Temas em Historia Da Arte
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Temas em Historia Da Arte
Diretor
Frederico Vieira Passos
Prdio CEE, Avenida PH Rolfs s/n
Campus Universitrio, 36570-000, Viosa/MG
Telefone: (31) 3899 2858 | Fax: (31) 3899 3352
Sumrio
5
9
14
17
19
23
28
O que arte?
A historiografia da arte
O Conceito de Arte Medieval
Renascimento
Conceitos de arte clssica e no-clssica
Do Romantismo ao Modernismo
A educao pela arte
Ementa
Temas em Histria da Arte, privilegiando aspectos socioculturais; a arte na
pr-histria; a arte medieval; a arte no perodo renascentista. O maneirismo, o
barroco e o rococ e suas influncias na arte colonial brasileira; os movimentos
artsticos do perodo moderno e ps-moderno; arte e indstria cultural: a arte na
era da globalizao; as expresses das artes na era contempornea.
Introduo
A incluso de uma disciplina de Temas em Histria da Arte em um curso
de graduao de Histria visa fundamentalmente ampliar o campo de viso do
futuro historiador, seja na docncia, na pesquisa ou no trabalho profissional junto
a instituies pblicas ou privado. As artes, entendidas como uma expresso da
cultura de uma sociedade, de um grupo social, enfim, como uma manifestao
sociocultural, fazem parte do processo histrico. Desde as pinturas rupestres
s formas mais contemporneas de expresso artstica, fazendo uso de toda
tecnologia disponvel na atualidade, so no apenas uma interpretao da viso
de mundo. Elas mesmas promovem mudanas no indivduo, na sociedade, no
modo de ver o mundo, de ver o outro, de interagir. A proposta de entender os
pressupostos da produo artstica em vrios momentos histricos pretende
assim, apenas de forma introdutria, promover a interdisciplinaridade no curso
de licenciatura de Histria Distncia da UFV e preparar os docentes (de hoje
e do futuro) para atividades acadmicas com uma bagagem cultural ampla e
variada.
Objetivo
Introduzir temas variados sobre a produo artstica ao longo dos sculos e
ao mesmo tempo fazer uma reflexo sobre a escrita da prpria histria da arte,
como um campo do conhecimento. O enfoque a ser dado durante as aulas o
do conhecimento de uma produo artstica desenvolvida a partir das relaes
sociais e culturais em vrias partes do mundo, tomando o mundo ocidental
como um recorte pr-estabelecido.
Captulo
O que arte?
Referenciais tericos:
- Sir Ernst H. Gombrich (austraco, 1909-2001): A Histria da Arte (orig.
publ. em 1950)
Nada existe realmente a que se possa dar o nome Arte. Existem somente
artistas. [] No prejudica ningum dar o nome de arte a todas essas
atividades, desde que se conserve em mente que tal palavra pode significar
coisas muito diversas, em tempos e lugares diferentes, e que Arte com A
maisculo no existe. (GOMBRICH, c1999, p. 15)
A periodizao:
Como ponto de partida, pergunta-se:
O que arte?
esprito de uma poca. Foi somente nos ltimos
sculos que surgiu uma diversidade de correntes,
contemporneas entre si, a partir das quais cada
artista se filiava, por livre escolha. Deve-se lembrar
tambm que no necessariamente uma filiao.
O surgimento de novas correntes dependia, e ainda
depende, de inovaes, de ideias criadoras e cabe
a cada artista fazer a sua proposio. Um desses
exemplos foi uma vanguarda do final do sculo XIX
chamada de fauvismo pelo fato de representar
qualquer temtica com manchas muito coloridas,
ainda que em paisagens e objetos. Gauguin foi um
de seus representantes na Frana (fig. 5).
Outra vanguarda foi criada por Marcel Duchamp: em 1913, ele exps uma de
suas obras intitulada Roda de Bicicleta. A esses objetos se convencionou chamar
de ready-made1. Essa expresso na lngua inglesa se refere ao uso artstico de
produtos que j esto prontos para o consumo seja por usurios necessitados
daquele objeto ou por artistas na sua atividade artstica. O uso desses objetos
como obra de arte em si, ou o objeto artstico em sim mesmo, pretendia levar
o espectador a refletir sobre seu tempo, sobre sua realidade. Observem que,
nesses casos, ela no a representao de um objeto o prprio objeto
em exposio. As histrias em quadrinhos tambm serviram como fonte de
inspirao para a produo artstica, alm de serem elas mesmas uma forma
prpria de arte.
Outra forma de arte parte de smbolos reconhecveis por grupos sociais
ou culturas especficas. William Blake, pintor ingls do sculo XVIII, foi um dos
seus maiores representantes. Gombrich (c1999) afirmou que quando as tribos
africanas faziam suas mscaras, seus totens, eles no achavam que estavam
produzindo um objeto de arte, de acordo com as concepes da civilizao
ocidental. Esses objetos passaram a ser de interesse dos arquelogos, dos
etnlogos, dos historiadores, dos gegrafos e mesmo dos artistas que viam
nesses objetos uma expresso especial de um grupo social ou de uma cultura.
Nos dois ltimos sculos, artistas ocidentais ou orientais comearam a perceber
o valor artstico desses objetos.
Em outro vis, movimentos polticos diversos fizeram (e ainda fazem) uso
da arte como propaganda de seus ideais. Na poca da Revoluo Bolchevique,
na Revoluo Mexicana e em outras manifestaes polticas, muitos foram os
artistas que se envolveram e ainda assim desenvolveram formas de expresso
artstica que corroborassem com os objetivos propostos.
Consideraes Finais
Voltando aos autores-ttulo desta unidade, pode-se afirmar que:
Captulo
A historiografia da arte
Referenciais tericos:
ARGAN, Giulio Carlo. Prembulo ao estudo da Histria da Arte. In: ARGAN,
G. C.; FAGIOLO, Maurizio. Guia de Histria da Arte. Lisboa: Estampa, 1994. Col.
Teoria da Arte, v. 8.
Introduo
Na ltima unidade, foram discutidos alguns conceitos de arte do ponto de
vista de dois autores Sir Gombrich e professor Jorge Coli. No texto indicado
para leitura naquela aula, seu autor Peter Burke, professor e historiador na
Universidade de Cambridge (Inglaterra), defende o novo campo da histria:
aquela da histria das culturas. Nesse artigo, Burke sintetiza o contedo de seu
livro O que histria cultural?, traduzido para o portugus pela Editora Zahar
em 2005. Embora o artigo no trate especificamente do assunto da histria da
arte, ele o insere em uma abordagem ampla das tendncias historiogrficas
contemporneas.
Por outro lado, no se pode afirmar que existe uma nica histria, seja ela
no campo que for, e assim com a histria da arte. Na presente unidade, sero
apresentados alguns dos principais historiadores das artes, assim como sua
origem e alguns pontos polmicos. A fonte de consulta foi o Prembulo de
Argan, que faz parte do livro intitulado Guia de Histria da Arte e que conta
com um Guia Bibliogrfico, organizado por Maurizio Fagiolo, publicado na Itlia,
em 1977, e traduzido para o portugus, em 1992.
Argan era italiano e escreveu inmeras obras. Alguns de seus livros mais
conhecidos so:
1
A maioria dos dados biogrficos desses historiadores foi obtida atravs do site www.
dictionaryofarthistorians.org
2 Outros dois nomes de crticos brasileiros da maior importncia nos dias atuais so Ferreira Gullar e Jacob Klintowitz.
10
A historiografia da arte
de Alberti Da Pintura (publicado em 1436), que contm explicaes sobre as
tcnicas da perspectiva.
(fig.2) Vista do Arco de Constantino e do Coliseu. Giovanni Battista Piranesi, c1750. (Fonte:
PIRANESI. Valencia, Espanha: Consorcio dos
Museos Valencianos, 1997. fig. 42)
3 Recentemente, foi editada nova verso em portugus. Ver: VASARI, G. Vida dos artistas.
Trad. Ivoni Castilho Benedetti. So Paulo: Martins Fontes, 2011.
4
BULL, G. Introduo. In: VASARI, G. 1987, v. 1, p. 21.
11
Comentrios Finais
O objetivo desta aula foi apresentar autores de referncia mundial para os
movimentos artsticos europeus mais distintos e, com isso, possibilitar o incio da
longa e tortuosa histria da histria da arte5. Argan, no final de seu texto, afirma
que, hoje, o trabalho do historiador das artes est vinculado ao trabalho de
vrios outros profissionais: musegrafos, restauradores, arquivistas, etc. Dentre
os historiadores contemporneos, o autor-referncia desta aula Giulio Carlo
Argan um deles, assim como Gombrich, tratado na ltima aula.
Exerccio Prtico:
Um dos principais meios de divulgao de crticas sobre a arte tem sido os
jornais, mesmo os no especializados, uma vez que vrios escritores fazem uso
desse espao para escrever suas crnicas, suas criticas e artigos de opinio. Tem
sido assim nos jornais de maior circulao nacional. Procurem ler alguma crtica
ou mesmo crnica de crticos de arte brasileiros (ex: Ferreira Gullar, na Folha de
S. Paulo, ou Walter Sebastio, no Estado de Minas) e faam uma resenha crtica
a respeito do texto lido.
Referncias Bibliogrficas:
ARGAN, G. C. Clssico Anticlssico. So Paulo: Companhia das Letras, 1999.
ARGAN, G.C.; FAGIOLO, M. Guia de Histria da Arte. Lisboa: Estampa, 1994.
5
Dentre os historiadores da arte brasileira, temos Walmir Ayala e Walter Zanini alm do
francs Germain Bazin e do ingls John Bury.
12
A historiografia da arte
Col. Teoria da Arte, v. 8.
DE LA CROIX, H.; TANSEY, R. G. Gardners Art through the Ages. 8. ed.
Orlando, US: Harcourt Brace Jovanovich, [1986].
GOMBRICH, E. H. A Histria da Arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, c1999.
NORWICH, J. J. Oxford Illustrated Encyclopedia of The Arts. Oxford: Oxford
University Press, 1990.
SORENSEN, L. Argan, Giulio Carlo. In: Dictionary of Art Historians. Disponvel
em http://www.dictionaryofarthistorians.org/argang.htm, acessado em
24.ago.2011.
VASARI, G. Lives of the Artists. Trad. George Bull. Harmmondsworth:
Penguin, 1987. 2v.
VENTURI, L. A Histria da Crtica de Arte. Lisboa: Edies 70/Martins Fontes,
[1984].
13
Captulo
Objetivo:
14
Consideraes Finais
Com esta exposio foi possvel indicar como uma formao religiosa se
transformou em uma esttica. Nesse sentido, Panofsky tem razo ao declarar
que a Abadia sob o comando de Suger era ento superesplendorosa.
Segundo o historiador Nikolaus Pevsner, essa obra a Abadia de Saint Denis
representativa de uma das maiores revolues no pensamento esttico de todos
os tempos (cf. PEVSNER, 1982, p. 89).
Exerccio Prtico
Em um momento em que as corporaes de ofcios dominavam a produo
de todo tipo de artefato, as artes medievais ficaram submetidas a esse modo de
produo. Por outro lado, a interpretao dos produtos artsticos estava atrelada
s disposies estabelecidas pela Igreja e pelos senhores feudais, parceiros no
regime poltico daquela organizao social do trabalho. Explique por que o
autor Paulo Roberto Soares de Deus (2006) afirma que ao entendermos o objeto
iconogrfico como sintoma de uma poca, devemos interpretar este sintoma
em seu contexto (p. 226) j que o imaginrio coletivo.
Referncias Bibliogrficas:
ARGAN, G.C.; FAGIOLO, M. Guia de Histria da Arte. Lisboa: Estampa, 1994.
Col. Teoria da Arte, v. 8.
GOMBRICH, E. H. A Histria da Arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, c1999.
PANOFSKY, E. O Abade Suger de Saint Denis. In: . Significado nas Artes
Visuais. Trad. de Maria Clara F. Kneese e J. Guinsburg. 3.ed. So Paulo: Perspectiva,
1991. Col. Debates, v. 99.
15
16
Captulo
Renascimento
Objetivo
Identificar os parmetros de composio das artes e da arquitetura do
Renascimento, em especial com a contribuio especfica de dois importantes
protagonistas do perodo: o artista Giotto, considerado pr-renascentista, e o
arquiteto Leon Battista Alberti.
Referenciais tericos
As referncias partiro novamente dos escritos de E. H. Gombrich, que
afirmou sobre Giotto di Bondone: ele criou a iluso de que a histria sagrada
estava acontecendo diante dos nossos olhos. (p. 201)
O objeto de estudo
O que interessa, nesta unidade, a composio
formal das obras renascentistas das quais a Mona
Lisa uma representante. Em suas pinturas,
Leonardo da Vinci parte da ideia do Homem como
medida de todas as coisas, representado em um
de seus mais conhecidos desenhos. Nele, a figura
humana encontra-se em meio a um quadrado e
um crculo, sobrepostos, consideradas na poca as
formas perfeitas. Com esses exemplares, pode-se
procurar afirmar que os renascentistas retomaram os
ideais da Antiguidade clssica. O quadro de Rafaello
Sanzio, intitulado A Virgem do Prado (fig. 1), pode
ser tomado como exemplo. O olhar do espectador (fig. 1) A Virgem do prado. Rafa automaticamente dirigido para o centro do ello Sanzio, 1505. (Fonte: GOMquadro onde est a Virgem. A composio tambm BRICH, c1999, p. 34, fig. 17.)
indica uma verticalidade e uma horizontalidade, simultneas de forma a dar
um sentido de ordenao nas figuras, estabelecendo uma hierarquia e uma
serenidade cena representada. Nos prximos pargrafos, sero aprofundadas
essas concepes.
Os protagonistas
No caso de Giotto (1267-1337), seus dons na pintura em retratar uma cena
real foram reconhecidos por sua linguagem naturalista. Ainda de acordo com
Gombrich, ele conseguiu traduzir para o quadro muitas cenas descritas na Bblia,
dando um aspecto real s figuras humanas revivendo assim as normas clssicas
da arte grega e romana (GOMBRICH, c1999, p. 202). Para isso, Giotto teve que
desenvolver seu conhecimento sobre os efeitos de perspectiva, j que essa
tcnica havia quase desaparecido nos sculos anteriores.
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Consideraes Finais
A partir de uma reflexo sobre a produo artstica de seu tempo e seu
papel naquela sociedade, os novos princpios foram se estabelecendo. De
acordo com Gombrich: A mistura entre velho e novo, entre tradies gticas e
formas modernas, caracterstica de muitos mestres em meados do sculo XV
(GOMBRICH, c1999, p. 251). As formas geomtricas essenciais foram outra vez
retomadas, paralelamente recuperao da filosofia de Plato que caracterizou
o perodo.
Exerccio Prtico
Selecione trs pinturas de Leonardo da Vinci com o tema das madonas e
demonstre por meio de linhas auxiliares, como aquelas vistas na aula narrada, a
composio e as propores prprias das obras renascentistas.
Referncias Bibliogrficas
ALBERTI, Leone Battista. Da pintura. Trad. Antonio da Silveira Mendona. 2.
ed. So Paulo: Ed. Da UNICAMP, 1989.
GNIOS da Pintura. Giotto. So Paulo: Abril Cultural, 1964. v. 41.
GNIOS da Pintura. Leonardo da Vinci. Ed. Victor Civita. So Paulo: Abril
Cultural, 1967. v. 2.
GOMBRICH, E. H. A Histria da Arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, c1999.
HEYDENREICH, L. H.; LOTZ, W. Arquitectura en Italia: 1400-1600. Madri:
Ctedra, 1991.
KOSTOF, S. Historia de la arquitectura. Madri: Alianza, 1988. v. 2.
18
Captulo
(Wlfflin e Argan)
Objetivo
- relativizar o conceito de clssico contraposto ao conceito de arte barroca;
- apresentar os mtodos de anlise dos padres artsticos de H. Wolfflin e
G. C. Argan.
Referenciais tericos
O mtodo de Wlfflin
Em sua famosa obra intitulada Conceitos Fundamentais da Histria
da Arte (1915), Wlfflin apresenta seus pressupostos da seguinte maneira:
[...] o curso da evoluo da arte no pode ser decomposto em uma srie de
pontos isolados: os indivduos se organizam em grupos maiores. [...] ao lado
do estilo pessoal, deve-se considerar o estilo da escola, o estilo do pas, o estilo
da raa. (WLFFLIN, 2000, p. 9)
1
Foi professor em Basileia (Sua), Berlim e Munique (Alemanha) depois de ter sido
aluno de Wilhelm Dilthey.
2
Foi aluno de Lionello Venturi em Turim (Itlia). Como escritor, manteve ideias marxistas.
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1. O linear e o pictrico
2. Plano e profundidade
3. Forma fechada e forma aberta
4. Pluralidade e unidade
5. Clareza e obscuridade
Esses pares de conceitos so importantes para a busca de identificao da
esttica renascentista em contraposio s expresses anteriores ou posteriores,
como a arte medieval ou a Barroca. Como j foi visto, no perodo renascentista,
as pinturas seguiam uma composio rgida. Cada elemento, cada figurante tem
seu espao regulado por normas de composio. Mesmo quando h mais de um
figurante, a relao entre eles regida por uma busca de harmonia, de equilbrio
e de serenidade. No perodo das artes barrocas, houve outra forma compositiva.
Rubens, outro artista de origem flamenga,
por exemplo, j apresenta em seus quadros uma
passagem menos contrastante entre a luz e a sombra,
se for comparado com as pinturas renascentistas. No
caso do pintor flamengo, a passagem entre o fundo
e a figura principal se torna gradual, como se pode
ver em seu autorretrato, (fig. 2).
Em primeiro lugar, observa-se que esse no
um retrato frontal, equilibrado com linhas verticais
e horizontais, como teria sido a composio formal
de uma obra renascentista. Por outro lado, pode-se
ver que entre uma obra renascentista e uma obra (fig. 2) Autorretrato. Peter
barroca a relao entre as figuras e mesmo da figura Paul Rubens, 1639. (Fonte:
e do fundo bem mais tnue. No primeiro caso, GOMBRICH, [1999], p. 317)
Wlfflin chama a ateno para a composio que
formada por figuras independentes entre si apesar de formarem um grupo
nico. Isso significa que h uma diferena no tratamento que pode ser definido
pelos primeiros pares de comparao: primeiro, o linear e o pictrico e, segundo,
o plano e a profundidade. Ao mesmo tempo, no caso das obras barrocas,
impossvel separar cada figurante do conjunto por sua conexo intrnseca
composio do cenrio, ou seja: a obra barroca pictrica e tem profundidade.
Nas palavras do autor, essa a oposio entre a forma fechada e a forma aberta.
Imediatamente a seguir, possvel identificar a diferena entre a pluralidade e a
unidade.
20
O mtodo de Argan
Giulio Carlo Argan mais um dos autores que, na esteira de Wlfflin,
acreditava que a diviso entre clssico e no-clssico no poderia ser feita de
forma to precisa. Em seu livro Clssico Anticlssico (1984), esse autor parte do
pressuposto de que preciso examinar cada obra em todos os seus detalhes.
Para ele:
preciso abordar a obra [de arte] de um ponto de vista rigorosamente
fenomenolgico. Num fenmeno, todos os fatos particulares que o constituem
possuem um significado; nenhum deles pode ser acrescentado ou esquecido
(ARGAN, 1984, p. 17)
A tcnica utilizada pelo artista, por exemplo, um dos pontos de observao,
assim como as cores ou tamanho do quadro; tudo da maior importncia para
Giulio Carlo Argan. Dentre as obras analisadas por Argan esto as formelles
de Ghiberti e de Brunelleschi. A comparao entre duas obras com a mesma
temtica e o mesmo enquadramento pertinente: elas foram apresentadas
para um concurso cujo objetivo era retratar a passagem da Bblia que trata do
sacrifcio de Isaac.
Argan indica as diferenas em cada caso para
concluir que cada artista fez uma opo e nenhuma
delas melhor do que a outra: uma parece estar mais
prxima das artes medievais e outra mais prxima
do futuro direcionamento das artes renascentistas.
Ambas so obras que carregam caractersticas de seu
tempo e que o prprio desenvolvimento posterior
das artes daria mais espao para algumas delas mais
do que para outras.
Outra obra de importncia para aquele momento
histrico tambm foi analisada por Argan, sob a
mesma tica. Trata-se da cpula da igreja de Santa
Maria del Fiori, na catedral de Florena. O projeto foi
feito por Filippo Brunelleschi, entre 1420 e 1436 (fig.
4). Em sua anlise, Argan demonstra que o projeto
de Brunelleschi deve tanto a uma nova ordem por
ele instaurada quanto aos precedentes da ordem
gtica.
(fig. 4) Cpula da Catedral de Santa Maria del Fiori, Florena, Itlia. Elevao e
Seo, Filippo Brunelleschi, 1420-1436.
(Fonte: FANELLI, G. Brunelleschis Florence. Florena: APT, 2000. Srie Leggere la
citt.)
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22
Captulo
Do Romantismo ao
Modernismo
Objetivo
- Entender a relao entre as revolues burguesas e a produo artstica
da poca;
Referenciais tericos
O Romantismo europeu
Alguns autores reconhecem o Romantismo como um movimento
revolucionrio atrelado s revolues burguesas. Na Frana, o processo
revolucionrio do sculo XVIII foi abarcado por seus ativistas e pelos artistas
na nsia de divulgar os fatos, os ideais e mesmo os problemas que afligiam
toda a sociedade naquele momento histrico. No
raro ento encontrar obras que so verdadeiras
denncias de situaes vividas pela populao assim
como pelos seus protagonistas.
O quadro com a imagem de Marat (fig. 1)
foi pintado em 1793 por Jacques-Louis David. O
protaganista dessa imagem foi um importante
personagem na Revoluo Francesa. Para Gombrich
(c1999), um dos pressupostos formais do Romantismo
o realismo das figuras e das cenas que impressiona
o espectador. Aparentemente, o conceito de
beleza que se encontra em questionamento, nesse
momento. Por se considerarem herdeiros das artes
gregas e romanas, os romnticos desenvolveram
tambm o sentido de uma arte naturalista, como se
(fig. 1) Marat. Pintura a leo, Jacques-Louis David, 1793. (Fonte: GOMBRICH, c1999, p. 484)
23
24
Do Romantismo ao Modernismo
exemplificado com a obra de Gregrio de Matos.
Mas com a leitura de um artigo do professor Jos Aderaldo Castello (1972)
que se percebe com clareza a gestao do Movimento Modernista desde os
tempos do Romantismo brasileiro. O sugestivo ttulo Modernismo ou NeoRomantismo? no deixa dvidas de que h ali um material de interesse para o
assunto.
Castello (1972) explora as relaes dos modernistas com o Romantismo
brasileiro, citando obras que foram inspiradoras para autores como Mrio de
Andrade, que escreveu A Escrava que no era Isaura, inspirado em Bernardo
Guimares, autor da obra A Escrava Isaura. Castello ressalta como programa
desse movimento:
Do indianismo viso social do seu momento, do campo cidade, da
provncia capital centralizadora e irradiadora do Brasil-Imprio, [Jos de]
Alencar pretendia, em ltima anlise, a apreenso do substrato comum
nossa prpria unidade. [...] (CASTELLO, 1972, p. 125)
Nada mais contundente para mostrar a ntima relao entre o romantismo
brasileiro e o modernismo subsequente. Entre as obras modernistas brasileiras,
havia um ponto em comum: tratavam do cotidiano e da mentalidade dos
brasileiros. Para Castello, essa temtica j estava presente no Romantismo,
mas foi com o Modernismo que a revolta contra os modelos europeus foi mais
acintosa.
Sobre a Semana de Arte Moderna, em 1922, Aracy Amaral uma referncia
imprescindvel. Seu livro, Artes plsticas na Semana de 22 (1972), esclarece
a formao da ideia do evento, expe dados sobre a organizao e atividades
realizadas e, principalmente, demonstra em que circunstncia se deu tal evento.
No artigo indicado para leitura, Amaral escreve que Oswald de Andrade,
em 1915, j critica[va] acadmicos que vo Europa e apenas copiam mestres
reconhecidos e ultrapassados sem se darem conta de que nossa realidade
outra (p. 69). Alguns anos mais tarde, segundo relato tambm da mesma autora,
Oswald e Tarsila, juntos, descobririam o Brasil a partir de Paris. De l, declarou
Oswald em uma palestra na conceituada Sorbonne, em maio de 1923:
Jamais foi possvel sentir-se to bem, no ambiente de Paris, a presena
sugestiva do tambor negro e do canto ndio. Essas foras tnicas esto em
plena modernidade (apud AMARAL, p. 71)
Quanto Semana de 22, embora houvesse todo esse desenrolar da cultura
artstica nacional, ocorreram vrias demonstraes de desejo de mudana, de
inovao. Mas, inclusive com a ausncia das to decantadas obras de Tarsila do
Amaral (lembrando que Abaporu uma obra de
1928), no havia, de imediato, um nacionalismo nas
obras que compuseram a exibio. O nacionalismo
que houve ali era em prol de uma renovao e no
diretamente pelas caractersticas locais, autctones.
Pelo artigo de Aracy Amaral, fica mais explcito que
houve um processo nos anos seguintes Semana
de redescoberta do Brasil: seja pela dupla TarsilaOswald, seja por Mrio de Andrade, ou por vrios
outros participantes do movimento. Cada um, a seu
modo. O sucesso do evento se deveu muito mais
forma com que foi promovido, pela elite cafeeira,
que tambm queria estar a par das novidades A Estudante. Anita MALFAT1917. Fonte: GNIOS da
parisienses, como pela historiografia posterior, que TI,
Pintura, 1984, v. 2, contrajogou todo tipo de ateno do leitor ou estudioso capa.
25
Consideraes Finais
O que se pode concluir com isso que, nos anos 1920, a sociedade paulista,
em especial, foi ao mesmo tempo agente promotor e protagonista de uma
verdadeira revoluo cultural, considerando todos os antecedentes da Semana
de 22 e todos os produtos e subprodutos desse movimento de vanguarda. Uma
citao da prpria Tarsila em carta a seus pais, enviada j em meados de 1920,
ilustra essa situao:
Sinto-me cada vez mais brasileira: quero ser a pintora da minha terra.
Como agradeo por ter passado na fazenda a minha infncia toda. As
reminiscncias desse tempo vo se tornando valiosas para mim. Quero, na
arte, ser a caipirinha de So Bernardo, brincando com bonecas de mato,
como no ltimo quadro que estou pintando [...] (AMARAL, 1975, v. 1, p. 84)
Exerccio Prtico
Explique em que contexto ou definio do Modernismo brasileiro,
apresentado por Oswald e transcritas por Aracy Amaral (no texto indicado para
leitura nesta unidade), o tema dos quadros de Tarsila do Amaral dentro do
recorte temporal de meados at o final dos anos vinte se enquadra.
Referncias Bibliogrficas:
ADES, D. Arte na Amrica Latina: a era moderna, 1820-1980. Trad. de Maria
Theresa de Resende Costa. So Paulo: Cosac & Naify, 1997.
VILA, A. Do Barroco ao Modernismo: o desenvolvimento cclico do projeto
literrio brasileiro. Revista Iberoamericana (University of Pittsburgh/EUA), v. 63,
n. 98-99, jan.-jun. 1977.
AMARAL, A. A. Artes plsticas na Semana de 22. Subsdios para uma histria
da renovao das artes no Brasil. 2. ed. rev. So Paulo: Perspectiva, 1972.
26
Do Romantismo ao Modernismo
. Tarsila: Sua obra e seu tempo. So Paulo: Perspectiva, 1975. 2v.
ARTE no Brasil. Victor Civita (ed.). So Paulo: Nova Cultura, 1986.
BAZIN, G. LArchitecture Religieuse Baroque au Brsil. So Paulo/Paris:
Museu de Arte/Editions dHistoire dArt/Librairie Pilon, [1956-1958].
BURY, J. Aleijadinho. Londres: Cornhill, 1949.
CASTELLO, J. A. Modernismo ou Neo-Romantismo? Cultura, Braslia, n. 5, ano
2, p. 124-131, jan./mar. 1972.
CLARK, K. The Romantic Revolution: Romantic versus Classic Art. Londres:
J. Murray, 1976.
GOMBRICH, E. H. A Histria da Arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, c1999.
LWY, M.; SAYRE. Revolta e Melancolia. O romantismo na contramo da
modernidade. Trad. de Guilherme Joo de Freitas Teixeira. Petrpolis: Vozes,
1995.
. Romantismo e poltica.Trad. Elosa de Arajo Oliveira. So Paulo: Paz e
Terra, 1993.
27
Captulo
Objetivo
- A partir da anlise de ilustraes de livros didticos oficiais, entender a
formao do conceito de nacionalidade; e
Referenciais tericos
Segundo Heliana Angotti-Salgueiro (2005):
- [...] melhor que tomar a srie Tipos e aspectos do Brasil como puro reflexo
www.snoopy.com
www.schulzmuseum.org
http://mafalda.dreamers.com
http://www.danielazulay.com.br/daniel/index.htm
28
Arte e ilustrao:
Os murais, assim como as artes grficas, como
um eficiente meio de veiculao de massa, foram
importantes em momentos de transformao
histrica como na revolues Mexicana (fig. 1)
e Russa, quando vrios artistas, partidrios do
movimento, se colocaram disposio de serem
propulsores na divulgao desses iderios.
O principal objetivo desta aula o estudo da Preparatria, Cidade do Mxico, Mxico. Diego RIVERA,
1922-3. (Fonte: ADES, 1989, p. 155, fig. 7.6.)
seleo de ilustraes para os livros didticos, em
especial, para a publicao do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatstica (IBGE) Tipos e Aspectos do Brasil (fig. 2). Seu contedo
o resultado da compilao de artigos publicados inicialmente na Revista
Brasileira de Geografia (RBG), a partir dos anos de 1930, tendo como tema
principal as descries dos tipos humanos e dos aspectos da paisagem de variados
pontos do pas. Como se pode ver, essas publicaes tiveram um papel especial
no projeto poltico do governo de Getlio Vargas, na constituio da noo de
identidade, de uma nacionalidade. No artigo, Heliana
Angotti-Salgueiro faz uma investigao sobre essa
publicao do IBGE, que representa mais uma faceta
no processo de conhecimento do Brasil.
O objetivo desse artigo engloba uma avaliao da
forma de selecionar e expor imagens de vrios cantos
do pas, por meio dos desenhos do artista Percy Lau,
em especial. Com a leitura do texto de Salgueiro,
possvel ver que os desenhos dos tipos culturais
eram interpretaes quase fiis de fotografias tiradas
desses vrios ambientes regionais.
Para cada tipo ou aspecto, a ilustrao acompanha
uma descrio. Vrios autores contriburam para essa
(fig. 2) Tipos e Aspectos do
Brasil. (folha de rosto, 9. ed. coletnea. Assim, informaes detalhadas sobre as
ampl., 1970).
caractersticas de cada regio, do clima, da vegetao
1
A revista Para Todos; Magazine Semanal Illustrado era publicada no Rio de Janeiro e
29
Consideraes Finais
A participao de dois fotgrafos de origem francesa Marcel Gautherot e
Pierre Monbeig no foi aleatria, conforme explica Heliana Salgueiro. Ambos
j tinham participado de projetos semelhantes na Frana na montagem de
um acervo, que tinha como objetivo retratar o mon pays. Essa expresso da
lngua francesa est mais prxima de uma traduo como minha regio ou a
paisagem de minha terra do que de meu pas como Estado ou diviso poltica.
Alm disso, convm reforar as fontes utilizadas por Salgueiro quando, no
incio de seu artigo, demonstra a importncia do campo das cincias sociais, em
especial, a arqueologia, a geografia e a etnologia, na formao desse quadro
de referncia dos tipos regionais. A proposta original francesa era, com o
levantamento fotogrfico e ilustrativo, constituir Les Archives de la Plante (que
se traduz como Os Arquivos do Planeta), com o objetivo de fazer o inventrio das
diferenas de um mundo em vias de urbanizao ou o registro dos costumes
locais em vias de desaparecimento (SALGUEIRO, p. 22-23).
Esse regionalismo levou criao do Museu do Homem, assim como do 1o.
Congresso Internacional do Folclore (a cargo do Museu das Artes e das Tradies
Populares), ambos em Paris, na dcada de 1930. De acordo com Salgueiro, nesse
meio intelectual estavam pessoas como Lucien Febvre, Marc Bloch, Marcel
Mauss, Henri Focillon e vrios outros. Em sua argumentao, a autora indica o
fato de as relaes estreitas que os cientistas sociais franceses e os brasileiros
mantinham na poca.
Assim, o trabalho dos fotgrafos e ilustradores se v entrelaado com aquele
do campo de estudo das culturas, conforme se pode apreender do artigo de
Heliana Salgueiro, e esto a servio de iderios especficos.
Exerccio prtico
A partir da leitura do artigo de Heliana Salgueiro-Angotti, descreva os
pressupostos tericos adotados pela autora para analisar esse fato histrico
a publicao de livros didticos pela imprensa oficial em um mtodo
comparativo dos objetivos e dos resultados obtidos na Frana e no Brasil.
Referncias Bibliogrficas
ADES, D. Arte na Amrica Latina: a era moderna, 1820-1980. Trad. de Maria
Theresa de Resende Costa. So Paulo: Cosac & Naify, 1997.
FUNDAO IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia. Tipos e aspectos do
Brasil. 9. ed. aum. Rio de Janeiro: Departamento de Documentao e Divulgao
Geogrfica e Cartogrfica, 1970.
Revista Brasileira de Geografia. Rio de Janeiro, RJ: IBGE, 1939- .
Disponvel em http://biblioteca.ibge.gov.br/colecao_digital_publicacoes_
multiplo.php?link=RBG&titulo=Revista%20Brasileira%20de%20Geografia%20
-%20RBG, acessado em 30.out.2011.
SCHULZ, C. Snoopy: assim a vida, Charlie Brown. Porto Alegre: L&PM,
2009.
ZIRALDO. O menino maluquinho. So Paulo: Melhoramentos, 1980.
30
Anexos
Unidade Especial 1
O Brasil visto pelos estrangeiros no sculo XIX
Texto-base: BELLUZZO, A. M. O viajante e a paisagem brasileira.
Porto Alegre; Revista de Artes Visuais, Porto Alegre, v. 15, n. 25,
p. 41-57, nov. 2008. Disponvel em http://seer.ufrgs.br/index.php/
PortoArte/article/viewArticle/10514, acessado em 31.jul.2011.
Objetivos:
Como aula especial, ampliar o espectro no campo de trabalho do historiador
com um tema especfico da produo artstica; e,
Procurar entender os pressupostos tericos do olhar do estrangeiro, em
especial, dos britnicos sobre a realidade brasileira, tanto fsica quanto social,
durante o sculo XIX.
Referenciais tericos
De acordo com Ana Maria Belluzzo o deslocamento do viajante estrangeiro
um percurso de dupla mo (p. 43). A mesma autora ainda argumenta que a
viso daquilo que estranho no conduz necessariamente o estrangeiro ao
esquecimento de si. (p. 43)
Introduo
Vrios estrangeiros aportaram no Brasil nos primeiros quatro sculos de
colonizao: ora como representantes em comitivas diplomticas, ora como
representantes do corpo tcnico das empresas e indstrias estrangeiras, ou
ainda como convidados da Coroa Portuguesa. Dentre eles, o grupo de artistas
conhecido como a Misso Francesa que, a convite de D. Joo VI, veio para fundar
uma academia de belas artes e ofcios na capital do Reino. Dessa comitiva, JeanBaptiste Debret um dos mais conhecidos, cujos desenhos aparecem como
ilustrao em muitos livros didticos do ensino fundamental e mdio.
As palavras-chave do artigo de Belluzzo j do uma noo de seu ponto
de argumentao: paisagem brasileira; artistas viajantes, ingleses no Brasil; e,
compreenso da alteridade.
31
32
Anexos
BELLUZZO, p. 47)
Em contraste com o pitoresco, citado acima, h outro conceito que o seu
oposto: o de sublime. Foi um autor ingls Edmund Burke que escreveu Uma
Investigao sobre as origens de nossas ideias sobre o conceito do belo e
do sublime (cuja primeira edio data de 1757) no qual se encontra um material
rico nesse assunto1. O conceito do sublime pode ser traduzido pela sensao do
homem diante das foras da natureza e da sua prpria impotncia diante dela.
Consideraes Finais:
O que se pode observar a partir do artigo de Belluzzo que a descoberta
da natureza, a aquisio de novos costumes, a mudana no olhar da paisagem,
o esprito investigativo foram representativos para as formas de expresso tanto
de um (o estrangeiro, por exemplo) como para as descobertas do outro (o nativo,
nesse caso) sobre sua prpria contingncia.
Referncias Bibliogrficas:
ADES, D. Art in Latin America. The Modern Era, 1820-1980. New Haven/
Londres: Yale University Press, 1989.
BELLUZZO, A. M. O Brasil dos Viajantes. So Paulo/Salvador: Metalivros/
Fundao Emlio Odebrecht, 1994. 3v.
CLAUDON, F. The Concise Encyclopedia of Romanticism. Ware,
Hertfordshire: Omega, 1986.
JARDINS en France; 1760-1820. Pays dillusion, Terre dexprience. Paris:
Caisse Nationale des Monuments Historiques et des Sites, 1977.
MARTINS, L. L. O Rio de Janeiro dos Viajantes: O olhar britnico (18001850). Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
PEVSNER, N. et al. Dicionrio Enciclopdico de Arquitetura. Trad. Carlos
Kronauer. Rio de Janeiro: Artenova, 1977.
Exerccio Prtico:
A partir da anlise da figura 2
e da leitura do artigo de Ana Maria
Belluzzo, indicado para esta unidade,
explique os conceitos de pitoresco e
de alteridade na relao britnicos/
(fig.2) O retorno dos escravos do naturalista.
brasileiros, no contexto do sculo XIX.
Jean-Baptiste Debret, c1820. (Fonte: ADES,
1989, p. 49, fig. 3.9.)
1
O filsofo alemo Emmanuel Kant tambm escreveu sobre o assunto: Observaes
sobre o sentimento do Belo e do Sublime, publicado originalmente em 1747. No Brasil, h uma
traduo dessa obra para o portugus pela Editora Papirus, publicada em 1993.
33
Unidade Especial 2
A imprensa e os registros histricos visuais
Texto-base: IPANEMA, Rogria Moreira de. Histria e imagem
impressa: bases para uma discusso de arte no Imprio do Brasil.
XIII Encontro de Historia Anpuh-Rio, Disponvel em http://www.
encontro2008.rj.anpuh.org/resources/content/anais/1208103593_
ARQUIVO_HISTORIAEIMAGEMIMPRESSA-ANPUH2008.pdf, acessado
em 31.jul.2011.
Objetivos:
Como aula especial, ampliar o espectro no campo de trabalho do historiador
com um tema especfico da produo artstica; e,
Procurar entender os pressupostos tericos da produo artstica caricatural
com vistas divulgao e uso pela imprensa brasileira, durante o sculo XIX.
Referenciais tericos:
De acordo com Rogria Moreira de Ipanema: Como o surgimento da folha
poltico-caricata e a pintura de Delacroix no so fatos isolados, encontra-se
argumentos para analisar as imagens humorsticas brasileiras [...] (p. [3])
34
Anexos
frases para evidenciar a ideia retratada. Na figura
1, vemos uma crtica sobre a questo militar j que
a Guerra do Paraguai havia proporcionado muitas
motivaes para que a imprensa se manifestasse.
Os chargistas tiveram, nesse momento, um papel
fundamental para manter a populao informada.
Outros gravuristas e caricaturistas importantes
deram sua contribuio nesse papel da imprensa:
a de informar, criticar, alertar o pblico sobre os
rumos da poltica de sua poca. Na atualidade,
podem ser citados vrios caricaturistas e chargistas
que contribuem regularmente em dirios de
circulao nacional: Chico Caruso, Lan, o saudoso
Glauco e tantos outros.
O argumento de Ipanema, portanto, se
Fig. 1 Estado da questo militar.
faz visvel na comparao entre as obras AGOSTINI. Revista Illustrada, ano 12,
encomendadas e aquelas da livre voz do artista.
n. 457, 14.mai.1887. (Fonte: LEMOS
(org.), 2001, p. 24.)
Referncias Bibliogrficas:
LEMOS, R. (org.). Uma histria do Brasil atravs da caricatura; 1840-2001.
Rio de Janeiro: Bom Tempo/Letras & Expresses, 2001.
ZANINI, W. (org.). Histria Geral de Arte no Brasil. So Paulo: Instituto
Walther Moreira Salles, 1983. 2v.
Exerccio Prtico:
A partir da comparao de obras encontradas nas pginas de peridicos,
dirios e outras publicaes do sculo XIX com aquelas encomendadas,
disponveis para consulta na pgina do Museu Nacional de Belas Artes (www.
mnba.gov.br), faa uma correspondncia, seguindo os argumentos de Rogria
Ipanema.
Obs.: para os peridicos do sculo XIX, consulte a coleo da Biblioteca
Nacional de peridicos digitalizados disponveis na pgina www.bn.br, no item
Acervo Peridicos em Catlogos (ver opes esquerda da tela), escolha
um deles em Peridicos Digitalizados.
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