Declaração de Port Huron - 1962
Declaração de Port Huron - 1962
Declaração de Port Huron - 1962
1962
Irmãos de Esquerda
Nós somos pessoas desta geração, criados em conforto modesto, agora instalados nas
universidades, olhando desconfortavelmente para o mundo que herdamos.
Quando éramos crianças os Estados Unidos [ representavam ] (...) liberdade e igualdade
para cada indivíduo, governo de , pelo e para o povo – esses valores americanos nós
consideramos bons, princípios segundo os quais poderíamos viver como homens (...)
A medida que crescemos, porém, nosso conforto foi invadido por acontecimentos
perturbadores demais para serem ignorados. Primeiramente, o fato disseminado e cruel
da degradação humana, simbolizado pela luta do Sul contra a intolerância racial, levou a
maioria de nós do silêncio para o ativismo. Depois, a Guerra Fria, simbolizada pela
presença da Bomba, trouxe a consciência de que nós, e nossos amigos, e milhões de
outros “abstratos” podemos morrer a qualquer momento. (...)
Nós consideramos os homens infinitamente preciosos e dotados de capacidades não
realizadas de razão, liberdade e amor. Ao afirmarmos esses princípios, estamos
conscientes de sermos contrários talvez as concepções dominantes do homem no século
XX: de que ele é algo para ser manipulado, e que ele é inerentemente incapaz de
conduzir seus próprios negócios. Nós nos opomos à despersonalização que reduz os
seres humanos ao status de coisas.
Os homens tem um potencial não realizado para o aperfeiçoamento pessoal, para
conduzir a si mesmos, para a compreensão pessoal, e a criatividade. (...) O objetivo do
homem e da sociedade deve ser a independência humana: uma preocupação não com a
imagem ou a popularidade, mas com encontrar um sentido na vida que seja
pessoalmente autentico, uma qualidade da mente não movida compulsivamente por uma
sensação de impotência , não uma que irrefletidamente adote valores de status, não uma
que reprima todas as ameaças e seus hábitos, mas uma que permita acesso pleno e
espontâneo a experiências presentes e passadas , uma que facilmente junte os pedaços
fragmentados da historia pessoal, uma que enfrente abertamente problemas
perturbadores e não-resolvidos; uma com uma consciência intuitiva das possibilidades,
uma curiosidade ativa, uma capacidade e um desejo de aprender.
(...) Solidão, estranhamento, isolamento descrevem a enorme distância que há hoje entre
os homens. Essas tendências dominantes não podem ser superadas por uma melhor
administração pessoal nem por aparelhos melhorados, mas apenas quando o amor do
homem supera a adoração idólatra das coisas pelo homem.
(...) Iremos substituir o poder baseado na posse, no privilégio ou na situação econômica
pelo poder e pela singularidade baseados no amor, na reflexão, na razão e na
criatividade.