O Estudo Necropsia

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PARTE I NECROPSIA EM ADULTOS

INTRODUO
O nmero de autpsias vem sofrendo um declnio acentuado nos ltimos anos. Vrios
fatores tem contribudo para esta situao entre os quais seu alto custo no reembolsado pelas
empresas de Medicina de grupo, a grande acurcia diagnstica obtida atravs de sofisticadas
tcnicas laboratoriais e de imagem, e o receio de processo legal por descoberta de desordens
no detectadas pelo mdico assistente.
Inmeros avanos na rea da Medicina ocorreram atravs de estudos de autpsia
incluindo descrio de diversas doenas, classificao de leses, e a associao entre estados
patolgicos e anormalidades anatmicas. Alm disto, a autpsia serve de substrato para
desenvolvimento de novas idias para tratamentos clnicos e cirrgicos.
A autpsia importante instrumento para o ensino e promoo da justia. A sua
contribuio mais importante, entretanto, no foi a descrio de algumas doenas, mas o fato
que estudos baseados em autpsia, com a aplicao de profundo rigor cientfico,
influenciaram diretamente o desenvolvimento da Medicina cientfica atual.
A validade em realizar-se estudos de autpsia est na pesquisa da causa de
bito,compreenso do mecanismo fisiopatolgico que culminou no bito do paciente,
comparao de achados pr e ps-morte, produo de dados estatsticos vitais a nvel de sade
pblica, e servir como controle de qualidade na prtica mdica .
OBJETIVOS DA AUTPSIA
Os objetivos da autpsia incluem determinar a causa de morte e processo de doena
primria, identificar processos patolgicos que possam confundir o diagnstico clnico ou
complicar a terapia, determinar os benefcios e efeitos adversos da terapia, revelar doenas
no diagnosticadas e confirmar e correlacionar a interpretao de procedimentos diagnsticos
pre-mortem.
BENEFCIOS DA AUTPSIA
A autpsia tem os seguintes benefcios: (a) estabelecer verdade, (b) descobrir
alteraes, (c) prover dados, (d) instruir estudantes, e (e) promover justia (5). Todavia a
contribuio mais importante, no uma doena especfica ou aquela entidade nosolgica,
mas o fato que os estudos de autpsias e a aplicao do rigor cientfico para o seu estudo,
constituiu-se na principal atividade que conduziu a medicina ocidental para fora do seu
estado animista e dividiu o passado do presente cientfico.
Atravs do estudo baseado na autpsia a causalidade era estabelecida: mudanas
anatmicas especficas eram relacionadas a perturbaes fisiolgicas que, quando
correlacionadas, constituam-se nas sndromes clnicas reconhecveis. Uma autpsia conduz
a uma hiptese; o estudo de outras autpsias parece substanciar as hipteses; estudos
epidemiolgicos confirmam e ampliam a idia e introduz novas complexidades e a
pesquisa clnica e experimental conduz a nveis novos de compreenso.
A CORRELAO EPIDEMIOLGICA E CLNICA DAS AUTPSIAS
Os dados provenientes das autpsias permitem a elaborao de estatsticas de
mortalidade, controle de infeco, segurana e outras atividades de controle de qualidade,
bem como monitorao ambiental e identificao de doenas ocupacionais. As autpsias
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fornecem tecidos e rgos para transplantes e servem como fonte de material fresco para
aulas de anatomia e patologia. As autpsias tambm identificam doenas hereditrias,
sugerindo tratamentos ou aconselhamento gentico dos familiares. O procedimento tambm
ajuda a desmistificar o falecimento do paciente frente aos familiares, assegurando ao mdico e
equipe hospitalar de que a morte no foi resultado de erro diagnstico ou falha no tratamento.
A autpsia um dos mtodos mais meticulosos para identificao e caracterizao de diversas
doenas, entretanto os resultados de estudos em autpsia podem apresentar desvantagens
epidemiolgicas. Outras limitaes incluem a pouca contribuio da autpsia em doenas
metablicas ou enzimticas e a possibilidade de estudos por autpsia serem considerados
amostra viciada das doenas mais prevalentes numa comunidade. Entretanto, McFarlane
(1987) sugere que os estudos cientficos embasados em autpsias demonstram menor vcio
demogrfico do que suposto e geralmente no distorcem os resultados da populao
autopsiada se comparada com a populao de bitos de um centro hospitalar.
ASPECTOS HISTRICOS
Evidncias histricas demonstram que inmeras civilizaes antigas utilizavam
princpios de autpsia para compreenso das doenas consideradas, naquele perodo, como
punio divina por eventuais infraes ao cdigo moral. Os egpcios antigos (ao redor de 30001380 AC) acreditavam que as vsceras retiradas durante o processo de embalsamamento estavam
associadas s divindades. Na Mesopotmia , aproximadamente 1700 anos AC, o Cdigo de
Hamurabi estabeleceu os primrdios da prtica mdica, at ento confundida com o papel do
sacerdote ou exorcista, alm de estabelecer que as observaes das vsceras dos animais
sacrificados representavam importante fonte para a compreenso das doenas. Esta projeo do
corpo humano e suas vsceras um esquema csmico, divino e mstico continuou a ser um
conceito mdico e filosfico at o incio da era crist.
Os primrdios da patologia, como cincia indispensvel para a compreenso e estudo das
doenas, data dos inmeros livros e tratados elaborados na Grcia Antiga por Hipcrates (460370 AC) conhecidos como Corpus Hippocraticum. Nesta coletnea de trabalhos as causas das
doenas eram consideradas imediatas ou devido s dificuldades internas, e remotas devido s
influncias externas incluindo clima, dieta e meio ambiente. Iniciava-se, assim, o perodo
conhecido como pr anatmico ou humoral, com a concepo de que a molstia humana estaria
relacionada aos humores fundamentais: sangue, bile e fleugma.
Em continuidade ao perodo hipocrtico ocorreu o desenvolvimento da escola de
Alexandria (ao redor de 350 AC), a qual passou a praticar a disseco cadavrica, influenciando
com intensidade as observaes anatmicas da poca. Aurelius Celsus (30 A.C 38), apesar de
no ser mdico, deixou profunda influncia na observao das molstias; entretanto com o
surgimento da era crist houve grande declnio na Medicina, as dissecaes anatmicas
deixaram de ser realizadas e a anatomia patolgica, esboada na escola de Alexandria,
permaneceu estacionada.
Galeno (129-201) valorizou a dissecao anatmica no estudo da Medicina e Avicena
(900-1037), proveniente da escola rabe, compilou suas observaes junto com as de Hipcrates
e Galeno, criando um clebre tratado mdico que manteve-se como referncia por vrios
sculos. Com o advento das cruzadas, no sculo XI, os monges tornaram-se mdicos e
contriburam com descries complementares nos manuscritos antigos. Comeava, neste
perodo, a constituir-se o esprito cientfico com a fundao de vrias universidades na Europa.
Assim, na Universidade de Bolonha em 1260, autpsias eram realizadas para verificar a causa
de morte.
Na idade mdia o estudo cadavrico representou importante contribuio para o
progresso da Medicina, particularmente ao norte da Itlia durante o perodo da Renascena,
atravs de vrios trabalhos de Leonardo da Vinci (1452-1519) e Vesalius (1514-1564). A
autpsia era, neste perodo, utilizada como procedimento para a determinao da causa de bito
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e para estudos anatmicos. Coube a Jean Fernel (1497-1588), atravs do trabalho A Universal
Medicine, estabelecer, pela primeira vez no estudo da Medicina, as disciplinas formais
denominadas fisiologia (o funcionamento normal do corpo), patologia (o funcionamento
anormal do corpo) e teraputica (as coisas que podem resolver as anormalidades).
No sculos XVII e XVIII o estudo da autpsia e da patologia continuou a florescer.
Giovanni Battista Morgagni (1682-1771), professor de Medicina na Universidade de Pdua,
publicou inmeros trabalhos fundamentais destacando-se De Sedibus et Causis Morborum
(Locais e Causas das Doenas) onde descreve os achados de mais de quinhentas autpsias. O
trabalho de Morgagni contribuiu para o descrdito da antiga teoria humoral de causa nica para
a morte, e estabeleceu as bases da investigao mdica e ensino. Morgagni comeou a
estabelecer as associaes entre leses anatmicas e as doenas, contribuindo para a emergncia
da disciplina de anatomia patolgica onde as autpsias passaram a possuir o novo propsito de
descobrir entidades nosolgicas, coletar dados, estabelecer classificaes e disseminar pela
comunidade mdica os avanos cientficos. Neste perodo (1640) ocorreram as primeiras
autpsias no Brasil realizadas, em Recife, pelo mdico Piso, radicado em nosso pas durante o
perodo da invaso holandesa do nordeste brasileiro.
Xavier Bichat (1771-1802), discpulo de Morgagni, realizou mais de seiscentas autpsias
e veio a falecer, aos 31 anos de idade de tuberculose, provavelmente contrada na sala de
disseco. Atravs de seu estudo meticuloso, Bichat props que os tecidos seriam a origem das
doenas contribuindo para a aceitao posterior da teoria celular de Mathias Schleiden (18041881) e Theodor Schwann (1810-1882), postulada na Alemanha entre 1838 e 1839, na qual
preconizavam que a clula era a unidade funcional de todos os rgos e tecidos.
A partir do sculo XIX a necessidade de correlacionar manifestaes clnicas com os
achados patolgicos nos diversos rgos contribuiu para um intenso incremento na prtica da
autpsia. Este procedimento mdico veio a ocupar lugar de destaque nas escolas alem e
austraca onde eram executados em importantes instituies mdicas, por profissionais de
renome e seus inmeros discpulos. Carl Rokitansky (1804-78), oriundo da Tchecoslovquia,
trabalhou no Instituto de Patologia de Viena onde foi considerado um dos patologistas mais
famosos do mundo realizando ao redor de trinta mil autpsias nos quase cinqenta anos de
dedicao quela instituio. Rokitansky, em sua poca, promulgou a independncia dos estudos
de autpsia da Medicina clnica convencional, estabelecendo a patologia de autpsia como
disciplina independente com objetivo de observar, classificar e estabelecer enciclopdias das
doenas, ficando as implicaes clnicas relegadas a segundo plano.
Rudolf Ludwig Karl Virchow (1821-1902) estabeleceu as bases da patologia celular, em
1858, em busca da gnese, progresso e regresso das doenas. Como conseqncia de suas
importantes observaes, Virchow exerceu a liderana cientfica na Europa neste perodo por
lutar ativamente pela integrao das disciplinas de clnica, anatomia patolgica e fisiologia.
Descreveu inmeras doenas, incluindo leucemia, porm foi o conceito bsico de que a doena
seria originada de distrbios da estrutura e funo celulares que revolucionou o exerccio da
Medicina sendo, at hoje, um dos pilares para o desenvolvimento e pesquisa mdicas.
Os estudos de autpsia realizados por Virchow contriburam para o desenvolvimento e
reconhecimento da disciplina de patologia, a cincia das doenas, estabelecendo o arcabouo
dos conceitos bsicos que iria permitir o controle da maioria da doenas infecciosas letais no
incio do sculo XX com aumento da expectativa de vida da humanidade. Suas observaes
solidificaram-se, ainda mais, com o desenvolvimento da microscopia ptica e descrio das
alteraes histolgicas em inmeras doenas. A partir desta poca o estudo das molstias do
sistema nervoso central (SNC) passou a ocupar lugar de destaque nas escolas mdicas da parte
central da Europa (Alemanha, Sua e ustria), Frana e Inglaterra. Diversos profissionais,
incluindo patologistas, neurologistas, neurocirurgies, neuroanatomistas, psiquiatras e
bioqumicos, passaram a contribuir com inmeros estudos no campo das neurocincias.
Entretanto coube a Camillo Golgi (1843-1926) e Santiago Ramn y Cajal (1852-1934), ambos
anatomistas atuantes fora dos grandes centros cientficos da poca, estabelecerem os
5

fundamentos da neuropatologia atravs da inveno e refinamento das tcnicas de colorao


histolgica a base de sais de prata. Com o reconhecimento da clula nervosa, Golgi e Cajal
contriburam para o estabelecimento da doutrina neuronal que representa importante passo para
a compreenso do sistema nervoso. Esta teoria demonstrou a complexidade das ramificaes
neuronais e seu envolvimento direto em coordenar atividades inibitrias e excitatrias como
parte do comportamento e mente humanas. Os inmeros trabalhos destes pesquisadores no
campo da doutrina neuronal culminaram com a indicao, de ambos, para o Prmio Nobel de
Medicina em 1906. Nesta poca Golgi defendia que as clulas nervosas estavam interligadas
diretamente atravs de uma fina trama de processos compondo uma estrutura contnua,
anastomtica ou sincicial, enquanto as observaes de Cajal, posteriormente endossadas por
estudos eletrofisiolgicos de Sir Charles Sherrington (Prmio Nobel em 1932), sugeriam que os
processos neuronais no sofriam anastomose, porm contactavam neurnios adjacentes (atravs
das sinapses) mantendo sua identidade terminal criando, desta forma, uma estrutura de
contiguidade para o tecido nervoso.
A partir da segunda guerra mundial o desenvolvimento tecnolgico veio complementar,
ainda mais, a patologia e a neuropatologia destacando-se o advento da microscopia eletrnica e
mtodos histoqumicos. Nos ltimos 20 anos, a utilizao da imunohistoqumica e mtodos de
biologia molecular acrescentaram novas fronteiras no estudo de diversas doenas. Entretanto,
estes mtodos diagnsticos e de pesquisa de alta tecnologia devem ser utilizados por
pesquisadores somente aps o conhecimento profundo do mecanismo fisiopatolgico bsico das
doenas primrias e iatrognicas, observao diretamente dependente de estudos por autpsia.
A MEDICINA E AUTPSIA
Doenas
A lista de doenas descobertas ou elucidadas no curso de estudos de autpsia infinito: o
organismo que causa a desordem agora conhecida como doena de Whipple, descoberta em
autpsia por George Whipple; o conceito novo de " doena do colgeno" desenvolvido por Paul
Klemperer cujos estudos de autpsia o ajudaram a perceber as relaes entre lupus sistmico
eritematoso, esclerodermia, dermatomiosite e poliarterite; classes novas de doena pulmonares
descobretas por Averill Liebow; uma forma comum de demncia descrita por Alzheimer; as
formas e comportamentos de tipos de cnceres identificados por Rupert Willis; uma nova
compreenso de doena heptica por Hans Popper; a patologia da miocardite reumtico
cristalizada por Ludwig Aschoff; doena fibrocstica do pncreas distinguida de outras doenas
pancretica por Dorothy Russell; os efeitos tardios da irradiao definidas por times de
patologistas Comisso de Vtimas da Bomba Atmica em Hiroshima e Nagasaki; as
malformaes congnitas descobertas por Edith Potter, nos seus exaustivos estudos natimortos e
crianas malformadas (tabela 01).
Tabela 01 Lista parcial de Doenas Descobertas ou Criticamente Clarificadas Atravs da
Autpsia desde 1950*
Leses Cardiovasculares: Entendimento das cardiopatias congnitas conduzindo ao
tratamento cirrgico atual, cardiomiopatias primrias; Doena reumtica da aorta e valva
artica complicaes da cirurgia cardaca; Dioenas do sistema de conduo; Prolapso
mitral
Leses Broncopulmonares: Alveolites (dano alveolar difuso, pulmo de shock, sndrome
do distress respiratrio); toxicidade oxigenioterapiay; Pneumonia por Pneumocystis;
Donea dos Legionarios;s; doenas devido a inalantes industiriais; fibrose intersticial difusa
Leses Hepatobiliares:hepatite viral; doena heptica veno-oclusiva; hepatite de clulas
gigantes neonatal e atresia biliar; tumroes e hiperplasias
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Doenas renais: Efeitos renais da deficincia de potssio; elucidao de vriso tipos de


glomerulonefrites; sndrome da trombose da veia renal; necrose tubular aguda
Alteraes sangneas, da medula ssea e esplnicas: Papel do bao na purpura
trombocitopnica; valor da esplencectomia; hemocromatose secudrias; Sndrome da
metaplasia mielide; efeitos da incompatibilidade; anemia aplstica
Leses gastrointestinais: Doena de Whipple; Enteropatia perdedora de protenas; atresia
congnita intestinal; fibrose cstica pancretica; perda de protenas e potssio atravs do
adenoma viloso
Leses endcrinas: Complicaes da diabetes mellitus nos vasols, olhos, nervos, rins;
sndromes hiperssecretantes adrenais; sndromes endcrinas multiglandulares, sndrome de
Zollinger-Ellison.
Leses do SNC: Encefalopatia espongiforme; leucoencefalopatia multifocal progressiva;
panencefalite subaguda esclerosante, doena de Werdning-Hoffman; doena de Shy-Drager
Miscelnia: Hipervitaminoses; sndrome do choque txico; causas de morte perinatal,
doenas do armazenamento; doneas do colgeno ou doneas reumticas; Doenas fngicas
disseminadas; prognstico e disseminao de vrios cncer; complicaes de terapia
medicamentosa; infeces hospitalares; Sndrome da imunodeficincia adquirida
* Retirado de Hill & Anderson 1996.
Momento atual
Autpsia valiosa devido aos novos diagnsticos e avanos teraputicos.
Particularmente com referncia s tecnologias novas, alm de monitorar preciso
diagnstico, a importncia da autpsia crescentemente na investigao da eficcia e dos
efeitos txicos dos muitos regimes teraputicos atuais. A autpsia tambm importante na
descoberta de novos (ou pelo menos recentemente caracterizados) tipos de cnceres,
padres novos de incidncia, agentes causativos novos e padres novos de comportamento
em neoplasias antigas.
Como os resultados de autpsias freqentemente guiam a melhoria na conduta clnica e
as prioridades da pesquisa mdica, no surpreendente que muitos dos diagnsticos comumente
perdidos nas eras anteriores desapareceram virtualmente dos relatrios recentes. Porm, uma
variedade larga de infeces novas e incomuns desenvolvem-se nos pacientes
imunocomprometidos e eles representam um grande desafio clnico. Baseado nas lies da
histria, podemos esperar que a melhora no diagnstico destas novas infeces, alteraes
correlacionadas com o estado de imunossupresso e compreenso dos regimes teraputicos
novos sero guiados atravs do estudo de autpsia; e os avanos teraputicos podem nos trazer
outra era de causas at mais novas e mais incomuns de morte. Assim, provvel que a autpsia
continue sendo a perptua base da qualidade do cuidado mdico.
O VALOR DA AUTPSIA EM ESTUDOS CIENTFICOS E O SEU DECLNIO EM
HOSPITAIS GERAIS
A autpsia um dos mtodos mais meticulosos para identificao e caracterizao de
diversas doenas, mas os resultados de estudos baseados neste procedimento apresentam
desvantagens epidemiolgicas. Um problema imediato sua limitao, visto que a autpsia
fornece poucos resultados morfolgicos, em diversas situaes clnicas de distrbios
metablicos ou enzimticos. Outro ponto importante que a populao de indivduos
submetidos a autpsia pode ser considerada como amostra viciada das doenas mais
prevalentes em uma comunidade. Os vcios de amostragem podem originar-se devido a idade
e sexo dos pacientes autopsiados, ou do tipo de instituio onde a autpsia realizada. Outro

tipo de vcio de amostragem pode ser gerado devido a seleo dos pacientes influenciada pelo
diagnstico ou evoluo clnica.
Os resultados do trabalho de McFARLANE (1987) e McFARLANE ET AL. (1987)
sugerem, entretanto, que estudos de autpsia mostram menor vcio demogrfico que
inicialmente suposto e geralmente no distorcem os resultados da populao autopsiada se
comparada com a populao de bitos de um centro hospitalar. A ausncia de vcio de
amostragem demogrfica torna uma populao de pacientes estudados por autpsia valiosa
fonte de pesquisa para responder diversas questes mdicas, alm de contribuir para
aumento da qualidade do atendimento mdico hospitalar.
Como observado no grfico 1 e 2 houve um importante declnio no nmero geral de
autpsias realizadas no Servio de Anatomia Patolgica do HCUFPR desde julho de 1987.
Este processo de declnio geral do nmero de autpsias tem sido interpretado como resultado
de inadequao das instalaes fsicas da Seo de Necropsia deste servio devido ao
desgaste e falta de manuteno nos ltimos anos, bem como a uma diminuio nos exerccios
clnicos de mortalidade entre o Servio de Anatomia Patolgica e os Departamentos de
Pediatria e Clnica Mdica. Desta forma, a difuso do conceito da autpsia como fonte de
estudo e pesquisa diminuiu em nosso meio justificando esta reduo (SERVIO DE
ANATOMIA PATOLGICA, 1998).
Os efeitos de declnio geral de autpsias num hospital so devastadores pois h perda
de estatsticas vitais relacionadas a prevalncia das principais doenas na comunidade. Alm
disto, h a possibilidade que processos patolgicos, por vezes infecciosos ou ambientais, no
estejam sendo detectados por clnicos passando, desta forma, desapercebidos da comunidade
mdica. Estudantes de Medicina perdem a oportunidade de, atravs da autpsia e seus
desdobramentos cientficos, complementar sua formao em patologia e clnica. A diminuio
no nmero de autpsias provoca a perda do controle de qualidade do atendimento mdico
hospitalar, critrio indispensvel para todos os programas de implementao da qualidade .
Dentre as razes citadas para o declnio de autpsias est a alegao que as empresas
de sade e Medicina de grupo no pagam este procedimento de forma que no h um
incentivo monetrio para os mdicos patologistas e administradores hospitalares. Os
patologistas vem a autpsia como um procedimento desagradvel e laborioso, aliado ao fato
de no serem especialmente remunerados para este procedimento. Sendo assim, h ntida
preferncia para a realizao de outras atividades em Anatomia Patolgica, interpretadas
como mais importantes, mais lucrativas, de menor consumo de tempo e certamente menos
desagradveis que as autpsias. Os clnicos no gostam de solicitar autpsias porque h
necessidade da obteno da autorizao familiar para sua realizao contribuindo para
aumentar o desconforto familiar neste difcil momento do bito. Alm disto, devem admitir
um certo grau de insucesso frente ao bito do paciente sendo que em algumas situaes, a
autpsia pode demonstrar processos mrbidos no diagnosticados durante o internamento
hospitalar.
Os administradores hospitalares no estimulam autpsias para no exporem os
resultados insatisfatrios do processo de hospitalizao, devido a ausncia de lucro neste
procedimento, e para evitar que diagnsticos antomo-patolgicos no detectados durante a
avaliao clnica possam servir de substrato para processos judiciais de m prtica
profissional. As instituies governamentais no apoiam a realizao de autpsias por preferir
expandir a utilizao dos recursos da sade no tratamento de pessoas vivas. Finalmente, os
familiares do paciente falecido no gostam da autpsia por estarem mal informados a respeito
do valor deste procedimento mdico, sua importncia na determinao da causa do bito e
controle de qualidade do atendimento mdico; tornam-se, tambm, receosos dos custos e
acreditam que o paciente, bem como seus familiares, j sofreram o suficiente durante o
internamento hospitalar para no necessitarem de, ainda mais, sofrimento aps seu bito.
A autpsia representa um dos pilares da cincia mdica, desvendando a verdade sem
conflito de interesses e auxiliando, ainda, na compreenso do mecanismo fisiopatolgico de
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diversas condies mrbidas, primrias ou iatrognicas, que focalizam o sistema nervoso


central com alvo preferencial. Desta forma as principais observaes clnicas em
neurocincias tem seu substrato em estudos de autpsia, onde a anlise meticulosa e
sistemtica do encfalo propicia a coleta de grande nmero de informaes.
GRFICO 1 DISTRIBUIO DAS AUTPSIAS REALIZADAS NO
SERVIO DE ANATOMIA PATOLGICA DO HOSPITAL DE CLNICAS,
UFPR. PERODO DE JULHO DE 1989 A JUNHO DE 1998. VALORES EM
PORCENTAGEM EM RELAO AO ANO E AO TOTAL DE AUTPSIAS
(n=2632).
50
TOTAL = 2632

40
30
20
10
0

1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998

Fonte: Tabela 3/ ASSINF-HC/ SAP-HC-UFPR

GRFICO 2 DISTRIBUIO DAS AUTPSIAS POR UNIDADE MDICA DE INTERNAMENTO.


SERVIO DE ANATOMIA PATOLGICA DO HOSPITAL DE CLNICAS, UFPR. PERODO DE
JULHO DE 1989 A JUNHO DE 1998. VALORES EM NMERO ABSOLUTO E PORCENTAGEM EM
RELAO AO TOTAL (n = 2632). FONTE: SAP-HC-UFPR.

8%

7%
44%

8%

7%
26%

PED=1138

CO=682

CM=193

CIR=214

SEC=209

TMO=196

TOTAL = 2632

Legenda: PED= clnica peditrica; CM= clnica mdica (n=127), hematologia (n=35), neurologia (n=27),
pneumologia (n=4); CIR= cirurgia geral (n=83), cirurgia cardaca (n=83), cirurgia do aparelho digestivo
(n=28), urologia (n=9), ortopedia (n=7), oftalmologia (n=2), otorrinolaringologia (n=2); CO= clnica
obsttrica; TMO= transplante de medula ssea; SEC= servio de emergncia clnica adultos.

A TCNICA DE NECROPSIA EM ADULTOS


O EXAME EXTERNO
Relatar as alteraes encontradas ao exame macroscpico dos cadveres tais como
esto sumarizadas no protocolo do anexo 01 deste estudo.
O exame externo obedece uma sistemtica passando por um exame geral de todo o
tegumento, estados de trofismo e medidas antropomtricas e depois um exame setorizado por
segmentos do corpo humano (cabea / pescoo / trax / abdome / genitlia / regio perianal /
membros superiores e inferior / dorso) conforme especificado no protocolo do anexo 01 deste
trabalho.
A TCNICA DE ABERTURA DO CADVER
As incises utilizadas para a abertura do cadver podem sem:

Mento-pbica

Mento-pbica com prolongamento inguino-femoral bilateral

Xifo-pbica

Biacrmio-esterno-pbica
A inciso mais utilizada na prtica diria a biacrmio-esterno-pbica por facilitar

amplo acesso as cavidades internas e produzir menos dano ao cadver possibilitando a


reconstruo cadavrica adequada (vide esquemas 1 e 2 do anexo 03).
Aps a inciso os planos cutneos e musculares so separados dos osso da caixa
torcica com faca ou bisturi fixo, o peritneo aberto com tesoura curva, certificando-se
primeiro de que no h qualquer aderncia visceral a fim de evitar o rompimento da bexiga e
alas intestinais durante este procedimento (vide esquemas 3 e 4 do anexo 03).
Prolonga-se a inciso biacromial at a mandbula atravs da disseco entre os planos
cutneos e os planos musculares, com bisturi (vide esquemas 11 e 12 do anexo 03).
Aps a abertura do peritneo mede-se a distncia do fgado e do bao em relao ao
gradil costal e a altura das cpulas diafragmticas em relao aos arcos costais (vide protocolo
do anexo 01). Procede-se ao teste para pneumotrax onde coloca-se pequena quantidade de
gua entre os planos dos tecidos moles e o gradil costal, produzindo-se um selo dgua e com
um bisturi, perfura-se a cavidade pleural entre dois arcos costais, sob a gua (a prova
10

positiva quando houver formao de bolhas de ar). Aps estes passo os osso da caixa torcica
so retirados com costtomo e a clavcula desinserida com bisturi fixo do manbrio do
esterno (vide esquemas 5 e 6 do anexo 03).
A abertura da caixa craniana feita com uma inciso retro-auricular de um lado ao
outro do crnio passando pelo pice do mesmo. Os tecidos moles so separados do peristeo
de crnio por meio de disseco romba e os osso do crnio so serrados (serra manual ou
eltrica) e separados por meio de uma inciso circular que passa pela protuberncia do osso
occipital, regio temporal, dois dedos acima da insero do pavilho auricular e regio frontal,
dois dedos acima da sobrancelha. Isto expe a dura-mter e o encfalo (vide esquemas 01 e 02
do anexo 04).
O EXAME INTERNO
O exame interno obedece uma sistemtica muito semelhante ao exame externo.
Examina-se a caixa craniana, o pescoo, a cavidade torcica e a cavidade abdominal como
explicado no protocolo do anexo 01 deste estudo.
A TCNICA DE EVISCERAO
Aps o exame interno das cavidades procede-se a eviscerao do cadver. Primeiro
retira-se o intestino delgado e grosso a partir da identificao e seco da primeira ala
intestinal na raiz do mesentrio conforme esquema 07 do anexo 03. Aps a identificao da
primeira ala esta laqueada com fios de algodo a fim de evitar a sada de fezes e
seccionada. A retirada do intestino delgado obedece a anatomia do mesentrio at a valva leocecal. Aps esta fase as goteiras parieto-clicas direitas e esquerda so seccionadas por meio
de disseco romba e o intestino grosso retirado junto com o delgado, separando-o das
goteiras e dos ngulos heptico e esplnico alm do mesogstrio, por meio de disseco
romba ou com tesoura curva (vide esquemas 8 e 9 do anexo 03). O intestino grosso separado
do resto do bloco visceral ao nvel da poro inferior do sigmide.
Depois da retirada do intestino o bloco visceral deve ser seccional do corpo do cadver
na regio inferior, prximo ao perneo, separando-se a uretra, vagina (na mulher) e reto da
pele perianal ao nvel da snfise pbica. A disseco desta regio feita utilizando-se apenas
as mos, posicionando-as entre o reto e o cccix e a bexiga e a snfise pbica e dissecando-se
delicadamente as aderncias naturais desta regio. Depois, por meio de uma faca ou tesoura
longa e curva secciona-se a uretra, vagina a reto o mais prximo possvel dos tecidos moles da
11

regio perianal. Deve-se seccionar tambm o ligamento inguinal e os vasos femorais (vide
esquema 10 do anexo 03) .
Na regio do assoalho da boca executa-se uma inciso com bisturi fixo em forma de
arco acompanhando a porco inferior da mandbula e passando pela vula e pelos pilares
amigdalianos posteriores, tracionando-se a lngua. Aps a disseco dos vasos do pescoo
(jugulares e cartidas),prolonga-se esta inciso at os vasos braquiais, seccionando-os (vide
esquemas 11 e 12 do anexo 03).
Nesta fase o bloco visceral est quase pronto para ser retirado do corpo do cadver.
Deve-se ento mover todas as vsceras para a esquerda (e depois para a direita) a fim de
seccionar (protegendo as vsceras com panos) os msculos para-vertebrais bilaterais at o
leo-psoas alm do pilar posterior do diafragma bilateralmente. Aps este procedimento o
auxiliar segura o bloco visceral a partir da lngua, protegendo as vsceras com a mo a
tracionando-o em direo ao perneo e o patologista secciona com faca ou bisturi a inserco
do bloco na coluna. Com este procedimento o bloco totalmente separado do cadver (Vide
esquemas 13 e 14 do anexo 03).
A retirada dos testculos feita tracionando-se o ligamento inguinal junto com o
mesmo para fora da bolsa escrotal e seccionando-se ao nvel da tnica vaginal (vide esquema
15 do anexo 03).
O EXAME DOS SISTEMAS
Para esta fase o bloco visceral separado em trs pequenos conjuntos de vsceras
anatomicamente afins. O bloco visceral ento posicionado em viso posterior (vide esquema
14 do anexo 03). A aorta seccionada ao nvel do diafragma e rebatida para cima em direo
ao que passaremos a chamar de bloco torcico. O esfago seccionado ao nvel da
hipofaringe e rebatido para baixo em direo ao futuro bloco abdominal. O diafragma
separado do rim, supra-renais e face superior do fgado e bao e depois seccionado junto as
veias supra-hepticas e veia cava inferior, passando agora a fazer parte do bloco torcico. O
bloco torcico j est ento separado nesta fase e composto pelo saco pericrdico, corao,
lngua, faringe, laringe, traquia, bronquios, pulmo e diafragma.
Aps a separao do bloco torcico traciona-se a aorta abdominal ao nvel da seco
feita anteriormente e corta-se os ramos da mesentrica superior e inferior, dissecando-se at o
nvel das renais, retira-se as supra-renais das suas lojas e separa-se os rins do fgado e
duodeno. Secciona-se a veia cava ao nvel do bordo inferior do fgado e traciona-se o bloco
retroperitoneal (rins, ureteres, cava e veias ilacas, aorta e artrias ilacas, bexiga, utero,
12

anexos e reto) separando-o do bloco abdominal (fgado, vescula biliar e vias biliares, bao,
pncreas, esfago, estmago e duodeno).
A partir desta fase passa-se a proceder a disseco de cada vscera com anlise
macroscpica e amostragem orientada.
O corao separado do bloco torcico aps a abertura do pericrdio ao nvel dos
grandes vasos da base e das veias pulmonares (vide esquema 17 do anexo 03). Depois de
retirado o corao examinado externamente e internamente a partir da abertura das suas
cavidades e exame do septo interventricular, obedecendo as vias do fluxo sanguneo normal
(vide esquema 18 a 22 do anexo 03 e protocolo do anexo 01).
A faringe, laringe e traquia so examinadas a partir da sua abertura ao nvel da linha
mdia das mesma pela sua face posterior (vide esquema 23 do anexo 03 e protocolo do anexo
01). A tireide e dissecada e retirada do seu stio e examinada.
O pulmo examinado procedendo-se a abertura das vias vasculares pela poro
anterior e das vias areas pela poro posterior, alm da realizao de cortes no parnquima
pulmonar (vide esquema 24 do anexo 03 e protocolo do anexo 01).
No bloco abdominal o estmago e esfago so separados do resto das vsceras e
abertos longitudinalmente a partir da grande curvatura gstrica. O fgado e o bao so
examinados abrindo-se as vias vasculares e biliares, aps o que so seccionados para
avaliao do parnquima. O pncreas seccionado em cortes transversais. A vescula biliar a
aberta a as vias biliares extra-hepticas so examinadas (vide esquemas 25 a 28 do anexo 03 e
protocolo do anexo 01).
O bloco retroperitoneal dissecado abrindo-se ureteres bilateralmente, aorta e artrias
renais bilateralmente pela face anterior e veia cava inferior pela face posterior. A bexiga
aberta pela face anterior longitudinalmente. Os rins so seccionados ao meio em sentido
coronal (vide esquemas 29 e 30 do anexo 03 e protocolo do anexo 01).
A prstata seccionada em cortes no sentido coronal e o tero e vagina so abertos no
sentido longitudinal pela sua face posterior. As trompas uterinas so examinadas e os ovrios
seccionados em cortes coronais (vide esquemas 31 e 32 do anexo 03 e protocolo do anexo
01).
O reto e o resto do intestino so abertos no sentido longitudinal ao nvel da borda antimesentrica.
O testculo examinado com um corte coronal em sua poro mdia.
As panturrilhas so retiradas com uma inciso na poro posterior da perna e os vasos
so examinados.

13

PARTE II NECROPSIA PEDITRICA


INTRODUO
A patologia do perodo perinatal inclui uma mistura complexa de alteraes
relacionadas com a organognese, crescimento fetal, defeitos metablicos e genticos,
problemas ligados a doenas maternas e manuseio obsttrico, problemas relacionados com a
imaturidade e cuidados dispensados ao recm-nascido, e uma grande gama de doenas
infecciosas que produzem efeitos especficos no feto e no recm-nascido .
Sobre esta complexidade bsica contamos hoje em dia com uma grande massa de
informaes em reas como a citogentica e bioqumica dos erros inatos do metabolismo, ao
lado de possibilidades crescentes no diagnostico e teraputica de crianas malformadas e
imaturas.
O patologista e solicitado a fornecer informaes imprescindveis para o
aconselhamento gentico e planejamento do manuseio clinico do recm-nascido.
A necropsia do perodo perinatal , de uma certa forma, mais importante do que
aquela do adulto.
Em primeiro lugar para a famlia como uma ajuda no aconselhamento gentico
planejando gestaes futuras, e at mesmo para restaurar a confiana dos pais lhes tirando
sensao de culpa.
A Segunda razo no sentido de prover um controle de qualidade sobre as aes
mdicas principalmente nas unidades de terapia intensiva neonatal.
Finalmente a NECROPSIA perinatal fornece elementos para pesquisa epidemiolgica,
por exemplo, j que sabemos que a mortalidade perinatal reflete fatores socio-econmicos e
qualidade de servios prestados. Conhecendo-se o perfil das causas de mortalidade perinatal
de uma determinada comunidade, os recursos pblicos podero ser alocados em determinados
setores mais crticos.
1. DEFINIO DOS TERMOS
Viabilidade a poca na gestao quando o feto tem alguma chance de sobrevivncia fora
do tero (500g de peso 20 semanas de concepo 22 semanas de idade menstrual 25 cm
de comprimento total). Critrio recomendado pela Organizao Mundial de Sade.
Aborto Produto de concepo expulso do tero antes da viabilidade, ao qual faltam
quaisquer evidncias (batimentos cardacos, respirao ou movimentos). Precoce at a oitava
semana da concepo e tardio da 9 at da 20 semana da concepo.
Natimorto Feto expulso do tero alm do estgio de viabilidade, ao qual faltam quaisquer
evidncias de vida (batimentos cardacos, respirao ou movimentos).
Nascido Vivo Feto vivo expulso do tero independente da idade gestacional.
Morte Fetal Precoce Morte fetal antes de 20 semanas de concepo ou 22 semanas de
idade menstrual. (Substituiria o termo Aborto).
Morte Fetal Intermediria Morte Fetal que ocorre no perodo compreendido entre aps
20 semanas de concepo ou 22 semanas de idade menstrual, at antes de iniciar a 28
semana. (Substituiria o termo Natimorto).

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Morte Fetal Tardia Morte fetal durante ou aps 28 semanas. (Substituiria o termo
Natimorto).
Perodo Neonatal Estende-se do nascimento at 28 dias de vida.
Perodo Neonatal Precoce Compreende os primeiros sete dias de vida.
Perodo Peri-natal -- Abrange da 28 semana de vida intrauterina at 28 dias aps o
nascimento.
Idade Gestacional Pode ser medida em dias, semanas, meses lunares, meses do calendrios
ou trimestres, e calculada desde o dia estimado da concepo, ou desde o primeiro dia do
ltimo perodo menstrual.
Idade de Concepo, Idade de Fertilizao ou Idade do Desenvolvimento medido a
partir do dia da concepo, isto , aps 14 dias do primeiro dia do ltimo perodo menstrual.
o mtodo prefervel de se calcular a idade gestacional. No perodo embrionrio praticamente
s se usa a idade de fertilizao. Dia(s), a unidade de medida usada durante o perodo
embrionrio (concepo at o final da 8 semana). Semana(s) ou ms(es) usada durante o
perodo fetal (incio da 9 semana at o nascimento).
Idade Menstrual a idade medida a partir do primeiro dia do ltimo perodo menstrual.
Este parmetro no utilizado no perodo embrionrio. Quando se indica a idade gestacional,
importante referir se idade de fertilizao ou menstrual.
Recm-nascido Prematuro Um feto nascido desde a viabilidade (veja definio acima) at
antes de completar 37 semanas de idade menstrual. (Antes de completar 35 semanas de idade
de fertilizao). Ou pesando ao nascimento menos de 2.500 g.
Recm-nascido de Termo Um feto nascido entre 37 e 42 semanas completas de idade
menstrual (35 a 40 semanas completas de idade de fertilizao).
Recm-nascido Ps-Termo Um feto nascido aps 42 semanas completas de idade
menstrual (aps 40 semanas completas de idade de fertilizao).
2. EQUIPAMENTO NECESSRIO PARA A NECROPSIA PERINATAL
Balana pesa corpo (at 5000 g com sensibilidade de grama).
Balana digital para pesar rgos (at 500g com sensibilidade de decigrama).
Dois bisturis - n 22 e n 11.
Faca de Durham.
Faca de cortar crebro.
Quatro pinas hemostticas.
Uma pina mdia com dente.
Uma pina mdia sem dente.
Uma pina pequena com dente.
Rgua de metal com 50 cm.
Rgua plstica de 10 cm.
Duas tesouras para cortar osso.
Duas tesouras de Metzenbaum.
Duas tesouras pequenas, uma delas com ponta fina.
Estilete de extremidade arredondada.
15

Esponjas.
Gaze.
Fios de sutura.
Fita Mtrica.
Base de dissecao que poder ser de cortia, madeira, plstico, ou compressas.
Seringas e agulhas estreis e no estreis.
Banco de altura regulvel.
Tabelas de pesos e medidas de rgos e conceptos nas vrias idades gestacionais.
Lupa para auxiliar na dissecao.
Sacos plsticos.
3. A NECROPSIA
A Informao Clnica
O Patologista antes de iniciar a NECROPSIA dever Ter acesso ao pronturio afim de
se informar de todos os dados clnicos, incluindo aqueles relativos ao pr-natal, trabalho de
parto e condies do nascimento. No caso dos neomortos, saber se foi admitido em U.T.I.
neonatal, quanto tempo al permaneceu, que medicaes lhe foram institudas, se esteve em
ventilao assistida, acessos vasculares e dados gerais da evoluo.
Estabelecer como rotina que todos os catteres vasculares, sondas nasogstricas e
tubos oro-traqueais permanecem em seus respectivos stios para que se possa avaliar com
precoso as alteraes que porventura existam. Seria desejvel em todas as mortes neonatais
complicadas, discutir o caso com o obstetra, neonatologista ou o cirurgio antes de iniciar a
NECROPSIA. Esta troca de informaes ajudaria ao patologista a definir as reas mais
importantes de estudo e antecipar a possibilidade de um achado incomum ou no esperado.
B Medidas de Rotina
Comprimento vrtice calcanhar.
Comprimento vrtice coccix.
Permetro ceflico (occipto frontal).
Permetro torcico.
Permetro abdominal.
Comprimento do p.
Fendas palpebrais.
Distncia interpupilar.
Distncia entre os cantos internos dos olhos.
Distncia entre os cantos externos dos olhos.
Distncia naso labial.
Papila mamria e distncia entre elas.
(vide esquema 2 do anexo 05)
C Exame externo
Proceder a um rigoroso exame externo do cadver no sentido de se identificar
qualquer alterao. Em seguida fotografar de rotina o corpo como um todo para avaliao
posterior.
Inspecionar a pele: impregnao meconial, ictercia, descamao, cianose (lbios e
leitos ungueais), macerao, petquias, feridas de venopuno, etc..

16

Pesar o cadver. Medir o comprimento vrtice calcanhar e vrtice coccix. Em seguida


medir com a ajuda de uma fita mtrica o permetro ceflico tomando como referncia a
proeminncia frontal e occiptal, permetro torcico na altura dos mamilos e o permetro
abdominal a nvel do umbigo (vide esquemas 1 e 2 do anexo 05).
Estes trs permetros so decrescentes entre si. O permetro ceflico acompanha o
comprimento vrtice coccix. Palpar a regio occipto frontal e sentir os ossos da calota
craniana, fontanelas, possveis bossas, hematomas e mobilidades anormais. Mensurar as
fendas palpebrais, distncia inter pupilar, distncias entre os cantos externos e internos dos
olhos, avaliar com preciso a ris (colobomas, anirida), pupilas e conjuntivas. Medir a
distncia naso labial (filtrum).
Verificar com a ajuda de um estilite a patncia das coanas e dos condutos auditivos
externos. Atentar para a implantao dos pavilhes auriculares.
Examinar a cavidade bucal inspecionando o palato duro, palato mole, vula, rebordos
gengivais e lngua.
Simetria e tumefaes do pescoo.
No trax medir a papila mamria e a distncia entre elas.
No abdome verificar se h distenso, descolorao, tumefaes, solues de
continuidade e a localizao e aspecto do coto ou cicatriz umbilical.
Na regio dorso lombar deslizar os dedos nas apfises espinhosas das vrtebras com o
cadver em decbito ventral levemente encurvado.
Examinar a genitlia externa com detalhe observando-se a patncia do hmen no sexo
feminino e a posio dos testculos (tpicos, crpticos ou ectpicos) no sexo masculino.
Analisar o orifcio anal: imperfurado ou prvio; no ltimo caso relaxado ou no, com ou sem
mecnio.
Os membros superiores e inferiores devem ser testados para avaliar a mobilidade e
amplitude dos movimentos articulares. Qualquer distoro dos membros ou posies viciosas
podem indicar anormalidades neuromusculares, ou oligodramnia prolongada.
Importante medir o comprimento do p, j que um parmetro a mais para se
determinar a idade gestacional. Avaliar as propores das diferentes partes. O aspecto dos
quirodctilos, pododctilos e unhas deve ser anotado (braquidactilia, sindactilia,
camptodactilia, hectrodactilia, aracnodactilia, unhas longas ou hipoplsicas). Importante
tambm so as pregas de flexo palmares e plantares, j que sabemos que existe relao direta
deste pregueamento com a movimentao fetal. As pregas so ausentes ou reduzidas na
seqncias de hipocinesia fetal.
Nas crianas que apresentarem alteraes esquelticas, imprescindvel o exame
radiolgico. As contradisplasias letais, por exemplo, so classificadas de acordo com o
aspecto radiolgico.
D Exame Interno
Incises na pele
Existem pelo menos trs possibilidades. Incises mento pubiana que facilita a
disseco da lngua, laringe, traquia em continuidade com o corao e pulmes. Inciso
biacrmio frculo pubiana quando se deseja evitar a exposio do corte, principalmente em
crianas maiores e naquelas que sero vistas aps a NECROPSIA (vide esquemas 1 e 2 do
anexo 03). Inciso e V invertido quando se prolonga a inciso para se melhor examinar as
artrias umbilicais.
Rebatemos a pele junto com o tecido celular subcutneo e o plano muscular, expondo
a caixa torcica (vide esquemas 2 a 4 do anexo 03).

17

No abdome contornamos o umbigo e, neste momento, se existir algum cateter nos


vasos umbilicais, dever ser clampeado para no se deslocar de sua posio real. Isolamos a
veia umbilical, e mantemos as duas artrias umbilicais relacionadas com a pele e o umbigo
sobre a bexiga e a snfise pubiana.
Cavidade peritoneal
Aps examinar a cavidade peritonial e excluir condies bvias tais como ascite,
hemorragia, peritonite e pneumoperitoneo, verificar a rotao e fixao mesentrica. Localizar
o ceco e apndice e acompanhar o intestino grosso em seu trajeto at o reto, bem como
identificar o ngulo de Treitz (vide esquema 7 do anexo 03).
Se houver evidncias de infarto ou enterocolite necrotizante, os rgos abdominais
sero examinados em bloco para que se possa estudar os vasos mesentricos. A altura do
diafragma ser medida de cada lado inserindo-se o dedo indicador direito at o ponto mximo
de sua concavidade. O indicador esquerdo contar as costelas.
Anotar de quanto o fgado ultrapassa o rebordo costal na linha axilar anterior, na linha
mdia clavicular, no apndice xifide e no rebordo costal esquerdo.
Cavidade torcica
A forma da caixa torcica poder fornecer informaes teis da patologia
intratorcica. Um trax estreito sugere a possibilidade de hipoplasia pulmonar; distendido
pode indicar pneumotrax. Durante a fase de disseco da pele e do plano muscular do trax
antes da abertura teremos dados do desenvolvimento do tecido celular subcutneo e dos
msculos esquelticos.
A existncia de pneumotrax poder ser pesquisado abrindo-se o trax imerso em
gua, ou com auxlio de agulha e seringa contendo soluo salina. Inserimos a agulha entre
duas costelas anterolateralmente, na soluo salina.
Abrimos a cavidade torcica com um bisturi tendo o cuidado de no lesar os rgos.
Primeiro separamos a juno externoclavicular de cada lado. Prosseguimos cortando as
costelas a cerca de quatro milmetros medial da juno condrocostal.
Com a ajuda de uma pina levantamos o plastro, e com uma tesoura ou bisturi
liberamos todas as fixaes com o mediastino. Aps a retirada do plastro devemos examinar
o manbrio e o externo contra a luz e contar o nmero dos centros de ossificao (n 1 e 4
respectivamente ao termo) (vide esquemas 5 e 6 do anexo 03).
O contedo da caixa torcica ser examinado in-situ. Neste momento aconselhvel
fazer uma fotografia da cavidade traco-abdominal.
A extremidade dos drenos torcicos identificada e se promoveu ou no leso no
pulmo. Utilizando uma tesoura divulsionar os tecidos frouxos em relao com o timo
tomando cuidado para no lesar os vasos da base do corao, principalmente a veia
inominada. O tamanho do timo nos d informaes sobre o tempo de doena. Um timo muito
pequeno indicador de stress prolongado. Outras leses podero ser apreciadas como
hemorragia petequial nas serosas e enfisema intersticial no mediastino.
Abrir o saco pericrdico e remov-lo o mximo possvel. Analisar o tamanho do
corao. Se houver necessidade de amostra de sangue para hemocultura retirar neste momento
do trio direito, da mesma forma material do pulmo.
Ligar a veia inominada em dois pontos, seccion-la e expor as grandes artrias, veia
cava superior e inferior, zigos, croa da aorta, tronco braquioceflico, cartida esquerda,
artria subclvia esquerda, tronco da pulmonar e ducto arterial.
As cardiopatias congnitas j podero ser suspeitadas neste ponto, por exemplo:
coarctao da aorta poder ser claramente observada como uma depresso na parede lateral da
aorta diretamente oposta entrada do ducto arterial.
18

Se o corao tiver que ser perfundido, ligamos os vasos que se originam na croa da
aorta e ligamos a aorta descendente na altura do diafragma.
vantajoso na rotina de NECROPSIA perinatal abrir o corao in-situ . um
procedimento simples e utilizamos apenas seis cortes: 3 no lado direito e 3 no lado esquerdo.
Abrimos o trio direito entre as entradas das duas veias cavas (1 corte) ao longo do
bordo anterior direito desta cmara. Devemos sempre antes de fazer o corte total testar o
caminho a ser percorrido com a tesoura com o lado rombo da mesma, ou com um estilete para
que o corte seja o mais contnuo possvel.
Extendemos a inciso do meio do 1 corte atravs da vlvula tricspide (2 corte) em
direo ponta da cmara ao longo da parede posterior do ventrculo direito imediatamente
adjacente ao septo interventricular, expondo a cmara de entrada do ventrculo direito.
Examinar foramen ovale e sua valva, e testar se competente. Identificar o orifcio do seio
coronrio (vide esquema 19 do anexo 03).
O 3 corte realizado na parede anterior do ventrculo direito, do apex at a vlvula
pulmonar, adjacente tambm ao septo interventricular, expondo a cmara de sada do
ventrculo direito, completando o exame do lado direito do corao. A vlvula pulmonar, o
tronco da pulmonar, as artrias pulmonares, e o ducto arterial sero examinados. O ducto
arterial que foi funcionalmente fechado em vida, poder aparecer patente NECROPSIA.
O 4 corte feito entre as veias pulmonares no trio esquerdo. As veias pulmonares
esquerdas so examinadas diretamente no trio esquerdo; as veias pulmonares direitas
podero ser testadas com auxlio de um estilete. Para abr-las em continuidade ser necessrio
seccionar a veia cava inferior do corao.
O 5 corte se extende no meio do 4 corte, atravs da vlvula mitral, na parede
posterior do ventrculo esquerdo, adjacente e paralelo ao septo, na direo da ponta, expondo
a cmara de entrada do ventrculo esquerdo (vide esquema 20 do anexo 03).
O 6 corte se extende da ponta do corao, na parede anterior do ventrculo esquerdo,
adjacente e paralelo ao septo, at o nvel da vlvula pulmonar, quando tem direo horizontal
cruzando a artria pulmonar acima da vlvula, abrindo a vlvula artica e a aorta, expondo a
cmara do ventrculo esquerdo. Este ltimo requer mais cuidado do que os outros, porm
dever tambm ser o mais contnuo possvel (vide esquema 21 do anexo 03).
Mediremos os permetros valvulares, a espessura dos ventrculos e identificaremos o
stio das artrias coronrias (vide esquema 3 do anexo 05 e esquemas 18 a 21 do anexo 03).
Remoo dos rgos em bloco pela tcnica de Rokitansky
Aps a ligadura e corte das trs maiores artrias, que se originam na croa da aorta, e
das duas artrias ilacas primitivas, podemos remover todos os rgos do pescoo, trax e
abdome em um s bloco. Usando o dedo indicador e bisturi, separar a base da lngua do
rebordo maxilar. Neste ato sentimos a glndula salivar sub-maxilar, que ser amostrada para
estudo histolgico.
Retiramos a lngua junto com as amgdalas platinas e vula, faringe e laringe. Em
seguida tracionamos para baixo e para frente com o auxlio da mo, sem instrumento cortante,
e o bloco se desprender at o corao.
Continuamos puxando caudalmente os rgos do bloco do pescoo, e com auxlio de
um bisturi ou tesoura vamos desfazendo as inseres que permanecem, enquanto os rgos do
trax so destacados. Na altura do diafragma o cortamos de sua insero na parede do corpo
em todo o seu permetro, com uma tesoura. Cuidado para no lesar as adrenais.
Liberamos em seguida os rgos posteriores da cavidade abdominal, e passamos aos
rgos plvicos. Divulsionamos os tecidos frouxos em torno dos rgo na pelve, restando
apenas cortar o reto e a uretra inferiormente. A bexiga ser separada de suas aderncias com a
snfise pubiana.

19

No sexo masculino devemos seccionar a uretra distal prstata; e no sexo feminino


seccionar a vagina profundamente na pelve. O reto ser seccionado profundamente na pelve.
O bloco inteiro estar assim, livre, e poder ser retirado da cavidade corporal (vide
esquemas 10 a 14 do anexo 03.
Neste momento contamos o nmero de costelas de cada lado e tomamos amostra da
juno condro-costal para estudo histolgico. Amostramos tambm o msculo psoas-ilaco e a
pele da parede abdominal.
Podemos tambm retirar os rgos em vrios blocos: a) bloco dos rgos do pescoo e
trax; b) bloco do estmago, duodeno, pncreas, fgado, vescula biliar e bao; c) bloco das
supra-renais, rins, ureteres, bexiga, rgos genitais internos, reto, aorta abdominal e ramos; d)
bloco do intestino delgado e grosso.
Medula Espinhal
Com mais facilidade podemos remov-la por via anterior. Com auxlio de um bisturi
cortamos o disco intervertebral mais inferior. Em seguida introduzimos uma tesoura de
extremidade arredondada no espao epidural e cortamos os pedculos das vrtebras no sentido
lombar-cervical. Podemos cortar todos os pedculos de um lado e em seguida os pedculos do
outro lado; ou ento iremos cortando simultaneamente ambos os pedculos . Com uma pina
levantamos os corpos vertebrais que vo sendo liberados , desfazendo-se as tnues fixaes,
tomando bastante cuidado para no lacerar a dura mater.
O conjunto dos corpos vertebrais removido, inferiormente atravs do disco intervertebral seccionado no incio, e superiormente quando alcanamos o limite aproximado da 3a
vrtebra cervical. Amostramos dois corpos vertebrais para exame histolgico.
Os gnglios espinhais posteriores podero ser dissecados em continuidade com a
medula em qualquer nvel desejado.
A medula espinhal encontra-se agora totalmente exposta. Seccionamos a dura mater
anteriormente em toda sua extenso, liberamos a medula e a dura no final lombar, e a
retiramos mantendo as aderncias da medula com a dura posteriormente.
A medula espinhal poder tambm ser removida posteriormente em continuidade com
o encfalo em casos selecionados, por exemplo, nos disrafismos medulares, na malformao
de Arnold-Chiari e em casos de suspeita de traumatismo de medula cervical alta (vide
esquemas 8 a 10 do anexo 04).
Remoo Do Contedo Craniano
Fazemos uma inciso coronal no couro cabeludo de um lado ao outro comeando
posteriormente ao pavilho auricular. Rebatemos o couro cabeludo do crnio, anteriormente
at o nvel dos superclios, e posteriormente at a regio suboccipital. Examinamos a
existncia de bossa sero-sanguinolenta definindo sua precisa localizao, ou hematomas subaponeurticos.
Medimos as dimenses da fontanela anterior e sentimos a sua tenso, examinamos a
fontanela posterior , mobilidade das suturas cranianas e eventual cavalgamento dos ossos, e
existncia de hemorragia em msculos temporais e suboccipitais.
A disseco da regio suboccipital obrigatria em todos os casos de morte fetal
intraparto, e morte neonatal, principalmente naqueles recm nascidos que morreram aps
parto vaginal com apresentao plvica, occipito-posterior, ou nos quais se utilizou forceps.
Devemos examinar as junes cartilaginosas entre as partes laterais e escamosa do
osso occipital no sentido de encontrar osteodiastase occipital.

20

Uma inciso na membrana atlanto-occipital pode revelar herniao das amigdalas


cerebelares em alguns casos de asfixia severa com edema cerebral, bem como hemorragia na
fossa posterior. Conforme o caso, uma amostra de lquor poder ser obtida da cisterna magna
com agulha e seringa estreis, para cultura bacteriolgica, para constituintes qumicos em
erros inatos do metabolismo ou mesmo para detectar hemorragia.
Em seguida, com um bisturi, fazemos dois pequenos cortes nas margens laterais da
fontanela anterior, introduzindo em um destes cortes uma tesoura de extremidade redonda
cortando o osso, paralelo sutura sagital (+ - 8mm), encurvando lateralmente em torno da
extenso anterior acima do superclio, e terminando justo acima do trago daquele lado.
Reinserimos a tesoura na fontanela do mesmo lado e, mais uma vez, continuamos a inciso
paralela sutura sagital, encurvando lateralmente na regio occipital, dirigindo o corte a cerca
de 2cm da extremidade do anterior .
Produz-se assim, uma ampla janela recoberta pela aleta ssea rebatida sobre o
pavilho auricular, deixando exposto todo um hemisfrio cerebral. Envolvemos a aleta ssea
com uma compressa mida, recolocamos na posio original e ento procedemos a abertura
do outro lado da mesma forma. Assim a sutura sagital e o seio sagital ficam intactos. Em
seguida cortamos os dois extremos do segmento sseo contendo a sutura e o seio sagital,
removemos e abrimos o seio sagital.
Sustentando a cabea com a mo esquerda, deslocamos o crebro para a frente , e
usando o cabo de um bisturi levantamos os lobos occipitais com cuidado para examinar a
tenda do cerebelo e verificar sua integridade , bem como a foice do crebro. Deve-se
pesquisar se h acmulo de sangue embaixo do tentrio.
Com uma pequena tesoura corta-se as inseres do tentrio na margem perifrica, e a
foice do crebro.
Inclinamos, ento, a cabea para trs, e comeamos a retirada do encfalo seccionando
o 1 par craniano, removemos os hemisfrios cerebrais e as aderncias dos demais pares
cranianos, sempre no sentido ntero-posterior.
Quando o crebro est quase todo fora da caixa craniana, identificamos o tronco
enceflico e a medula. Cortamos a medula cervical to baixa quanto possvel, liberando
inteiramente o encfalo. Examinamos sua superfcie externa, pesamos e colocamos em uma
cuba com formol para fixao. Voltamos caixa craniana e abrimos os demais seios durais
(vide esquema 03 do anexo 04).
A PITUITARIA removida seccionando-se as aderncias de seu tentrio com as
paredes laterais e anterior da sela trcica , deixando-se sua aderncia posterior. O processo
clinide posterior separado do remanescente da sela trcica usando-se um bisturi.
Finalmente ela pinada pelo tentrio junto com o processo clinide, delicadamente liberada
de seu nicho sseo e colocada no formol (vide esquema 04 do anexo 04).
Em todos os passos da retirada do crebro, devemos ter cuidado para que as nossas
luvas estejam sempre midas no sentido de no lesar as delicadas leptomeninges.
O exame do OUVIDO MDIO um pouco negligenciado nesta faixa etria. Contudo
a infeco do ouvido mdio pode ser relativamente comum em recm nascidos tratados em
unidade de terapia intensiva neonatal.
Para examin-lo removemos a poro petrosa do osso temporal fazendo dois cortes
usando uma tesoura. O primeiro corte feito ao longo da juno lateral com o resto do osso
temporal extendendo-se antero-medialmente. O segundo corte feito ao longo do seu bordo
medial iniciando-se prximo sela trcica e extendendo-se anterolateralmente at encontrar o
primeiro corte.
Desta forma o osso petroso pode agora ser levantado, expondo a cavidade do ouvido
mdio, a caixa do tmpano e os ossculos. Quando encontramos material espesso ou purulento
podemos, neste momento, colher material para cultura. O osso removido em bloco ser
fixado, descalcificado, e ento seccionado.

21

Os OLHOS no so removidos rotineiramente. Para tanto, devemos ter uma


autorizao prpria, sendo indicada sua retirada, por exemplo, em casos de infeco congnita
e fibroplasia retrolental .
Podemos execut-la por via posterior, cortando e removendo com uma tesoura o teto
da rbita. Em seguida, com as plpebras fechadas, pressionamos o globo ocular para cima e
para trs, enquanto cuidadosamente so liberadas as inseres da musculatura voluntria
extra-ocular, e os coxins de gordura. Aps a sua retirada, o globo ocular fixado inteiro (vide
esquema 07 do anexo 04)..
Os olhos podem tambm ser facilmente removidos por via anterior utilizando-se uma
tesoura oftalmolgica prpria para enucleao. uma tesoura de curva acentuada que se
introduz atravs da esclera cortando-a circunferencialmente. Secciona-se em seguida a
musculatura extrocular, e por ltimo o nervo ptico liberando inteiramente o globo ocular.
Ainda por via anterior podemos usar retratores palpebrais que expem de modo amplo o
globo ocular e com auxlio de tesoura secciona-se a esclera, musculatura extrocular e o nervo
ptico.
Disseco do bloco das vsceras
O bloco das vsceras dever ser colocado para exame em cima de uma esponja ou
compressa mida. Desta maneira os rgos no deslizam e poderemos movimentar a esponja
ou a compressa para facilitar a disseco mantendo a posio original e as relaes
anatmicas .
O bloco dever ser orientado com a face anterior sobre a esponja, com a lngua em
uma extremidade e a bexiga e o cordo umbilical na outra.
Abrimos a aorta em toda sua extenso, as artrias ilacas primitivas e as duas artrias
umbilicais. Identificamos os orifcios de origem do tronco celaco e das artrias mesentricas
superior e inferior. Abrimos a veia cava inferior e as duas veias renais.
Segurando a lngua com a mo esquerda, abrimos o esfago e verificamos se h algum defeito
do desenvolvimento. Em seguida separamos o esfago da traquia caudalmente, e
procedemos a abertura e exame do laringe, traquia e brnquios fontes por via posterior.
Anotamos o tipo do contedo, e aspecto da superfcie mucosa. Seccionamos a traquia logo
abaixo da tireide e fixamos todas as estruturas juntas em um bloco inclusive a lngua.
Cortes transversais neste bloco aps a fixao incluiro a epiglote e o laringe junto
com a tireide e paratireoide (vide esquema 23 do anexo 03).
Como o corao j foi examinado in-situ, poderemos separar os dois pulmes do
corao e dos brnquios. Fazemos mltiplos cortes em cada lobo de cada pulmo e
amostramos pelo menos um fragmento de cada lobo. Removemos o corao e o fixamos por
completo.
Em casos de cardiopatia congnita, principalmente do tipo retorno venoso pulmonar
anmalo, ou malformaes da artria pulmonar, melhor ser preservar o bloco cardiopulmonar.
Reposicionamos o remanescente do bloco na esponja e dirigimos a extemidade caudal
para ns.
Dissecamos o diafragma, levantando da face posterior das adrenais, rins e fgado.
Cortamos o diafragma das outras fixaes e amostramos para exame, histolgico.
Retiramos as adrenais e pesamos em conjunto, salvo se houver discrepncia nos
tamanhos. Cortamos pela metade, examinamos e fixamos para posterior cortes seriados.
Removemos o bao cortando a artria e veia esplnica no hilo, e separando da cauda
do pncreas. Pesar, cortar e amostrar o bao.

22

Cada rim hemisseccionado no plano frontal e liberado de sua cpsula. Examinamos


as duas metades da pelve, a extremidade das pirmides e contamos o seu nmero (seis ou
sete) e os clices (vide esquema 30 do anexo 03).
Abrimos os ureteres desde a pelve at a parede da bexiga . Em seguida destacar os rins
e pesar em conjunto, cortar de modo seriado e amostrar ambos.
Abrimos a bexiga, examinamos o trgono e cada stio ureteral. A bexiga e a prstata
podem ser fixadas em conjunto em continuidade com o umbigo. Localizamos os testculos
examinamos e os colocamos em fixador.
No sexo feminino a bexiga aberta de modo similar, e separada da genitlia interna
posterior a ela. Depois que a bexiga removida, a vagina, cervix e o corpo do tero podero
ser abertos. A genitlia interna fixada em conjunto aps o exame das trompas e ovrios
(vide esquemas 31 e 32 do anexo 03).
Neste ponto invertemos a posio do bloco na esponja, de modo que a face anterior
fique para cima.
Procedemos a retirada do intestino iniciando a nvel do ligamento de Treitz removendo
todo o intestino delgado e grosso. A insero do mesentrio com o intestino dever ser cortada
com tesoura bem rente ao bordo mesentrico intestinal, para facilitar a sua abertura e
mensurao (vide esquemas 07 a 10 do anexo 03).. Examinamos o aspecto da mucosa e o
contedo intestinal no que se refere a cor, volume e consistncia . Medimos o comprimento
do delgado e do grosso.
Reorientamos o bloco para visualizar a mucosa duodenal, principalmente a ampola de
Vater. Pressionamos a vescula biliar pelo fundo para determinar a patncia das vias biliares.
Removemos e fixamos a vescula biliar.
Separamos o fgado das outras estruturas, para visualizar a sua face inferior. Abrimos a
veia umbilical ,o seio intermedius (veia porta esquerda) e o ducto venoso (o orifcio do ducto
venoso se oblitera nos primeiros dias aps o nascimento). Pesamos, examinamos o restante do
fgado, cortamos em srie e amostramos ambos lobos (vide esquemas 27 e 28 do anexo 03).
O estmago, duodeno, pncreas e mesentrio podero ser fixados em bloco ou como
unidades separadas. O estmago ser aberto ao longo da grande curvatura e sua mucosa
minuciosamente examinada.

23

AMOSTRAGEM PARA EXAME MICROSCPICO


Pulmes
1 fragmento de cada lobo
Corao
1 fragmento de ventrculo direito, 1 de esquerdo e 1 do septo
Fgado
1 fragmento de cada lobo
Rins
1 fragmento de cada lado
Bao
1 fragmento
Timo
1 fragmento
Pncreas
1 fragmento da cabea e outro da cauda
Suprarrenais
1 fragmento de cada lado
Tireide, laringe e 1 fragmento
traquia
Hipfise
1 fragmento
Testculos
1 fragmento de cada lado
Ovrios
1 fragmento de cada lado
tero e trompas
1 fragmento
Mama
1 fragmento
Lngua
1 fragmento
Glndula submaxilar
1 fragmento
Esfago
1 fragmento
Estmago
1 fragmento da juno com o esfago e outro do piloro
Delgado
1 fragmento
Grosso
1 fragmento
Bexiga
1 fragmento incluindo prostta
Umbigo
1 fragmento
Linfonodos
1 fragmento
mesentricos
Diafragma
1 fragmento
Psoas ilaco
1 fragmento
Grande peitoral
1 fragmento
Pele
1 fragmento
Vrtebra
1 fragmento
Juno condrocostal
1 fragmento
Fmur (tero inferior)
1 fragmento se necessrio

24

PARTE III ESTUDO DO ENCFALO

AVALIAO DO ENCFALO
A avaliao macroscpica do encfalo, realizada de maneira contnua, sistemtica e
protocolada ao longo dos onze anos deste projeto, aliada s informaes clnicas e por
mtodos de imagem de eventual envolvimento neurolgico, permitiram uma seleo adequada
das reas a serem estudadas por mtodos histolgicos. No mnimo, doze reas distintas do
crebro, cerebelo e tronco cerebral so estudadas por preparaes histolgicas com diversas
tcnicas histolgicas propiciando a caracterizao de diversas entidades que acometem de
maneira diversa o encfalo.
A imunohistoqumica e a microscopia eletrnica foram, tambm, utilizadas em casos
selecionados, devido aos seus altos custos, para aprofundamento da pesquisa em algumas
condies detectadas neste estudo observacional. Dentre as principais aplicaes destes
mtodos complementares, no presente estudo, est a tentativa de elucidar o processo da
encefalite nodular, e a pesquisa de partculas virais no tecido cerebral de alguns pacientes
portadores de processos infecciosos atpicos.
A RETIRADA DO ENCFALO
O encfalo foi retirado atravs de inciso cutnea bitemporal seguida de abertura da
caixa craniana com serra manual ou eltrica. Aps a retirada da calota ssea procedeu-se a
abertura e explorao do seio sagital superior seguindo-se a seco da dura-mter no plano
axial circular no mesmo nvel de corte da calota craniana. Atravs de manobra manual
afastou-se delicadamente os plos frontais para trs expondo-se os nervos olfatrios que
foram liberados da placa crivosa, seccionando-se a seguir a insero anterior da foice. Com o
crebro apoiado em uma das mos, para evitar-se extenso e dano ao tronco cerebral, foram
isolados e seccionados os demais nervos cranianos, artrias cartidas internas e vertebrais,
seguido da abertura da tenda do cerebelo com exposio da fossa posterior, seco da medula
espinhal cervical alta e retirada do encfalo. Aps a retirada do encfalo procedeu-se pesagem
a fresco e fixao em formol9 30% por, no mnimo, trs semanas (vide esquemas 01 a 04 do
anexo 04).
ESTUDO DO ENCFALO NO SERVIO DE ANATOMIA PATOLGICA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN
Para este fim segue-se protocolo baseado na metodologia utilizada no Departamento
de Neuropatologia do Instituto de Neurologia da Universidade de Londres. Aps fixao
adequada a dura-mter era separada do encfalo, procedendo-se o exame externo da
convexidade, poro interhemisfrica e base enceflicas. Aps isto o encfalo pesado e
seccionado, com faca de lmina longa e fina, em plano coronal a nvel do corpos mamilares
seguindo-se da separao do tronco cerebral do crebro atravs da seco do mesencfalo
com lmina de bisturi. As duas metades (anterior e posterior) do crebro so, ento, colocadas
sobre plataforma de madeira e, atravs de guias metlicas com 1 cm de espessura, inmeros
cortes em plano coronal so realizados de todo o crebro. O tronco cerebral separado do
cerebelo por seco dos pednculos cerebelares superior, mdio e inferior seguindo-se de
exame atravs de cortes axiais de 0.5 cm de espessura por toda extenso do espcime. O
cerebelo seccionado na poro mdia, plano sagital, interessando o verme e novamente a
nvel de ncleo denteado bilateral. Todos as fatias obtidas dispostas de maneira protocolar em
25

bandeja metlica para exame detalhado de cada nvel de corte anotando-se todas as alteraes
macroscpicas observadas, as quais so fotografadas.
Aps o estudo macroscpico detalhado procede-se a coleta de amostras para estudo
histolgico retirando-se fragmentos das reas macroscopicamente alteradas bem como
amostras de 12 reas especficas: lobos frontal, parietal, temporal, occipital e nsula com
ncleos de base; tlamo, hipotlamo com corpos mamilares; mesencfalo, tronco cerebral,
medula oblonga, verme e hemisfrio cerebelar com ncleo denteado.
O material escolhido para estudo histolgico submetido a processamento rotineiro
sendo as lminas coradas por hematoxilina-eosina e luxol-fast-blue para mielina combinado
com cresil violeta para neurnios; casos selecionados so corados com impregnao argntica
para axnios, cido peridico de Schiff para pesquisa de microorganismos, impregnao
argntica de Grocott para fungos, colorao de Gram para bactrias. Outras tcnicas
histoqumicas, quando necessrias, tambm podem ser utilizadas.
Os casos submetidos a estudo imunohistoqumico so avaliados pela tcnica do
complexo avidina biotina peroxidase com recuperao antignica utilizando-se os seguintes
anticorpos: anticorpo monoclonal anti-antgeno leucocitrio comum (diluio: 1/400),
anticorpo monoclonal anti-HLA-DR, CR3/43 humano (diluio: 1/400), anticorpo
monoclonal pr-diludo anti-protena cida fibrilar glial, anticorpo monoclonal pr-diludo
anti-citomegalovrus, anticorpo policlonal anti-toxoplasma gondii (diluio: 1/25).
Nos casos submetidos a microscopia eletrnica, fragmentos de cerca de um milmetro cbico
so escolhidos das reas alteradas detectadas durante a avaliao macroscpica do encfalo;
estes fragmentos so ps-fixados em glutaraldedo 3%, impregnados com tetrxido de smio
1%, desidratados em etanol PA, tratados com xido de propileno e includos em resina
araldite. Cortes na interface ouro/prata foram corados com acetato de uranila e citrato de
chumbo e observados em microscpio eletrnico JEOL JEM-1200 EXII.
(vide esquemas 05 e 06 do anexo 04)

26

ANEXOS

27

01 - PROTOCOLO DE NECROPSIA DE ADULTO DO SERVIO DE ANATOMIA


PATOLGICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN
RELATRIO DE NECROPSIA NMERO:
1 - IDENTIFICAO
NOME:

REGISTRO:

SEXO:

IDADE:

DATA DA ADMISSO:

CLNICA:

BITO:

NECROPSIA:

MDICO REQUISITANTE:
PATOLOGISTA RESPONSVEL:
RESIDENTE:
2

DIAGNOSTICOS

ANATOMOPATOLGICOS

MACROSCPICOS

PROVISRIOS:
A - PRIMRIOS
LISTAR OS DIAGNSTICOS PRIMARIAMENTE RELACIONADOS COM O
PROCESSO DE MORTE, POR ORDEM CRONOLGICA DE ACONTECIMENTOS NO
PACIENTE AUTOPSIADO
B - SECUNDRIOS
DIAGNSTICOS SECUNDRIOS NO RELACIONADOS COM O PROCESSO
DE MORTE

Curitiba, de

Residente

de 1999.

Patologista
28

INFORMAES SOBRE O ATESTADO DE BITO

Causa imediata da morte

Durao

Devido a

Durao

Devido a

Durao

Outras condies:

29

RELATRIO DE NECROPSIA
1 - HISTRIA CLNICA
RELATAR A HISTRIA CLNICA DO PACIENTE AUTOPSIADO DE FORMA
SUMRIA, RESSALTANDO OS PONTOS MAIS IMPORTANTES PARA O RACIOCNIO
CLNICO-PATOLGICO DO PROCESSO DE DOENA E MORTE
2 - EXAME EXTERNO
A - GERAL
O corpo corresponde a adulto do sexo masculino/feminino, branco /pardo/ negro com
a idade aparente compatvel com/maior que/menor que a idade cronolgica.
Livor e rigor mortis: rigidez cadavrica discreta /moderada/acentuada e hipstases em
regio de decbito dorsal presentes/ausentes.
Talhe:
Estado nutricional: emagrecido/normal/obeso
Turgor: normal/aumentado/diminudo
Tegumento: corado/hipocorado, ictrico/ anictrico, petquias/ equimoses, outras
leses encontradas.
B - SEGMENTAR
1 - Cabea: formato habitual/no habitual, plpebras com/sem leses, pupilas
midriticas. Cavidade nasal e oral ntegras/com leses, lbios e lngua sem alteraes/com
leses. Orelhas e condutos auditivos com/sem leses.
2 - Pescoo: simtrico/assimtrico, linfonodomegalia cervical presente/ausente,
com/sem fraturas, tireide tpica com/sem leses.
3 - Trax: formato habitual/no habitual , simtrico/assimtrico, mamilos com/sem
leses, mamas planas/volumosas/sem alteraes.
4 - Abdome: plano/escavado/distendido, com /sem visceromegalias, cicatriz umbilical
sem alteraes/com leses.
5 - Genitlia externa: compatvel com sexo e idade/com leses.
6 - Regio perianal: com/sem leses.
30

Membros

superiores:

assimtricos/simtricos,

linfonodomegalia

axilar

presente/ausente, com/sem leses.


8

Membros

inferiores:

assimtricos/simtricos,

linfonodomegalia

inguinal

presente/ausente, com/sem leses.


9 - Dorso: com/leses/sem alteraes.
3 - EXAME INTERNO
Caixa Craniana:

ossos do crnio ntegro/com fraturas, dura-mter lisa e

brilhante/fosca, com aderncias, com leses, seios durais prvios/com trombos, base de crnio
com vasos e nervos de aspecto habitual/com leses.
Pescoo: jugulares e cartidas prvias/com trombos, linfonodomegalia cervical e supra
clavicular presente/ausente. Tireide tpica/com leses/de tamanho e aspecto habitual.
Cavidade torcica: Musculatura torcica trfica/com leses, rea cardaca com
....x....cm, mediastino com/sem leses. Derrame pleural bilateral/a direita/ a esquerda,
presente/ausente, .........ml a direita, .........ml a esquerda. Cpulas diafragmticas a nvel
do ...........espao intercostal a direita/, ............ a esquerda. Prova de pneumotrax
positiva/negativa
Cavidade Abdominal: musculatura e peritneo de conformao habitual/com leses,
rgos tpicos/alteraes anatmicas, ascite ausente/presente de ..........ml, bordo heptico
a .........cm do rebordo costal direito e a ..........cm do apndice xifide e borda esplnica
a ........cm do rebordo costal esquerdo.
4 - EXAME DOS SISTEMAS
Sistema Nervoso Central:
Encfalo: ........g, leptomeninges lisa e brilhantes/foscas/espessadas/com leses/aspecto
purulento. Vasos e nervos da base sem alteraes/outras leses.
Para maiores detalhes no exame do sistema nervo central vide protocolo
complementar de exame do encfalo (anexo 02).

31

Sistema Respiratrio:
Laringe:

mucosa

rsea

e brilhante/com

leses/sem leses.

Pregas

vocais

tpicas/com/sem leses.
Traquia e brnquios: mucosa rsea e brilhante/com/sem leses. Contedo
mucide/hemorrgico/purulento.
Pulmes: PD=......g, PE=.....g. Pleura lisa e brilhante/fosca/com aderncias/com leses.
Tecido pulmonar vinhoso e esponjoso/aerado/hipoaerado/enfisematoso/atelectsico/presena
de leses......... ,antracose presente/ausente..
Sistema Cardio-Vascular:
Corao: .............g, pice formado pelo ventrculo esquerdo/direito. Pericrdio liso e
brilhante/fosco/com aderncias. Miocrdio fasciculado e elstico/com/sem leses. Endocrdio
liso e brilhante/fosco/com espessamentos/com/sem leses. Coronrias tpicas, prvias,
com/sem placas ateromatosas. Aparelhos valvares de conformao e aspecto habitual/no
habitual, tpicos/no tpicos, com/sem leses.
Dimenses:
espessura da via de entrada do VE:
espessura da via de sada do VE:
espessura da via de entrada do VD:
espessura da via de sada do VD:
Espessura do septo interventricular:
comprimento da via de entrada do VE:
comprimento da via de sada do VE:
comprimento da via de entrada do VD:
comprimento da via de sada do VD:
permetro da valva Mi:
permetro da valva Ao:
permetro da valva Tri:
permetro da valva Pulm:
Aorta e seus ramos: prvios, com/sem trombos, sem/com estrias/placas/ extensas
placas calcificadas e ulceradas/ aterosclerticas.
Artrias Pulmonares: prvias/com/sem trombos ou placas aterosclerticas.
Veias cavas e tributrias: sem alteraes/com leses/com/sem trombos.
32

Veias da Panturrilha: com/sem trombos.


Sistema Digestivo
Lngua: papilada/despapilada, com/sem leses.
Faringe:

mucosa

rsea,

com/sem

leses.

Amgadalas

tpicas/ausentes/presentes/com/sem leses, de tamanho habitual/aumentadas.


Esfago: mucosa pregueada, acinzentada, com/sem leses.
Estmago: mucosa pregueada, acastanhada, com/sem leses. Parede de espessura
habitual/espessada/com/sem leses, serosa lisa e brilhante/fosca/com/sem leses.
Duodeno: mucosa pregueada, acastanhada/com/sem leses, papila de Vater na 2a
poro com/sem leses, prvia/no prvia.
Jejuno e leo: mucosa acastanhada, pregueada/com/sem leses. Paredes de espessura
habitual/espessada/com/sem leses, serosa lisa e brilhante/fosca/com/sem leses.
Intestino Grosso: mucosa pregueada, acastanhada e brilhante com/sem leses, paredes
de espessura habitual/espessada/com/sem leses. Serosa lisa e brilhante com/sem leses,
apndices epiplicos com/sem alteraes.
Reto: com/sem alteraes.
Apndice vermiforme: presente/ausente, com/sem alteraes.
Fgado: .........g. Cpsula lisa e brilhante/fosca/com/sem leses. Parnquima
avermelhado, firme/amarelado/borrachoso/aspecto em nz moscada/com/sem ndulos/aspecto
macro/micronodular. Vasos e ductos intra-hepticos prvio/no prvio/com/sem alteraes.
Vescula biliar e vias biliares: mucosa aveludada, verde com/sem leses, bile
espessa/fina, presena/ausncia de clculos. Vias biliares prvias/no prvias/com/sem leses.
Pncreas:

amarelado,

lobulado,

elstico/aspecto

hemorrgico/necrtico/presena/ausncia de focos de necrose gordurosa (aspecto em pingos


de vela)/ com/sem ndulos ou outras leses.
Glndulas sub-mandibulares: sem/com leses.
Sistema Endcrino:
Hipfise: sem/com leses.
Paratireides: tpicas, com/sem leses.
Tireide: parda, macia e brilhante/com/sem ndulos/bcio/alargamento difuso/aspecto
lenhoso/outras leses.
33

Supra-Renais: sem/com leses.


Sistema Urinrio
Rins: RD=........g, RE=.......g. Cpsula lisa e brilhante/fosca/com cicatrizes/com/sem
outras leses. Crtex castanha com ...........cm em espessura mxima/espessada/fina/com/sem
outras leses. Medular avermelhada com/sem leses. Sistema pielocalicial de conformao
habitual /com hidronefrose/ com contedo purulento/com mucosa esbranquiada e granular/
com/sem outras leses.
Bexiga: mucosa rsea e brilhante com/sem leses, paredes de espessura
habitual/espessada com/sem outras leses.
Sistema Genital Masculino:
Testculos: sem/com leses.
Vias espermticas: sem/com leses.
Vesculas seminais: sem/com leses.
Prstata:

tamanho

habitual/aumentada

de

tamanho,

brancacenta,

macia

elstica/multinodular, firme e elstica /com pequenos cistos.


Sistema Genital Feminino:
Vagina: mucosa rsea e pregueada/com/sem leses.
tero: ectocrvix acinzentada e brilhante/com /sem leses, endocrvix amarelada e
estriada/com/sem cistos/com/sem outras leses, cavidade uterina triangular/regular/irregular,
revestida por endomtrio rseo e brilhante/com/sem leses e miomtrio fasciculado e
elstico/espessado/com/sem outras leses.
Tubas uterinas: sem/com leses.
Ovrios: sem/com leses/csticos.
Sistema Hemolinfopoitico:
Bao: .........g. Cpsula lisa e brilhante/fosca/com/sem outras leses. Parnquima
vinhoso

macio/firme/difluente/com/sem

outras

leses/

com

polpa

branca

inaparente/hiperplsica.
34

Linfonodos: sem/com leses/aumentados.


Medula ssea: trabeculada e acastanhada/com / sem leses.
Sistema Osteomuscular:
Trofismo

muscular

mantido/hipotrofia/com/sem

leses.

Articulaes

no

examinadas/examinadas/quais?/especificar. Ossos no examinados / examinados / quais? /


especificar

5 - EXAME MICROSCPICO
Relatar a microscopia
6 - INFORMAES ADICIONAIS
============================================================
Exames anatomopatolgicos anteriores:
Estudos bioqumicos e microbiolgicos:

Estudos especiais: (perfuso pulmonar, heptica, cardaca etc..):


Caso para reunio:

============================================================
rgos

Fotos Macro Slides Macro Fotos Micro Slides Micro

============================================================
Preencher a tabela acima com informaes adicionais

35

02 - PROTOCOLO DE ESTUDO DO ENCFALO NO SERVIO DE ANATOMIA


PATOLGICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN
PROTOCOLO DE DIAGNSTICOS MACROSCPICOS DO SISTEMA NERVOSO
CENTRAL

RESUMO CLNICO:

PESO:
Exame externo:
leptomeninges:______________________________________________________________
Sulcos e giros:_______________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Base:
leptomeninges:______________________________________________________________
vasos: _____________________________________________________________________
nervos:_____________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Mesencfalo:
substncia negra:_____________________________________________________________
___________________________________________________________________________
aqueduto:___________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Cortes coronais:
crtex:_____________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
substncia branca:____________________________________________________________
___________________________________________________________________________
ncleos da base: _____________________________________________________________
___________________________________________________________________________
ventrculos:_________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Tronco cerebral: ____________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Cerebelo:___________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
DIAGNSTICOS:____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
36

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