1caso Alandroal 2009 Agosto

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 46

frente do nosso tempo

CONSIDERAES SOBRE O POSSVEL LANDSPOUT


OCORRIDO EM ALANDROAL EM 2009, AGOSTO 09
MODELOS CONCEPTUAIS

SISTEMAS CONVECTIVOS DE MESOESCALA (MCS)

JOS M. DA COSTA TSO


(Meteorologista do IM, IP)
PORTUGAL

2009, OUTUBRO

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 1

1|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 2

2|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

INTRODUO
Desde meados do sculo XX que a previso meteorolgica tem utilizado modelos de
circulao atmosfrica, por outras palavras, sistemas de equaes em derivadas parciais, a partir
de condies iniciais conhecidas.
Os sucessivos avanos informticos tm produzido uma evoluo muito eficiente na
previso numrica do estado do tempo. A partir dos prognsticos da atmosfera elaborados pelos
modelos, os meteorologistas fazem previses para mdio prazo ou num curto prazo para
determinadas regies do seu pas ou para cidades em diversos continentes.

No entanto, h algumas lacunas na resoluo dos modelos numricos. No permitem


obter previses precisas para locais isentos de estaes meteorolgicas que lhe possam servir de
apoio para o estudo climatolgico da regio.
Deste modo, a previso local de fenmenos meteorolgicos adversos so assuntos de
interesse terico e prtico na salvaguarda de bens imveis quer na salvaguarda de vidas humanas
perante condies adversas inesperadas do estado do tempo.

A previso local com tcnicas de aumento de resoluo dinmica actualmente uma das
principais relevncias da comunidade meteorolgica internacional. No entanto, os diferenciados
sectores de produo da sociedade moderna obriga a utilizar variveis na superfcie que
produzem processos fsicos que dificultam as previses ditas locais.

Se fosse desenvolvido um mtodo de previso local para a previso de curto prazo


utilizando uma tcnica de agrupamento ponderado, considerando a precipitao e a rajada
mxima de vento diria, talvez fosse possvel assegurar que havia condies ou forte
probabilidade de ocorrncia para o fenmeno registado em Alandroal no dia 9 de Agosto de
2009, por outras palavras, para a previso de fenmenos meteorolgicos de baixa frequncia,
ditos raros ou extremos.

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 3

3|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

A atmosfera, como sistema fsico, regida por um sistema de equaes matemticas que
deriva da segunda lei de Newton e do desenvolvimento do clculo diferencial (Sculo XVIII).
Porm, o sistema de equaes que determina o movimento da atmosfera muito complexo e no
pode ser resolvido de forma exacta e analtica exigindo algumas aproximaes.

O meteorologista necessita de saber como est a atmosfera no momento em que se


renem e avaliam o comportamento, atravs de diagnsticos de imagem de satlite, cartas de
superfcies e dados observados. Esses dados so complementados pelas radiosondagens que mais
no so do que uma simulao, qui, matemtica de como a atmosfera se encontra naquele
preciso momento e o seu comportamento num futuro muito prximo. A previso numrica de
tempo utilizada como uma das mais importantes ferramentas da meteorologia nos ltimos anos.
No

entanto,

no

existem

parmetros

de

modelos

numricos

recomendados

especificamente para os Sistemas Convectivos de Mesoescala.

1. MODELOS CONCEPTUAIS
1.1 Cumulonimbus (Cb) e Sistemas Convectivos de Mesoescala (MCS)
Conceitos Bsicos

Os modelos conceptuais estudam pequenas clulas brilhantes e/ou complexas que


originam instabilidade atmosfrica devido a processos de conveco. As observaes mais
comuns reportam-se s trovoadas que podem ser vistas nas imagens de satlite em trs escalas:

Instabilidade originada por uma nica clula, que na maioria dos casos so
demasiado pequenas para serem detectadas pelo Meteosat 8;

Multi clulas, formadas por vrias clulas isoladas em diferentes estados de


desenvolvimento;

Super clulas, que so enormes tempestades com desenvolvimento numa nica


clula.

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 4

4|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

Outro termo que usado em meteorologia atravs da interpretao por satlite


Mesoscale Convective System, Sistema Convectivo de Mesoescala, doravante MCS.
So geralmente tempestades de multi-clulas mas s vezes tambm pode ter a sua origem
no desenvolvimento de super clulas. H muitas definies de MCS mas a que frequentemente
utilizada diz que se trata de um sistema de conveco profunda que muito maior do que uma
simples nuvem de instabilidade, sendo marcado por uma extensa nuvem estratiforme
troposfrica, bigorna, de vrios quilmetros de largura. Por outras palavras:

Grupo de Cb , em que cada Cb no identificvel por satlite;

Grupo de Cb que se forma a partir de uma clula me;

Grupo de Cb que podem resultar de um Cluster de Cb .

O conceito de um MCS est associado a uma alta probabilidade de nuvens convectivas


em ambiente tipicamente sinptico que originam fenmenos de forte adversidade e quase sempre
acompanhados de trovoada. As imagens de satlite so um tanto limitadas na capacidade de
detectar estas fortes tempestades. No Meteosat 8 as imagens esto limitadas pela sua resoluo
espacial. As imagens NOAA AVHRR so limitadas pela sua resoluo temporal.
Uma ferramenta muito til para a deteco de todos os fenmenos de forte instabilidade
atmosfrica, de fenmenos de conveco profunda com ocorrncia de trovoadas o radar
meteorolgico.

Nas imagens de satlite os MCS aparecem como um aglomerado de nuvens que tem uma
forma circular ou oval, dependendo da fora do vento existente em nveis elevados da troposfera.
Em IR, WV e em imagens VIS os MCS so caracterizados por altos valores de pixel (branco) na
parte activa, indicando que a nebulosidade se desenvolve quase por toda a troposfera. Os
contornos so geralmente muito ntidos.

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 5

5|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

O ciclo de vida de uma nica clula geralmente definido em trs fases:

Fase de desenvolvimento;

Fase de maturidade;

Fase de dissipao.

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 6

6|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

A fase de desenvolvimento dura entre 5 e 10 minutos, o updraft predominante e o


dimetro da clula varia entre 2 e 8 km.

O arrastamento (entrainment) dos contornos da nuvem provoca a reduo do teor de


vapor de gua, resultando na evaporao de gotculas de gua.

A causa de arrefecimento provoca uma reduo da energia flutuante (buoyant). O


fornecimento de humidade nos nveis mais baixos o suporte para o desenvolvimento da clula.
No final desta fase a actividade elctrica mais intensa.

A fase de maturidade tem uma durao de 25 a 30 minutos. O downdraft desenvolve-se e


acelerado como cosequncia do arrefecimento pela evaporao das gotculas de gua.

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 7

7|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

As pedras de gelo, granizo ou saraiva, j no so mantidas em equilbrio pela corrente


ascendente e a sua queda ocorre. A corrente ascendente comea a enfraquecer, atendendo a que o
ar quente e hmido abaixo da clula substitudo pelo ar frio do downbursts. Chuva e queda de
granizo ou saraiva so cada vez intensos. O dimetro do granizo pode tomar dimenses
aproximadas dos 5 cm devido s correntes ascendentes (updraft) da ordem dos 30-40 m/s.

Na fase de dissipao a corrente descendente (downdraft) anula a corrente ascendente


(updraft) e a clula convectiva vai gradualmente perdendo a sua actividade e a formao
estratiforme nos nveis mais elevados vai tomando a forma de bigorna. o aspecto mais
caracterstico da dissipao de uma clula convectiva de um cumulonimbo Cb .

O tempo de vida e intensidade de um Cb e MCS dependem do wind shear vertical do


vento:

O shear perpendicular linha convectiva suporta a corrente ascendente (updraft);

O mais importante o shear na camada mais baixa, que vai desde a superfcie at
aos 2-3 km;

As clulas em desenvolvimento de forte shear vertical tm uma vida longa e


originam condies severas no estado do tempo;

As tempestades desenvolvem-se quando h mudanas, quer na velocidade e na


direco do vento.

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 8

8|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

As mltiplas clulas convectivas desenvolvem-se a partir de uma unica clula. A nica


clula produz uma frente de vento mximo em torno dela e fora o ar para o nvel de conveco
livre e forma novas clulas.
O crescimento de novas clulas favorecido no lado onde sopra o vento em movimento
nico. As clulas mais pequenas desenvolvem-se, em geral, no lado direito da clula inicial,
normalmente designada por clula-me, mas no deve se excludo o lado esquerdo. Elas
distiguem-se a partir da estrutura do wind shear vertical.. A distncia at ao centro da tempestade
aproximadamente de 30 km e constituem uma multi-clula de forte actividade convectiva.
Deste modo, novas clulas desenvolvem-se frente da clula principal, enquanto que as clulas
mais antigas se dissipam na sua rectaguarda.

O diagrama em cima, adaptado de Browing et al., 1976, os tons cinzentos representam a


reflectividade de radar de 35, 45 e 50 dBz. Mostra uma seco transversal de uma multi-clula.
No caso presente h quatro clulas em diferentes estgios de desenvolvimento. A clula n-2 j
est em fase de dissipao. A clula n-1 est em fase de maturidade e forma o centro da
tempestade. A clula n est acoplada h clula principal e encontra-se em fase de
desenvolvimento. A shelf cloud n+1 com a sua base plana, assinala a actividade ascendente
frente da clula n.

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 9

9|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

As dimenses dos MCS variaram dos circulares com 100 a 400 km at aos ovais que
podem atingir 1000 km.

O tipo de tempo associado ao MCS caracterizado por :

Aguaceiros fortes:

Granizo frequente;

Trovoada;

Possvel descida acentuada de temperatura associada a downdrafts;

Fortes rajadas de vento (downbursts);

Downbursts intensos;

Squall line associada ao outflow da downdraft;

Possibilidade de pequenos tornados;

Fenmenos mais intensos na fase madura ou no centro da multi-clula.

No existem parmetros de modelos numricos recomendados no SATMANU, Manual


of synoptic satellite meteorology by ZAMG, FMI and KNMI, especificamente para MCS. Para
identificar MCS so apenas recomendadas observaes de superfcie, altitude, descargas
elctricas, satlite e radar.

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 10

10|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

As imagens em cima configuram o aspecto da observao de radar em Portugal


Continental:

MaxZ esquerda;

Seco Vertical direita.

Os ambientes sinpticos favorveis para a formao de MCS, ou melhor, onde podem


surgir sistemas convectivos:

Regio dianteira da nebulosidade frontal;

Associados a anomalia da tropopausa, (PV) em vale depressionrio;

Em crista anticiclnica, associada a padro WV (stripes, eddys);

Em sector quente, caso particular Pluma.

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 11

11|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

2. O CASO ALANDROAL
No dia 9 de Agosto de 2009, em plena tarde, a regio do Alandroal, vila portuguesa
pertencente ao distrito de vora, regio do Alentejo e subregio do Alentejo Central, ocorreu um
fenmeno meteorolgico de baixa frequncia, dito raro ou extremo.
Este municpio est localizado em 38 37N 7 24W, a uma altitude de 341 metros e
encontra-se limitado a norte pelo municpio de Vila Viosa, a leste por Espanha (municpio de
Olivenza), a sul por Mouro e Reguengos de Monsaraz e a oeste pelo municpio do Redondo.

Este acontecimento ocorreu s 17h 33 min e ficou catalogado com o n 52/2009 dos
Eventos Meteorolgicos Raros e/ou Severos Relatados pela Populao. Foi testemunha o Senhor
Albano Ferreira.
A situao sinptica ficou caracterizada por instabilidade no Interior do territrio do
Continente e a descrio do fenmeno foi designado por Landspout / tornado.
de salientar que no foram mencionados efeitos ou estragos.

O Landspout foi registado a SE da vila de Alandroal e prolongou-se durante 10 minutos.


As imagens de vdeo encontram-se em http://gerotempo.blogspot.com e teve enorme repercusso
pelo mundo cibernauta em www.youtube.com, com a designao de possvel Landspout do
Alandroal.

Em Portugal, tal como acontece nos restantes pases europeus, os arquivos


meteorolgicos apenas integram os dados observados nas estaes meteorolgicas.
Sabendo-se que o acontecimento meteorolgico chamado Tornado um fenmeno da
microescala, a probabilidade de serem observados numa estao meteorolgica muito baixa.
De tal modo que o registo da sua ocorrncia fica limitado descrio das populaes.
Nos tempos modernos e de acordo com a evoluo tecnolgica, o registo acaba por ser efectuado
por fotografia ou vdeo.

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 12

12|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

De acordo com a literatura disponvel, desde 1999 que tem sido feita a recolha dos dados
relativos aos tornados que ocorreram em Portugal 1 . Uma base de dados estima 42 tornados e
trombas de gua ocorridos entre 1936 e 2004. os eventos que integram esta base de dados foram
analisados e classificados tendo como referncias a data e hora de ocorrncia, intensidade e
comprimento, largura e direco do percurso, dos efeitos e das condies meteorolgicas em que
ocorreram.
O tornado mais significativo em Portugal, de acordo com a Escala Fujita um F3, ocorreu
na cidade de Castelo Branco em 6 de Novembro de 1954. Os efeitos foram nefastos para muitas
famlias, 5 mortos e 220 feridos, e os estragos foram classificados como catastrficos.
A partir do ano de 2001 os dados recolhidos revelam a ocorrncia de mais tornados do
que anteriormente, embora fracos e com percursos mais longos do que era possvel deduzir dos
registos histricos em Portugal.
O Caso Alandroal constitui mais um acontecimento relevante do ponto de vista
meteorolgico e limitado, como afirma a quase totalidade dos dados recolhidos, descrio de
um elemento da comunidade residente ou de um cidado em visita regio.

2.1 O que um Tornado?

Segundo Wagner Lima, 2008, um tornado um intenso remoinho de vento formado por
um centro de baixa presso durante uma tempestade associada a Cb ou a MCS. Se o remoinho
chega a alcanar o solo, a repentina queda na presso atmosfrica e os ventos associados com
intensidade muito elevada fazem com que o tornado possa destruir quase tudo o que encontrar no
seu percurso. de origem castelhana e pretende transmitir o movimento circular de um torno,
que caracteriza o movimento do ar neste fenmeno meteorolgico. Deste modo, um tornado
consiste numa violenta coluna de ar, mvel e rotativa, que pode ou no entrar em contacto com o
solo.

Paula Leito, Instituto de Meteorologia, IP, Portugal

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 13

13|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

O mais recente tornado em territrio nacional ocorreu na madrugada de 7 de Outubro do


corrente ms. Apesar de ser desconhecida a sua intensidade provocou avultados estragos no
concelho de Ferreira do Zzere.
Os tornados ocorrem, dum modo geral, no decorrer de tempestades severas, junto de
sistemas frontais ou vales depressionrios, onde existe uma diferena significativa de
temperatura entre as massas de ar adajentes. A sua formao feita em altitude, desenvolvendose posteriormente at ao solo, altura em que atinge a maturidade, podendo-se, inclusiv, gerar
mais do que um tornado ao mesmo tempo.
O primeiro sinal de desenvolvimento destes turbilhes de ar um remoinho de poeira
junto ao solo. Com o decorrer do tempo a coluna de ar vai estreitando at se dissipar por
completo. A velocidade mdia de um tornado ronda os 48 km/h, ao longo de vrios quilmetros,
variando de quase estacionrio at s dezenas ou centenas de quilmetros. Normalmente, o seu
dimetro mdio de 50 metros.

Este fenmeno pode ocorrer em qualquer poca do ano mas, podem ser identificados
picos de frequncia que variam conforme as diferentes regies do globo.
A maior probabilidade de ocorrncia de tornados tem como extremos as 15 horas e as 21
horas, embora haja conhecimento de ocorrncias a qualquer hora do dia ou da noite.
O acontecimento Alandroal foi registado s 17 horas e 33 minutos, encontrando-se
assim, dentro dos limites da maior probabilidade de ocorrncia.
A intensidade dos tornados classificada na Escala Fujita 2 , e mais tarde complementada
pelo Dr. Allan Pearson acrescentando a distncia percorrida e a largura do funil que alcana a
superfcie, que entre as diversas classificaes uma das mais aceites e utilizada desde 1971. Os
valores variam de F0 at F8, sendo o F0 o mais fraco e o F8 o mais forte. A literatura afirma que
tornados com intensidade acima de F5 so quase improvveis.

Dr Theodore Fujita, Universidade de Chicago, Fujita-Pearson Tornado Intensity Scale.

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 14

14|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

Foram realizados estudos com o intuito de a desenvolver. As alteraes propostas foram


colocadas em prtica no incio de 2007. A Escala Fujita Melhorada prope novos mtodos para
analisar e relacionar os danos causados pelos tornados e a velocidade dos ventos associados a
ele.
importante evidenciar de que o tamanho de um tornado no necessariamente uma
indicao da sua agressividade. Tornados grandes podem ser fracos e tornados pequenos podem
ser violentos.

Em cima, o esquema da Escala desenhada pelo prprio Dr Theodore Fujita.


Antes do desenvolvimento da tempestade, uma mudana na direco do vento e um
aumento da velocidade com a altura criam uma tendncia de rotao horizontal na baixa
troposfera.
O ar ascendente da baixa troposfera entra na nuvem de desenvolvimento vertical e o ar
em rotao da posio horizontal muda para a posio vertical.

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 15

15|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

H a formao de uma rea de rotao com comprimento de 4 a 6 km, que corresponde


quase totalidade da extenso da tempestade. A maioria das tempestades fortes e violentas so
formadas nestas reas de extensa rotao.
A base da nuvem e a sua rea de rotao so conhecidas como wall cloud. Esta rea
geralmente sem chuva.

importante salientar que as pessoas confundem tornados com hurricanes / furaces.


Mas so fenmenos meteorolgicos bem distintos. Um furaco mede centenas de quilmetros de
dimetro e a sua formao ocorre sempre sobre as guas dos oceanos, atendendo a que aqui
que ele obtm a sua energia. A sua durao pode chegar a vrios dias mas, quando atinge a terra
firme, perde gradualmente a sua fora e dissipa-se. Os tornados so mais localizados, porm
mais enrgicos, apresentando um funil relativamente estreito, que raramente atinge dimetros
superiores a 1 km.
A Escala Fujita mede a intensidade dos tornados de modo semelhante que a Escala
Saffir-Simpson assume a medida da intensidade dos hurricanes / furaces.

No Caso ALANDROAL, um LANDSPOUT um termo definido por Howard


Bluestein, meteorologista, como sendo uma espcie de tornado no associado ao mesociclone de
uma tempestade. O glossrio de Meteorologia define um landspout como uma expresso
coloquial que descreve os tornados que ocorrem com uma nuvem-me, na sua fase de
crescimento e com a sua vorticidade originria na camada limite. Recebe esta definio porque
se parece com uma tromba de gua sobre a terra.

Mesociclone, grande rotao da coluna de ar que se forma numa tempestade violenta. Ou


seja, o ar que sobe e gira em torno de um eixo vertical, geralmente no mesmo sentido dos
sistemas de baixas presses. Eles so na maioria dos casos ciclnicos, isto , associados a uma
regio de baixa presso localizada dentro de um trovoada severa.

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 16

16|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

Um Landspout um tornado com uma gnese diferente da que est associada a um


mesociclone / super-clula. Nestes casos existe previamente um vortex / remoinho superfcie
que sugado pela corrente ascendente de uma nuvem em desenvolvimento vertical, gerando-se
um tornado. a mesma gnese da maioria das trombas de gua.
um pequeno tornado que no formado por uma tempestade em grande escala.
geralmente mais fraco do que um tornado de super-clula e no est associado aum mesociclone.
Estes tornados so na sua grande maioria fracos.

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 17

17|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

3. CONSIDERAES FINAIS

O tornado um fenmeno meteorolgico que na escala local o mais destrutivo da


natureza. A grande maioria observado atravs de relatos de pessoas comuns, de extractos de
jornais, resumos em revistas, fotografias e, no momento actual, pela feitura de vdeos. Cidados
que pelos seus conhecimentos tcnico/cientficos ou pela sua simplicidade relatam aquilo que
viram e por dedues avaliam o tipo de fenmeno meteorolgico que ocorreu.
A designao deste fenmeno ou de landspout ou de tromba de gua possui a mesma
caracterstica, variando apenas nos valores de intensidade e na sua localizao.

Este tipo de fenmenos meteorolgicos ocorrem quando a atmosfera nos nveis


superiores est fria e os aquecimentos superfcie, mesmo que pouco intensos, causam
conveco profunda que formada pelo diferencial da temperatura entre a superfcie e os nveis
superiores da troposfera. Forma-se, deste modo, forte instabilidade convectiva.

Conforme a literatura que estuda estes fenmenos, a aparncia da nuvem de grande


desenvolvimento vertical pode variar de um momento para outro e de local para local. Mas a
forma peculiar que lhe est associada que pode ter o aspecto de um funil, como uma trana
entrelaada, como um cilindro de poeira e fragmentos de rocha, ou como um conjunto de multivrtices. Um Landspout proporciona o que o povo designa por vendaval, com caractersticas
prprias de circulao e deslocamentos verticais para cima.

Um Landspout ou uma tromba de gua so um dos mais espectaculares fenmenos


meteorolgicos que se produzem sobre a superfcie da Terra. Tm curta durao e ventos mais
fracos.

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 18

18|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

Lus de Cames diz nos Lusadas: ver as nuvens, do mar com largo cano, / sorver as
guas do oceano. Realmente aquilo que Cames descreve um turbilho cuja presena se
manifesta por uma coluna nebulosa, umas vezes sobe e outras desce durante o seu ciclo de vida,
absorvendo as guas do oceano ou, se em terra, emergindo da base de uma nuvem de
desenvolvimento vertical, o cumulonimbo, espalhando poeira, detritos e outros objectos
arrancados do solo.
A forma afunilada de um Landspout s visvel quando arrasta com ele poeiras e
sedimentos.

A sondagem de Lisboa s 12 UTC do dia 9 de Agosto de 2009 caracterizava uma


atmosfera envolvente estvel, com um CAPE de 48 j/kg, CIN de 312 j/kg, LI de -0,3 C e TPW
igual a 16,8 mm. Com estas condies atmosfricas nada antevia o Landspout do Alandroal. O
tefigrama da estao meteorolgica de Lisboa encontra-se na figura em baixo.

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 19

19|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

No entanto, a imagem SATREP das 18 UTC do mesmo dia indica a a existncia de


clulas de grande desenvolvimento vertical na zona raiana e na proximidade de Elvas, com
alguma similaridade com os MCS assinalados na parte leste da Pennsula Ibrica.

A anlise do Centro Europeu, doravante ECMWF, da massa de ar aos 850 hPa, usando a
pseudo temperatura potencial do termmetro molhado a esse nvel para as 12 UTC de
2009/09/09, indica uma temperatura de 18C na regio do Alandroal e inserida num vale
depressionrio, A).
A anlise do geopotencial dos 500 hPa do ECMWF s 12 UTC do mesmo dia, corfirma o
vale depressionrio. A atmosfera estava condicionalmente instvel nas regies do Interior do
territrio Continental B).

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 20

20|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

A)

B)

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 21

21|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

O diagrama aerolgico das 12 UTC, na estao meteorolgicode Lisboa, faz referncia e


confirma que o vale na atmosfera relativa dos 500 hPa j tinha efectuado a sua passagem sobre a
regio da Grande Lisboa. Deste modo, o estado do tempo nas regies do litoral Oeste iria
melhorar com a passagem do vale nos nveis altos da troposfera. Mas, as regies do Interior
ainda estavam sobre a influncia directa do vale em altitude.

As descargas elctricas associadas forte instabilidade atmosfrica que se registou na


Beira Interior Sul e no Alto Alentejo, sinnimo de ocorrncia de trovoadas, vem confirmar a
existncia do vale depressionrio ao Nvel Mdio do Mar, doravante NMM, que se desenvolvia
nos nveis altos da troposfera. A informao das descargas elctricas entre as 16 e as 19 UTC do
dia 9 de Agosto encontra-se na figura em baixo.

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 22

22|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

O modelo ALADIN 3 na sua interpretao da atmosfera com base nas 12 UTC de


9/Agosto/2009, previa adveco de vorticidade aos 500 hPa para as 15 e 18 UTC para a regio
do Interior que engloba a Beira Interior Sul e o Alto Alentejo, a regio envolvente do Caso
ALANDROAL e do possvel Landspout.
Tudo se conjuga para que o acontecimento testemunhado e gravado pelo Senhor Albano
Ferreira tinha condies atmosfricas para o fenmeno atmosfrico noticiado.
Mais, os ndice de estabilidade Jefferson e Total Totals das 12 UTC s 18 UTC do dia 09
de Agosto, mas com maior incidncia para as 15 UTC, afirmam as condies adversas provveis
para a regio em apreo.

O modelo ALADIN um modelo de previso numrica do tempo de rea limitada sob a coordenao da Mto
France. O modelo foi concebido para realizar previses at 48-72 horas, com resolues horizontais entre 7 e 15 km.
O ALADIN est mais vocacionado para prever fenmenos de mesoscala-beta (escalas espaciais de 20 a 200 km e
escalas temporais de 30 minutos e 6 horas) tais como os ventos de brisa, os ventos de montanha (ventos anabticos e
catabticos) e fenmenos convectivos que podem originar aguaceiros e trovoadas. Em Portugal, a verso
operacional executada com perodo de integrao de 48 horas, numa rea geogrfica de 1050 km por 1050 km,
com 31 nveis verticais e uma resoluo horizontal de 12,7 km.

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 23

23|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

As figuras da adveco de vorticidade do modelo ALADIN encontram-se na pgina


anterior e as dos ndice de estabilidade Jefferson e Total Totals esto em baixo.

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 24

24|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

Antes da interpretao das imagens de radar, que funcionam como complemento final
para o fenmeno de Landspout a SE da vila do Alandroal, convm saber como o modelo fsicomatemtico previa a atmosfera para as cidades de vora e Elvas no incio da tarde do dia 9 de
Agosto. Estas duas localidades situam-se a poucas dezenas de quilmetros do Alandroal. As
sondagens so obtidas a partir dos nveis do modelo do ECMWF.
As coordenadas de vora, a oeste do Alandroal, so 38 31N e 7 54W, com uma altitude
de 245 metros. As coordenadas de Elvas, a norte, so 38 52N e 7 09W.
A atmosfera prevista para as 12 UTC de 09/08/2009 na cidade de vora era caracterizada
por CAPE com 1079 j/kg, CIN= -74 j/kg, LI= -3,0 C e a quantidade de gua precipitvel, TPW
era igual a 29,1 mm, A)
Para a cidade de Elvas o CAPE era de 1109 j/kg, o CIN= -72 j/kg, o LI= -2,9 C e o TPW
apresentava um valor de 28,5 mm, B).

A)

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 25

25|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

B)

Os valores de CAPE e de LI so bem representativos das condies de instabilidade


atmosfrica que veio a ocorrer nesta regio do Alto Alentejo, na tarde do dia 9 de Agosto de
2009. No caso presente, as quantidades de precipitao registadas no fazem parte dos objectivos
prioritrios mas, sim, a ocorrncia de trovoadas associadas a nuvens de grande desenvolvimento
vertical, Cb, que povoavam a regio raiana e que foram responsveis pelo LANDSPOUT de
Alandroal.
No se trata do Possvel acontecimento ou fenmeno meteorolgico ocorrido na vila
alentejana do Alandroal, que correu mundo como vdeo gravado por Albano Ferreira atravs da
Word Wide Web 4 , doravante WWW, que em portugus significa Rede de alcance mundial,
tambm conhecida como Web e Internet.
4

Ideia de Tim Berners-Lee com a ajuda de Robert Cailliau (1989/1990).

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 26

26|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

O processo de conveco ou de instabilidade atmosfrica em curso no pode ser


refenciado como um MCS, embora com algumas reservas, atendendo a que o grupo de Cb que
compem o registo, alguns, so identificados pela imagem de satlite.

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 27

27|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

O modelo ALADIN, no parmetro da temperatura a 2 metros, ver ANEXOS, previa para


as 15 UTC uma lngua de ar quente que tinha incio em territrio espanhol, entrando em terras do
Alentejo por Elvas, estendendo-se at vora e passando, naturalmente, pelas coordenadas do
Alandroal. Um pouco mais a norte, na regio de Portalegre, uma pequena bolsa de ar frio.
Tudo conjugado, a atmosfera encontrava-se receptiva para a conveco.
Os grficos da intensidade mdia do vento 5 e da intensidade mxima instantnea para
algumas estaes meteorolgicas na vizinhana de Alandroal, esto em ANEXO.

Para confirmar a ocorrncia de LANDSPOUT a SE da vila alentejano do Alandroal


necessrio recorrer s observaes do radar meteorolgico do Instituto de Meteorologia, IP,
localizado em Coruche e no local denominado por Cruz do Leo.
A grande importncia dos equipamentos de radar meteorolgico hoje em dia
consensualmente reconhecida pela comunidade meteorolgica internacional 6 . Por outro lado, o
autor afirma, que a importncia da mesometeorologia e da previso meteorolgica para perodos
muito curtos e do nowcasting tem vindo a aumentar nos ltimos anos, muito por fora da
crescente influncia dos sistemas de radar meteorolgico que tm revelado ser de grande
importncia operacional na deteco e acompanhamento de fenmenos meteorolgicos
perigosos, medio e previso da quantidade de precipitao para perodos muito curtos,
medio da turbulncia, medio do vento e do shear do vento.

No radar de Coruche / Cruz do Leo executa-se o rastreio da reflectividade e do vento.


No rastreio da reflectividade processa-se a grandeza Z e utiliza-se um alcance de 400 km para
fins de vigilncia meteorolgica. No rastreio do vento processam-se as grandezas V e W at um
alcance de 150 km. Em ambos os casos de rastreio a periodicidade da informao de radar de
10 minutos.

5
6

Agradecimento a Margarida Gonalves, Instituto de Meteorologia, IP, Portugal.


Srgio Barbosa, IM, IP, Portugal, Rede nacional de radares meteorolgicos: situao actual e desafios futuros.

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 28

28|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

As observaes de radar meteorolgico vo incidir.

MAXZ e VVP;

PPIZ;

VCUTZ.

O MAXZ mostra a presena de uma pequena clula convectiva de difcil percepo, que
se comea a detectar com o radar de Coruche/Cruz do Leo pelas 16:20 UTC a SE da vila
alentejana de Alandroal, 10 a 15 minutos antes de o fenmeno meteorolgico ter sido
visualmente identificado a tocar o solo.
A clula de referncia, como se encontrava localizada a mais de 100 km do radar
meteorolgico impediu o recurso ao Doppler, desenvolveu-se no bordo sul de uma rea de
conveco, englobando o Alto Alentejo, Beira Baixa ou Beira Interior Sul e a Extremadura
espanhola, e aps algumas clulas de desenvolvimento vertical se terem desenvolvido na mesma
rea, melhor, mais a norte e a nordeste.

A sua adveco foi praticamente nula e evidenciou razovel shea vertical, com fluxo de
N nos nveis mais elevados. O valor mximo de Z foi modesto, no tendo excedido um core
de 37dBZ a cerca de 2 500 metros de altitude (16:40UTC).
O topo da clula excedeu ligeiramente os 10 000metros de altitude, pelas 16:20UTC.

Talvez o aspecto mais relevante que toda a estrutura convectiva manifestou, quer em
relao ao que mais comum, quer em relao a outras clulas na mesma vizinhana, foi o
crescimento vertical extremamente rpido.

Este crescimento avaliado na tabela abaixo, sendo comparado com o de outras clulas
que se denvolveram praticamente mesma hora, no mesmo ambiente sinptico (designadas por
A, B e C).

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 29

29|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

Clula do
Alandroal

Clula do
Alandroal

Clula A

Clula A

Clula B

Clula B

Clula C

Clula C

Hora
(UTC)

Alt Topo
(m)

MaxZ
core
(dBZ)

Alt Topo
(m)

MaxZ
core
(dBZ)

Alt Topo
(m)

MaxZ
core
(dBZ)

Alt Topo
(m)

MaxZ
core
(dBZ)

H+10

10 100

21

6 800

17

6 000

9 300

27

H+20

8 900

25

8 300

27

9 800

29

11 900

41

H+30

9 000

37

9 300

39

10 100

31

13 400

41

H+40

10 900

45

9 700

37

11 600

37

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 30

30|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

Na imagem das 16:10 UTC, na pgina anterior, ainda no estava visvel a clula
convectiva do Caso Alandroal.
Observando o comportamento das 3 clulas associadas a nuvens de grande
desenvolvimento vertical, j existentes em latitude mais a norte e na proximidade da entrada do
rio Guadiana em territrio nacional, a clula que vir a protagonizar o LANDSPOUT s surgir
nos 10 minutos seguintes.
O Quadro esclarecedor de todo o mecanismo que envolve o crescimento e posterior
desenvolvimento da clula. As imagens seguintes do conta dessa evoluo.

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 31

31|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 32

32|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

Desta anlise visvel que a updraft alimentadora da clula do Caso de Alandroal


foi bastante mais intensa do que a associada a clulas vizinhas.
Este facto dever ter sido causado por instabilidade local extremamente intensa,
susceptvel de gerar tal updraft e, consequentemente, de favorecer o tilt de um rotor
horizontal pr-existente em rotor vertical

Como tem sido documentado e observado noutros casos de estudo, no to relevante a


altitude final da clula.
Como a intensidade da updraf; no presente caso da clula do Caso de Alandroal a
de topo menos elevado, mas a que apresenta desenvolvimento vertical mais rpido e a que tem
associada maior altitude a um valor de core relativamente baixo (10 100 metros / 21dBZ
versus 6 800 8300 metros / 27dBZ, 9 800 metros / 29dBZ e 9 300 metros / 27dBZ).

No foi possvel obter dados do campo de V devido limitao do processamento a


100Km do radar meteorolgico de Coruche / Cruz do Leo.
Em ANEXO, algumas imagens de radar referentes a Mosaico PT e ES, RAIN1, SRI,
TOPS, VIL e WIND.

Landspout um remoinho de vento girando com muita velocidade e que se forma em


condies especiais num ambiente de conveco atmosfrica proporcionada por uma nuvem com
desenvolvimento vertical muito forte. Como disse, este remoinho descende de uma nuvem
denominada de cumulunimbus, muitas vezes atinge o solo, causando provvel destruio por
onde passa. A dimenso espacial do Landspout de poucas centenas de metros e normalmente
tem uma vida mdia de poucos minutos e percorre uma extenso inferior a 1500 metros.

A intensidade do vento na sua trajetria na sua maioria inferior a 100 km/h. A maioria
gira em sentido ciclnico quando observado de cima, mas em alguns casos o vento girou em
sentido anticiclnico, por outras palavras, em sentido horrio quando observado de cima.

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 33

33|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

Este fenmeno visvel por causa da poeira e lixo levantados do solo e pelo vapor de
gua. A presso atmosfrica, que baixa dentro de um funil, causa a expanso e arrefecimento
do ar, resultando na condensao do vapor de gua. s vezes, o ar to seco que o vento
giratrio permanece invisvl at atingir o solo e comea a carregar sujeiras.
Ocasionalmente, os Landspout produzem um barulho distinto. Segundo trstemunhas
oculares, este som parece ser mais alto quando o funil toca o solo. Contudo, nem todos os
Landspout produzem rudo ensurdecedor.

No vdeo apresentado na WWW com o ttulo:


ALANDROAL
9 de Agosto de 2009
17h : 33m Sudeste
(C) Gerotempo
http://gerotempo.blogspot.com
Nos primeiros minutos de gravao comea a surgir o remoinho e os detritos so bem
evidentes. No entanto, as nuvens que so apresentadas no condizem com o fenmeno de
Landspout. Apenas no final da gravao, quando a testemunha ocular, Senhor Albano Ferreira,
inclina a cmara digital para cima e para o lado esquerdo se consegue vislumbrar a nuvem de
grande desenvolvimento vertical e com a sua cor to caracterstica (escura e emeaadora).
De possvel passou a verdadeiro Landspout ocorrido na vila alentejana de Alandroal
no passado dia 9 de Agosto, em plena poca estival, conforme ficou explanado na matria em
estudo.

Omnis bonus liber.

JOS M. DA COSTA TSO


OUTUBRO do ano de 2009, em Salvaterra de Magos

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 34

34|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

ANEXOS

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 35

35|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

ALADIN

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 36

36|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 37

37|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 38

38|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

SATREP ONLINE
Temp 2m

AMA

BLH

Boyden

CRR

CT

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 39

39|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

CTTH

Equivalent

Estofex

G II

RH 700

Sondagem

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 40

40|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

VENTO
Intensidade Mdia do Vento (km/h) entre as 00UTC e as 21UTC de 9 de Agosto de
2009 na estao de Portel
50

Intensidade Mdia do Vento


Intensidade Mxima Instantnea

45

Intensidade do Vento (km/h)

40

35

30

25

20

15

10

0
0

10

11
Horas

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

Intensidade Mdia do Vento (km/h) entre as 00UTC e as 21UTC de 9 de Agosto de


2009 na estao de vora
50

Intensidade Mdia do Vento


Intensidade Mxima Instantnea

45

Intensidade do Vento (km/h)

40

35

30

25

20

15

10

0
0

10

11
Horas

12

13

14

15

16

17

18

19

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

41|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Tel.: (351) 21 844 7000
Fax: (351) 21 840 2370

21

JDACT
Pgina 41

Rua C Aeroporto de Lisboa


1749-077 Lisboa Portugal

20

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

Intensidade Mdia do Vento (km/h) entre as 00UTC e as 21UTC de 9 de Agosto de


2009 na estao de Portalegre
50

Intensidade Mdia do Vento


Intensidade Mxima Instantnea

45

Intensidade do Vento (km/h)

40

35

30

25

20

15

10

0
0

10

11
Horas

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

Intensidade Mdia do Vento (km/h) entre as 00UTC e as 21UTC de 9 de Agosto de


2009 na estao de Elvas
50

Intensidade Mdia do Vento


Intensidade Mxima Instantnea

45

Intensidade do Vento (km/h)

40

35

30

25

20

15

10

0
0

10

11
Horas

12

13

14

15

16

17

18

19

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

42|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Tel.: (351) 21 844 7000
Fax: (351) 21 840 2370

21

JDACT
Pgina 42

Rua C Aeroporto de Lisboa


1749-077 Lisboa Portugal

20

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

Intensidade Mdia do Vento (km/h) entre as 00UTC e as 21UTC de 9 de Agosto de


2009 na estao de Estremoz
50

Intensidade Mdia do Vento


Intensidade Mxima Instantnea

45

Intensidade do Vento (km/h)

40

35

30

25

20

15

10

0
0

10

11
Horas

12

13

14

15

16

17

18

19

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

43|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Tel.: (351) 21 844 7000
Fax: (351) 21 840 2370

21

JDACT
Pgina 43

Rua C Aeroporto de Lisboa


1749-077 Lisboa Portugal

20

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

RADAR METEOROLGICO

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 44

44|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 45

45|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

frente do nosso tempo

Omnia tempus habent

JDACT
OUTUBRO DE 2009

Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

JDACT
Pgina 46

46|46

Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa Portugal

Tel.: (351) 21 844 7000


Fax: (351) 21 840 2370

e-mail: [email protected]
URL: http://www.meteo.pt

Você também pode gostar