrindo e fechando. Eu era triste, diferente. No era s eu. Todos os
surdos eram iguais. Surdo no participava de nada, no dava opinio, no aprendia
nada. Maria, Surda.
A Maria, uma surda que no conhecia Libras. Ela descreve e expressa em poucas
palavras e sentimentos o significado de ser Surdo sem conhecer a prpria lngua de
sinais usada pelos surdos brasileiros.
A sociedade no conhece as pessoas surdas. Quando questiona quem so os surdos,
levanta algumas suposies e representaes deles por leituras restringidas sobre o
mundo do surdo.
Na verdade, os surdos usam a viso para se comunicar. A questo do olhar
fundamental e imprescindvel para isso. Na aprendizagem de Libras, preciso que se
preste ateno com o olhar, uma vez que essa uma lngua visual-espacial. Sem esse
olhar no h uma comunicao efetiva com os Surdos.
A comunicao com os surdos s vezes difcil para alguns que no sabem como se
comunicar com eles. O primeiro passo estar atento a viso, entender seus hbitos e
conhecer sua cultura. Quando uma pessoa aprende uma lngua, aprende tambm
hbitos culturais e os contextos aos quais certas expresses esto vinculadas. Com a
Lngua Brasileira de Sinais, isto tambm acontece.
Quando conhecemos algum lhe perguntamos o nome. Na Lngua de Sinais, o nome
representado pelo sinal pessoal ou simplesmente sinal.
Os surdos brasileiros se batizam por meio de sianis. um evento que acontece quando
um surdo ou um ouvinte entra na comunidade Surda ou passa a ter contato com
surdos.
Os surdos batizam com sinais, identificando alguma caracterstica fsica,
comportamental, hbito ou uso de objetos pessoais. Veja os exemplos de pessoas
famosas que so conhecidas na comunidade surda e tente dar um sinal para cada uma
delas. No existe sinal certo ou errado!
Se uma pessoa ainda no tem um sinal, usa-se o alfabeto manual da Libras para
soletrar o nome. Isto datilologia.
Ateno! O uso do alfabeto manual restrito a situaes especficas. Para se
comunicar com a comunidade surda devemos aprender e usar a Libras.
Os surdos tem acesso ao mundo pela viso. Por este motivo, natural que sua
comunicao seja visual-espacial. Essa caracterstica tambm se reflete em sua cultura
e comportamento. Adiante vamos aprender as formas corretas de chamar a ateno
do surdo.

31

Etiqueta na comunidade surda


No grite: alm de ser falta de educao, voc est tomando uma atitude ineficiente.
Simplesmente toque-o no ombro ou no brao.
Se ele no tiver notado sua presena ou estiver distrado, aproxime-se de frente de
forma que ele perceba sua presena, acenando com a mo como se estivesse dando
tchau. Toc-lo nessa situao pode assust-lo.
Nunca jogue ou cutuque-o com objetos: essa atitude desrespeitosa pode causar
acidentes. Caso esteja de frente, mas distante, chame a atena dele movimentando
alguma objeto com as mos, uma folha de papel, por exemplo.
Se estiver numa mesa, simplesmente bata de leve na mesa para que ele sinta a
vibrao. Ou ento, se ele estiver na sala, distante e de costas, apague e acenda a luz.
Assim que ele se virar, acene com as mos para ele entender que voc o est
chamando ou deseja lhe falar.
Se tiver de passar entre dois ou mais surdos que esto conversando, tente se desviar
deles. Caso no seja possvel, tente ser o mais discreto possvel, passando no meio sem
interromper a conversa, mesmo que seja para pedir licena.
Se voc encontrar dois surdos conversando e deseja falar com um deles que voc
conhece, toque de leve com a mo no ombro do surdo que voc conhece, e sem
retirar a mo, aguarde at que ele desvie o olhar e conceda pausa para que voc fale.
Se sinalizar que entendeu e pedir para voc esperar, ento aguarde.
Quando estiver diante de um surdo ou na comunidade Surda, evite cochichar ou
obstruir a boca com as mos. Essas atitudes, alm de serem falta de educao, podem
fazer com que os surdos sintam-se ofendidos por acharem que voc est se
aproveitando do fato de eles no ouvirem a voz.
Nesta aula voc conheceu a cultura do surdo, como ele vive, age e se organiza
socialmente, e aprendeu posturas e atitudes corretas ao se integrar ou se comunicar
com o surdo.

32

Acessibilidade
Os direitos humanos surgiram como fruto das lutas contra o poder absolutista do
opressivo Estado Moderno. A preocupao com a integridade fsica do homem, com a
dignidade da pessoa humana, se deve especialmente, ao cristianismo (dignidade do
homem), ao jus naturalismo (direitos inatos) e ao iluminismo (valorizao do indivduo
perante o Estado). Cesar Fiza. No final do sculo XVIII, comearam a surgir
Declaraes de Direito com o objetivo de armar os indivduos de meios de
resistncia contra o Estado. Seja por meio delas estabelecendo zona interdita sua
ingerncia liberdades-limites seja por meio delas armando o indivduo contra o
poder no prprio domnio deste liberdades oposio., segundo Manoel Gonalves
Ferreira Filho.
As declaraes de Direitos que surgiram ao longo da histria so:
Magna Carta Inglesa (1215);
Bill of Rights (1689);
Declarao Americana (1776-1789);
Declarao Francesa dos Direitos do Homem (1789);
Declarao Universal de Direitos do Homem (1948).
Os direitos individuais nestas declaraes evoluram para o mbito dos direitos sociais
e econmicos nos sculos XIX e XX. Segundo nos ensina Jos Afonso da Silva,
prestaes positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente,
enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condies de vida
aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a equalizao de situaes sociais
desiguais. So, portanto, direitos que se ligam ao direito de igualdade.
Os direitos das pessoas com deficincia tm seu fundamento nos direitos humanos e
na cidadania. Porm, at antes da 2 Guerra Mundial no havia uma preocupao em
internacionalizar esses direitos fundamentais. Com os genocdios, guerra-fria, criao
da ONU e as afrontas aos direitos humanos na II Guerra Mundial, surgem a Declarao
dos Direitos do Homem e do Cidado americana em 1948. A universalizao desses
direitos fez surgir uma srie de documentos, como a Declarao dos Direitos dos
Deficientes Fsicos de 1975, que buscam efetiv-los cada vez mais.
Alm da universalizao, vemos outro fenmeno: a multiplicao dos direitos
humanos. Este olha para o homem como um ser especfico e concreto nas suas
diversas maneiras de ser com criana, velho, doente, deficiente, etc. Surge nesse
perodo a especificao quanto ao gnero, s fases da vida e diferena entre o

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normal e o com deficincia. Aqui sim, o momento em que os direitos das pessoas
com deficincia tomam maiores propores em importncia, interesse e quantidade.
A Declarao Universal dos Direitos dos Povos diz que todo povo tem o direito
existncia, ao respeito por sua identidade nacional e cultural, de falar sua lngua, de
preservar e desenvolver sua cultura, contribuindo assim para o enriquecimento da
cultura da humanidade, o direito a que no se lhe imponha uma cultura estrangeira e
quando, no seio de um Estado, um povo constitui minoria, tem direito ao respeito por
sua identidade, suas tradies, sua lngua e seu patrimnio cultural. Portanto, o povo
surdo tem direito a uma lngua!
Os fenmenos de internacionalizao e multiplicao dos direitos humanos
influenciaram bastante nossa constituio federal. Dentre os fundamentos desta,
destaca-se neste campo, a cidadania e a dignidade da pessoa humana. A sociedade
civil e o Estado passam a ver o homem como um ser de direitos. Desta forma uma
cidadania plena, acessvel a todos, comea a ter maior possibilidade de materializao.
Buscando esta materializao, surge o Ministrio Pblico como uma instituio
paralela e independente aos demais poderes do estado, com a misso de tutelar os
direitos fundamentais, fiscalizando o cumprimento destes pelo Estado e exigindo
reparao e cessao das ilegalidades e abusos de poder ao Judicirio.
Mesmo nos sculos XVIII e XIX, a despeito da influncia iluminista que muito contribuiu
para evidenciar a capacidade e o talento de pessoas com deficincia, especialmente
cegas e surdas, elas no eram tratadas com igualdade de direitos. Somente no sculo
XX, com a Declarao Universal dos Direitos Humanos se iniciam os movimentos
sociais em defesa das minorias e das pessoas com defi cincia, baseados em vrios de
seus artigos, principalmente o Art. II:
Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta
Declarao, sem distino de qualquer espcie, seja de raa, cor, sexo, lngua, religio,
opinio poltica ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento,
ou qualquer outra condio (ORGANIZAO DAS NAES UNIDAS, 1948).
No sculo XX, a partir da Declarao Universal dos Direitos Humanos (1948), inicia-se
um processo mais sistemtico de reconhecimento legal dos direitos da pessoa com
deficincia.
A Declarao Universal dos Direitos Humanos foi um primeiro passo que apontou para
a necessidade de se reconhecer o direito das pessoas com deficincia, mas carecia de
especificidade. Por isso, a ONU adotou em 1994 a Declarao de Salamanca, que
delibera sobre princpios, poltica e prticas na rea das necessidades educativas
especiais, com o objetivo de orientar procedimentos para a equalizao de
oportunidades para pessoas com deficincia.

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No Brasil, a Secretaria de Educao Especial do Ministrio da Educao e a Poltica


Nacional de Educao Especial na Perspectiva da Educao Inclusiva (MEC/SEESP,
2007) apontam e orientam suas aes com base noutros documentos legais como, por
exemplo:
Constituio Federal (BRASIL, 1988);
Lei n 7.853/89, que dispe sobre o apoio s pessoas portadoras de defi
cincia, sua integrao social e a Coordenadoria Nacional para Integrao da
Pessoa Portadora de Deficincia (Corde), instituindo a tutela jurisdicional de
interesses coletivos ou difusos dessas pessoas e disciplinando a atuao do
Ministrio Pblico;
Declarao Mundial sobre Educao para Todos (Declarao de
Jomtien,UNESCO, 1990);
Estatuto da Criana e do Adolescente (Lei n 8.069/90);
Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (Lei n 9.394/96);
Conveno Interamericana para a Eliminao de Todas as Formas de
Discriminao contra a Pessoa Portadora de Deficincia (Conveno da
Guatemala, Decreto n 3.956/2001);
Decreto n 6.571/2008, que dispe sobre o atendimento educacional
especializado, regulamentando o pargrafo nico do art. 60 da Lei no 9.394, de
20 de dezembro de 1996, e acrescentando dispositivo ao Decreto no 6.253, de
13 de novembro de 2007.
Decreto n 6.949/2009, que promulga a Conveno Internacional sobre os
Direitos das Pessoas com Deficincia e seu Protocolo Facultativo, assinados em
Nova Iorque, em 30 de maro de 2007.
A Constituio Federal tambm destacou o princpio da isonomia. No uma
igualdade formal, mas igualdade material atravs da lei, prevendo tratamento igual
para os iguais e desigual para os desiguais. Esta a base para o direito de
acessibilidade, propiciando, portanto um desdobramento em todo o ordenamento
infraconstitucional. E
Esta igualdade base maior de todo o direito incluso social e sempre estar
presente na aplicao do direito.
Os direitos so os mesmos, mas as condies de exerc-los no!
A Constituio Federal de 1988 criou um sistema de normas para integrao social das
pessoas com deficincia. As regras vo desde o princpio da igualdade, do acesso,
permanncia e atendimento especializado, da habilitao e reabilitao at a garantia
da eliminao das barreiras arquitetnicas. Ela enumera dentre os objetivos
fundamentais do Estado, a cidadania, a dignidade da pessoa humana e os valores
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sociais do trabalho, determinando que todas as decises judiciais, as decises


administrativas e a produo legislativa sigam estes vetores. No se trata de norma
apenas enunciativa, sem qualquer efeito prtico.
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos, e que direitos e
liberdades de cada pessoa devem ser respeitados sem qualquer distino. A incluso
social das pessoas com deficincia no deve ser considerada s importante, tem que
ser bvia, pois j est garantida constitucionalmente. As discriminaes absurdas so
vedadas, pois, o tratamento desigual dos casos desiguais, na medida em que se
desigualam, exigncia tradicional do prprio conceito de Justia. Adaptado de
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4928 capturado s 18:05 do dia
28/07/2010.
Comente a frase em negrito acima, levando em conta condio de autonomia das
pessoas com deficincia na regio de sua APS.
O que acessibilidade?
Voc conhece a lei da Acessibilidade? Esta a Lei que possibilita o exerccio do direito
de ir e vir das pessoas com deficincia ou com mobilidade reduzida.
Imagine voc, dependente de uma cadeira de rodas, se deparando com uma escada e
sem alternativas de acesso.
Agora, imagine voc, sendo cego e tendo que ler uma cpia de um processo impresso
numa APS. Pense em voc como um surdo fluente em Libras, lngua oficial no Brasil,
tentando se comunicar com quem grita um portugus bem articulado e inaudvel para
seus ouvidos.
A Lei no 10.098, de 19/12/ 2000, estabelece que o Estado seja o responsvel por
promover a acessibilidade de pessoas com deficincia. Esta Lei abre a oportunidade,
para nosso povo seguir seu prprio caminho.
A Lei estabelece as respectivas definies:
Acessibilidade: possibilidade e condio de alcance para utilizao, com
segurana e autonomia, dos espaos, mobilirios e equipamentos urbanos, das
edificaes, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicao, por
pessoa portadora de deficincia ou com mobilidade reduzida
Pessoa com deficincia ou com mobilidade reduzida: a que temporria ou
permanentemente tem limitada sua capacidade de relacionar-se com o meio e
de utiliz-lo
(Ajuda tcnica: qualquer elemento que facilite a autonomia pessoal ou
possibilite o acesso e o uso de meio fsico)

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Refletindo...
Como voc acha que o INSS poderia promover a acessibilidade das pessoas com
deficincia?
Que tipo de deficincia necessitar de um maior enfoque na promoo da
acessibilidade na sua APS?
Estamos preparados para fazer isso?

Imagine agora voc viajando por uma estrada e um longo caminho pela frente.
De repete voc v uma rvore cada na sua frente. Voc realmente precisa atravessar
este obstculo! O sol est bem forte e voc arregaa as mangas, faz muita fora, mas
intil. Voc se sente muito angustiado, pois sente que dever do estado promover a
limpeza daquela estrada, mas ele no o fez o que voc esperava dele como um
cidado.
Esta rvore so as barreiras que dificultam nossa acessibilidade. No se espera que as
pessoas que necessitam de acessibilidade retirem essas barreiras. O Poder Pblico tem
a obrigao legal de suprimi-las, talvez at mesmo usando uma ajuda tcnica.
Mas o que so barreiras?
Barreiras: qualquer entrave ou obstculo que limite ou impea o acesso, a liberdade de
movimento e a circulao com segurana das pessoas, classificadas em:
Barreiras arquitetnicas urbansticas: as existentes nas vias pblicas e nos
espaos de uso pblico;
Barreiras arquitetnicas na edificao: as existentes no interior dos edifcios
pblicos e privados;
Barreiras arquitetnicas nos transportes: as existentes nos meios d e
transportes;
Barreiras nas comunicaes: qualquer entrave ou obstculo que dificulte ou
impossibilite a expresso ou o recebimento de mensagens por intermdio dos
meios ou sistemas de comunicao, sejam ou no de massa;
O Decreto 5.296 de 02/12/04, regulamentando a Lei 10.098 de 19/12/00 e a Lei 10.048
de 8/11/00, estabeleceu atendimento prioritrio s pessoas com deficincia, com um
tratamento diferenciado, servio especializado e atendimento imediato.
Conclumos que para contribuir com uma sociedade mais inclusiva para o povo surdo e
realizarmos o nosso trabalho com mais eficincia precisamos suprimir as barreiras,
principalmente as de comunicao. Fazemos isso aprendendo e nos qualificando para
melhor atender os surdos da nossa comunidade. Vemos a necessidade de quebrar
outras barreiras que nem mesmo esto elencadas nesta lei ou no seu regulamento,

37

como as barreiras atitudinais. Estas abrangem preconceitos, estigmas e esteretipos.


Quebrar barreiras atitudinais pode significar olhar no para a deficincia, mas para a
pessoa com deficincia.
Refletindo...
Como fazer isso?
O que seria atendimento imediato?
E tratamento diferenciado?
Como o Decreto 5.296, nos ajuda a aplicar o princpio da isonomia no INSS em
relao comunidade surda, especificamente?
E agora, o que acessibilidade?
Alguns dicionrios definem como a qualidade do que acessvel. Vem do latim
accessibilitas e nos d a idia de algo que podemos usufruir conquistar, chegar.
E a, sua APS acessvel? Um cego consegue usufruir de todos os benefcios que ela
oferece? E o deficiente fsico, o surdo, tambm conseguem?
Lembre que as pessoas com deficincia precisam de autonomia no seu dia-a-dia!
Pensando nisso, descreva o que acessibilidade no seu ponto de vista. Identifique as
barreiras na sua APS e d sugestes de como suprimi-las.
"Aprender Libras um meio de se oferecer acessibilidade aos surdos no seu local de
trabalho"
A Lngua Brasileira de Sinais foi reconhecida oficialmente pela Lei 10.436 de
24/04/2002, como forma de comunicao e expresso, sistema lingustico de
transmisso de ideias e fatos das comunidades surdas do Brasil. A Lei trouxe uma
ressalva: A Lngua Brasileira de Sinais - Libras no poder substituir a modalidade
escrita da lngua portuguesa.
Depois de uma longa espera, esta Lei foi regulamentada pelo decreto 5.626 de
22/12/2005, trazendo definies como pessoa surda e deficincia auditiva.
O decreto trata ainda de temas como incluso da Libras com disciplina curricular, seu
uso e difuso, da formao do professor e do instrutor, tradutor e intrprete de Libras,
destacando neste ltimo ponto os exames de proficincia, ou simplesmente Pr-libras,
para certificar esses profissionais e, entre outras garantias, o Papel do Poder Pblico
no apoio ao uso e difuso da Libras.
Voc provavelmente deve ter pensado em servios de atendimento especializado para
pessoas com deficincia auditiva prestado por intrpretes ou pessoas capacitadas em
Lngua Brasileira de Sinais LIBRAS. Isto deveria ser fato, visto que os surdos foram
enquadrados na lei de acessibilidade, garantindo-lhes o direito legal de escolher a
melhor forma de comunicao, seja em Portugus ou em Libras. Quem deve retirar
estas pedras do caminho?

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bvio que ns sabemos que o Poder Pblico tem a obrigao legal de suprimir estas
barreiras. Como servidores pblicos de uma autarquia social, temos o dever de fazer a
nossa parte em promover a acessibilidade. No caso dos surdos, devemos nos sentir
com uma dvida com eles pelo tempo que no fomos acessveis. A partir de agora
devemos encarar a Libras como uma ajuda tcnica para suprimirmos estas barreiras,
sejam atitudinais ou de comunicao. Aps analisar todos estes termos aqui
empregados, conhecer os direitos dos surdos, faremos o nosso mximo em aprender
Libras, no porque os surdos so coitadinhos e precisam de nossa compaixo. No!
Dedicaremo-nos ao estudo da Libras Instrumental para cumprir com nossa obrigao
como servidor pblico. direito legal conquistado, um processo histrico digno, que
deve ser respeitado e admirado!
LEI N. 10.436 de 24 de abril de 2002
Dispe sobre a Lngua Brasileira de Sinais - Libras e d outras providncias.
O PRESIDENTE DA REPBLICA
Fao saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1 reconhecida como meio legal de comunicao e expresso a Lngua Brasileira
de Sinais - Libras e outros recursos de expresso a ela associados.
Pargrafo nico. Entende-se como Lngua Brasileira de Sinais - Libras a forma de
Comunicao e expresso, em que o sistema lingstico de natureza visual-motora,
com Estrutura gramatical prpria constituem um sistema lingstico de transmisso de
ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
Art. 2 Deve ser garantido, por parte do poder pblico em geral e empresas
concessionrias de servios pblicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e
difuso da Lngua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicao objetiva e de
utilizao corrente das comunidades surdas do Brasil.
Art. 3 As instituies pblicas e empresas concessionrias de servios pblicos de
assistncia sade devem garantir atendimento e tratamento adequado aos
portadores de deficincia auditiva, de acordo com as normas legais em vigor.
Art. 4 O sistema educacional federal e os sistemas e educacionais estaduais,
municipais e do Distrito Federal devem garantir a incluso nos cursos de formao de
Educao Especial, de Fonoaudiologia e de Magistrio, em seus nveis mdio e
superior, do ensino da Lngua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos
Parmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislao vigente.
Pargrafo nico. A Lngua Brasileira de Sinais - Libras no poder substituir a
modalidade

39

escrita da lngua portuguesa.


Art. 5 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicao.
Braslia, 24 de abril de 2002; 181 da Independncia e 114 da Repblica.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Paulo Renato Souza

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Existe tambm um projeto de lei 4673/2004, de autoria da deputada Maria do Rosrio


(PT-RS), que reconhece a profisso de intrprete da lngua brasileira de sinais (Libras)
em todo o territrio nacional. O projeto j passou pela cmara e seguiu direto para
apreciao do Senado Federal.
No dia 26 de setembro comemorado o dia dos surdos no Brasil.
Esta data corresponde fundao da primeira escola de surdos no Brasil, a Ines.
Depois de vrios municpios e estados, o Governo Federal tornou este dia oficial.
Abaixo vemos a Carta de Agradecimento da Federao Nacional dos Surdos Feneis
pela Lei 11.976/2008.
Rio de Janeiro, 31 de outubro de 2008
Carta Aberta de Agradecimento
Ao Excelentssimo Senhor Luiz Incio Lula da Silva Presidente do Brasil
Braslia-DF
Excelentssimo Senhor,
Foi com imensa satisfao e alegria que recebemos a informao da Lei 11.976/2008
publicada no Dirio Oficial da Unio em 29 de outubro que institui em nosso pas o dia
26 de setembro como Dia Nacional do Surdo.
H anos visando despertar e sensibilizar a conscincia dos brasileiros para as
dificuldades encontradas no cotidiano das pessoas Surdas, como suas especificidades
educacionais, reconhecimento da Libras, insero no mercado de trabalho e
desenvolvimento de tecnologias, em 26 de setembro so realizados seminrios,
congressos e passeatas. Tais manifestaes objetivam o hasteio da bandeira dos
Surdos, para comemorar suas conquistas, dentre elas, a oficializao da Libras-Lngua
Brasileira de Sinais (lei 10.436/2002), que vem fazendo a diferena na vida educacional
de milhes de crianas, jovens e adultos surdos, proporcionando-lhes assim uma
sociedade mais justa e igualitria.
A data de 26 de setembro foi escolhida para comemorar o Dia do Surdo, devido ao fato
de lembrar a inaugurao da primeira escola para Surdos no pas em 1857, com o
nome de Instituto Nacional de Surdos Mudos do Rio de Janeiro, atual INES-Instituto
Nacional de Educao de Surdos, fundado por Dom Pedro II em 1857.
Embora tenhamos diversos motivos para comemorar o Dia do Surdo em 26 de
setembro, somente alguns municpios dispem de lei para respaldar esta data, motivo
pelo qual o Brasil, em um brado unssono de alegria celebra esta semana a noticia da
oficializao deste importante dia. Deveras um marco em nossa histria, mais um
motivo de comemorao!

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Diante da oficializao do Dia Nacional do Surdo (Lei 11.976/2008), no podemos nos


esquecer que a mesma resultado do projeto de lei 1.791 de 1999 proposto pelo
Exmo. Deputado Federal Eduardo Barbosa, amigo, apoiador e conhecedor da causa
dos Surdos, a quem aproveitamos a oportunidade para agradecer.
Com nossos coraes repletos de satisfao, agradecemos imensamente a V. Ex. por
evidenciar, atravs da oficializao do Dia Nacional do Surdo, sua sensibilidade e
reconhecimento da importncia da Histria e da Luta da Comunidade Surda Brasileira.
Sem mais, ressaltamos nossos votos de estima e elevada considerao.
Atenciosamente,
Karin Strobel
Presidente

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Um novo nome
Voc deve ter percebido que a terminologia usada para designar as pessoas que tm
deficincia mudou bastante com o tempo. Embarque conosco nessa viagem pelo
tempo e nunca se esquea que cada termo estava ligado aos valores de sua poca. Por
isso nunca me esquecerei que a conquista de um termo usado internacionalmente, foi
fruto de um caminho percorrido passo a passo, removendo pedra a pedra. Veja como
a sociedade de cada poca chamava as pessoas que tm deficincia.
H muito tempo atrs: Decreto federal n 60.501, de 14/3/67 chamava de os
invlidos, eram tidos como socialmente inteis, um peso morto para a sociedade, um
fardo para a famlia, algum sem valor profissional.
Sculo 20 at a dcada de 60: os incapacitados. O termo significava indivduos
sem capacidade evoluindo para indivduos com capacidade residual. Foi um
avano para a sociedade reconhecer que a pessoa com deficincia poderia ter
capacidade residual, mesmo que reduzida.
Das dcadas de 60 at 80: No final da dcada de 50, foi fundada a Associao de
Assistncia Criana Defeituosa AACD e as primeiras unidades da Associao de Pais
e Amigos dos Excepcionais - APAE. Chamavam de os defeituosos. O termo significava
indivduos com deformidade. Ou ainda, os deficientes. Este termo significava
indivduos com deficincia fsica, intelectual, auditiva, visual ou mltipla, que os levava
a executar as funes bsicas da vida de um jeito diferente das pessoas sem
deficincia. E isto comeou a ser aceito pela sociedade. Ainda chamavam de os
excepcionais. O termo significava indivduos com deficincia intelectual. A sociedade
passou a usar estes termos, focalizando as deficincias.
De 1981 at 1987: A ONU nomeia 1981, o Ano Internacional das Pessoas Deficientes. A
sociedade passa a chamar pessoas deficientes. O mundo acha difcil usar o termo
pessoas, mas isso melhora significativamente a viso mundial das terminologias
anteriormente usadas, causando um profundo impacto social. Pela primeira vez em
todo o mundo, o substantivo deficientes passou a ser utilizado como adjetivo, sendolhe acrescentado o substantivo pessoas. Depois do ano de 1981, foi atribudo o valor
pessoas queles que tinham deficincia, igualando-os em direitos e dignidade
maioria dos membros de qualquer sociedade ou pas.
De 1988 at 1993: Ano de 1988, ano da Constituio Federal, trouxe o termo pessoas
portadoras de deficincia e sendo depois reduzido portadores de deficincia. O
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portar uma deficincia passou a ser um valor agregado pessoa. A deficincia passou a
ser um detalhe da pessoa. O termo foi adotado em todas as leis e polticas pertinentes
ao campo das deficincias. Conselhos, coordenadorias e associaes passaram a incluir
o termo em seus nomes oficiais. Alguns lderes de organizaes de pessoas com
deficincia contestaram o termo pessoa deficiente alegando que ele sinaliza que a
pessoa inteira deficiente, o que era inaceitvel para eles.
Da dcada de 90 at hoje: Surge o termo pessoas com necessidades especiais. O termo
surgiu primeiramente para substituir deficincia por necessidades especiais. Da a
expresso portadores de necessidades especiais. De incio, necessidades especiais
representava apenas um novo termo. Posteriormente o termo passou a ser um valor
agregado tanto pessoa com deficincia quanto a outras pessoas.
Em junho de 1994 e alm: pessoas com deficincia A Declarao de Salamanca
preconiza a educao inclusiva para todos, tenham ou no uma deficincia. Este passa
a ser o termo preferido por um nmero cada vez maior de adeptos, boa parte dos
quais constituda por pessoas com deficincia que, no maior evento das organizaes
de pessoas com deficincia, o Encontro realizado no Recife em 2000, conclamaram o
pblico a adotar este termo. Elas esclareceram que no so portadoras de
deficincia e que no querem ser chamadas com tal nome.
Os valores agregados s pessoas com deficincia so:
Empoderamento, uso do poder pessoal para fazer escolhas, tomar decises e
assumir o controle da situao de cada um.
Responsabilidade de contribuir com seus talentos para mudar a sociedade
rumo incluso de todas as pessoas, com ou sem deficincia.
Este termo tambm fez parte do texto da Conveno Internacional para Proteo e
Promoo dos Direitos e Dignidade das Pessoas com Deficincia, aprovada pela
Assemblia Geral da ONU, em Nova York, em 30 de maro de 2007 e promulgada
posteriormente atravs do Decreto 6.949 de 25/08/2009 pelo Presidente da Repblica
Federativa do Brasil.
Estas informaes foram adaptadas do site:
http://portal.mj.gov.br/corde/ no dia 27/07/2010 s 10:00 horas.
Os cegos querem ser chamados de cegos. Os surdos querem ser chamados surdos. As
pessoas que tem deficincia de pessoas com deficincia e pronto. Agora voc j sabe
como deve chamar os surdos, no verdade?

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O que a Libras?
Quero entender o que dizem. Estou enjoada de ser prisioneira desse silncio que eles
no procuram romper. Esforo-me o tempo todo, eles no muito. Os ouvintes no se
esforam. Queria que se esforassem. (Emmanuelle Laborit, atriz surda francesa)
A Lngua Brasileira de Sinas - LIBRAS a lngua usada pela comunidade surda no Brasil.
uma lngua que expressa nveis lingsticos em diferentes graus, e assim como as
demais lnguas, apresenta uma gramtica com uma estrutura prpria, usada por um
grupo social especfico e pode ser aprendida por qualquer pessoa interessada pela
comunicao com esta comunidade.
Entretanto, da mesma forma que as lnguas faladas no so iguais, variando de lugar
para lugar, de comunidade para comunidade, as lnguas de sinais tambm so
diferentes de um pas para outro, podendo existir variaes regionais dentro de um
mesmo pas. A estrutura da Lngua Brasileira de Sinais constituda de parmetros,
que veremos adiante.
Voc j encontrou ou avistou um grupo de surdos conversando em Libras? J parou
para entender? O que voc pensa sobre a Lngua de Sinais usada pelos surdos?
Com a descoberta da minha lngua, encontrei a grande chave que abre a porta que
me separava do mundo. Posso compreender o mundo dos surdos, e tambm o mundo
dos ouvintes. Compreendo que esse mundo no se limita a meus pais, que h outros
tambm interessantes. No tinha mais aquela espcie de inocncia de antes. Encaro as
situaes de frente. Tinha construdo uma reflexo prpria. Necessidade de falar, de
dizer tudo, de contar tudo, de compreender tudo. (...) Tornei-me falante.
(Emmanuelle Laborit)
Olhos que vem
Os surdos usam a viso para se comunicarem. Para eles, a questo do olhar
fundamental e imprescindvel para se comunicarem. Obviamente, na aprendizagem de
Libras preciso que se preste ateno com o olhar, uma vez que a Libras uma lngua
visual-espacial, e sem isso, no se estabelece uma comunicao efetiva com os surdos.
Poucas pessoas sabem como se comunicar com as pessoas surdas. A grande maioria se
comunica com o surdo de forma incorreta. Ento, o primeiro passo para a
comunicao com as pessoas surdas estar atento com a viso, entender seus hbitos
e conhecer sua cultura.

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Comunicando-se com os surdos


A gente, para a gente mesmo, a gente. Raramente consegue ser o outro. A gente
para o outro, no a gente; o outro. Deve estar confuso. Tento de novo: cada um de
ns vive numa ambigidade fundamental: Ser a gente e ao mesmo tempo, ser o outro.
Pra gente, gente a gente. Para o outro, a gente o outro. Temos, portanto, dois
estados: ser o eu de cada um de ns e ser o outro. Na vida de relao, pois, temos
que saber ser o eu-individual e ao mesmo tempo aceitar funcionar em estado de
alteridade, ou seja, de outro. (Rubem Braga)
Quando eu aceito a lngua de outra pessoa, eu aceito essa pessoa. Quando eu rejeito
a lngua, eu rejeito a pessoa porque a lngua parte de ns mesmos.
(Terje Basilier, psiquiatra surdo noruegus)
Ao se comunicar com um surdo, evite se referir a ele com os termos mudinho ou
surdo-mudo, lembrando que os surdos falam e comunicam em lngua de sinais. O
termo deficiente auditivo, apesar de ser usado pela rea mdica, tambm
equivocado, pois, para a comunidade surda tem outro significado. Devemos respeitar a
cultura surda, nos referindo ao surdo como surdo mesmo.
Curiosidade
A Universidade de Gallaudet foi a primeira faculdade do mundo voltado para surdos.
Fundada em 1857 com o nome de Columbia Institution for the Instruction of the Deaf
and Dumb and Blind (Instituto Columbia para Instruo de Surdos, mudos e cegos),
est localizada em Washington D.C., capital dos Estados Unidos da Amrica. A
Gallaudet uma instituio privada que conta com o apoio direto do Congresso
Americano. Mais da metade do corpo diretor da universidade composto por surdos,
incluindo o prprio reitor. Disponvel em www.gallaudet.edu
Conversando com surdos
Eu devo ser eu para mim e para o outro. O outro deve ser o eu dele para mim. Eu
devo aceitar ser o outro para o outro. Mas devo desejar e conseguir ser eu para
ele. Eu, em estado de eu devo aceit-lo como o eu dele. Eu e ele somos ao mesmo
tempo eu. Eu e Ele somos ao mesmo tempo, ele. Eu sou Eu, mas sou ele. Ele
Eu, mas tambm ele. Por isso somos (ao mesmo tempo) semelhantes e diferentes.
Por isso somos irmos. Por isso a humanidade uma s. Por isso a igualdade uma
verdade, na diferena individual. (Rubem Braga)

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Trilhamos um breve caminho at aqui. A partir deste ponto, as aulas sero mais
prticas. Portanto, deve-se prestar bastante ateno na posio, movimento e
expresso dos sinais a serem estudados, aprendidos e praticados; bem, como observar
as seguintes convenes:
Os sinais em Libras so representados em maisculo.
Exemplo: ESTUDAR, TRABALHAR
Para pessoas, locais e palavras que no tem sinais, usa-se a datilologia, isto , o
alfabeto manual da Libras, representando a palavra separada, letra por letra.
Exemplo: HOTEL G-A-R-V-E-Y
Em Libras no h desinncia para gnero masculino e feminino, sendo que a marca de
gnero est terminado com o smbolo @ para indicar idia de ausncia. So usados
em livros que abordam a Libras.
Exemplo: El@ (ele ou ela), AMIG@ (amigo ou amiga)
Aprendemos quem so os surdos, sua lngua, sua cultura, como chamar a ateno do
surdo e como se portar com discrio e respeito diante deles. Tambm aprendemos
que os surdos tm um sinal prprio, ou sinal pessoal, ou ainda sinal de batismo.
Atravs de exemplos prticos, vamos assimilando os sinais em Libras. Aproveite para
revisar o Alfabeto Manual da Libras, relembrando e praticando as letras e os nmeros.

Apresentao
Culturalmente, em um dilogo, os surdos costumam perguntar se outra a pessoa da
comunidade surda ou ouvinte, o sinal e o nome, no obrigatoriamente nesta ordem.
Veja abaixo, o dilogo entre duas pessoas, que vamos usar no decorrer das aulas
prticas:
AULA 1 Cumprimentos e saudaes informais
A OI! VOCE SURDO?
B OI! NO EU OUVINTE.
A VOCE BEM?
B BEM!
A VOCE SINAL?
B SINAL (mostra o sinal). VOCE SINAL?
A SINAL (mostra o sinal). VOCE NOME?
B MEU NOME A-N-T-O-N-I-O. VOCE NOME?
A MEU NOME L-U-I-Z.
B PRAZER CONHECER VOCE!
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A PRAZER CONHECER VOCE!

Compreendendo os sinais
Cumprimentos
Observe os sinais mais usados pelos surdos na apresentao, consultando o Dicionrio
de Libras, disponvel em www.acessobrasil.org.br/libras, para as seguintes palavras:
Oi, tudo bem, nome, prazer, conhecer.
Sinais: surdo, ouvinte, bem, sim, no.
Apontao
Na Libras, o sinal de apontao pode indicar pessoas, localizao e pronomes
demonstrativos. Consulte no dicionrio:
Pessoas: eu, voc, ele, nos, grupo.
Localizao: aqui, ali.
Pronomes demonstrativos: esta e essa.
Pronomes possessivos: meu ou minha, seu ou sua, dele ou dela.
Expresses faciais
Como vimos nos parmetros da Libras, as expresses faciais so formas de comunicar
algo, podendo mudar completamente o significado de um sinal de acordo com a
expresso facial utilizada. Existem dois tipos: expresses faciais afetivas e gramaticais.
Afetivas
Expressam o estado emocional, podendo ser de forma gradual. Consulte as palavras:
Atentar para a expresso facial feita junto com o sinal:
Expresses faciais afetiva: triste, alegre.
Gramaticais
Esto relacionadas ao grau de um adjetivo ou a sentenas. Consulte as palavras:
Expresses faciais gramaticais: surpreso, aborrecido.
Atividades
Consultando o dicionrio, pratique o dilogo da Aula 1, preferencialmente com outra
pessoa que tambm esteja aprendendo Libras.
Dica importante: a mo com a qual voc possui maior habilidade conhecida como
mo dominante. Assim, se voc vai usar a mo a que est acostumado.
Outra dica: quando dizemos O-I em Libras, estamos nos cumprimentando de modo
informal. O modo formal voc aprender logo na prxima aula.
Curiosidades...
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O INES atende em torno de 600 alunos, da Educao Infantil at o Ensino Mdio. A arte
e o esporte completam o atendimento diferenciado do INES aos seus alunos. O ensino
profissionalizante e os estgios remunerados ajudam a inserir o surdo no mercado de
trabalho. O Instituto tambm apia o ensino e a pesquisa de novas metodologias para
serem aplicadas no ensino da pessoa surda e ainda atende a comunidade e os alunos
nas reas de fonoaudiologia, psicologia e assistncia social.
Toda esta histria comeou em 26 de setembro de 1857, durante o Imprio de D.
Pedro II, quando o professor francs Hernest Huet fundou, com o apoio do imperador
o Imperial Instituto de Surdos Mudos. Huet era surdo. Na poca, o Instituto era um
asilo, onde s eram aceitos surdos do sexo masculino. Eles vinham de todos os pontos
do pas e muitos eram abandonados pelas famlias.
O Instituto funcionou em vrios endereos: na Rua Municipal n 08 (atual Rua
Maryrink Veiga), no Centro; na Ladeira do Livramento n 29, no bairro da Sade; no
Prdio do Campo da Aclamao n 49 (atual Praa da Repblica), tambm no Centro;
na rua Real Grandeza, s/n (canto de So Joaquim), em Botafogo e finalmente na Rua
das Laranjeiras, 95 (atualmente 232).
Cumprimentos e saudaes formais
A BOM DIA!
B BOM DIA!
A VOCE LEMBRAR EU?
B DESCULPA. EU ESQUECER. VOCE NOME COMPLETO?
A MEU NOME COMPLETO A-N-T-O-N-I-O M-A-C-H-A-DO D-I-N-I-Z
B AH, SIM! (expresso facial afirmativa). EU LEMBRAR VOCE! VOCE BEM?
A SIM!(expresso facial afirmativa) EU BEM!
Compreendendo os sinais
Consultar no dicionrio, os sinais usados para considerao, respeito ou solicitao:
Sinais: obrigado, nada, por favor ou licena, desculpa.
Saudaes: bom dia, boa tarde, boa noite.
Tempo: manh, tarde, noite, madrugada.
Verbos: lembrar, lembrar-no, esquecer.
Atividades
Treine e pratique o dialogo acima. Como em qualquer outra lngua, quanto mais
treino, mais facilidade na aprendizagem.

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Dica importante: embora seja possvel expressar qualquer ideia em Libras, h casos em
que se usa o alfabeto manual como recurso, tais como nomes prprios, palavras sem
representao em Libras ou palavras que voc no conhece o sinal em Libras.
Curiosidade...
A histria da Feneis tem incio no ano de 1977 com a Federao Nacional de Educao
e Integrao dos Deficientes Auditivos (Feneida), organizada por profissionais ouvintes
da rea para oferecer suporte aos surdos, uma vez que anteriormente no havia
participao ativa dos sujeitos surdos. E com isto os profissionais da Feneida, por falta
de experincia e de conhecimento, deixavam de fora muito da cultura surda, a lngua
de sinais e os anseios da pessoa surda. Isso ocorria devido falta de voz dos surdos
lderes presentes.
A demanda e a complexidade do trabalho levaram a diretoria a reestruturar o estatuto
da instituio, a fim de promover os avanos almejados pelo povo surdo. Ento, em 16
de maio de 1987, foi organizada uma Assemblia Geral na qual foi designado o novo
nome da entidade, que posteriormente passou a chamar-se de Federao Nacional de
Educao e Integrao dos Surdos (Feneis).
Hoje, a Feneis est presente em todo o pas, atravs de seus 11 escritrios regionais e
119 entidades filiadas. Estas, formadas por associaes de Surdos, de Pais e Amigos de
Surdos, Escolas e Clnicas especializadas.
A Feneis filiada Federao Mundial dos Surdos (FMS/WFD) e tem uma cadeira junto
ao Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficincia CONADE, ligado
Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidncia da Repblica.
Nmeros cardinais e calendrio
A OI! VOCE J-O-S-E? (faz o sinal)
B SIM, CERTO. (acena um sim, sim com a cabea e junto faz o sinal de certo)
A VOCE IDADE?
B EU IDADE 25.
A VOCE NASCER ANO QUAL?
B EU NASCER ANO 1985.
A MES QUAL?
B MES DEZEMBRO.
A D-I-A QUAL?
B D-I-A 31.
A AH, SIM! (expresso facial de exclamao) VOCE NASCER SEGUNDA-FEIRA?
B NAO, EU NASCER TERA-FEIRA.
A LEGAL! HOJE QUARTA-FEIRA?
B SIM. AMANHA QUINTA-FEIRA.
A OBRIGADO!
B NADA!
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Compreendendo os sinais
Consultar no dicionrio as seguintes palavras:
Dias da semana: segunda, tera, quarta, quinta, sexta, sbado e domingo.
Meses do ano: janeiro at dezembro.
Tempo: hoje ou agora, amanh, ontem, anteontem, depois, passado, futuro.
Verbos e sinais: nascer, morrer, viver, ano, idade, qual, ms, certo, errado.
Procura no dicionrio, ordem por assunto e assunto numeral/dinheiro.
Consultar os nmeros 1 at 15 e os nmeros 30, 40, 50, 100.
Atividades
H sinais em Libras que so soletraes rtmicas. O sinal D-I-A, no sentido de
perguntar, soletrado desta forma, isto , um pouco mais rpido.
Pratique a soletrao rtmica com nomes curtos, por exemplo, Ana, Eva, Lua, Lima, Eli,
Ari, Ivo, Ovo.
Pratique, respondendo em Libras:
1) Qual o nmero do seu telefone?
2) Qual a placa do seu carro?
3) Qual o nmero de sua casa?
4) Qual o dia da semana hoje?
5) E amanh?
6) Ontem foi que dia?
7) E depois de amanh, ser qual dia?
Curiosidades...
Instituto Nacional de Jovens Surdos de Paris (originalmente Instituto Nacional de
Surdos-Mudos de Paris), o nome da atual da escola mais famosa para Surdos,
fundada por Charles-Michel de L'pe em 1760, em Paris, Frana.
Depois da morte de Pre Vanin, em 1759, l'pe foi apresentado a duas jovens Surdas
que precisavam de um tutor. A escola teve incio em 1760 e pouco depois aberto ao
pblico, tornando-se a primeira escola gratuita para Surdos. Originalmente situava-se
numa casa na Rua Moulins, n. 14, em Saint-Roch, Paris. Em 29 de Julho de 1991, a
legislao francesa aprovou que a escola se tornasse governamental, passando assim
ao seu atual nome, no original, "Institution Nationale des Sourds-Muets Paris."

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Nmeros de quantidade e Famlia


A BOA TARDE!
B BOA TARDE!
A VOCE CASAD@?
B SIM! EU CASAD@.
A VOCE TER FILH@S? QUANT@S?
B EU TER FILH@ 1.
A HOMEM MULHER? QUAL?
B HOMEM. VOCE CASAD@?
A NAO, EU SOLTEIR@.
B VOCE IRM@S TER? QUANT@S?
A EU TER IRM@S 4.
B VOCE NASCER PRIMEIRO?
A NAO, EU NASCER TERCEIRO.
B OBRIGADO!
A NADA!
Compreendendo os sinais
Consultar no dicionrio de Libras as seguintes palavras:
Pessoas: homem, mulher, beb, criana, jovem, adulto, velh@.
Sinais de famlia: pai, me, filho, irmo, filho adotivo, av, av, sobrinho, tio,
tia, cunhado, sogro, sogra, genro, nora, primo, afilhado, padrasto.
Estado civil: casad@, solteir@, amante, companheir@, viv@.
Relaes sociais: amig@, inimig@, noiv@, namorad@.
Verbo TER: o verbo ter usado para situaes de possuir algo, sendo que seu
oposto NO TER.
Nmeros cardinais x nmeros ordinais
Na Libras, os sinais cardinais e ordinais de 1 at 4 so diferentes para quantidades.
Verifique, consultando o dicionrio de Libras as seguintes palavras: primeiro, segundo,
terceiro e quarto prestando ateno no contexto descrito na acepo e exemplo.
Nmeros de quantidade:
Assim como no exemplo anterior, os nmeros cardinais e os nmeros de quantidade
de 1 at 4 tambm so diferentes. Consultar no dicionrio, estando atento que se
refere e aos exemplos.
Curiosidades
A famlia de surdos.

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Existe famlia de surdos onde tanto filhos surdos como filhos ouvintes, crescem num
ambiente em que a lngua de sinais a lngua da famlia. Eles conversam nessa lngua,
e para eles normal ser surdo. Neste contexto h uma inverso da lgica social. Para
eles, os ouvintes no entendem os surdos. Porm, o mais comum a grande maioria
dos surdos nascerem de famlias de pais ouvintes que nunca tiveram contato com a
surdez antes de terem um filho surdo. Para esses surdos, o encontro de um surdo com
outro surdo muito importante, pois, por meio deste contato que se estabelece a
aquisio da cultura surda. H situaes em que essas famlias, por desconhecimento,
tm uma viso medicalizada do surdo, isto , surdez doena; e tentam
consertar a surdez com mtodos oralistas. Nesta situao h surdos que rejeitam a
Libras e o contato com surdos, entre outros fatores: por influncia familiar, imposio
social ou da educao baseada no oralismo. Esses surdos se comportam tentando se
adaptar ao mundo dos ouvintes, comportamento esse conhecido com identidade
oculta, ou identidade mascarada. Thomas Alva Edison, o inventor da luz eltrica
um exemplo de identidade oculta, pois, o mesmo era surdo; e, apesar disso, em muitas
enciclopdias, artigos e revistas ele no citado como sendo surdo, talvez por
imposio social da poca.
Informando seu endereo
A OI! VOCE SUMIR!
B OI! NO, CASA MUDAR!
A VOCE MORAR ONDE?
B EU MORAR R-I-O-D-E-J-A-N-E-I-R-O
A CIDADE ONDE?
B EU MORAR CIDADE R-I-O.
A BAIRRO ONDE?
B EU MORAR BAIRRO P-E-N-H-A.
A RUA ONDE?
B RUA PERTO A-V B-R-A-S-I-L.
A EU CONHECER A-V B-R-A-S-I-L! VOCE MORAR MUITO LONGE!
Compreendendo os sinais
Consultar no dicionrio de Libras as seguintes palavras:

Sinais para endereo: casa, prdio, apartamento, rua, avenida, cidade, estado.
Estados do Brasil: estados do Brasil mais conhecidos. (DF, SP, RJ, MG, PE)
Alguns pases da Amrica do Sul e outros ao redor do mundo.
Verbos: morar, mudar, aparecer, sumir.

Perto x Longe

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Na Libras, os advrbios perto e longe so representados por sinais distintos com


relao a intensidade, medida ou perspectiva. Consulte as palavras: perto, longe,
prximo, lado e outras dentro do contexto que voc encontrar.
Curiosidades
Conversas entrecruzadas
Os surdos, quando em grupo, so capazes de estabelecerem uma conversa
entrecruzada entre si sem interferir umas nas outras. Isso acontece porque a lngua de
sinais uma lngua visual, e como no h sons, possvel se comunicar numa roda
simultaneamente, o que no acontece com as lnguas faladas. Contudo, os surdos no
podem ter pessoas na frente, pois, causa o chamado rudo visual. Por isso, quando
perceber que est no meio de uma conversa entre surdos, sempre que possvel,
procure um lugar que no esteja obstruindo o campo de viso dos surdos. um gesto
educado de dizer ao surdo que voc de, mente aberta, aceita, participa e conhece a
cultura deles.
Uso dos nmeros e documentao no cotidiano
Documentao pessoal em Libras
A BOM DIA! SENHA POR FAVOR! VOCE J-O-S-E?
B CERTO.
A VOCE IDENTIDADE C-P-F TER?
B EU TER.
A POR FAVOR VOCE NOME COMPLETO ESCREVER PAPEL AGORA.
B PAPEL PERGUNTAS EU RESPONDER, CERTO?
A CERTO!
B OBRIGADO!
A NADA!
Compreendendo os sinais
Sinais de documentao
Devemos lembrar que antigamente o CPF chama-se CIC e, portanto, alguns surdos s o
reconhecem pela soletrao de C-I-C, enquanto que a maioria conhece por C-P-F.
Agora consulte os sinais para documentao pessoal. Prestar ateno no contexto.
Identidade, ttulo, carteira, documento e as palavras nascimento, casamento,
bito (que juntas dizem certido de...).
Sinais usados para informao: pronto, acabou, ainda, ainda no, falta.
Verbos: os verbos perguntar e responder se diferenciam no contexto de acordo
com a direo ao perguntar para algum, ou algum me perguntar; e,

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responder para algum, ou algum me dar resposta. Consulte: perguntar e


responder.
Moedas e valores em Libras
A OI!
B OI! VOCE SAIR HOJE?
A S-I-M HOJE EU IR BANCO.
B POR QUE?
A PORQUE EU PAGAR DIVIDA 9,00 REAIS PRECISO.
B AH! ENTENDI! ABRAO.
A ABRAO.
Compreendendo os sinais
Em libras, para se representar valores monetrios de 1 at 9, usamos o sinal desse
nmero com a incorporao da vrgula, num movimento semicircular. Consulte os
valores para mil, cinco mil, um milho.
Consultar os sinais em Libras usados no contexto monetrio:
Dinheiro, cheque, banco, moeda, centavo.
Verbos: dever, dvida, pagar, juros, desconto, conta corrente, poupana.
Curiosidades...
Casa de famlia surda
Se voc pensa que as residncia dos surdos so silenciosas porque so surdos, saiba
que no necessariamente assim. Exatamente por serem surdos normal que eles
faam barulhos com mveis ao arrastar de um lugar para outro; ou ao chamarem a
ateno de outro surdo numa conversa; ou ainda s vezes o volume da TV est muito
alto e eles no perceberem. Isso, porque os sons no tm significao para os surdos.
Classificadores
Os classificadores so sinais usados para descrever formas e movimentos onde no
possvel definir um sinal prprio em Libras. Voc aprender esses sinais quando entrar
em convivncia com os surdos.
Consideraes finais
Como voc deve ter percebido ao longo do curso, os dilogos foram escritos na forma
como pensa o surdo. A formao dos sinais em Libras no segue o padro do
Portugus. Por isso que a Libras est traduzida no Portugus em forma de glosa, uma
traduo mais prxima do significado do sinal. O surdo, apesar do esforo que faz para
escrever corretamente em lngua portuguesa, ele tem como primeira lngua a Libras.
Ao escrever para um surdo ou ler a escrita dele, tenha isso em mente. A mente do
surdo funciona como um banco de imagens associadas que ele organiza de uma forma
que, para os ouvintes, parece estar num sentido inverso em portugus.
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O que Comunicao?

A Comunicao entendida como a transmisso de estmulos e respostas provocadas,


atravs de um sistema completa ou parcialmente compartilhado.
Em relao aos seres humanos, desde a antiguidade, podemos afirmar que a
comunicabilidade representa um meio de entendimento e agente propulsor da
dimenso do homem em sociedade.
De acordo com Bordenave:
A comunicao no existe por si mesma, como algo separado da vida em sociedade.
Sociedade e comunicao so uma coisa s. No poderia existir comunicao sem
sociedade, nem sociedade sem comunicao. A comunicao no pode ser melhor que
sua sociedade nem esta ser melhor que sua comunicao. Cada sociedade tem a
comunicao que merece (1982, p. 16-17)
A comunicao oral a mais primordial de todas as linguagens humanas. Nas
civilizaes antigas, a cultura dos povos era repassada atravs de geraes pelo ato de
falar. O contratempo maior, porm, era a falta de alcance. Como forma de expresso,
o homem antigo buscou na fixao de imagens uma maneira de vencer esta distncia.
Surgem os pictogramas, que ligam a imagem aos objetos. Desenhos em pedras e
paredes de cavernas so as mais rudimentares e primitivas formas de comunicao
humana.
A evoluo da comunicao desencadeada pela prpria necessidade humana. Da
representao grfica, o homem empreende o conceito de idia. A idia foi a marca
fundamental do pensamento humano, atuando como entendimento de uma
determinada realidade. Do conceito de idia, o homem passou a utilizar sons como
forma de express-las. A particularidade de cada som originou o conceito de letra,
elemento fundamental para o nascimento dos alfabetos, primeiro complexo de
comunicao criado pelo homem como maneira de entendimento de sua realidade.
De um modo geral, so trs os elementos presentes em um processo de comunicao.
O modelo de R. Jakobson sintetiza:
O emissor cumpre o papel de produzir o elemento bsico da comunicao, a
mensagem, que possui um contedo. A mensagem, necessariamente, insere-se dentro
de um contexto, uma realidade, e representado por um cdigo, conjunto de signos.
Barthes (1964, p. 43) define que o signo composto de um significante e um
significado. Assim, o plano dos significantes representa a expresso e o dos
significados, o contedo.
O sistema de codificao veiculado por meio de um canal de comunicao, que
estabelece um contato do emissor com o receptor, que o elemento final do
processo. O receptor seleciona os signos por meio da percepo e os decodifica,

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incorporando-a a sua realidade, provocando uma reao interna e/ou externa, que
resulta na interao com o emissor.
Segundo Dias:
"O tempo, o espao, o meio fsico envolvente, o clima relacional, o corpo, os fatores
histricos da vida pessoal e social de cada indivduo em presena, as expectativas e os
sistemas de conhecimento que moldam a estrutura cognitiva de cada ator social
condicionam e determinam o jogo relacional dos seres humanos"
(DIAS, Fernando Nogueira. Barreiras comunicao humana)
A interatividade na comunicao pode ser considerada sob dois aspectos: linguagem
verbal e linguagem no-verbal. Na primeira, cabe ressaltar que o suporte da
interatividade est nos emissores e no no significado das palavras. com base nos
emissores e em sua mensagem que permite a interpretao. Na linguagem no-verbal,
a interatividade embasada no receptor e no modo como ele interpreta os
movimentos faciais (olhares) e corporais (gestos).
Funes da comunicao
Para que serve a comunicao? Percebemos anteriormente que ela criou-se e evoluiu
de acordo com a necessidade do ser humano. Bordenave (1982, p.46-47) oferece-nos
diversas situaes que nos remetem ao uso da comunicao, portanto, suas funes:
funo instrumental: satisfaz necessidades materiais ou espirituais do homem
(Ex: eu quero isto);
funo informativa: d uma nova informao (Ex: aconteceu isto);
funo regulatria: controla comportamentos, ordenao (Ex: leia isto);
funo internacional: relaciona-se com outras pessoas (Ex: eu amo voc);
funo de expresso pessoal: identifica e expressa o "eu" (Ex: sou contra isto);
funo explicativa: explora o mundo dentro e fora da pessoa (Ex: por qu isto?);
funo imaginativa: cria realidade (Ex: imagine isto);
De uma maneira geral, traduz "desejos, sentimentos, atitudes, juzos e expectativas"
(BORDENAVE, 1982, p.47).
De acordo com Garo e Aldrighi:
"Um dos princpios bsicos da comunicao a possibilidade de estabelecer um dilogo
que constitudo com base nas emoes, e que esta resulta da participao comum
das interaes recorrentes, faz com que nos aproximemos de uma compreenso da
comunicao virtual que cada vez mais vem ocupando espaos na nossa realidade"
(ALDRIGHI, Tnia; GARO, Joo).

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A interao pode estar exemplificada no mais bsico processo de comunicao: a


conversa. Bebchuk diz que "toda a conversao um entrelaamento de emoo e
linguagem" (BEBCHUK apud GARO & ALDRIGH, idem).
Elementos da Comunicao:
Codificar: transformar, num cdigo conhecido, a inteno da comunicao ou
elaborar um sistema de signos;
Descodificar: decifrar a mensagem, operao que depende do repertrio
(conjunto estruturado de informao) de cada pessoa;
Feedback: corresponde informao que o emissor consegue obter e pela qual
sabe se a sua mensagem foi captada pelo receptor.
LINGUAGEM VERBAL: as dificuldades de comunicao ocorrem quando as palavras tm
graus distintos de abstrao e variedade de sentido. O significado das palavras no
est nelas mesmas, mas nas pessoas (no repertrio de cada um e que lhe permite
decifrar e interpretar as palavras);
LINGUAGEM NO-VERBAL: as pessoas no se comunicam apenas por palavras. Os
movimentos faciais e corporais, os gestos, os olhares, a entoao so tambm
importantes: so os elementos no verbais da comunicao.
Os significados de determinados gestos e comportamentos variam muito de uma
cultura para outra e de poca para poca. A comunicao verbal plenamente
voluntria; o comportamento no-verbal pode ser uma reao involuntria ou um ato
comunicativo propositado. Alguns psiclogos afirmam que os sinais no-verbais tm as
funes especficas de regular e encadear as interaes sociais e de expressar emoes
e atitudes interpessoais.
expresso facial: no fcil avaliar as emoes de algum apenas a partir da
sua expresso fisionmica. Por vezes os rostos transmitem espontaneamente
os sentimentos, mas muitas pessoas tentam inibir a expresso emocional.
movimento dos olhos: desempenha um papel muito importante na
comunicao. Um olhar fixo pode ser entendido como prova de interesse, mas
noutro contesto pode significar ameaa, provocao.
Desviar os olhos quando o emissor fala uma atitude que tanto pode transmitir
a idia de submisso como a de desinteresse.
movimentos da cabea: tendem a reforar e sincronizar a emisso de
mensagens.

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postura e movimentos do corpo: os movimentos corporais podem fornecer


pistas mais seguras do que a expresso facial para se detectar determinados
estados emocionais. Por ex.: inferiores hierrquicos adotam posturas
atenciosas e mais rgidas do que os seus superiores, que tendem a mostrar-se
descontrados.
comportamentos no-verbais da voz: a entoao (qualidade, velocidade e ritmo
da voz) revela-se importante no processo de comunicao. Uma voz calma
geralmente transmite mensagens mais claras do que uma voz agitada.
a aparncia: a aparncia de uma pessoa reflete normalmente o tipo de imagem
que ela gostaria de passar. Atravs do vesturio, penteado, maquiagem,
apetrechos pessoais, postura, gestos, modo de falar, etc., as pessoas criam uma
projeo de como so e de como gostariam de ser tratadas. As relaes
interpessoais sero menos tensas se a pessoa fornecer aos outros a sua
projeo particular e se os outros respeitarem essa projeo.
Concluso
Na interao pessoal, tanto os elementos verbais como os no-verbais so
importantes para que o processo de comunicao seja eficiente.
Na msica Carinhoso, Pixinguinha sorri com os olhos. J Carolina, musa de Chico
Buarque, guarda a dor de todo esse mundo em seu olhar. Mas no preciso ser poeta
para perceber que mos, posturas, gestos e olhares passam mensagens, s vezes
contrrias s proferidas pela fala.
Charles Darwin publicou em 1872 um trabalho de enorme influncia, "A expresso das
emoes no homem e nos animais". Porm, somente em 1960, estes estudos foram
valorizados e confirmados atravs de pesquisas, da sua grande influncia. A partir de
1970, com a publicao do livro de Julius Fast, sobre a linguagem do corpo, o pblico
comeou a tomar conhecimento do assunto.
Ainda hoje, a grande maioria das pessoas ignora a existncia da linguagem do corpo.
Os resultados das pesquisas mostram que o impacto total de uma mensagem :
7% Verbal (apenas palavras escritas)
38% Vocal (incluindo tom de voz, inflexes e outros sons)
55% No-Verbal. (gestos e movimentos)
Numa conversa frente a frente, o impacto :
35% Verbal (palavras)
65% No-Verbal (gestos e movimentos)

59

A maioria dos pesquisadores concorda que o canal verbal usado para transmitir
informaes e o canal no-verbal usado para negociar atitudes entre as pessoas e
como substituto de mensagem verbal.
Independente da cultura, palavras gestos e movimentos acontecem juntos. O ser
humano raramente est ciente de suas atitudes movimentos e gestos, os quais podem
contar uma histria, enquanto sua voz est contando outra.

ATENO!
Quando a linguagem do corpo no est de acordo com a linguagem verbal, temos a
percepo da mentira. As mulheres so, geralmente, mais perceptivas que os homens.
Elas tm habilidade inata para captar e decifrar sinais no-verbais, alm de possurem
olho acurado para perceber detalhes e sentir mentiras.
Para Beltrami (1996), a comunicao se d pela juno de quatro fatores. So eles:
relao, motivao, vida e processo. Esses fatores esto diretamente ligados como
complementos, fazendo com que os seres humanos se relacionem.
TEXTO ADAPTADO BASEADO NO TEXTO A comunicao no-verbal nas igrejas de
Limeira por Andria Carolina Avi e outros.

60

Gramtica Aplicada
LIBRAS: Tpicos de Lingstica Aplicada: Fonologia, Morfologia e Sintaxe

Adriana Di Donato / Sandra Diniz


Os estudos pioneiros sobre a constituio da Lngua de Sinais Americana (ASL) de
William Stokoe, em 1960, nos Estados Unidos marcam a histria da comunicao
humana. Stokoe defende a ideia dos sinais como smbolos complexos e abstratos que
podem ser analisados em analisados em unidades menores (XAVIER, 2009, p. 10). A
partir destes princpios, o autor descreve trs parmetros da ASL: configurao de mo
(CM); locao (L) ou ponto de articulao (PA); e movimento (M). Com a contribuio
de novos estudos foram
includos outros elementos, como orientao de mo (Or) e expresses no-manuais
(ENM), de acordo com Karnopp e Quadros (2004). Segundo classificao adotada por
Felipe (2006), estes mesmos itens correspondem direo (Dir) e expresso facial e
corporal (EFC). No Brasil, os estudos sobre as lnguas de sinais se iniciam na dcada de
1980, por Ferreira-Brito e Felipe, seguidos por Karnopp e Quadros. (FERREIRA-BRITO,
1995; QUADROS, KARNOPP, 2004; FELIPE, 2006).
A nomenclatura adotada para a lngua de sinais usada por surdos brasileiros bastante
variada. Encontramos na literatura especializada: Lngua de Sinais dos Centros Urbanos
do Brasil (LSCB); Lngua de Sinais Brasileira (LSB); Lngua Brasileira de Sinais (LIBRAS ou
Libras). A jurisdio federal, com a Lei de Libras, oficializa a terminologia como Lngua
Brasileira de Sinais (Libras). (FELIPE, 1993, FERREIRA-BRITO, 1995; CAPOVILLA, 2001;
QUADROS, BRASIL, 2002; KARNOPP, 2004).
Alm desta lngua de sinais usada nos centros urbanos brasileiros, h o registro de
outra lngua de sinais no Brasil, a Lngua de Sinais Urubu-kaapor, de uma comunidade
indgena localizada na floresta amaznica, no norte do Maranho. Os Kaapor ou
Urubu-kaapor compe uma populao com dez aldeias e calcula-se em cada setenta e
cinco ouvintes, haja um surdo. Calcula-se que hoje existam menos de dez Urubukaapor surdos. De acordo com os estudos de Jim Kakumasu (2004), esta lngua
diferencia-se da Lngua de Sinais dos ndios da Plancie Norte-americana, por ser intratribal e no inter-tribal.
As modalidades de lngua so espacial-visual e oral-auditiva. A modalidade espacialvisual tem por seu canal de produo da lngua dos sinais realizados com as mos em
um determinado espao, somados s expresses facial e corporal. Sua compreenso se
faz atravs do canal visual. Na literatura encontramos algumas variantes para esta
terminologia, a saber: viso ou visuo-espacial; gesto ou gestual-visual; e espao-visual.
Assim, as lnguas de sinais diferem-se das orais-auditivas, que apresentam seu canal de
61

produo o fonatrio (aparelho digestrio e respiratrio). O modo de compreenso da


lngua via canal auditivo (QUADROS, 1997).
As lnguas de sinais so lnguas naturais porque, como as lnguas orais, sugiram
espontaneamente da interao entre pessoas e porque devido sua estrutura
permitem a expresso de qualquer conceito - descritivo, emotivo, racional, literal,
metafrico, concreto, abstrato - enfim, permitem a expresso de qualquer significado
decorrente da necessidade comunicativa e expressiva do ser humano. (FERREIRABRITO, 1995, p. 02)
A principal diferena entre as lnguas orais-auditivas e as espao-visuais constam no
modo de organizao da estrutura da lngua. As lnguas orais-auditivas so seqenciais,
isto , os fonemas se sucedem um aps o outro. J as lnguas espao-visuais so
simultneas, pois os sinais possuem uma estrutura paralela, podendo-se sinalizar
utilizando vrias partes do corpo ao mesmo tempo, inclusive modificando o sentido
com a expresso facial (QUADROS, KARNOPP, 2004).
Quadros e Karnopp (2004) apresentam alguns traos atribudos s lnguas naturais,
como:
flexibilidade
e
versatilidade;
arbitrariedade;
descontinuidade;
criatividade/produtividade; dupla articulao; padro e dependncia estrutural. Todos
os acima traos encontram-se presentes nas lnguas de sinais.
Klima e Bellugi (1979) apresentam em ASL a diferena entre pantomima e sinais
lingsticos. Pantomima significa uma representao teatral, uma dramatizao,
atravs de gestos naturais.
Em nosso estudo, tomaremos por base as proposies de Ferreira-Brito (1995; 1997),
Felipe (1988; 1993; 1997; 2006), Capovilla e Raphael (2001), Quadro e Karnopp (2004)
e Felipe e Monteiro (2005).

62

O que Linguistica?
A matria da Linguistica constituda inicialmente por todas as manifestaes da
linguagem humana (Ferdinand de Saussure)
Com as palavras do fundador da Linguistica moderna comeamos a nossa busca pelo
entendimento da Lngua de Sinais. Saussure definiu o objeto da Linguistica a 'lngua
encarada em si mesma e por si mesma.' Quadros e Karnopp (2004) definem a
Linguistica como o estudo cientfico das lnguas naturais e humanas.
Aristteles e Plato divergiam quanto s palavras. O primeiro era convencionalista
quando dizia
que as palavras eram finitamente determinadas pelo homem. O segundo era
naturalista, pois achava que a linguagem nasce com o homem. Com o olhar de Plato,
entendemos que a faculdade da linguagem do homem um componente da sua
mente. Ou seja, a faculdade humana da linguagem constituda por princpios e
elementos comuns de todas as lnguas humanas. A Gramtica Universal busca
caracterizar os princpios biologicamente determinados desta faculdade. As diferentes
lnguas existem em razo destes princpios.
A Linguistica parte de pressupostos bsicos que permitem investigaes, citamos aqui
pelo menos dois. Primeiro, a linguagem restringida por regras que fazem parte do
conhecimento humano e determinam a produo da fala e segundo, essas regras so
universais.
1) Pesquise o objeto de estudo das reas da Linguistica que estudam os vrios aspectos
da linguagem humana como: fontica, fonologia, morfologia, sintaxe, semntica e
pragmtica.
2) Agora procure conhecer mais sobre as reas interdisciplinares da Linguistica:
sociolingustica, psicolingustica, Linguistica textual e anlise do discurso.
O que so as lnguas naturais?
simplesmente bvio que os seres humanos podem inventar ou adquirir idiomas,
caso contrrio, no teria qualquer. Stokoe (1960)
Todas as lnguas naturais revelam a natureza da linguagem humana.
Mas qual a diferena entre lngua e linguagem? Saussure diz: 'lngua no se confunde
com linguagem: somente uma parte determinada, essencial dela. Para estabelecer
esta diferena existem traos atribudos s lnguas em geral:
flexibilidade e versatilidade; (uso da lngua varivel: ordenar, pedir, avisar,
perguntar, etc.)
arbitrariedade; (no geral no h relao entre significante e significado)
descontinuidade; (pequenas diferenas na forma, pode gerar extremas
diferenas no significado)
criatividade; ( possvel construir e compreender enunciados indefinidamente
diferentes)
dupla articulao; (organizao em duas camadas: fonemas combinados geram
63

morfemas)
padro; (existem padres morfolgicos e sintticos)
dependncia estrutural; (presena de estruturas dependentes possibilitando
entendimento da sentena)
A partir destes traos, Quadros (2004) conclui: lngua um sistema padronizado de
sinais/sons arbitrrios, caracterizados pela estrutura dependente, criatividade,
deslocamento, dualidade e transmisso cultural.
Chomsky (1957) define lngua natural como um conjunto (finito ou infinito) de
sentenas, cada uma finita em comprimento e construda a partir de um conjunto finito
de elementos.
Saussure (1916) menciona: a lngua uma conveno e a natureza do signo
convencional indiferente.
Portanto, surge a questo: A Libras pode ser encarada como lngua natural dos surdos
brasileiros?
Stokoe (1960), provou que sim. Ele mostrou que as lnguas de sinais atendia a todos os
critrios lingusticos assumindo os pressupostos saussureanos de uma lngua genuna.
Ele apresentou os sinais como signos lingusticos complexos dotados de uma estrutura
interior, que envolviam pelo menos trs estruturas independentes: localizao,
configurao de mos e o movimento. Ele inventou um sistema de notao escrita para
os sinais, que levaria ao atual SignWriting.
Os estudos de Stokoe foram o marco do estudo das Lnguas de Sinais em todo o
mundo. Antes dele, as definies de lnguas naturais limitavam-se s lnguas orais. A
partir desses estudos novas investigaes foram realizadas com respeito a estrutura,
uso, aquisio e funcionamento dessas lnguas. Portanto as lnguas de sinais so
consideradas lnguas naturais do surdo e no como um problema destas pessoas ou
uma patologia da linguagem.
Para provarmos que a Lngua de Sinais uma lngua natural vamos analisar 6 mitos que
a cerca.
1. A lngua de sinais no pode expressar conceitos abstratos, pois trata-se de
gestos e mmica.
Algumas pessoas acreditam que as lngua de sinais icnica, porm vrios
estudos comprovaram a abstrao das lnguas de sinais. Num estudo feito com
a Lngua Americana de Sinais (ASL), foi constatado que apenas 30% dos sinais
so icnicos. Alm disso, foras sociolingusticas tendem a inutilizar a
iconicidade dos sinais com o tempo. Com a lngua de sinais, voc pode falar
sobre qualquer assunto desde futebol, poltica e religio at cincias,
matemtica e psicologia.
2. A lngua de sinais universal.
No Brasil os surdos se comunicam atravs da LIBRAS, mas existe ainda a LSKP,
Lngua de Sinais Kaapor Brasileira, usadas por ndios no interior do pas. Em
Portugal fala-se a a Lngua Gestual Portuguesa. Na Inglaterra, a BSL, nos EUA a
64

ASL e assim por diante. Ou seja povos que falam a mesma lngua oral
geralmente falam diferentes lnguas de sinais. Diferente da lngua oral, no Brasil
a Lngua de Sinais tem sua influncia na Lngua de Sinais Francesa. Um surdo
brasileiro dificilmente se comunicar no Japo utilizando a lngua de sinais local.
Alm do mais, Num pas continental como o Brasil, encontramos vrios surdos
com dialetos conforme a localizao geogrfica das comunidades surdas.
3. A lngua de sinais inferior lngua oral, subordinada ela e sem organizao
gramatical prpria.
As lnguas de sinais so independentes das lnguas faladas nos pases onde so
produzidas. O alfabeto manual usado para soletrar apenas em situaes
especficas. Por possurem estruturas gramaticais prprias a LIBRAS e a LGP,
Lngua Gestual Portuguesa, so diferentes mesmo sendo produzidas em pases
onde se fala o portugus. Na tentativa de colocar os sinais na estrutura falada
criou-se a comunicao simultnea, um sistema artificial e inconveniente. Este
sistema no aceito pelas comunidades surdas.
4. A lngua de sinais restrita, permite apenas uma comunicao superficial.
Os surdos fazem poesias, piadas, produzem literatura sem limites de qualidade.
Embora as lnguas de sinais no tenham elementos de ligao, sua modalidade
visual-espacial lhe d a vantagem de maior expressividade em relao s lnguas
orais. Com a proibio da Lngua de Sinais at mesmo na educao seu lxico
no pde se desenvolver, mas com a maior aceitao nos ltimos tempos, estas
lnguas tm sofrido um grande desenvolvimento lexical em diversas reas como
a comunidade cientfica, esporte, tecnologias, etc.
5. A lngua de sinais surge dos gestos espontneos dos ouvintes.
Devido a proibio ao uso da lngua de sinais e aos preconceitos lingusticos
muitos acreditam ainda que esta afirmao verdade. Porm se fosse assim
estas formas de comunicao estaria ligada ao hemisfrio direito do crebro.
6. A lngua de sinais no est representada no hemisfrio esquerdo do crebro,
responsvel pela linguagem, mas no direito, responsvel pelo processamento
da informao espacial.
Bellugi e Klima (1990) pesquisaram surdos com leses nos hemisfrios
cerebrais. Os surdos com leses no hemisfrio responsvel pelo processamento
de informao espacial conseguiram processar todas as informaes lingusticas
visual-espaciais. Porm os surdos com leses no hemisfrio responsvel pela
linguagem no conseguiram fazer o mesmo. Portanto a linguagem humana
independente da modalidade das lnguas.

65

A partir de agora iremos estudar detalhes sobre a estrutura da Lngua de Sinais


Brasileira, a Libras.
Quadros e Karnopp (2004) Lngua de Sinais Brasileira. Editora Artmed.
Ferreira-Brito (1995) Por uma Gramtica de Lngua de Sinais. Tempo Brasileiro. UFRJ.

66

Sistema de transcrio da lngua de sinais.


No nosso curso utilizaremos o sistema de transcrio para a LIBRAS, usado por Lucinda
Ferreira Brito (1995).
Os sinais so signos lingusticos produzidos no espao, por isso para transcrev-los
usaremos as seguintes convenes.
Os sinais so representados por palavras portuguesas em letras maisculas.
Exemplo: CASA, BOLA.
Quando em portugus forem usadas mais de uma palavra para representar o
sinal separaremos as palavras por hfen. Exemplo: MEIO-DIA, PASSAR-UM-PELOOUTRO.
Quando estiver utilizando o alfabeto manual para soletrar palavras, as letras
sero separadas por hfen, como o caso da datilologia e da soletrao rtmica.
Exemplo: I-N-S-S, C-P-F, etc.
O sinal composto ter as palavras separadas pelo acento circunflexo. Exemplo:
CASA^CRUZ, CASA^ESTUDAR.
Nas desinncias para gnero utilizaremos @. Exemplo: LIND@, EL@.
Os traos no manuais sero representados com a idia logo acima do sinal.
Exemplo: NOMEinterrogativa, LONGEmuito.
Os verbos que possuem concordncia de gnero atravs de classificadores so
representados com a pessoa, animal ou coisa em subscrito. Exemplo:
pessoaANDAR, carroANDAR.
Os verbos que possuem concordncia nmero-pessoal e lugar com movimento
direcionado so representado com os seguintes smbolos:
i ponto prximo a 1 pessoa,
j ponto prximo a 2 pessoa,
k e k' - ponto prximo a 3 pessoa,
e esquerda,
d direita,
1s, 2s e 3s primeira, segunda e terceira pessoa do singular,
1d, 2d e 3d primeira, segunda e terceira pessoa do dual,
1p, 2p e 3p primeira, segunda e terceira pessoa do plural.
Exemplo: 2sPERGUNTAR3p tu perguntas a eles/elas. KdANDARke andar da
direita para esquerda.
Para marcar o plural com repetio do sinal usa-se o sinal +. Exemplo:
MULHER+.
Para referir-se mo que faz o sinal usa-se: (me) mo esquerda e (md) mo
direita.
Para traduo para o portugus usa-se: .
Fonte: http://www.ines.gov.br/ines_livros/37/APENDICE37.HTM capturado s 13:39
de 31/08/2011

67

Fonologia
A fonologia tem como objeto de estudo identificar as unidades mnimas de som do
sistema lingustico e as combinaes possveis entre essas unidades. Com este
conceito era difcil estudar a fonologia da lngua de sinais. A partir do estudos de
Stokoe (1960), conhecemos o termo quirema, como unidade formacional dos sinais e
quirologia, o estudo dos quiremas e seus possveis padres de combinaes. Porm
anos depois, o prprio Stokoe abandona estes termos e passa a usar fonema e
fonologia respectivamente. Isto porque apesar das diferenas entre a fala e o sinal, as
lnguas de sinais possuem os mesmo universais lingusticos das lnguas orais, fazendo
delas lnguas naturais.
Nos estudos de Stokoe, percebeu-se que a maior diferena entre estas modalidades de
lnguas, seria a estrutura simultnea da organizao dos fonemas. O autor decomps
os sinais em trs fonemas, ou parmetros: a Configurao de Mo, a Locao da Mo e
o Movimento da Mo. Enquanto que as lnguas orais os fonemas aparecem na ordem
linear, nas lnguas de sinais estes aparecem simultaneamente. Exemplo: Portugus:
/ka//za/ e Libras: Configurao de Mo: duas palmas da mo aberta dedos unidos e
distendidos, Locao da Mo: espao neutro, Movimento da Mo: ausente, tudo feito
ao mesmo tempo com os dedos mdios das mos encostados e as mo inclinadas
imitando o telhado de uma casa simples.
Anlises posteriores ao modelo de Stokoe feitas por Battison (1974,1978), mostraram
a necessidade de mais dois parmetros: Orientao da Mo e Aspectos no-manuais.
Desta forma nos ltimos 40 anos, os fonologistas procuraram estabelecer os fonemas
ou unidades formacionais dos sinais e os aspectos contrastivos dessas unidades,
detalhando aspectos fonolgicos e discutindo modelos propostos para as lnguas
naturais.
Fonologia da Libras
Os articuladores da Libras so as mos movimentadas em frente ao corpo e em
determinadas locaes nesse espao. O sinal pode ser articulado com uma ou as duas
mos ao mesmo tempo. Se forem articulados com uma mo esta ser a sua mo
dominante, direita para os destros e esquerda para os canhotos. A Libras produzida
pelas mo e expresses faciais e corporais. Seus fonemas, ou parmetros fonolgicos
so:

CM Configurao de Mo
L Locao
M Movimento
OM Orientao da Mo
ENM Expresses no-manuais

Quando mudamos um deste parmetros mudamos o sinal. Exemplo: Pedra e Queijo,


Trabalhar e Vdeo, Aprender e Laranja, Precisar e Poder, etc. Portanto as lnguas de
sinais tem uma estrutura dual, unidades com significado, morfemas e sem significado,

68

fonemas. Esta uma prova da abstrao e universalidade da estrutura fonolgica das


lnguas naturais.
Configurao de Mo
A Lngua de sinais apresenta 46 Configuraes de Mo segundo Brito (1995). Porm
hoje j se conseguiu apresentar mais de 60 configuraes. Segue abaixo as
Configuraes propostas por Brito (1995).

Movimento
O objeto que se movimenta a mo do enunciador e o espao a rea em torno do
corpo do enunciador. Mudanas no movimento diferenciam os sinais quanto ao
significado, classe gramatical, direcionalidade e tempo verbal. Estes movimentos
podem estar nos pulsos, mos e antebrao; podem ser unidirecionais, bidirecionais ou
multidirecionais; as maneiras do movimentos podem se diferenciar quanto a
qualidade, tenso e velocidade, a frequncia tem a ver com o nmero de repeties do
movimento.
Tipo
Contorno

Contato

Pulso

Interno das mos

69

Tipo
Retilneo

Ligao

Rotao

Abertura

Helicoidal

Agarrar

Refreamento

Fechamento

Circular

Deslizar

Dobrar para cima

Curvamento

Semicircular

Tocar

Dobrar para baixo

Dobramento simultneo

Sinuoso

Esfregar

Angular

Riscar

Pontual

Escovar ou pincelar

Dobramento gradativo

Direcionalidade
Unidirecional

Bidirecional

Para cima

Para o centro

Para baixo

Para
o
esquerdo

Para a direita

Para o lado inf./ sup. direito

Para dentro e para fora

Para a esquerda

Para um ponto referencial

Para laterais opostas na diagonal

lado

Para cima e para baixo


inf./sup. Para esquerda e direita

Para dentro
Para fora
Maneira: contnuo, de reteno ou refreado.
Frequncia: simples ou repetido.
Wilbur (1987) sugeriu dividir este parmetro em dois: Movimento de Direo e
Movimento Local ou movimento interno da mo.
Locao
a rea do corpo em que o sinal articulado, envolve o raio de alcance das mos em
que os sinais so articulados. Temos uma descrio das locaes de mo da Lngua de
Sinais segundo Brito (1995). Elas podem estar na cabea, tronco, mo e no espao
neutro.
Cabea
Topo

superior do rosto

olhos

bochechas

70

Cabea
Testa

inferior do rosto

nariz

queixo

Rosto

orelha

boca

Pescoo

estmago

brao

Ombro

cintura

antebrao

Busto

braos

cotovelo

Palma

lado do mnimo

mnimo

indicador

Costas

dedos

anelar

polegar

lado do indicador

ponta dos dedos

mdio

Tronco
pulso

Mo

Alguns autores mostram distines para locao principal (cabea, tronco, mo passiva
e espao neutro) e subespao (nariz, boca, olhos, testa, etc.). Estes ltimos so
subcategorizados pelas locaes principais. Por isso se um movimento de direo
ocorre, temos dois subespaos ligados a uma locao principal e, portanto, todo sinal
tem apenas uma locao principal.

Orientao da mo
Stokoe no considerou a Orientao da mo como um parmetro. Porm autores
argumentaram na incluso deste parmetro, devido a existncia de pares mnimos de
sinais em virtude da mudana deste parmetro. Este parmetro se refere a direo da
palma da mo durante o sinal. Pode ser para cima, para baixo, para frente, para o
corpo, para a direita ou para a esquerda.
Expresses no manuais
Estas expresses marcam a funo sinttica de interrogao, oraes relativas,
topicalizaes, concordncia e foco. Tambm fazem referncia especfica, pronominal,
de negao, advrbio, grau e aspecto. Estudaremos estes detalhes mais a frente. Estas
expresses podem ocorrer simultaneamente. Segue abaixo a identificao de Brito
(1995) das expresses no-manuais.
Cabea
Balanar para frente e para trs (sim)

Inclinar para o lado

71

Cabea
Balanar para os lados (no)

Inclinar para trs

Inclinar para frente

Rosto
Sobr.franzidas

Sobr. levantadas

Olhos arregalados Bochec.infladas


Lance de olhos

Bochec. Dir. inflada

Lbios contr. e proj. Sobr. franzidas

Contrao lbio sup. Correr da lngua inf. int. bochecha

Bochec. contradas Franzir do nariz

Tronco
Para frente ou para trs
Balanceamento alternado dos ombros
Balanceamento simultneo dos ombros
Balanceamento de um nico ombro
Cabea e Rosto
Cabea para frente, olhos levemente cerrados, sobrancelhas franzidas
Cabea para trs e olhos arregalados

72

Os Processos de Formao de Palavras na LIBRAS


Os livros sobre as gramticas das lnguas geralmente trazem uma parte sobre os
processos de formao de palavras.
Na LIBRAS, os sinais so formados a partir da: configurao de mos, movimento,
orientao e ponto de articulao, estes parmetros j foram mencionados.
Estes parmetros podem ser comparados a pedacinhos de um sinal porque s vezes
eles tm significados e, atravs de alteraes em suas combinaes, eles formam os
sinais.
Portanto:
a) a configurao de mos, pode ser um marcador de gnero (animado: pessoa e
animais / inanimado: coisas).
Exemplo: PESSOA CL:Gk CARRO CL5k, kVECULOCOLIDIRk O carro bateu em uma
pessoa;
b) o ponto de articulao pode ser uma marca de concordncia verbal com o advrbio
de lugar. Exemplo: MESAi COPO objeto-arredondado-COLOCARi eu coloco o copo na
mesa;
c) o movimento pode ser uma raiz. Exemplos: IR, VIR, BRINCAR.
A alterao na freqncia do movimento, pode ser uma marca de aspecto temporal:
TRABALHAR-CONTINUAMENTE; de modo: FALARDEMASIADAMENTE, ou um
intensificador: TRABALHAR-MUITO;
d) a orientao pode ser uma concordncia nmero-pessoal. Exemplos:
1sPERGUNTAR2s eu pergunto a voc 2sPERGUNTAR1s voc me pergunta; ou um
advrbio de tempo.
Exemplos: ANO e ANO-PASSADO.
Fazendo uma paralelo destes parmetros que, s vezes, como foi mostrado, podem ter
um significado, com alguns fonemas da lngua portuguesa, que podem tambm ter um
significado, teremos:
(1) os artigos definidos: a e o. Exemplos: a menina, o menino;
(2) , as desinncias de gnero e plural. Exemplos: menina, casas.
Na LIBRAS, portanto, os processos de formao de palavras podem ocorrer atravs de:
1. Modificaes por adio raiz: uma raiz pode ser modificada atravs da adio de
afixos. Por exemplo, a incorporao da negao um processo de modificao por
adio raiz porque:

como sufixo, ela se incorpora em alguns verbo: a raiz, que possui um


determinado movimento em um primeiro momento, finaliza-se com um
movimento contrrio, que caracteriza a negao incorporada; como nos
verbos: QUERER / QUERER-NO; GOSTAR / GOSTAR-NO2;

73

como infixo, ela se incorpora simultaneamente `a raiz atravs do movimento


ou expresso corporal: TER / TER-NO; PODER / PODERNO.

A negao, alm de poder ocorrer atravs destes processos morfolgicos, pode


tambm ocorrer sintaticamente porque, atravs dos advrbios NO E NADA, podese construir uma frase negativa, como no exemplo: EU INGLS SABER NO, ENTENDER
NADA eu no sei ingls, no entendo nada.
H, ainda, a incorporao do intensificador: muito ou de advrbios de modo, que
alteram, tambm, o movimento da raiz.
2. Modificao interna da raiz: uma raiz pode ser modificada por trs tipos de
acrscimo:
a) o da flexo que, atravs da direcionalidade, marca as pessoas do discurso, fazendo
com que a raiz se inverta ou at adquira uma forma em arco3;
b) o acrscimo do aspecto verbal que, atravs de mudanas na freqncia do
movimento da raiz marcam os aspectos durativo, contnuo, etc;
c) o acrscimo de um marcador de concordncia de gnero que, atravs de
configuraes de mos (classificadores), especifica a coisa: objeto plano
vertical/horizontal, redondo, etc
3. Processos de derivao Zero: na LIBRAS, como a lngua inglesa, h muitos verbos
denominais ou substantivos verbais que so invariveis e somente no contexto podese perceber se esto sendo utilizados com a funo de verbos ou de nome.
Exemplos: AVIO / IR-DE-AVIO; CADEIRA / SENTAR; FERRO / PASSAR-COM-FERRO;
PORTA / ABRIR-PORTA; BRINCADEIRA / BRINCAR; TESOURA / CORTAR-COM-TESOURA;
BICICLETA / ANDAR-DE-BICICLETA; CARRO / DIRIGIR-CARRO; VIDA / VIVER, etc.
Alguns destes pares, quando possuem uma marca de concordncia com o objeto,
apresentam uma estrutura OiVi , como o verbo CORTAR-COMTESOURA; ou
apresentam uma diferena em relao ao parmetro movimento, como os verbos IRDE-AVIO, que apresenta um movimento mais alongado, em relao ao substantivo
AVIO, e PASSAR-COM-FERRO, que apresenta um movimento mais repetido e
alongado, em oposio ao movimento repetido e retido para o nome FERRO.
4. Processos de composio: neste processo de formao de palavra duas ou mais
razes se combinam e do origem a uma outra forma, um outro sinal.
Exemplos: CAVALO^LISTRA-PELO-CORPO zebra ; MULHER^BEIJO-NA MO me
CASA^ESTUDAR escola; CASAR^SEPARAR divorciar; COMER^MEIO-DIA almoo;
etc.
Pode-se concluir do exposto que, independentemente da modalidade de lngua, as
categorias gramaticais e os processos de formao de palavras de uma determinada
lngua apontaro para a sua classificao enquanto lngua de um determinado tipo, a
partir de seus processos mais produtivos.

74

As Categorias Gramaticais na LIBRAS


As categorias gramaticais ou parte do discurso so os paradigmas ou classes de
palavras de uma lngua. Todas lngua possui palavras que so classificadas como
fazendo parte de um tipo, classe ou paradigma em relao as seus aspectos
morfolgicos, sintticos, semnticos e pragmticos. Assim, na lngua portuguesa, por
exemplo, os substantivos so palavras que possuem desinncia de gnero e nmero,
so as palavras-chave de um sintagma nominal que pode ter a funo de sujeito ou de
objeto.
Embora todas as lnguas no possuam as mesmas classes gramaticas e muitas lnguas
no possuem algumas, isso no implica carncia ou inferioridade, as lnguas tem
formas diferenciadas para expressar os conceitos.
Por exemplo, na LIBRAS no h artigos, em ingls somente este uma forma para artigo
definido: the.
As outras categorias, que existem na lngua portuguesa, tambm existem na LIBRAS.
Verbo na LIBRAS
Basicamente na LIBRAS, h dois tipos de verbo:
a) verbos que no possuem marca de concordncia
b) verbos que possuem marca de concordncia.
Quando se faz uma frase com verbos do primeiro grupo, como se eles ficassem no
infinitivo, por exemplo:
(1) EU TRABALHAR FENEIS eu trabalho na FENEIS;
(2)EL@ TRABALHAR FENEIS ele/a trabalha na FENEIS;
(3) EL@ TRABALHAR FENEIS eles/as trabalham na FENEIS.
Os verbos do segundo grupo podem ser subdivididos em:
1. Verbos que possuem concordncia nmero-pessoal: a orientao marca as pessoas
do discurso. O ponto inicial concorda com o sujeito e o final com o objeto. Exemplos:
(4) 1sPERGUNTAR2s eu pergunto a voc;
(5) 2sPERGUNTAR1s voc me pergunta
2. Verbos que possuem concordncia de gnero: so verbos classificadores porque a
eles esto incorporados, atravs da configurao de mo, uma concordncia de
gnero: PESSOA, ANIMAL ou COISA. Exemplos:
(6) pessoaANDAR (configurao da mo em G);
(7) veculoANDAR/MOVER (configurao da mo em 5 ou B, palma para baixo)
(8) animalANDAR (configurao da mo em 5 ou 5, palma para baixo);
3. Verbos que possuem concordncia com a localizao: so verbos que comeam ou
terminam em um determinado lugar que se refere ao lugar de uma pessoa, coisa,
animal ou veculo, que est sendo colocado, carregado,etc. Portanto o ponto de
articulao marca a localizao. Exemplos:
(9) COPO MESAk coisa arredondadaCOLOCARk;
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(10) CABEAk ATIRARk.


Estes tipos de concordncia podem coexistir em um mesmo verbo. Assim, h verbos
que possuem concordncia de gnero e localizao, como o verbo COLOCAR acima; e
concordncia nmero-pessoal e de gnero, como o verbo DAR.
Concluindo, pode-se esquematizar o sistema de concordncia verbal, na LIBRAS, da
seguinte maneira:
1. concordncia nmero-pessoal => parmetro orientao
2. concordncia de gnero e nmero => parmetro configurao de mo
3. concordncia de lugar => parmetro ponto de articulao
Classificador na LIBRAS
Nas lnguas do mundo as classificaes podem se manifestam de vrias formas. Podem
ser:
uma desinncia, como em portugus, que classifica os substantivos e os
adjetivos em masculino e feminino: menina - menino;
pode ser uma partcula que se coloca entre as palavras;
e ainda pode ser uma desinncia que se coloca no verbo para estabelecer
concordncia.
Ao se atribuir uma qualidade a uma coisa como, por exemplo: arredondada, quadrado,
cheio de bolas, de listras, etc isso representa um tipo de classificao porque uma
adjetivao descritiva, mas isso no quer dizer que seja, necessariamente, um
classificador como se vem trabalhando este conceito nos estudos lingusticos.
Para os estudiosos deste assunto, um classificador uma forma que existe em nmero
restrito em uma lngua e estabelece um tipo de concordncia. Na LIBRAS, os
classificadores so configuraes de mos que, relacionadas coisa, pessoa e animal,
funcionam como marcadores de concordncia.
Assim, na LIBRAS, os classificadores so formas que, substituindo o nome que as
precedem, pode vir junto ao verbo para classificar o sujeito ou o objeto que est ligado
ao do verbo. Portanto os classificadores na LIBRAS so marcadores de
concordncia de gnero: PESSOA, ANIMAL, COISA.
Os classificadores para PESSOA e ANIMAL podem ter plural, que marcado ao se
representar duas pessoas ou animais simultaneamente com as duas mos ou fazendo
um movimento repetido em relao ao nmero.
Os classificadores para COISA representam, atravs da concordncia, uma
caracterstica desta coisa que est sendo o objeto da ao verbal, exemplos:
(11) COPO MESAk coisa arredondadaCOLOCARk;
(12) 2 CARRO veculoANDAR-UM-ATRS-DO-OUTRO (md) veculoANDAR (me)
(13) M-A-R-I-A A-L-E-X pessoaPASSAR-UM-PELO-OUTRO (md) pessoaPASSAR (me)
No se deve confundir os classificadores, que so algumas configuraes de mos
incorporadas ao movimento de certos tipos de verbos, com os adjetivos descritivos

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que, nas lnguas de sinais, por estas serem espao-visuais, representam iconicamente
qualidades de objetos. Por exemplo, para dizer nestas lnguas que uma pessoa est
vestindo uma blusa de bolinhas, quadriculada ou listrada, estas expresses adjetivas
sero desenhadas no peito do emissor, mas esta descrio no um classificador, e
sim um adjetivo que, embora classifique, estabelece apenas uma relao de qualidade
do objeto e no relao de concordncia de gnero: PESSOA, ANIMAL, COISA, que a
caracterstica dos classificadores na LIBRAS, como tambm em outras lnguas orais e
de sinais.
Advrbios de tempo
Na LIBRAS no h marca de tempo nas formas verbais, como se os verbos ficassem
na frase quase sempre no infinitivo. O tempo marcado sintaticamente atravs de
advrbios de tempo que indicam se a ao est ocorrendo no presente: HOJE, AGORA;
ocorreu no passado: ONTEM, ANTEONTEM; ou ir ocorrer no futuro: AMANH. Por
isso os advrbios geralmente vem no comeo da frase, mas podem ser usados tambm
no final.
Para um tempo verbal indefinido, usa-se os sinais:
HOJE, que traz a idia de presente;
PASSADO, que traz a idia de passado;
FUTURO, que traz a idia de futuro.
Adjetivos
Os adjetivos so sinais que formam uma classe especfica na LIBRAS e sempre esto na
forma neutra, no havendo, portanto, nem marca para gnero (masculino e feminino),
em para nmero (singular e plural). Muitos adjetivos, por serem descritivos e
classificadores, apresentam iconicamente uma qualidade do objeto, desenhando-a no
ar ou mostrando-a a partir do objeto ou do corpo do emissor.
Em portugus, quando uma pessoa se refere a um objeto como sendo arredondado,
quadrado, listrados, etc est, tambm, descrevendo e classificando, mas na LIBRAS
esse processo mais transparente porque o formato ou textura so traados no
espao ou no corpo do emissor, em uma tridimensionalidade permitida pela
modalidade da lngua.
Em relao colocao dos adjetivos na frase, eles geralmente vm aps o substantivo
que qualifica. Exemplos:
(14) PASSADO EU GORD@ MUITO-COMER, AGORA EU MAGR@ EVITAR COMER
(15) LE@ COR CORPO AMAREL@ PERIGOS@
(16) RAT@ PEQUEN@, COR PRET@, ESPERT@

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Pronomes na LIBRAS
Pronomes pessoais
A LIBRAS possui um sistema pronominal para representar as pessoas do discurso:
primeira pessoa (singular, dual, trial, quatrial e plural): EU; NS-2, NS-3, NS4, NS-GRUPO, NS-TOD@;
segunda pessoa (singular, dual, trial, quatrial e plural): VOC, VOC-2, VOC-3,
VOC-4, VOC-GRUPO, VOC-TOD@;
terceira pessoa (singular, dual, trial, quatrial e plural): EL@, EL@-2, EL@-3,
EL@-4, EL@-GRUPO, EL@-TOD@
No singular, o sinal para todas as pessoas o mesmo, ou seja, a configurao da mo
predominante em d ( dedo indicador estendido, veja alfabeto manual), o que
difere uma das outras a orientao da mo: o sinal para eu um apontar para o
peito do emissor (a pessoa que est falando), o sinal para voc um apontar para o
receptor (a pessoa com quem se fala) e o sinal para ele/ela um apontar para uma
pessoa que no est na conversa ou para um lugar convencionado para uma terceira
pessoa que est sendo mencionada.
No dual, a mo ficar com o formato de dois, no trial o formato ser de trs, no
quatrial o formato ser de quatro e no plural h dois sinais: um sinal composto
formado pelo sinal para a respectiva pessoa do discurso, no singular, mais o sinal
GRUPO; e outro sinal para plural que feito pela mo predominante com a
configurao em d fazendo um crculo.
Como na lngua portuguesa, na LIBRAS, quando uma pessoa surda est conversando,
ela pode omitir a primeira pessoa e a segunda porque, pelo contexto, as pessoas que
esto interagindo sabem a qual das duas o verbo est relacionado, por isso, quando
estas pessoas esto sendo utilizadas pode ser para dar nfase frase.
Quando se quer falar sobre uma terceira pessoa que est presente, mas deseja-se uma
certa reserva, por educao, no se aponta para esta pessoa diretamente. Nesta
situao, o emissor faz um sinal com os olhos e um leve movimento de cabea para a
direo da pessoa que est sendo mencionada, ou aponta para a palma da mo
encontrando o dedo na mo um pouco frente do peito do emissor, estando esta mo
voltada para a direo onde se encontra a pessoa referida.
Pronomes demonstrativos e advrbios de lugar
Na LIBRAS os pronomes demonstrativos e os advrbios de lugar tm o mesmo sinal,
somente o contexto os diferencia pelo sentido da frase acompanhada de expresso
facial. Este tipo de pronome e de advrbio esto relacionados s pessoas do discurso e
representam, na perspectiva do emissor, o que est bem prximo, perto e distante.
Estes pronomes ou advrbios tm a mesma configurao de mos dos pronomes
pessoais (mo em d), mas os pontos de articulao e as orientaes do olhar so
diferentes.

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Assim, EST@ / AQUI um apontar para o lugar perto e em frente do emissor,


acompanhado de um olhar para este ponto; ESS@ / A um apontar para o lugar perto
e em frente do receptor, acrescido de um olhar direcionado no para o receptor , mas
para o ponto apontado perto segunda pessoa do discurso; e AQUELE / L um
apontar para um lugar mais distante, o lugar da terceira pessoa, mas diferentemente
do pronome pessoal, ao apontar para este ponto h um olhar direcionado:
EU olhando para o receptor EST@ / AQUI olhando para o lugar apontado, perto do
emissor (perspectiva do emissor)
VOC olhando para o recptor ESS@ / A olhando para o lugar apontado, perto da 2a.
pessoa (perspectiva do emissor)
EL@ olhando para o receptor AQUEL@ / L olhando para o lugar convencionado para
3a pessoa ou coisas afastadas
Como os pronomes pessoais, os pronomes demonstrativos tambm no possuem
marca para gneros masculino e feminino e, por isso, est ausncia, ou neutralidade,
est sendo assinalada pelo smbolo @.
Pronomes possessivos
Os pronomes possessivos, como os pessoais e demonstrativos, tambm no possuem
marca para gnero e esto relacionados s pessoas do discurso e no coisa possuda,
como acontece em portugus:
EU => ME@ SOBRINH@;
VOC => TE@ ESPOS@;
EL@ => [email protected]@
Para a primeira pessoa: ME@, pode haver duas configuraes de mo: uma a mo
aberta com os dedos juntos, que bate levemente no peito do emissor; a outra a
configurao da mo em P com o dedo mdio batendo no peito.
Para as segunda e terceira pessoas, a mo tem esta segunda configurao em P, mas o
movimento em direo pessoa referida: segunda ou terceira.
No h sinal especfico para os pronomes possessivo no dual, trial, quadrial e plural
(grupo), nestas situaes so usados os pronomes pessoais correspondentes.
Exemplo: NS FILH@ nosso(a) filho(a)

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Tipos de Frases na LIBRAS


As lnguas de sinais utilizam as expresses faciais e corporais para estabelecer tipos de
frases, como as entonaes na lngua portuguesa, por isso para perceber se uma frase
em LIBRAS est na forma afirmativa, exclamativa, interrogativa, negativa ou
imperativa, precisa-se estar atento s expresses facial e corporal que so feitas
simultaneamente com certos sinais ou com toda a frase, exemplos:
FORMA AFIRMATIVA: a expresso facial neutra
(45) Meu nome M-A-R-I-A.

FORMA INTERROGATIVA: sobrancelhas franzidas e um ligeiro movimento da


cabea inclinando-se para cima.
(46) NOME QUAL? (expresso facial interrogativa feita simultaneamente ao sinal
QUAL)
(47) NOME? (expresso facial feita simultaneamente com o sinal NOME)

FORMA EXCLAMATIVA: sobrancelhas levantadas e um ligeiro movimento da


cabea inclinando-se para cima e para baixo. Pode ainda vir tambm com um
intensificador representado pela boca fechada com um movimento para baixo.
(48) EU VIAJAR RECIFE, BOM! BONIT@ L! CONHECER MUIT@ SURD@
FORMA NEGATIVA: a negao pode ser feita atravs de trs processos:
a) com o acrscimo do sinal NO frase afirmativa: (49) BLUSA FEI@ COMPRAR NO;
b) com a incorporao de um movimento contrrio ao do sinal negado: (50) GOSTARNO CARNE, PREFERIR FRANGO, PEIXE; (51) EU TER-NO TTD;
c)com um aceno de cabea que pode ser feito simultaneamente com a ao que est
sendo negada ou juntamente com os processos acima: (52) EU VIAJAR PODER

80

Libras no contexto previdencirio


Ao pensarmos nos surdos como segurados da previdncia social, percebemos que no
estvamos acessveis a eles num determinado momento. Primeiro, tnhamos barreiras
atitudinais e, por ltimo, barreiras de comunicao. Ao longo de nossas discusses
nesta capacitao, percebemos que estas barreiras foram sendo suprimidas.
Agora, surge uma pergunta: existem sinais para o vocabulrio previdencirio? Na
verdade, no existiam sinais especficos para os termos tcnicos que muitos de ns
usamos.
Da como cobrir eventos de doena, invalidez, morte, idade avanada, maternidade,
desemprego involuntrio e priso quando o nosso cidado-usurio surdo?
Estes segurados tm cultura, comunicao e necessidades prprias. Portanto o INSS
resolve integrar o quadro de servidores s comunidades surdas, numa proposta de
instrumentalizao do uso de Libras para proporcionar excelncia no atendimento,
tendo em vista o cumprimento do Decreto 5.296 de 02/12/04.
Iniciamos uma pesquisa lingstica na LIBRAS para termos previdencirios. Contando
com a ajuda da comunidade surda interna, conseguimos elaborar alguns sinais para
idias como Aposentadorias, Auxlios, Salrio Maternidade, salrio-famlia, Penses,
Peclios, Servio Social e Reabilitao Profissional. Ainda analisamos outros termos
como empregado, empregado domstico, contribuinte individual, segurado especial,
trabalhador avulso e segurado facultativo.
Imaginemos um ambiente de APS, que tipo de servio o surdo buscaria? O Benefcio
Assistencial ao portador de deficincia? No s o BPC. O surdo pode requerer qualquer
servio quando ele se torna segurado obrigatrio. Tentamos visualizar as situaes em
que os surdos procurariam os servios da APS e quando fariam isso. Pensamos em
como passar as informaes a estas pessoas de maneira segura.
Para finalizar, fica esta mensagem reflexiva:
A surdez, e a conseqente mudez, so confundidas com uma inferioridade de
inteligncia. verdade, porm, que a ausncia da linguagem influi profundamente no
desenvolvimento psicossocial do indivduo. Felizmente, o deficiente auditivo pode
aprender a se comunicar utilizando a lngua dos sinais, ou a prpria lngua falada.
Voc j atendeu uma pessoa surda?
Se voc fosse atender como voc faria?
Que estratgias voc usaria para se tornar acessvel ?

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Atendimento
Quando estamos no atendimento numa APS, percebemos algumas rotinas bsicas de
atendimento. Por exemplo, talvez voc j tenha decorado alguns procedimentos como
cumprimentar o segurado, solicitar os seus documentos pessoais e pedir que ele assine
algum documento.
Comearemos ento nossa unidade, tentando imaginar situaes especficas de
atendimento e pensar como ns poderamos resolv-las. Para que a comunicao seja
nossa aliada e no nossa inimiga, vamos analisar passo a passo cada situao e pensar
como resolver estas situaes-problema usando Libras. Usaremos uma linguagem
simples, para que possamos nos aproximar da realidade o mximo possvel. Vamos
comear!
Como nos sair nas seguintes situaes?
Eu quero me aposentar.
Eu vim requerer o salrio maternidade.
Eu quero requerer penso, minha esposa faleceu.
Eu quero me aposentar (o agendamento de um BPC).
Eu quero levar meu tempo de servio no shopping para o estado.
Meu marido foi preso. Eu preciso de um auxlio-recluso.
Eu estou doente. Preciso de auxlio-doena.
Eu gostaria de ver como esto minhas contribuies no INSS.
O meu endereo na carta do benefcio est errado, eu quero que voc corrija.
Eu quero cadastrar a senha da internet para consultar minhas contribuies em casa.

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Requerimento de 30, 45 e 60 minutos


Estes benefcios envolvem aposentadoria, penso, salrio maternidade, benefcio
assistencial, auxlio recluso e auxlio doena.
Recepcionando
Bom dia! Como eu posso ajud-lo?
Bom dia! Eu quero me aposentar.
Certo. Eu preciso de seus documentos, identidade, CPF e CTPS.
Esto aqui.
Bom dia! Como eu posso ajud-lo?
Bom dia! Eu vim requerer o salrio maternidade.
Certo. Eu preciso de seus documentos, identidade, CPF e CTPS e o Registro de
Nascimento de seu filho.
Eu no tenho CTPS.
Voc trabalha de qu?
Eu sou agricultora.
Ento, eu preciso de uma declarao do sindicato.
Esto aqui.
Bom dia! Como eu posso ajud-lo?
Bom dia! Eu quero requerer penso, minha esposa faleceu.
Certo. Eu preciso de seus documentos, identidade, CPF e Certido de casamento. Da
sua esposa, eu vou precisar de identidade, CPF e CTPS.
Minha esposa trabalhava como autnoma.
Certo. Voc tem algum carn pago?
Sim, esto aqui.
Bom dia! Como eu posso ajud-lo?
Bom dia! Eu quero me aposentar.
Certo. Eu preciso de seus documentos, identidade, CPF e CTPS.
Esto aqui.
O benefcio que voc agendou um benefcio assistencial. Voc preencheu o
requerimento?
Sim, est aqui.
Voc trouxe os documentos pessoais dos membros do seu grupo familiar?

Bom dia! Como eu posso ajud-lo?


Bom dia! Meu marido foi preso. Eu preciso de um auxlio-recluso.
Certo. Eu preciso de seus documentos, identidade, CPF e Certido de casamento. Do
seu marido, eu vou precisar de identidade, CPF, CTPS e uma certido informando o
regime de priso dele.
Esto aqui.

83

Bom dia! Como eu posso ajud-lo?


Bom dia! Eu estou doente. Preciso de auxlio-doena.
Certo. Eu preciso de seus documentos, identidade, CPF e CTPS.
Eu no tenho CTPS.
Voc trabalha de qu?
Eu sou autnomo.
Contribuinte Individual
Bom dia! Como eu posso ajud-lo?
Eu vou comear a trabalhar e quero pagar o INSS.
Certo. Voc vai trabalhar de que?
Eu vou trabalhar vendendo lanche na escola perto da minha casa. Quanto eu preciso
pagar?
Voc pode pagar 20% do seu salrio, se for o salrio mnimo daria R$ 102.
No tem um mais barato, no?
Tem o Plano Simplificado de previdncia. Voc paga apenas 11% do salrio mnimo e
tem direito a todos os benefcios previdencirios, com exceo apenas da
Aposentadoria por tempo de servio.
Mas quanto 11% do salrio mnimo?
R$56,10
Tudo bem. Eu quero este.
Certo. Eu vou precisar de seus documentos de identidade, CPF, CTPS e comprovante
de residncia.
(Depois de incluir o NIT no CADPF continue)
Voc j tem o carn?
Sim, est aqui.
No campo identificador voc escreve o seu NIT, que est na sua CTPS. No campo
cdigo de pagamento, voc escreve 1163 que corresponde ao recolhimento mensal de
11%.
Entendi, obrigado.
Bom dia! Como eu posso ajud-lo?
Eu estou com meu carne de pagamento atrasado e gostaria que voc calculasse os
atrasados.
Tudo bem, eu preciso de seu carn.
(Depois de calcular os atrasados)
Voc deve pagar at o dia 15 do ms seguinte para no atrasar os recolhimentos. Voc
deve pagar hoje o valor de R$59,16.
Certo. Obrigado.

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Atendimento Simples de 10 minutos


Bom dia! Como eu posso ajud-lo?
Eu vim dar entrada num salrio maternidade. Pode ser hoje?
Eu preciso ver primeiro a nossa agenda. Espere um pouco. Hoje no pode, mas eu
tenho vaga para amanh s 10 horas da manh e segunda-feira s trs horas da tarde.
O que voc prefere?
Eu quero amanh.
Voc precisa trazer os documentos desta lista e chegar na hora certa ou um pouco
antes, est certo?
Certo, obrigado.
Bom dia! Como eu posso ajud-lo?
Eu gostaria de ver como esto minhas contribuies no INSS.
Voc pode mostrar sua CTPS?
Sim, posso.
Pronto, est a.
Bom dia! Como eu posso ajud-lo?
O meu endereo na carta do benefcio est errado, eu quero que voc corrija.
Voc tem o comprovante de residncia correto?
Sim, est aqui.
Pronto, j corrigi.
Bom dia! Como eu posso ajud-lo?
Eu quero cadastrar a senha da internet para consultar minhas contribuies em casa.
Voc trouxe a identidade?
Sim est aqui.
Digite a senha.
Pronto, algo mais?
No, obrigado.
Administrao de Benefcio por Incapacidade 15 minutos
Bom dia! Como eu posso ajud-lo?
Bom dia! Meu benefcio acaba dia 10, eu quero marcar outra percia mdica.
Certo, eu vou marcar um PP. Caiu no dia 9, s 10h20min horas. Voc pode vir?
Posso.
Bom dia! Como eu posso ajud-lo?
Bom dia! Eu no vou poder comparecer amanh no exame mdico. Eu quero remarcar,
pode?
Pode sim, voc poderia vir sexta-feira s 09h30min horas?
Sim, eu posso.
Ento est marcado, este o seu comprovante.
Obrigado, tchau.
Tchau.
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Bom dia! Como eu posso ajud-lo?


Eu gostaria de saber o resultado da percia mdica que eu fiz tera-feira.
Espere um pouco. Foi indeferido.
E agora, o que eu fao?
Voc pode entrar com recurso ou voltar pro trabalho.
Eu vou pensar depois eu volto. Tchau.
Tchau.
Atualizao Simples 15 minutos
Bom dia! Como eu posso ajud-lo?
Meu benefcio foi cessado por falta do CPF. Eu vim reativ-lo.
Eu preciso da sua identidade e do seu CPF.
Esto aqui.
Pronto j foi reativado.
Obrigado, tchau.
Bom dia! Como eu posso ajud-lo?
Bom dia! Eu vim cadastrar uma procurao.
Certo eu preciso de sua identidade, a procurao e o atestado mdico.
Esto a.
Tudo bem. Assine aqui. Este o seu comprovante.
Bom dia! Como eu posso ajud-lo?
No est bom, no. Meu pai morreu. Eu vim cessar o benefcio dele.
Eu lamento. Voc tem a certido de bito, identidade e nmero do benefcio dele?
Tenho.
Pronto, est cessado.
Bom dia! Como eu posso ajud-lo?
Eu fiz a aposentadoria do meu sobrinho quarta-feira. Hoje eu vim trazer o termo de
guarda no meu nome.
Muito bem. Espere um pouco. Pronto j est certo! Mais alguma coisa?
Eu vou receber o dinheiro onde e em que dia?
Agora, voc espera que em vinte dias chega sua casa uma carta com o resultado.
Certo, obrigado e tchau.
Atendimento Especializado 30 minutos
Bom dia! Como eu posso ajud-lo?
Eu quero saber quanto tempo de servio eu j tenho.
Eu vou precisar de sua identidade e CTPS.
Esto aqui.
Espere um pouco. Voc tem 26 anos trs meses e 16 dias. Faltam trs anos oito meses
e 14 dias para voc se aposentar por tempo de contribuio. Esta via sua.
Obrigado. Tchau.

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Entrevistas
Reservamos um tpico para apresentar exclusivamente as entrevistas que realizamos
comumente numa APS. Abaixo temos o modelo de algumas. Preste bastante ateno
em cada pergunta e pense em como ns poderamos realizar estas entrevistas em
Libras.
Entrevista rural
1) Dados do segurado
2) Atividade (s) alegada (s) e perodo (s) a ser (em) comprovado (s):
3) Informar se houve afastamento da atividade durante o perodo mencionado e o
motivo, inclusive nas entressafras:
4) Informar a quem pertence ou pertencia as terras, a localizao e descrever, clara e
objetivamente, a forma, de acordo com cada perodo em que a atividade rural ou foi
exercida histrico da vida profissional do entrevistado:
5) Informaes sobre as pessoas que colaboram ou colaboraram no desempenho da
atividade rural no perodo que se pretende comprovar e por quanto tempo no ano
(quantidade de dias ou de horas) nome, informar se so parentes ou no (o vnculo
dessas pessoas junto ao entrevistado, qual trabalho executado, inclusive em relao
atividade desempenhada):
6) Descrever o que ou era produzido, extrado ou capturado ao longo do perodo de
exerccio da atividade rural. (Quantificar a produo e informar qual cultura foi
explorada ou tipo de artesanato produzido).
7) Descrever os fins a que se destina a produo - subsistncia; consumo prprio,
artesanato e comercializao; somente comercializao, industrializao. No caso de
participar de cooperativa, se a produo comercializada por meio da cooperativa ou
o mesmo a comercializa.
8) Informar se possui outra fonte de renda ou outro membro do grupo familiar. Em
caso positivo, qual (is) (so) durante o perodo mencionado no item ii desta
entrevista, bem como o valor recebido por cada pessoa.
9) Informar se utiliza (ou) mo de obra, explora (ou) atividade turstica da propriedade
rural, se produz (iu) artesanato e de onde provem a matria prima, se exerce (ou)
atividade artstica, qual o valor recebido e qual o perodo durante cada ano:
10) Outros esclarecimentos que o segurado ou servidor deseja prestar:

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Justificao administrativa
Para prova de dependncia econmica e inexistncia de dependentes preferenciais,
no caso de pais:
1) Conhece o (a) justificante?
2) Quando, onde e como se deu esse conhecimento?
3) Quando, onde e como conheceu o (a) segurado (a) falecido (a)?
4) Costumava freqentar a casa do (a) justificante? Desde quando?
5) O (a) justificante residia em companhia do (a) segurado (a)?
6) Qual o estado civil do (a) segurado (a)? Tinha companheiro (a)? Deixou filhos
menores ou invlidos? Quantos? Quais seus nomes e idades? Onde mora?
7) Conhece o marido (esposa) do (a) justificante e os demais membros da famlia?
8) Quando, onde e como se deu esse conhecimento?
9) Onde trabalhava o (a) segurado (a)? Quanto ganhava aproximadamente?
10) Onde trabalha o (a) marido (esposa) do (a) justificante? Quanto ganhava,
aproximadamente, por ocasio do bito do (a) segurado (a)?
11) O (a) falecido (a) concorria para o sustento do (a) justificante? Por qu? De que
forma? Qual o valor aproximado da ajuda financeira prestada?
12) Essa ajuda era necessria, constante e eficiente?
13) Depois do falecimento do (a) segurado (a), o (a) justificante ou qualquer de seus
filhos passou a trabalhar ou sua (seu) esposa (marido) passou a exercer atividade
remunerada ou a fazer trabalho extraordinrio?
14) O (a) justificante trabalha? Onde? Desde quando? Quanto ganhava na poca do
bito do (a) segurado (a)?
15) Como teve conhecimento dos fatos relatados?
16) Deseja fazer mais algum esclarecimento?
Prova de tempo de servio/contribuio:
1) Conhece (ou conheceu) o (a) segurado (a)?
2) Quando, onde e como se deu esse conhecimento?
3) Qual a profisso que ele (a) exercia?
4) Exerceu outras profisses? Pode discrimin-las?
5) Pode mencionar as firmas para as quais o (a) segurado (a) trabalhou desde que o
conheceu?
6) Em que poca(s) esteve nesse(s) emprego(s)? Pode informar pelo menos o ms e
ano em que comeou a trabalhar para essa(s) firma(s)?
7) Trabalharam juntos? Qual o nome da empresa? Quais os donos, gerentes e chefes
de setor do trabalho na poca?
8) Pode citar outros colegas de trabalho e seus endereos?
9) Quais os servios que o (a) segurado (a) prestava?
10) Trabalhava por hora, por dia, ou por ms?
11) Por que saiu desse emprego?
12) Qual o paradeiro atual do (a) empregador (a)? Sabe o destino da documentao da
firma?
13) O senhor tem esses empregos anotados em sua carteira profissional (ou ctps)? Por
que o (a) segurado (a) no os tem?
88

14) Quer fazer mais algum esclarecimento?


Prova de exerccio de atividade rural:
Segurado (a) empregado (a):
1) Conhece (ou conheceu) o (a) segurado (a)?
2) Quando, onde e como se deu esse conhecimento?
3) O interessado ou foi empregado (a) da fazenda/stio/chcara?
4) A atividade foi desenvolvida como trabalhador na atividade rurcola, volante,
diarista, safrista ou fixo?
5) Em que poca o segurado trabalhou na fazenda/stio/chcara?
6) Trabalharam ou trabalham juntos?
7) Qual o nome completo do patro e o endereo?
8) Os membros da famlia do (a) segurado (a) tambm trabalham? So tambm
empregados? Quem so eles? O que fazem?
9) Que tipo de atividade o (a) segurado (a) desenvolvia (colhia, plantava, cuidava de
animais, entre outros)?
10) A remunerao ou era mensal, diria, por hora ou empreitada?
11) Existe algum tipo de documento que possa confirmar o perodo da atividade ou o
recebimento da remunerao?
12) Como era feito o pagamento (recibos, folhas de pagamento, produtos)? Tem como
comprovar?
13) Deseja acrescentar mais algum esclarecimento?
Segurado (a) especial:
1) Conhece (ou conheceu) o (a) segurado (a)?
2) Quando, onde e como se deu o conhecimento?
3) O (a) segurado (a) exerce atividade rural, individualmente ou em regime de
economia familiar? (no caso do cnjuge, companheiro ou companheira, confirmar se a
atividade rural preponderante em relao atividade domstica);
4) Em que perodo?
5) do seu conhecimento se o (a) segurado (a) contratou ou ainda contrata mo-deobra remunerada, ou seja, empregado (fixo bia-fria, volante, diarista, camarada,
entre outros)? A utilizao dos assalariados foi ou feita por perodos contnuos ou
para safras, plantios e colheitas? Em que poca houve essa contratao?
6) Sabe se o (a) segurado (a) possui outra fonte de rendimento, decorrente do
exerccio de atividade remunerada ou aposentadoria de qualquer regime?
7) Os membros da famlia trabalham na rea rural? Quem so eles? O que fazem?
8) O (a) segurado (a) reside na cidade ou no prprio local de trabalho?
9) Que tipo de atividade ele (a) desempenha? Que produtos so cultivados? Possui
criao de animais?
10) Qual a condio do (a) requerente (a) (meeiro, parceiro, comodatrio, posseiro,
arrendatrio ou proprietrio das terras)? Formular perguntas conforme a atividade
declarada.
11) Qual o nome do proprietrio da terra que foi feito o contrato verbal ou escrito?

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12) Deseja acrescentar mais alguma informao?

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Finalizando...
Com certeza foi muito proveitoso encenar as entrevistas acima. Voc sentiu na pele
como falar com quem no te entende muito bem. A partir de agora, voc
provavelmente voltar para sua APS com outros olhos. claro que ningum consegue
fluncia numa lngua em poucos dias, mas com certeza voc tem as ferramentas
necessrias para que voc consiga suprimir as barreiras de comunicao que se
interpe no seu ambiente de trabalho. Os termos mais tcnicos estaro sua
disposio neste material para uma consulta futura. Alm do que, na internet voc
ter a seu dispor vrios dicionrios de Libras para uma consulta rpida.
Embora voc tenha adquirido bastante conhecimento na rea de Libras, voc
precisar, a partir de agora, reconhecer a necessidade de manter o contato com a
comunidade surda para aprimorar suas habilidades. Isto muito importante, visto
que ns somos responsveis na nossa APS por promover a acessibilidade da
comunidade surda. Ento procure conhecer pessoas surdas na regio de sua APS. Se
possvel, busque uma forma de levar o PEP at elas para que possamos garantir o
direito informao a essas pessoas. O atendente s estar completo quando ele
alcanar a excelncia no atendimento. Por isso, no deixe de aprimorar o que voc j
tem de bom. Mostre amor prprio e amor s pessoas que tem o direito de exigir algo
de voc. Liberte sua mente. Solte suas mos. Venha unir pessoas com as mos.
Vocabulrio tcnico de benefcio em libras
Aposentadoria Especial
Aposentadoria por Idade
Aposentadoria por Invalidez
Auxlio Acidente
Auxlio Doena
Auxlio Recluso
Avaliao Social
Averbao
Benefcio
BPC-LOAS
Carteira de Trabalho
Comodato
Contribuinte Individual
Dependente
Empregado
Empregado Domstico
Empregador
Filiao
Imposto de Renda
Inscrio
Justificao Administrativa
Laudo Mdico
Penso Alimentcia

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BIBLIOGRAFIA:
Capovilla, Fernando Csar & Raphael, Wlkiria Duarte Dicionrio de Libras volumes
1 e 2 FENEIS SP
Felipe, Tnia A. 2005 Libras em contexto: curso bsico: Livro do professor. Braslia,
Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Especial.
______2005. Libras em contexto: curso bsico: Livro do estudante. Braslia, Ministrio
da Educao.
REVISTA Lngua de Sinais Editora Escala SP e-mail: [email protected]
Apostila Associao dos Surdos de Goinia Centro Especial Elysio Campos.
Saretto, Tiago M Oficina de Multiplicadores de Interpretao da LIBRAS
A Gramtica de Libras. Lucinda Ferreira Brito
Lngua Brasileira de Sinais. Quadros e Karnopp. 2004

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Roteiros das visitas tcnicas reflexivas


Caracterizao da Comunidade Surda
Prezados Servidores,
Vocs vivenciaram a introduo do curso de LIBRAS INSTRUMENTAL e conheceram o
Surdo como um sujeito visual, com histria e cultura prprias. Diferenciamos a viso
mdica da viso cultural da surdez. Ento voc est preparado para conhecer
pessoalmente as comunidades surdas.
No entanto como lngua viva, a Libras precisa ser utilizada. Para oportunizar esse uso
efetivo da lngua, convidamos vocs a realizar uma visita tcnica reflexiva
comunidade surda local de sua regio. O objetivo iniciar o contato com a
comunidade surda local e caracteriz-la.
Vocs no precisam falar em Libras nesta etapa. Vo apenas caracterizar a
comunidade seguindo os passos abaixo:
1 Passo: Acesse o site www.feneis.gov.br , verifique o endereo da associao de
surdos mais prxima de sua regio, entre em contato e obtenha informaes
referentes aos horrios e aos locais de pontos de encontro da comunidade surda. Essa
comunidade poder encontrar-se em shopping, em igrejas, em escolas ou na prpria
associao.
2 Passo: Entre em contato com a equipe de Gesto de Pessoas de sua Gerncia
Executiva. Confirme sua participao no curso Libras Instrumental e solicite
autorizao para a liberao de uma carga horria de 4h para caracterizao da
comunidade surda da sua regio.
3 Passo: A maioria das comunidades permite livremente o acesso dos ouvintes a suas
atividades, no entanto, se necessrio, solicite equipe de Educao da sua Gerncia
Executiva, oficio informativo sobre o objetivo da visita.
4 Passo: Participe das atividades da comunidade at completar a carga horria de 4h,
mas fique livre para continuar participando em suas horas vagas, caso queira praticar.
5 Passo : Observe a comunidade e realize as tarefas propostas no roteiro da visita, em
anexo.
6 Passo : Elabore o relatrio da visita e poste no site da escola da Previdncia, para
anlise dos tutores.
ROTEIRO DA VISITA TCNICA REFLEXIVA
Dados da comunidade:
Observe se trata-se de uma comunidade surda formalizada (associao, grupo de
esporte ou escola de surdo) ou livre (ponto de encontro em shopping, igrejas, praas
etc.).
Tratando-se de uma comunidade surda formalizada, relate o nmero de membros,
objetivos, atividades programadas, existncia de aes educacionais ou calendrio de
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palestras informativas. Caso no haja esse formalizao, limite-se a relatar os perodos


em que ocorrem, os objetivos e a descrever o ambiente.
Observe o comportamento dos participantes da comunidade e realize
questionamentos quanto aos fatores listados abaixo:
Formas de comunicao utilizada
Posturas polticas quanto acessibilidade ao surdo
Caractersticas lingusticas e culturais dos surdos
Integrao com a famlia
Participao de ouvintes na comunidade
Viso da comunidade quanto aos Servios oferecidos pela Previdncia
Importncia do uso da Libras no INSS
ROTEIRO DO RELATRIO
Dados de identificao do servidor
Dados de identificao da comunidade
Descrio da comunidade observada
Reflexo sobre as dificuldades e possibilidades para prestao de um atendimento
com excelncia, no INSS, aos cidados surdos

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Imerso na Comunidade Surda


Prezados Servidores,
Vocs esto preparados para retornar a Comunidade Surda que caracterizou na
segunda semana do nosso curso. Apresentamos uma breve viso histrica da educao
de surdos no Brasil e no Mundo, focalizando os primeiros estudos sobre as lnguas de
sinais e da Libras. Identificamos a importncia da lngua de sinais para construo da
identidade e cultura dos Surdos. Apresentamos aspectos fonolgicos, morfolgicos,
sintticos e discursivos da Libras, com base em estudos lingusticos. O Charles nos
ajudou a compreender a teoria e ampliamos nosso vocabulrio, outrora to pequeno,
atravs de vdeos.
Agora voc est preparado para imerso na comunidade surda local.
Para oportunizar o uso efetivo da lngua, convidamos vocs a tentarem se comunicar
com os surdos da comunidade que voc caracterizou. O objetivo identificar as
dificuldades pessoais em sinalizar e ouvir os surdos.
Vocs precisam iniciar o uso da Libras nesta etapa. Mas no se desespere, queremos
que voc se apresente e explique que est aprendendo Libras para possibilitar o
acesso aos surdos aos benefcios e servios oferecidos pela Previdncia Social. Vocs
devero seguir os passos abaixo:
1 Passo: Entre em contato com a equipe de Gesto de Pessoas de sua Gerncia
Executiva. Confirme sua participao no curso Libras Instrumental e solicite
autorizao para a liberao de uma carga horria de 8h para imerso na comunidade
surda da sua regio.
2 Passo: A maioria das comunidades permite livremente o acesso dos ouvintes a suas
atividades, no entanto, se necessrio, solicite equipe de Educao da sua Gerncia
Executiva, oficio informativo sobre o objetivo da visita.
3 Passo: Participe das atividades da comunidade at completar a carga horria de 8h,
mas fique livre para continuar participando em suas horas vagas, caso queira praticar.
4 Passo : Anote as dificuldades encontradas e realize as tarefas propostas no roteiro
da visita, em anexo.
5 Passo : Elabore o relatrio da visita e poste no site da escola da Previdncia, para
anlise dos tutores.
ROTEIRO DA VISITA TCNICA REFLEXIVA
Dados da comunidade:
Cumprimente os surdos, d Bom Dia! , Boa Tarde! Ou Boa Noite!
Apresente-se. Usando datilologia sinalize seu nome e mostre seu sinal pessoal (se no
tiver, pea que os surdos lhe batizem).
Pergunte aos surdos seus nomes, sinais pessoais, etc.
Anote que estratgias voc utilizou para se comunicar e as dificuldades encontradas.
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Explique que est aprendendo a se comunicar em Libras para possibilitar acesso aos
Surdos aos benefcios e servios oferecidos pela Previdncia Social.
ROTEIRO DO RELATRIO
Dados de identificao do servidor
Dados de identificao da comunidade
Estratgias de comunicao alternativas a Libras utilizadas e resultados
Dificuldades encontradas
Como foi a recepo dos surdos

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Laboratrio de Comunicao e Autoavaliao


Prezados Servidores,
Vocs vivenciaram o curso de LIBRAS INSTRUMENTAL nas etapas EAD e semipresencial.
Durante o curso ns debatemos sobre o Surdo como um sujeito visual, com historia e
cultura prprias. Historiamos a evoluo dos Direitos Humanos, que culminaram na
publicao de vrias leis e decretos que garantem s pessoas com deficincia o direito
acessibilidade. Particularmente com relao ao surdo, o direito ao uso da LIBRAS,
respaldada na Lei da Libras e no Decreto 10.526.
Conhecemos alguns sinais de Libras Bsico e do vocabulrio previdencirio, praticamos
a conversao nas atividades em grupo e na interao com os educadores.
Para maturar o aprendizado da lngua necessrio tempo e prtica, portanto
convidamos voc a voltar a comunidade surda e aplicar o que aprendeu nesta ao
educacional.
Nesta visita, voc deve praticar ao mximo a Lngua Brasileira de Sinais. Para realizar
essa visita, voc dever seguir alguns passos importantes:
1 Passo: Entre em contato com a equipe de Gesto de Pessoas de sua Gerncia
Executiva. Confirme sua aprovao nas Etapas EAD e Semi-presencial e solicite
autorizao para a liberao de uma carga horria de 8h para realizao do laboratrio
de comunicao e autoavaliao na comunidade surda da sua regio.
2 Passo: A maioria das comunidades permite livremente o acesso dos ouvintes a suas
atividades, no entanto, se necessrio, solicite equipe de Educao do RH, oficio
informativo sobre o objetivo da visita.
3 Passo: Participe obrigatoriamente das atividades da comunidade at completar a
carga horria de 8h, mas fique livre para continuar participando em suas horas vagas,
caso queira praticar.
4 Passo : Observe seu progresso desde a primeira visita comunidade e realize as
tarefas propostas no roteiro da visita tcnica, em anexo.
5 Passo : Elabore o relatrio da visita e poste no site da escola da Previdncia, para
anlise dos tutores
ROTEIRO DA VISITA TCNICA REFLEXIVA
Pratique o uso da Libras
Observe que progresso voc fez desde sua primeira visita
Se disponha a fornecer informaes sobre benefcios e servios prestados pela
Previdncia Social.
ROTEIRO DO RELATRIO
Dados de identificao do servidor
Dados de identificao da comunidade
Analise crtica da visita

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Reflexo sobre as dificuldades e possibilidades para prestao de um atendimento


com excelncia, no INSS, aos cidados surdos
Crticas e sugestes sobre o curso.
Auto-avaliao
Seu espao
verdade que existem inmeras situaes que no foram abordadas. Por isso este
espao todo seu. Escreva abaixo as situaes especficas que poderiam ocorrer na
sua APS. Fazer isto muito importante para conquistar uma maior confiana e
segurana no atendimento aos nossos cidados.
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Bons Estudos!!!

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