Gestão Ambiental - Fecularia

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 53

UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARAN

DEPARTAMENTO ACADMICO DE AMBIENTAL


CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

ANA PAULA DE PIERI

GESTO AMBIENTAL: medidas de Produo mais Limpa para uma


fecularia localizada no noroeste do Paran

CAMPO MOURO
2015

ANA PAULA DE PIERI

GESTO AMBIENTAL: medidas de Produo mais Limpa para uma


fecularia localizada no noroeste do Paran

Trabalho apresentado disciplina de Trabalho de


Concluso de Curso II, do curso de Engenharia
Ambiental da Coordenao de Engenharia
Ambiental COEAM - da Universidade
Tecnolgica Federal do Paran Campus Campo
Mouro, como requisito parcial para obteno do
titulo de Bacharel em Engenheira Ambiental.
Orientadora: Prof Dr Vanessa Medeiros Corneli

CAMPO MOURO
2015

Ministrio da Educao
Universidade Tecnolgica Federal do Paran
Campus Campo Mouro
Diretoria de Graduao e Educao Profissional
Departamento Acadmico de Ambiental - DAAMB
Curso de Engenharia Ambiental

TERMO DE APROVAO

GESTO AMBIENTAL: medidas de Produo mais Limpa para uma


fecularia localizada no noroeste do Paran
por

ANA PAULA DE PIERI

Este Trabalho de Concluso de Curso foi apresentado em 13 de fevereiro de 2015


como requisito parcial para a obteno do ttulo de Bacharel em Engenharia
Ambiental. O candidato foi arguido pela Banca Examinadora composta pelos
professores abaixo assinados. Aps deliberao, a banca examinadora considerou
o trabalho APROVADO.

__________________________________
Prof. Dra. Vanessa Medeiros Corneli

__________________________________
Prof. Dra. Cristiane Kreutz
__________________________________
Prof. Dra. Marcia Aparecida de Oliveira Seco

O Termo de Aprovao assinado encontra-se na Coordenao do Curso de Engenharia Ambiental.

Dedico este trabalho aos meus familiares


e namorado Bruno, que me deram fora
ao longo do caminho para que eu
alcanasse

meus

objetivos

e,

principalmente, aos meus pais Luiz e


Marisa que abriram mo de seus sonhos
para que o meu fosse realizado.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeo a Deus, por ter me dado vida e, principalmente, me


abenoado e guiado ao longo de toda a graduao do curso de Engenharia
Ambiental.
Agradeo minha orientadora Prof. Dra. Vanessa Medeiros Corneli, pelo
apoio, ensinamentos e orientaes durante a realizao deste trabalho de concluso
de curso.
Aos professores da banca examinadora pela ateno e contribuio
dedicada a este estudo.
Aos meus pais Marisa e Luiz, que sempre foram a minha base, por todo
ensinamento, apoio, amor, pacincia, sacrifcios e carinho dado, no apenas durante
o curso, mas por toda a minha vida, pela qual me guiaram e apoiaram em todas as
decises.
Ao meu namorado Bruno, que esteve sempre presente com amor, carinho,
compreenso, ateno e grande apoio para comigo. Sua presena foi essencial para
que eu seguisse o melhor caminho e para chegar ao fim do curso.
Ao meu irmo Thiago, pelo apoio e ensinamentos. Aos familiares, amigos e
colegas pelos momentos vividos e pela ajuda direta e indiretamente ofertada.
A todos vocs sou extremamente grata!

A natureza criou o tapete sem fim que


recobre a superfcie da terra. Dentro da
pelagem desse tapete vivem todos os
animais,

respeitosamente.

Nenhum

estraga, nenhum o ri, exceto o homem.


(Monteiro Lobato, 1946).

RESUMO

PIERI, Ana Paula. GESTO AMBIENTAL: medidas de Produo mais Limpa


para uma fecularia localizada no noroeste do Paran. 2015. 53 f. Trabalho de
Concluso de Curso (Bacharelado em Engenharia Ambiental) Universidade
Tecnolgica Federal do Paran. Campo Mouro, 2015.

Esta pesquisa teve como objetivo avaliar a gesto ambiental de uma fecularia de
mdio porte, localizada no noroeste do Paran. Tambm teve o objetivo de
identificar oportunidades de melhoria por meio da ferramenta Produo mais Limpa.
Foi aplicado um questionrio para anlise da gesto ambiental da organizao, o
qual contemplou as variveis ambientais: requisitos legais; recursos hdricos e
energticos; emisses atmosfricas; efluentes; resduos slidos e matria-prima.
Foram identificados e classificados os aspectos e impactos ambientais, associados
s atividades desenvolvidas na organizao quanto situao operacional,
responsabilidade pela gerao, temporalidade e natureza do impacto, atravs da
metodologia adaptada de Moreira (2013), Assumpo (2010) e Seiffert (2010).
Foram registrados dezenove aspectos e onze impactos ambientais distintos.
Seguindo parte da metodologia do Manual de Implantao da Tcnica de Produo
mais Limpa do Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL), foram apresentadas
medidas de Produo mais Limpa para a empresa, relacionadas : economia de
energia; economia de gua; reduo de emisses atmosfricas, reduo de
efluentes e reduo de resduos slidos.

Palavras-chave: Fecularia. Ferramentas de gesto ambiental. Produo mais


Limpa. Aspecto ambiental. Impacto ambiental.

ABSTRACT

PIERI, Ana Paula. ENVIRONMENTAL MANAGEMENT: measures of Cleaner


Production to a starch factory located in northwestern Paran. 2015. 53 l.
Working end of Course (Bachelor of Environmental Engineering) - Federal
Technological University of Paran. Campo Mouro, 2015.

This research aimed to evaluate the environmental management of a starch factor of


medium size, located in the northwestern Paran. Also aimed to identify
improvement opportunities through Cleaner Production tool. A questionnaire was
applied to analyze the environmental management of the organization, which
included the environmental variables: legal requirements; water and energy
resources; atmospheric emissions; effluents; solid waste and raw material. It were
identified and classified the environmental aspects and impacts associated with the
activities developed by the organization, as the operational situation, the generation
responsibility, timeliness and nature of impact, by suitable methodology of Moreira
(2013), Assumpo (2010) and Seiffert (2010 ). There were recorded nineteen
aspects and eleven environmental impacts distinct. Following part of the
methodology Cleaner Production Technical Implementation Guide the National
Center for Clean Technologies (CNTL), Cleaner Production measures were
presented for the company, related to: energy saving; water saving; reduction of air
emissions; reduction of effluents and reduction of solid waste.

Keywords: Starch factory. Environmental management tools. Cleaner Production.


Environmental aspect. Environmental impact.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Gesto ambiental: representao das dimenses em cada eixo. ............. 16


Figura 2 - Barreiras implantao da Produo mais Limpa. ................................... 22
Figura 3 - Passos para implantao de um programa de Produo mais Limpa. ..... 23
Figura 4 - Fluxograma do processo de extrao da fcula de mandioca. ................. 26
Figura 5 - Croqui das instalaes da Fecularia. ........................................................ 27
Figura 6- Fluxograma de entradas e sadas do processo da extrao da fcula de
mandioca. .................................................................................................................. 36

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Tipos de auditoria ambiental. ................................................................. 20


Quadro 2 Critrios de anlise de significncia para a classificao dos aspetos e
impactos ambientais .................................................................................................. 28
Quadro 3 - Matriz de caracterizao dos aspectos e impactos ambientais. .............. 29
Quadro 4 - Aspectos e Impactos Ambientais identificados nas atividades da
Fecularia.................................................................................................................... 37
Quadro 5 - Matriz de caracterizao dos aspectos e impactos ambientais no setor
administrativo. ........................................................................................................... 38
Quadro 6 - Matriz de caracterizao dos aspectos e impactos ambientais na oficina
mecnica. .................................................................................................................. 38
Quadro 7 - Matriz de caracterizao dos aspectos e impactos ambientais da Casa de
Motorista.................................................................................................................... 39
Quadro 8 - Matriz de caracterizao dos aspectos e impactos ambientais do
refeitrio. ................................................................................................................... 39
Quadro 9 - Matriz de caracterizao dos aspectos e impactos ambientais no setor
fabril. ......................................................................................................................... 41
Quadro 10 - Gerao de resduos por ms de safra na organizao. ....................... 42
Quadro 11 - Medidas de Produo mais Limpa para a economia de energia. .......... 44
Quadro 12 - Medidas de Produo mais Limpa para a economia de gua. .............. 45
Quadro 13 - Medidas de Produo mais Limpa para reduo de emisses
atmosfricas. ............................................................................................................. 46
Quadro 14 - Medidas de Produo mais Limpa para a reduo de resduos slidos.
.................................................................................................................................. 47
Quadro 15 Questionrio de diagnstico de gesto ambiental da Fecularia. .......... 53

SUMRIO

1 INTRODUO ....................................................................................................... 12
2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 14
2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 14
2.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS ............................................................................... 14
3 REVISO TERICA .............................................................................................. 15
3.2 GESTO AMBIENTAL ........................................................................................ 16
3.3 FERRAMENTAS DE GESTO AMBIENTAL ...................................................... 17
3.3.1 Sistema de Gesto Ambiental e as normas ISO 14000 ................................... 18
3.3.2 Auditoria ambiental ........................................................................................... 19
3.3.3 Produo mais Limpa (P+L) ............................................................................. 20
4 MATERIAL E MTODOS ...................................................................................... 25
4.1 CARACTERIZAO DO EMPREENDIMENTO OBJETO DE ESTUDO ............. 25
4.2 METODOLOGIA APLICADA ............................................................................... 28
5 RESULTADOS E DISCUSSES ........................................................................... 30
5.1 AES DE GESTO AMBIENTAL EMPREGADAS NA ORGANIZAO ......... 30
5.2 APLICAO DA METODOLOGIA DE PRODUO MAIS LIMPA ..................... 33
5.2.1 Caracterizao dos processos para extrao da fcula de mandioca ............. 33
5.2.2 Elaborao do fluxograma dos processos........................................................ 35
5.2.3 Identificao e caracterizao dos aspectos e impactos ambientais ............... 37
5.2.4 Anlise quantitativa das entradas e sadas do processo .................................. 41
5.2.5 Seleo do foco de avaliao ........................................................................... 43
5.3 MEDIDAS DE PRODUO MAIS LIMPA PARA FECULARIA ........................... 43
5.3.1 Economia de energia........................................................................................ 43
5.3.2 Economia de gua ........................................................................................... 45
5.3.3 Outras medidas de Produo mais Limpa........................................................ 46
6 CONCLUSO ........................................................................................................ 48
REFERNCIAS ......................................................................................................... 49
APNDICE A QUESTIONRIO DE DIAGNSTICO DE GESTO AMBIENTAL
DA FECULARIA ....................................................................................................... 52

12

1 INTRODUO

Nos ltimos anos a preocupao com o meio ambiente tem sido crescente,
levando as empresas, principalmente as que so classificadas como de alto
potencial poluidor, ter como foco a responsabilidade ambiental, de forma que a
gesto ambiental est ganhando espao neste meio.
A gesto ambiental pode ser definida de diversas maneiras dependendo do
objetivo que se busca qualificar. De modo geral, pode-se dizer que tem a funo de
planejar, controlar, coordenar e formular aes para que se atinjam os objetivos
previamente estabelecidos para um dado local, regio ou pas. A gesto ambiental
caracteriza-se como uma importante prtica para se alcanar o equilbrio dos mais
diversos ecossistemas. Equilbrio este, que envolve as questes naturais, mas
tambm, as dimenses econmicas, sociais, polticas e culturais (THEODORO, et.
al., 2004).
Para Moreira (2013), a empresa que apresenta um nvel mnimo de Gesto
Ambiental, geralmente possui um departamento de meio ambiente, responsvel pelo
atendimento s exigncias dos rgos ambientais e por indicar os equipamentos ou
dispositivos de controle ambiental mais apropriado realidade da empresa e ao
potencial de impactos ambientais.
Os gestores empresariais devem ter a conscincia de que o sucesso das
organizaes est diretamente relacionado com o conceito e diretrizes do
desenvolvimento sustentvel, existente em seus planejamentos estratgicos e nas
suas formas de atuao, visto que a sociedade est cada vez menos disposta a
aceitar ou tolerar impactos ao meio ambiente (REIS; QUEIROZ, 2004).
H organizaes agindo de forma proativa com relao s questes
ambientais. Diferentes metodologias de gesto ambiental indicam a possibilidade de
se obter lucro com o meio ambiente, sendo a Produo mais Limpa uma delas
(ARAJO, 2002).
A Produo mais Limpa tem objetivo de resolver problemas e eliminar a
poluio e o desperdcio durante a realizao do processo produtivo, atravs da
otimizao do uso de matrias-primas, e minimizao ou at extino dos
desperdcios nas atividades do processo (FURTADO, 2002).

13

Para o desenvolvimento econmico sustentvel e competitivo, a Produo


mais Limpa importante. Aplicando uma abordagem preventiva, uma ferramenta
que

alm

de

trazer

melhorias

econmicas

tecnolgicas,

possibilita

funcionamento da empresa de modo social e ambientalmente responsvel (BOHN,


et al., 2013).
Este trabalho foi realizado em uma fecularia de mdio porte, localizada na
regio noroeste do estado do Paran. As atividades desenvolvidas na organizao
apresentam o consumo expressivo de gua e energia, a gerao de efluentes e
resduos, sendo estes os aspectos mais significativos para o meio ambiente. Desta
forma, esta pesquisa teve como objetivo avaliar as aes de gesto ambiental
empregados pela empresa e, apresentar medidas de Produo mais Limpa com o
intuito de contribuir com a gesto ambiental da organizao.

14

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a gesto ambiental de uma fecularia e identificar oportunidades de


melhoria por meio da ferramenta Produo mais Limpa.

2.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS

Analisar as aes de gesto ambiental empregadas na organizao;

Identificar e caracterizar os aspectos e impactos ambientais associados s


atividades da organizao;

Apresentar medidas de Produo mais Limpa que contribuam com a gesto


ambiental da organizao.

15

3 REVISO TERICA

3.1 ASPECTOS HISTRICOS DA GESTO AMBIENTAL

As preocupaes ambientais mudaram de foco medida que o


conhecimento cientfico e a tecnologia evoluram, bem como as atividades
produtivas se desenvolveram, gerando problemas de diferentes caractersticas
(MOREIRA, 2013).
De maneira geral, a evoluo da gesto ambiental pode ser caracterizada
em trs fases. Segundo Teixeira (2006), a primeira refere-se dcada de 1960,
influenciada pela poluio do meio ambiente em muitos pases industrializados, foi
considerada como a dcada da conscientizao.
J na segunda fase, nos anos de 1970, aps a Conferncia de Estocolmo
em 1972, quando foram formados os primeiros rgos ambientais e estabelecidas
as primeiras legislaes, ficou conhecida como a dcada da regulamentao e do
controle ambiental. Os anos de 1980 foram marcados pela preocupao global com
a conservao do meio ambiente, onde se foi apresentado o conceito de
desenvolvimento sustentvel, incitando algumas indstrias a desenvolverem
Sistemas de Gesto Ambiental mais eficientes (TEIXEIRA, 2006).
A terceira fase a atual, que tem incio com a realizao da Conferncia das
Naes Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), em 1992, no
Rio de Janeiro, onde foi aprovada a Agenda 21, relativa aos problemas
socioambientais globais. Essa fase caracteriza-se pelo aprofundamento e pela
implantao das suas disposies e recomendaes pelos estados nacionais,
governos locais, empresas e outros agentes, e as empresas passam a ter uma viso
de preveno e proatividade (BARBIERI, 2007).
Nas ltimas dcadas houve um melhor entendimento da cadeia de gerao
de resduos, os mtodos de controle da poluio evoluram para o principio de
preveno, onde a questo principal no mais o que fazer com os resduos, mas o
que fazer para no gerar os resduos (CENTRO NACIONAL DE TECNOLOGIAS
LIMPAS, 2003).

16

3.2 GESTO AMBIENTAL

A gesto ambiental pode ser entendida como as diretrizes e as atividades


administrativas e operacionais, com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o
meio ambiente (BARBIERI, 2007).
Gesto ambiental o processo de articulao das aes dos diferentes
agentes sociais que interagem em um dado espao, visando garantir, com
base em princpios e diretrizes previamente acordados/definidos, a
adequao dos meios de explorao dos recursos ambientais/naturais,
econmicos e socioculturais s especificidades do meio ambiente (LANNA,
1995, p. 17).

Para Kraemer (2004) h organizaes que esto cada vez mais


preocupadas em atingir e demonstrar um desempenho satisfatrio em relao ao
meio ambiente, neste sentindo, a gesto ambiental tem se configurado como uma
das mais importantes atividades relacionadas com um empreendimento.
Segundo Barbieri (2007) qualquer proposta de gesto ambiental inclui no
mnimo trs dimenses: a abrangncia espacial, a temtica (questes ambientais) e
a institucional (iniciativa) (Figura 1):

Figura 1 - Gesto ambiental: representao das dimenses em cada eixo.


Fonte: Barbieri (2007).

17

A dimenso espacial concerne rea na qual se espera que as aes de


gesto tenham eficcia. Na dimenso temtica delimitam-se as questes ambientais
s quais as aes se destinam. Por fim, a dimenso institucional relativa aos
agentes que tomaram as iniciativas de gesto (BARBIERI, 2007).
Um departamento ambiental na estrutura da organizao permite que esta
administre adequadamente suas relaes com o meio ambiente, avaliando e
corrigindo os problemas ambientais presentes, minimizando os impactos negativos
futuros, integrando articuladamente todos os setores quanto aos imperativos
ambientais e realizando um trabalho de comunicao ativo, interno e externo
(MORATO; TEIXEIRA, 2010).
Segundo Queiroz e Queiroz (2000), a implantao de um processo de
gesto ambiental possibilita controlar o rendimento e a adequao de recursos
humanos e materiais aos processos de trabalho internos, disponibilizar informaes
aos setores envolvidos, fornecedores, clientes, investidores de forma mais gil,
transparente e livre de vcios. Apesar de demandarem determinados custos e
investimentos, traz um rpido retorno s empresas, tanto pela economia obtida pela
racionalizao, quanto pela otimizao de nveis de eficincia agregados aos bens e
servios.
As organizaes podem desenvolver seu prprio modelo de gesto
ambiental ou ainda se valer de ferramentas genricas consolidadas, como por
exemplo, a Produo mais Limpa, a Auditoria Ambiental e o Sistema de Gesto
Ambiental, neste ltimo podendo obter a certificao ISO 14001 (OLIVEIRA, 2006).

3.3 FERRAMENTAS DE GESTO AMBIENTAL

Para Barbieri (2007), qualquer modelo de gesto a ser adotado, requer o uso
de instrumentos, ou seja, meios ou ferramentas par alcanar objetivos em uma
matria ambiental.
Algumas dessas ferramentas so o Sistema de Gesto Ambiental e as
normas ISO 14000, Auditorias Ambientais e Produo mais Limpa, que podem ser
aplicados em qualquer empresa independente de seu porte e setor de atuao.

18

Alm dessas h tambm a avaliao do ciclo de vida, relatrios ambientais,


rotulagem ambiental, gerenciamento de riscos ambientais, educao ambiental,
entre outros, dos quais as organizaes podem se valer para alcanar seus
objetivos ambientais (BARBIERI, 2007).

3.3.1 Sistema de Gesto Ambiental e as normas ISO 14000

A International Organization for Standardization (ISO) uma organizao


internacional, que elabora normas internacionais. As normas da srie ISO 14000
procuram estabelecer diretrizes para a implantao de Sistema de Gesto Ambiental
nas diversas atividades econmicas e para a avaliao e certificao desses
sistemas, com metodologias uniformes e aceitas internacionalmente (DONAIRE,
1999).
Segundo a Associao Brasileira de Normas Tcnicas (2004, p. 2):

Sistema de Gesto Ambiental (SGA) como parte de um sistema da gesto


de uma organizao utilizada para desenvolver e implantar sua poltica
ambiental e para gerenciar seus aspectos ambientais, e inclui a estrutura
organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, prticas,
procedimentos, processos e recursos.

Para efeito de certificao, registro ou autodeclarao, a organizao deve


estabelecer, documentar, implantar, manter e continuamente melhorar um SGA em
conformidade com os requisitos descritos na norma ISO 14001, sendo requisitos
absolutos para o desempenho ambiental: (1) do comprometimento, expresso na
poltica ambiental, de estar em conformidade com os requisitos ambientais legais e
outros por ela subscritos; (2) com a preveno da poluio; (3) com a melhoria
continua. Espera-se que um SGA criado e mantido conforme esta norma promova
aperfeioamento contnuo do desempenho ambiental global da organizao
(BARBIERI, 2007).

19

3.3.2 Auditoria ambiental

A auditoria ambiental pode ser definida como:


Processo sistemtico e documentado de verificao, executado para obter e
avaliar, de forma objetiva, evidncias que determinem se as atividades,
eventos, sistemas de gesto e condies ambientais especificados ou as
informaes relacionadas a estes esto em conformidade com os critrios
de auditoria estabelecidos [...] (BRASIL, 2002).

Segundo a ABNT NBR ISSO 19.011 a auditoria um processo sistemtico,


documentado e independente para obter evidncia de auditoria e avali-las,
objetivamente, para determinar a extenso na qual os critrios da auditoria so
atendidos (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS, 2012).
Barbieri (2007) apresenta a auditoria ambiental em diversos tipos como:
auditoria de conformidade, auditoria de desempenho ambiental, Due diligence,
auditoria de desperdcios e emisses, auditoria ps-acidente, auditoria de fornecedor
e auditoria de sistema de gesto ambiental (Quadro 1).

Tipo

Objetivos

Auditoria
de
conformidade

Verificar o grau de conformidade com


a legislao ambiental.

Auditoria
de
desempenho
ambiental

Avaliar o desempenho de unidades,


produtivas em relao gerao de
poluentes e ao consumo de energia e
materiais, bem como aos objetivos
definidos pela organizao.

Due diligence

Verificao das responsabilidades de


uma empresa perante acionistas,
credores,
fornecedores,
clientes,
governos e outras partes interessadas.

Auditoria
de
desperdcios e
de emisses

Avaliar os desperdcios e seus


impactos ambientais e econmicos
com vistas s melhorias em processos
ou equipamentos especficos.

Auditoria
acidente

Verificar as causas do acidente,


identificar as responsabilidades e
avaliar os danos.

ps-

(continua)
Principais instrumentos de referncia
Legislao ambiental;
Licenas e processos de licenciamento;
Termos de ajustamento.
Legislao ambiental;
Acordos voluntrios subscritos;
Normas tcnicas;
Normas da prpria organizao.
Legislao
ambiental,
trabalhista,
societria, tributria, civil, comercial etc.;
Contrato social, acordos com acionistas
e emprstimos;
Ttulos de propriedade e certides
negativas.
Legislao ambiental;
Normas tcnicas;
Fluxogramas e rotinas operacionais;
Cdigos e prticas do setor.
Legislao ambiental e trabalhista;
Acordos voluntrios subscritos;
Normas tcnicas;
Plano de emergncia;
Normas da organizao e programas de
treinamento.

20

Tipo

Auditoria
fornecedor

Objetivos

de

Avaliar
o
desempenho
de
fornecedores atuais e selecionar
novos. Selecionar fornecedores para
projetos conjuntos.

Avaliar o desempenho do sistema de


gesto ambiental, seu grau de
conformidade com os requisitos da
norma utilizada e se est de acordo
com a poltica da empresa.
Quadro 1 Tipos de auditoria ambiental.
Fonte: Barbieri (2007).
Auditoria
sistema
gesto
ambiental

de
de

(concluso)
Principais instrumentos de referncia
Legislao ambiental;
Acordos voluntrios subscritos;
Normas tcnicas;
Normas da prpria empresa;
Demonstrativos
contbeis
dos
fornecedores;
Licenas, certificaes e premiaes.
Normas que especificam os requisitos
do SGA (ISO 14001, etc.);
Documentos e registros do SGA;
Critrios de auditoria do SGA.

Para Ferreira (2007) a auditoria ambiental configura-se como um


instrumento de gesto ambiental, sendo aplicado na reviso, na avaliao e
manuteno dos aspectos e procedimentos operacionais, gerados por determinada
atividade que impactam o meio ambiente. Destinam-se no apenas a avaliar a
conformidade, mas principalmente, auxiliar no processo de melhoria do programa de
controle ambiental e atuar como ferramenta de preveno ambiental.

3.3.3 Produo mais Limpa (P+L)

A Produo mais Limpa (P+L) uma estratgia ambiental preventiva aplicada


a processos, produtos e servios para minimizar os impactos sobre o meio ambiente.
Sendo definida pelo Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)
em 1990, como uma abordagem de proteo ambiental ampla que considera todas
as fases do processo de manufatura ou ciclo de vida do produto, como o objetivo de
prevenir e minimizar os riscos para aos seres humanos e o ambiente a curto e em
longo prazo (BARBIERI, 2007).
Para o Centro Nacional de Tecnologias Limpas CNTL (2003) o princpio
bsico da metodologia de Produo mais Limpa eliminar ou reduzir a poluio
durante o processo de produo, e no no final.
O que faz o diferencial no programa de Produo mais Limpa, que no
depende apenas da melhoria tecnolgica, mas sim tambm a aplicao de know-

21

how, que significa melhora na eficincia atravs da adoo de melhores tcnicas de


gesto, de prtica de housekeeping (solues caseiras) e com a reviso de polticas
e procedimentos quando necessrio, alm de mudana de atitudes (MELLO, 2002).
A Produo mais Limpa, baseando-se no princpio da preveno da
poluio, com a ideia de substituir as prticas fim de tubo, as quais atuam apenas no
tratamento ou disposio dos resduos, vem derrubando o paradigma de que
resduos so subprodutos inevitveis da produo (TEIXEIRA, 2006).
A prioridade da Produo mais Limpa prevenir e reduzir a gerao de
resduos e emisses, evitando a prtica de fim de tubo, e com os resduos que no
podem ser evitados, deve-se ser feita reintegrao ao processo produtivo. Caso isso
no seja possvel devem ser adotadas medidas de reciclagem fora da empresa
(BOHN et al., 2013).
De acordo com o Centro Nacional de Tecnologias Limpas (2003), a Produo
mais Limpa apresenta diversas vantagens, sendo elas: reduo da quantidade de
materiais e energia usados, apresentando assim um potencial para solues
econmicas; a minimizao da gerao de resduos, efluentes e emisses; a
responsabilidade pode ser assumida para o processo de produo como um todo e
os riscos no campo das obrigaes ambientais e da disposio de resduos podem
ser minimizados.
Porm, mesmo com os benefcios obtidos atravs da implantao da
Produo mais Limpa, ainda existem algumas barreiras de ordem econmica,
poltica, organizacional, tcnica e conceitual (Figura 2).
No mundo, a Produo mais Limpa representada pelos Centros Nacionais
de Produo mais Limpa (National Cleaner Production Centres NCPC), criados em
1994, em uma iniciativa conjunta da Organizao das Naes Unidas para o
Desenvolvimento Industrial (UNIDO) e o Programa das Naes Unidas para o Meio
Ambiente (UNEP), o qual tem o intuito de promover prticas de Produo mais
Limpa em pases no desenvolvidos e em desenvolvimento (CENTRO NACIONAL
DE TECNOLOGIAS LIMPAS, 2003).

22

Figura 2 - Barreiras implantao da Produo mais Limpa.


Fonte: FILHO; SICS (2003).

No Brasil, o Centro Nacional de Tecnologia Limpa (CNTL) est na


Federao das Indstrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), desde 1995.
Por estar dentro do sistema FIERGS, foi possvel a ligao direta com as
Federaes das Indstrias dos Estados, atravs da Confederao Nacional da
Indstria (CNI), oferecendo uma vantagem para a disseminao de informao
sobre a Produo mais Limpa em todo o pas (CENTRO NACIONAL DE
TECNOLOGIAS LIMPAS, 2003).
Por meio de uma metodologia desenvolvida e apoiada pela UNIDO, o
CNTL/SENAI-RS oferece aos setores produtivos, alternativas viveis para a
identificao de tcnicas de Produo mais Limpa (CENTRO NACIONAL DE
TECNOLOGIAS LIMPAS, 2003).
Antes da implantao de um programa de Produo mais Limpa
necessria a pr-sensibilizao do pblico-alvo, atravs de visita tcnica, para
apresentar casos de outras organizaes e os benefcios que podem ser obtidos. A
metodologia oferecida pelo Centro Nacional de Tecnologias Limpas divida em
cinco etapas, sendo elas: planejamento e organizao, pr-avaliao, avaliao,
estudo de viabilidade, implantao e monitoramento. Estas etapas apresentam

23

passos para que possa ser implantada a Produo mais Limpa (Figura 3) (CENTRO
NACIONAL DE TECNOLOGIAS LIMPAS, 2003).

Figura 3 - Passos para implantao de um programa de Produo mais Limpa.


Fonte: Centro Nacional de Tecnologias Limpas, 2003.

Na Etapa 1 deve se obter o comprometimento gerencial, pois essencial a


sensibilizao da alta administrao para garantir o sucesso e obteno de
resultados do programa, juntamente com a identificao das barreiras que sero
encontradas durante o desenvolvimento, para que se possa buscar solues
adequadas para as mesmas. Tambm preciso definir a abrangncia do programa
dentro da empresa, avaliar os mtodos de produo para poder identificar as
possibilidades da implantao do programa de Produo mais Limpa e a sua
durao, e formar um Ecotime, que um grupo composto com os profissionais da
empresa com o objetivo de conduzir o programa de Produo mais Limpa (CENTRO
NACIONAL DE TECNOLOGIAS LIMPAS, 2003).
A Etapa 2 consiste em realizar o diagnstico ambiental e de processo,
devendo ser elaborado os principais fluxogramas dos processos produtivos da

24

organizao e realizar o levantamento de dados relativos ao consumo de matriasprimas, auxiliares e insumos, gerao de resduos, efluentes e emisses. Sendo
fundamental para a seleo do foco de avaliao e assim levantar as oportunidades
de

Produo

mais

Limpa

(SERVIO

NACIONAL

DE

APRENDIZAGEM

IINDUSTRIAL, 2003).
Na Etapa 3, deve ser checado os balanos de materiais, ou seja, atravs de
medies obter as quantidades de entradas e sadas que foram listadas no
diagnstico ambiental. Estes dados devem ser registrados periodicamente, para que
se possa ser feita uma comparao do antes e depois de uma oportunidade de
Produo mais Limpa. Com a compreenso detalhada das fontes e causas da
gerao de resduos e emisses, gerado um conjunto de medidas de Produo
mais Limpa (SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM IINDUSTRIAL, 2003).
A Etapa 4 constitui-se na avaliao tcnica, econmica e ambiental e na
seleo de oportunidades viveis. Para as avaliaes deve ser considerado o
impacto que a medida proposta trar sobre o processo, testes de laboratrio ou
ensaios, experincias de outras organizaes, a quantidade de resduos, efluentes e
emisses que ser reduzido, a reduo na utilizao de recursos naturais,
investimentos necessrios e a economia para a empresa. Assim, com os resultados
das avaliaes e de acordo com os critrios estabelecidos pelo Ecotime, ser
possvel a seleo das medidas viveis para implantao (CENTRO NACIONAL DE
TECNOLOGIAS LIMPAS, 2003).
Na Etapa 5 realizada a implantao e monitoramento das oportunidades
de Produo mais Limpa. Para isto, deve ser esboado um plano descrevendo a
durao do programa e os recursos humanos e financeiros necessrios. No
monitoramento, os resultados atingidos devem ser comparados aos resultados
esperados, pois essencial para avaliao das oportunidades implantadas, j que
permite verificar as mudanas decorrentes da aplicao das medidas de Produo
mais Limpa (SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM IINDUSTRIAL, 2003).
Com o programa de Produo mais Limpa implantado, alm de seu
monitoramento, importante que ele possua o carter de continuidade, de melhoria
contnua. Devem ser sustentadas as atitudes de Produo mais Limpa, gerando
experincias de aprendizagem que possibilitem aos empregados e a gerncia
capacidade de identificar, planejar e desenvolver projetos de Produo mais Limpa
(SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM IINDUSTRIAL, 2003).

25

4 MATERIAL E MTODOS

4.1 CARACTERIZAO DO EMPREENDIMENTO OBJETO DE ESTUDO

A pesquisa foi realizada em uma fecularia de porte mdio, localizada na


regio noroeste do estado do Paran, Brasil.
As atividades da Fecularia iniciaram-se no ano de 1996. Atualmente as
instalaes ocupam uma rea de 6.201 m. A produo mdia de 150 ton/dia de
fcula, com a moagem de 500 ton/dia de razes de mandioca.
O produto comercializado a fcula da mandioca, para a utilizao em
panificao e aplicao na indstria de frigorficos e de embutidos, disponveis em
embalagens de 1 Kg, 20 Kg, 25 Kg e bags de 1300 Kg, atendendo varejo e atacado.
O processo de extrao e refino do amido das razes de mandioca
automatizado, incluindo o processo de envase do produto, evitando contato manual
e possveis contaminaes.
Este processo de extrao da fcula de mandioca, desenvolvido na
Fecularia, consiste basicamente em: recepo e pesagem das razes de mandioca;
lavagem; triturao; desintegrao; extrao; concentrao; desidratao; secagem
e ensacamento (Figura 4).
Alm da tecnologia aplicada, a Fecularia investe no Programa de Boas
Prticas de Fabricao de Alimentos (BPF), o qual um conjunto de medidas
adotadas pelas indstrias de alimentos de modo a garantir a qualidade sanitria e a
conformidade dos produtos alimentcios com os regulamentos tcnicos.
A empresa possui 59 funcionrios, os quais recebem treinamento contnuo
sobre o processo industrial, e so beneficiados por um plano de desenvolvimento,
no qual h treinamentos e informaes pertinentes qualidade de vida e
investimento no campo pessoal, financeiro e familiar.
oferecida pela Fecularia uma espcie de alojamento, Casa de Motorista,
para que os motoristas de caminhes que fazem a entrega das razes de mandioca
possam repousar, possuindo quartos, banheiros e cozinha. A fila de espera em
mdia de uma noite.
As instalaes da organizao esto representadas na sequncia (Figura 5).

26

Figura 4 - Fluxograma do processo de extrao da fcula de mandioca.


Fonte: Autoria prpria.

27

Figura 5 - Croqui das instalaes da Fecularia.


Fonte: Autoria prpria.

28

4.2 METODOLOGIA APLICADA

Aplicou-se um questionrio ao representante da direo (APNDICE A),


para analisar as aes de gesto ambiental empregadas na organizao. O
questionrio contemplou as variveis ambientais: requisitos legais; recursos hdricos
e energticos; emisses atmosfricas; efluentes; resduos slidos e matria-prima.
Por meio de visitas tcnicas organizao, realizao de entrevistas com
colaboradores e acompanhamento dos processos, foi realizada a identificao de
aspectos e impactos ambientais.
Para a caracterizao dos aspectos e impactos ambientais, aplicou-se a
metodologia proposta por Moreira (2013), Assumpo (2010) e Seiffert (2010) com
adaptaes. Os aspectos e impactos ambientais (AIAs) foram classificados quanto
situao operacional, responsabilidade pela gerao, temporalidade e natureza do
impacto (Quadro 2).

SITUAO OPERACIONAL (S.O.)


N
Rotina de operao na fase plena
Fora do funcionamento contnuo, porm necessria e
ESPECIAL
E
prevista.
Situao indesejvel, que pode provocar impactos
RISCO
R
adversos e que deve ser prevenida.
RESPONSABILIDADE PELA GERAO (R.G.)
DIRETO
D
Aspecto gerado pela empresa.
Aspecto associado a servios de terceiros, realizados fora
INDIRETO
I
do ambiente da empresa.
TEMPORALIDADE (T)
Impacto que foi causado por uma atividade desenvolvida
PASSADA
P
no passado.
ATUAL
A
Impacto decorrente da atividade atual.
Impacto ambiental previsto, decorrente de futuras
FUTURA
F
alteraes.
NATUREZA DO IMPACTO (N.I.)
BENFICO
BE
Impacto que representa benefcios ao meio ambiente.
ADVERSO
AD
Impacto que representa danos ao meio ambiente.
Quadro 2 Critrios de anlise de significncia para a classificao dos aspetos e impactos
ambientais
Fonte: Adaptado de Moreira (2013), Assumpo (2010) e Seiffert (2010).
NORMAL

Os dados referentes aos AIAs foram apresentados em matrizes de


caracterizao de aspectos e impactos ambientais (Quadro 3).

29

Setor:
Atividades

CARACTERIZAO DOS ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS


Critrios de caracterizao
Aspectos
Impactos
S.O.
T
R.G.
N.I.

Legenda: S.O. Situao Operacional; T Temporalidade; R.G. Responsabilidade pela gerao;


N.I. Natureza do Impacto.
Quadro 3 - Matriz de caracterizao dos aspectos e impactos ambientais.
Fonte: Adaptado de Moreira (2013).

Aps a anlise das aes de gesto ambiental da organizao, foi


apresentado a estruturao e planejamento dos princpios da Produo mais Limpa
para o sistema produtivo da Fecularia, seguindo parte da metodologia do Manual de
Implantao da Tcnica de Produo mais Limpa do Centro Nacional de
Tecnologias Limpas (CNTL).
A referida metodologia contm cinco etapas: planejamento e organizao,
pr-avaliao, avaliao, estudo de viabilidade e implantao e monitoramento..
A Etapa 1, planejamento e organizao, que contempla a obteno do
comprometimento gerencial e formao do ecotime, a Etapa 4, a qual o estudo de
viabilidade para implantao das medidas de produo mais limpa e a Etapa 5,
implantao e monitoramento, no foram realizadas devido ao tempo necessrio
para sua aplicao ser superior ao prazo para desenvolvimento deste trabalho.
Foram, assim, desenvolvidas as Etapas 2 e 3 do manual.
Na Etapa 2 ou pr-avaliao, foi realizado um estudo do processo produtivo,
com elaborao de fluxograma para definir as entradas de matria-prima, gua,
energia e a gerao de resduos no processo, identificao e caracterizao dos
aspectos e impactos ambientais, para ento ser selecionado o foco de avaliao.
A Etapa 3 ou avaliao, se realizou uma anlise quantitativa das entradas e
sadas das atividades desenvolvidas pela organizao, para que assim fossem
identificadas oportunidades de Produo mais Limpa, priorizando a reduo na
fonte.

30

5 RESULTADOS E DISCUSSES

5.1 AES DE GESTO AMBIENTAL EMPREGADAS NA ORGANIZAO

A principal matria-prima da empresa a raiz de mandioca, oriunda de


propriedades

locais.

Mensalmente

so

feitas

anlises

microbiolgicas,

semestralmente, de metais pesados e residual de pesticidas, para garantir a


qualidade da mandioca.
Quanto aos requisitos legais, a organizao possui Licena de Operao
(LO), vigente at o ano de 2018, emitida pelo rgo ambiental responsvel no
estado do Paran, o Instituo Ambiental do Paran (IAP).
A LO da organizao apresenta como condicionantes principais o
monitoramento da emisso de resduos (lquido, slido e gasoso), atender a taxa de
aplicao mxima de fertirrigao (m/ha/ano) junto com a anlise qumica do solo,
da necessidade da cultura e caractersticas fsico-qumicas do efluente tratado, e
estas aplicaes do efluente no solo devem ser acompanhadas por receiturio
agronmico, com a emisso da ART do profissional responsvel. Tambm dever
manter atualizada a Licena de Outorga de uso de guas.
As condicionantes da LO esto sendo cumpridas pela empresa. A cada
quatro meses engenheiros ambiental e florestal contratados, realizam avaliaes na
organizao. No foram evidenciados registros de multas ou autuaes referentes
s questes ambientais.
Os recursos hdricos utilizados pela empresa so provenientes de poo
artesiano e coleta de gua pluvial, tendo um consumo mdio de 50.400 m/ms no
perodo de safra da raiz de mandioca e 28.800 m/ms na entressafra. Para
utilizao do poo artesiano a organizao possui Outorga de direito de uso vigente.
A qualidade da gua monitorada semestralmente, para garantir que a mesma
atende os padres de potabilidade, sendo que esta utilizada para o processo fabril
e demais atividades. Tambm utilizada gua pluvial para o processo industrial da
organizao, atravs da coleta por calhas, a qual destinada para a reposio de
nvel da gua da caldeira.

31

O reuso de gua, feito no processo de pr-lavagem das razes de


mandioca, onde reutilizada a gua proveniente de um processo posterior da
extrao da fcula de mandioca, a concentrao. Esta gua possui apenas resduos
vegetais, sendo assim adequada sua utilizao para a retirada das sujeiras
grosseiras das razes.
A principal fonte de energia utilizada na organizao proveniente da rede
eltrica estadual, tendo um consumo mdio de 528.800 KW/ms em perodo de
safra. Para alimentao da caldeira utiliza-se cavaco proveniente de uma plantao
de eucalipto da prpria organizao.
Quanto s emisses atmosfricas, a principal fonte no processo industrial
a caldeira. O tratamento dos gases emitidos feito por meio de filtro multiciclone.
realizado monitoramento das emisses uma vez por ano, o qual documentado em
relatrios elaborados por profissional habilitado. As demais emisses so
provenientes dos veculos utilizados na cadeia produtiva.
A gerao de efluentes na organizao de aproximadamente 90 m/h. O
principal efluente gerado a gua vegetal, ou seja, efluente com resduos vegetais
provenientes das razes de mandiocas, tambm conhecida como manipueira.
A gua vegetal e o efluente proveniente da lavagem dos maquinrios e do
ambiente fabril so direcionados para o sistema de tratamento de efluentes da
empresa, o qual se d por lagoas anaerbias e aerbias.
As lagoas tiveram partida em 1993, estas foram superdimensionadas para
uma capacidade produtiva de 150 ton/dia. De incio tiveram que ser monitoradas e
realizar a correo com cal, para estabilizar o pH e eliminar odores. Esta sistemtica
teve durao de um ano, quando foi constatada a estabilizao das lagoas e o
monitoramento passou a ser em mdia de uma vez ao ano. Alm de ser estvel, o
efluente tratado destinado para a fertirrigao de eucaliptos, no sendo despejado
em corpos hdricos, assim, acharam desnecessrio o monitoramento dirio.
O efluente sanitrio proveniente do escritrio, casa do motorista, refeitrio,
tombador e da fbrica, direcionado para fossas spticas, as quais anualmente
passam por processo de limpeza.
A organizao est modificando o sistema de tratamento de efluentes
industriais. Foi construdo um biodigestor que, substituir as lagoas de tratamento,
este se encontra em fase de partida com previso de funcionamento para maro de
2015. Porm as lagoas anaerbias e aerbias no sero desativadas, elas serviro

32

como back up, ou seja, quando a capacidade mxima do biodigestor for atingida, os
efluentes passam a ser redirecionados para as lagoas. E o gs gerado neste
biodigestor ser utilizado para alimentao da caldeira, substituindo parte do cavaco.
A organizao possui Plano de Gerenciamento de Resduos Slidos (PGRS)
e inventrio do que gerado.
Os resduos slidos gerados na Fecularia so orgnicos, rejeitos, plsticos,
papis,

vidros,

metais,

resduo

eletrnico,

produtos

qumicos,

lmpadas,

lubrificantes, cinzas, terra, cascas de mandioca e fibras de mandioca. No h local


apropriado para armazenamento temporrio dos resduos slidos reciclveis
gerados. Os resduos perigosos ficam armazenados em tambores, alocados sobre
rea impermeabilizada e protegidos de intempries ambientais.
A empresa possui contrato com a Associao de Coletores local para que
seja feita a coleta dos resduos reciclveis, estes so armazenados em bags, sendo
coletados apenas quando atingem a capacidade mxima. Os metais ficam expostos
no ambiente, so coletados conforme acumulam o suficiente para lotar um caminho
e so enviados para ferro velho. Lmpadas, lubrificantes e produtos qumicos so
coletados trimestralmente por empresas especializadas, com licena no rgo
ambiental.
Resduos orgnicos so recolhidos uma vez por dia e enterrados em um
aterro prprio nas instalaes da empresa, pois o servio municipal de coleta no
contempla a rea da fecularia, localizada em zona rural. Rejeitos provenientes dos
banheiros so descartados nos vasos sanitrios.
As cinzas da caldeira so coletadas em carretas na sada da fornalha,
quando cheias, so imediatamente encaminhadas para terrenos dos produtores
rurais vizinhos da empresa, sendo utilizada para a correo de pH do solo. A terra
proveniente do processo fabril depositada no aterro prprio.
As cascas das razes de mandioca e a massa proveniente do processo fabril
so direcionadas para um silo, com capacidade de armazenamento de 12 horas de
produo, deste silo os resduos so depositados em carretas, as quais levam o
material para pequenos produtores rurais que o utilizam na alimentao de animais.
Atravs da anlise do questionrio de diagnstico de gesto ambiental,
conclui-se que a empresa possui preocupao com os impactos ambientais
provenientes de suas atividades. Apesar de no possuir um setor de gesto
ambiental, a Fecularia possui contrato com profissionais habilitados para a

33

realizao de servios que envolvem as variveis ambientais. A organizao


tambm busca atender aos requisitos legais aplicveis, monitorando e tendo
sistemas de controle de resduos adequados para os efluentes e emisses
atmosfricas. No que se refere aos resduos slidos, apesar de possuir um PGRS a
organizao ainda no acondiciona os resduos reciclveis de forma adequada.
A atividade de extrao da fcula de mandioca utiliza gua e energia em
quantidade expressiva. A organizao reaproveita gua no processo de lavagem da
mandioca e utiliza a gua da chuva na caldeira, porm, ainda possvel melhorar.

5.2 APLICAO DA METODOLOGIA DE PRODUO MAIS LIMPA

5.2.1 Caracterizao dos processos para extrao da fcula de mandioca

Os processos desenvolvidos para a extrao da fcula de mandioca na


organizao

compreendem:

recepo

pesagem,

lavagem,

triturao,

desintegrao, extrao, concentrao, desidratao, secagem e ensacamento.


A recepo e pesagem das razes de mandioca do incio ao processo de
extrao da fcula. Os caminhes so pesados em uma balana digital integrada ao
sistema da administrao. Na sequncia estes so direcionados para o tombador,
etapa na qual a mandioca despejada em grelhas que retiram parte da terra
presente nas razes. A terra removida despejada nos veculos que transportaram a
mandioca at a Fecularia. Este equipamento alm de facilitar no processo de
lavagem, contribuiu para garantir que a Fecularia no pagar por terra, mas sim pela
matria-prima.
Na sequncia, as razes de mandioca so conduzidas para as moegas, onde
o produto armazenado, sendo este, utilizado conforme a necessidade de
produo. A capacidade de armazenamento para um montante de at 21 horas de
moagem.
A prxima etapa a lavagem. As razes de mandioca so transportadas
atravs de uma rosca, para uma moega que alimenta o lavador. Nesta etapa as
razes passam por uma pr-lavagem e lavagem, no mesmo equipamento.

34

Na pr-lavagem so retiradas as sujidades grosseiras. A gua utilizada na


pr-lavagem proveniente de um processo posterior, o de concentrao, onde
ocorre a centrifugao do amido para que este fique mais concentrado, assim
eliminada gua, tambm conhecida como gua vegetal.
No decorrer da lavagem a raiz de mandioca descascada, retirando-se
apenas a casca externa, para se evitar perdas no teor de amido. Para a lavagem
final utilizada gua potvel, a fim de garantir que no haver contaminao nas
demais etapas do processamento. O excesso de gua canalizado para as lagoas
de tratamento e os slidos vegetais retirados nesta etapa so canalizados para o silo
de armazenagem de massa.
Aps lavada e descascada, as razes de mandioca so direcionadas para
uma esteira de inspeo, para a retirada de qualquer material que contamine a
produo. Em seguida as razes so conduzidas por roscas helicoidais para uma
unidade trituradora, que padroniza o tamanho das razes em 1 cm, o que permite
uma alimentao uniforme e desintegrao mais eficiente.
Trituradas, as razes de mandioca so direcionadas para a desintegrao.
Esta feita na cevadeira, um equipamento que rala as razes atravs do contato em
um cilindro rotativo, com lminas dentadas na superfcie, ocorrendo a extrao do
amido.
Aps a desintegrao, ocorre a extrao do amido, onde tambm h a
separao das fibras da mandioca. Os extratores so dispostos em bateria para
aumentar o rendimento. A extrao feita em peneiras extratoras rotativas, a gua
esguichada em contracorrente para separar o amido, gerando um liquido (leite de
amido), o qual segue para purificao, onde centrifugado para retirar os amidos
solveis e partculas estranhas, se este processo no for realizado, resultar em um
amido mido de baixa qualidade, e reduz a produo. Nesta etapa h gerao de
resduo, a fibra de mandioca. Este resduo conduzido para um silo de
armazenagem de fibras para, posteriormente ser utilizado na alimentao de
animais de pequenos produtores da regio.
A prxima etapa a concentrao. O leite de amido purificado
centrifugado, para concentrar o amido. Para a verificao da concentrao do
amido, medida sua densidade na escala Graus Baum, geralmente essa
densidade de 20 B. A gua excedente de processo (gua vegetal)
reaproveitada no lavador.

35

O amido concentrado bombeado para decantadores centrfugas de eixo


horizontal, onde filtrado para eliminar o mximo possvel de gua. As mquinas
trabalham em bateada e desidratam o amido em aproximadamente, 37% de
umidade, para em seguida passar pela secagem.
Aps ser desidratado, o amido segue para o secador atravs de uma rosca
transportadora alimentada por uma vlvula rotativa, o secador de corrente
contnua, tipo Flash Drier. Nele o amido seco por uma corrente de ar quente, a
qual aquecida pelo vapor da caldeira, atingindo uma temperatura de 140 C
aproximadamente, gerando um produto final com umidade aproximada de 13% e
temperatura mdia de 60C.
O amido seco segue para um silo, onde resfriado atravs de ciclones
distribudos em estrela, separando o vapor e o ar provenientes do secador.
Em seguida o amido conduzido por roscas helicoidais at a classificao, a
qual serve para garantir um tamanho uniforme dos grnulos de amido, o amido
passado por perneiras de 1mm (classificadores), caindo por gravidade nas
ensacadoras.
O ensacamento automatizado, no ocorrendo contato manual com o
produto. O material utilizado so sacos de papel Kraft multifoliado de 20 e 25 kg e
embalagens plsticas de 1 kg. Tambm h comercializao do produto em bags
retornveis de 1300 kg, o ensacamento automtico atravs de roscas. O produto
final embalado acondicionado em depsito em condies ambientais livre de
umidade e fora de contato com o sol, at que ocorra sua distribuio para os
clientes.

5.2.2 Elaborao do fluxograma dos processos

A partir da descrio dos processos de extrao da fcula de mandioca, foi


possvel a elaborao do fluxograma (Figura 6), apresentando as entradas e sadas
das etapas.

36

Figura 6- Fluxograma de entradas e sadas do processo da extrao da fcula de mandioca.


Fonte: Autoria prpria.

37

5.2.3 Identificao e caracterizao dos aspectos e impactos ambientais

As atividades desenvolvidas na Fecularia foram analisadas, sendo


identificados os aspectos e impactos ambientais associados. No total foram
diagnosticados 19 aspectos e 11 impactos ambientais distintos (Quadro 4).

Aspectos e impactos ambientais identificados


Aspectos
Impactos
Consumo de energia
- Reduo da disponibilidade do recurso natural
Consumo de gua
- Reduo da disponibilidade do recurso natural
- Contribuio para o esgotamento do recurso
Gerao de resduos slidos reciclveis
natural
- Ocupao de aterro
Gerao de resduos orgnicos
- Ocupao de aterro
- Ocupao de aterro
Gerao de rejeitos
- Contaminao do solo
- Alterao na qualidade da gua
Gerao de efluentes sanitrios
-Contaminao do solo
Gerao de emisses atmosfricas
- Alterao da qualidade do ar
Gerao de cinzas da caldeira
- Contaminao do solo
- Contribuio para o esgotamento do recurso
Consumo de combustvel
natural
-Alterao da qualidade do ar
Rudos
- Incomodo comunidade
- Contaminao do solo
Vazamento de leos e graxas
- Contaminao da gua
Consumo de cavaco
- Reduo da disponibilidade do recurso natural
- Contaminao do solo
Gerao de fibras de raiz de mandioca
- Contaminao da gua
- Contaminao do solo
Gerao de cascas de raiz de mandioca
- Contaminao da gua
- Contaminao do solo
Gerao de gua vegetal
- Alterao da qualidade da gua
- Contaminao do solo
Uso de produtos qumicos
- Contaminao da gua
- Perigos sade humana
Terra excedente do tombador e esteiras
- Ocupao de aterro
Gerao de efluente de lavagem
- Alterao na qualidade da gua
Reuso de gua
- Economia do recurso natural
Quadro 4 - Aspectos e Impactos Ambientais identificados nas atividades da Fecularia.

Aps a identificao inicial dos aspectos e impactos ambientais, os mesmos


so apresentados por setor e atividade.
As atividades administrativas apresentam como aspectos a gerao de
resduos slidos reciclveis, rejeitos e consumo de energia, tendo como principais

38

impactos ambientais a ocupao do aterro, contaminao do solo, contribuio para


o esgotamento e reduo da disponibilidade do recurso natural (Quadro 5).

CARACTERIZAO DOS ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS


Setor: Administrativo
Critrios de caracterizao
Atividades
Aspectos
Impactos
S.O.
T
R.G.
N.I.
Gerao
de Ocupao de aterro
N
A
D
AD
resduos
Contribuio para esgotamento
slidos
N
A
D
AD
do recurso natural
reciclveis
Atividades
administrativas Gerao
de
Ocupao de aterro
N
A
D
AD
rejeitos
Consumo de Reduo da disponibilidade do
N
A
D
AD
energia
recurso natural
Gerao
de Alterao na qualidade da gua
N
A
D
AD
efluentes
Contaminao do solo
N
A
D
AD
sanitrios
Utilizao do
Gerao
de
sanitrio
Ocupao de aterro
N
A
D
AD
rejeitos
Consumo de Reduo da disponibilidade do
N
A
D
AD
gua
recurso natural
Legenda: S.O. Situao Operacional; T Temporalidade; R.G. Responsabilidade pela gerao;
N.I. Natureza do Impacto; N Normal; A Atual; D Direto; AD Adverso.
Quadro 5 - Matriz de caracterizao dos aspectos e impactos ambientais no setor
administrativo.

A organizao possui uma pequena oficina mecnica, na qual os aspectos


esto relacionados manuteno de seus equipamentos, sendo eles o vazamento
de leos e graxas, consumo de energia e gua (Quadro 6).

CARACTERIZAO DOS ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS


Setor: Oficina mecnica
Critrios de caracterizao
Atividades
Aspectos
Impactos
S.O.
T
R.G.
N.I.
Vazamento
Contaminao do solo
N
A
D
AD
de leos e
Contaminao da gua
N
A
D
AD
graxas
Manuteno dos
Consumo
Reduo da disponibilidade do
equipamentos
N
A
D
AD
de gua
recurso natural
Consumo
Reduo da disponibilidade do
N
A
D
AD
de energia
recurso natural
Legenda: S.O. Situao Operacional; T Temporalidade; R.G. Responsabilidade pela gerao;
N.I. Natureza do Impacto; N Normal; A Atual; D Direto; AD Adverso.
Quadro 6 - Matriz de caracterizao dos aspectos e impactos ambientais na oficina mecnica.

39

Nos setores Casa de Motorista e refeitrio, os aspectos esto relacionados


com as atividades de alimentao e utilizao de sanitrios, sendo que no refeitrio
no h o preparo de comida. Assim, os aspectos so consumo de energia, consumo
de gua, gerao de resduos slidos reciclveis, resduos orgnicos e rejeitos
(Quadros 7 e 8).

CARACTERIZAO DOS ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS


Setor: Casa de Motorista
Critrios de caracterizao
Atividades
Aspectos
Impactos
S.O.
T
R.G.
N.I.
Gerao de Alterao na qualidade da gua
N
A
D
AD
efluentes
Contaminao do solo
N
A
D
AD
sanitrios
Uso dos
Consumo
Reduo da disponibilidade do
N
A
D
AD
sanitrios
de gua
recurso natural
N
A
D
AD
Gerao de Ocupao de aterro
rejeitos
Contaminao do solo
N
A
D
AD
Uso das
Consumo
Reduo da disponibilidade do
N
A
D
AD
instalaes
de energia
recurso natural
Legenda: S.O. Situao Operacional; T Temporalidade; R.G. Responsabilidade pela gerao;
N.I. Natureza do Impacto; N Normal; A Atual; D Direto; AD Adverso.
Quadro 7 - Matriz de caracterizao dos aspectos e impactos ambientais da Casa de Motorista.

CARACTERIZAO DOS ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS


Setor: Refeitrio
Critrios de caracterizao
Atividades
Aspectos
Impactos
S.O.
T
R.G.
N.I.
Consumo
Reduo da disponibilidade do
N
A
D
AD
de energia
recurso natural
Consumo
Reduo da disponibilidade do
N
A
D
AD
de gua
recurso natural
Gerao de Contribuio para o esgotamento
Uso das
N
A
D
AD
resduos
do recurso natural
instalaes
slidos
Ocupao de aterro
N
A
D
AD
reciclveis
Gerao de
resduos
Ocupao de aterro
N
A
D
AD
orgnicos
Legenda: S.O. Situao Operacional; T Temporalidade; R.G. Responsabilidade pela gerao;
N.I. Natureza do Impacto; N Normal; A Atual; D Direto; AD Adverso.
Quadro 8 - Matriz de caracterizao dos aspectos e impactos ambientais do refeitrio.

Os aspectos ambientais identificados no setor fabril foram a gerao de


rudos, de gua vegetal, resduos slidos reciclveis, rejeitos, cinzas, fibras de raiz

40

de mandioca, cascas de raiz de mandioca, de terra, emisses atmosfricas, o


consumo de cavaco, combustvel, energia, gua, produtos qumicos e vazamento de
leos e graxas. Estes aspectos esto relacionados aos processos de extrao da
fcula de mandioca, a lavagem do ambiente industrial e dos maquinrios e
manuteno das mquinas. Sendo este o setor com impactos mais significativos na
organizao, principalmente nos aspectos de consumo de gua e energia e na
gerao de resduos (Quadro 9).

Setor: Fbrica
Atividades

Recepo e
pesagem

Lavagem

Triturao
Desintegrao

Extrao

Concentrao

(continua)
CARACTERIZAO DOS ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS
Critrios de caracterizao
Aspectos
Impactos
S.O.
T
R.G.
N.I.
Consumo
Contribuio para o esgotamento do
N
A
ID
AD
de
recurso natural
combustvel
Alterao da qualidade do ar
N
A
ID
AD
(caminhes)
Terra
excedente
Ocupao de aterro
N
A
D
AD
do
tombador
Consumo
Reduo da disponibilidade do
N
A
D
AD
de gua
recurso natural
Terra
Ocupao de aterro
N
A
D
AD
(esteiras)
Gerao de Contaminao do solo
N
A
D
AD
gua
Alterao da qualidade da gua
N
A
D
AD
vegetal
Gerao de Contaminao do solo
N
A
AD
cascas de
raiz
de Contaminao da gua
N
A
D
AD
mandioca
Reuso
de
Economia do recurso natural
N
A
D
B
gua
Rudos
Incomodo comunidade
N
A
D
AD
Consumo
Reduo da disponibilidade do
N
A
D
AD
de gua
recurso natural
Consumo
Reduo da disponibilidade do
N
A
D
AD
de gua
recurso natural
Gerao de Contaminao do solo
N
A
D
AD
fibras
de
raiz
de Contaminao da gua
N
A
D
AD
mandioca
Gerao de Contaminao do solo
N
A
D
AD
gua
Alterao da qualidade da gua
N
A
D
AD
vegetal
Consumo
Reduo da disponibilidade do
N
A
D
AD
de gua
recurso natural

41

Atividades

Secagem

Ensacamento

Lavagem do
ambiente
industrial e
maquinrios

Manuteno do
maquinrio
Todas as
atividades do
setor

Aspectos
Consumo
de cavaco
Gerao de
cinzas
(caldeira)
Gerao de
resduos
slidos
reciclveis
Uso
de
produtos
qumicos
Consumo
de gua
Gerao de
efluente de
lavagem
Vazamento
de leos e
graxas

Impactos
Contribuio para o esgotamento do
recurso

Consumo
de energia

Reduo da disponibilidade
recurso natural

(concluso)
R.G.
N.I.

S.O.

AD

Contaminao do solo

AD

Ocupao de aterro

AD

Contaminao da gua
Contaminao do solo
Perigos sade humana
Reduo da disponibilidade
recurso natural

N
N
N

A
A
A

D
D
D

AD
AD
AD

AD

Alterao na qualidade da gua

AD

Contaminao do solo

AD

Contaminao da gua

AD

AD

do

do

Legenda: S.O. Situao Operacional; T Temporalidade; R.G. Responsabilidade pela gerao;


N.I. Natureza do Impacto; N Normal; A Atual; D Direto; ID - Indireto; AD Adverso;
B Benfico.
Quadro 9 - Matriz de caracterizao dos aspectos e impactos ambientais no setor fabril.

5.2.4 Anlise quantitativa das entradas e sadas do processo

Em perodo de safra, realizada a moagem de 500 ton/dia de raiz de


mandioca, resultando em uma produo de 150 ton/dia de fcula.
Para atender essa produo, so consumidos em mdia 528.800 KW/ms
de energia eltrica, necessria a queima de aproximadamente 672 ton/ms de
cavaco e so consumidos em mdia 50.400 m/ms de gua.
Das atividades desenvolvidas na organizao so geradas em mdia, as
seguintes quantidades de resduos por ms (Quadro 10):

42

Resduos Slidos
Resduos Industriais
Ferro-Velho
Panos utilizados na manuteno dos
equipamentos (com lubrificante)
Filtro de ar usado (de trator,
compressor)
Filtro de leo usado (mquinas,
empilhadeira, trator)
leo lubrificante velho
Vidro Plano de Porta e Janela (no
recicla)
Vidro comum (vidro de cozinha e de
laboratrio)

Produo por
ms (safra)
150 kg
0,5 kg
0,5 kg
0,5 kg
5L
1,0 kg
0,5 kg

Destino
Ferro-Velho
Contaminantes
Coletora
Transportadora Especializada
Contaminantes
Coletora
Transportadora Especializada
Contaminantes
Coletora
Transportadora Especializada
Contaminantes
Coletora
Transportadora Especializada
Contaminantes
Coletora
Transportadora Especializada

4 pc

Papel
Plstico
Lixo Eletrnico (reator de lmpadas,
computador, etc..)

25 kg
30 kg

Contaminantes
Coletora
Transportadora Especializada
ATA - Associao de Coletores
ATA - Associao de Coletores

10 kg

ATA - Associao de Coletores

Produtos
Qumicos
Caldeira
vasilhames
Produtos Qumicos Limpeza Hipoclorito
- vasilhames

0,05 kg

e
e
e
e

ATA - Associao de Coletores

Lmpadas Fluorescentes

Baterias (pilhas)

Contaminantes
Coletora
Transportadora Especializada

5 kg

Retorna ao Fornecedor

10 kg

Retorna ao Fornecedor

Resduos Orgnicos
gua Vegetal Residuria
Terra do Sistema de Descarga
Automtica (tombador)
Terra do Sistema Moegas (esteira de
terra)
Terra do Sistema Decantador (aps
Separador de Casquinha - Lagoas)
Casquinhas do Sistema Lavador (no
canto de fora do lavador)
Casquinhas do Sistema Lavador
(Separador de Casquinha - Lagoas)

37.800 m
768 ton

Retorna ao Fornecedor

43 ton

Aterro local

140 ton

Aterro local

36 ton

Coletada por pequenos produtores do


municpio para alimentao animal

77 ton

Adubao Orgnica Local

Massa de Mandioca

1.680 ton

Cinzas de Caldeira

24 ton

Resduo Sanitrio
Fossa Sptica Escritrio
Fossa Sptica Refeitrio/Vestirio
Fossa Sptica Casa do Motorista
Fossa Sptica Tombador
Fossa Sptica Fbrica

Lagoa de Tratamento Anaerbico e


Aerbico

2 m
5 m
2 m
2 m
2 m

Alimentao Animal Produtores da


regio
Correo de ph do solo dos
proprietrios vizinhos

Auto-Fossa - Recolhido Anualmente


Auto-Fossa - Recolhido Anualmente
Auto-Fossa - Recolhido Anualmente
Auto-Fossa - Recolhido Anualmente
Auto-Fossa - Recolhido Anualmente

Resduos gerados
Total de produo por ms (safra)
Resduos industriais
234 kg
Resduos orgnicos
2768 ton
Resduos sanitrios
13 m
Quadro 10 - Gerao de resduos por ms de safra na organizao.

43

5.2.5 Seleo do foco de avaliao

Atravs da anlise dos AIAs associados s atividades da fecularia,


evidencia-se que o processo fabril o que apresenta impactos ambientais mais
significativos.
O consumo de gua e energia so expressivos e indispensveis para os
processos. Outros aspectos de maior importncia so a gerao dos efluentes e
resduos slidos, sendo que todos so de responsabilidade direta da organizao,
se repetindo em diversas atividades.
Como a Produo mais Limpa uma ferramenta que engloba todos os
nveis das atividades desenvolvidas nas organizaes, alm selecionar como foco o
processo de extrao da fcula de mandioca, tambm sero consideradas demais
atividades que possam ser melhoradas, garantindo assim maiores benefcios
empresa e ao meio ambiente.

5.3 MEDIDAS DE PRODUO MAIS LIMPA PARA FECULARIA

5.3.1 Economia de energia

A energia utilizada pela Fecularia proveniente da companhia de energia


eltrica do estado, com exceo da energia da caldeira, a qual gerada a partir da
queima de cavaco.
No perodo de safra o consumo de energia eltrica de aproximadamente
528.800 KW/ms. Alm do fator econmico, o uso de energia proveniente de usinas
hidroeltricas est associado a impactos ambientais. A construo de uma usina
causa inundao de vastas reas, provocando alteraes no ecossistema,
destruindo fauna e flora e atingindo povoados, e tambm quanto maior o consumo
de energia mais escasso se torna o recurso.
A reduo dos gastos com energia tem impacto direto nos custos
empresariais, alm da minimizao dos impactos ambientais, como a queima de

44

combustveis fosseis, desmatamentos, emisso de gases do efeito estufa, entre


outros. Portanto devem ser definidas medidas com vistas a promover uma utilizao
racional de energia.
As medidas de Produo mais Limpa oferecem benefcios ambientais e
econmicos, como por exemplo, a reduo do consumo de energia eltrica e
consequente dos custos, reduo na gerao de lmpadas inservveis devido ao
prolongamento da vida til das mesmas, contribuio para manuteno da matriz
energtica e reduo na gerao de cinzas provenientes da caldeira.
Na sequncia so apresentadas algumas medidas de Produo mais Limpa
associadas ao consumo de energia (Quadro 11).

Medidas de Produo mais Limpa para a economia de energia


1 Substituir as lmpadas por equipamentos de iluminao de alto rendimento, com reatores
eletrnicos, e instalar sensores de presena em ambientes de ocupao ocasional, como por
exemplo, em locais externos Casa de Motorista, recepo e refeitrio.
2 Sempre que possvel, aproveitar a iluminao natural, uma maneira de se conseguir isso com a
instalao de telhas translcidas nos galpes, pois durante o dia permitem manter a iluminao
artificial parcialmente ou totalmente desligada.
3 Nos ambientes onde h utilizao de aparelhos de ar-condicionado, manter as janelas e portas
fechadas para evitar entrada de ar externo e limpar o filtro do aparelho periodicamente conforme
indicado pelo fabricante, para que a sujeira no prejudique o rendimento.
4 Instalar aquecedor solar na Casa de Motorista, substituindo o uso de energia proveniente da rede
eltrica estadual, para os chuveiros.
5 Criao de um manual de boas prticas para utilizao de energia, para que seja repassado aos
funcionrios e fornecedores.
6 Instalao de painis fotovoltaicos, a energia gerada pode ser armazenada e utilizada nos
horrios de pico, evitando que a fbrica pare sua produo ou pague mais caro pela energia eltrica
utilizada.
7 Realizar manutenes peridicas nas instalaes eltricas, para identificar possveis melhorias e
evitar perdas.
8 Utilizar o gs natural produzido no biodigestor para substituir o uso de cavaco na caldeira.
9 Revisar periodicamente os equipamentos e motores para se evitar consumo excessivo de
energia eltrica devido falta de manuteno.
10 - Instalar equipamentos para monitoramento da energia consumida por cada fase do processo,
para que assim sejam identificados os pontos de maior consumo e ocorra o controle.
Quadro 11 - Medidas de Produo mais Limpa para a economia de energia.

Todas as opes oferecidas devem ser analisadas quanto sua viabilidade


atravs de estudos econmicos e ambientais, e assim aplic-las conforme as
possibilidades da organizao.

45

5.3.2 Economia de gua

A gua utilizada na Fecularia proveniente de poo artesiano, com outorga


de uso vigente. Em perodo de safra, o consumo mdio de gua de 50.400
m/ms, e entre safra de 28.800m/ms. A organizao reutiliza parte do efluente
gerado na etapa da concentrao para a pr-lavagem da mandioca. Tambm feita
a coleta de gua de chuva para ser utilizada na caldeira.
Primeiramente necessria a medio precisa do consumo de gua em
cada equipamento e setor, pois o acompanhamento essencial para se identificar
desperdcios.
O maior consumo de gua ocorre nos processos produtivos e para a limpeza
do ambiente industrial. A limpeza do setor de produo alm de consumir gua, gera
efluente. Recomenda-se realizar uma pr-limpeza a seco, diminuindo o consumo de
gua e a instalao de um sistema CIP Clean in Place, pois alm de dispensar
mo de obra para a limpeza dos equipamentos, ele racionaliza o consumo de
produtos e gua.
Outra forma de contribuir na reduo do consumo de gua o uso de
equipamentos com bicos dosadores e alta presso para a limpeza dos ambientes.
Assim, so apresentadas a seguir algumas alternativas para reduo do
consumo de gua potvel (Quadro 12).

Medidas de Produo mais Limpa para a economia de gua


1 Melhorar o sistema de captao de gua pluvial para tambm utiliz-la na lavagem de ambientes
onde no seja necessrio o uso de gua tratada e, nos sanitrios.
2 Substituio dos vasos sanitrios comuns, por vasos sanitrios econmicos, que possuem dois
tipos de descarga de gua.
3- Instalar sensores e temporizadores nas torneiras de forma a evitar que fiquem abertas quando
no esto sendo utilizadas.
4 Fazer pr-limpeza dos maquinrios a seco, para que seja utilizada menor quantidade de gua.
5 Utilizar equipamentos de lavagem com bicos dosadores e econmicos.
6 Instalar medidores de consumo de gua por etapa do processo, para controle.
7 Instalar o sistema de limpeza CIP - Clean in Place, o qual montado nos prprios equipamentos
produtivos, com tubulaes para gua e detergentes, reservatrios de soluo de limpeza e bicos de
spray, sendo este, automatizado com controle preciso do tempo de durao e volume de produtos
consumidos em cada operao de limpeza.
Quadro 12 - Medidas de Produo mais Limpa para a economia de gua.

46

O uso racional da gua propicia a reduo do consumo e consequente


diminuio na gerao de efluentes e custos. Alm de aplicar medidas tcnicas para
se obter a reduo essencial a conscientizao dos funcionrios.

5.3.3 Outras medidas de Produo mais Limpa

As emisses atmosfricas geradas pela organizao so provenientes da


caldeira e da utilizao de veculos automotores. Na sequncia so apresentadas
medidas de Produo mais Limpa associadas s emisses atmosfricas (Quadro
13).

Medidas de Produo mais Limpa para reduo de emisses atmosfricas


1 Realizar inspeo visual de rotina, para identificao de emisso de fumaa na chamin da
caldeira.
2 Monitorar a qualidade do ar no entorno das instalaes.
3 Investir em veculos que utilizam combustveis limpos, como por exemplo, o biodiesel.
4 Realizar manuteno de rotina nos veculos, para evitar que componentes relacionados com a
emisso de gases fiquem alterados.
Quadro 13 - Medidas de Produo mais Limpa para reduo de emisses atmosfricas.

Em relao aos efluentes tratados, a Fecularia j adota a prtica de utiliz-lo


para a fertirrigao nas propriedades rurais vizinhas a indstria. Tambm est em
fase de instalao um biodigestor de duas fases, o qual faz as digestes
acidognica e metanognica separadamente, sendo mais eficiente para a remoo
das cargas biolgica e qumica do efluente da raiz de mandioca se comparado com
as lagoas e ocupa menor rea.
A utilizao do biodigestor possibilita a gerao de gs natural, o qual pode
ser utilizado como fonte de energia para a caldeira.
Outras possveis medidas para reduo na gerao de efluentes esto
diretamente relacionadas s medidas para reduo do consumo de gua, tambm
pode ser implantado caixa de separao de leo e graxas na oficina mecnica e no
ambiente fabril, para evitar que estes fludos sigam para o sistema de tratamento de
efluentes.

47

Em relao aos resduos slidos gerados, destacam-se as cinzas produzidas


na caldeira e os resduos vegetais gerados no processo de extrao da fcula, que
so distribudos para produtores rurais da regio. Todavia, h tambm outros tipos
de resduos na organizao que devem ser objetos de medidas de Produo mais
Limpa (Quadro 14).

Medidas de Produo mais Limpa para reduo de resduos slidos


1 Utilizar material de uso permanente para diminuir o uso de descartveis, como por exemplo,
incentivar os funcionrios a utilizarem canecas ao invs de copos descartveis.
2 Comprar produtos a granel, pois estes possuem menos embalagens.
3 Implantar compostagem para os resduos orgnicos gerados, e utilizar o adubo produzido para
as reas verdes da organizao.
4 Disponibilizar lixeiras de coleta seletiva para a segregao dos materiais reciclveis, por todo o
ambiente da organizao.
5 Construir uma central de resduos (baias com solo impermeabilizado e com cobertura para
proteger das intempries ambientais), separadas por classificao do tipo de resduo.
6 Criar parceria com os clientes para que ocorra a devoluo das embalagens, garantindo que
estas sero dispostas em local adequado.
7 Oferecer palestras de conscientizao de segregao dos resduos, para os funcionrios.
8 Treinar equipe para gerenciamento dos resduos perigosos.
9 Exigir dos prestadores de servios, apresentao de licena ambiental para coleta, transporte e
disposio dos resduos.
10 Cumprimento pleno do Plano de Gerenciamento de Resduos Slidos.
Quadro 14 - Medidas de Produo mais Limpa para a reduo de resduos slidos.

As medidas de Produo mais Limpa sugeridas podero previr ou reduzir os


impactos causados ao meio ambiente e tambm podem resultar em benefcios
financeiros para a organizao.
A organizao pode conseguir um grande avano se planejar seus produtos,
processos ou servios de modo que eles no causem impactos ambientais, mesmo
que parea inatingvel, a reduo de perdas de matria-prima e energia j um
passo importante, que resultar em benefcios significativos para a economia, meio
ambiente e sociedade.

48

6 CONCLUSO

Com a crescente preocupao com o meio ambiente, as organizaes tem


tido como foco a responsabilidade ambiental, dando espao gesto ambiental, a
qual uma alternativa para melhorar e controlar as atividades das empresas, de
forma a minimizar os impactos sobre o meio ambiente.
A prtica da Produo mais Limpa traz diversos benefcios para as
organizaes, como a reduo de custos, reduo dos impactos causados ao meio
ambiente, cumprimento da legislao, alm da imagem positiva perante a
comunidade e investidores.
Quanto s aes de gesto ambiental adotadas pela Fecularia identificou-se:
o atendimento aos requisitos legais aplicveis; a existncia de um Plano de
Gerenciamento de Resduos Slidos; destinao correta dos resduos slidos
gerados; a existncia de sistemas de tratamento de efluentes; reuso da gua no
processo de extrao da fcula; captao de gua pluvial para utilizao na caldeira;
profissionais habilitados contratados para a realizao de monitoramentos
relacionados s variveis ambientais.
Foram identificados 18 aspectos e 10 impactos ambientais distintos
associados s atividades da organizao. O processo de extrao da fcula de
mandioca exige elevado consumo de gua e energia, alm da gerao de efluentes,
resduos slidos e emisses atmosfricas, sendo estes os impactos mais
significativos.
Foram sugeridas medidas de Produo mais Limpa, associadas s variveis
ambientais energia, gua, efluentes, emisses atmosfricas e resduos slidos. As
quais, se implantadas, proporcionaro a minimizao dos impactos ambientais
decorrentes das atividades da organizao.
Sugere-se como estudos futuros a continuao deste trabalho, para que se
possa desenvolver as demais etapas da metodologia do Manual de Implantao da
Tcnica de Produo mais Limpa do Centro Nacional de Tecnologias Limpas
(CNTL). Destaca-se a necessidade de anlise da viabilidade das medidas sugeridas,
de modo que a organizao tenha interesse em aplic-las e at mesmo para que
sirva de material de referncia para outras empresas e pesquisadores.

49

REFERNCIAS

ARAJO, Alexandre F.. A aplicao da metodologia de Produo mais Limpa:


estudo em uma empresa do setor de construo civil. Florianpolis, 2002.
Disponvel
em:
<
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/84192/190428.pdf?sequence=
1>. Acesso em: 24 dez. 2014.

ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR ISO 14.001: Sistemas


de gesto ambiental: requisitos com orientaes para uso. Rio de Janeiro, 2004.

ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR ISO 19.011: Diretrizes


para auditorias de sistema de gesto da qualidade e/ou ambiental. Rio de
Janeiro, 2012.

ASSUMPO, Luiz F. J.. Sistema de Gesto Ambiental: Manual prtico para


implementao de SGA e Certificao ISO 14.001. Curitiba: Juru Editora, 2010.

BARBIERI, Jos C.. Gesto Ambiental Empresarial: Conceitos, modelos e


instrumentos. 2. ed. Editora Saraiva. So Paulo SP. 2007.

BOHN et al.. Sugestes para implementao de Produo mais Limpa em


Fecularia
de
mandioca.
So
Paulo,
2013.
Disponvel
em:
<
http://www.advancesincleanerproduction.net/fourth/files/sessoes/5B/7/bohn_et_al_w
ork.pdf>. Acesso em: 13 nov. 2014.

BRASIL. CONAMA. Resoluo N 306, de 5 de julho de 2002. Disponvel em:


<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res02/res30602.html>. Acesso em: 13 jul.
2014.

CENTRO NACIONAL DE TECNOLOGIAS LIMPAS. Implementao de programa


de Produo mais Limpa. Porto Alegre. 2003. Disponvel em: <
http://srvprod.sistemafiergs.org.br/portal/page/portal/sfiergs_senai_uos/senairs_uo69
7/proximos_cursos/implementa%E7%E3o%20PmaisL.pdf>. Acesso em: 10 nov.
2014.

DONAIRE, Denis. Gesto Ambiental na Empresa. 2. ed. So Paulo: Editora Atlas,


1999.

50

FILHO, Julio C. G. S.; SICS, Abraham B.. Produo mais Limpa: uma
ferramenta da Gesto Ambiental aplicada s empresas nacionais. XXIII

FERREIRA, Luiz F.; SOUZA, Andreza A.; FERREIRA, Denize D. M.. A auditoria
como instrumento de gesto ambiental um estudo aplicado a carcinicultura.
2007.
Disponvel
em:
<http://www.aedb.br/seget/artigos07/1273_1273_versaoseget_REV%282%29.pdf>.
Acesso em: 13 jul. 2014.

FURTADO, Marcelo. P+L: Brasil assume compromisso com a Produo mais


limpa.Qumica
e
derivados.
So
Paulo,
2002.
Disponvel
em:
<http://www.quimica.com.br/pquimica/25022/p-l-brasil-assume-compromisso-comproducao-mais-limpa/>. Acesso em: 11 jan. 2015.

KRAEMER, Maria E. P.. Gesto ambiental: um enfoque no desenvolvimento


sustentvel.
GestioPolis,
2004.
Disponvel
em:
<http://www.gestiopolis.com/canales3/ger/gesamb.htm>. Acesso em: 02 jul. 2014.

LANNA, Antnio E. L.. Gerenciamento de bacia hidrogrfica: aspectos


conceituais e metodolgicos. Braslia: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renovveis, 1995.

MELLO, Maria C.. A. Produo mais Limpa: um estudo de caso na AGCO do


Brasil.
2002.
Disponvel
em:
<
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/3706/000341804.pdf?sequence=1
>. Acesso em: 13 nov. 2014.

MORATO, Luiz A. N.; TEIXEIRA, Rivanda M.. Perfil e Gesto de agroindstrias no


semirido
sergipano.
2010.
Disponvel
em:
<http://ageconsearch.umn.edu/bitstream/102027/2/2010_3.artigo3.pdf >. Acesso em:
26 jun. 2014.

MOREIRA, Maria S.. Estratgia e Implantao do Sistema de Gesto Ambiental


(Modelo ISO 14001:2004). 4. ed. Nova Lima: Editora Falconi, 2013.

OLIVEIRA, Marcio.. A Produo mais Limpa como ferramenta de Gesto


Ambiental para as indstrias do municpio de Juiz de Fora. 2006. Disponvel em:
<http://www.ufjf.br/ep/files/2009/06/tcc_jul2006_marciodeoliveira.pdf>. Acesso em:
04 jul. 2014.

51

QUEIROZ, Regiane L. S.; QUEIROZ, Eliseu S.. A contabilidade como um


instrumento de gesto ambiental e empresarial,e a sua contribuio melhoria
da qualidade de vida planetria. Revista Pensar Contbil do Conselho Regional de
Contabilidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, n 09, ago/out 2000.
Disponvel em: <http://www.crc.org.br/revista/revista_pensar_contabil.asp>. Acesso
em: 04 jul. 2014

REIS, Lus F. S .S. D.; QUEIROZ, Sandra .M. P.. Gesto Ambiental em pequenas
e mdias empresas. Rio de Janeiro: Editora Qualitymark, 2004.
SEIFFERT, Maria. E. B.. ISO 14001 Sistemas de Gesto Ambiental:
implantao objetiva e econmica. 3. ed. So Paulo: Editora Atlas, 2010.

SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - RS. Princpios


Bsicos de Produo mais Limpa em Matadouros Frigorficos. Porto Alegre,
2003.
Disponvel
em:
<http://wwwapp.sistemafiergs.org.br/portal/page/portal/sfiergs_senai_uos/senairs_uo
697/proximos_cursos/Princ%EDpios%20B%E1sicos%20de%20PmaisL%20em%20
Matadouros%20Frigor%EDficos.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2015.

TEIXEIRA, Joo P. B.. Implementao de um Sistema De Gesto Ambiental luz


da Produo Limpa: O caso da HJ Bahia. 2006. Disponvel em:
<http://www.teclim.ufba.br/site/material_online/monografias/mono_joao_teixeira.pdf>.
Acesso em: 09 jul. 2014.

THEODORO, Suzi H.; CORDEIRO, Pamora M.; BEKE, Zeke. Gesto Ambiental:
Uma prtica para mediar conflitos socioambientais. 2004. Disponvel em:
<http://www.nuredam.com.br/files/divulgacao/artigos/Gest%E3o%20Ambiental%20e
%20Conflitos%20socioambientais.pdf>. Acesso em: 30 mai. 2014.

52

APNDICE A QUESTIONRIO DE DIAGNSTICO DE GESTO AMBIENTAL


DA FECULARIA

(continua)
1. Requisitos legais
1.1 A empresa possui licena de operao? Est vigente?
1.2 Quais as condicionantes determinadas pelo rgo ambiental na licena de operao? So
cumpridas?
1.3 Existem multas ou processos no judicirio sobre questes ambientais?
1.4 Possui outros tipos de licena pertinentes, como por exemplo, para desmatamento?
1.5 H procedimento para avaliar periodicamente os requisitos legais aplicveis?
2. Recursos hdricos e energticos
2.1 Qual a fonte de recurso hdrico utilizado na empresa?
2.2 Em caso de coleta de poo, h outorga de uso?
2.4 So coletadas amostras da gua do poo com que frequncia?
2.5 A gua potvel atende ao padro de qualidade?
2.6 H reaproveitamento de guas pluviais?
2.7 H programa de racionalizao do consumo de gua?
2.8 H reciclos de gua nos processos industriais?
2.9 Qual o consumo mensal de gua?
2.10 A energia utilizada proveniente da rede eltrica estadual? Se negativo, qual a fonte?
2.11 H controle de consumo de energia?
2.12 H programa de racionalizao do consumo de energia?
3. Emisses atmosfricas
3.1 Quais as fontes de emisses atmosfricas?
3.2 H monitoramento das emisses geradas?
3.3 Possui equipamentos e/ou sistemas de controle para minimizar as emisses atmosfricas? Em
caso afirmativo, quais?
3.4 H monitoramento da qualidade do ar?
3.5 Eventos fora do padro so comunicados aos rgos ambientais?
4. Efluentes lquidos
4.1 Quais os tipos de efluentes lquidos gerados?
4.2 Possui tratamento de efluente industrial adequado, com atendimento ao padro de qualidade no
descarte?
4.3 O efluente sanitrio descartado no sistema de coleta de esgoto urbano? Se negativo, possui
tratamento adequado?
4.4 Existem mecanismos eficientes para impedir que efluentes que contm leo sejam lanados em
corpos dgua?
4.5 Qual a forma de tratamento do efluente industrial?
4.6 A drenagem pluvial segregada dos demais efluentes?
4.7 H monitoramento dos efluentes gerados? Qual a vazo?

53

(concluso)
5. Resduos slidos
5.1 Quais so os resduos slidos gerados?
5.2 H coleta seletiva dos resduos?
5.3 Como feito o armazenamento dos resduos? Os ptios so pavimentados? Dispe de
mecanismos para evitar a contaminao do solo e o carreamento de resduos para a drenagem
pluvial?
5.4 A empresa mantm atualizado um inventrio de resduos?
5.5 definida a destinao mais adequada a cada tipo?
5.6 Existe um plano de gerenciamento dos resduos? 5.7 Sempre que necessrio, so realizadas
anlises para identificar a classe dos resduos?
5.8 Como so as condies de armazenamento de produtos ou resduos perigosos? Atendem s
normas de segurana pertinentes?
5.9 Os resduos orgnicos so destinados para compostagem?
5.10 Caso exista resduo ambulatorial, sua disposio adequada?
5.11 Como feita a disposio do lixo comum?
5.12 Para onde e como so destinados cada tipo de resduo?
5.13 Qual a quantia mdia produzida de resduos?
5.14 H programa para reduo da gerao de resduos, reuso ou reciclagem?
5.15 O local de destinao final licenciado?
6. Matria-prima
6.1 Quais as principais matrias-primas?
6.2 Os fornecedores so licenciados?
6.3 Existe programa para maior aproveitamento da matria-prima?
6.4 H documentos que garantam a qualidade da matria-prima?
Quadro 15 Questionrio de diagnstico de gesto ambiental da Fecularia.

Você também pode gostar