Cartilha Humanizacao Do Parto PDF
Cartilha Humanizacao Do Parto PDF
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Nasce o respeito
informaes prticas sobre seus direitos
procurador-geral de justia
chefe de gabinete
caop sade
s u b p r o c u r a d o r a - g e r a l e m a s s u n t o s a d m i n i s t r at i v o s
Jaques Cerqueira
p r o j e t o h u m a n i z a o d o pa r t o
ouvidor
colaborao
Bruno Bastos
Izabela Cavalcanti Pereira
organizao
fotografia
coordenao
a p o i o a d m i n i s t r at i v o
Bruno Bastos
Jaques Cerqueira
Mateus S
Bruna Vieira
Ctia Fonseca
Marli Cruz
f i c h a c ata l o g r f i c a
618.2
H918 Humanizao do parto. Nasce o respeito : informaes prticas sobres seus direitos /
Organizao, Assessoria Ministerial de Comunicao ; Coordenao, Masa Silva
de Melo de Oliveira ; Redao, Andra Corradini Rego Costa e Masa Melo de
Oliveira ; Reviso Tcnica, Comit Estadual de Estudos de Mortalidade Materna
de Pernambuco. -- Recife : Procuradoria Geral de Justia, 2015.
34 p. ; il.
p r o d u o e x e c u t i va
Leonardo MR Dourado
DDIR 618.2
Recife, 2015
A p r e s e n ta o
P e r g u n ta s
e r e s p o s ta s
Gestante de risco habitual aquela que no apresenta caractersticas ou situaes que aumentam a probabilidade
dela e/ou do beb desenvolverem alguma complicao na gravidez, parto e ps-parto. Dentre estas, tem-se: complicaes graves em gestaes anteriores, presena de doenas cardacas, diabetes, HIV/aids etc.
Quando a cesariana
indicada?
H uma preocupao de
todo o sistema de sade
do Pas quanto ao elevado
nmero de operaes cesarianas sem a indicao
correta, o que aumenta
os riscos para a mulher
e o beb. Atualmente, a
maioria dos brasileiros j
nasce por cesariana (52%),
sendo que este nmero
chega a 88% no sistema
privado, enquanto que
a OMS recomenda 15%
como ndice seguro. No
h justificativa clnica para
um nmero to elevado.
A cesariana um recurso
que salva vidas quando
necessria, porm, sem a
indicao adequada, expe mes e bebs a riscos
maiores do que no parto
normal. A operao cesariana se faz com indicao
mdica por razo de risco
sade da gestante e/ou
do beb.
So indicaes de
cesariana: descolamento
prematuro da placenta
com feto vivo (fora do
perodo expulsivo); prolapso de cordo; quando
o beb est em posio
transversal durante o trabalho de parto; gestante
soropositiva para HIV; no
caso de ruptura de vasa
praevia ou ainda herpes
genital com leso ativa
no momento em que se
inicia o trabalho de parto,
dentre outros.
No so indicao de cesariana: cordo enrolado,
beb grande ou pequeno demais, idade da
gestante, seja adolescente
ou acima de 35 anos,
dentre outros.
Procedimentos no recomendados
Alguns procedimentos so realizados de forma rotineira nos partos, mas devem ser
evitados, de acordo com as orientaes da OMS e do Ministrio da Sade:
Tricotomia: a raspagem dos pelos pubianos. considerada desnecessria.
Episiotomia (episio ou pique): corte no perneo
(regio entre a vagina e o nus) feito com a inteno
de facilitar a sada do beb; atualmente j se sabe que
a episiotomia rotineira pode causar mais danos do que
benefcios. Por isso, seu uso deve ser limitado.
Enema: a lavagem intestinal. incmoda e constrangedora para muitas mulheres, seu uso no traz benefcios para o trabalho de parto. No deve ser feita.
Proibio de ingerir lquidos ou alimentos leves durante o trabalho de parto: segundo a OMS, o trabalho
de parto requer enormes quantidades de energia. Como
no se pode prever a sua durao, preciso repor as
fontes de energia, a fim de garantir o bem-estar fetal
e materno. Em uma gestante de risco habitual, com
pouca chance de precisar de anestesia geral, a ingesto
de lquidos e alimentos leves deve ser permitida.
Manobra de Kristeller: um empurro dado na barriga
da mulher com o objetivo de levar o beb para o canal
de parto. Esta prtica pode ser perigosa para o tero e o
beb, no havendo evidncias de sua utilidade.
A humanizao deve
ocorrer tanto no parto
normal quanto na operao cesariana?
Sim. A equipe que prestar
a assistncia junto
mulher e sua famlia deve
levar em considerao
diversos fatores, como a
sade da me e do beb
e os riscos envolvidos.
O importante que a
mulher seja esclarecida
pelo profissional de
sade quanto aos riscos
existentes, possibilitando
uma conduta adequada
e segura.
O beb pode ficar
junto com a me aps
o parto?
O alojamento conjunto
da me com o beb
uma regra muito impor-
Nascer no Brasil
A Pesquisa Nascer no Brasil revelou que muitas mulheres
no vm tendo seus direitos respeitados no momento
do parto. Muitas at os desconhecem, dificultando a
identificao de situaes de violao. O resultado da
pesquisa um retrato da assistncia ao parto praticada
atualmente no Brasil e da necessidade de um esforo
conjunto para mudar essa realidade:
70%
25,2%
91,7%
52%
5%
53,5%
88%
26,6%
18,7%
Essas atitudes
podem gerar
responsabilizao
administrativa,
civil e penal
para os
profissionais.
No caso de aborto,
quais os direitos da mulher no atendimento?
Nesses casos, se faz
necessrio superar a discriminao e a desumanizao do atendimento s
mulheres em situao de
abortamento, como por
exemplo a recusa da internao ou a longa espera
para atendimento. Em
situaes de urgncia ou
emergncia, todo servio
de sade deve cuidar da
mulher de modo rpido,
respeitoso e de acordo
com as normas do Ministrio da Sade. As regras
da Poltica de Humanizao do Parto se aplicam
Direitos
da
G e s ta n t e
Direitos da gestante
O parto um momento muito especial para a vida da
me, do beb e de toda a famlia. Quando os direitos
do parto so respeitados, todos tm uma experincia
prazerosa.
Antes do parto:
Ter acesso ao teste de gravidez, com garantia de confidencialidade, na unidade de sade.
Realizar a primeira consulta pr-natal com at 120
dias de gestao (4 meses).
Receber avaliao inicial imediata da sade da me e
do beb, para verificar se precisam de atendimento
prioritrio.
Ter acesso a, no mnimo, seis consultas de pr-natal,
de preferncia: uma no primeiro trimestre, duas no
Quando
ABO-Rh
Na primeira consulta
Na primeira consulta
Glicemia de jejum
Na primeira consulta.
Repetir na 30 semana
VDRL
Na primeira consulta
Repetir na 30 semana
Urina - tipo 1
Investiga infeces.
Na primeira consulta
Repetir na 30 semana
Teste anti-HIV
Na primeira consulta
30 semana
Na primeira consulta
outros procedimentos
necessrios.
Possibilidade de se
movimentar, caminhar,
se sentar, o que facilita
o parto.
Possibilidade de se
alimentar com lquidos
ou alimentos leves.
Acesso a mtodos para
alvio da dor durante
a evoluo do parto,
desde massagens at a
analgesia.
Realizao da ausculta
fetal (ouvir os batimentos cardacos do beb)
e o controle dos sinais
vitais da me, alm dos
Contato imediato do
beb com a pele da sua
me logo aps o nascimento (se ela desejar),
colocando-o sobre a
sua barriga ou seios, de
bruos e coberto de
forma seca e aquecida.
O contato pele a pele
deve ser garantido
tanto no parto normal
quanto na cesrea, na
primeira hora de vida
e antes de qualquer
procedimento de rotina,
e no significa apenas
mostrar o beb ou
encost-lo rapidamente
no rosto da sua me.
Corte do cordo umbilical apenas quando
pararem as pulsaes
(de 1 a 3 minutos aps
o nascimento).
Estmulo da amamentao na primeira hora
de vida.
Realizao dos procedimentos de rotina no
recm-nascido apenas
aps a primeira hora
de vida (pesar, medir,
vacinar etc.)
Se a me for HIV positivo, as regras do cordo
umbilical e da amamentao no valem, para
evitar a transmisso do
vrus para o beb.
O contato pele a
pele verdadeiro
acontece quando a
criana fica no colo
da me pela primeira hora de vida,
algumas vezes at
j se iniciando a
amamentao
nesse momento.
Em todos os
momentos (antes,
durante e aps o
parto), a mulher
tem o direito da
presena de um
acompanhante.
Aps o parto:
Alojamento conjunto
da me com o beb
e seu acompanhante
desde o nascimento,
no devendo haver
perodo de observao no berrio sem
uma indicao clnica
concreta.
Controle da luz, da
temperatura e de rudos
no ambiente.
Incio da amamentao
ainda na primeira hora
de vida, sendo mantida
como nica alimentao at o sexto ms do
beb. Depois disso, o
beb deve continuar
tomando leite materno,
junto a outros alimentos, at os dois anos de
idade ou mais.
O que um Plano de
Parto?
O Plano de Parto
um texto contendo as
escolhas da mulher para
o seu pr-parto, parto e
ps-parto. Pode ser feito
em forma de uma carta e
deve trazer suas preferncias de forma clara para
orientar os profissionais
de sade que acompanharo o processo. Voc
pode usar as informaes
desta cartilha e outras
orientaes, inclusive
mdicas, para escrever
o seu Plano de Parto. O
texto deve ser elaborado
durante o pr-natal e
deve ser acompanhado
de orientaes sobre
alimentao, exerccios
fsicos e respiratrios
preparatrios.
O que so o carto da
gestante e o partograma?
A Resoluo 368 da
ANS determina que seja
fornecido o carto da
gestante, um instrumento com os registros das
consultas do pr-natal
que deve ser apresentado
nos estabelecimentos de
sade durante a gestao e quando entrar
em trabalho de parto.
J o partograma um
documento grfico onde
o profissional de sade
registra o desenvolvimento do trabalho de parto,
incluindo a justificativa de
necessidade de operao cesariana e parte
integrante do processo
para pagamento do
parto. A Resoluo diz
Promotoria de Justia da
sua cidade. Os endereos
e telefones esto disponveis no site.
Procure a Defensoria
Pblica ou a Ordem dos
Advogados do Brasil
OAB, para ingressar com
ao judicial para reparao de danos morais e
materiais.
Defensoria Pblica
www.defensoria.pe.gov.br
0800.081.0129
OAB Pernambuco
www.oabpe.org.br
Procure os Comits de
Mortalidade Materna
e/ou de Mortalidade
Infantil de seu municpio
ou regio.
Procure a Ouvidoria
do Sistema nico de
Sade.
Disque-sade: 136
Os profissionais de
sade devem agir de
forma tica e solidria,
informando a mulher
sobre sua sade, evitando intervenes
desnecessrias e
ouvindo sua opinio
sobre os procedimentos indicados, de forma
clara, respeitando seu
saber e o conhecimento do seu corpo.
Principais diretrizes
Destaca, dentro dos Objetivos do Milnio, a necessidade de se alcanar: igualdade entre sexos e empoderamento da mulher; reduo da mortalidade infantil; melhoria da sade das gestantes.
Lei 8.080/1990
Direito Sade
Ressalta que a humanizao do parto condio primeira para o adequado acompanhamento sade da
mulher e do beb, compreendendo o dever das maternidades de receber com dignidade a mulher, seus
familiares e o beb, o que requer atitude tica e solidria por parte dos profissionais de sade, a criao de
um ambiente acolhedor e a adoo de medidas e procedimentos sabidamente benficos para o acompanhamento do parto e do nascimento, evitando prticas intervencionistas desnecessrias, que embora tradicionalmente realizadas, no beneficiam a mulher nem o recm-nascido, e que com frequncia acarretam
maiores riscos para ambos.
Considera que parto e nascimento so acontecimentos de cunho familiar, social, cultural e fisiolgico,
fortalecendo o compromisso com os direitos de cidadania e garantindo o acesso s informaes sobre
sade. Obriga todos os servios de ateno sade da gestante a adotarem os preceitos de humanizao
do parto, descrevendo detalhadamente as medidas necessrias para a adoo de boas prticas no atendimento ao parto.
Dispe que o direito sade alcana os direitos reprodutivos das mulheres e os direitos das crianas,
abrangendo o direito de acesso a tcnicas e servios de sade que proporcionem atendimento digno e
seguro, durante a gravidez e o nascimento, me e ao beb.
Quem orienta
Principais diretrizes
Estatuto da Criana e do
Adolescente (ECA)
Afirma que crianas e adolescentes tm direito proteo vida e sade, mediante a efetivao de
polticas sociais que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso. Determina que os
estabelecimentos de sade, pblicos e particulares, so obrigados a manter o alojamento conjunto, ou
seja, possibilitar que o recm-nascido permanea todo o tempo junto de sua me.
Ministrio da Sade
uma rede, criada no SUS, que promove o direito ao planejamento da reproduo (escolha de quando se
Portaria 1.459/2011 (Rede quer ter filhos) e ateno humanizada na gravidez, parto e ps-parto.
Cegonha)
Ministrio da Sade
Portaria 371/2014
Assegura que o beb dever ser colocado imediatamente no colo da me aps o nascimento (o chamado
contato pele a pele), devendo permanecer durante a primeira hora de vida, para fortalecer o vnculo entre
me e beb e estimular a amamentao. Assegura tambm que o cordo umbilical s dever ser cortado
quando parar de pulsar, para garantir que o beb receba uma dose extra de oxignio nos primeiros
momentos de vida. Procedimentos de rotina s devero ser realizados aps este contato, exceto se houver
indicao clnica.
Agncia Nacional de
Sade Suplementar Resoluo 368/2015
Dispe sobre o direito de acesso informao das beneficirias aos percentuais de cirurgias cesreas e de
partos normais, por operadora, por estabelecimento de sade e por mdico e sobre a utilizao do partograma, do carto da gestante e da carta de informao gestante no mbito da sade suplementar.
Referncias
AMORIM, Melnia Maria Ramos de. Estuda, Melnia, Estuda! 2012. Disponvel em: <http://www.estudamelania.
blogspot.com.br/>. Acesso em: 19 mar. 2015.
BRASIL. ANVISA. Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. Resoluo RDC n 36, de 3 de junho de 2008. Regulamento Tcnico para Funcionamento dos Servios de
Ateno Obsttrica e Neonatal. Disponvel em: <http://
www.anvisa.gov.br/divulga/noticias/2008/040608_1_
rdc36.pdf> Acesso em: 26 de jan, 2015.
BRASIL. Ministrio da Sade. Portaria n 569/GM, de 1 de
junho de 2000. Dispe sobre o Programa de Humanizao do Parto e Nascimento no mbito do Sistema nico
de Sade.
BRASIL. Ministrio da Sade. Portaria n 1.459, de 24 de
junho de 2011. Dispe sobre a Rede Cegonha no mbito do Sistema nico de Sade.
direito da pessoa, na
rede de servios de
sade, ter atendimento
humanizado, acolhedor, livre de qualquer
discriminao, restrio
ou negao em virtude de idade, raa, cor,
etnia, religio, orientao sexual, identidade
de gnero, condies
econmicas ou sociais,
estado de sade, de
anomalia, patologia ou
deficincia.
Portaria n 1.820/09 do Ministrio
da Sade