Esterilização e Engarrafamento de Caldo de Cana
Esterilização e Engarrafamento de Caldo de Cana
Esterilização e Engarrafamento de Caldo de Cana
SENSORIAL E FSICO-QUMICA
Diogo Carvalho Machado, Ronald Belo Gomes, Ricardo Lus Cardoso, Daniele de
Vasconcellos Santos Batista , Jos Torquato de Queiroz Tavares
1. Graduando em Agronomia da Universidade Federal do Recncavo da Bahia, Cruz
das Almas BA, Brasil. ([email protected])
2. Professor Doutor da Universidade Federal do Recncavo da Bahia.
3. Professora substituta da Universidade Federal do Recncavo da Bahia, Cruz das
Almas-BA.
Recebido em: 06/05/2013 Aprovado em: 17/06/2013 Publicado em: 01/07/2013
RESUMO
Os pesquisadores da Cincia e Tecnologia de Alimentos no tm medido esforos
na aplicao de tecnologias viveis que conservem matrias-primas, principalmente
as de alta perecibilidade, a exemplo o caldo da cana-de-acar. Nesse sentido, o
presente trabalho procurou esterilizar comercialmente e engarrafar o caldo de canade-acar e avaliar sua esterilidade, a aceitao sensorial e as caractersticas fsicoqumicas imediatamente aps o envase. Adicionou-se 0,13 % de cido ctrico no
caldo de cana, e, posteriormente ao aquecimento a 85 C, o produto foi engarrafado
e pasteurizado a 90 C por 10 minutos. A avaliao sensorial do produto foi realizada
por meio da aplicao do teste de aceitao, com escala hednica de 9 pontos. O
produto apresentou a esterilidade comercial. Os atributos sabor, aroma, aparncia e
cor obtiveram mdia (6,0) qualificada como gostei regularmente, indicando a
apreciao do produto. O mesmo alcanou 70 % de inteno de compra. O perfil
sensorial de doura (1,82) e acidez (1,83) obtiveram mdias equivalentes a regular.
PALAVRAS-CHAVE: cana-de-acar, conservar, esterilizao, aquecimento.
2013
sensory profile of sweetness (1.82) and acidity (1.83) obtained averages equivalent
to regular.
KEYWORDS: sugar cane, conserve, sterilization, heating.
INTRODUO
Em vrios pases, e principalmente no Brasil, o caldo de cana in natura
utilizado como refresco denominado em algumas regies como garapa de cana.
Este alimento consumido gelado ou em temperatura ambiente, produzido atravs
de moendas, para ser consumido imediatamente, no podendo ser armazenado
porque muito susceptvel a alteraes enzimticas que proporcionam alteraes
sensoriais significativas e indesejveis.
Uma das alteraes o escurecimento enzimtico deixando o caldo com uma
cor mais escura o que proporciona rejeio do produto pelos consumidores. De
acordo com ARAJO (1995), o escurecimento enzimtico em tecido vegetal
causado principalmente pela oxidao de fenis endgenos, atravs de ao das
polifenol-oxidases (PPOs) e a subsequente polimerizao no-enzimtica da
quinoma, formando pigmentos escuros denominados melaninas.
ARAJO (1995) afirma ainda que diversos mecanismos tm sido explorados
para prevenir e ou retardar a descolorao causada pela ao das PPOs, com a
finalidade de reter a colorao original dos alimentos. A pulverizao foliar do cido
giberlico e ou Etefon reduz a taxa PPOs porm, os mecanismos mais usados so:
A Destruio irreversvel das enzimas: calor, sulfito, cido ctrico.
B Inibio reversvel das enzimas: acar, cido ascrbico.
C Modificao qumica dos substratos
D Otimizao dos parmetros de processamento.
A outra modificao indesejvel do caldo de cana a hidrlise da sacarose
provocada pela sacarose o que deixa o caldo muito mais doce, isso acontece porque
a sacarose tem um dulor relativo 100, sendo utilizada como padro; j o acar
hidrolisado que uma mistura equimolecular de glicose (dulor relativo 73) e frutose
(dulor relativo 173) provoca uma sensao de sabor adocicado muito mais intensa
o que acarreta tambm a rejeio do produto pelos consumidores.
As usinas devem trabalhar em meio neutro, para evitar a hidrlise ou
inverso, pH 6.9 a 7.2, principalmente na calefao do caldo. A sacarose invertida
pelos micro-organismos leuconostocus, mesanteroides, leveduras, etc. Por isso se
deve desinfetar sempre, todos os lugares onde o caldo extrado ou tratado, para
evitar as perdas de sacarose por este meio de inverso (MARAFANTE, 1993).
Conforme o mesmo autor a inverso invisvel, s a anlise dos acares
redutores em laboratrio. A frmula simplificada da inverso: SACAROSE + H2O
GLICOSE + FRUTOSE, representa a hidrlise da sacarose que deve ser evitada
trabalhando o mais rapidamente, ou mesmo nos campos evitando canas velhas de
corte, no maduras, no incio da safra ou atacadas pelos insetos.
A inverso acontece em produtos tais como: caldo, xarope, mel, acar, nas
condies especficas seguintes: pH abaixo de 6,2; temperatura acima de 40 45
C; micro-organismos tais como leveduras, Leuconostocus, etc.; a cana queimada e
cortada depois de 30 horas; cana atacada por insetos; cana no madura no incio ou
fim da safra, os acares redutores e coeficientes glicsicos so altos. Cada vez que
a hidrlise da sacarose se produz ocorre perda (MARAFANTE, 1993).
A cana-de-acar (Saccharum hibrida) uma matria-prima que quando
processada pode atender essas exigncias e fornecer nutrientes como ferro, clcio,
ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.9, N.16; p. 2772
2013
2013
RESULTADOS E DISCUSSO
A prova de esterilidade comercial no apresentou nenhuma alterao visual
causada por micro-organismos ao produto, como fermentao, produo de gs e
colnias de micro-organismos. Na a avaliao dos atributos sensoriais, os
provadores avaliaram os parmetros sabor, aparncia, cor e aroma. Os resultados
com as mdias de aceitao esto expressos na Figura 1.
Verificaram-se que todos os atributos avaliados apresentaram mdia acima do
ndice de rejeio, com valores iguais ou superiores a 6,0 (gostei ligeiramente),
corroborando com os dados do teste de inteno de compra, que apontou 70,3% de
possibilidade deste produto ser adquirido pelos consumidores. Estudos
semelhantes, realizados por TEIXEIRA et al., (1987) e DUTCOSKI (1996), relatam
aprovao do produto para valores superiores a 70%
Analise sensorial do caldo de cana
Aceitaao sensorial
9
8
7
6
5
NOTAS
4
3
2
AR
O
M
A
R
CO
RE
N
AP
A
SA
B
O
R
CI
A
Parmetros
FIGURA 1. Avaliao sensorial do caldo de cana, Cruz das Almas - BA, 2008.
Os avaliadores atriburam mdia 6,0 ao sabor do caldo de cana pasteurizado
logo aps o processamento. Em relao aparncia os provadores atriburam nota
de 6,48 (gostei ligeiramente). Similar ao encontrado por REZZADORI (2010), em
caldo de cana adicionado de 5 % de polpa de maracuj, que obtiveram mdia de
6,3. Segundo MEILGAARD et al., (1991) a aparncia frequentemente o nico
atributo em que se baseia a deciso de rejeitar ou no o alimento na compra, assim
sendo como se obteve uma media regular para este parmetro supe-se que o
produto possivelmente seria apreciado pelo consumidor.
O aroma foi apreciado pelos julgadores, que atriburam mdia 6,59,
correspondente a gostei ligeiramente na escala hednica, resultado semelhante ao
obtido por SILVA & FARIA (2006) e inferior ao encontrado por REZZADORI (2010),
que obteve media de aceitao (7,50). THOMAZINI & FRANCO (2000), descrevem o
aroma como um atributo muito mais complexo em relao ao sabor, pois explicam
que dezenas a centenas de substncias volteis, representantes de vrias classes
qumicas, conferem esse carter.
A cor foi qualificada como gostei ligeiramente ficando com mdia 6,52. Na
ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.9, N.16; p. 2774
2013
2013
CONCLUSES
Os tratamentos adio de cido ctrico e esterilizao foram eficientes na
conservao do caldo de cana-de-acar evitando o escurecimento e aumento do
dulor relativo;
O atributo aroma do caldo obteve a melhor nota de todos os atributos
sensoriais estudados e o perfil sensorial no geral obteve uma mdia boa com uma
esterilizao comercial adequada para o armazenamento.
Recomendam-se outros estudos com o tempo de conservao de caldo de
cana engarrafado.
REFERENCIAS
de Alimentos.
Editora
Universitria;
2013
Acribia,
2013