Confissão Schleitheim
Confissão Schleitheim
Confissão Schleitheim
Michael Sattler
A Confissão
Schleitheim
Janeiro de 2010
Traduzido por Railton de Sousa Guedes
Em um mundo de medo, os
anabatistas introduziram a
liberdade... um crime
passível de morte
legendas em português do
filmeThe Radicals:
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Prólogo
Mas esse salutar estilo de vida custou um alto preço, muitos foram presos e
mortos queimados em fogueiras, afogados, ou trespassados por tridentes e
pela espada, mas o movimento continuou e está mais vivo do que nunca.
Introdução
Que a alegria, a paz, a misericórdia de nosso Pai - por meio da Expiação [31]
do sangue de Jesus Cristo, juntamente com os dons do Espírito que são
enviados pelo Pai a todos os crentes para força, consolação e constância em
toda a tribulação até o fim, amém - estejam com todos os que amam a Deus
e com todos os filhos da luz, que estão espalhados por toda parte, onde quer
que eles possam ter sido colocados [32] por parte de Deus nosso Pai, onde
quer que se reúnam em unidade de espírito no Deus e Pai de todos nós. Que
a graça e a paz do coração estejam com todos vós. Amém.
Uma enorme ofensa foi introduzida por alguns falsos irmãos entre nós, [39]
fazendo com que vários desviassem da fé, julgando praticar e respeitar a
liberdade do Espírito e de Cristo. Mas por ficaram aquém da verdade e (para
sua própria condenação) [40] se entregaram à lascívia e à licença da carne.
Eles acham que a fé e o amor pode fazer e permitir tudo e que nada pode
prejudicar nem condená-los, pois eles são "crentes".
Notem bem, vocês membros [41] de Deus em Cristo Jesus, que a fé no Pai
celestial através de Jesus Cristo não se forma assim: ela nâo produz e nem
traz essas coisas que esses falsos irmãos e irmãs praticam e ensinam.
Estejam atentos e precavidos com tais pessoas, pois elas não servem nosso
Pai, mas o pai deles, o diabo.
Mas vocês não são assim, porque os que são de Cristo Jesus crucificaram a
carne com todos os seus desejos e anseios [42]. Vocês me entendem [43]
bem, e sabem o que queremos dizer. Apartai-vos deles porque são
pervertidos. Orem ao Senhor para que eles possam ter conhecimento para o
arrependimento, e por nós para que possamos permanecer e perseverar no
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caminho que trilhamos, para a glória de Deus e de Cristo, Seu Filho. Amém.
[44]
A Confissão Schleitheim(*)
1. Batismo;
2. O Banimento;
3. Partir do pão;
4. Separação da Abominação;
5. Pastores da Igreja;
6. A Espada;
7. O Juramento.
Por isso, é e deve ser assim: Quem não foi chamado por Deus a uma só fé,
um só batismo, um só Espírito, um só corpo, com todos os filhos da igreja de
Deus, não pode ser feito um só pão com eles. E deve ser feito em verdade,
se a pessoa deseja realmente repartir o pão de acordo com o mandamento
de Cristo. [55]
A nós, então, o mandamento do Senhor é também óbvio, por meio dele Ele
nos ordena ser e nos tornar separados do mal, e assim Ele será nosso Deus
e nós seremos seus filhos e filhas.[57]
Mais adiante, Ele nos previne sair da Babilônia e do Egito terrestre, para que
não sejamos partícipes no tormento e sofrimento que Deus trará sobre eles.
[58]
A partir disso, devemos aprender que tudo o que não está unido [59] com
7
nosso Deus em Cristo não pode ser outra coisa senão uma abominação que
devemos evitar.[60] Por abominação se entende toda idolatria [62] e serviços
eclesiais católicos e protestantes [61], reuniões e frequência à igreja, [63]
chás nas casas, juramentos e compromissos de incrédulos, [64] e outras
coisas desse tipo, que embora altamente respeitadas por todo mundo, são
carnais ou praticadas em evidente contradição com o mandamento de Deus,
e de acordo com toda a injustiça que está no mundo. De todas essas coisas
devemos estar separados e não ter parte com elas, pois elas não são outra
coisa senão abominação, e elas são a causa de sermos odiados como antes
o foi Jesus Cristo, que nos libertou da escravidão da carne e proveu-nos para
o serviço de Deus através do Espírito que Ele nos deu.
Assim também devemos [65] abolir de nosso meio [66] as diabólicas armas
da violência – como a espada, armaduras e similares, e todo uso delas para
proteger amigos ou contra inimigos – em virtude da palavra de Cristo: "você
não resistirá ao mal".[67]
Ele será apoiado, no que ele precisar, pela congregação que o escolheu, de
forma que aquele que serve o Evangelho viva do Evangelho como o Senhor
ordenou. (1 Cor. 9:14). [70] Mas, se um pastor fizer algo merecedor de
reprimenda, nada será feito contra ele sem o depoimento de duas ou três
testemunhas. Se eles pecarem serão repreendidos publicamente, de forma
que outros possam temer.[71]
Mas se o pastor tiver que ser afastado ou conduzido ao Senhor pela cruz [72]
na mesma hora outro deve ser nomeado [73] para o lugar dele, de forma que
o pequeno povo e o pequeno rebanho de Deus não possa ser destruído, mas
seja preservado pelas advertências e seja consolado.
Agora, muitos, que não entendem a vontade de Cristo para nós, vão
perguntar se um cristão pode ou não usar a espada contra os ímpios para a
proteção e defesa do bem, ou por causa do amor.
Nossa resposta unânime é: Cristo nos ensina e nos ordena a aprender com
ele, pois Ele é manso e humilde de coração e assim acharemos descanso
para nossas almas. [76] Agora, Cristo diz, com relação à mulher que foi
apanhada em adultério, [77], que ela não deveria ser apedrejada segundo a
lei de Seu Pai (e sobre isso diz: "O que o Pai me ordenou, eu faço") [78],
mas, com misericórdia e perdão, advertiu-a para não mais pecar, dizendo:
"Vai, não peques mais". Exatamente assim também devemos proceder, de
acordo com a regra do banimento.
Enfim pode-se ver nos seguintes pontos que não convém a um cristão ser
um magistrado: a regra do governo é segundo a carne, a dos cristãos
segundo o espírito. As casas onde moram permanecem neste mundo, a dos
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cristãos está no céu. A cidadania deles está neste mundo, a dos cristãos está
no céu. [85] As armas de batalha deles são carnais, e somente contra a
carne, mas as armas dos cristãos são espirituais, contra a fortificação do
diabo. O mundano está armado com aço e ferro, mas os cristãos estão
armados com a armadura de Deus, com a verdade, justiça, paz, fé, salvação
e com a Palavra de Deus. Em suma: Cristo é a nossa cabeça, e os membros
do corpo de Corpo de Cristo devem ser conduzidos por Ele, para que não
haja divisão no corpo pela qual seria destruído. [86] Desde então, Cristo é o
que Dele está escrito. Assim, devem Seus membros também ser, de modo
que seu corpo possa permanecer inteiro e unificado para seu próprio avanço
e edificação. Pois todo reino dividido contra si mesmo será destruído. [87]
Outros dizem que o juramento não pode ser proibido por Deus no Novo
Testamento pois foi autorizado no Velho, apenas foi proibido jurar pelo céu,
pela terra, por Jerusalém, e por nossa cabeça. Resposta: Ouvi a Escritura:
Aquele que jura pelo céu jura pelo trono de Deus e por aquele que nele está
assentado. [90] Observe: se é proibido jurar pelo céu, que é apenas o trono
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de Deus: quanto mais pelo próprio Deus! Insensatos e cegos, quem é maior,
o trono ou aquele que nele está sentado?
Outros dizem: se é errado usar o nome de Deus para confirmar a verdade, então
os apóstolos Pedro e Paulo também juraram [91]Resposta: Pedro e Paulo apenas
testemunharam o que Deus prometeu a Abraão, e que nós também temos
recebido. Mas quando alguém testemunha, a pessoa faz isso interessada no que
está presente, se é bom ou mal. Simão falou de Cristo para Maria e testemunhou:
"Eis que este é posto para queda e elevação de muitos em Israel". [92]
Cristo nos ensina de forma semelhante quando diz: [93] "Deixe sua palavra
ser sim, sim; não, não, porque tudo o que é mais do que isso provém do
mal". Ele diz que seu discurso ou palavra deve ser sim e não, de forma que
ninguém poderia entender que Ele tenha permitido isto. Cristo simplesmente
é sim e não, e todos aqueles que O buscam simplesmente entenderão a
Palavra dele. Amém. [94]
Os 7 artigos de Schleitheim
Cantão de Schaffhausen, Suíça,
24 de fevereiro de 1527
Para a Compreensão Fraterna, que nas duas gerações passadas veio ser
reconhecida amplamente como um marco teológico, nós juntamos outro
texto que poderia ter sido na ocasião igualmente significativo. Este conjunto
de instruções concernentes à ordem congregacional e ao culto foi divulgado
em 17 de abril de 1527, junto com o texto de Schleitheim, aparentemente
conjuntamente com o texto de Bern da União Fraterna. Deve ter sido juntado
então ao mesmo tempo em abril, dentro das seis semanas do encontro em
Schleitheim. Há bases circunstanciais para ser considerado ligado a
Schleitheim e Sattler. É o mais antigo texto que se conhece que trata desse
assunto, e nunca foi previamente publicado integralmente. --JHY
Uma vez que o eterno, poderoso e misericordioso Deus fez sua maravilhosa
luz brilhar neste mundo e [nesta] época perigosa, nós reconhecemos o
mistério da vontade divina, que a Palavra nos seja pregada de acordo com o
ordenamento adequado do Senhor [100] por meio da qual fomos chamados
para a Sua comunhão. Portanto, de acordo com o mandamento do Senhor e
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Os irmãos e irmãs devem se reunir pelo menos três ou quatro vezes por semana,
para se exercitar [102] no ensinamento de Cristo e seus apóstolos e cordialmente
exortar uns aos outros para permanecerem fiéis ao Senhor, como prometeram.
Quando os irmãos se reunirem, devem trazer algo para ler juntos. [103]
Aquele a quem Deus deu melhor compreensão deve explicar, [104], os
outros devem prestar atenção e ouvir, de modo que não hajam dois ou três
travando uma conversa privada, incomodando os outros. O Saltério deve ser
lido diariamente em casa. [105]
Toda glutonaria deve ser evitada entre os irmãos que estão reunidos na
congregação; sirva uma sopa ou um mínimo de vegetais e carne, pois comer
e beber não é o reino dos céus. [109]
Conclusão (Bênção)
Queridos Irmãos e Irmãs no Senhor: estes são os artigos que alguns irmãos
previamente entenderam de modo errado, diferente do verdadeiro
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Agora que você compreendeu plenamente a vontade de Deus revelada por nós
neste momento, você deve realizá-la com convicção, persistência e fidelidade.
Para que você saiba bem qual a recompensa do servo que conscientemente peca.
Tudo que você fez inadvertidamente e que agora confessa ter agido
injustamente está perdoado. Nessa reunião com fé suplicamos, por causa de
todas nossas faltas e culpas, pelo gracioso perdão de Deus, em nome de
Jesus Cristo. Amém.
Afastem-se de tudo que é mau, e o Senhor será seu Deus, e vocês serão
Seus filhos e filhas. [96]
Queridos irmãos, lembrem-se do aviso que Paulo deu a Tito: [97] "A graça de
Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Ela nos ensina a
renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata,
justa e piedosa nessa era presente, enquanto aguardamos a bendita
esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e Salvador, Jesus
Cristo. Ele se entregou por nós a fim de nos remir de toda a maldade e
purificar para si mesmo um povo particularmente seu, dedicado à prática de
boas obras". Pensem nisto, e coloquem isso em prática, e o Deus de paz
estará com vocês.
Esta área de zona rural católica, sem cidades proeminentes entre Ulm e
Freiburg ou entre Tübingen e Schaffhausen, poderia ser qualificada como o
polo crescente do movimento dos Irmãos Suíços. No triângulo
Schaffhausen/Waldshut/Zürich cujo território cruzava com a ala sulista,
Sattler e Wilhelm Röubli/Reublin foram os únicos líderes proeminentes nesta
primeira fase.
Sattler tinha muita consciência do pouco tempo que dispunha para consolidar
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conteúdo dos próprios Sete Artigos, que circulou freqüentemente sem a carta
de apresentação. Este foi o modo como este texto foi compreendido pelos
Reformadores [5] e é apoiado hoje por Beatrice Jenny. [6]
Não há nenhuma razão para decidir por um dos dois argumentos acima. [10]
A evidência clara que distingue o movimento dos Irmãos Suíços das igrejas
protestantes e católicas foi a sólida defesa contra a confusão e propósitos
dúbios nas fileiras das irmandades que começavam a tomar forma como um
movimento autônomo.
Schleitheim que apareceu primeiro e que deu seu nome à página que titula a
coleção inteira.
De acordo com Zwinglio, "não há quase ninguém entre vocês que não tenha
uma cópia de seus mandamentos tão bem fundamenados". [13] Calvino
descreve o esboço como "sete artigos aos quais todos anabatistas aderem
em comum. . . o qual eles asseguram ser uma revelação que desceu do
céu". [14] A autoridade que veio ser designada aos Sete Artigos dentro do
movimento anabatista é demonstrada por um lado pela aceitação quase
universal das posições que representa, visíveis até mesmo na repetição de
frases e argumentos em documentos posteriores. Isso é especialmente
verdadeiro com relação aos artigos VI e VII, sobre a espada e o juramento, e
resulta em um número relativamente grande de uniformidade de posições
anabatistas sobre estas questões dali em diante. [15] Algum tempo mais
tarde, em 1557, na conferencia de Strasbourg, vemos a importancia da
reunião sendo destacada referindo-se a um homem em cuja casa o acordo
foi tirado. [16] O texto de Schleitheiltl também pode ser citado explicitamente.
[17]
As duas primeiras impressões são bem parecidas. Elas foram a base para
todas as impressões posteriores, para as traduções no francês e holandês, e
para as cópias manuscritas preservadas pelos Irmãos Hutteritas e depois
reimpressas por Wolkan, [22] Beck, [23] e Lydia Miiller. [24] A reimpressão de
Kohler é a base da tradução inglesa extensamente usada por J. C. Wenger.
[25]
Com este documento o livre e espiritual movimento dos Irmãos Suíços foi
moldado em um ordeiro e bem organizado movimento. Se esta reunião não
18
Notas de Rodapé
3. Ian Kiwiet, Pilgram Marpeck, Kassel, 1957, pp. 43FF.; Cf. também
Huntston George Williams, The Radical Reformation, Filadélfia, 1962, p.182,
cf. abaixo p. 48, nota 33.
5. "Em Sete Artigos eles resumiram o que é contrário tanto a nós como aos
papistas. . ." Calvin, Brieve Instruction, op. cit., p. 44.
Assim, foi muito adequado a Calvino tomar este texto como esboço de sua
própria refutação. Zwinglio igualmente considera os sete artigos um esquema
mais adequado para refutação, imediatamente após o recebimento do
primeiro manuscrito de Berchtold Haller de Berna, ele respondeu longamente
com uma carta, respondendo ponto por ponto, em 28 de abril de 1527 (Z, vol.
IX, carta n º 610, p. 108), novamente o uso dos sete artigos em Zwingli's
Elenchus testemunha seu caráter representativo. Não pretendemos aqui
entrar no mérito destas refutações pelos Reformadores ou das diferenças
entre eles, mencionamos aos textos de Zwinglio e Calvino apenas como
19
15. James M. Stayer que escreveu sobre essa temática em "The Doctrine of
the Sword in the First Decade of Anabaptism", Cornell PhD dissertation 1964,
dá grande atenção ao desenvolvimento cronológico, detalhando-o em
períodos " antes e depois do impacto de Schleitheim".
19. UP SO.
23. Josef Beck, Die Geschichtsbucher der Wiedertiiufer. . . ,Vienna, 1883, pp.
41 ff.
25. Primeira impressão em MQR, XIX, No.4, outubro de 1945, pp. 247 ff.,
and then in Wenger's Doctrines of the Mennonites, Scottdale, 1952;
reproduced from Wenger by Harry Emerson Fosdick: Great Voices of the
Reformation, New York, 1952; John H. Leith, Creeds of the Churches,
Garden City, 1963; and Robert L. Ferm, Readings in the History of Christian
Thought, New York, 1964, pp. 528 ff.
26. "Desta forma tão breve, tão clara, tão facil de assimilar, eles prestaram
um serviço aos anabatistas de seu tempo e do porvir, pelo qual eles não
podem ser suficientemente gratos. Certamente eles fizeram o que fizeram
com toda simplicidade de coração, sem ideias de conquista mundial. Eles
foram dirigidos por nenhuma outra meta a não ser a responsabilidade para
com a igreja deles, de acordo com o que Deus queria para ela. Eles
realmente não tiveram nada para ver com ideais elevados; pois eles
definiram regras, prescrições e proscrições por meio das quais a igreja
presente poderia seguir em frente e continuar o que haviam começado.
Assim eles executaram um bom trabalho no interesse de um futuro ao qual
eles quase nem imaginavam. Eles trouxeram firmeza e definição no
movimento espiritual no qual eles tinham sido colocados. Eles o salvaram do
perigo de se tornar uns caos de instabilidade, confusão, e ideias obscuras,
de grupos flutuantes, fomentados por dez das mais variadas tendências,
principalmente contraditórias, ainda [fossem] na maior parte (nem sempre)
pessoas bem-intencionadas. Através de sua formulação desenharam as
fronteiras de seu movimento e tornou possível que um companheirismo
integrado, uma organização, modesta como era, viesse a existir. Através da
criação de tais formas sólidas para o cristianismo original, a irmandade deles,
Sattler e os anciões da mesma categoria dele preservaram o movimento da
desintegração, o que ajudou nos dias sombrios de perseguição sangrenta, e
garantiu-lhe um futuro. Não há uma única característica da 'União Fraternal'
que não seja encontrada novamente mais tarde nos Irmãos Menonitas.
Dificilmente há uma frase que não se repita". Cramer, Berna, V. 1909, p. 593.
A primeira declaração de Cramer sobre o significado do Schleitheim é
encontrado em seu artigo Mennoniten em RPTK vol. XII, p. 600.
30. Heinold Fast, Der linke Flugel der Reformation; Klassiker des
Protestantismus, Band IV; Sammlung Dietrich, Bremen, 1962, pp. 60 If. Fast
preparou também, a reedição definitiva do texto original, mencionada em
Band II (Ost-Schweiz) de Quellen zur Geschichte der Taufer in der Schweiz,
Zwingli-Verlag, Zürich, editors L.von Muralt and H. Fast.
33. Este termo "estrangeiros" foi interpretado por Cramer Berna, 605, nota 1,
em um sentido geográfico ou político, referindo-se a não-suíços. Kiwiet, op.
CLT., p. 44, concebe o mesmo significado mas vai mais longe dizendo que os
24
Em 1520 não era tão forte assim o senso de identidade nacional, dividido em
claras linhas geográficas; Sattler e Reublin, líderes na reunião, não eram
suíços;
Este termo tem uma referência bem diferente, é uma alusão a Efésios. 2:12 e
19, comprovando o efeito conciliador do Evangelho em homens
anteriormente alienados pela incredulidade.
34. "Dirigir" e "ensinar" têm como objeto "o mesmo", isto é, a "obra de Deus
parcialmente iniciada em nós". paráfrase de Wenger, "dirige a mesma e (nos)
ensina" é mais suave, mas enfraquece a imagem impressionante da "obra de
Deus" no homem que pode ser "parcialmente iniciada", "proclamada",
"dirigida" e "ensinada". Há, no entanto, motivo para Bohmer conjecturar que
originalmente pode ter sido usada a palavra keren (guiar) ao invés de leren
(ensinar).
35. "Langer Randen" e "Hoher Randell, são colinas com vista para
Schleitheim e não, como um leitor moderno poderia pensar, uma referência
ao fato de Schleitheim ser próxima da fronteira (no mundo político
contemporâneo).
45. Com uma exceção, cada artigo começa com a mesma utilização da
palavra "vereinigt" como particípio passivo, a qual nós reproduzimos assim
27
52. Este é o único ponto em que a palavra "vereinigt" não é utilizada no início
de um artigo, presumivelmente porque ocorre mais tarde na mesma frase.
53. Vereinigt: aqui a palavra não tem nenhum dos sentidos detalhados
acima, mas aponta para outro, para a obra de Deus na constituição da
unidade da Igreja Cristã.
56. Observe a mudança de "mundo" para "eles". "O mundo" não é discutido
independente das pessoas que constituem a ordem regenerada.
58. Rev. 18:4. Alguns textos lêem "que o Senhor pretende trazer sobre eles".
59. Vereinigt.
61. O prefixo mais amplo pode significar tanto "contra" como "pró" (o
moderno wieder). Ambos os significados são obviamente aplicáveis tanto às
igrejas da Reforma de Estrasburgo como às das cidades suíças, ambas são
anti-papistas (tendo quebrado com a comunhão romana) e pró-papistas
(tendo mantido ou reintegrado certas características do catolicismo). As
traduções anteriores preferiram registrar como "papista e anti-papista", mas
outra leitura traz uma maior agudeza de sentido, e é apoiada pela tradução
de Zwinglio. Assim, a alegação de que as novas igrejas protestantes são em
alguns pontos cópias do que havia de errado com o catolicismo é já um dado
adquirido no início de 1527.
68. 1 Tm. 3:7. Os intérpretes não são claros sobre onde repousa o foco do
art. V. Seu primeiro impulso é proclamar o pastor como uma pessoa
moralmente digna, ou seja, há uma crítica à prática de nomear-se em razão
de sua educação ou conexões sociais sem levar em conta sua estatura
moral. A tradução de Zwingli move o foco por traduzir "o pastor deve ser um
da congregação", ou seja, não alguém de outro lugar. Era do conhecimento
de Zwinglio que os anabatistas rejeitavam a nomeação de um ministro de
uma paróquia para o conselho de uma cidade distante, e ele deixou tal
conhecimento influenciar sua tradução.
72. "Cruz" é já por esta altura um clichê muito claro ou "termo técnico"
designativo de martírio.
75. "Sem a morte da carne" é uma leitura clara do manuscrito mais antigo.
Zwinglio, no entanto, entendeu "em direção à entrada para a morte da
carne", uma possível alusão a 1 Cor. 5; a diferença no original é apenas
entre a e o.
80. Duas interpretações são possíveis para "não discernir a ordem de Seu
Pai". Isso pode significar que Jesus não respeita, como sendo uma
obrigação para ele, o serviço no estado no ofício de rei, embora a existência
do Estado seja uma ordenança divina. O mais provável seria a interpretação
que Jesus avaliou a ação das pessoas que queriam fazê-lo rei como não
provocada (ordenada) por Seu Pai.
86. Aqui a versão impressa acrescenta Mt. 12:25: "Pois todo reino dividido
contra si mesmo será destruído". A referência se solidariza com Cristo como
Cabeça ecoa diretamente os pontos 4 e seguintes da carta de Estrasburgo.
93. A diferença entre o "ensinado" e "diz que" está no original, que resulta do
fato de as referências bíblicas estarem sempre no presente: "Cristo diz",
Paulo diz", "Pedro diz".
95. Vereinigt.
98, 24 de fevereiro.
99. Este documento não tem título, o título escolhido aqui reflete o rótulo
dado na (moderna) tabela de conteúdo do volume de materiais de arquivo
UP 80 no Arquivo do Estado de Berna. Nenhuma tradução completa para o
Inglês foi publicada; o texto foi desenvolvido por Delbert Gratz, Bernese
anabaptists, Scottdale, 1953, p. 25, e por Robert Friedmann, MQR, 1955, p.
162. Jean Séguy publicou uma tradução e comentários no Cristo Seul (Jornal
dos menonitas franceses) No.1 (p. 13) e N º 2 (p. 5), 1967. O texto parece
ser idêntico a cópia dos sete artigos, de modo que pode-se presumir que
circularam juntos e foram concebidos simultaneamente. (Cf. p. 32.)
101. In 1. 2:8.
104. "Aquele a quem Deus deu o melhor entendimento deve explicar isso"
pode significar que, para cada passagem em particular, quem entende o seu
significado deveria falar. Então, teríamos um retrato de uma reunião com
uma liderança assente, sem nenhum papel de controle por parte do "pastor"
mencionado no Artigo V. Então, pode-se inferir, como faz Jean Séguy, que
este texto testemunha um tempo antes das decisões de Schleitheim, quando
congregações funcionavam sem um líder nomeado. É, no entanto, também
possível que "aquele a quem Deus deu o melhor entendimento" possa ser
um circunlóquio para um líder reconhecido espontaneamente no grupo local.
105. Esta "leitura" pode muito bem ser recitação mecânica. Esta referência
ao Saltério é uma das raras referências anabatistas primitivas a exercícios
devocionais não-congregacionais. Pode ser mais um traço (veja acima p. 23,
nota 19) de uma herança do monasticismo.
108. O fundo comum é visto aqui como uma bolsa especial para
necessidades específicas, não como um comunismo total de consumo, tal
como foi estabelecido, não muito tempo depois na Morávia. É significativo
que o anabatista não-huterita também considerasse seguir o exemplo
econômico dos primeiros cristãos de Jerusalém.
Em inglês:
http://www.mcusa-archives.org/library/resolutions/schleithiem/sword.html
http://www.cresourcei.org/creedschleitheim.html e
http://www.anabaptists.org/history/schleith.html
(*) Esta tradução está inconclusa e longe de ser definitiva, portanto, qualquer
contribuição dos leitores no sentido de melhorá-la será muito bem vinda.
A Irmandade de Schleitheim
"The Legacy of Michael Sattler" por John Howard Yoder, Herald Press, 1973.
Fonte digital em inglês: http://tiny.cc/vykky
FIM