UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARAN

ENGENHARIA CIVIL
MECNICA DOS FLUDOS

DANIELA KUNZ

ATIVIDADE PRTICA SUPERVISIONADA

TRANSFERNCIA DE MASSA

TOLEDO
2014

DANIELA KUNZ

TRANSFERNCIA DE MASSA

Relatrio

tcnico

requisito

parcial

apresentado
para

obteno

como
de

aprovao na disciplina Mecnica dos

Fludos , no Curso de Engenharia Civil, na
Universidade

Tecnolgica

Paran.
Prof.: Calil Abumanssur

Federa

do

TOLEDO
2014
1. INTRODUO

A transferncia de massa o transporte da massa como resultado da diferena de

concentrao de uma espcie em uma mistura (INCROPERA e DEWITT, 1998).
Existindo regies com diferentes concentraes, ocorrer transferncia de massa no
sentido das zonas onde a concentrao desse componente mais baixa. Essa
transferncia pode ocorrer pelo mecanismo da difuso molecular ou da conveco.
Ambos os processos podem ser estimulados fisicamente, atravs de condies
especficas de temperatura, presso e velocidade. Como as operaes unitrias mais
comuns nas indstrias so as que ocorrem devido a transferncia de massa, como
destilao, secagem, extrao e outras, torna-se necessrio estud-la (VEIT, 2010).
Podemos citar muitas ocorrncias do dia-a-dia que envolvem transferncia de
massa: processo de solubilizao de acar no ch, favorecido pela agitao de uma
colher, solubilizao de sal em gua, preparao de um ch por infuso , evaporao de
gua na superfcie de uma piscina e transporte atravs do ar envolvente, secagem de um
tronco de madeira aps o corte e correspondente transporte da umidade atravs dos
poros da madeira at sua superfcie, solubilizao de oxignio em gua num aqurio
para consumo dos peixes, arejamento de reservatrios de gua, solubilizao de
oxignio num meio nutriente para consumo de microorganismos num processo de

fermentao aerbia, transferncia de reagentes para a superfcie de um catalisador,

onde ocorre uma reao, etc.

2. CONCEITOS

transporte

das

espcies

qumicas

pode

ser

feito

por

dois

mecanismos: difuso e/ou conveco. A difuso entende-se como o transporte de

massas de molculas individuais por uma barreira ou espao livre, que ocorre segundo
um processo aleatrio, e que depende de um gradiente de concentrao. A conveco
deve-se s condies de escoamento de um sistema.
A difuso livre ou transporte passivo de uma substncia atravs de um lquido,
slido ou membranas um processo de considervel importncia na engenharia.
Exemplos de tpicos de fenmenos de transporte de massa, aplicados engenharia so:
dissoluo de aditivos em emulsionados, ps, grnulos, liofilizao, ultra filtrao,
liberao de aditivos em embalagens de sucos; passagem de vapor de gua, gases,
aditivos dos em filmes de revestimentos dentre outros ramos de aplicao (ORTEGA,
2008).
Difuso tambm conhecida como a tendncia que as molculas apresentam de
migrar de uma regio de concentrao elevada para outra regio de concentrao baixa
e, uma consequncia direta do movimento browniano (movimento ao acaso)
(Nieckele, 2008). O processo fundamenta-se em aspectos relacionados com soluto e

solvente, temperatura, presso, potencial qumico, etc. O movimento browniano das

molculas garante que o sistema passe de um estado inicial, certamente no em
equilbrio, para um estado final de energia livre mnima e entropia mxima e, portanto,
em equilbrio. A difuso pode ser vista como um processo no qual a concentrao tende
a se igualar em todos os pontos do sistema com o passar do tempo, ou seja, a difuso
um processo no qual a diferena de concentrao reduzida atravs de um fluxo
espontneo da matria.

3 REVISO BIBLIOGRFICA

3.1 FRAO MSSICA

Numa base mssica, a concentrao expressa em termos de densidade ou
concentrao em massa, que a massa por unidade de volume. Podemos dizer
ento que a densidade de uma mistura em um lugar igual soma das densidades
dos componentes de l, resultando em:
mA
mA V
A
w A= =
=
m
m

3.2 FRAO MOLAR

Numa base molar, a concentrao expressa em termos de concentrao
molar ou densidade molar, que a quantidade de matria em kmol, pela unidade
de volume. Dessa forma, a concentrao molar de uma mistura em um lugar igual

soma das concentraes molares dos componentes que ali se encontram, sendo
expressa por:
NA
NA V
CA
y A=
=
=
N
N
C
V

3.3 LEIS DE EQUILBRIO ENTRE FASES

A transferncia de massa atravs de uma fase ou entre duas fases passando a

fronteira entre elas (lquida-lquida, lquida-slida, gs-lquida ou gs-slida) requer um
afastamento das condies de equilbrio.
Os valores das concentraes de equilbrio entre fases so apresentados na
literatura sob variadas formas: tabelas, grficos, coeficientes de distribuio ou partio
e equaes do tipo CAF1=m.CAF2. Em alguns casos possvel obter uma expresso
analtica simples como os equilbrios lquido-gs descritos pela Lei de Henry, vlida
para misturas diludas, ou os descritos pela lei de Raoult, onde p A a presso parcial do
componente A na mistura gasosa em equilbrio com o lquido cuja concentrao em A
CA:
(lei de Henry, com [H]=Pa.m3/mol ou J/mol)
(lei de Raoult com xA=CA/C, sendo p*A, a presso de vapor de A puro e C a
concentrao total - vlida para misturas ideais)

3.4 DIFUSO MOLECULAR

A transferncia de massa por difuso molecular em consequncia de uma

diferena de concentraes espacial anloga transferncia de calor por conduo
embora seja um fenmeno mais complexo, pois ocorre numa mistura com pelo menos
duas espcies qumicas. Comeando com o caso dos gases, o estabelecimento da

igualdade de concentraes ao fim de um determinado tempo resulta do movimento

molecular aleatrio em todas as direes do espao (este movimento de natureza
estatstico explicado pela teoria cintica dos gases a baixas presses).
A velocidade de transferncia de massa do componente A (mol de A/s) num
meio em repouso contendo uma mistura binria A e B proporcional rea de
transferncia perpendicular ao movimento (A) e ao gradiente de fraes molares
(dxA/dz), sendo conhecida pela 1 lei de Fick. A constante de proporcionalidade
designada por difusividade mssica ou coeficiente de difuso de A no meio B (D AB,
m2/s) que tem as mesmas unidades da difusividade trmica apresentada na seo de
transferncia de calor.

Se a concentrao total (C, moles de (A+B)/m3) for constante, ou aproximadamente

constante como em solues diludas,

Cuja integrao, no caso de gases, resulta em:

Onde pA1 e pA2 so, respectivamente, as presses parciais de A mantidas

constantes nas fronteiras z1 e z2 (isto , nos extremos do percurso de difuso),
considerando o gs como perfeito (CA=pA/(RT)).
No caso de difuso em lquidos e slidos comum usar, por analogia, equaes
idnticas (usando, obviamente, concentraes em vez de presses parciais).
Numa mistura gasosa binria, o coeficiente de difuso D AB = DBA ~10-5 m2/s
sendo dependente da temperatura e da presso na forma geral DT 2/3/P (como previsto
pela teoria cintica dos gases). Em lquidos, a velocidade de difuso molecular menor,
pois as molculas esto mais prximas, aumentando as colises e a resistncia
difuso.Assim, DAB depende da concentrao de A em B e toma valores ~ 10-9 m2/s;

globalmente, Dslidos Dlquidos Dgases. Se a rea de transferncia de massa for constante

comum associ-la velocidade molar, obtendo-se o fluxo molar ( , e m mol.m-2.s-1):

3.4.1 Primeira lei de Fick

Em analogia com o fluxo de calor entre dois corpos a temperaturas diferentes,

Fick props que o fluxo por difuso (x,t) do soluto S proporcional ao gradiente de
concentrao entre os dois lados da membrana,

onde D chamado de coeficiente de difuso. Supe-se que D uma constante positiva

ou nula (D 0). Esta equao chamada de lei de Fick.
A anlise dimensional nos revela as unidades de D:

Portanto, as unidades de D so independentes das unidades usadas para medir

quantidade de partculas (moles ou nmero de partculas), desde que sejam usadas
unidades consistentes tanto para a concentrao como para o fluxo. Nas unidades
definidas acima, D dada em cm2/s.
O valor numrico de D depende das caractersticas tanto das partculas como do
meio no qual ocorre a difuso. Em geral, o valor de D determinado experimentalmente
ao invs de por primeiros princpios. No entanto, existem modelos microscpicos para
difuso que permitem uma interpretao de D a partir de grandezas fsicas
fundamentais.
Como D 0, o sinal negativo na lei de Fick indica que o fluxo se d de uma

regio de alta concentrao para uma de baixa concentrao.

Duas caractersticas da Lei de Fick devem ser notadas:
Primeiro, ela uma lei linear: por maior que a diferena de concentrao entre
os dois lados da membrana se torne, o fluxo permanece proporcional ao gradiente, ou
seja, no existe um processo de saturao.
Segundo, a lei implica uma independncia de fluxos: o fluxo do soluto S
independente do fluxo de outros solutos X e Y, ou seja, no existe acoplamento entre os
fluxos.

3.5 DIFUSO EM ESTADO NO-ESTACIONRIO

A maioria das situaes prticas envolvendo difuso ocorre em condies de

estado no-estacionrio (ou Regime Transitrio ou Condies Transientes). Na difuso
em estado no-estacionrio tanto o fluxo de difuso, quanto o gradiente de
concentrao, numa dada posio x, variam com o tempo t. Como resultado, ocorre um
acmulo ou esgotamento lquido do componente que se encontra em difuso.

3.5.1 Segunda lei de Fick

Para descrever a difuso em estado no-estacionrio, utilizada a equao

diferencial parcial, conhecida por segunda lei de Fick:

Se o coeficiente de difuso no depende da composio (portanto, da posio), a

segunda lei de Fick se simplifica para:

Quando

so

especificadas

condies

de

contorno que possuem um sentido fsico, possvel obter-se solues para segunda lei
de Fick. Essas solues so funes C = f(x,t) que representam as concentraes em
termos tanto da posio quanto do tempo.

Uma soluo da segunda lei de Fick C =

f(x,t) importante na prtica aquela para um slido semi-infinito* em que a

concentrao do soluto CS na superfcie mantida constante durante a difuso. Assumese tambm que os tomos do soluto presentes no interior do slido, antes do processo de
difuso, esto uniformemente distribudos com concentrao C0.

4. EXERCICIOS
4.1 Em uma massa molar de composio padro dado como o ar seco 78,1% de N2,
9,20% de O2, 1,0% de ar e pequenas quantidades de outros constituintes.
Considerando esses componentes, determinar as fraes mssicas constituintes do ar.
SOLUO:
Sabendo que a massa molar dos gases ,
N 2=28,0
O2=32,0
Ar =39,9

E ainda, a massa molar total dos gases ,

M = y i M i =0,781 x 28,0+0,209 x 32,0+ 0,01 x 39,9=29,0 kg /kmol

Assim podemos calcular a frao molar de cada gs.

w N = yN
2

w O = yO
2

MN
28,0
=( 0,781 ) x
=0,745=74
M
29,0
2

MO
32,0
=( 0,209 ) x
=0,231=23,1
M
29,0
2

4.2 Uma mistura gasosa contendo H2, N2, O2 e vapor dgua pressurizada contra uma
lamina de 6mm de espessura de Paldio cuja rea 0,25m2 a 600C. O coeficiente de
difuso DH/Pd(600C) = 1,7x10-8m2/s e a concentrao no lado da placa de alta e
baixa presso respectivamente 2.0 e 0,4 KgH2/m3Pd a difuso acontece em estado
estacionrio. H2 purificado por difundir se mais rapidamente que os demais gases,
atingindo a outra face da lamina que esta mantida sob presso atmosfrica. Calcular o
fluxo de difuso do H2 (purificao) em kg/hora.
Dados:
rea = 0,25m2

T = 600C

DH2/Pd(600C) = 1,7x10-8m2/s

Espessura da placa, X= 6mm

C2 = 2,0 KgH2/m3Pd

C1 = 0,4 KgH2/m3Pd

4.3 O gs hidrognio armazenado sob presso a 358 K, em um recipiente esfrico

feito de nquel com 4,8 m de dimetro externo. A parede esfrica recipiente de 6
cm de espessura. determinado que a concentrao molar de hidrognio sobre
nquel, na superfcie interior, 0,087 kmol / m3. Concentrao hidrognio sobre

nquel, na superfcie exterior, desprezvel. Encontrar o fluxo de massa determinada

pela difuso do hidrognio atravs do vaso nquel.
SOLUO:

dif , A , esfera =4 r 1 r 2 D AB

C A , 1C A ,2
r 2r 1

4 ( 2,34 ) ( 2,40 ) (1,2 x 1012)

0,0870
2,402,34

1,228 x 1010 kmol/ s

O fluxo de massa determinado pela multiplicao da massa molar do hidrognio,

que M = 2 kg / mol, portanto:

dif , A , esfera =M N dif = ( 2 ) ( 1.228 x 1010 )

2,26 x 10

10

kg/ s

4.4 Sabe-se que DAl/Cu(200 C) = 2,5x10-24m2/s e DAl/Cu(500 C) = 3,1x10-17m2/s.

Calcular a energia de ativao para difuso do alumnio no cobre.

4.5 Tanto a Lei de Fourier para conduo como a Lei de Fick para difuso mssica podem

ser expressas da mesma forma, sendo ela

Q=kA

dT
dX . O que representa cada incgnita,

(a) para a conduo de calor e (b) para a difuso de massa?

SOLUO:

(a) Para a conduo de calor a incgnita k representa a condutividade trmica, uma

constante dada em (W/m.K). A incgnita A representa a rea e

dT
dx

expressa

o gradiente de temperatura.
(b) J para a transferncia de massa, a constante k representada por D que
expresso a difusividade mssica, a incgnita A representa a rea e o gradiente

de concentrao expresso por

d A
dx .

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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Guanabara Koogan

Fundamentos de Transferncia de Massa Cremasco, M. A. Ed. UNICAMP

Fenmeno de Transporte Bird, R. B. ; et all Ed. Revert.
CANELLAS Neto, A.A.; Freire, J.T. Estudo do coeficiente de transferncia de massa
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Nieckele, ngela; Carvalho, Mrcio; Isnard,Andr Noes Bsicas de Transferncia de
Massa. Dept. Eng. Mecnica PUC/Rio. 2008. Disponvel: http://lblon. mec.pucrio.br/~fentran/XVII-Transferencia_Massa.pdf.
ORTEGA, Netz E. Gonzalz. Transferncia de massa em processo osmtico em
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http://www.scielo.br/pdf/eagri/v26n3/22.pdf>. .
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Diponvel:

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content&task=view&id=249&Itemid=423>.
http://www.foz.unioeste.br/~lamat/downmateriais/materiaiscap8.pdf
Transfncia de calor e massa um enfoque prtico terceira edio (Yunus a.
engel) capitulo 14.