Princípios Do Processo e Do Procedimento Civil
Princípios Do Processo e Do Procedimento Civil
Princípios Do Processo e Do Procedimento Civil
CRATO CE
2013
CRATO CE
2013
SUMRIO
TPICO
1. INTRODUO
2. O QUE SO PRINCPIOS?
2.1 - ANTINOMIA
3. DO PROCESSO E DO PROCEDIMENTO
4. DOS PRINCPIOS DO PROCESSO E DO PROCEDIMENTO ANLISE EM
ESPCIE
4.1 - DEVIDO PROCESSO LEGAL
4.2 - CONTRADITRIO
4.3 - AMPLA DEFESA
4.4 - MOTIVAO DAS DECISES
4.5 - PRINCPIOS DISPOSITIVO E INQUISITIVO (INQUISITRIO)
4.6 - ISONOMIA (IGUALDADE PROCESSUAL OU PARIDADE DE ARMAS)
4.7 - PUBLICIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS
4.8 - PRINCPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL
4.9 - INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS
4.10 - RAZOVEL DURAO DO PROCESSO
4.11 - COOPERAO
4.12 - BOA-F E LEALDADE PROCESSUAL
5.
DISPOSIES FINAIS
6.
BIBLIOGRAFIA
PGINA
04
05
06
08
10
10
12
15
17
19
22
30
33
34
36
37
39
45
47
1. INTRODUO
2. O QUE SO PRINCPIOS?
Nas palavras de Fredie Didier Jr. (2013): Princpio espcie normativa. Trata-se de
norma que estabelece um fim a ser atingido. Segundo o autor, se um princpio tem por objetivo
que a sociedade alcance determinado estado de coisas, faz-se necessrio tomar certos
comportamentos, que viram necessidades para efetivao do fim almejado.
Doutrinariamente, v-se os princpios como regras abstratas, de certa maneira
distanciadas da concretude do fato. Ocorre que ao mesmo tempo que abstrata, a norma
principiolgica geral, portanto abrangente, de modo a resguardar determinado conjunto de
situaes jurdicas. Alm disso, alguns princpios tm carter norteador: dirigem a produo de
novas leis, regras, julgados, enfim, tm a capacidade de promover a unificao de certo
entendimento adotado no cotidiano do universo jurdico nacional.
Os aplicadores do Direito vm aperfeioando a distino entre os princpios e regras que
permeiam os ordenamentos jurdicos. Segundo Marcelo Novelino (2010):
Robert Alexy ainda afirma que os princpios tm o seu cumprimento medido na anlise
das circunstncias fticas, ou seja, os acontecimentos nicos do caso concreto, e jurdicas, que
ser a amplitude do princpio frente a outros princpios e regras opostos. Ronald Dworkin
(1977) ensina que quando um ordenamento adota determinado princpio, este deve ser levado
em conta pelos aplicadores do Direitos.
Os dois jusfilsofos desenvolveram teses sobre os princpios e sua aplicao, havendo
grande identidade entre as obras, at determinado ponto. Ambos afirmam Ambos afirmam que
a escolha por determinado princpio em detrimento dos demais ocorre de maneira ponderada,
pois se trata de escolha a ser feita somente mediante o caso concreto, havendo a pesagem de
qual norma possui maior peso relativo, em outras palavras, qual bem jurdico tem mais
relevncia no caso concreto.
5
2.1 ANTINOMIA
O conflito entre normas algo comum nos ordenamentos jurdicos, principalmente nos
de origem romana, como o brasileiro. A tal espcie de conflito d-se o nome antinomia, que
se divide em prpria e imprpria, sendo que a primeira se localiza na dimenso da validade da
norma jurdica, enquanto a segunda ocorre na dimenso da importncia.
A antinomia jurdica prpria ocorre quando duas normas regulam uma mesma situao
de maneira diversa, ou seja, uma permite e a outra obriga, ou uma probe a outra obriga, etc.
Deste modo h a antinomia prpria entre regras, entre princpios e nos conflitos entre um
princpio e uma regra.
Vale ressaltar que, por mais abrangente que seja, um princpio no hierarquicamente
superior a uma regra, sendo a recproca verdadeira. Assim ensina Marcelo Novelino (2010):
A antinomia prpria rara entre princpios. Seria o caso de uma lei ordinria ou
complementar trazer ao ordenamento jurdico brasileiro o princpio da desigualdade entre os
sexos, em clara discordncia com o princpio da igualdade, previsto no art.5, I da Carta Magna
de 1988. Em casos como este, faz-se meno funo orientadora dos princpios, observandose se a ponderao dos mesmos realmente uma possibilidade no mbito do universo jurdico
do pas.
J para que haja a antinomia imprpria, necessrio que as normas em coliso sejam
vlidas, pois no se est avaliando a pertinncia das mesmas ao ordenamento jurdico, mas sua
predominncia mediante a situao concreta. Tambm denominada coliso, tal espcie de
antinomia s ocorre quando, na anlise do caso concreto, permite-se o balanceamento de
princpios, e apenas destes.
Alexy estabeleceu a teoria dos princpios para orientar o processo de ponderao destes,
permitindo que houvesse a vinculao da deciso, mas com certo grau de flexibilidade,
impedindo o esvaziamento dos direitos fundamentais ao mesmo tempo que evitando o
enrijecimento do sistema jurdico. A sua tese recebeu diversas crticas, as mais duras dirigidas
por Jurgen Habernas e Klaus Gunther. O primeiro afirmava ser a teoria de Alexy carente de
critrios racionais e, portanto, declarava que o sopesamento de valores se efetua ou bem de
forma discricionria e arbitrria, ou bem de forma no reflexiva. J Gunther afirmava que os
conflitos entre regras tratam-se de comportamento colisivo na dimenso da fundamentao da
validade, ou resumidamente, coliso interna. J nos conflitos entre princpios, para Gunther,
a coliso se d na dimenso da aplicao, aps a avaliao de todas as circunstncias do caso
concreto.
Para rebater suas crticas em relao discrionariedade e falta de critrios racionais,
Alexy criou o modelo de fundamentao, em que uma ponderao racional se o enunciado
de preferncia ao qual conduz pode ser fundamentado racionalmente. Deste modo, Alexy criou
um critrio objetivo que vinculou a ponderao a teoria da argumentao jurdica racional.
A construo do jusfilsofo, alm de extremamente importante para a justificao de
sua teoria, cria diversos vnculos com princpios presente no ordenamento jurdico brasileiro,
como o princpio da razoabilidade, persuaso racional do magistrado e, principalmente, a
obrigatoriedade de motivao das decises tomadas pelo mesmo.
Vencida a questo da definio e aspectos gerais dos princpios, passemos aos conceitos
de processo e procedimento.
7
3. DO PROCESSO E DO PROCEDIMENTO
a estrutura por meio da qual essa discusso se concretizar. A teoria de Bullow, segundo a
doutrina nacional, apesar de diversas novas teorias, continua sendo a aceita.
As teorias do processo como situao jurdica e do processo como procedimento em
contraditrio, respectivamente desenvolvidas por James Goldschmidt e Elio Fazzalari, ainda
que no tenham deixado de defender a teoria do processo como relao jurdica, admitem a
mescla das supracitadas teorias, tendo em vista que se complementam em certos aspectos.
James Goldschmidt, ao compor a teoria do processo como situao jurdica, aduziu ser
a natureza jurdica do processo o conjunto de sucessivas situaes jurdicas por quem passam
os sujeitos processuais. Para os pensadores adeptos desta teoria, o processo possui um
dinamismo que transforma o direito objetivo, originalmente esttico, em chances, como
descreveu Daniel Amorim Assumpo Neves:
10
tica,
nas
palavras
de
Daniel
Amorim
Assumpo
Neves
(2011):
11
4.2 - CONTRADITRIO
Conforme visto ao tratarmos da conceituao de processo e procedimento, o
contraditrio elemento do instrumento a que denominamos processo. De possa dessa
informao, deve-se entender o contraditrio como requisito oficial ao desenvolvimento de um
processo legtimo e obediente ao devido processo legal. Segundo a Constituio Federal de
1988, em seu artigo 5, inciso LV:
12
13
verdadeiras as afirmaes da parte autora (art. 319 do CPC), o que no ocorre devido regra
constante no art. 320, II, do CPC, in verbis:
14
Segundo Fredie Didier Jr. (2013), a ampla defesa consiste no conjunto de meios
adequados para o exerccio adequado do direito do contraditrio. Como podemos perceber,
h uma ntida relao entre os princpios do contraditrio e da ampla defesa, tanto que ambos
so tratados no mesmo artigo da Carta Magna.
Segundo o doutrinador baiano, a doutrina tradicional distinguia os princpios (ou
garantias) em questo, embora se afirmasse o vnculo entre os mesmos. Exemplificando, Didier
faz meno aos ensinamentos de Delosmar Mendona Jr: ...so figuras conexas, sendo que a
ampla defesa qualifica o contraditrio. No h contraditrio sem defesa. Igualmente lcito
dizer que no h defesa sem contraditrio. (...) O contraditrio o instrumento de atuao do
15
direito de defesa, ou seja, esta se realiza atravs do contraditrio. Para o jusfilsofo baiano,
entretanto, os princpios da ampla defesa e do contraditrio se fundiram em um nico direito
fundamental: A ampla defesa corresponde ao aspecto substancial do princpio do
contraditrio, servindo para ambas as partes em conflito.
Misael Montenegro Filho parece concordar com Fredie Didier Jr. quanto formao do
amlgama entre princpios do contraditrio e da ampla defesa. O estudioso pernambucano, em
sua obra Curso de Direito Processual Civil, trata as duas garantias em tpico nico, justificando
sua consagrao no texto da Carta Magna devido sua relevncia na dinmica processual.
Montenegro considera que a possibilidade de produo legtima de provas, aliada capacidade
de lev-las ao conhecimento do juiz e formar tpico relevante nas decises deste.
Marcelo Novelino, por outro lado, trata os dois princpios de maneira diferenciada. Para
este doutrinador: A ampla defesa uma decorrncia do contraditrio (reao).
assegurada ao indivduo a utilizao para a defesa de seus direitos, de todos os meios legais e
moralmente admitidos. Pode-se inferir Novelino no considera os princpios como um s, ao
contrrio de Montenegro e Didier, apesar de que todos concordarem sobre dois aspectos dessa
juno: contraditrio e ampla defesa andam lado a lado, complementando-se mutuamente,
assim como tm por objetivo oferecer ao processo a maior legitimidade possvel como
instrumento estatal de resoluo de conflitos entre particulares, o que ocorre atravs dos j
citados: influncia no convencimento do juiz, produo legalizada de provas, maior
envolvimento das partes na tramitao do feito.
Misael Montenegro Filho e Daniel Amorim Assumpo Neves, em suas obras,
discorrem ainda sobre tema que poderia ter sido tratado no tpico anterior. Entretanto, devido
proximidade entre os princpios e ao tratamento dado em separado neste estudo, aloquei meus
comentrios sobre o tema do contraditrio diferido para este tpico.
O contraditrio diferido uma construo ligeiramente diferente do contraditrio em
sua estrutura bsica. Esta segue a seguinte sequncia: pedido, informao da parte contrria,
deciso do magistrado. Esta sequncia lgica permite ao julgador angariar os posicionamentos
de ambas as partes antes de proferir sua sntese do fato.
H situaes em que a urgncia torna a celeridade primordial sobrevivncia do feito,
quando no da prpria parte. Desta maneira, o legislador processualista conferiu s partes a
opo de requerer ao juiz a antecipao de tutela do direito objeto da lide, pelo menos at a
sentena final, em que se decidir quem possui maior direito de reivindicar o objeto do conflito.
16
17
Este axioma tem previso na Carta Magna brasileira, apesar de esta referir-se
abertamente apenas ao direito penal, conforme o art. 5, LXI, e esfera judicial, nos ditames do
art. 93, IX, in verbis:
18
dependendo do que se entende por devido processo legal, tendo em vista que tanto a
expresso quanto o axioma tendem a variar consideravelmente de Estado para Estado, assim
como tempo de sua aplicao. Para fins didticos, a doutrina clssica identifica dois modelos
bsicos de estruturao processual: o modelo dispositivo e o modelo inquisitivo. Alm destes,
o estudioso baiano faz consideraes profundas sobre um terceiro e mais recente sistema
estrutural: o cooperativo (Os trs modelos de direito processual: inquisitivo, dispositivo e
cooperativo, 2012). Esta terceira modalidade ser tratada brevemente mais adiante.
Segundo Didier Jr.:
Podemos afirmar assim, que em ambos os modelos, cada um dos sujeitos processuais
caracteriza-se por um papel dentre da estrutura da lide, ocorrendo diferenciao apenas quanto
protagonizao: no modelo inquisitivo o magistrado protagonista de todo o conflito,
enquanto que no dispositivo, o juiz senta-se equidistantes das partes, avaliando seus
posicionamentos e dando seus pareceres quando necessria sua presena, at o ato final, a
sentena.
Conforme a explicao dada pelo doutrinador Daniel Amorim Assumpo Neves
(2011), o sistema brasileiro um misto, com preponderncia do princpio dispositivo. Ao
menos na jurisdio contenciosa correto afirmar que esse sistema misto essencialmente um
sistema dispositivo temperado com toques de inquisitoriedade.
Observemos a regra trazida pelo legislador no art. 262 do Cdigo de Processo Civil:
20
Art. 262. O processo civil comea por iniciativa da parte, mas se desenvolve por
impulso oficial.
O juiz est vinculado aos fatos jurdicos componentes da causa de pedir, o que
depende da vontade da parte, mas as provas a respeito dos fatos podem ser
determinadas de ofcio pelo juiz (art. 130 do CPC), o que demonstra uma
caracterstica do sistema inquisitivo. Segundo o art. 131 do CPC, o juiz pode levar
em considerao em sua deciso os fatos simples, ainda que no alegados pelas
partes, regra esta que tambm consagra o princpio inquisitivo. O princpio da
congruncia (art. 460 do CPC) vincula o juiz aos limites do pedido do autor, no se
admitindo a concesso de algo diferente nem a mais do que foi pedido, o que,
inclusive gerar sentena extra e ultra petita, respectivamente. Essa, entretanto, a
regra, no aplicvel na hiptese dos pedidos implcitos e na permisso de
aplicao do princpio da fungibilidade (por exemplo, pedida reintegrao de posse
o juiz concede manuteno de posse art. 920 do CPC), para as quais se nota a
prevalncia do sistema inquisitivo.
Art. 130. Caber ao juiz, de ofcio ou a requerimento da parte, determinar as provas
necessrias instruo do processo, indeferindo as diligncias inteis ou meramente
protelatrias.
Art. 131. O juiz apreciar livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstncias
constantes dos autos, ainda que no alegados pelas partes; mas dever indicar, na
sentena, os motivos que lhe formaram o convencimento.
Art. 460. defeso ao juiz proferir sentena, a favor do autor, de natureza diversa da
pedida, bem como condenar o ru em quantidade superior ou em objeto diverso do
que lhe foi demandado.
Art. 920. A propositura de uma ao possessria em vez de outra no obstar a que
o juiz conhea do pedido e outorgue a proteo legal correspondente quela, cujos
requisitos estejam provados.
21
Tal norma estende o dever de tratamento equitativo no somente aos brasileiros, homens
e mulheres, mas aos estrangeiros residentes e de passagem pelo pas, nos termos da Constituio
Federal. Devemos ento considerar que homens e mulheres, brasileiros ou no, so, perante a
lei, iguais, e tal regra, sem dvidas, aplica-se ao processo, no importando sua natureza.
No mbito puramente processual, todos possuem os mesmos direitos: prazos
prescricionais, decadenciais, para recursos. O prazo para oferecer contrarrazes idntico ao
para intentar o recurso, para que ambas as partes possam se manifestar sem distines; ambas
devem ser intimadas para audincias, destas podero participar ativamente e em iguais
propores, se assim o desejarem, etc. Tais regras pontuais, entretanto, no poderiam e no
conseguem esgotar o princpio da isonomia.
Tudo o que foi citado no pargrafo anterior trata do processo isonmico de forma
puramente formal, positivista, no dando azo perspectiva material do axioma em estudo.
Como dito anteriormente, cada ser humano um indivduo nico, no podendo ser tratado de
forma igual ao prximo simplesmente por serem de mesma nacionalidade, sexo, ou qualquer
outra caracterstica: estamos aqui diante do famoso bordo cada caso um caso.
22
Qual a razo de existirem tais dispositivos? Ora, por mais que se trate de regra do
processo penal, o inciso XLVIII exemplifica o princpio em discusso. Mantendo a
superficialidade da discusso, homens e mulheres no podem ser dividir acolhimentos para
cumprimento de pena por motivos de segurana das presas. No podemos afirmas que os
condenados, simplesmente por estarem presos, viraro estupradores, mas por precauo,
separam-se os sexos, j que todos esto ali por haverem ferido regras de convivncia em
sociedade.
Por que se d ao pobre o benefcio da assistncia judiciria gratuita? O processo, como
demonstra a prtica no Brasil, dispendioso econmica e psicologicamente, e a regra vem para
possibilitar aos que esto em pior situao financeira o integral acesso aos prstimos do
Judicirio. O benefcio desta prerrogativa se refere questo do pagamento das custas
processuais.
Exemplificado o aspecto material do princpio da isonomia, podemos traar o objetivo
da isonomia como um todo: nas palavras de Daniel Amorim Assumpo Neves, permitir que
as partes atuem no processo, dentro do limite do possvel, no mesmo patamar.
O legislador brasileiro, em obedincia ao princpio da isonomia, procurou de vrias
formas criar situaes que deixassem os desiguais em igualdade no mbito processual. Vrios
23
so os exemplos de regras que buscam ofertar a igualdade processual entre os litigantes. A regra
bsica foi novamente erigida como o princpio da paridade de armas no Cdigo de Processo
Civil, em seu artigo 125, I, in verbis:
24
6.515, de 26.12.1977)
II - do domiclio ou da residncia do alimentando, para a ao em que se pedem
alimentos;
III - do domiclio do devedor, para a ao de anulao de ttulos extraviados ou
destrudos;
Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-o
contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para
falar nos autos.
Art. 320. A revelia no induz, contudo, o efeito mencionado no artigo antecedente:
II - se o litgio versar sobre direitos indisponveis;
No s o diploma processual civil traz regras quanto ao tratamento desigual para gerar
igualdade. Entre outras legislaes especficas, podemos citar o Cdigo de Defesa do
Consumidor e o Estatuto da Criana e do Adolescente, alm das regras de prioridade relativas
aos idosos e mulheres.
Quanto ao direito consumerista, podemos dizer que a proteo se deve pela simples
desigualdade de poder econmico entre consumidor e fornecedor. Trata-se de regra que
privilegia a parte hipossuficiente, a exemplo do que faz o direito do trabalho: o fornecedor
possui a capacidade de produzir o produto ou realizar o servio. O consumidor compra ou
contrata porque no tem a possibilidade de produzir ou realizar determinado ato porque no
tem o know-how, e desta forma depende da qualidade do que oferecido. As empresas
fornecedoras possuem poderio econmico para contratar causdicos, enquanto que o
consumidor nem sempre capaz, dependendo dos prstimos da Defensoria Pblica, alm das
despesas com deslocamento, etc. Podemos citar como regras que consagram o princpio da
isonomia os artigos 6, VIII, e 101, I, in verbis:
25
Andra Gusmo Santos fez um estudo sobre o idoso e a legislao especfica para
facilitar o acesso dessa classe ao Poder Judicirio, de modo a acelerar a resoluo das lides
envolvendo as pessoas na terceira idade (observar que o estudo foi realizado em 2003, e houve
modificao dos dispositivos em 2009):
26
27
Por fim, quanto s mulheres, o princpio da isonomia foi bem utilizado pelo legislador
na Lei n 11.340/06, criando as varas especializadas (Juizados, nos termos da lei) para tratar
dos casos de violncia domstica e familiar contra a mulher, cartrios estes com competncia
cvel e criminal. Alm disso, a legislao institui foro privilegiado para a mulher nas causas
28
cveis, podendo esta fazer a opo pelo foro da causa, assim como gozar de assistncia
judiciria. So os dispositivos:
Daniel Amorim Assumpo Neves foi sagaz ao observar que a expresso em casos de
hipossuficincia tcnica abria um leque de interpretaes bastante variado, e algumas delas
poderiam vir a perturbar o entendimento acerca da isonomia no mbito processual. So os
comentrios do autor:
Ao ler o PLNCPC me perguntei: seria possvel ao juiz dar prazos distintos s partes
para se manifestarem sobre um mesmo ato, sem previso legal expressa de prazo
diferenciado? Seria possvel ao juiz determinar o recolhimento de preparo por uma
29
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, dispor sobre
o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princpios:
IX - todos os julgamentos dos rgos do Poder Judicirio sero pblicos, e
fundamentadas todas as decises, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a
presena, em determinados atos, s prprias partes e a seus advogados, ou somente
a estes, em casos nos quais a preservao do direito intimidade do interessado no
sigilo no prejudique o interesse pblico informao;
X - as decises administrativas dos tribunais sero motivadas e em sesso pblica,
sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros;.
ARTIGO 10. Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja
equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que
decida dos seus direitos e obrigaes ou das razes de qualquer acusao em matria
penal que contra ela seja deduzida.
Ocorre que algumas causas, devido ao contedo nelas tratado, so mantidas em segredo
de justia. A expresso , pelos leigos, mal interpretada, como se o processo tramitasse em
sigilo absoluto. O que acontece na realidade a mitigao da publicidade, que se mantm
31
inclume em relao s partes e seus patronos. Para qualquer pessoa no autorizada, o acesso
aos autos e atos do processo bloqueado e at mesmo os nomes das partes suprimidos.
O segredo de justia vem para proteger a intimidade dos envolvidos, ou em que h
grande repercusso. Tambm restringida a publicidade quando esta puder vir a causar
prejuzos prestao jurisdicional, seja por causa das partes ou em razo do objeto da demanda.
possvel ainda que o magistrado mitigue a publicidade dos autos em virtude de dificuldades
operacionais. Exemplo desta ltima situao oferecido por Daniel Amorim Assumpo
Neves:
Em outros casos, possvel que, por uma questo pragmtica, se faam certas
limitaes publicidade em razo de dificuldades operacionais, com ntido prejuzo
ao processo se admitida a publicidade ampla. Cito a falncia de uma enorme rede
varejista em So Paulo, quando o juiz determinou que somente em um dia da semana
as centenas de advogados dos credores poderiam acessar os autos, de forma a manter
o cartrio em regular andamento nos demais dias da semana, regra excepcionada em
situaes de urgncia.
O autor cita ainda a proibio da presena da imprensa quando esta puder vir a causar
dificuldades no decorrer do ato processual, assim como quando o magistrado determina que
alguns estagirios se retirem das salas de audincias para que estas no fiquem superlotadas.
Ainda sobre o princpio da publicidade dos atos processuais, a doutrina brasileira faz
uma crtica de ordem tcnica ao texto do Anteprojeto do Novo Cdigo de Processo Civil
(Projeto de Lei do Senado n 166/2010). O texto da Constituio Federal faz meno clara aos
atos processuais. O PLNCPC, em seu artigo 11, caput, faz meno apenas julgamentos dos
rgos do Poder Judicirio. Segue o texto do dispositivo:
Art. 11. Todos os julgamentos dos rgos do Poder Judicirio sero pblicos, e
fundamentadas todas as decises, sob pena de nulidade.
Pargrafo nico. Nas hipteses previstas neste Cdigo e nas demais leis, pode ser
autorizada somente a presena das partes ou de seus advogados.
Segundo Daniel Amorim Assumpo Neves, o correto seria o uso da expresso atos
processuais ao invs de julgamentos, de modo a cumprir integralmente a ordem da Carta
32
Magna. O autor ainda cita o art. 164 do projeto de lei em comento, referindo-se negativamente
ao uso da expresso segredo de justia, porm elogiando as correes e inovaes do
dispositivo, com destaque incluso da restrio publicidade nos processo eletrnicos.
reconvenes e aes declaratrias, se vistas no caso concreto, podem dar a impresso de irem
de encontro ao princpio da economia processual, tendo em vista que tendem a tornar mais
complexa a causa. Tal impresso, entretanto, amplamente recusada pela doutrina.
Por ltimo, a perspectiva mais bvia do princpio da economia processual, como norma
que traz ao ordenamento a necessidade de baratear o processo, tanto para os cofres pblicos
quanto para as partes. Neste sentido, o benefcio da assistncia judiciria gratuita pelas
Defensorias Pblicas, garantindo o acesso Justia aos que no podem, economicamente,
enfrentar um processo. Tambm foi de vital importncia a implantao dos Juizados Especiais,
que garantem a gratuidade do processo at a prolao da sentena. Para os que no podem ser
considerados pobres na forma da lei, o processo deve ser o mais barato possvel, o que se obtm
baixando o valor das custas, a utilizao de rgos pblicos para realizao de percias, e
tambm agilizando-se a prestao jurisdicional (observando-se o ordenamento jurdico
brasileiro, processos mais demorados tendem a ser mais lentos).
34
35
Sem dvida alguma derivado do devido processo legal, o princpio da razovel durao
do processo foi expressamente inserido na Constituio Federal pela Emenda Constitucional
45 de 2004, esta que ficou conhecida como a reforma do Judicirio. Trata-se de garantia a
um direito fundamental, conforme se observa pela denominao dada a este trecho da Carta
Magna.
Os processos judiciais e administrativos no Brasil, conforme demonstra a prtica, so
extremamente morosos, fato que prejudica no somente as partes, mas causa a perda de
credibilidade do Poder Judicirio assim como enfraquece os demais Poderes do Estado
nacional. A lei processual, tanto na esfera civil como nas demais, vem se modernizando e
paulatinamente tentando encontrar meios de agilizar a resoluo dos processos, atitude dos
legisladores que obedece ordem expressa no final do dispositivo constitucional: meio que
garantam a celeridade.
No devemos, entretanto, confundir celeridade com pressa. A celeridade processual
procura que a lide tenha a mais rpida soluo possvel, sem que haja prejuzo aos litigantes: a
prestao jurisdicional deve ser feita de maneira a extinguir o conflito sem que haja lacunas,
deixando o menor nmero possvel de sequelas. Como afirma Daniel Amorim Assumpo
Neves: O legislador no pode sacrificar direitos fundamentais das partes visando somente a
obteno de celeridade processual, sob pena de criar situaes ilegais e extremamente injustas.
A regra, obviamente, atinge a todos os envolvidos no s na criao de leis, mas tambm na
sua aplicao e cumprimento.
Cabe s partes e aos envolvidos com a disciplina jurdica compreender que, apesar do
sentimento de frustrao, muito pior seria o resultado de uma demanda mal construda, mal
julgada. Deve-se compreender ainda que a demora, em muitos casos, encontra causas para
36
ocorrer: no se pode esperar que uma causa de alta complexidade se resolva to rapidamente
quanto processos de menor nvel tcnico.
Alm da complexidade da causa, muitas vezes pode-se perceber o descaso de uma das
partes, o desejo que a causa se estenda o mximo possvel, algumas vezes procurando maneiras
de simplesmente forar a outra parte ao abandono por pura frustrao, outras, como muito se
v por parte dos governantes, tentando passar o problema para o sucessor. Estas atitudes, dentre
tantas, causam a perda de credibilidade do Judicirio em virtude da morosidade.
Por fim, alguns institutos criados pelos legisladores brasileiros que procuram solucionar
tal problema, tanto no Cdigo de Processo Civil quanto nas demais legislaes:
a) Procedimentos Sumrio (art. 275 do CPC) e Sumarssimo (Lei n 9.099/95);
b) Processo Sincrtico (Leis n 10.444/02 e 11.232/05);
c) Represso chicana processual (art. 14, pargrafo nico, do CPC);
d) Comunicao dos atos processuais por via eletrnica (art. 154, 2, do CPC);
e) Julgamento de improcedncia liminar (art. 285-A do CPC);
f) Julgamento antecipado do mrito (art. 330 do CPC);
g) Uso da prova emprestada como mtodo de defesa (art. 332 do CPC);
h) Smula impeditiva de recursos (art. 518, 1, do CPC);
i) Julgamentos monocrticos do relator de recurso (art. 557 do CPC); e
j) Procedimento monitrio (arts. 1.102-A a 1.102-C do CPC).
4.11 - COOPERAO
O princpio da cooperao at pouco tempo era um tema pouco debatido no mbito da
doutrina brasileira, apesar de muito se discutir sobre o mesmo na Alemanha e em Portugal. No
Brasil, doutrinadores como Fredie Didier Jr. e Lcio Grassi de Gouveia debateram sobre o
citado princpio.
Trata o princpio da cooperao acerca da conduta do magistrado no decorrer do
processo. Ora, a estrutura do processo um trip, em que as partes esto equidistantes do
julgador, devendo trazer a este fatos e argumentos para melhor construo da prestao
jurisdicional. Ocorre que o antigo paradigma da imobilidade do julgador, sua neutralidade, no
37
se aplica a atual situao do Judicirio brasileiro. Chegou-se concluso que nenhum ser
humano pode ser neutro, mas pode ser imparcial, e que o julgador, por mais que o procedimento
no preveja tal ao, participe da causa.
Tratando da imparcialidade, Humberto Theodoro Jnior cita Jos Frederico Marques
bem se refere como imprescindvel lisura e prestgio das decises judiciais a inexistncia
da menor dvida sobre motivos de ordem pessoal que possam influir no nimo do julgador.
Deste modo, admite a existncia de sentimentos e emoes por parte do magistrado, desde que
tais sensaes no interfiram na sua clareza de pensamento ou tragam prejuzos ao processo.
Conforme as palavras de Viviane Soares Wanderley, o Princpio da Cooperao
Intersubjetiva permite que o Juiz ou o rgo Julgador possa incitar, auxiliar, esclarecer,
questionar, advertir as partes, sem colocar em prejuzo a imparcialidade acima tratada. O
magistrado, conforme a estrutura de trip, sujeito (e no parte) do processo, devendo a ele
trazer o maior nmero de acrscimos que lhe for possvel, sem que haja prejuzo claro e de
ordem subjetiva s partes.
Fredie Didier Jr. procurou em seus estudos alm de tratar do contedo do princpio da
cooperao, dar uma dimenso a este, equiparando a cooperao com os sistemas dispositivo e
inquisitorial: o doutrinador baiano identifica um terceiro sistema processual, o cooperativo,
assim como suas caractersticas:
O modelo cooperativo parece ser o mais adequado para uma democracia. DIERLE
JOS COELHO NUNES, que fala em modelo comparticipativo de processo como
tcnica de construo de um processo civil democrtico em conformidade com a
constituio, afirma que a comunidade de trabalho deve ser revista em perspectiva
policntrica e coparticipativa, afastando qualquer protagonismo e se estruturando a
partir do modelo constitucional de processo.
Disso
surgem
deveres
de
conduta
tanto
para
as
partes
como para o rgo jurisdicional, que assume uma dupla posio: mostra-se
paritrio na conduo do processo, no dilogo processual, e assimtrico no
momento da deciso; no conduz o processo ignorando ou minimizando o papel das
partes na diviso do trabalho, mas, sim, em uma posio paritria, com dilogo
e equilbrio.
No entanto, no h paridade no momento da deciso; as partes no decidem com o
juiz; trata-se de funo que lhe exclusiva. Pode-se dizer que a deciso judicial
fruto da atividade processual em cooperao, resultado das discusses travadas ao
longo de todo o arco do procedimento; a atividade cognitiva compartilhada, mas a
deciso manifestao do poder, que exclusivo do rgo jurisdicional, e no pode
ser minimizado. Neste momento, revela-se a necessria assimetria entre as posies
das partes e do rgo jurisdicional: a deciso jurisdicional essencialmente um ato
de poder. Em um processo autoritrio/inquisitorial h essa assimetria tambm na
conduo do processo.
38
Visto desta forma, o processo deve conter (e contm) regras definidas que mantenham
limpa a disputa entre as partes, evitando que estas, a fim de promoverem a defesa de seus
direitos, cometam exageros no exerccio do seu direito de ampla defesa.
O legislador processual civilista se utilizou do Cdigo de Processo Civil para definir tais
regras, prevendo quais atitudes tm o condo de ferir o princpio da boa-f e da lealdade
processual e as correspondentes penalidades para tais atos.
O artigo 14 do Cdigo de Processo Civil descreve em seus cinco incisos as principais
condutas a que as partes e demais envolvidos no processo tm o dever de atender, isto incluindo
os demais sujeitos processuais, como o magistrado, membro do Ministrio Pblico, advogados,
servidores do Judicirio, assim como terceiros, a exemplo das testemunhas.
Ocorre que o dispositivo em comento, apesar de traar os deveres de todos os envolvidos
na causa, no define punies endo ou extraprocessuais para as condutas registradas nos quatro
primeiros incisos, sendo que o inciso V tem sua punio definida pelo pargrafo nico.
Art. 14. So deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participam
do processo:
I - expor os fatos em juzo conforme a verdade;
II - proceder com lealdade e boa-f;
III - no formular pretenses, nem alegar defesa, cientes de que so destitudas de
fundamento;
IV - no produzir provas, nem praticar atos inteis ou desnecessrios declarao
ou defesa do direito.
V - cumprir com exatido os provimentos mandamentais e no criar embaraos
efetivao de provimentos judiciais, de natureza antecipatria ou final.
40
41
A doutrina recomenda cautela com a interpretao dos incisos do artigo 17. O legislador,
no inciso I, ao referir-se a dedues do texto da lei, tem por objetivo afastar interpretaes que
claramente tenham por objetivo simplesmente atrasar o trmite do processo. O inciso II tambm
merece cuidado, tendo em vista que sobre um mesmo fato podem haver diversas verses, sendo
que o legislador processual considerou litigncia de m-f a afirmao de fato que o declarante
sabe ser falso; a negao de conhecer um fato que efetivamente conhecia; e declarar verso
falsa de fatos verdadeiros.
42
O inciso III tem por objetivo evitar que alguma das partes se utilize do processo para
atingir fins ilcitos. Ora, sendo o processo instrumento estatal para manuteno da paz social,
uma maneira de encontrar um final para os conflitos de interesses, sua transformao em
mtodo de conquista de vantagens indevidas , alm de desleal para com a parte contrria,
antidemocrtica e antissocial. J o inciso IV traz previso genrica que visa prevenir as
tentativas de qualquer das partes em protelar o fim da causa e, possivelmente, prejudicar o outro
polo do litgio. O inciso V tambm traz previso genrica, procurando evitar que alguma das
partes adote comportamento anormal, tendo conscincia de que seu ato dotado desta
caracterstica.
Quanto ao inciso VI, a melhor doutrina entende que o termo incidentes equivale no
somente a incidentes processuais, mas tambm abarca as aes incidentais e recursos, que, se
interpostos, podem adiar consideravelmente o fim da tramitao do feito. O inciso VII segue a
mesma linha de raciocnio do anterior, sendo que se refere especificamente a recursos com
intento de protelar o trnsito em julgado da ao, que no contm fundamentao sria, tendo
pouca ou nenhuma chance de ser provido.
O artigo 18, como citado acima, trata de definir as punies para os litigantes de m-f,
prevendo trs tipos de sanes: multa no superior a 1% do valor da causa; indenizao pelos
prejuzo causados parte adversa; e condenao nos honorrios advocatcios e despesas.
Cabe aqui comentar que a indenizao prevista no inciso II, conforme o 2 no pode
ultrapassar o valor de 20%, devendo o dano estar devidamente comprovado e o juiz desde j
fixar tal valor. Caso no seja possvel tal averiguao, dever o magistrado emitir condenao
genrica e a valorao do dano se efetivar por meio de arbitramento em momento posterior.
Boa parte da doutrina e da jurisprudncia entendem que a liquidez da deciso no exime quem
sofreu o dano de demonstr-lo, tendo em vista o carter reparatrio da indenizao. Tambm
defendem os juristas que caso o valor da indenizao comprovadamente supere o teto de 20%
do valor da indenizao ou o percentual fixado pelo magistrado, possvel ao prejudicado
ajuizar ao autnoma de cobrana.
Tambm merece tratamento especial o inciso III, posto que grande parte da doutrina se
debate sobre a aplicao do dispositivo. No h dvidas entre os doutrinadores sobre a
possibilidade da parte vencedora estar litigando de m-f. Vejamos os comentrios de Daniel
Amorim Assumpo Neves sobre o assunto:
43
Todos concordam que at mesmo a parte vencedora pode ser condenada a pagar a
multa e a indenizao previstas pelo artigo ora comentado [art.18, CPC], mas para
parcela da doutrina a condenao em honorrios e despesas depende da derrota no
processo, enquanto outra parcela defende a desvinculao dessa condenao e do
resultado do processo, afirmando que os honorrios devem ser calculados tomandose como base os danos suportados pela parte.
Devemos aqui ressaltar que todas as verbas dispostas nos artigos 14 e 18 possuem
natureza punitiva e indenizatria, tendo como beneficiria a parte prejudicada, assim como
todas as demais multas previstas no CPC, exceto a do artigo 14, V, pargrafo nico, cujo
destinatrio o Estado-Juiz.
Por fim, aponta a melhor doutrina que pode o magistrado, mesmo de ofcio, executar as
medidas dispostas no artigo 18, caput, do Cdigo de Processo Civil, desde que respeitado o
contraditrio, devendo o juiz ouvir as partes, e assim dar aplicao justa ao princpio da boa-f
e lealdade processual.
44
5. CONSIDERAES FINAIS
Como estabeleceu o legislador Constituinte, a sociedade brasileira deve ter por objetivo
alcanar o desenvolvimento nacional, procurando sempre reduzir desigualdades sociais e
regionais, erradicando discriminaes de quaisquer tipos, sempre no intuito de construir uma
sociedade livro, justa e solidria.
45
6. BIBLIOGRAFIA
NEVES, Daniel Amorim Assumpo. Manuel de Direito Processual Civil. 2 ed. Rio de
Janeiro: Forense; So Paulo: MTODO, 2011.
NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 4 ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro:
Forense; So Paulo: MTODO, 2010.
FILHO, Misael Montenegro. Curso de Direito Processual Civil: Teoria Geral do Processo e
Processo de Conhecimento. 8 ed. 1 vol. So Paulo: Atlas, 2012.
em:
CONTUMCIA.
In:
Wikipdia,
a
enciclopdia
livre.
Disponvel
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Contum%C3%A1cia>. Acesso em: 25 out. 2013.
em:
SILVA, Rinaldo Mouzalas de Souza e. Processo Civil. 6 ed. rev. atu. amp. Disponvel em:
<http://www.editorajuspodivm.com.br/i/f/Pages%20from%20Processo%20Civil%204ed.pdf>
. Acesso em: 25 out. 2013.
CALDERARO,
Letcia.
Processo
e
Procedimento.
Disponvel
em:
<http://leticiacalderaro.blogspot.com.br/2008/04/ processo-e-procedimento.html>. Acesso em:
25 out. 2013.
47
APOSTILA
de
Direito
Processual Civil.
In:
Jurisite.
Disponvel em:
<http://www.jurisite.com.br /apostilas/direito_processual_civil.pdf>. Acesso em: 28 out. 2013.
SANTOS, Andra Gusmo. A prioridade dos idosos no trmite dos processos judiciais e a
expedio dos precatrios. Disponvel em: <http://jus.com.br/artigos/4443/a-prioridade-dosidosos-no-tramite-dos-processos-judiciais-e-a-expedicao-dos-precatorios>. Acesso em: 13
nov. 2013.
LIMINAR.
In:
Wikipdia,
a
enciclopdia
livre.
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Liminar>. Acesso em 13 nov. 2013.
Disponvel
em:
50