Werner Wiese - Ética Fundamental .............................

WERNER WIESE - TICA FUNDAMENTAL
De algumas dcadas para c e de forma acentuada nos ltimos anos, assiste-se e sofre-se
no apenas mudanas rpidas de valores, mas uma perda gradativa e continuada de
quaisquer valores ticos que estejam acima de preferncias individuais circunstanciais.
(16)
Sem dvida, nossa gerao uma gerao da crise da tica. Largas escalas da sociedade
vivem sem referenciais, o que na realidade no sustentvel por muito tempo sem sofrer
prejuzos, se no irreversveis. No mnimo, altssimos.
(16)
A palavra tica de origem grega e remota aos substantivos ethos e/ou thos. Esses
substantivos derivam de eth que significa estar habituado, apropriar-se.
(21)
Originalmente, thos pode indicar o paradeiro habitual. O significado bsico : costume,
hbito, uso ou o usual. thos ainda porta o significado carter, mentalidade, ndole.
(21)
Na Bblia s ocorre os termos bsicos thos e ethos, porem, no a palavra tica. thos
ocorre apenas em I Co 15.33, onde se l: As ms conversaes corrompem os bons
costumes. J a palavra ethos ocorre doze vezes no NT e tem dois significados: 1. Costume
um comportamento ou uma atitude que se repete por hbito. Como tal pode simplesmente
registrar um hbito, isento de qualquer julgamento de valor. Esse parece ser o caso de Lc
22.39. Por outro lado, ethos tambm pode vir acompanhado de uma conotao de censura a
um determinado comportamento, como fica evidente em Hb 10.25.
2. Costume/hbito ligado a referenciais histricos, por exemplo: a. Conforme costume
(=direito) romano (At 16.21; 25.16). b. Conforme costume dos judeus (Jo 19.40). 3.
Costume (=regra) ligado (de alguma forma) Lei mosaica (Lc [2.27] 2.42; At 6.14; 15.1;
21.21; 26.3; 28.17).
(22)
Como definir tica? tica a cincia (estudo/ensino)
Que se ocupa com a conduta do ser humano, focando especialmente sua responsabilidade
pela organizao da vida na sociedade (e perante Deus).
(23)
Rabuske.
...cincia normativa do agir humano em vista do seu fim ltimo.
(23)
tica descritiva significa que a tarefa da tica consiste em analisar e descrever a histria
da conduta do ser humano. Portanto, tica descritiva constata como o ser humano cristo
ou no- se comporta.
(23)
tica normativa.
Ela pressupe a existncia da verdade. Para detect-la, necessita-se de normas ou
critrios formulados a partir da verdade. Finalmente, tica normativa pressupe que o ser
humano tenha liberdade para agir desta ou daquela maneira.
(23)
Moral vem do latim mos e originalmente significa vontade, inteno ou intento e , por
assim dizer, sinnimo de tica.
(24)
A noo de que existia o certo e errado est presente em todas as etnias e culturas.
Contudo, os critrios para defini-los no so iguais, mas seguem padres prprios.
(27)
Como criao de Deus, o mundo a casa e a horta primrias para o ser humano habitar e
se alimentar.
(29)
Por essa razo, deve-se preserv-lo ao mximo. Isso.
(29)
O objetivo da tica teolgico- crist a salvao do mundo criado por Deus. vista da
transitoriedade e do real estado do mundo, a mais nobre e urgente tarefa da pessoa crente
em Jesus Cristo e da comunidade crist proclamar o evangelho.
(29)
O que tica positiva? tica positiva pressupe determinadas normas e valores de
conduta que se cristalizam e se formaram ao longo da histria. Como tais, eles tm validade
e carter de obrigatoriedade.
(32)
Normas objetivas (hbitos, leis) auxiliam na convivncia humana.
(33)
Elas podem evitar conflitos desnecessrios e, nesse sentido, favorecem a vida. Esse um
aspecto altamente positivo.
(33)
Nem tudo que legal tico, provrbio: a lei, alm de cega fria, pode ser injusta.
(34)
Se a lei do aborto permite abortar em certas circunstncias, de forma alguma isso significa
que essa lei seja justa.
(34)
...o positivismo desconhece ou ignora a existncia de valores ticos que transcendam o
tempo.
(34)
Conforme Lersch, um comportamento instintivo tem as seguintes caractersticas:
1. Ele inato ou congnito;
2. Ele estereotpico;
3. Ele conveniente.
(35)
Os instintos podem ser identificados com tendncia fundamentais que no foram o ser
humano (exceto em situaes extremas) a agir contra sua vontade nem o levam a agir
automaticamente de forma correta.
(36)
Liberdade de deciso e tambm liberdade de ao implica responsabilidade.
(Werner Wiese 36)
Assistimos hoje o que podemos chamar de turismo psico-religioso-emocional que
embriaga as pessoas nos Shopping-centers-da-religio: pessoas so atradas a migrar de
uma loja-psico-religiosa para a outra, sem criar razes e identidade espirituais.
(38)
Forell.
Os cristos tendem a confundir a vida crist com alguma forma de hedonismo
sobrenatural.
(39)
A crise de valores na sociedade grega. No sculo V a. C. houve uma espcie de
globalizao ou internacionalizao das relaes comerciais. Foi uma poca de intensas
viagens. O contato com outros povos, culturas e valores levou `relativizao dos prprios
valores tidos, at ento, como absolutos. Algo semelhante, porm mais rpido e abrangente
ocorre na globalizao que vivemos ou assistimos em nosso dias.
(42)
...o direito natural igual todo o tempo, em todos os lugares para todas as pessoas.
(Werner Wiese 45)
Consequentemente, quem desobedece lei da natureza (=direito natural) torna-se infiel a
si mesmo.
(45)
Na Idade Mdia, o principal difusor desse conceito filosfico religioso na teologia da

igreja crist foi Toms de Aquino. Aquino trabalhou o pensamento do direito natural e lhe
deu um novo perfil, desenvolvendo a doutrina da lei quadrupla (ainda vigente hoje na igreja
Catlica Romana), ou seja: A lex aeterna (Lei eterna), a lex naturalis (lei natural), a lex
humana (lei humana) e a lex divina (lei divina).
(46)
A lei divina a lei revelada por Deus em forma das sagradas escrituras e tem uma funo
corretora ou reguladora e complementadora da lei humana.
(47)
O ser humano tal qual (depois da queda no pecado) no tem percepo ntida de Deus e
das coisas concernentes a ELE nem da real situao do ser humano diante de Deus. I Co
2.14-16; Rm 1.18.
(48)
Representantes clssicos da tica d situao so, entre outros, John Robinson e Joseph
Fletscher. A tica de situao tem fortes ligaes com a tica utilitarista. Isso se percebe na
frase de Fletscher: O maior bem para o maior nmero de pessoas. A nica norma vlida o
amor. Em cada situao e momento cada pessoa deve decidir o que uma atitude de amor.
S assim possvel agir de maneira certa e responsvel. O que ontem era certo hoje pode
no (mais) certo ou vice-versa.
(49)
Herclito (544-483 a. C. [?]).
Tudo est em constante fluxo (panta rhei), em mutao.
(50)
...o amor o cumprimento e no a transgresso da lei.
(52)
...a relativizao dos valores ticos, fomenta o egosmo e abre o caminho para a
arbitrariedade humana.
(52)
tica, essencialmente em primeiro lugar, tem a ver com a vida de forma geral, mas
especialmente com a vida humana, independentemente das suas condies fsicas e mentais
(pessoas portadoras de deficincias/necessidades especiais), idade e gnero (embrio, feto,
criana, adolescente, jovem, adulto, idoso, homem ou mulher), condies sociais, culturais e
tnicas (econmicas e profissionais, grau de instruo e conjunto dos seus valores, povo,
cor e raa). A vida humana no est nem deve ser entregue ao acaso e arbitrariedade,
prpria ou alheia.
(53)
Dentro da criao, o ser humano ocupa uma funo de destaque (=responsabilidade)
dentre todas as demais criaturas, pois o sujeito da tica.
(58)
O texto bblico fundamental, que diz respeito ID Gn 1.26,27. Portanto, ID do ser
humano uma afirmao bblica incontestvel.
(60)
Faamos... enfatiza a singularidade do ser humano no contexto de toda a criao (veja
tambm o Sl 8).
(60)
Originalmente, o Antigo Testamento (AT) foi escrito em lngua hebraica. Para imagem e
semelhana, em Gn 1.26, usa-se as palavras selem e demut. Literalmente, selem significa
escultura/esttua. E demut, por sua vez, significa cpia. A partir desses dados, as seguintes
constataes chamam a ateno: enquanto que em Gn 1.26 se usa selem e demut, em Gn
1.27 apenas selem repetido e logo duas vezes. Em Gn 5.1 novamente se fala do ser
humano, mas se usa apenas demut; selem omitido. J em Gn 5.3, contexto em que se
menciona os descendentes de Adam (Ado), novamente so empregadas as duas palavras:
selem e demut (= semelhana) e selem (=imagem). At que pontos esses dados so
importantes? No mnimo, eles podem nos guardar de sobre estimar diferenas entre imagem
e semelhana. Na verdade, os dois termos no podem ser separados. Demut complementa
salem. Mas, a rigor, figuram como sinnimos.
(61)
Adam um coletivo singular que pode ser usado como nome prprio e tambm como
coletivo para a humanidade.
(62)
H. W. WOLFF.
O ser humano como pessoa foi criado para relacionar-se com Deus. Essa sua essncia e
finalidade.
(62)
A partir dessa relao com Deus, o ser humano deve relacionar-se com seu semelhante, Gn
2.18,22-25 e com o meio ambiente, 19-20.
(64)
ID no pode ser reduzido parte fsica nem a espiritual e mental do ser humano. Ela diz
respeito totalidade da pessoa humana criada por Deus e Programada para Deus.
(64)
Burkhardt: ID uma declarao sobre o ser do ser humano no sentido de uma
determinao (finalidade) do seu ser desta forma: assim o ser humano. uma afirmao
sobre sua natureza (qualidade).
(64)
Como entender termos to antagnicos? Dominar (radah) sobre os animais e sujeitar

(Kabas) a terra so expresses muito fortes. Literalmente elas significam pisar como se pisa
a uva no lagar, violentar.
(65)
Dominar e sujeitar, como ao humana, apenas enfatizam que os reinos animal, vegetal e
mineral no so governados por deuses ou mistrios da natureza (animismo). Eles so
cuidados pelo ser humano que, criado ID, de fato ocupa uma posio de destaque dentre
tudo que foi criado.
(65)
Em ltima instncia, o domnio sobre o mundo confiado ao ser humano deve espelhar-se
no modo de dominar do crucificado Jesus.
(65)
ID significa que o ser humano esttua de Deus na criao: ele representa Deus. Sua
finalidade documentar que Deus o Senhor da criao.
(66)
Adam, com coletividade ou humanidade e/ou como indivduo, um ser social e indivduo
inconfundvel.
(67)
No que diz respeito ID, ningum substituvel por outro.
(67)
Para que o domnio ou a administrao do mundo tenha carter de imagem
indispensvel que o ser humano oua e obedea a seu Criador. Caso contrrio, a ID (as
capacidades que Deus deu ao ser humano para lidar com a criao) poder transformar-se
em desgraa e tragdia para o ser humano individual, seus semelhantes e para o meio
ambiente, como bem destaca a narrativa de Gn 3.1-24..
(68)

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