Conversao Fresa CNC

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 83

CONVERSO DE UMA FURADEIRA FRESADORA MANUAL EM UMA FRESADORA

CNC PARA VIABILIZAR FABRICAO EM SRIE DE MICROTROCADORES DE


CALOR

Mariana Couto da Silva

Projeto de Graduao apresentado ao Curso


de Engenharia Mecnica da Escola
Politcnica, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, como parte dos requisitos necessrios
obteno do ttulo de Engenheiro.

Orientadores: Carolina Palma Naveira Cotta


Jeziel da Silva Nunes

Rio de Janeiro
Maro de 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO


Departamento de Engenharia Mecnica
DEM/POLI/UFRJ

CONVERSO DE UMA FURADEIRA FRESADORA MANUAL EM UMA


FRESADORA CNC PARA VIABILIZAR FABRICAO EM SRIE DE
MICROTROCADORES DE CALOR

Mariana Couto da Silva

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO


DE

ENGENHARIA

MECNICA

DA

ESCOLA

POLITCNICA

DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS


REQUISITOS

NECESSRIOS

PARA

OBTENO

DO

GRAU

DE

ENGENHEIRO MECNICO.
Aprovado por:

________________________________________________
Profa. Carolina Palma Naveira Cotta, D.Sc.

________________________________________________
Prof. Jeziel da Silva Nunes, D.Sc.

________________________________________________
Prof. Renato Machado Cotta, Ph.D.

________________________________________________
Prof. Fernando Pereira Duda, D.Sc.

________________________________________________
Prof. Luiz Otvio Saraiva Ferreira, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL


MARO DE 2014

Silva, Mariana Couto


Converso de uma furadeira fresadora manual em uma fresadora
cnc para viabilizar fabricao em srie de microtrocadores de calor/
Mariana Couto da Silva. Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politcnica,
2014.
viii, 49 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Carolina Palma Naveira Cotta
Projeto de Graduao UFRJ/ Escola Politcnica/ Departamento
de Engenharia Mecnica, 2014.
Referncias Bibliogrficas: p. 48-49.
1. Adaptao de Mquina Ferramenta. 2. Microtrocadores de
Calor. I. Cotta, Carolina Palma Naveira. II. Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Escola Politcnica, Departamento de Engenharia
Mecnica. III. Ttulo

iii

Agradecimentos

Agradeo primeiramente a Deus, pois Ele o responsvel por todas as conquistas em minha
vida. Sem Ele nada teria sido possvel, obrigada Senhor!
Em seguida, agradeo aos meus pais, Clia Regina e Dillon, que me inspiraram na escolha
desta carreira, e sempre me incentivaram e ajudaram a no desistir. Ao que acima de tudo meu
grande amigo, meu namorado Marcos Vincius, nos momentos mais difceis desta caminhada, o
seu apoio foi fundamental, me animando e mostrando que sempre havia uma soluo, no
importando qual fosse o problema.
Agradeo ao professor Jeziel Nunes, e professora Carolina Cotta, pela orientao e apoio
durante todos esses meses de trabalho. Aos amigos do Lab. MEMS, que tanto me ajudaram no
desenvolvimento deste projeto.
E finalmente, agradeo aos membros da minha banca avaliadora, os professores Renato
Cotta, Fernando Duda, e Luiz Otvio Ferreira, por estarem presentes neste momento e pelas
contribuies a este trabalho.

iv

Resumo do projeto de graduao apresentado ao DEM/UFRJ como parte dos requisitos


necessrios para obteno do grau de Engenheiro Mecnico.

CONVERSO DE UMA FURADEIRA FRESADORA MANUAL EM UMA FRESADORA


CNC PARA VIABILIZAR FABRICAO EM SRIE DE MICROTROCADORES DE
CALOR

Mariana Couto da Silva

Maro/2014

Orientadores: Carolina Palma Naveira Cotta


Jeziel da Silva Nunes
Curso: Engenharia Mecnica

Este trabalho tem como objetivo converter uma furadeira fresadora manual em uma
fresadora de comando numrico, mais precisa que a mquina original. Uma das
motivaes para este trabalho a necessidade da utilizao pelos alunos do Lab. MEMS
de uma micro fresadora para confeco de micro dispositivos de troca trmica. Por se
tratar de um equipamento delicado, cujas peas de reposio e ferramentas tm um
custo elevado, desejvel que os alunos sejam habilitados a utilizar as mquinas de
controle numrico, fundamentais fabricao dos componentes para suas experincias
atravs de uma sequencia de operaes de fabricao. Os alunos no desenvolvimento de
suas pesquisas tem necessidade de desenvolver e fabricar microcomponentes que
envolvem micro fresamento de preciso. Neste processo os alunos iniciam com a prfabricao de peas na fresadora objeto deste trabalho, onde as operaes de pr
fabricao e os desbastes de maior vulto so executadas preparando as peas para as
operaes de micro fresamento. Em particular, esta fresadora ser utilizada para fabricar
microtrocadores de calor para um sistema de arrefecimento de coletores fotovoltaicos.

Abstract of Undergraduate Project presented to DEM/UFRJ as a part of fulfillment of the


requirements for the degree of Engineer.

CONVERSION OF A MANUAL DRILL MILLING MACHINE ON A CNC MILLING


MACHINE FOR MANUFACTURING IN SERIES MICRO-HEAT EXCHANGERS.

Mariana Couto da Silva

March/2014

Advisor: Carolina Palma Naveira Cotta


Jeziel da Silva Nunes
Course: Mechanical Engineering

This study aims to transform a manual drilling and milling machine on a


numerically controlled milling machine, more accurate than the original machine. One
of the motivations for this work is the need to train students in Lab MEMS for the use
of a micro milling machine, CNC high precision . Because it is an extremely delicate
equipment whose spare parts and tools have a high cost, it is desirable that students
acquire prior knowledge about milling and CNC machine in a more robust, with lower
costs of maintenance and operation. In addition, there is also this same lab a demand for
manufacturing parts in micro and mini scale for some research in development. With the
increase in accuracy and the implementation of numerical control system, milling macro
can be used to pre -fabrication of such parts . And it is this possibility of prefabrication
of parts, the main motivation for this work, as will enable the mass production of microheat exchangers , which is used for cooling of photovoltaic cells with high concentration
of sunlight system.

vi

Sumrio
1.

INTRODUO................................................................................................................. 1

1.1.

Motivao ------------------------------------------------------------------------------------------------ 1

1.2.

Objetivo--------------------------------------------------------------------------------------------------- 3

1.3.

Estrutura do Trabalho ---------------------------------------------------------------------------------- 4

2.

REVISO BIBLIOGRFICA ...................................................................................... 6

2.1.

Adaptaes de Fresadoras Manuais em Sistemas CNC. ---------------------------------------- 6

2.2.

Microtrocadores de Calor ---------------------------------------------------------------------------- 11

3.

FURADEIRA FRESADORA MR-205 ..................................................................... 14

4.

PROJETO DE CONVERSO ................................................................................... 18

4.1.

Descrio Geral ---------------------------------------------------------------------------------------- 18

4.2.

Especificaes de Projeto ---------------------------------------------------------------------------- 19

4.3.

Seleo dos Principais Componentes -------------------------------------------------------------- 25


4.3.1.
Fusos de Esferas Recirculantes ........................................................................... 25

5.

4.3.2.

Motores de Passo................................................................................................. 30

4.3.3.

Sistema de Controle ............................................................................................ 32

EXECUO DAS ADAPTAES .......................................................................... 35

5.1.

Adaptaes na Direo X ---------------------------------------------------------------------------- 36

5.2.

Adaptaes na Direo Y ---------------------------------------------------------------------------- 39

5.3.

Adaptaes na Direo Z----------------------------------------------------------------------------- 41

5.4.

Adaptaes Adicinais --------------------------------------------------------------------------------- 44

6.

UTILIZAO DA MQUINA CONVERTIDA ................................................... 46

7.

CONCLUSO ................................................................................................................ 51

8.

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................... 53

vii

APNDICE I DESENHOS TCNICOS .......................................................................... I

Lista de desenhos: --------------------------------------------------------------------------------------- I

Desenho 01: Fuso X ------------------------------------------------------------------------------------ II

Desenho 02: Fuso Y ----------------------------------------------------------------------------------- III

Desenho 03: Fuso Z -----------------------------------------------------------------------------------IV

Desenho 04: Suporte da Castanha X ---------------------------------------------------------------- V

Desenho 05: Suporte da Castanha Y ---------------------------------------------------------------VI

Desenho 06: Suporte da Castanha Z --------------------------------------------------------------VII

Desenho 07: Suporte Posterior --------------------------------------------------------------------VIII

Desenho 08: Mancal Direito -------------------------------------------------------------------------IX

Desenho 09: Mancal Esquerdo ----------------------------------------------------------------------- X

Desenho 10: Suporte Superior ----------------------------------------------------------------------XI

Desenho 11: Suporte do Olhal ---------------------------------------------------------------------XII

APNDICE II CATLOGOS ...................................................................................... XIII

Catalogo da Furadeira Fresadora MR-205: -----------------------------------------------------XIII

Catalogo dos Fusos: -------------------------------------------------------------------------------- XIV

Catalogo dos Motores de Passo: ----------------------------------------------------------------- XVI

Catalogo dos Drivers dos motores: ------------------------------------------------------------- XVII

Catalogo dos Amortecedores: ------------------------------------------------------------------ XVIII

Catalogo dos Cabos de Ao e Acessrios: ----------------------------------------------------- XIX

viii

1. Introduo
1.1. Motivao
O fresamento uma operao de usinagem que consiste na remoo de cavaco,
atravs da rotao e do avano de uma ferramenta multicortante. Este um dos mais
importantes processos de fabricao mecnicos principalmente por ser bastante verstil.
partir da dcada de cinquenta, com o desenvolvimento cada vez maior da
indstria aeronutica americana, havia uma demanda por alta produtividade de peas
complexas e precisas, neste contexto surgiram as primeiras mquinas ferramentas com
controle numrico, que revolucionaram a fabricao de peas.
Nos anos que se seguiram, esta tecnologia foi sendo aprimorada, mas somente na
dcada de setenta, foram incorporados estes equipamentos computadores dedicados ao
controlador numrico. Foi quando surgiu de fato a primeira mquina com controle
numrico computadorizado, isto , uma CNC, do ingls Computer Numeric Control.
Estas maquinas continuaram sendo aprimoradas, e atualmente h uma vasta gama de
equipamentos CNC. As fresadoras de comando numrico possuem altssima preciso e
versatilidade, existem inmeros tipos e tamanhos deste equipamento disponveis no
mercado, podendo ir dos grandes centros de usinagem at as micro fresadoras.
No Lab. MEMS (Laboratrio de Nano e Micro Fludica e Microssistemas) h a
necessidade de desenvolvimento e fabricao de microcomponentes para diversas
pesquisas realizadas. Dentre os vrios processos utilizados para fabricao de
microdispositivos a micro usinagem um deles. Para realizar este tipo de trabalho, o
laboratrio conta com uma micro fresadora de comando numrico, equipamento
bastante preciso, porm delicado, cujos insumos so muito caros.
Uma das pesquisas em desenvolvimento, inserida num contexto de cooperao
internacional entre o Lab. MEMS e o LTNT (Laboratrio de Termodinmica em
Tecnologias Emergentes) do ETH Zurich, Suia. a proposta de utilizao de
microtrocadores de calor para a refrigerao de clulas fotovoltaicas com alta
concentrao (HCPV) e o aproveitamento do calor rejeitado para dessalinizao de
gua, atravs de um dessalinizador de membrana.
Clulas fotovoltaicas so dispositivos que convertem a energia solar diretamente
em eletricidade por meio de efeito fotovoltaico. Em painis fotovoltaicos tradicionais,
1

toda a superfcie do painel coberta com material semicondutor, material este que
possui custo elevado. O sistema fotovoltaico de alta contrao se baseia na focalizao e
concentrao da luz solar, atravs da utilizao de lentes especiais sobre pequenas
clulas fotovoltaicas. Com a utilizao deste sistema a rea do painel coberta com
material semicondutor mnima, o que propicia uma considervel diminuio dos
custos de tal sistema se comparado ao sistema tradicional.
Porm, com a utilizao de sistemas de alta concentrao h uma grande
quantidade de energia que perdida na forma de calor. Este calor causa o aumento da
temperatura da clula fotovoltaica, diminuindo assim sua eficincia, como possvel
constatar observando a figura 01.

Figura 01 Variao da eficincia em funo temperatura em uma clula fotovoltaica.


Fonte: GUERRIERI [6].
Visando aumentar a eficincia da clula fotovoltaica e evitar sua degradao
pela temperatura excessiva, desenvolveu-se um sistema de refrigerao baseado no
conceito de microtrocadores de calor com refrigerante liquido. Alm disso, a utilizao
deste sistema de arrefecimento possibilitar tambm que o calor dissipado pela clula
fotovoltaica seja aproveitado em outros processos. No caso especfico da pesquisa
desenvolvida, o calor ser utilizado no processo de dessalinizao da gua.
Microtrocadores de calor tm a mesma funo de trocadores de calor
convencionais de macro escala, ou seja, so dispositivos que visam a transferncia de
energia trmica de um meio para outro de maneira eficiente. So geralmente utilizados
2

em processos onde h a necessidade de aquecimento ou de arrefecimento. So


geralmente fabricados de materiais que possuem altos coeficientes de condutividade
trmica.
Trocadores de calor so amplamente utilizados industrialmente, como por
exemplo em aquecedores, sistemas de ar condicionado, plantas qumicas e
petroqumicas, usinas termoeltricas. J os microtrocadores de calor so mais
comumente utilizados para o arrefecimento de circuitos eletrnicos, porm h tambm
uma vasta gama de aplicaes deste dispositivo.
No caso especfico da pesquisa na qual este trabalho est inserido, um
microtrocador de calor dever ser instalado sob cada clula fotovoltaica dos painis de
gerao de energia. Tendo em vista que foram adquiridos para tal pesquisa dez painis,
sendo cada um deles composto por trinta clulas fotovoltaicas, ser necessrio viabilizar
a fabricao em srie desses microtrocadores.
Atualmente, os prottipos destes micro trocadores de calor tm sido fabricados em
cobre, inteiramente atravs de micro usinagem, porm desta forma, o tempo gasto para a
fabricao de cada pea e o custo de reposio das ferramentas gastas, bastante alto. O
que inviabiliza a produo de todas as peas por este mtodo.
Ento, a principal motivao para este trabalho viabilizar a fabricao em srie
destes microtrocadores de calor. E para isso, uma furadeira fresadora manual foi
convertida em uma fresadora de comando numrico, que ser empregada na prfabricao destas peas. Aps a converso ser realizada, este equipamento poder
tambm ser utilizado para a fabricao de diversos componentes, para outros projetos
em desenvolvimento.

1.2. Objetivo
O principal objetivo deste trabalho foi converter uma furadeira fresadora manual,
comercializada no Brasil pela Manrod, modelo MR-205, em uma fresadora de comando
numrico, de forma que seja possvel emprega-la na pr-fabricao de peas, cuja
usinagem ser finalizada na micro fresadora CNC, j utilizada no laboratrio.
Originalmente, a MR-205 no um equipamento de muita preciso, e possui
bastante folga em diversos componentes. Um dos objetivos da converso eliminar
estas folgas, permitido assim que as peas fabricadas na mquina convertida sejam

compatveis com a micro fresadora, e tambm, reduzir o tempo total gasto para
fabricao de cada um destes componentes, j que as usinagens de mais pesadas sero
realizadas na fresadora maior diminuindo assim as operaes na micro fresadora.
Ou seja, a micro fresadora dever ser utilizada apenas para execuo de micro
fabricao, e a macro fresadora dever ser capaz de fabricar com a devida preciso as
pr-formas de macro escala.
Alm disso, o funcionamento da macro fresadora aps ser convertida em CNC, ser
muito prximo do funcionamento da micro fresadora j que utilizar o mesmo processo
de controle. Desta forma os alunos podero adquirir experincia na operao de uma
CNC, em um equipamento mais robusto, cujo custo de manuteno, de peas de
reposio, e das prprias ferramentas baixo, se comparado aos da micro fresadora.
Podendo posteriormente operar com maior destreza o equipamento mais delicado e mais
caro.

1.3. Estrutura do Trabalho


No segundo captulo deste trabalho, feita uma breve reviso bibliogrfica,
abordado os principais assuntos que sero discutidos nos captulos seguintes.
Primeiramente, ser feita uma apresentao de projetos de converso de mquinas
manuais em mquinas CNCs. Em seguida, so mostradas

geometrias de

microtrocadores de calor, que utilizam refrigerante lquido para o arrefecimento de


clulas fotovoltaicas. descrito tambm o mtodos de fabricao de um destes
trocadores.
O terceiro captulo apresenta em detalhes o funcionamento da furadeira fresadora
manual MR-205, foco deste estudo.
No quarto captulo desenvolvido o projeto para converso da furadeira fresadora
manual MR-205 em uma fresadora de comando numrico computadorizado, neste
captulo so feitas todas as definies e especificaes do projeto, e so selecionados
novos fusos para substituir os originais, alm disso, so selecionados tambm os
motores de passo e o sistema de controle computadorizado.
O quinto captulo explica cada uma das modificaes feitas na mquina original, e
mostra todas as peas que precisaram ser fabricadas para tornar possvel sua converso
em CNC.

No penltimo captulo abordada a demanda do Lab. MEMS de fabricao de uma


grande quantidade de microtrocadores de calor. desenvolvido um plano de utilizao
da mquina aps sua converso, para que possibilite a fabricao em srie de tais peas.
Para concluir o trabalho, o stimo captulo descreve brevemente as caractersticas da
MR-205 aps ter sido feita sua converso em uma fresadora de controle numrico. E
mostra que os objetivos iniciais de melhorar a preciso e implementar um sistema de
controle computacional com interface equivalente ao da micro fresadora, foram
alcanados.

2. Reviso Bibliogrfica

2.1. Adaptaes de Fresadoras Manuais em Sistemas CNC.

O grande sucesso das mquinas ferramentas controladas numericamente se deve


principalmente ao fato de que as principais caractersticas desejveis em uma mquina
ferramenta so: alta produtividade, flexibilidade para fabricao de vrios tipos de pea,
capacidade de execuo de peas altamente complexas, e grande capacidade de
repetitividade e preciso.
Mquinas ferramentas convencionais possuem grande flexibilidade, porm tm a
capacidade de fabricar peas com alto grau de complexidade, e as caractersticas de
repetitividade, preciso e produtividade, dependem da habilidade do operador.
J as mquinas ferramentas automticas ou copiadoras, podem produzir peas
bastante complexas, com uma boa repetitividade e preciso, alm de terem alta
produtividade. Porm, neste tipo de mquina h pouca flexibilidade, devido no s aos
altos custos dos acessrios, como tambm ao tempo elevado para preparao da
mquina.
Entretanto, as mquinas ferramentas com controle numrico computacional
possuem todas as caractersticas citadas anteriormente, como desejveis em uma
mquina ferramenta, e por aliar todas essas caractersticas que as CNCs
revolucionaram a usinagem de peas, e atualmente so extremamente teis nos setores
de fabricao mecnica dos mais diversos tipos de indstria. Porm, o custo do
investimento inicial para adquirir este tipo de equipamento bastante elevado, de forma
que indstrias de pequeno porte e at mesmo trabalhadores autnomos da rea de
fabricao, que possuem pequenas oficinas mecnicas, no tm como adquirir estes
equipamentos. Por esta razo, existem empresas especializadas em adaptar mquinas
manuais em mquinas com comando numrico computadorizado.
A empresa CENTROID [19] diz em seu site na internet, que comercializa kits
para adaptao de praticamente todos os tipos de fresadoras manuais em fresadoras
CNC. So apresentados como exemplo, vrios projetos de converso, por eles
realizados, um deles de uma fresadora Bridgeport, cujas caractersticas gerais so
semelhantes s da mquina que iremos estudar neste trabalho.

As principais caractersticas deste projeto so descritas seguir. Os fusos


originais foram substitudos por fusos de esferas recirculantes para aumentar a preciso
do equipamento. Utilizou-se motores para automao dos trs eixos, porm foi mantida
a opo do acionamento manual, de forma que a mquina pode ser utilizada totalmente
manual, ou com os eixos horizontais controlados numericamente pelo computador
enquanto o eixo vertical controlado manualmente, ou ainda, com os trs eixos
controlados computacionalmente. O tipo de motor empregado foi o servo motor, cada
um dos motores foi acoplado aos respectivos fusos atravs de correias dentadas com
uma determinada relao de reduo. A interface entre o operador e a fresadora feita
utilizando-se um tela, um teclado e painel de controle com boto de soco para
emergncias, especfico para mquinas CNCs.
A CENTROID [19] uma empresa que comercializa os projetos e kits de
converso, por esta razo os detalhes de dimensionamento e seleo de componentes
utilizados, no so disponibilizados em seu site. A figura 02 mostra a fresadora
Bridgeport convertida em CNC pela empresa.

Figura 02 Fresadora Bridgeport convertida em CNC.


Fonte: CENTROID [19].
7

H tambm uma srie de sites, blogs e fruns de discusso sobre este assunto,
disponveis na internet. O cientista da computao WARFIELD [18], diretor executivo
e presidente da empresa CNC Cookbook, converteu sua prpria furadeira fresadora
manual da Rong Fu, modelo RF-45, em uma mquina CNC, registrou em detalhes todas
as etapas deste processo e publicou-as no site de sua empresa. A mquina que foi
adaptada extremamente parecida com a MR-205, e esta um das razes para o projeto
executado por WARFIELD [18] ser bastante relevante para este trabalho, outra razo
para tal relevncia a qualidade tcnica de seu projeto e a riqueza de detalhes por ele
apresentados. A figura 03 ilustra a RF-45 aps ter sido convertida em uma fresadora
CNC.

Figura 03 Fresadora RF-45 convertida em CNC.


Fonte: WARFIELD [18].

WARFIELD [18] realizou a converso da seguinte forma, primeiramente poliu


as superfcies de contato das guias rabo de andorinha dos trs eixos, em seguida, criou
um sistema de lubrificao usinando ranhuras nas superfcies de contato das guias e
furos nas superfcies laterais das guias, por onde o leo era injetado utilizando-se uma
bomba de leo.
Para aumentar a rigidez da mquina, WARFIELD [18] preencheu a parte
inferior de sua base com um compsito chamado granito Epxi, composto por 62%
(sessenta e dois por cento) de brita, 23% (vinte e trs por cento) de areia, e 15% (quinze
por cento) de resina Epxi, estas so propores mssicas. A parte inferior da coluna
tambm foi preenchida com este material. WARFIELD [18] fabricou ps para
nivelamento utilizando discos de hquei.
Visando melhorar a preciso dos deslocamentos, utilizou fusos com dimetro
primitivo de 0,75, e passo de 0,2, com castanhas de esferas recirculantes. O sistema
de acionamento manual dos fusos foi suprimido, e foi utilizado um servo motor para o
acionamento computacional de cada um dos trs eixos. Devido escolha deste tipo de
motor, foi necessrio a utilizao de um sistema de controle bastante complexo, e a
interface entre o operador e o sistema de controle, foi feito atravs do programa Mach3.
O acoplamento dos motores s extremidades dos fusos, foram feitos atravs de sistemas
reduo com correias dentadas.
A EAS [20], uma pequena empresa americana da rea de eletrnica e robtica,
trabalha principalmente com projeto, fabricao e venda de circuitos eletrnicos
impressos. Em seu site da internet, mostram como converteram uma pequena fresadora
manual em uma micro fresadora de controle numrico computadorizada.
Para esta converso utilizaram trs motores de passo modelo NEMA 23 com
torque de 2 N.m (dois Newton metro). O fuso vertical original foi substitudo por um
fuso de esferas recirculantes, montado com pr carga, para minimizar as folgas. Para os
fusos horizontais foram fabricadas novas castanhas de um polmero chamado resina
poliacetal, com isso houve o aumento da rea de contato entre os fusos e suas
respectivas castanhas, esta foi outra maneira encontrada para reduzir as folgas na
transmisso do movimento.
Outra alterao feita foi a substituio das placas para ajuste da mesa, os gibs,
que originalmente eram de ao, por placas de lato, pois o lato apesar de possuir um
desgaste superficial maior que o do ao, possui coeficiente de atrito menor, com isso o
torque necessrio para o acionamento dos fusos foi reduzido.
9

O fuso vertical movimenta todo o cabeote da mquina, para minimizar o esforo


necessrio para mover o cabeote, foi utilizado neste projeto um sistema de contrapesos.
A figura 04 ilustra a montagem final da micro fresadora CNC adaptada pela EAS [20].

Figura 04 Pequena fresadora manual convertida em micro fresadora CNC.


Fonte: EAS [20].

Os trs projetos mostrados anteriormente possuem uma srie de caractersticas


semelhantes s do projeto que ser desenvolvido nos prximos captulos. Porm
existem tambm considerveis diferenas em cada um deles. Nos dois primeiros
projetos mostrados a principal diferena conceitual com relao a este projeto a
escolha do tipo de motor, nos dois casos os motores escolhidos foram do tipo servo
motor, enquanto que neste trabalho, foi feita a opo de utilizao de motores de passo,
10

como ser posteriormente justificado. Conceitualmente, o terceiro projeto o que mais


se assemelha a este, porm em uma escala reduzida, tendo em vista que a MR-205
uma mquina bem maior que a fresadora convertida pela EAS [20].

2.2. Microtrocadores de Calor


Estudos anteriores foram feitos sobre a geometria e a operao de tais sistemas
para o arrefecimento das clulas fotovoltaicas. CORRA [7] props para tal, um
modelo otimizado atravs da plataforma computacional CFX da ANSYS.
As principais caractersticas do microtrocador de CORRA [7] so: trocador de
calor de cobre, composto por rebaixo para colocao de oring, poos de distribuio de
entrada e de sada de fluido refrigerante, e dezoito canais retangulares de 381 m
(trezentos e oitenta e um micrometros) de largura por 945 m (novecentos e quarenta e
cinco micrometros) de altura por 10 mm (dez milmetros) de comprimento. O fluido
utilizado a gua, e no deve haver mudana de fase da mesma no interior do
microtrocador, portanto, a mxima temperatura do fluido foi fixada em 95,15 C. O
modelo proposto por CORRA [7] ilustrado pela figura 05.

Figura 05 Vista do microtrocador de calor proposto por CORRA [7].


Fonte: GUERRIERI [6].

Para viabilizar a fabricao do microtrocador de calor proposto anteriormente,


GUERRIERI [6] props que fossem feitas algumas alteraes de ordem operacional no
mesmo. No microtrocador proposto e fabricado por GUERRIERI [6] o rebaixo para a
colocao de oring foi suprimido, e a vedao deste novo modelo de trocador foi feita
11

por presso em superfcies de baixa rugosidade. Esta alterao possibilitou o aumento


do comprimento dos canais que passaram a ter doze milmetros ao invs dos dez
milmetros originais, aumentando assim a rea de troca trmica.
Outra adaptao necessria, foi na largura dos canais do microtrocador de calor,
CORRA [7] havia proposto em seu modelo otimizado um canal com 381 m
(trezentos e oitenta e um micrometros) de largura, porm no havia nenhuma ferramenta
com esta dimenso. Foi definido ento que o canal passaria a ter 400 m (quatrocentos
micrometros) de largura, pois esse era o dimetro da ferramenta com dimenses mais
prximas s projetadas originalmente.
GUERRIERI [6] projetou e fabricou tambm uma tampa para o micro trocador,
o material utilizado foi tambm o cobre, e na superfcie da tampa haviam dois pinos
proeminentes nos quais eram acoplados os tubos para entrada e sada de lquido.
Enfim, o microtrocador de calor fabricado por GUERRIERI [6] ficou com a
seguinte geometria ilustrada na figura 06.

Figura 06 Vista do microtrocador de calor fabricado por GUERRIERI [6].


Fonte:GUERRIERI [6].

GUERRIERI [6] fabricou seu microtrocador de calor utilizando principalmente a


micro fresadora, da seguinte forma, primeiramente a partir de uma barra chata de cobre
eletroltico com espessura de 1/8 in (um oitavo de polegada) foi cortada manualmente
utilizando-se um arco de serra, uma pastilha de 23 mm (vinte e trs milmetros) por 27
mm (vinte e sete milmetros), esta partilha foi utilizada para fabricar a base do
microtrocador. De forma anloga, utilizando uma barra do mesmo material anterior,

12

porm com espessura de 1/4 in (um quarto de polegada), foi cortada uma pastilha para
fabricao da tampa do microtrocador.
A primeira pastilha foi fixada mesa da micro fresadora atravs de uma morsa e
utilizando uma fresa de topo com dimetro de 2,032 mm, foi feito o faceamento dos seis
lados da pastilha, formando finalmente uma pastilha de 3 mm (trs milmetros) de
espessura, por 21 (vinte e um milmetros) de largura, por 25,5 mm (vinte e cinco
milmetros e meio) de comprimento, com faces planas, garantindo devido paralelismo e
perpendicularidade entre cada uma delas.
Em seguida, a ferramenta foi substituda por outra fresa de topo, com dimetro
de 1,016 mm com a qual foram usinados os dois poos de distribuio de fluido.
Substituindo novamente a ferramenta por outra fresa de topo de 400 m (quatrocentos
micrometros) de dimetro, foram usinados os dezoito canais.
Para finalizar a fabricao da base, foram feitos em uma furadeira de bancada,
montada com uma broca de 1,6 mm (um virgula seis milmetros) de dimetro, quatro
furos passantes em cada uma das extremidades da pea. Em cada um desses furos foram
abertas roscas M 2 (rosca mtrica de dois milmetros de dimetro), utilizando-se um
macho. E por ltimo a superfcie da base do microtrocador, que ficar em contato com a
tampa, foi lixada com uma lixa dgua nmero 1500, reduzindo assim sua rugosidade
superficial.
Em seguida, a segunda pastilha foi fixada mesa da micro fresadora, da mesma
forma que a anterior. Com uma fresa de topo de 2,032 mm, foi feito o faceamento das
quatro superfcies laterais da pea, e de sua superfcie inferior Na sexta superfcie foi
feito um fresamento de desbaste, de maneira a formar uma pastilha com 2 mm (dois
milmetros de espessura), com dois pinos proeminentes em sua superfcie, para entrada
e sada de fluido.
Finalizando a fabricao da tampa, foram feitos em uma furadeira de bancada,
montada com uma broca de 2 mm (dois milmetros) de dimetro, quatro furos passantes
em cada uma das extremidades da pea para fixao, e dois furos passantes um em cada
pino proeminente para entrada e sada de fluido. Por ltimo a superfcie inferior da
tampa do microtrocador, que ficar em contato com a base, foi lixada com uma lixa
dgua nmero 1500, de maneira anloga ao que foi feito na base.

13

3. Furadeira Fresadora MR-205


A mquina estudada neste trabalho a furadeira fresadora MR-205, que uma
mquina manual de mdio porte, fabricada na China e vendida no Brasil pela Manrod.
uma mquina robusta que possui trs graus de liberdade de translao ( X, Y e Z ),
e seu movimento em cada uma dessas direes feito sobre guias rabo de andorinha e
atravs de fusos de perfil trapezoidal e passo de dois milmetros e meio. Os dois fusos
horizontais so acionados manualmente por volantes com manivelas, acoplados
diretamente nas extremidades dos fusos. O fuso vertical acionado manualmente
atravs de uma manivela, acoplada a um sistema de engrenagens cnicas de 45,
permitindo com isso que o torque aplicado em uma direo normal a do fuso, possa
movimenta-lo verticalmente. A figura 07, seguir, lustra a MR-205.

Figura 07 Furadeira fresadora MR-205.


Fonte: www.palaciodasferramentas.com.br

Alm dos trs graus de liberdade, o cabeote sustentado por um colar que permite
a rotao de todo o cabeote, possibilitando assim a usinagem em ngulos que variam
de menos noventa graus a mais noventa graus.
14

No interior do cabeote h tambm um fuso secundrio, que movimenta apenas o


suporte da ferramenta na direo vertical, utilizado para o ajuste fino do posicionamento
vertical da ferramenta. Este fuso utilizado quando necessrio medir o deslocamento
vertical da ferramenta, pois na frente dele h uma rgua que indica o quanto ele
avanou. possvel acion-lo atravs de duas manivelas, a maior normalmente
utilizada para controlar o avano em operaes de furao, j a manivela menor
normalmente utilizada para controlar a profundidade de corte em operaes de
fresamento. A figura 08 mostra em detalhes esses componentes em uma vista da parte
frontal do cabeote.

Figura 08 Detalhe da parte frontal do cabeote da MR-205.


Fonte: Imagem adaptada da Internet.

A mesa de coordenadas possui uma superfcie onde as peas a serem usinadas


podem ser fixadas atravs de ranhuras T. O comprimento da mesa de coordenadas
de 730 mm (setecentos e trinta milmetros), e a largura de 210 mm (duzentos e dez
milmetros), porm seu curso til bem menor, devido existncia de limitadores de
curso a mesa tem liberdade para se mover por apenas 500 mm (quinhentos milmetros)
em uma das direes e por 175 mm (cento e setenta e cinco milmetros) na outra
direo, conforme mostrado na figura 09.

15

Figura 09 Detalhe do curso til da mesa de coordenadas da MR-205.


Fonte: Imagem adaptada da Internet.

Verticalmente o curso do fuso contido no interior da coluna de 570 mm


(quinhentos e setenta milmetros), e o curso do fuso para ajuste fino, contido no interior
do cabeote de 120 mm (cento e vinte milmetros). Porm o curso til vertical a
distancia mxima entre a ponta do eixo rvore e a mesa de coordenadas, portanto seu
valor mximo de 475 (quatrocentos e setenta e cinco milmetros), conforme figura 10.

Figura 10 Detalhe do curso til vertical da MR-205.

16

A mquina possibilita operaes de: furao com dimetros de at quarenta e cinco


milmetros, fresamento de topo com dimetros de at vinte e oito milmetros, e
faceamento com dimetros de at oitenta milmetros. O equipamento possui um encaixe
interno para Cone Morse n4 atravs do qual as ferramentas so acopladas a mquina,
diretamente ou com o auxilio de acessrios como madril e pinas.
O movimento de rotao da ferramenta executado por um motor eltrico trifsico
com potncia de um e meio HP acoplado a uma caixa de engrenagens variadora de
velocidades que permite seis combinaes diferentes como mostrado na tabela 1.
Tabela 01 Velocidades do eixo arvore em rpm.
L

120 rpm

210 rpm

345 rpm

II

670 rpm

1180 rpm

1970 rpm

Na tabela so mostrados os valores possveis de velocidades, do cabeote, para


frequncia de 60 Hz.
Esta mquina, com as configuraes originais de fabrica, no pode ser utilizada para
fabricao de peas em uma escala reduzida, o principal motivo para tal limitao no
so as dimenses das ferramentas, mas sim a preciso do posicionamento e
deslocamento das mesmas, isto ocorre porque os fusos trapezoidais possuem uma folga
elevada.
Alm disso, operando a mquina manualmente, o nvel de complexidade das peas
que podem ser fabricadas, bem baixo e o tempo de fabricao elevado.
Ento, visando minimizar as folgas da mquina para usinar com a devida preciso
peas em escala reduzida, com geometrias complexas e em um curto tempo, foi
elaborado um projeto para converter a MR-205 em uma fresadora CNC.

17

4. Projeto de Converso
4.1. Descrio Geral
O projeto consiste em converter a furadeira fresadora manual descrita anteriormente,
em uma fresadora de comando numrico, que possibilite a fabricao em srie de peas
em microescala com a devida preciso.
Para isso, primeiramente precisamos adotar um referencial, que ser definido de
forma que o plano XY estar localizado sobre a superfcie da mesa do coordenadas,
sendo: o eixo X paralelo ao fuso horizontal que faz com que a mesa se movimente para
frente e para trs, e o eixo Y paralelo ao fuso horizontal que faz com que a mesa se
movimente lateralmente. O eixo Z dever coincidir com o eixo central do cabeote,
onde as ferramentas sero fixadas, ou seja, ser paralelo ao fuso vertical.
O sentido do eixo Z apontar de baixo para cima, e o sentido do eixo X apontar da
parte posterior da mquina para a parte frontal da mquina. Como se trata de um sistema
de coordenadas cartesiano, tendo sido definidos os sentidos dos eixo X e Z, o sentido do
eixo Y s poder ser apontando da esquerda para a direita, do ponto de vista de
observador parado em frente a mquina. O referencial adotado fica claro observando-se
a figura 11, seguir.

Figura 11 Sistema de coordenada cartesiano adotado.


Fonte: Imagens adaptadas da Internet.

18

4.2. Especificaes de Projeto

Ser feita a automao da fresadora, porm sero abordados por este projeto apenas
os deslocamentos nas trs direes X, Y, e Z. No sendo consideradas neste projeto as
possveis rotaes do cabeote, nem movimentaes do fuso secundrio. Quando a
mquina operar controlada computacionalmente, ter trs graus de liberdade, e a
posio do cabeote ser fixada, com ngulo de rotao igual a zero grau. J o porta
ferramentas, movimentado pelo fuso secundrio, ser fixado de forma que a ponta onde
as ferramentas so acopladas fique o mais prximo possvel do cabeote, esta posio
foi definida com intuito de diminuir vibraes da ferramenta. Quando a mquina estiver
em operao. Porm caso opte-se por sua operao manual, estas partes podero ser
utilizadas da mesma forma que se fazia no equipamento original.
A maquina original apresenta folga acentuada no deslocamento da mesa nas
direes X e Y, sendo na direo X uma folga de 0,30 mm e na direo Y a folga
ainda maior, igual a 1,85mm. Estes valores foram quantificados utilizando-se os colares
com escala, de ambas as direes, que serve para medir deslocamentos lineares da mesa
horizontal.
O procedimento foi o seguinte, primeiro giramos o manpulo em sentido horrio, at
que a mesa comeasse a se mover, em seguida o colar foi fixado ao manpulo na
posio zero, por fim giramos o manpulo no sentido anti-horrio at que a mesa
estivesse na eminencia de se movimentar. A folga do fuso definida como este percurso
no qual o fuso se movimenta, porm no gera movimentao linear da mesa. Na figura
12, possvel verificar fotos desta tomada de dados, onde pudemos ver que a folga em
X menor que um oitavo de volta, enquanto que em Y quase trs quartos de volta,
considerando que o passo do fuso de 2,5 mm (dois e meio milmetros), foi feita a
leitura dos valores lineares da folga citados anteriormente.

19

a)

b)
Figura 12 Folga dos fusos horizontais.

a) Folga na direo X; b) Folga na direo Y.

Operando o equipamento manualmente ficou claro que essas folgas no seriam


aceitveis em uma fresadora CNC. Primeiramente porque mesmo na operao manual,
quando a fora de corte aumentava a mesa se deslocava na direo oposta a de avano
dando um tranco que quebrava a ferramenta.
Caso os fusos fossem mantidos, essas folgas provocariam o mesmo problema na
CNC, mas com o uso do comando numrico haveria mais um agravante, que seria a
perda da preciso do posicionamento da ferramenta, aps o tranco da mesa a ferramenta
no estaria mais onde o programa considerava que ela esteva. Assim sendo, seria
necessrio um controle de malha fechada do posicionamento da ferramenta, com
sensores retroalimentando o programa a todo instante com informaes sobre o
posicionamento real da ferramenta.
Para resolver definitivamente o problema das folgas nos fusos, que fazia com que as
ferramentas se quebrassem, e diminua a preciso das peas fabricadas, foi definido que
os fusos de rosca trapezoidal existentes deveriam ser substitudos por fusos de esferas
recirculantes, com folgas axial e radial igual a zero. A folga zero uma opo de
montagem deste tipo de fuso, e por esse motivo a castanha no deve ser desacoplada do
fuso aps ter sido feita a montagem com folga zero.
O acionamento dos fusos se dar atravs do acoplamento direto de motores de passo
em uma das extremidades de cada um dos fusos principais, porm ser mantida a opo
do acionamento manual atravs de manivelas ou manpulos.
20

O sistema de controle de mquinas de comando numrico pode ser de dois tipos:


controle de malha aberta e controle de malha fechada. O controle de malha aberta
mais simples e mais barato que o controle de malha fechada, pois neste tipo de sistema
no so utilizados sensores para monitorar o posicionamento da ferramenta durante a
operao de usinagem. Neste sistema, o motor deve ser necessariamente o de passo, por
se tratar de um motor com alta preciso em seu posicionamento. A figura 13 mostra
esquematicamente um sistema de controle de malha aberta

Figura 13 Sistema de controle de malha aberta.


Fonte: figura da apostila SILVEIRA [8].

J quando utilizado um sistema de controle de malha fechada, no h a


necessidade de se utilizar um motor de passo, pois h transdutores monitorando e
reajustando

continuamente

posio

da

ferramenta.

figura

14

mostra

esquematicamente um sistema de controle de malha fechada.

Figura 14 Sistema de controle de malha fechada.


Fonte: figura da apostila SILVEIRA [8].

Foi feita a opo pela utilizao do motor de passo, devido justamente preciso de
seu posicionamento, que propicia a utilizao de um sistema de controle de malha

21

aberta. Sistema esse, mais simples e mais barato que o sistema de malha fechada, que
deveramos utilizar, caso optssemos por um servo motor. Em um micro computador
convencional, sero instaladas trs placas controladoras (driver controlador do motor de
passo), compatveis com os motores selecionados, uma para comandar o funcionamento
de cada um deles.
As movimentaes horizontais da mesa no necessitam de um torque muito elevado,
operando manualmente a mquina possvel movimentar as mesas facilmente sem
grande esforo fsico, isto ocorre pois todo o peso das prprias mesas e o peso da pea a
ser usinada so descarregados sobre as guias rabo de andorinha. Havendo uma
lubrificao adequada entre as superfcies da guia, o atrito diminui e com isso o torque
necessrio para mover a mesa tambm diminui. A figura 15 mostra um detalhe da mesa
de coordenadas.

Figura 15 Detalhe da mesa de coordenadas.


Fonte: Imagem adaptada da Internet.

Porm a movimentao vertical, atravs do fuso principal, requer um torque


bastante elevado, tendo em vista que todo o peso do cabeote descarregado sobre o
fuso da direo Z. Para que no haja um esforo excessivo sobre o novo fuso Z, e
tambm, para que no seja necessria a utilizao de um motor de passo com o torque
muito elevado, dever ser criado um sistema de contrapesos, para minimizar o esforo
necessrio para mover o cabeote.
Para automatizar a mquina, porm manter a opo do acionamento manual dos trs
fusos, sero necessrias algumas alteraes adicionais no equipamento original,

22

principalmente no sistema de movimentao na direo X. Foi feita esta opo por


manter o acionamento manual para que a mquina seja ainda mais verstil.
A principal dificuldade para se seguir esta opo de projeto na direo X que o
fuso desta direo fica posicionado no interior da base, e no atravessa toda a extenso
da mesma. Originalmente, uma das extremidades do fuso X atravessa a parte frontal da
base, e um volante acoplado esta extremidade, enquanto a outra extremidade fica
livre, porm no interior da base, em uma regio de difcil acesso, como mostrado na
figura 16. Acoplar o motor de passo da direo X nesta regio, no seria desejvel, pois
dificultaria bastante a manuteno do mesmo, j que para acessa-lo, seria necessrio
desmontar ou iar toda a mquina.

Figura 16 Detalhe da Base.

A soluo encontrada para essa questo que o novo fuso da direo X tenha um
comprimento maior que o fuso original, de forma que possa atravessar toda a extenso
da base. Desta forma, extremidade frontal do novo fuso ser acoplado o volante
original, mantendo-se assim a opo do acionamento manual. J a outra extremidade do
fuso dever atravessar a parte posterior da base, na qual dever ser aberto um furo para
permitir a passagem do fuso. esta extremidade livre e acessvel do novo fuso X, ser
acoplado o motor de passo da direo X.
Um suporte para o motor dever ser fabricado, este ser fixado parte posterior da
base. Alm disso, h tambm a necessidade de fabricao de um suporte para a nova
castanha X, este suporte dever fixar a castanha parte inferior da mesa X

23

Na direo Z, a soluo mais simples, o fuso ser substitudo, porm a ponta


inferior do novo fuso ser acoplada no sistema de engrenagens cnicas j existente,
original da mquina, mantendo assim a possibilidade do acionamento manual nesta
direo. outra extremidade deste fuso, que originalmente era uma extremidade livre,
ser acoplado o motor de passo da direo Z. Para este caso tambm ser necessria a
fabricao de um suporte para o motor, que ser fixado na parte superior da coluna, e
um suporte para a nova castanha Z, que ter como funo acoplar o cabeote castanha
Z.
A soluo na direo Y tambm bastante simples, uma das extremidades do novo
fuso dever ser acoplada ao volante existente, mantendo a opo do acionamento
manual, na outra extremidade, originalmente acoplada a outro volante, dever ser
acoplado o motor de passo da direo Y. Haver tambm, como nos casos anteriores, a
necessidade de fabricao de duas peas, um suporte para o motor, que dever ser
fixado em uma das extremidades da mesa Y, e um suporte para a castanha Y, que
dever fixar a castanha Y ao centro da parte superior da mesa X.
A figura 17 ilustra em duas vista, de maneira geral, como ficar a mquina aps a
execuo das adaptaes descritas acima. Mais frente, neste trabalho, cada um dos
componentes alterado ou fabricado sero mostrados em detalhes.

Figura 17 Vistas da MR-205 aps ser convertida em CNC.


24

4.3. Seleo dos Principais Componentes


4.3.1. Fusos de Esferas Recirculantes

O fuso um elemento que transforma movimento de rotao em movimento linear


ou transforma movimento linear em movimento de rotao. Fusos de esferas
recirculantes exercem essa funo com altssima eficincia devido ao baixo atrito. Seu
rendimento mecnico, segundo o catlogo da HIWIN [15], pode ser superior a noventa
por cento, na figura 18 mostrado um grfico, no qual so comparados os rendimentos
mecnicos tpicos de fusos convencionais com rosca trapezoidal, com os rendimentos
mecnicos tpicos de fusos de esferas recirculantes, para determinados ngulos de
hlice.

Figura 18 Rendimento mecnico de fusos trapezoidal e de esferas.


Fonte: Catalogo ENGROJ [14].

Essa eficincia elevada diminui o torque de acionamento necessrio para um


determinado servio. Segundo ENGROJ [14], o torque de acionamento
calculado partir da carga de trabalho
passo

pode ser

, necessria para movimentaes lineares, do

do fuso, e do rendimento mecnico do fuso, com a seguinte equao:

sendo:

[ ],

]e

[ ].

25

Para que possamos selecionar adequadamente os fusos, precisamos primeiro


entender e estudar o efeito de cada uma das operaes de usinagem nos componentes de
uma fresadora, e para isso devemos definir o que so, e como se calcula alguns
parmetros de corte.
Em operaes tanto de furao quanto de fresamento, h uma srie de movimentos
relativos entre a ferramenta, ou melhor dizendo, entre a aresta cortante e a pea, porm
nem todos resultam diretamente na retirada de cavaco. O movimento diretamente
responsvel pela sada de cavaco o chamado movimento efetivo de corte, e
resultante dos movimentos de avano e de corte, realizados simultaneamente.
Fixando-se um ponto de referncia em uma das arestas principais de corte da
ferramenta podemos definir a velocidade de corte

como a velocidade instantnea

deste ponto na direo e sentido do movimento de corte. J a velocidade de avano


pode ser definida como a velocidade instantnea da ferramenta na direo e sentido do
movimento de avano. A resultante da soma vetorial destas duas velocidades a
velocidade efetiva de corte

, ou seja, a velocidade instantnea do ponto de referncia

da aresta principal de corte, na direo instantnea do movimento efetivo de corte.


partir do nmero

de rotaes por unidade de tempo do motor, responsvel pelo

movimento de rotao da ferramenta, e do dimetro

da ferramenta, podemos calcular

a velocidade de corte com a seguinte frmula:


[

O avano

sendo:

]e

].

a grandeza de corte que indica o percurso de avano por revoluo da

ferramenta, e pode ser calculado partir da velocidade de avano e do nmero

de

rotaes da ferramenta, segundo a seguinte frmula:


[

sendo:

]e

].

O avano por dente, como o prprio nome j diz, a grandeza de corte que indica o
percurso de avano por dente ou por aresta principal de corte da ferramenta.
No caso de operaes de furao, sabemos que brocas possuem duas arestas
principais de corte, logo, o avano por dente nestes tipos de operao igual a metade

26

do avano. J em operaes de fresamento, o avano por dente depende do numero de


dentes da ferramenta em questo, e pode ser calculado da seguinte forma:

sendo:

]e [

].

Os maiores esforos que podero ser exercidos sobre os fusos horizontais so


oriundos da foras de avano em cada uma das direes nas operaes de fresamento de
topo, j no fuso vertical, aps a instalao do sistema de contrapesos, o peso do
cabeote no ser mais descarregado sobre o fuso, assim sendo, o principal esforo que
poder atuar sobre ele ser oriundo da fora de avano nas operaes de furao.
Os principais materiais utilizados rotineiramente no laboratrio so: ao, alumnio,
lato, e cobre. Dentre esses quatro, o material que requer maior esforo para sua
usinagem, o ao, por essa razo, iremos calcular as foras de avano na usinagem do
ao SAE 1020.
Para operaes de fresamento, podemos utilizar algumas tabelas e diagramas para
determinar aproximadamente a magnitude mxima da fora de avano. Segundo
[

diagramas de FERRARESI [1], para ao SAE 1020, avano


[

profundidade de corte

],

], temos:
[ ]

Em operaes de furao, a broca submetida principalmente duas foras, a fora


de corte

e a fora de avano

. A fora de avano atua na direo axial da broca,

enquanto a fora de corte normal aresta principal de corte. A fora de corte atua
distribuda simultaneamente sobre as duas arestas principais de corte, e gera momento
toror

na broca. Existe uma srie de frmulas empricas para o clculo da foras de

avano e do momento toror.


Uma das frmulas empricas para o clculo do momento toror em brocas, foi
proposto por Kronenberg, para furao em cheio. Segundo a equao de Kronenberg, o
momento toror varia em funo do dimetro
de trs coeficientes

da broca, do avano

da ferramenta, e

e , da seguinte forma:
[

sendo:

]e

].
27

Os coeficientes da equao de Kronenberg dependem das caractersticas do material


usinado. Existem tabelas com valores determinados experimentalmente para esses
coeficientes para usinagem de uma srie de materiais.
Analogamente formula proposta por Kronenberg para o clculo do momento
toror, H. Daar props uma formula para a o clculo da fora de avano em operaes
de furao em cheio. Segundo a equao de H. Daar, a fora de avano varia em funo
do dimetro

da broca, do avano

da ferramenta, e de trs coeficientes

da seguinte forma:
[

sendo:

]e

].

Os coeficientes da equao de H. Daar, assim como os da equao de Kronenberg,


tambm dependem das caractersticas do material usinado, e possvel encontrar em
tabelas valores de tais coeficientes determinados experimentalmente para usinagem de
uma srie de materiais. Segundo H. Daar, para furao em cheio de ao SAE 1020,
temos:

Considerando as condies de trabalho como as mais rigorosas possveis, teremos o


dimetro da broca como sendo o dimetro mximo recomendado pelo fabricante da
mquina para operaes de furao, e o nmero de rotaes por unidade de tempo do
motor responsvel pela rotao da ferramenta como sendo o valor mximo que a
mquina alcana. Ou seja:
[

Utilizando-se uma velocidade de avano de 1,5 mm/s (um milmetro e meio por
segundo), encontramos o seguinte valor para o avano:

28

Com isso, temos:


[

[ ]

Tendo sido calculadas as magnitudes dos principais esforos atuantes sobre cada um
dos fusos, utilizamos um fator de segurana de uma vez e meia sobre os valores
calculados. Assim, selecionamos um mesmo modelo de fuso que pudesse atender s
necessidades das trs direes, e que aliasse maior capacidade de carga dinmica e
melhor preciso, isto , maior dimetro com menor passo. Com isso, as caractersticas
do fuso selecionado so: dimetro primitivo de vinte e cinco milmetros e passo de
cinco milmetros.
A castanha selecionada foi do modelo FSI, isto , uma castanha com flange
bifiletado e recirculador de esferas interno. Levando em conta que a mquina possui
uma severa limitao de espao nos locais onde sero posicionadas as novas castanhas,
dentre as opes encontradas venda para pronta entrega no mercado brasileiro, este
modelo foi o de menor dimenso.
As informaes completas sobre o fuso e a castanha selecionados, encontram-se
no Apndice II Catlogo dos Fusos. A figura 19 ilustra a geometria da castanha que
ser utilizada.

29

Figura 19 Castanha modelo FSI.


Fonte: Catalogo ENGROJ [15].

Ento, aps terem sido definidas todas as especificaes dos fusos e das
castanhas que sero utilizados, foi possvel calcular o valor do torque de acionamento de
cada um deles. Estimando, para o pior dos casos, a eficincia do fuso em torno de
noventa por cento, e considerando a carga de trabalho
movimentaes lineares como sendo igual a fora de avano
horizontais temos:
,

, necessria para
. Para ambos os fusos

, e para o fuso vertical temos:

. Onde

so respectivamente as cargas de trabalho para movimentaes lineares

horizontal e vertical. Assim, o torque de acionamento de cada um dos fusos horizontais


e do fuso vertical

, so:

4.3.2. Motores de Passo

O motor de passo um transdutor, que converte pulsos eltricos em movimento


mecnico de rotao. A cada pulso de excitao, o rotor do motor de passo
rotacionado em um pequeno ngulo incremental. Esse ngulo possui um valor fixo e
muito preciso, e o chamado passo do motor. Esta caracterstica a principal vantagem
da utilizao de motores de passo, pois possibilita um eficiente controle de
posicionamento podendo assim ser utilizado com sistema de controle de malha aberta.
Podemos classificar os motores de passos , quanto a sua estrutura, em trs tipos:
motores de relutncia varivel (VR Variable Reluctance); motores de m permanente
(PM Permanent Magnet), e motores hbridos (Hb - Hybrid). A figura 20 ilustra cada
um destes motores.

30

a)

b)

c)

Figura 20 Tipos de motores de passo.


a) de relutncia varivel; b) de m permanente; c) hibrido.
Fonte: Imagens adaptadas da Internet.

O motor de passo de relutncia varivel no possui m permanente, e por essa


razo no sensvel polaridade da corrente. Sendo assim, seu driver controlador
diferente dos drivers dos demais tipos de motores. pouco utilizado industrialmente.
O motor de passo de im permanente o tipo mais simples de motor de passo.
Comparado aos outros tipos de motor, seu passo grande, e ele opera com baixo torque
e em baixa velocidade. Porm seu custo baixo, e por esse motivo um motor
largamente utilizado em aplicaes no industriais.
O motor de passo do tipo hbrido, como o prprio nome sugere, uma
combinao dos dois tipos de motores anteriores. o tipo de motor de passo mais
comumente utilizado em aplicaes industriais.
Tendo sido calculado no item anterior o torque necessrio para movimentar
linearmente cada um dos fusos e executar operaes de usinagem, pudemos determinar
o modelo do motor de passo mais adequado esses valores.
Levando em considerao que o valor mximo calculado para torque de
acionamento de 6,6 N.m ( seis virgula seis Newtons metro), e analisando catlogos de
alguns fabricantes de motores de passo, foram selecionados trs motores do tipo Nema
34 com torque mximo de 9 N.m (nove Newtons metro), um para cada eixo. Este
modelo de motor foi escolhido pois era o menor capaz de atender ao torque de
acionamento necessrio em cada um dos trs eixos. A curva de torque por velocidade
deste modelo escolhido podem ser observadas no catlogo do fabricante, Apndice II.

31

As principais caractersticas do modelo escolhido so: um motor de passo do


tipo hbrido e a cada passo seu eixo rotaciona-se num ngulo de 1,8 graus, com isso,
totaliza duzentos passos por rotao do eixo, seu holding torque de 9 N.m (nove
Newtons metro), e possui um eixo de meia polegada de dimetro. A figura 21 ilustra o
motor escolhido:

Figura 21 Motor de Passo Nema 34.


Fonte: Imagem adaptada da Internet.

4.3.3. Sistema de Controle

As placas controladoras dos motores (ou Drivers) foram compradas no mesmo


fornecedor dos motores. Foram escolhidas placas fabricadas no Brasil, compatveis com
os motores selecionados e tambm com o software Mach 3. Este software o mesmo
utilizado na micro fresadora. Como um dos objetivos deste trabalho fazer com que a
MR-205, aps ser convertida em CNC, tenha a operao similar micro fresadora,
extremamente desejvel que possa ser operada utilizando-se a mesma interface.
A empresa que nos forneceu os motores e os drivers controladores j oferece
comercialmente todo o sistema de controle para converses de mquinas ferramentas
manuais em mquinas CNCs. Este sistema vem montado em um gabinete prprio para
tais converses com 600 mm (seiscentos milmetros) de altura, por 500 mm (quinhentos
milmetros) de largura, por 250 mm (duzentos e cinquenta milmetros) de profundidade,
dotado de boto de emergncia com trava. A figura 22 uma foto do interior do
gabinete, e mostra todos os componentes do sistema de controle.

32

Figura 22 Sistema de Controle.

seguir foram listados os detalhes da especificao de cada um dos


componentes do sistema de controle mostrado acima.
Trs Drivers controladores modelo DSMU 080, com alimentao de 40 Vcc
(quarenta Volts com corrente contnua) 80 Vcc (oitenta Volts com corrente
contnua), cujo catlogo encontra-se no Apndice II;
Uma placa Opto isoladora modelo LPTOP-05, com cinco entradas e doze
sadas, e alimentao de 5 Vcc (cinco Volts com corrente contnua);
Uma fonte linear com tenso de entrada de 220 V (duzentos e vinte Volts),
tenso de sada de 67 Vcc (sessenta e sete Volts com corrente contnua), e
corrente de sada de 15 A (quinze Ampres);
Uma fonte com entrada bivolt, tenso de sada de 5 Vcc (cinco Volts com
corrente contnua) e corrente de sada de 1 A ( um Ampre);
Uma CPU industrial composta por uma placa me modelo GA-C847N-S2,
com processador Celeron Dual Core, memria RAM de 4 Gb (quatro Giga
bytes), e dispositivo de armazenamento SSD Sata de 60 Gb (sessenta Giga
bytes), com os programas Windows 7 Profissional e Mach3 instalados.

O programa Mach 3 um programa comercial, amplamente utilizado na


industria nos mais diversos tipos de mquinas com controle numrico computadorizado.
Este software l e interpreta um determinado programa gerado em G-code (linguagem
especfica de mquinas CNCs, definida pela norma ISO 6983) e emite sinais para os
33

drivers controladores, indicando deslocamento, direo e sentido. A figura 23 mostra a


pgina principal de trabalho do programa Mach 3.

Figura 23 Tela do programa Mach 3.

O programa em G-code pode ser escrito diretamente no Mach 3 ou pode-se


utilizar um outro software chamado CAD/CAN, que l e interpreta um desenho CAD
3D, e gera um programa em G-code. Alguns tipos de CAD/CAN possuem ferramentas
de desenho embutidas, de forma que o desenho em 3D da pea a ser produzida pode ser
feito no prprio CAD/CAN, sem que seja necessria a utilizao de outro software para
elaborao do desenho em CAD.

34

5. Execuo das Adaptaes


Quando foi iniciada a execuo das adaptaes, ficou claro que algumas peas
originais da mquina deveriam sofrer adaptaes para que pudessem atendessem s
novas necessidades do equipamento.
Os principais motivos para estas adaptaes foram as dimenses do flange bifiletado
da castanha, que no eram compatveis com os espaos onde deveriam ser acoplados, e
a questo da necessidade de se criar uma sequncia de desmontagem da mquina com a
qual no fosse necessrio o desacoplamento dos fusos de suas respectivas castanhas. J
que caso seja necessrio o desacoplamento destas peas, h uma sequncia complexa de
operaes indicadas pelo fabricante, que devem ser realizadas para que posteriormente
seja possvel executar o reacoplamento delas.
A maquina originalmente era desmontada desacoplando primeiro os mancais da
mesa Y, e em seguida desacoplando o fuso da direo Y de sua castanha. Aps esse
procedimento ser realizado, a mesa Y j estava solta e apenas apoiada sobre sua guia
rabo de andorinha, e podia ento ser retirada puxando-a para um dos lados sobre a guia.
Assim que a mesa Y era retirada, era possvel ento retirar a castanha pertencente ao
fuso desta direo, pois essa pea ficava exposta parafusada sobre a mesa X.
Em seguida, podia-se continuar a desmontagem da mquina repetindo-se
praticamente os mesmos procedimentos anteriores na mesa X. Primeiro o mancal era
desacoplado da mesa, em seguida o fuso era desacoplado da castanha, a mesa ficava
apenas apoiada sobre a guia, porm diferente do primeiro caso era necessrio soltar a
castanha do fuso da direo X antes de puxar a mesa sobre a guia, pois esta castanha
fica parafusada na parte inferior da mesa X, no interior da base, e funcionava como um
limitador de curso para esta direo.
Com a utilizao do fuso de esferas recirculantes, esta sequncia para desmontar a
mquina teve que ser alterada, pois era necessrio retirar as mesas antes de retirar os
fusos, que deveriam ser mantidos acoplados a suas respectivas castanhas.
seguir, sero descritas em detalhes todas as alteraes que foram executadas nos
componentes originais da MR-205, alm das geometrias dos componentes que
precisaram ser fabricados, para que fosse possvel converter esta mquina manual em
uma CNC.

35

5.1. Adaptaes na Direo X


A mesa inferior movimentada atravs do fuso da direo X possui apenas um
mancal, localizado em sua parte frontal, a esse mancal acoplada um volante com
manivela, com o qual possvel movimentar todo o conjunto da mesa de coordenadas
na direo X.
Como uma das definies de projeto foi automatizar a mquina, mantendo a opo
do acionamento manual, o fuso foi substitudo por outro fuso com comprimento maior
que o original, de modo que o fuso atravesse toda a base da mquina.
O novo fuso de esferas recirculantes tem 730 (setecentos e trinta milmetros de
comprimento), enquanto o original da mquina tem 450 (quatrocentos e cinquenta
milmetros). Esse aumento do comprimento foi necessrio para propiciar a instalao de
um novo mancal na parte posterior da mquina, no qual o motor de passo foi fixado.
A figura 24 mostra uma vista da montagem do conjunto automatizado de
movimentao na direo X, aps a execuo de todos as modificaes listadas seguir.

Figura 24 Vista isomtrica do conjunto automatizado de movimentao em X.

Foi feito o acoplamento direto do motor de passo ao fuso, atravs de uma cavidade
usinada na ponta do fuso, onde o eixo do motor foi introduzido. Todos os detalhes da
usinagem da ponta deste fuso podem ser observados no Apndice I Desenho 01.

36

Optou-se por fazer a usinagem com o prprio fornecedor dos fusos, a figura 25 ilustra o
novo fuso da direo X com as extremidades usinadas, montado com sua castanha.

Figura 25 Vista isomtrica do conjunto fuso-castanha da direo X

Na extremidade frontal do fuso, foi acoplado o mancal original e o manpulo, sem


que fosse necessria nenhuma alterao ou adaptao.
Foi fabricado um novo suporte para a castanha do fuso de esferas recirculantes, cujo
detalhe para sua fabricao est mostrado no Apndice I, Desenho 04. Esta nova pea
o suporte da castanha X, que ilustrado pela figura 26, seguir.

Figura 26 Vista isomtrica do suporte da castanha X.

A fabricao desta pea foi feita na fresadora ser convertida. Foi necessrio
desmontar a mquina, para serem tomadas as medidas de cada um dos componentes, e
posteriormente elaborado um modelo computacional em 3D. A fresadora foi remontada
ainda sem nenhuma modificao, posto que teria que ser utilizada para fabricar as
prprias peas, necessrias para converso.
Na parte posterior da base foi aberto um furo de 1 (uma polegada) de dimetro, por
onde passar uma das extremidades do novo fuso. Por este motivo, este furo alinhado

37

com o furo frontal j existente. Na figura 27 possvel perceber que parte do furo passa
pela base, e parte passa pela coluna.

Figura 27 Vista isomtrica do conjunto base-coluna.

Para tornar possvel a fixao do motor de passo e seu acoplamento ao fuso da


direo X, foi fabricado um suporte posterior, cuja superfcie frontal se ajustasse da
melhor maneira possvel ao contorno irregular da parte posterior da base e da coluna.
Esta pea tambm foi fabricada na prpria fresadora MR-205 antes das alteraes para
ela previstas serem executadas. A figura 28 ilustra sua geometria, e o desenho para sua
fabricao encontra-se no Apndice I Desenho 07.

Figura 28 Vista isomtrica do suporte posterior.

38

5.2. Adaptaes na Direo Y


A mesa superior, movimentada atravs do fuso da direo Y, originalmente
possua dois mancais, um mancal de rolamento em uma de suas extremidades, e um
mancal de deslizamento na extremidade oposta, cada um desses mancais acoplado a
um manpulo.
Analogamente soluo dada para a automao na direo X, em uma das
extremidades fuso foi mantido o acionamento manual por meio do manpulo, enquanto
na extremidade oposta, o motor de foi acoplado diretamente ao fuso.
A figura 29, do conjunto para movimentao na direo Y, ilustra a montagem
final da mesa superior, com seus novos componentes.

Figura 29 Vista isomtrica do conjunto automatizado para movimentao em Y.


Uma das extremidades do fuso foi usinada com a mesma geometria da
extremidade do fuso original, e na outra extremidade , foi usinada uma cavidade na qual
o eixo do motor de passo foi acoplado diretamente. O desenho para usinagem das
pontas deste fuso est no Apndice I Desenho 02, este servio de usinagem tambm
foi realizado pelo fornecedor do fuso, a figura 30 ilustra o fuso Y montado com sua
respectiva castanha, aps a execuo da usinagem de suas extremidades.

Figura 30 Vista isomtrica do conjunto fuso-castanha da direo Y.


39

O movimento de translao da mesa superior em relao mesa inferior feito


sobre guias rabo de andorinha, por essa razo no h a possibilidade da mesa superior
ser desacoplada da inferior verticalmente. Ao virar a mesa superior e posicionar o fuso
da direo Y em seu canal central, ficou claro que haveria uma pequena regio de
interferncia entre o flange da castanha e a extremidade da mesa, o que impossibilitaria
a montagem e a desmontagem da mesa sobre o novo fuso.
Ento, para solucionar este problema, uma das extremidades do canal foi
alargada, permitindo assim, que a mesa deslize sobre a castanha e seu flange. Podendo
desta forma, ser acoplada ou desacoplada da mesa inferior, entretanto, somente por um
de seus lados.
No foi possvel manter os mancais originais. Devido s dimenses do flange da
castanha, o novo fuso no pode ser mantido no mesmo alinhamento do original. Novos
mancais tiveram que ser fabricados de forma a comportar o novo fuso, e manter a
utilizao a furao existente na mesa para fixa-los. A usinagem dos novos mancais foi
finalizada seguindo os respectivos desenhos de fabricao de cada um deles, que
encontram-se em anexo, no Apndice I, desenhos 08 e 09. A figura 31 mostra a
geometria de cada um deles.

a)

b)

Figura 31 Vista isomtrica dos mancais da direo Y.


a) Mancal de deslizamento (esquerdo); b) Mancal de rolamento (direito).

40

O suporte para a castanha do eixo Y, foi fabricada da mesma forma que o


suporte para a castanha X, seguindo as especificaes do Desenho 05, anexado tambm
no Apndice I. Sua geometria mostrada de forma ilustrativa na figura 32.

Figura 32 Vista isomtrica do suporte da castanha Y.

O espao entre as mesas inferior e superior, onde deveria ser fixado o suporte da
castanha Y e a prpria castanha Y, tinha uma severa limitao de altura, que no era
suficiente para que a castanha pudesse ser acoplada nesta regio. Para resolver esta
questo, foi necessrio executar um rasgo na parte superior da mesa X, rebaixando
assim a superfcie onde o suporte da castanha Y deveria ser fixado.

5.3. Adaptaes na Direo Z


Para movimentaes verticais, foi definido anteriormente, que apenas o fuso
principal da direo Z seria utilizado, de forma que o fuso secundrio desta mesma
direo deveria ser travado, mantendo assim, a extremidade do porta ferramentas o mais
prximo possvel do cabeote, diminuindo vibraes durante operaes de usinagem.
Como j havia sido observado, o fuso da direo Z movimenta todo o cabeote
da mquina, por esta razo uma enorme fora atua sobre ele fazendo com que seu torque
de acionamento seja muito elevado. Para minimizar este problema, foi projetado um
sistema de contrapesos, para anular o peso do cabeote, reduzindo assim a carga axial
sobre o fuso. A figura 33 ilustra este sistema.

41

Figura 33 Detalhe do sistema de contrapesos.

O sistema de contrapesos composto por duas polias, nas quais so apoiados


cabos de ao. Ser utilizado um lao do tipo L com sapatilha, para evitar o desgaste no
contado entre as extremidades dos cabos e os olhais, nos quais sero fixados. Detalhes e
especificaes desta montagem encontram-se no Apndice II Catlogo dos Cabos de
Ao e Acessrios. O contrapeso ter seu movimento guiado, para isto, sero utilizadas
duas guias cilndricas, fixadas base.
A carga total suportada pelos cabos inferior a 500 Kgf (quinhentos
quilogramas fora), ou seja, como sero utilizados dois cabos, cada um deles dever
sustentar uma carga inferior a 250Kgf (duzentos e cinquenta quilogramas fora).
Seguindo parmetros de dimensionamento sugeridos por BUDYNAS [4] e por
FILHO [17], o cabo selecionado possui alma de fibra natural e da classe 6x37, esta
escolha foi feita para garantir uma maior flexibilidade do cabo. Utilizando um
coeficiente de segurana igual a cinco, indicado para iamentos, o dimetro de cada
cabo dever ser de 3/16 in (trs dezesseis avos de polegada).
42

Para este tipo de cabo, h a recomendao de que o dimetros da polia varie


entre dezoito e vinte e sete vezes o dimetro do cabo. Caso essa recomendao no seja
seguida, h uma perda de resistncia, ento, para evitar este problema, foi escolhida
uma polia de 100 mm de dimetro (cem milmetros).
Os olhais foram especificados seguindo recomendaes do fabricante, cada um
deles dever sustentar uma carga inferior a 125 Kgf (cento e vinte e cinco quilogramas
fora), portanto, foi escolhido um parafuso olhal M-8 de ao galvanizado, cujas
especificaes podem ser vistas em seu catlogo, no Apndice II.
Foram fabricados quatro suportes para os olhais do cabeote, para que estes
possam ser acoplados ao colar do cabeote e ao peso na posio correta. O desenho para
a fabricao destas pea encontra-se no Apndice I Desenho 11, e mostrada na
figura 34 seguir.

Figura 34 Vista isomtrica do suporte dos olhais.

Assim como nos sistemas de movimentao das direes X e Y, descritos


anteriormente, para o sistema de movimentao na direo Z, tambm foi necessria a
fabricao um suporte para a castanha do fuso desta direo. Os desenhos para
fabricao desta pea so apresentados no Apndice I Desenho 06, e a figura 35
ilustra sua geometria.

43

Figura 35 Vista isomtrica do suporte da castanha Z.

Alm disso, foi tambm fabricado e um suporte superior para fixao do motor
de passo da direo Z, cujo desenho tcnico para sua fabricao encontra-se no
Apndice I Desenho 10. A figura 36 ilustra a geometria destas peas.

Figura 36 Vista isomtrica do suporte superior.

5.4. Adaptaes Adicinais


Para diminuir as vibraes durante a operao da mquina, que podiam
prejudicar a preciso das peas fabricadas, e tambm para facilitar seu nivelamento,
foram instalados sob o gabinete de trabalho quatro ps amortecedores de vibrao
impacto, conhecidos popularmente pelo nome da marca que os fabrica, Vibra Stop. Foi
utilizado Vibra Stop tradicional modelo MAC, cada um deles com capacidade de carga
esttica de at 200 Kg (duzentos Kilogramas). Demais detalhes podem ser encontrados
no Apndice II Catlogo dos Amortecedores.
Devido as grandes dimenses do gabinete no qual o sistema de controle foi
montado pelo fornecedor, optamos por no utiliza-lo. Todos os componentes do sistema
de controle, listados no captulo anterior, foram removidos do gabinete no qual vieram
instalados, porm foram mantidos fixados a placa original, do fundo deste gabinete.
Posteriormente, esta placa contendo todo o sistema de controle, foi fixados no interior
de outro gabinete, o gabinete de trabalho, localizado sob a MR-205. Para facilitar o
acesso a tais componentes, no s para a instalao como tambm para futura
manuteno dos mesmo, neste novo local, a porta do gabinete de trabalho foi
aumentada.

44

A figura 37 ilustra a geometria do gabinete de trabalho fixado sobre o conjunto


de vibra stop, aps a execuo das adaptaes em sua porta.

Figura 37 Vista isomtrica do gabinete de trabalho sob a MR-205.

A interface entre o sistema de controle e o operador feita atravs do programa


Mach3, utilizando-se uma tela touch screen de 16 (dezesseis polegadas). Esta opo foi
feita para evitar a utilizao de mouse e teclado, prximo mquina. Pois estes
componentes seriam danificados rapidamente em um ambiente com cavaco.
Para fixar a tela fresadora, foi utilizado um brao em L, preso na lateral da
coluna, como mostrado pela figura 38, seguir.

Figura 38 Vista isomtrica da tela touch screen fixada na coluna.

45

6. Utilizao da mquina convertida


O exemplo de utilizao de fresadora convertida no Lab. MEMS, ser na
fabricao de trezentos microtrocadores de calor para a refrigerao de clulas
fotovoltaicas com alta concentrao (HCPV).
Como mostrado anteriormente neste trabalho, GUERRIERI [6] projetou e
fabricou um prottipo de microtrocador de calor para tal aplicao, porm, aps a
realizao de testes com o prottipo, ficou claro seria necessria a execuo de mais
alguns ajustes na geometria do microtrocador.
Um dos principais problemas detectados por GUERRIERI [6] durante sua
pesquisa, foi que quando a temperatura do microtrocador de calor aumentava, os pinos
proeminentes para entrada e sada de lquido aqueciam os tubos de alimentao e
escoamento de fluido. Isto causava a dilatao dos tubos, como estes eram acoplados
parte externa dos pinos, a vedao nestes pontos de conexo era prejudicada.
Alm disso, a fabricao de tais pinos demandava um tempo elevado e ainda,
fazia com que houvesse o desperdcio de muito material.
A soluo encontrada para esta questo foi eliminar os pinos proeminentes. No
lugar deles foram feito furos passantes de dois milmetros de dimetro, com rosca
mtrica M 2. A cada um desses furos dever ser acoplada uma conexo para engate
rpido. Desta forma, os tubos passaro a ser encaixados na superfcie interna do
acoplamento, e ao contrrio do que ocorria com a utilizao da soluo de acoplamento
anterior, ao haver dilatao dos tubos devido aumento da temperatura, no haver
prejuzos na vedao. As figuras 39a e 39b mostram com maior clareza esta nova
configurao.

46

a)

b)

Figura 39 Geometria final do microtrocador de calor.


a) Vista explodida; b) Foto do prottipo.

O tempo total necessrio para se fabricar apenas uma unidade do microtrocador


de calor proposto inicialmente por GUERRIERI [6], partindo de um material bruto e
utilizando apenas a micro fresadora era de aproximadamente oito horas de trabalho.
Sendo que a maior parte deste tempo gasta apenas preparando as superfcies, fazendose faceamentos para garantir que cada uma das faces esteja plana, e que haja
paralelismo e perpendicularidade entre elas.
Com a implementao do comando numrico na macro fresadora e com a
melhora de sua preciso, ser possvel utiliza-la para executar toda a pr-fabricao dos
microtrocadores de calor, formando como base placas com diversas pr-formas das
pastilhas.

Estas

placas

tero

faces

planas

com

devido

paralelismo

perpendicularidade, e sero produzidas em um tempo curto e utilizando ferramentas


mais baratas e fceis de serem compradas e repostas.
Aps a fabricao das placas, pr-formas das pastilhas, na macro fresadora, cada
uma delas ser levada micro fresadora, onde os micro canais sero usinados de uma s
vez em todas as pastilhas da placa. Com isso a utilizao da micro fresadora ser
otimizada, pois ela realizar apenas a fabricao em micro escala, e alm disso, far de
uma s vez os micro canais de vrias pastilhas de uma s vez.

47

Para viabilizar a fabricao em srie dos microtrocadores de calor,


primeiramente, dever ser fabricado um gabarito, para que as peas brutas sejam
rapidamente fixadas mesa da macro fresadora. Este gabarito uma pea com um rasgo
com a espessura da chapa bruta a ser usinada, e com um rebaixo com a largura da chapa
aps os faceamentos laterais, como mostrado na figura 40. Com esses gabaritos, ser
feita a preparao de vrias pastilhas ao mesmo tempo.

Figura 40 Vista isomtrica do gabarito para fixao da placa.

Considerando para a fabricao das placas, a utilizao de barras chatas de cobre


eletroltico com espessura de 1/8 in (um oitavo de polegada), por 27 mm (vinte e sete
milmetros) de largura, por 230 mm (duzentos e trinta milmetros) de comprimento. De
forma que, em cada uma das barras sejam fabricadas dez pastilhas.
As superfcies laterais da barra podem ser faceadas utilizando-se uma fresa de
topo de 4 mm (quatro milmetros) de dimetro. Como o dimetro da ferramenta maior
que a espessura da pea, o faceamento de cada lateral pode ser feito com apenas um
passe, ou caso haja grandes irregularidades a serem removidas nesta superfcies, pode
ser feito um primeiro passe de desbaste, e um segundo passe de acabamento. A figura
41 mostra a fixao da placa ao gabarito para que seja feito o faceamento de um dos
lado da pea, aps este ter sido executado, a pea deve ser refixada ao gabarito, com a
superfcie faceada voltada para baixo, de forma que a superfcie oposta a ela possa ento
ser faceada.

48

Figura 41 Fixao para faceamentos laterais.

As superfcies superior e inferior da barra podem ser usinadas da mesma forma


descrita acima, porm utilizando-se uma fresa de topo de 28 mm (vinte e oito
milmetros) de dimetro, e fixando-se a barra ao gabarito como mostrado na figura 42

Figura 42 Fixao para faceamentos superior e inferior.

Mantendo-se a pea fixada sobre o gabarito, e substituindo-se a fresa de topo por


uma broca de 1,6 mm, podem ser executados os furos das extremidades das pastilhas.
Como mostrado pela figura 43.

Figura 43 Fixao para faceamentos superior e inferior.

E por fim, utilizando-se uma fresa de 2 mm (dois milmetros) de dimetro, pode


ser feito atravs de um fresamento de topo um rebaixo para facilitar a futura separao
49

das pastilhas. A figura 44 ilustra este ltimo pao para a fabricao da placa base de dez
pastilhas pr-forma de microtrocadores de calor.

Figura 44 Esquema para fabricao de pr-forma de dez pastilhas

Na figura 45 possvel observar a placa, pr-forma de dez pastilhas, que poder


posteriormente ser usinada na micro fresadora fixando-a mesa utilizando-se o mesmo
gabarito mostrado anteriormente, utilizado para fixa-la na macro fresadora.

Figura 45 Placa pr-forma de dez pastilhas

A fabricao da tampa pode ser totalmente executada na macro fresadora,


seguindo-se praticamente a mesma sequncia de operaes descritas anteriormente para
a fabricao da base, porm executando tambm os furos de entrada e sada de fluido
refrigerante.

50

7. Concluso
Aps serem feitas todas as adaptaes especificadas anteriormente na Furadeira
Fresadora MR-205, o equipamento passar a ter uma preciso superior original. As
folgas que antes eram de at 1,85mm, no novo sistema, com a utilizao de fusos de
esfera recirculantes montados com pr-carga, sero iguais a zero.
Alm disso, o passo do motor um ngulo incremental de 1,8 graus, repetido
precisamente a cada pulso eltrico, em geral o erro destas rotaes no acumulativo, e
de menos de 5% (cinco por cento) do passo. O motor diretamente acoplado ponta
do fuso, este tipo de acoplamento tambm garante maior preciso na transmisso do
torque. Considerando que o passo do fuso igual a 5 mm (cinco milmetros), cada passo
do motor ter como resultado um deslocamento linear de precisamente 25 m (vinte e
cinco micrometros). Originalmente, o menor valor na escala utilizada para medir os
deslocamentos lineares era o dobro deste.
O curso til da mesa foi aumentado na direo X em 100 mm (cem milmetros),
passando a ser igual a 275 mm (duzentos e setenta e cinco milmetros). Nas outras
direes, foram mantidos os cursos originais, sendo de 500 mm (quinhentos milmetros)
na direo Y, e de 475 (quatrocentos e setenta e cinco milmetros) na direo Z.
A interface entre a fresadora adaptada e o operador feita atravs de uma tela
touch screen de 16(dezesseis polegadas), utilizando-se para o programa Mach3,
instalado no sistema de controle. A micro fresadora tambm utiliza este mesmo
programa.
Enfim, todas as caractersticas citadas demonstram que a mquina adaptada,
alm de mais precisa que a original, tambm bastante parecida com a micro fresadora
existente no Lab. MEMS, atendendo desta forma aos principais objetivos deste trabalho,
e tornando vivel a fabricao em srie de microtrocadores de calor para clulas
fotovoltaicas de alta concentrao, que motivou todo este estudo.
A figura 46, uma ampliao de uma das figuras mostrada no capitulo 4, ilustra
novamente a montagem final da furadeira fresadora MR-205 aps sua converso em
fresadora com controle numrico computadorizado.

51

Figura 46 Ampliao da vistas da MR-205 converso em CNC.


52

8. Bibliografia

[1] FERRARESI, DINO, fundamentos da Usinagem dos Metais. 14 reimpresso. Ed.:


Edgard Blcher Ltda, 2011.

[2] DINIZ, ANSELMO E., MARCONDES, FRANCISCO C., COPPINI, NIVALDO


L., Tecnologia da Usinagem dos Materiais. 7 ed. So Paulo: Artliber, 2010.

[3] SILVEIRA, JOS LUIS L., Notas de Aulas de Usinagem, Departamento de


Engenharia Mecnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

[4] BUDYNAS, RICHARD G., NISBETT, J. KEITH, Elementos de Mquinas de


Shigley. 8 ed. Porto Alegre: AMGH, 2011

[5] NIEMANN, GUSTAV, Elementos de Mquina. Vol. 1, 13 reimpresso. Ed.:


Edgard Blcher Ltda, 2012.

[6] GUERRIERI, DADU CORDEIRO, Anlise Terico-Experimental de


microtrocadores de calor para controle trmico de painis fotovoltaicos de alta
concentrao. Rio de Janeiro:Dissertao UFRJ/COPPE, 2013.

[7] CORRA, M. A., Projeto e Otimizao de Dissipadores Trmicos de Micro-Canais


Para Clulas Fotovoltaicas De Alta Concentrao, Rio de Janeiro: Projeto Final - UFRJ,
2013.

[8] SILVEIRA, JOS LUIS L., Introduo ao Comando Numrico, Departamento de


Engenharia Mecnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

[9] ARAUJO, ANNA CARLA., Foras de Corte em Ferramentas Multicortantes,


Departamento de Engenharia Mecnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

53

[10] http://www.servo-drive.com/, acessado em 10/02/2014.

[11] http://www.actiontechnology.com.br/, acessado em 10/02/2014.

[12] http://www.tekkno.com.br/, acessado em 10/02/2014.

[13] BRITES, FELIPE G., ALMEIDA SANTOS, VINICIUS P., Tutorial Motor de
Passo, Programa de Educao Tutorial PET-Tele, Universidade Federal Fluminense.

[14] ENGROJ, Catlogo de Venda - Fuso de Esferas Recirculantes.

[15] HIWIN, Ballscrews Technical Information.

[16] MANROD, http://www.manrod.com.br/ , acessado em 15/02/2014.

[17] FILHO, FLVIO DE MARCO, Elementos de Transmisso Flexveis,


Departamento de Engenharia Mecnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

[18] WARFIELD, BOB, http://www.cnccookbook.com/, acessado em 10/03/2014.

[19] CENTROID, http://www.centroidcnc.com/, acessado em 10/03/2014.

[20] EAS, http://www.embeddedtronics.com/, acessado em 10/03/2014.

54

Apndice I Desenhos tcnicos

Lista de desenhos:
Desenho 01: Fuso X
Desenho 02: Fuso Y
Desenho 03: Fuso Z
Desenho 04: Suporte da Castanha X
Desenho 05: Suporte da Castanha Y
Desenho 06: Suporte da Castanha Z
Desenho 07: Suporte Posterior
Desenho 08: Mancal Direito
Desenho 09: Mancal Esquerdo
Desenho 10: Suporte Superior
Desenho 11: Suporte do Olhal

Desenho 01: Fuso X

II

Desenho 02: Fuso Y

III

Desenho 03: Fuso Z

IV

Desenho 04: Suporte da Castanha X

Desenho 05: Suporte da Castanha Y

VI

Desenho 06: Suporte da Castanha Z

VII

Desenho 07: Suporte Posterior

VIII

Desenho 08: Mancal Direito

IX

Desenho 09: Mancal Esquerdo

Desenho 10: Suporte Superior

XI

Desenho 11: Suporte do Olhal

XII

Apndice II Catlogos

Catalogo da Furadeira Fresadora MR-205:

XIII

Catalogo dos Fusos:

XIV

XV

Catalogo dos Motores de Passo:

XVI

Catalogo dos Drivers dos motores:

XVII

Catalogo dos Amortecedores:

XVIII

Catalogo dos Cabos de Ao e Acessrios:

XIX

XX

XXI

Você também pode gostar