O Processo de Transformação Da Cipla - Uma Experiência Autogestionária PDF
O Processo de Transformação Da Cipla - Uma Experiência Autogestionária PDF
O Processo de Transformação Da Cipla - Uma Experiência Autogestionária PDF
Joinville - SC
2007
Joinville - SC
2007
Banca Examinadora:
Joinville SC
2007
DEDICATRIA
A todos os meus colegas de trabalho da Cipla, com
os quais pude compartilhar e vivenciar as
experincias aqui apresentadas.
AGRADECIMENTOS
Nem tudo que se enfrenta pode ser modificado. Porm, nada pode ser
modificado at que se enfrente"
James Baldwin
RESUMO
BORBA, Jonecir Alberto. O PROCESSO DE TRANSFORMAO DA CIPLA: UMA
EXPERINCIA AUTOGESTIONRIA. 2007. 135f. Dissertao. Programa de Mestrado
Acadmico em Administrao, Escola Superior de Administrao e Gerncia, Universidade do Estado
de Santa Catarina, UDESC, Santa Catarina, 2007.
Esta pesquisa tem como objetivo descrever e analisar as grandes mudanas ocorridas
na empresa Cipla, no perodo compreendido entre 1963 e 2007, com nfase na experincia
autogestionria vivenciada a partir de 2002. Trata-se de um estudo de caso desenvolvido com
base na metodologia de Pettigrew, a qual permite resgatar o processo de transformao,
levantar o contexto interno e externo, bem como, identificar o contedo das mudanas
ocorridas na organizao. Indstria do segmento de plsticos situada em Joinville/SC, a Cipla
foi a primeira subsidiria do Grupo Hansen. Em 1989, por ocasio da partilha dos bens
promovida pelo patriarca e fundador Joo Hansen Jnior, a Cipla desvincula-se do grupo e
seu controle acionrio transferido para a filha Elizeth Hansen e seu marido Luis Batschauer.
Esse processo daria incio a uma grande transformao, com vistas a consolidar a empresa
como um dos maiores grupos transformadores de plsticos do Brasil. Contrariando, porm, as
expectativas, as medidas econmicas adotadas pelo Governo Collor, em 1990, trouxeram
conseqncias graves para sua gesto. Apesar dos esforos, ao longo dos anos acumulou um
passivo tributrio e trabalhista expressivo, o qual foi responsvel por inmeros conflitos e
principalmente pelo movimento grevista ocorrido em outubro de 2002. Nesta ocasio, por
intermdio de representantes do Ministrio Pblico do Trabalho, a gesto da empresa
transferida aos trabalhadores, que passam a atuar em forma de autogesto. Polticos de
ideologia marxista, responsveis pela organizao dos trabalhadores no momento da greve
assumem a responsabilidade de instituir e conduzir o novo modelo de gesto, perpetuando-se
nos cargos de direo e gerncia desde 2002 at maio de 2007. Sob a alegao de
descumprimento de deciso judicial, aumento do estoque da dvida, entre outros fundamentos,
a Justia Federal decreta a interveno Judicial na Cipla a partir de 31.05.07, cujo
cumprimento do mandado acompanhado de um forte esquema da polcia federal. Observa-se
no decorrer da pesquisa que, apesar das transformaes que se apresentaram a partir de 2002 e
de figurar como um modelo autogestionrio, a Cipla preserva caractersticas que no diferem
do modelo burocrtico de organizao.
.
Palavras-chave: Cipla; autogesto.
ABSTRACT
BORBA, Jonecir Alberto. THE PROCESS OF TRANSFORMATION OF THE CIPLA: AN AUTO
MANAGEMENT EXPERIENCE. 2007. 135f. Essay. Master Program for Business Administration
University
of
Administration
and
Management,
Universidade
do
Estado
de
Santa Catarina, UDESC, Santa Catarina, 2007.
This research has as objective to describe and to analyze the great occurred changes in
the Cipla company, the period understood between 1963 and 2007, with emphasis in the lived
deeply auto managing experience from 2002. The methodology of Pettigrew is about a study
of developed case on the basis of, which allows rescuing the transformation process, to raise
the internal and external context, as well as, to identify the content of the occurred changes in
the organization. Industry of the plastic segment situated in Joinville/SC, the Cipla was first
subsidiary of the Group Hansen. In 1989, for occasion of the allotment of the goods promoted
for the patriarch and founder Joo Hansen Jnior, the Cipla is disentailed of the group and its
shareholding control is transferred to the Elizeth son Hansen and its husband Luis Batschauer.
This process would give beginning to a great transformation, with sights to consolidate the
company as one of the biggest transforming groups of plastics of Brazil. Opposing, however,
the expectations, the economic measures adopted by the Collor Government in 1990, had
brought serious consequences for its management. Despite the efforts, to the long one of the
years it accumulated liabilities tributary and expressive member of labor party, which was
responsible for innumerable conflicts and mainly for the movement striker occurred in
October of 2002. In this occasion, by intermediary of representatives of the Public prosecution
service of the Work, the management of the company is transferred to the workers, who start
to act in self management form. Politicians of Marxist ideology, responsible for the
organization of the workers at the moment of the strike, assume the responsibility to institute
and to lead the new model of management, perpetuating themselves in the positions of
direction and management since 2002 until May of 2007. Under the allegation of no
compliment of sentence, increase of the supply of the debt, among others beddings, Federal
Justice decrees the judicial intervention in the Cipla from 31.05.07, whose fulfillment of the
errand is followed of a strong project of the federal policy. It is observed in elapsing of the
research that, despite the transformations that if had presented from 2002 and to appear as an
auto management model, the Cipla preserves characteristics that they do not differ from the
bureaucratic model of organization.
Key-words: Cipla; auto management.
LISTA DE ILUSTRAES
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SUMRIO
1 INTRODUO ................................................................................................................... 12
1.1 TEMA E PROBLEMATIZAO DE PESQUISA........................................................... 12
1.2 OBJETIVOS....................................................................................................................... 15
1.2.1 Objetivo geral .................................................................................................................. 15
1.2.2 Objetivos especficos....................................................................................................... 15
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 15
1.4 ORGANIZAO DO TRABALHO ................................................................................. 16
2 FUNDAMENTAO TERICA - MODELO DE GESTO
ORGANIZACIONAL ......................................................................................................... 17
2.1 AS ORGANIZAES BUROCRTICAS ....................................................................... 17
2.2 A IDEOLOGIA E A DOMINAO NAS ORGANIZAES ........................................ 22
2.3 PROPRIEDADE E CONTROLE NAS ORGANIZAES.............................................. 25
2.4 PODER, CONFLITO E MUDANA NAS ORGANIZAES ....................................... 26
2.5 A ESTRATGIA DE HUMANIZAO .......................................................................... 30
2.6 BUROCRACIA E AUTOGESTO................................................................................... 31
2.7 SOCIALISMO E AUTOGESTO .................................................................................... 48
2.8 AS RELAES TRABALHISTAS NO BRASIL ............................................................ 53
2.9 PROUDHON, UMA CRTICA PROPRIEDADE ......................................................... 54
2.10 A FLEXIBILIZAO E A CRISE SINDICAL .............................................................. 58
3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS ..................................................................... 62
3.1 CARACTERIZAO DA PESQUISA............................................................................. 62
3.2 TCNICAS DE COLETA E ANLISE DOS DADOS .................................................... 63
3.2.1 Coleta de dados................................................................................................................ 63
3.2.2 Anlise dos dados ............................................................................................................ 64
3.3 DESIGN DA PESQUISA................................................................................................... 64
3.4 LIMITAES DA PESQUISA ......................................................................................... 65
4 APRESENTAO E ANLISE DE DADOS .................................................................. 67
4.1 A HISTRIA DA CIPLA .................................................................................................. 67
4.1.1 Origem ............................................................................................................................. 67
4.1.1.1 CIPLA: a primeira subsidiria da Cia. Hansen Industrial .................................... 69
4.2 A PRIMEIRA GRANDE TRANSFORMAO: PARTILHA DA FAMLIA
HANSEN CONCRETIZA O DESMEMBRAMENTO DA CIPLA.................................. 71
4.2.1 As estratgias do novo acionista...................................................................................... 72
4.2.2 Divisionalizao visa especializao e segmentao ...................................................... 72
4.2.2.1 Surge a Corporao HB ............................................................................................. 74
4.2.2.2 Estratgias para fixao das novas marcas.............................................................. 76
4.2.3 Incio da crise................................................................................................................... 77
4.2.3.1 Reviso das estratgias............................................................................................... 79
4.2.4 Crise se agrava e leva concordata ................................................................................. 80
11
12
1 INTRODUO
13
Outro fator relevante nesse processo diz respeito baixa escolaridade e a inexperincia
dos novos gestores para superar as dificuldades naturais do mundo capitalista, os preconceitos
em relao ao modelo autogestionrio e a necessidade de desenvolver estratgias capazes de
prorrogar a existncia da empresa.
As novas formas de organizao do trabalho enfatizam o desenvolvimento
de mltiplas habilidades por parte do empregado que deve ser capaz no
apenas de prever problemas e desenvolver solues alternativas, mas
tambm de sugerir novas linhas de ao no cho de fbrica (TENRIO
(2000) apud TEIXEIRA, 2005, p. 127).
No menos importante na escala dos desafios est a cultura dos funcionrios que, por
condicionamento, pensam e agem como se empregados fossem, incapazes de perceber o novo
contexto em que esto inseridos e a necessidade de cooperar efetivamente e de maneira prativa para o sucesso do empreendimento. Tratando-se de mudanas de comportamentos,
atitudes e valores, certo dizer que tais transformaes demandam um longo perodo de
adaptao, exigindo um dedicado exerccio de conscientizao e disseminao de
informaes, com vistas a familiariz-los com a nova postura de comprometimento e
participao: uma vez que, de acordo com Bressan (2001) a submisso do operrio ao sistema
existente na fbrica, ao horrio rgido, ao ritmo das mquinas e s demais exigncias da
produo durante a jornada de trabalho cria uma disciplina benfica ao modelo capitalista de
produo.
Muito embora sejam relevantes para a sobrevivncia das organizaes, as mudanas
promovem diferentes reaes nos atores envolvidos, que variam desde a imediata adeso
proposta de mudana at a resistncia e a tentativa de obstruo a qualquer tipo de mudana.
Os fatores que determinam essas diferentes reaes podem variar de acordo com o
grau de alterao promovida na estrutura de poder, exigncia de novas habilidades e
competncias, entre outros. A mudana um nus, pois requer que a pessoa reveja sua
maneira de pensar, agir, comunicar, se inter-relacionar e criar significados para a sua prpria
vida (BRESSAN, 2001).
O estudo de caso da indstria de plsticos Cipla, de Joinville (SC), pretende apresentar
as relevantes transformaes organizacionais ocorridas durante a sua existncia, mais
especificamente nos perodos que antecederam e sucederam o ano de 2002, ocasio em que a
gesto da empresa foi transferida aos trabalhadores, com destaque para a experincia
vivenciada no modelo autogestionrio que persiste at os dias de hoje, com cerca de 700
funcionrios envolvidos diretamente.
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1.2 OBJETIVOS
1.2.1
Objetivo geral
1.2.2
Objetivos especficos
1.3 JUSTIFICATIVA
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Organizao
ou
Burocracia
Sistema social
racional
Impessoal
Formal
Profissional
Conseqncias
Desejadas:
Previsivibilidade
do comportamento
Indesejadas:
Disfunes da
burocracia
Maior controle
Maior eficincia
Ineficincia
Tendo sido abordado o sistema capitalista, cabe ressaltar que no sistema comunista,
onde o Estado apresenta-se como uma grande organizao centralizadora e burocrtica,
mantendo e coordenando o sistema econmico, os administradores passaram inicialmente a
assumir papel autnomo e de pequena importncia no contexto, conforme assinalam Motta e
Pereira (1991).
No caso da Unio Sovitica, Lnin entendia que os administradores poderiam ser
facilmente substitudos, visto que os registros e controles haviam sido simplificados ao
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perda do seu ser em detrimento do bom desempenho profissional, tendo como nica
finalidade a rentabilidade (TRAGTENBERG, 1989, p. 26).
Tais prticas tendem a conter o homem poltico em detrimento ao homem psquico,
visto que os conflitos de ordem poltica pressupem a diviso do poder, representado pela
hierarquia nas organizaes. Os jogos de empresas, aplicados em treinamentos internos,
procuram mostrar aos operrios a complexidade dos problemas, conscientizando-os da
importncia dos tecnocratas.
No informar suficientemente os subordinados se autoproteger, tolhendo-os de uma
viso de conjunto que os chefes detm, contrariando assim o princpio da co-gesto, que
pressupe a co-deciso e deciso compartilhada. Entendida oficialmente como equilbrio de
poderes, a co-gesto equivale participao do trabalhador nas decises, nos lucros e no
aumento do patrimnio da empresa.
Em relao s ideologias polticas, estas so responsveis por indicar valores e sua
hierarquia e funcionam como identificao individual favorecendo o consenso, na medida em
que designam posies sociais, ao mesmo tempo em que as justificam, diz Motta (1981).
Pierre Ansart (apud MOTTA, 1981, p. 28) salienta, no entanto que, Toda ideologia
constri uma imagem do poder, de sua natureza e das condies de seu exerccio. Segundo
esse autor, isso no tira o carter revolucionrio de algumas ideologias polticas e pode,
facilmente, exprimir os conflitos sociais.
Seja ideologia de manuteno ou contestao, implica em um projeto de sociedade
futura, podendo caracterizar-se pela socializao do poder. De uma forma ou de outra, a
ideologia poltica atribui sentido ao poder, ainda que seja contestando e lutando contra ele.
Para Motta (1981) no h organizao, seja ela qual for, que no necessite organizar uma
estrutura de sentido para alcanar seus objetivos, da mesma forma que no h organizao ou
instituio que no produza ou reproduza o poder. O poder sempre se apresenta enquanto
apropriao ressalta Motta (Op. cit., p. 29).
Assim como os escravos eram resultado da vitria de adversrios na Antiguidade, a
sociedade feudal praticava a guerra e a rapina. No caso da Revoluo Industrial, o exerccio
da apropriao deu-se na medida em que explorava homens, mulheres e crianas em trabalhos
e condies desumanas. Consolida-se a histria como sendo uma rapina ou uma apropriao
generalizada.
O poder no apenas se apropria do tributo humano como do econmico. Assim como
o pas vencido paga tributos ao pas vencedor, o servo paga ao senhor feudal, o trabalhador
paga ao patro em forma do valor incorporado no trabalho, o empresrio para aos bancos que
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cada vez mais elevado, a separao entre controle e estrutura de propriedade e anulao do
indivduo no mundo da indstria.
Esse processo to evidente que possvel, inclusive, os controladores operarem
contrariamente aos interesses da propriedade, visto que internamente o grupo controlador
quem efetivamente manda, proporcionando permanentes conflitos de interesse.
De acordo com Rathenau (apud TRAGTENBERG, Op. cit., p. 4), as corporaes
concentram um poder econmico semelhante ao da igreja catlica no mbito da religio, e de
um partido, no Estado nacional. Considerando que o maior poder cabe aos controladores, a
corporao tende a servir sociedade e no apenas a seus donos.
Peter Drucker entende que o capitalismo dissolve a classe proprietria e proletria,
criando um povo - classe mdia, composta pela unio de burocratas, tcnicos e gerentes
vinculados aos proprietrios. Segundo Drucker (apud TRAGTENBERG, 1989, p. 7), o povo
organizado na sociedade sem classes norte-americana, se constitui numa realidade e
caracteriza a sociedade industrial pela inexistncia de luta de classes, por existir apenas uma
classe: o povo-classe mdia, vinculado s grandes corporaes. Drucker prope que uma
nova sociedade, sem pobres e sob a predominncia da filantropia e do paternalismo
coorporativo, esteja surgindo de forma pioneira nos EUA, como um socialismo sob o
capitalismo.
Marx (1988), em sua obra O Capital, previa que as sociedades por aes e seus
fundamentos tcnicos formais pudessem fazer emergir um novo modo de produo,
integrando o trabalhador coletivo e tornando obsoleta a direo do capitalista, o que tambm
pode ser apresentado na forma de cooperativa. Para Marx, essas sociedades por aes se
fundamentam no processo de socializao dos capitais e na abolio do capital enquanto
propriedade privada. Para ele, as grandes corporaes prenunciam a superao do conflito de
classes, visto que os trabalhadores seriam seus prprios capitalistas.
Schumpeter (apud TRAGTENBERG, 1989, p. 10) afirma que uma nova ordem pscapitalista surge com os grandes trustes, onde executivos assalariados dirigem as empresas,
promovendo o desaparecimento da figura do proprietrio. Seria a emergncia de uma
sociedade ps-capitalista, sem o capitalista individual.
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das organizaes de tal ordem que aqueles que esto no poder, tendem a permanecer no
poder. Todos os estudos descritos mais recentemente compartilham a orientao poltica de
que h uma elite dominante por trs das empresas, diz Hall (Op. cit.)
Em relao aos conflitos existentes nas organizaes, Hall (Op. cit.) define como
herana social aquilo que envolve a fora de trabalho e a administrao.
Segundo Katz (apud HALL, Op. cit., p. 108) so trs as bases do conflito
organizacional:
a) Funcional, fomentado pelos vrios subsistemas dentro das organizaes,
suas normas, seus valores e sua dinmica prpria;
b) A segunda pode ser identificada pela semelhana nas funes, que
facilmente assume a forma de competio benvola ou rivalidade hostil;
c) Finalmente o conflito hierrquico, que se origina das lutas dos grupos de
interesse pelas recompensas financeiras, de status e prestgio.
Pondy (apud HALL, 1984, p. 111) entende que todo conflito tem uma conseqncia e
que a resoluo de um conflito no necessariamente representa uma soluo total. Para ele,
quando a resoluo do conflito proporciona uma comunicao mais aberta e uma cooperao
entre as partes, tambm se trata de conseqncia;
[...] qualquer resoluo bem sucedida de conflito em que os ex-combatentes
se transformem em estreitos aliados no estar garantida para sempre. As
mudanas no ambiente e a alterao das condies da organizao podem
levar a novas situaes de conflito entre as mesmas partes ou outras.
29
A incapacidade para a mudana estaria relacionada aos antolhos mentais que impedem
a disposio e a capacidade de mudar. Segundo o autor, as mudanas podem ocorrer por meio
da rotatividade de pessoal, cujo processo faz emergir as diferenas entre as pessoas.
Katz e Kahn apud Hall (1984) salientam que identificaram seis diferentes fatores que
contribuem para a resistncia mudana, quais sejam: a) Os mltiplos mecanismos que
asseguram a estabilidade da organizao, tornando-as sobredeterminadas, desde a seleo de
pessoal, o treinamento e o sistema de recompensas; b) A crena de que uma mudana pontual
no poder causar impactos na organizao como um todo; c) A inrcia individual e grupal,
representada pela fora do hbito; d) A ameaa que representa aos grupos ocupantes, e o risco
da mudana torn-los dispensveis; e) Ameaa ao poder estabelecido, com a possibilidade de
transferncia parcial ou total do poder a outros grupos; f) Ameaa ao sistema de recompensa
vigente e seus beneficirios.
Referindo-se a estratgia adotada na revoluo bolchevista ocorrida na Rssia,
Selznick (apud HALL, 1984) destaca a necessidade de manter um quadro de membros
dedicado e a preocupao pelo poder, como centrais para o processo de mudana. Assim
tambm, o apoio da sociedade que est se tentando mudar importante para o xito da
mudana, visto que as organizaes so conservadoras por natureza e tendem a resistir s
mudanas, principalmente quando introduzidas de fora pra dentro.
Quadros de homens dedicados so um componente fundamental [...] Essa
dedicao exige que os indivduos sejam totalmente devotados causa,
isolados de outras preocupaes e absortos do movimento. Desde que um
ncleo de pessoal dedicado esteja disponvel, o partido deve proteger-se da
dissenso interna, banindo os centros de poder que possam ameaar a
liderana oficial. O partido deve ser capaz de mobilizao e manipulao:
deve proteger-se de um possvel isolamento das pessoas que ele espera
converte e tambm de uma possvel liquidao nas mos das autoridades
existentes e deve lutar pelo poder em todas as reas de ao possveis [...] e
todo o tempo a ideologia bsica deve ser mantida em primeiro plano na
mente dos membros (Selznick apud HALL, 1984, p. 10).
Outro fator relevante o fato de que o processo de mudana sucedido tambm por
um processo de adaptao entre os diversos atores da organizao e seus respectivos papis
no contexto em transformao. Sobre o processo de adaptao entre a ideologia do
movimento bolchevista e a burocracia existente, Hall (1984, p. 14) destaca,
[...] o fator crucial que os novos lderes no compreendiam as organizaes
que deviam chefiar. A prpria organizao continha normas e procedimentos
que tinham de ser aprendidos ao longo do caminho, de modo que a
organizao se tornou o instrumento que desviou o partido no poder de suas
metas.
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O autor
complementa que a empresa cultiva uma liturgia onde os signos so vesturio, moblia e o
subordinado vive na dependncia do saber e do poder Mesmo nas empresas com estruturas
informais, o subordinado cultiva um temor reverencial ante seus superiores.
Os executivos europeus, procurando se adaptar s novas situaes, utilizam conceitos
criados pelos novos eventos como dilogo, participao, delegao e relaes humanas. So
aes que direta ou indiretamente convergem em direo ao aumento da produtividade, visto
que os profissionais contratados para desenvolver os programas voltados humanizao da
empresa so pagos por ela e, conseqentemente, seguem a sua ideologia capitalista. Na
realidade, as tcnicas de relaes humanas surgem como resposta do empresariado
organizao sindical, que obteve avanos significativos na legislao pertinente.
Tragtenberg (Op. cit.) salienta que Elton Mayo entendia que no seriam as relaes de
trabalho as causas de conflitos, mas o desenvolvimento tecnolgico que eliminara a
solidariedade orgnica. Com relao experincia de Hawthorne, o autor observa que a
solidariedade desenvolvida no processo de trabalho tornara-se elemento de produo.
Na dcada de 50, com o avano tecnolgico na indstria e a constatao de um maior
desgaste nervoso no trabalho, o autoritarismo nas relaes entre patro e empregado cede
espao para a diplomacia. Na Itlia, a igreja catlica com o lema humanizao na empresa;
na Frana, a humanizao do trabalho e na Alemanha as tcnicas de co-gesto.
As boas prticas de relaes humanas ocupam agora, lugar das reivindicaes salariais
e de reduo de jornada. O homem econmico de Taylor se contrape ao homem
psicolgico de Mayo (Ibidem). Juntamente com a proposta participacionista da dinmica de
grupo, observou-se um aumento de produtividade e comprometimento, medida que os
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Para Defourny (apud CATTANI, 2003, p. 21), [...] no existe uma definio geral de
autogesto e a diversidade de concepes sobre a empresa autogerida entre os cientistas
apenas levemente menos grande que entre a opinio pblica. Observa-se, no entanto, que o
surgimento e suas experincias sempre estiveram relacionados luta de classes e ao
movimento operrio.
Se por um lado a autogesto tem conotao econmica, na medida em que se
apresenta como alternativa gerencial capaz de salvar empresas da falncia, evitando o
desemprego em massa (PIRES, 1999, p. 85), por outro lado ressurge, segundo Cattani
(2003), resgatando as lutas polticas e ideolgicas que originaram o seu conceito: [...]
associada com um ideal utpico, de transformao e de mudana social.
Cattani (2003) tambm conceitua uma empresa autogerida como um modelo de
organizao e de gesto, onde o poder de deciso compartilhado entre seus membros,
independentemente das suas qualificaes e sua posio hierrquica. Defourny (apud
CATTANI, 2003, p. 24) complementa esse conceito quando fala em distribuio do lucro
lquido entre os trabalhadores.
Em relao aos aspectos econmicos que envolvem os empreendimentos
autogestionrios, Cattani (2003) ressalta que se apresentam como positivos e negativos. Como
positivos, o autor cita a ampliao da capacidade dos trabalhadores, proporcionada pelo
ambiente mais democrtico; a reduo da rotatividade de pessoal - turnover; a elevao do
nvel de produtividade, qualidade e responsabilidade, em funo de uma percepo mais
positiva do trabalho e pela expectativa de aumento dos resultados da empresa e
consequentemente dos seus rendimentos; a vigilncia permanente em relao aos nveis de
produo, desperdcio e absentesmo dos colegas, outrora exercido pela figura do patro; e,
finalmente, a facilidade na comunicao e maior flexibilidade, favorecendo a identificao de
ineficcias e a promoo da reduo de custos. Como aspectos negativos, ressalta a reduo
da capacidade produtiva, visto que neste modelo no esto presentes a autoridade e o poder
discrecional dos dirigentes; a possibilidade de adoo de uma poltica de emulao e
manipulao; a dificuldade de apurao da produtividade individual, no contexto de trabalho
em equipe; e o ambiente de incertezas gerado pelo modelo autogestionrio.
Para Rioli (apud HEERDT, 2001, p. 110), a autogesto ocorre quando esto presentes:
a) Participao na Gesto; b) Participao nos Resultados Financeiros; c) Participao na
Propriedade; d) Participao nas Decises Estratgicas.
Favaret Filho (1996) ratifica a posio de Rioli em relao participao dos
trabalhadores, alm da propriedade:
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Mance (apud HEERDT, 2001, p. 125), por seu lado, salienta que a empresa autogerida
encontra seus fundamentos na fora e energia do grupo, no conhecimento coletivo e no
esprito de cooperao e solidariedade entre seus membros.
Singer e Souza (2003) entendem que a empresa autogerida no uma empresa
comum, mas sim uma organizao social e de orientao ideolgica, a qual se assemelha a
uma famlia, com fortes laos afetivos.
Ao analisar o contexto das relaes trabalhistas, desenvolvido ora por interesses do
capital, ora por mobilizao dos trabalhadores, possvel afirmar que houve avanos, ainda
que distantes do ideal almejado pelos crticos do regime capitalista, visto que se trata de
mudanas aparentes e no estruturais, mantendo na essncia a explorao do homem pelo
homem e a preservao da manipulao pela classe dominante.
Segundo Pignon e Querzola (apud MOTTA; PEREIRA, 1991, p. 304) no h ruptura
nenhuma com Taylor, mantendo sua racionalidade tcnica, agora estendida gesto dos
recursos humanos. Entendem ainda que a escolarizao seja responsvel pela manuteno do
modelo burocrtico, que prepara os estudantes para terem desempenho e comportamento
adequado dentro destas organizaes.
Gintis (apud MOTTA, PEREIRA, 1991, p. 304) entende que um modelo alternativo
que atendesse as necessidades intrnsecas dos trabalhadores e no a lgica do lucro, poderia
substituir a organizao burocrtica: um sistema de controle operrio, de rotatividade de
tarefas, de participao equalitria, de descentralizao e ampliao do trabalho no pode ser
excludo como impraticvel e ineficiente somente porque no aceito pelos patres.
Ao observar a organizao de alguns trabalhadores em forma cooperativa, produzindo
para seu prprio sustento, constata-se uma forma de emancipao do trabalho, ainda que
contemple nmeros irrelevantes comparativamente ao modelo dominante. Mannheim (apud
MOTTA; PEREIRA, 1991, p. 304) no trata do assunto como utopia, no sentido da fantasia
irrealizvel, mas como algo que, ao se transformar em ao, abalaria a ordem das coisas que
prevalecem no momento, tal qual a Comuna de Paris o fez durante a guerra franco-prussiana
em 1871, depois do aprisionamento do Imperador.
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Esse fato fez surgir um novo modelo de organizao, na qual eram os operrios quem
nomeavam seus gerentes e tambm os demitiam no caso de resultados insatisfatrios.
Reunidos em comits, definiam salrios, horrios, condies de trabalho e cronogramas de
atividades. Muito mais que uma autogesto dos trabalhadores, foi um autogoverno, visto que
se estendeu tambm s instituies pblicas. A experincia que durou 40 dias, aboliu o
patronato, o trabalho assalariado e o Estado, mas no resistiu s presses das classes
dominantes do mundo capitalista.
Experincias do gnero sucederam-se; em 1905 com o Soviete de Petersburgo; na
Rssia em 1917; na Alemanha e ustria em 1918; todas sufocadas por interesses da
burocracia, representados por uma classe minoritria que tem a propriedade privada dos meios
de produo. Apesar disso, estudiosos (MOTTA; PEREIRA, 1991) entendem como
infundadas as afirmaes de que a autogesto no poder existir, porque no existe, ou pelas
experincias histricas que no subsistiram as presses.
Ao contrrio, Guilherm e Bourdet (1976) acreditam que seu regime j est lanado,
invisvel, e sua presena se faz sentir nas reivindicaes operrias e ainda que
embrionariamente, dentro das empresas. Dessa forma, os trabalhadores apoderam-se
gradativamente do conhecimento, desenvolvendo-se e criando as condies necessrias para
autogerir os meios de produo, dando incio ao modelo que possa vir a ser o substituto do
capitalismo.
Carvalho (apud HEERDT, 2001, p. 111) compartilha da importncia do processo de
aprendizagem e a elevao da capacidade tcnica e gerencial dos trabalhadores na empresa
autogestionria:
A autogesto s possvel quando o grupo controla os meios e os produtos
da produo. Esse controle torna-se explcito no direito de participar em
todas as tomadas de decises, na capacidade de constantemente aumentar o
conhecimento tcnico do grupo e na autonomia legtima do grupo para
entender os valores e objetivos da organizao.
37
38
com a autogesto propriamente dita. Por essa anlise, o trabalhador opta em trocar sua fora
de trabalho pelo salrio que alimenta sua famlia e a si prprio; opta em ser um cidado
respeitado a ser um delinqente desprezvel.
Reconhecidamente, a participao nos lucros foi desenvolvida com o objetivo de
integrar a classe operria ao sistema capitalista, de forma que os trabalhadores, vidos por
aumentar sua renda, tornassem-se scios e, assim sendo, dedicassem-se cada vez mais a
alavancar os resultados das empresas, opondo-se ao esquema marxista de lutas de classes:
[...] o sistema de participao nos lucros, longe de ser um passo para a autogesto, um
habilidoso agravamento da explorao e da auto-alienao (GUILLERM; BOURDET, 1976,
p. 22).
Para Motta e Pereira (1991) a participao se d pela contribuio individual ou
coletiva em aes j estruturadas e direcionadas pela empresa, gerando a sensao de estar
desempenhando um papel ativo e original dentro da organizao. Segundo ele, nesses casos,
muda-se apenas a forma de dominao, visto que a hierarquia e o controle permanecem, ainda
que seja sob uma roupagem mais democrtica.
Em relao co-gesto, Guilherm e Bourdet (1976) entendem que no se trata apenas
de um interesse em participar, mas a possibilidade e a permisso de interferir tanto no nvel da
organizao tcnica do trabalho, quanto no nvel da poltica geral da fbrica. Consiste na
reintegrao, ainda que parcial, da iniciativa e da criatividade dos trabalhadores nos processos
produtivos. Nesse caso, o empresrio permite tanto aos tcnicos quanto ao conjunto de
trabalhadores, que encontrem alternativas, formas e combinaes que possam resultar na
melhoria das condies de trabalho, na qualidade dos produtos e na produtividade. As equipes
autnomas ou autogerenciadas e tambm os grupos de melhoria de contnua podem ser os
representantes da co-gesto. Por se tratar desse modelo e no da autogesto, as definies dos
objetivos no esto a cargo dos operrios.
A experincia da Alemanha, vivenciada por meio da participao efetiva e da
interveno institucionalizada dos trabalhadores nos conselhos de administrao das
empresas, pode ser considerada legitimamente de co-gesto, ainda que seja contestada: Aos
olhos dos revolucionrios (tradicionais), eis a um exemplo tpico da colaborao de classe
que favorece o inimigo (GUILHERM; BOURDET, 1976, p. 24). Segundo o autor, para estes
crticos parece que as vitrias operrias necessariamente devem estar associadas ao
conseqente prejuzo da classe patronal, comumente imposta pela fora.
Para Silva (1991) a co-gesto ocorre quando h efetivamente na empresa a
participao do empregado por meio de representao apropriada, que lhe permita influenciar
39
nas decises. Essa pretenso de tomar parte na conduo e dirigir a empresa juntamente com
o empregador faz parte da prpria histria do trabalho humano:
No se trata, portanto, de pretender retirar da organizao empresarial a
estrutura hierrquica em que repousam seus fundamentos. Onde quer que se
crie uma empresa, haver sempre alguns poucos que mandam e o resto, que
obedece (SILVA, 1991, p. 44).
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cooperativista de produo o papel de direo deixa de existir, uma vez que este passa a ser
remunerado pelos trabalhadores, o que representaria a distino definitiva entre a direo e a
propriedade do capital.
Guilherm e Bourdet (1976) observam que a expectativa de Marx, no sentido de que o
modelo cooperativista pudesse ser o remdio para todos os males do capitalismo, foi
superestimada, e que o controle nas mos dos capitalistas tinha outras razes, que no apenas
a explorao do homem pelo homem.
A experincia socialista que se sucedeu durante meio sculo fez emergir, ou no
mnimo refletir, sobre a necessidade de organizao: Se, dessa maneira, Marx no pde
prever todas as perverses do sistema (nem antecipar a histria), foi, em troca, testemunha de
uma empresa de recuperao das cooperativas [...] (GUILHERM; BOURDET, 1976, p. 27).
Dada as dificuldades que se apresentavam no processo de gesto, o prprio partido
operrio alemo passou a reivindicar a ajuda do Estado s cooperativas de produo, ao que
Marx repudiou por entender que as cooperativas no tinham valor, se no fossem criaes
autnomas dos trabalhadores e no estivessem protegidas pelos burgueses e pelo governo.
Para ele, tal possibilidade poderia abrir espao ao capitalismo (GUILHERM; BOURDET,
1976).
Em Genebra, no ano de 1866, a prpria Associao Internacional de Trabalhadores
questiona a cooperativa e sua capacidade de transformar a sociedade:
O sistema cooperativo, restrito s formas minsculas brotadas dos esforos
individuais dos escravos assalariados, impotente para transformar por si
mesma a sociedade capitalista. Para converter a produo social em largo e
harmonioso sistema de trabalho cooperativo, mudanas gerais se fazem
indispensveis (GUILHERM; BOURDET, 1976, p. 29).
41
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comportamento dos colegas. Mas essa prtica significaria sair do anonimato, do individual, e
se expor diante do coletivo, sujeitando-se as reaes inesperadas dos presentes.
Holzmann (apud SINGER; SOUZA, 2003, p. 53) observou que, com o passar do
tempo, houve uma acomodao na participao dos cooperados que se limitavam a estar
presente. Alguns depoimentos demonstram os sentimentos dos cooperados:
Eu participo das assemblias, mas s assisto. Se a gente fala alguma coisa
o pessoal diz que ta errado, acha que ta errado; Participo de quase todas as
assemblias, mas difcil pra mim falar. Eu tenho pouco estudo e tenho
medo de dizer alguma coisa errada. Quem fala o representante. Quando a
gente se rene, se discute bastante, mas na assemblia eu no falo;
Participo. S escuto, n, mas a gente vai falar qualquer coisa, n, tem um
monte de cara l que to vaiando a gente, n. Da eu pegava e s vezes
ficava quieto, por que no adianta.
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45
Para Baeta et al. (2004), os desafios vivenciados pela FACIT so comuns aos
empreendimentos autogestionrios no que tange falta de capital de giro, ao passivo
trabalhista e tributrio, baixa escolaridade dos seus funcionrios, ao processo de
comunicao interna e conseqente dificuldade em permanecer no mercado, principalmente
por oferecer produtos em decadncia. A FACIT conta com cerca de 350 scios e exporta
mquinas de escrever para 50 pases.
Em Santa Catarina, na cidade de Cricima, a experincia da Cooperminas teve incio
em 1987 com a falncia da Companhia Brasileira Carbonfera de Ararangu (CBCA), fundada
em 1917. Aps um processo conflituoso envolvendo motins e embates com a polcia, os
mineiros conquistam a opinio pblica e a autorizao para o sindicato administrar a massa
falida em regime de autogesto, a partir de agosto/87. Com salrios sendo pagos em atraso e
problemas para administrar os 800 mineiros, em 1992 o sindicato v a necessidade de indicar
um administrador, Valrio Preis, atual presidente da Cooperminas.
Muito embora os pedidos da Eletrosul garantam as atividades da CBCA, a situao
ainda indefinida em relao a sua personalidade jurdica, necessitando faturar a seus clientes
46
por intermdio de outra empresa. Os mineiros buscam um acordo com o ex-proprietrio para a
transferncia definitiva da empresa, bem como para a partilha do passivo existente.
Mesmo convivendo com problemas de desabamentos, escurido no interior das
galerias, caminhadas que chegam a 5 quilmetros, barulho e poluio que causam doenas
pulmonares, os mineiros comemoram conquistas como a reduo de jornada de trabalho,
nibus para transporte ao invs de caminhes caamba, uma clnica e exames peridicos.
Em Aracaj/SE, a motivao dos funcionrios da empresa Vila Romana em assumir o
controle da fbrica de jeans, fez surgir a Coopervest. Em 1994, com o apoio da Associao
Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Autogesto e Participao Acionria
(ANTEAG) o controle acionrio foi passado a cerca de 600 cooperados. Um contrato de
aluguel das instalaes industriais permite Coopervest atender seus clientes com as grifes
Pierre Cardin, Vila Romana, Yves Saint Laurent e ainda uma grife prpria, a Gino Benotti.
Com duas lojas prprias, uma em Aracaj e outra em Arapiraca, no estado de Alagoas, a
Coopervest inicia um programa de franquia, a fim de expandir no segmento de jeans.
No Pas Basco, o Complexo Mondragon tornou-se referncia indispensvel queles
que se dedicam a pesquisar o cooperativismo, e sua experincia, alicerce para os desafios a
serem superados em outros pases, inclusive no o Brasil. Fundada em 1941, a primeira
Cooperativa Mondragon surgiu pela iniciativa do sacerdote D. Jos Maria Arizmendiarreta,
com o objetivo de atender s carncias sociais provocadas pela Guerra Civil e transformou-se
em um dos mais importantes grupos industriais do Pas Basco. O Mondragon Corporacton
Cooperativa-MCC composto por trs grupos: a) Grupo industrial, formado por 82 empresas
distribudas em sete subgrupos que atendem aos segmentos: automotivo, componentes,
construo, equipamentos industriais, linha branca e bens de capital, mquinas e ferramentas;
b) Grupo de distribuio, formado por oito empresas que administram hipermercados; c)
Grupo Financeiro, formado por bancos e cooperativa de crdito, que atuam como agentes de
fomento aos novos investimentos e apoio aos empreendimentos em dificuldades (LIMA,
2002)
Segundo Azevedo (2003), o complexo representa 4,5% do PIB do Pas Basco, 3,2%
dos empregos e 25% das exportaes. Em 2001 o Mondragon Corporacton CooperativaMCC registrava 59.827 postos de trabalho e faturamento de 13.225 milhes de Euros. Para
garantir a pesquisa, o desenvolvimento e a capacitao dos cooperados, o MCC compreende
trs centros de tecnologia, uma universidade e doze entidades de apoio gesto estratgica,
dentre eles, um centro de reciclagem e formao de trabalhadores, uma incubadora e um
centro de gesto de estudos de ps-graduao para engenheiros e administradores.
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Outros
temas
como
fluxo
de
produo,
produtividade,
planejamento,
Segundo Bertucci (2005, p. 49) outros estudiosos depois de Marx tambm afirmam
que [...] a sociedade caminha para um processo de desenvolvimento superior, para alm
daquele exclusivamente econmico, com vistas reduo das desigualdades sociais, da
discriminao e da violncia, transformando o capitalismo em algo que poder ou no, ser
chamado de socialismo.
Ao formular sua crtica economia capitalista, Cattani (2003, p. 9) prope que esta
seja superada, em funo do seu carter predatrio, explorador, desumano, medocre e,
portanto, incoerente as potencialidades do tempo presente:
Ao revolucionar continuamente as foras produtivas, ao implementar uma
racionalidade instrumental agenciando meios e fins e ao disciplinar as foras
sociais do trabalho em moldes produtivistas, o capitalismo suplantou a base
limitada da economia e da sociedade feudais [...].
Idem.
49
Para esse autor, o desafio est em reforar as lutas sociais, a fim de recuperar o
conforto e a qualidade de vida, absorvidos pelo capitalismo avanado. por meio da
democratizao do ambiente de trabalho, das lutas sindicais e dos controles sociais sobre o
avano tecnolgico que se dar a materializao do ps-capitalismo (CATTANI, 2003).
Guilherm e Bourdet (1976) entendem, porm, que o carter revolucionrio do
proletariado de Marx visa apenas a abolio do trabalho assalariado e no a sua gesto. Sua
caracterstica principal no o trabalho, mas a disponibilidade. Ao contrapor Marx, que
classifica o programa da burguesia como produtivismo, Guilherm e Bourdet (1976) afirmam
que o programa do proletariado se resume no direito preguia.
Para Bertucci (2005, p. 45) O socialismo real, que na prtica surgiu apenas como um
sistema autoritrio e antidemocrtico, foi uma falcia que se afastou totalmente do
pensamento idealizado por Marx e por todos que lutavam por uma sociedade mais justa.
Singer (1980, p. 11), ao iniciar sua reflexo sobre o socialismo hoje, prope queles
que se consideram socialistas a necessidade de redefinir o objetivo final de sua luta. No
Brasil, a reabertura poltica permitiu o surgimento de vrias correntes de esquerda que
reivindicam o socialismo como a principal razo das suas lutas: [...], mas afinal, de que
socialismo se trata?, indaga ele, para saber que tipo de sociedade se almeja.
De acordo com Singer (Op. cit.), Marx e Engels, no Manifesto Comunista, definem o
socialismo como sendo o modo de produo destinado a superar o capitalismo e a contradio
de classe. Seria a soluo para os problemas que o prprio capitalismo coloca, e que no
consegue resolver dentro dos seus limites.
Definindo caractersticas do capitalismo, Singer e Souza (2003, p.11) propem:
O capitalismo o modo de produo em que os meios de produo e de
distribuio, assim como o trabalho, se tornam mercadorias, apropriadas
privadamente. Os meios de produo e distribuio tornam-se capital
medida que se concentram nas mos duma minoria, enquanto a maioria se
limita posse de sua capacidade individual de trabalho.
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Essa dicotomia entre vanguarda e massa, direo e base, reflete a prtica de dominao
burocrtica na atividade poltica partidria. Para Singer (1980) a concepo de socialismo se
altera na medida em que o capitalismo avana e promove mudanas nas foras produtivas.
Enquanto no se efetiva como sistema scio-econmico no lugar do capitalismo, o socialismo
no deixa de ser a razo principal daqueles que lutam contra a explorao e a opresso: [...] o
socialismo no passa de uma idia, mas idia que se faz fora material ao mobilizar foras
sociais para lutas decisivas (SINGER, 1980, p. 17).
A superao do capitalismo est condicionada a abolio da propriedade privada dos
meios de produo, de forma a proporcionar igualdade, democracia e melhores condies de
vida e desenvolvimento ao conjunto de trabalhadores. No se trata apenas de expropriar os
expropriadores para abolir as classes sociais, pois a diviso de classes tambm observada na
empresa estatizada, medida que as atividades de planejamento, coordenao e mando, esto
apartadas daqueles que executam e obedecem.
Ainda segundo Singer (1980), a caracterstica da diviso de classes tambm
encontrada na gesto operria, quando o conselho de representantes eleito, passa a subordinarse aos administradores profissionais e tcnicos, que detm o monoplio do conhecimento.
No fundo, a gesto operria apenas simblica e disfara o domnio da classe real
(SINGER, 1980, p. 27).
A linha que divide a burguesia do proletariado numa organizao depende do grau de
comprometimento com as reivindicaes da classe. Comumente, o corpo administrativo e
aqueles que ocupam cargos de chefia, permanecem alheios as lutas, ainda que se beneficiem
dela ao final do processo. Essa linha divisria tambm pode variar de acordo com a
intensidade e as propores do movimento. Quando est fortalecido, tende a mobilizar a
grande maioria dos trabalhadores (SINGER, 1980).
A abolio das classes se dar pela superao da diviso entre trabalho manual e
trabalho intelectual, o que significa a necessidade de socializao do conhecimento
especializado e assim a participao do conjunto de trabalhadores nos processos decisrios.
Em conseqncia, os trabalhadores, sentindo-se mais preparados para atividades de maior
responsabilidade, no se sujeitariam realizao de tarefas simples e rotineiras.
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Esse autor conclui que o objetivo central do socialismo hoje a construo de uma
sociedade sem classes, sem hierarquia de qualquer espcie.
Marx e Engels (1998) afirmam que a sociedade est cada vez mais dividida entre
burguesia e proletariado. Para eles, a burguesia ser vtima das mesmas armas que usou para
abater o feudalismo, agora, porm, empunhadas pela classe trabalhadora. ela quem supre o
proletariado com os elementos de educao poltica e geral, que se transformam em armas
para lhe enfrentar. Marx e Engels (1998) definem como burgueses, os capitalistas,
proprietrios dos meios de produo, que por sua vez exploram o proletariado, os quais esto
sujeitos a vender a fora de trabalho para sobreviver.
Muito embora, as terminologias adotadas no mundo das organizaes dem conta de
um modelo humanista, estas ainda funcionam sob os fundamentos de Taylor, que tratou de
forma cientfica as questes do trabalho, da produtividade e da recompensa. A busca pela
padronizao e conceituao chegou a tal ponto, que em maio de 1946, um contrato firmado
entre US Steel Corporation e Cia Steel Worker, definiu o que seria um dia justo de trabalho
como sendo:
[...] aquela quantidade de trabalho que pode ser produzida por um
empregado qualificado que trabalha em ritmo normal, equivalendo ao andar
de um homem sem carga sobre um terreno nivelado e liso a uma velocidade
de 3 milhas horrias (TRAGTENBERG, 1989, p. 99).
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roubo operado pelo capital. Adotando seu exemplo, percebe-se que comparativamente, ao
remunerar um nico trabalhador por 200 dias ou 200 trabalhadores num nico dia, o resultado
deste ltimo bastante superior ao primeiro, embora o critrio da remunerao desconsidere
isso.
Para Motta (1981), Proudhon entende que a propriedade, sob a forma capitalista,
responsvel pela diviso da sociedade e explorao dos trabalhadores, por este motivo, prope
que ela esteja subordinada a um novo tipo de sistema econmico.
Proudhon pretende formular uma denncia mais geral, que diz respeito ao
sistema social, que visa a deixar claro que o regime de propriedade ope
necessariamente as classes sociais, provoca a apropriao de riquezas e a
misria, o roubo, o despotismo, a explorao do homem pelo homem
(MOTTA, 1981, p. 70).
Para Proudhon (apud MOTTA, 1981, p. 88), escravido a morte, assim como a
propriedade um roubo, ambas caracterizadas pela autoridade, pela fora e pela opresso. A
propriedade s garantida pela autoridade do homem sobre o homem. a autoridade que lhe
confere o direito de usufruir, excluir, usurpar, monopolizar, apropriar-se e separar o
trabalhador dos produtos do seu trabalho: [...] a propriedade capitalista no existe em si
mesma, j que para agir precisa da fora e da fraude (MOTTA, 1981, p. 88).
Complementa esse autor ainda, que da negao em si mesma, que dever emergir
uma propriedade social, uma fora produtiva social. Resta, no entanto, saber se possvel e
como fazer cessar o monoplio. Eis o objetivo de um socialismo cientfico.
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Proudhon (apud MOTTA, 1981) entende que as sociedades annimas poderiam ser
progressivamente transformadas em companhias operrias. Inicialmente os operrios se
tornariam acionistas e partilhariam os lucros, os cargos de direo e conselho com os
capitalistas. Posteriormente a companhia se tornaria exclusividade dos operrios, associados
na direo e no lucro. Para Proudhon, [...] a sociedade annima j contm todas as sementes
da companhia operria (MOTTA, 1981, p. 156).
A Alemanha apresenta uma legislao desenvolvida nesta rea, a qual foi proposta
pelo Partido Social-Democrata, que passou da luta de classes para a colaborao de classes.
Segundo o programa de Bad-Godesberg, a co-gesto evita a luta por salrios altos que levaria
ao desemprego. Conforme as concepes atuais dos juristas alemes, a relao de trabalho
no uma relao coletiva atinente ao direito do trabalho, onde um dos aspectos o lao entre
as pessoas e a empresa (TRAGTENBERG, 1989, p. 45).
H um sentimento de que as empresas formam uma comunidade de trabalho baseada
no reconhecimento recproco. O direito dos trabalhadores dialogarem devidamente
organizados em conselhos de fbrica resguardado pela Lei Constitucional das Empresas, de
11.10.1952 (TRAGTENBERG, 1989). Por considerarem diferentes os interesses dos
operrios, em relao aos demais empregados, cada grupo elege seu representante no
conselho em escrutnio secreto, e em nmero proporcional ao tamanho do grupo.
A experincia de convivncia pacfica e cooperao, entre operrios e empresrios na
Alemanha, encontra fundamentos na doutrina social crist, que estabelece princpios morais
contrrios oposio de classes e fundamenta o Direito do Trabalho Germnico. Tal
harmonia estabelecida por meio do princpio, de que a paz industrial deva ser garantida.
Dessa forma, proibida qualquer atividade poltica no interior da fbrica, bem como
operaes tartarugas, greves ou ocupao da empresa, sob pena do empregador requerer sua
dissoluo e indenizao correspondente ao prejuzo, junto Tribunal do Trabalho. No sendo
uma extenso do sindicato e tendo papis distintos, enquanto um conciliador o outro
contestador, o conselho deve permanecer neutro diante de movimentos grevistas articulados
fora da empresa pelo sindicato.
No mbito da co-deciso e cooperao, os conselhos devem dedicar-se a resolver
assuntos de ordem social. Possuem o direito de serem ouvidos, de sugerir, de serem
consultados e de influir sobre o empregador, mas no tem o direito de impor uma deciso
(TRAGTENBERG, 1989).
Para assuntos econmicos, constituiu-se a Comisso Econmica, cuja competncia
no est no controle, mas na cooperao, na proposio de mtodos de produo e trabalho,
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Tal poltica de distribuio de lucro seria, na verdade, uma estratgia para aumentar a
produtividade, gerando expectativa de ganho extra junto aos trabalhadores: [...] a associao
capital e trabalho mascara a explorao do trabalho pelo capital e tem por fim encerrar os
assalariados no horizonte da empresa, pondo-os em concorrncia uns com os outros para
maior proveito da classe capitalista (TRAGTENBERG, 1989, p. 86).
Vrios decretos de cunho social precederam a onda participacionista, a qual estava
relacionada a: a) participao no montante dos negcios ou dos lucros; b) participao no
capital ou no autofinanciamento, em forma de aes; c) participao na produtividade, em
forma de prmio.
A questo polmica envolvendo a participao nos lucros reside no fato de que o lucro
lquido pode ser facilmente manipulado e alterado de acordo com o interesse do empregador,
que aloca recursos para esta ou aquela conta, construindo assim o resultado desejado. So
incorporaes de reservas, elevadas retiradas salariais, despesas gerais e amortizaes, que
camuflam os lucros.
Alm do desconhecimento em relao s questes contbeis e a falta de informaes,
o decreto de agosto de 1967 no permite aos trabalhadores contestarem os lucros reais ou a
exatido do lucro lquido: O participacionismo no diminui em nada o poder da direo
(introd. do decreto, 17-8-67) (TRAGTENBERG, 1989, p. 88).
Surgido aps a segunda guerra mundial, o participacionismo tinha a inteno de
desmobilizar o movimento sindical e seu carter contestatrio, substituindo-o por
interlocutores vlidos. Mesmo assim, o participacionismo d-se em nvel de troca de
informaes, consultas e delegao de responsabilidades, sem, no entanto, interferir na
autoridade e poder de deciso da empresa. A modificao do esprito da empresa atravs da
co-gesto, o apelo ao senso de responsabilidade, acrescido dignidade preservada do operrio
enquanto partcipe, so generalizadas sem p no real (TRAGTENBERG, 1989, p. 89).
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deste sculo, seja pela adoo da produo em srie, das linhas de montagem, dos controles
de tempos e movimentos, ou pela separao entre a elaborao e a execuo do trabalho
(ANTUNES, 1997).
Gounet (apud ANTUNES, 1997, p. 29) entende que o toyotismo passou a substituir o
trabalho repetitivo, simples, embrutecedor e desmotivante, por tarefas mais enriquecidas,
tornando o trabalhador polivalente. A adoo do toyotismo em lugar do fordismo, no pode
ser entendida como um novo modo de organizao societria: [...] mais consensual, mais
envolvente, mais participativa, em verdade mais manipulatria (GOUNET apud ANTUNES,
1997, p. 34).
Sabel e Piore entendem que estas transformaes seriam responsveis pela crise
capitalista: O elemento causal da crise capitalista seria encontrado nos excessos do fordismo
e da produo em massa, prejudiciais ao trabalho, e supressores da sua dimenso criativa
(ANTUNES, 1997, p. 18).
Num artigo escrito em 1983, Fergus Murray (apud ANTUNES, 1997) observa que
este processo de desconcentrao atingiu um conjunto de grandes empresas na Itlia, as quais
reduziram o tamanho das suas plantas fabris, incentivando o putting-out do trabalho. Segundo
o autor, a fragmentao do trabalho possibilita uma maior explorao por parte do capital,
visto que os sindicatos tm dificuldade em assimilar essa classe trabalhadora mais segmentada
e fracionada.
A desestruturao do sindicato combativo permitiu que as empresas, embaladas pelo
modelo japons da era toyotista, constitussem os chamados sindicatos de empresa.
Combinando represso com cooptao, o sindicalismo de empresa teve como contrapartida
sua subordinao patronal, a obteno do emprego vitalcio para uma parcela dos
trabalhadores das grandes empresas (ANTUNES, 1997, p. 25).
O sindicalismo dos movimentos sociais das dcadas de 60 e 70, que defendiam o
controle social da produo passou a aderir ao sindicalismo de participao, da negociao e
da convivncia pacfica com o capital e mercado: Abandonam as perspectivas que se
inseriam em aes mais globais que visavam emancipao do trabalho e a luta pelo
socialismo (ANTUNES, 1997, p. 34).
Antunes (1997) entende ainda que o salto para alm do capital, a reduo da jornada
de trabalho e a busca pelo tempo livre, devem estar articuladas ao fim da sociedade do
trabalho abstrato e a converso para uma sociedade criadora de coisas teis. por isso que
quando o movimento de classe dos trabalhadores se restringe e se atm exclusivamente luta
pela reduo da jornada de trabalho, configura-se uma ao extremamente defensiva e
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3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS
exploratrio, contm vastos elementos descritivos e leva em conta o contexto em que ele se
desenvolve.
Ao adotar um estudo de caso, o pesquisador tem interesse em responder as questes
como e por que alguns fenmenos ocorrem, principalmente em se tratando de temas
atuais, que necessitam de uma anlise a partir de um contexto da vida real. O estudo de caso
visa o exame detalhado de um ambiente, de um sujeito ou de uma situao em particular
(GODOY, 1995).
Um estudo de caso um questionamento emprico que investiga o fenmeno
contemporneo dentro do seu contexto real de vida, quando os limites entre o fenmeno e
contexto no so claramente evidentes e nos quais mltiplas fontes de evidncia so usadas
(Yin, 2001).
A presente pesquisa estudou as transformaes ocorridas na empresa Cipla ao longo
da sua existncia, contemplando o perodo compreendido entre 1963 e 2007, e mais
especificamente dos ltimos 4 anos. Para tanto, utilizou-se da reconstituio do quadro
histrico, o que caracteriza a perspectiva longitudinal da pesquisa, analisando dados primrios
e secundrios.
Trata-se, portanto, de pesquisa baseada numa metodologia qualitativa do tipo
interpretativa, visto que esto presentes fatores histricos, culturais, polticos e ideolgicos da
organizao.
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b) Dados secundrios:
Obtidos por meio de consulta a um vasto material que compe o acervo interno, bem
como artigos de jornais e revistas, permitindo alcanar um expressivo nvel de detalhamento
na reconstituio histrica dos fatos ocorridos durante o perodo pesquisado.
65
CONTEDO
PROCESSO
66
Pettigrew (apud ALPERSTEDT, 2000), no entanto, observa que muitas pesquisas que
tratam de mudana organizacional, apresentam-se de forma no-histricas, no-processuais e
no-contextuais, procurando caracterizar a mudana como episdios com claro comeo e fim,
com dados limitados e sem a devida preocupao com o processo de mudana.
Todavia, no presente estudo de caso faz-se necessrio estabelecer certa delimitao,
para que a pesquisa atenha-se aos elementos que compem as transformaes vivenciadas ao
longo da existncia da empresa Cipla, com sede em Joinville/SC, no perodo de 1963 a 2007,
e mais especificamente, envolvendo a experincia autogestionria e seus desdobramentos a
partir de 2002.
A presente delimitao da pesquisa no possibilita a generalizao, uma vez que se
refere especificamente ao contexto da empresa Cipla.
Outro fator que deve ser considerado na anlise desta pesquisa reside no fato de o
pesquisador fazer parte da organizao, o que pode eventualmente levar a vieses de
interpretao.
67
4.1.1
Origem
Joo Hansen Jnior, influenciado pelo pai, um experiente tecelo que acreditava no
mercado das confeces masculinas, foi logo cedo aprender o ofcio de alfaiate com um dos
mais respeitados da cidade de Joinville, o Sr. Monich (ASSIS, 1997).
Passado algum tempo o alfaiate procurou seu pai: Joo, seu filho muito inteligente
para passar a vida tirando medidas, costurando ternos e fazendo barras, como eu. Ele nasceu
para outra coisa. No sei o que , mas no alfaiate (ASSIS, 1997, p. 14).
Em 1929, aos 14 anos de idade, Joo Hansen Jnior comeou a trabalhar como officeboy na Perfumaria Jasmim, de propriedade de Guilherme Urban. Nos prximos 10 anos se
especializaria como guarda-livros, acumulando vasto conhecimento em assuntos fiscais e
contbeis, fazendo carreira at o cargo de Gerente. Freqentemente era convidado a colocar
em dia as escritas fiscais de outras empresas, dentre elas a Albano Koerber e Cia, fabricante
dos pentes de chifre de boi marca Tigre, composta por quatro scios e trs funcionrios, a
qual passava por srias dificuldades (ASSIS, 1997, p. 17).
Em 02 de Janeiro de 1941, aos 25 anos de idade, Joo Hansen Jnior negocia a compra
da Albano Koerber e Cia, auxiliado por um generoso emprstimo recebido de Guilherme
Urban, dono da Perfumaria Jasmim onde trabalhava, que complementaria o capital necessrio
para efetivar a transao (ASSIS, 1997, p. 18).
68
69
70
Hansen fez surgir em setembro de 1963 a sua primeira subsidiria: Cipla (ASSIS, 1997).
Assim, em 1963, a Cia. Industrial de Plsticos Cipla inaugurada e inicia suas atividades num
galpo de 800 m2 com uma mquina extrusora, uma injetora e um torno (Acervo interno
CIPLA).
Durante a dcada de 60, a nova empresa cresceu vigorosamente e de forma sustentada,
passando dos 17 funcionrios que tinha em Outubro de 1963 para 212 em Dezembro de 1969,
representando um crescimento de 1.147 % em seis anos (Quadro de Pessoal CIPLA do
perodo de Out/63 a Out/88, obtido a partir das guias do INSS da poca).
A dcada de 70 seria marcada por fortes investimentos em instalaes prediais e
conseqente ampliao da sua capacidade de produo, permitindo a absoro de novas
tecnologias como sopro, rotomoldagem, injeo e cromagem, que se somariam quela de
extruso, inicialmente utilizada.
Em 15 de maio de 1970 foi assinado contrato firmado com o Fundec (Fotografia do
ato de assinatura do contrato - acervo da empresa CIPLA ) para ampliao das instalaes
industriais. Dos 224 funcionrios em Janeiro de 1970 passaria para 1719 ao final de 1979
(Quadro de Pessoal CIPLA do perodo de Jan/70 a Dez/79 acervo da empresa),
representando um crescimento no quadro de pessoal na ordem de 667%, em dez anos.
O reconhecimento do mercado no demorou a aparecer: A Revista Exame confere
este diploma a Cia. Industrial de Plsticos Cipla pelo melhor desempenho do ano no setor
Plsticos e Borracha (Certificado recebido pela Revista Exame em Setembro de 1978).
Dominando as novas tecnologias e aplicaes do plstico, durante a dcada de 80 a
Cipla consagra-se no segmento de materiais de construo, com presena marcante em
diversas feiras e eventos nacionais, patrocnios (acervo fotogrfico - CIPLA), tendo recebido
inmeras premiaes pela expresso junto aos revendedores e clientes.
Atuando tambm nos setores: agrcola, produzindo peas para tratores e semeadeiras;
automobilstico, fornecendo peas para automveis e caminhes; utilidade domstica, com
linhas de produtos voltados para o lar, alm de outros produtos para acabamento de
eletrodomsticos. Em pouco tempo a Cipla se tornou uma das empresas lderes no seu
segmento: A Confederao Nacional dos Diretores Lojistas CNDL tem a grata satisfao
de conferir o presente Mrito Lojista 88 a Cipla Cia. Industrial de Plsticos, com o
reconhecimento de todo o comrcio lojista brasileiro (Certificado recebido pela
Confederao Nacional dos Diretores Lojistas (CNDL)).
71
Nesse perodo, seu quadro de pessoal chegou a registrar 1882 funcionrios em maro
de 1981, passando a 1172 em outubro de 1981, ocasio em que a empresa tambm foi afetada
pela crise instalada na indstria nacional. Encerrou o ano de 1988 com 1430 funcionrios.
A dcada de 80 tambm seria marcada pela partilha dos bens do fundador Joo Hansen
Jnior, ainda em vida, aos seus herdeiros legtimos, dentre eles a sua filha Elizeth Hansen
Batschauer, casada com Luis Batschauer, filho do ento vice-presidente do Grupo Hansen,
Arno Neri Batschauer.
O patriarca Joo Hansen Jnior, 80 anos, deixou a direo das empresas h
vrios anos para seus filhos Joo Hansen Neto e Carlos Roberto Hansen, que
sempre contaram com a assessoria de executivos profissionais. Um deles
Arno Batschauer, que foi gerente do Banco do Brasil em Nova Yorque antes
de ser convidado a ocupar o cargo de vice-presidente do grupo em Joinville
(Jornal Dirio Catarinense, coluna de Economia, 05.04.89, p. 24).
A notcia da partilha teve repercusso nacional por meio da imprensa, interessada nos
bastidores que envolvera a maior empresa no segmento de plsticos do Brasil,
A diviso do imprio da famlia Hansen, que no ano passado movimentou
500 milhes de dlares comea a tomar contornos definitivos em Santa
Catarina. A iniciativa do prprio patriarca do grupo, Joo Hansen Jnior,
hoje com 80 anos, que pretende conclu-la ainda em vida [...] uma espcie
de antecipao de esplio para evitar conflitos de estilos administrativos, diz
Carlos Roberto Hansen (Exame, 1989, p. 19).
Segundo Rapouso (1989), a filha mais jovem do acionista Joo Hansen Jr., Sra.
Elizeth, quis administrar seus prprios negcios e adquiriu o controle de trs companhias que
at ento pertenciam ao grupo Hansen. [...] a Cipla passou a ser controlada pela Corporao
HB S. A., empresa recentemente criada. A HB detm 89% do capital da Cipla [...] Os outros
11% das aes esto distribudos no mercado (BERNARDES, 1988).
Acionista majoritrio juntamente com sua esposa, Luis Batschauer passa a ser o
principal executivo da Cipla e de outras empresas que posteriormente fizeram parte do
processo de inventrio.
[...] Como a transferncia das empresas Hansen Agropecuria, Tigrefibra
Industrial e Profiplast, do Grupo Hansen para Elizeth Batschauer, ainda est
em andamento, a direo da Companhia Industrial de Plsticos (Cipla)
integrante da Controladora HB, no est fornecendo detalhes sobre o
processo (Jornal A Notcia, 06/04/90, p. 11).
72
4.2.1
4.2.2
73
Cipla Tubos, Mangueiras e Flexveis; Cipla Indstria de Produtos do Lar Ltda., entre outras.
Cada linha tornar-se-ia uma empresa autnoma com estruturas diretiva, administrativa,
operacional e comercial, prprias.
Segundo Aurlio Jos Righetto, ento Diretor da empresa, para garantir um
faturamento de US$ 75 milhes at o fim de 88, viabilizar um crescimento nas vendas de 35%
em 89 e transpor sem arranhes o primeiro semestre de 88, quando o movimento de vendas
retraiu 30% em relao a 87, a Cipla lana mo de uma srie de estratgias empresariais, at
ento bem sucedidas. A primeira delas foi a implantao de unidades de produo de menor
porte, atendendo mercados geograficamente reduzidos, o que diminuiu custos importantes
como o de transporte (Jornal A Notcia, 08.12.88).
A especializao dos recursos humanos foi um dos trunfos da empresa para consolidar
a cultura de unidades de negcio na forma de divises. Para Aldo Cadorin, ento Diretor de
Negcios e Investimentos, a especializao, a concentrao de esforos na sua razo de ser o
grande trunfo, da o motivo para serem empresas separadas. Em todas existia um ponto em
comum: buscar o consumidor final, atravs de inmeros revendedores espalhados pelo pas
(Acervo interno CIPLA, 1989).
Para atender as demandas especficas de cada empresa, as reas administrativa,
financeira, recursos humanos, comercial, compras e produo, tambm foram reestruturadas:
Jonecir Alberto Borba, responsvel pela Administrao de Pessoal da Cipla Lar e junto
com ele esto Joo Ablio Gazaniga e Llian Marise da Silva (Acervo interno CIPLA,
1989).
Segundo o especialista em estrutura de organizao e estratgia de negcios, da
empresa de consultoria Arthur D. Litlle, Dulio Sandano, a mudana de estratgia empresarial
adotada pela Cipla no simples de ser concretizada. Segundo ele, a maioria das indstrias
brasileiras orienta-se mais para a fbrica do que para o mercado. A opo pelo mercado,
conclui ele, exige a remodelao da cultura administrativa o que leva de dois a cinco anos.
Aps mais um ano de intensas mudanas organizacionais e operacionais, a
Cipla chega, neste Dezembro, ao fim de um perodo de dezoito meses do que
intitulamos no Relatrio da Administrao 87, de virada empresarial. Em
1989 teremos trs empresas no GRUPO CIPLA (Cipla Materiais de
Construo, Cipla Lar e Cipla, Tubos, Mangueiras e Flexveis) (LUIS
BATSCHAUER, em entrevista ao Jornal interno Cipla Notcias, edio
inaugural, Dezembro/88).
74
meio de estratgias prprias. Para tanto, cada empresa tratou de instalar suas filiais e
escritrios de vendas por todo o Brasil. Segundo Luciano Emlio Molteni, ento Vicepresidente da Cipla, em 1989 estariam consolidadas as novas empresas e incrementadas
aquelas j existentes: Iniciamos um novo ano com a Cipla se tornando um Grupo de trs
empresas e tendo ainda a participao conjunta de outras coligadas, como a Brakofix,
Propack, Expresso Joinville, Global Informtica, Plastiplus, AVC Turismo e Ciquima
(Acervo interno CIPLA, janeiro de 1989).
75
ANSELMO BATSCHAUER
Vice-Presidente
GRUPO CIPLA
No. de Fbricas: 5
No. de Empregados: 1.196
rea Construda: 34.236 m2
Faturamento 1990: US$ 58.568 mil
Direo: Jos Luiz Erdia
GRUPO PROTEC
No. de Fbricas: 4
No. de Empregados: 1.118
rea Construda: 27.598 m2
Faturamento 1990: US$ 36.209 mil
Direo: Joo Tarciso Pola
GRUPO INDUSTRIE
No. de Fbricas: 4
No. de Empregados: 770
rea Construda: 33.367 m2
Faturamento 1990: US$ 38.531 mil
Direo: Hilrio Wolfgramm
GRUPO AGRO HB
No. de Fazendas: 5
No. de Empregados: 125
rea Total: 82.700 HA
Rebanho Bovino: 35.000
Direo: Hlio Schorr
76
77
4.2.3
Incio da crise
78
No fim de maro de 1990 a empresa Cipla anuncia entre outras medidas, a concesso
de um perodo de 35 dias de frias coletivas a 2000 funcionrios da rea de produo
destinada ao mercado interno, como alternativa para a queda brusca nas vendas (Jornal A
Notcia, em 31.03.90, coluna economia): Empresas do setor plstico reduzem salrios e
jornada. No grupo Cipla a reduo de salrios e de jornada teve incio na tera-feira e atingir
180 trabalhadores da rea administrativa durante 90 dias (Acervo interno CIPLA, 1989).
Com a proximidade da data-base da categoria e as incertezas do mercado, a
expectativa em torno da Conveno Coletiva defronta-se com as indefinies a cerca dos
reajustes e recomposies salariais e atinge tambm a Corporao HB, com uma paralisao
articulada pelo sindicato da categoria em junho de 1990:
Paralisao tambm atinge setor plstico O presidente da corporao HB,
Luis Batschauer, afirmou que esperava do sindicato uma atitude sria com os
trabalhadores. Nossa inteno melhorar o futuro para todos. Temos
oferecido benefcios que no so normais no Brasil (Jornal A Notcia,
15.06.90, p. 11).
79
80
4.2.4
81
4.2.5
Com vistas recuperao das empresas, o acionista Luis Batschauer e o corpo diretivo
decidem por contratar um executivo, transferindo assim o comando operacional das empresas
e centralizando seu processo decisrio. Antonio Fernando Cornlio, Ph.D em Administrao
nos Estados Unidos, passagem pelo Grupo Brasmotor, Adubos Trevo, RBS e Fundao
Getlio Vargas, foi o profissional selecionado para esta misso (Acervo interno CIPLA).
Em Novembro de 1995 a reportagem de capa da revista Expresso Empresarial
estampa: A Nova Corporao HB, e dedica inmeras pginas ao novo formato da empresa:
Com a administrao profissionalizada e centralizada em Santa Catarina, a
CHB, controladora da Cipla e de mais quatro empresas, est passando por
uma reforma completa, visando tornar-se mais produtiva [...] Muitos de ns,
empresrios ou dirigentes, ao perceber que estamos enfrentando problemas
gerados pela queda de competitividade, somos embalados nos cantos da
sereia de s pensar em corte indiscriminado de pessoas. Ceifando talentos
que poderiam perfeitamente ser absorvidos ou aproveitados pela
oportunizao de novos negcios [...] Estamos apenas no comeo de uma
grande virada. A CHB tem condies de se firmar como um dos maiores
grupos transformadores de plstico do pas e at da Amrica Latina.
FERNANDO CORNLIO (Acervo interno CIPLA, 1995).
82
4.2.6
83
Cansado de protestar sozinho, ele se articulou com militantes da Central nica dos
Trabalhadores (CUT), Partido dos Trabalhadores (PT) e outras lideranas sindicais. Era o
incio de uma nova etapa na luta dos trabalhadores. No mais se tratava de um nico
trabalhador indignado em frente fbrica, mas de organizaes polticas que assumiam a luta
pela defesa dos direitos de todos os trabalhadores (NASCIMENTO, 2004).
Com o carro de som cedido pela CUT, em 19 de setembro de 2002 vrios dirigentes
sindicais e representantes de classes se dirigiram para a portaria da Cipla com a finalidade de
mobilizar os trabalhadores:
84
Viemos pra frente da empresa, era uma hora da tarde, e pau na cara! Falando
tudo o que tinha pra falar, procurando incentivar o trabalhador. Os
trabalhadores que iam chegando, ficavam ali na frente. Trabalhadores que
iam saindo tambm ficavam ali na frente, ouvindo. E nesse dia ns
decidimos chamar os trabalhadores para uma atividade na Cmara dos
Vereadores na semana seguinte (Carlos Castro, assessor poltico do vereador
do PT Adilson Mariano em 2002 e atual Coordenador de Comunicao,
apud NASCIMENTO, 2004, p. 39).
O ato junto Cmara de Vereadores daria origem a uma srie de assemblias, reunies
e manifestaes de forma a alertar a comunidade e autoridades para a gravidade da situao.
Segundo Serge Goulart, um dos articuladores polticos do movimento grevista e atual Diretorpresidente da Cipla, foi um processo crescente de organizao e mobilizao que culminou
com a deflagrao da greve (entrevista a NASCIMENTO, 2004).
Simultaneamente organizao da greve, decidiu-se que seria entregue uma carta com
assinaturas ao candidato Luiz Incio Lula da Silva, em campanha na cidade de
Florianpolis/SC. O objetivo era sensibilizar, obter apoio e pedir garantia de trabalho. Para
tanto, foram deslocados dois nibus e cerca de 80 pessoas: Conseguimos lhe entregar a carta;
ele foi muito simptico. E dali comeou, foi o princpio da Luta (Luiz Gonzaga de Oliveira,
ajudante de produo em 2002, foi promovido a Supervisor de Segurana e posteriormente
demitido sem justa causa; em entrevista a NASCIMENTO, 2004, p. 41).
O retorno da viagem marcou o incio da greve, num cenrio poltico que indicava a
eleio do candidato Lula presidncia da repblica. s 5 horas da manh do dia 24 de
outubro, os trabalhadores que iniciariam o turno j no entram para trabalhar e passam a
acampar na frente da fbrica.
A greve iniciou em 24 de outubro, numa nova situao poltica. [...] Foi um
processo interessante porque em 24 de outubro, eram trs dias antes do
segundo turno. A gritaria de muitos dirigentes sindicais e do PT era a de que
seria um absurdo entrar em greve quatro dias antes das eleies. Que poderia
inclusive prejudicar a eleio de Lula. Os trabalhadores entenderam que isso
era um argumento incuo, que no tinha valor, porque exatamente o
movimento que eles estavam fazendo era o mesmo de votar no Lula, que era
defender seus interesses, seus direitos. Ento, essa modificao na situao
poltica entre janeiro e outubro, ela muito importante. Agora, se a situao
tivesse continuado como janeiro em termos de [falta de] organizao,
mobilizao, evidente no tinha acontecido nada, mesmo numa situao
mais favorvel. O elemento, digamos, organizador e ativo dos militantes que
se lanaram a preparar as mobilizaes, e ajudar os trabalhadores, foi o
determinante para que tudo acontecesse (Serge Goulart, um dos articuladores
polticos do movimento grevista e atual Diretor Presidente da Cipla, em
entrevista a NASCIMENTO, 2004, p. 41).
85
Para Carlos Castro, assessor do vereador Adilson Mariano em 2002, um dos principais
articuladores do movimento e atual coordenador de Comunicao da Cipla, foram oito dias
difceis, na chuva, passando frio e fome, mas houve persistncia por parte dos trabalhadores.
[...] foi uma queda de brao enorme. O proprietrio quis entrar na queda de brao com a
gente, mas a greve acabou ganhando o corao de todo mundo na cidade (entrevista a
NASCIMENTO, 2004, p. 44).
As propores do movimento despertam a ateno das autoridades pblicas. Recmeleito Governador do Estado de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira visitou o
movimento grevista na porta da fbrica e se comprometeu com os trabalhadores a viabilizar
uma soluo junto direo da empresa e justia do trabalho. Alm de ouvir as queixas dos
manifestantes e providenciar cestas bsicas, o ex-prefeito de Joinville solicitou a relao dos
empregados que tiveram gua e luz cortadas para restabelec-los junto aos rgos
competentes (Jornal A Notcia, 29.10.02).
86
4.3.1
Sob a argumentao de ter desenvolvido toda a tecnologia das peas, e que a Volvo
remunerara apenas pelos servios prestados e no pelos moldes, os funcionrios resistem
liminar concedida pela Justia do Paran. Diante da mobilizao para impedir a retirada dos
moldes, a Volvo concorda em negociar uma indenizao para a liberao dos ferramentais. A
empresa perde a produo correspondente e distribui o valor da indenizao recebida entre os
funcionrios, por conta de salrios atrasados.
87
Porque ns tnhamos deixado claro, que se por acaso a Volvo entrasse aqui e
no aceitasse a indenizao, se eles quisessem entrar com a polcia, ia dar
carnificina. E outra, ns iramos estourar os moldes deles. Eles iriam levar
poeira daqui (Carlos Castro, assessor poltico do vereador do PT Adilson
Mariano em 2002 e atual Coordenador de Comunicao, em entrevista a
NASCIMENTO, 2004, p. 70).
4.3.2
Identificar e eleger uma comisso legtima para gerenciar a empresa seria o primeiro
grande desafio dos trabalhadores. Essa comisso teria a responsabilidade de apurar o grau de
endividamento da Empresa, buscar alternativas junto aos credores para as dvidas acumuladas
e desenvolver fontes de recursos e linhas de financiamento para capital de giro.
As dvidas tributrias e trabalhistas da Cipla ultrapassam R$ 480 milhes. A
informao foi divulgada pela comisso de transio da Cipla/Interfibras na
tarde de ontem, em assemblia geral realizada no ptio da indstria. Na
reunio, que mobilizou 800 pessoas, trabalhadores e lderes sindicais
avaliaram e aprovaram propostas [...] Os clculos indicam que a
Cipla/Interfibras precisa ter um faturamento superior a R$ 4 milhes mensais
para garantir o pagamento de fornecedores e funcionrios e investir no
parque fabril [...] O que precisamos, agora, uma trgua, comentou o
coordenador das negociaes, Carlos Castro (HERBST, 2003, p. 8).
funcionrios,
de
forma
que
possam
ser
claramente
atribudas
88
Fator preponderante nas discusses seria a ideologia dominante dos novos dirigentes
que, pela vivncia estreita com organismos de esquerda, vinculados ao Partido dos
Trabalhadores (PT), Central nica dos Trabalhadores (CUT), 4. Internacional, Corrente O
Trabalho e movimentos sociais, passariam a disseminar o conceito de estatizao como nica
alternativa vivel para garantir os empregos - Fbrica quebrada fbrica ocupada. Fbrica
ocupada fbrica estatizada - Este seria o lema que embalaria a construo das polticas,
alianas e estratgias.
Quem dirige a Cipla ocupada o coordenador do Conselho de Fbrica, Serge
Goulart, 50 anos. Ele um escritor de orientao trotskista, militante em
tempo integral da corrente interna do PT O Trabalho, membro do diretrio
nacional do partido e ao mesmo tempo um crtico dele (OLIVEIRA, 2005, p.
7).
Segundo Serge Goulart, atual Diretor-Presidente da Cipla, [...] frente falncia das
empresas e a ameaa de desaparecimento dos postos de trabalho, a nica perspectiva realista
que sobra o controle operrio e a luta pela estatizao das empresas (NASCIMENTO,
2004, p. 123).
89
4.3.4
Poder e ideologia
90
4.3.5
Em junho de 2003, uma delegao das fbricas ocupadas (Cipla e Interfibra) foi
recebida pelo Presidente Lula, em Braslia, ocasio em que entregaram abaixo-assinado
contendo mais de 60 mil assinaturas em defesa dos empregos, propondo que o governo
encampasse e estatizasse as empresas, visto que dele 80% da dvida de mais de 500 milhes
deixada pelos antigos donos. O Presidente Lula comprometeu-se a buscar uma soluo para
garantir os empregos, tendo nomeado um grupo de trabalho com representantes de vrios
91
ministrios e do BNDES para estudar a questo. Passado quase um ano, nenhuma soluo foi
apresentada (Jornal O Trabalho, 7 a 20 de Abril/2004, p. 2).
Reiterando a estatizao, em maio de 2004 trabalhadores das Fbricas Ocupadas
retornam Braslia e fazem manifestaes. O Ministro Luiz Dulci recebeu representantes do
movimento e reconheceu a gravidade da situao: Realmente, tem que ter uma soluo
duradoura, como vocs colocam (Luiz Dulci). Ele se comprometeu a expor a situao ao
presidente de regresso a Braslia, encaminhar a discusso com o BNDES e a audincia com
Requio (Jornal O Trabalho, 8 a 20 de Julho/2004, p. 4).
Com a necessidade de fortalecer as aes e ganhar notoriedade, o movimento das
Fbricas Ocupadas junta-se a outros movimentos sociais, organizando e participando de
eventos nacionais e internacionais. Em dezembro de 2006 a Cipla foi sede do Encontro Panamericano em defesa do emprego, dos direitos, da terra e do parque fabril. O evento objetivou
discutir e ampliar a luta pela estatizao das Fbricas Ocupadas, pelos direitos bsicos do
trabalhador, pela soberania nacional e integrao entre a classe trabalhadora internacional
(JORNAL CHO DE FBRICA, Fevereiro/2006).
4.3.6
A posio do Governo
92
93
Judicirio: Informamos que ele (Lula) lamenta no poder atender seu pedido por ser o
assunto apresentado de competncia do Poder Judicirio. Conforme determina a Constituio,
o chefe do Executivo no pode intervir nas questes de outro poder (Jornal O Trabalho, 29
de Junho a 14 de Julho de 2005, p. 4).
Em meio luta pela manuteno dos empregos, o movimento das Fbricas Ocupadas
recebe apoio de polticos regionais. O prefeito Marco Tebaldi participa da assemblia dos
trabalhadores da Cipla e Interfibra, evento que organizava um encontro com o Presidente
Lula. Na ocasio, o Prefeito entregou uma carta de apoio ao movimento a ser encaminhada ao
Presidente, solicitando esforo da Unio para a recuperao das empresas (Acervo interno
CIPLA, 2005).
Vereadores conseguem fim dos leiles da Cipla [...] A Fazenda Nacional
suspendeu os leiles envolvendo mquinas da Cipla. A deciso foi anunciada
pelo procurador Mrcio Florncio, segunda-feira tarde, durante reunio no
gabinete do presidente da Cmara de Vereadores, Darci de Matos. [...]
Vamos conseguir outro acordo com o INSS e com isso acabar com o
fantasma dos leiles (Acervo interno - CIPLA).
4.3.7
94
4.3.8
95
96
4.3.9
Em atendimento deciso prolatada pelo Exmo. Dr. Juiz Federal Substituto, Oziel
Francisco de Souza, a partir de 30 de maio de 2007 a empresa Cipla est sob interveno
judicial, para a qual foi designado o Professor Rainoldo Uessler:
[...] o interventor dever realizar um diagnstico administrativo, financeiro e
contbil, bem como auditoria integral na executada e demais empresas do
Grupo Cipla, visando dar ao Juzo conhecimento seguro a respeito da
situao real de tais empresas (DECISO PROCESSO EXECUO
FISCAL N. 98.01.06050-6/SC).
97
98
trabalhadores, todos deveriam passar o crach, porque tem muita gente que vem trabalhar a
hora que quer ou vem uma ou duas vezes por semana (DEPOIMENTO 138 Apndice 2);
Ns, grevistas contratamos vocs para nos ajudar a tirar a empresa do buraco, no para fazer
agito e baderna em outras empresas (DEPOIMENTO 101 Apndice 2).
99
Por outro lado os novos dirigentes, que defendem a ideologia socialista e a estatizao
da empresa, encontram a sua frente difcil misso de autogerir uma empresa deficitria, que
atua num mercado capitalista e depende das relaes com os diversos setores deste mercado.
Desempenhando esse papel, os dirigentes necessitam no cotidiano, assumir posturas de
controle, instituir instrumentos disciplinares e tomar decises que outrora condenaram. Ao
responder sobre o destino dos funcionrios descomprometidos, 72% dos pesquisados
mostraram-se favorveis dispensa, o que contraria a ideologia protecionista.
A busca de equilbrio e justia no ambiente de trabalho observada no relato annimo
de um funcionrio de alto escalo da empresa:
A tentativa de demisso de 5 funcionrios por motivos de divergncia
ideolgica. A unio de um grupo de trabalhadores que se chocaram com a
injustia que iria ser cometida, impediu que esse ato inconseqente fosse
efetivado. A partir de ento, houve uma certa correo no rumo e a
ideologia do grupo responsvel pela ocupao da fbrica passou a conviver
de uma forma pacfica com a vontade dos funcionrios que isentos de
ideologia, querem apenas manter a empresa funcionando, garantindo assim
os seus empregos (DEPOIMENTO EXTRA - Acervo interno CIPLA,
2006).
100
CONSIDERAES FINAIS
101
fazer valer os ideais anticapitalistas. No obstante, foi possvel observar que simultaneamente
e silenciosamente o poder tratou de promover mudanas conceituais nessas lideranas que,
diante das possibilidades, passam a admirar, usufruir e adotar smbolos e confortos tpicos do
capitalismo, tornando-os mais iguais que os outros. Este contexto permite fazer uma
analogia obra de George Orwell (2000) intitulada A Revoluo dos Bichos, escrita
originalmente em 1945, a qual passa a ser leitura complementar desta pesquisa. No incio foi
criticado tanto a torre de marfim (sala da diretoria), mas hoje se percebe tantas mini torres
(DEPOIMENTO 99 Apndice 2).
Da mesma forma que as oportunidades, tambm os desafios, comuns ao ambiente
empresarial bateram porta dos novos dirigentes, exigindo aes e decises outrora
condenadas. As dificuldades financeiras, no resolvidas, fizeram acumular sagrados
compromissos com o FGTS e rescises contratuais, alm perpetuar os parcelamentos de
salrios, frias e dcimos-terceiros.
Eu s espero que essa nova parceria que veio de fora, e que hoje administra a
empresa, saiba o que est fazendo, porque at agora foram poucos os
resultados. Nossos salrios continuam parcelados e o nosso fundo de
garantia sem depsitos, e a insegurana cada vez maior (DEPOIMENTO 60
Apndice 2).
Uma anlise, que se prope mais apurada, sobre a experincia vivenciada pela Cipla
na construo e conduo de um empreendimento autogestionrio, somada fundamentao
terica apresentada, permite ao pesquisador afirmar que, muito embora tenha em suas origens
a proposta de se tornar o modelo ps-capitalista, a autogesto vivenciada pela Cipla at ento
preserva, por necessidade ou por condicionamento, caractersticas inerentes s organizaes
burocrticas.
Com hierarquias bem definidas e salrios diferenciados, os dirigentes tendem a se
perpetuar no poder, seja pelas semelhanas ideolgicas entre si, seja pela adoo de
instrumentos de coao e represso. As normas e procedimentos tratam de estabelecer
102
103
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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Fevereiro/2006.
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BIBLIOGRAFIA
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APNDICES
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APNDICE 1
Sim
Mais
Mais
No
112
113
114
115
APNDICE 2
DEPOIMENTOS
1) (08) No h democracia, pois em assemblia ou com chefes, sempre que damos alguma
sugesto, nos dizem que vo ver, ou nos enrolam pra no encher o saco deles. Nunca do uma
resposta razovel, peo no tem vez. Na ltima assemblia falou-se em cortar gastos,
justifique como que fizeram banheiro particular para o Onirio, ele deve ter bunda de ouro
para no usar o banheiro coletivo, no ? Ns da fbrica (peo do cho de fbrica) temos que
nos humilhar para conseguir um aumento de R$ 0,40 ou R$ 0,50 p/ hora enquanto que alguns
cargos passaram do teto de R$ 3500 para mais de R$ 5500 por ms, e at mais R$ 8000,
somos tratados como bobinhos da produo, quanta injustia.
2) 1o- Respeitem o funcionrio como ele merece. 2o. Quando for feito recrutamento externo
selecionar quem precisa e no parente de "puxa-saco" ou das panelinhas da empresa. Fazer
justia com o sobrinho da Silvia da montagem.
3) A cipla 4 anos atrs quando os operrios pegaram para trabalhar foi combinado que no
botariam ningum para trabalhar sem que fosse feito reunies com os operrios mais no
isso.
4) A Cipla uma me, mas as pessoas que administram-na falam uma coisa e fazem outra, na
verdade falta muita tica... Que pena, afinal a Cipla j poderia ter sado do poo se no fossem
esses sanguessugas.
5) A empresa deve cumprir o pagamento dos salrios atrasados para os trabalhadores
comprometidos com a recuperao e manuteno dos postos de trabalho. Falta vestir a camisa
alguns dirigentes no muito preocupados com a produo, dando mau exemplo aos
trabalhadores. Alguns trabalhadores tambm no esto nem a. Uns na parte poltica com a
produo e outros da produo e administrativo com a poltica. Tem que haver mais unio.
6) A empresa deveria valorizar o trabalhador tambm pela sua competncia, no s pela sua
simpatia causa e corrente poltica.
7) A empresa poderia sim pagar o salrio que falta dos anos p/trs depositando do ms um valor
x, e dar uma parada legal nas contrataes.
8) A empresa sem dono ruim porque tudo muito a vontade e parece que falta "aquele"
comprometimento. A empresa com dono pode ser ruim devido presso ao trabalhador e a
seus direitos. O bom seria a empresa sem dono, porm com comprometimento de todos e
participao nos resultados. Tem muita gente antiga na empresa, com idias antigas, com
salrios altos e pouco produtivas e muitas delas j aposentadas. Bom seria pagar os direitos a
essas pessoas e colocar "sangue" novo, mais barato e mais at qualificado devido s
exigncias atuais do mercado.
9) A empresa s minha quando para colaborar com rifas, assemblia geral para encher
lingia, salrio virou rotina o parcelamento, 1a. Semana 200,00, 2a. Semana 250,00 e por a
vai, gastos indevidos com construes, se reforma uma sala depois quebram duas, aqui se
viaja por qualquer motivo, alugam carros, ser que com tudo isso a "minha" empresa vai pra
frente?
10) A falta de equipamentos de trabalho algo que me incomoda muito, acredito que no somente
eu como meus colegas de trabalho. Embora o setor tenha sido reformado temos ratos que nos
visitam e pe em risco nossa sade.
11) A feira deveria ser mais barato. A lojinha um pouco mais barato. Tambm a alimentao com
um valor menor.
12) A onde fica a fiorino a noite que no vejo na empresa e os funcionrios privilegiados que
deitam e rolam na empresa e ningum faz nada, porque so protegidos pela elite, no usam
116
117
Profiplast.
32) Comisso de fbrica quando que vocs vo fazer presso para que o responsvel pela fbrica
v pagar os salrios atrasados?
33) Considero em determinadas reas muitas pessoas, e na produo de onde vem o faturamento
so poucas pessoas p/ trabalhar.
34) Dar mais chance as pessoas que estuda e trabalha aqui dentro da empresa.
35) De vez em quando est saindo pessoas da rea administrativa, ento ao em vez de contratar
algum p/substituir a vaga, que tal consumir essa vaga que no seria importante para colocar
algum na produo. Outra sugesto: uma pessoa que ganha R$ 3000,00 por ms sair da
empresa, no colocar outra pessoa ganhando mesmo, mas sim contratando 2 pessoas p/rea de
produo ganhando inicial R$ 2,78 p/h. Isso diminuiria a folha de pagamento, assim sobrando
dinheiro. Diminuiria a rea administrativa que por sinal tem muita gente p/mandar e pouca
p/trabalhar, e aumentaria a rea de produo. Fazendo alguns cortes de custo, quem sabe a
empresa comece a evoluir cada vez mais.
36) Desde que a fbrica foi assumida pelos trabalhadores nossa situao no melhorou a rea
administrativa est sobrecarregada, muita gente ganhando muito e fazendo pouco, o
faturamento entra em um funil sem fundo. Cad nosso atrasado???
37) Desejo um salrio de acordo com o cargo que ocupo.
38) Devemos rever a questo dos empregados da rea administrativa, so muitos fazendo quase
nada, alm de haver muitos que no sabem aproveitar a liberdade que tem e acabam abusando.
H alguns administradores que s visam o prprio bolso, so os sanguessugas da Cipla, os
grandes da empresa devem dar o exemplo.
39) Deveria acabar com a maioria dos cargos de chefia, e contratar mais pessoas p/trabalhar na
produo. Acabar com as panelinhas daquele pessoal que no participam da greve so eles que
decidem quem mudam de cargo na empresa de preferncia os puxa sacos que os cercam.
Trocaram o coordenador da noite, que pegava junto com o pessoal e colocaram um que vive
na internet vendo pornografia e raramente vem as sextas-feiras. Gostaria que quando falasse
em trocar os que no se comprometem com a empresa isso tambm servisse p/toda gerencia
que vive falando pelas costas, mesmo quando aceitar a proposta. Geralmente vem dali as
fofocas. Abrir mais espao p/os trabalhadores terem oportunidade de crescer dentro da
empresa como: - ajuda de custo para fazer cursos. - Cursos dentro da empresa. - Escolinha de
mecnica, eltrica, administrao, isso ajudaria o trabalhador daqui a crescer e no precisaria
contratar pessoas de fora. Cad a nossa creche, a rea de lazer. Queremos que esta empresa
seja administrada para todos os trabalhadores.
40) Deveria haver recolocao, reavaliao salarial para quem mostra interesse. Cada um trabalhar
no seu devido lugar, operador operador, ajudante ajudante. Mais rigor nas faltas e chegadas
atrasadas com freqncia, principalmente no parar mais as mquinas aps as 18:30 hs.
Aumento de salrio s para quem faz por merecer.
41) interessante a preguia para a empresa.
42) Em quatro anos, nosso real objetivo foi atingido muito pouco, poderamos ter alcanado bem
mais, se todos tivessem agarrado a luta com mais garra. Desejo como prioridade os direitos
dos trabalhadores em dia, pois assim teremos motivaes de sobra para seguirmos em frente,
tanto na rea produtiva como poltica da empresa. Sucesso para todos!!!
43) Em relao ao meu lder, nenhuma das questes se enquadra, visto que no somos instrudos,
treinados, orientados, respeitados e convidados a participar e contribuir para um melhor
resultado. Com relao a conhecimento e competncia, ainda no tive a oportunidade de
presenciar esse fato. Essa posio no para prejudicar ningum, muito pelo contrrio, todos
ns temos objetivos comuns aqui dentro e temos que melhorar isso, antes que seja tarde.
44) Enquanto um puxa para l outro para c no d certo nunca vamos pegar todos juntos pra dar
certo e Deus nos ajude.
118
45) Esse negcio de por limite na lojinha uma falta de vergonha, a pessoa que elaborou isso no
mede as conseqncias dos pagamentos dos menos favorecidos.
46) Esta pesquisa que os senhores colocaram para ser respondida um tanto ridcula, pois ela s
trs as respostas que os senhores querem, no as respostas que ns gostaramos de responder.
Quanto pergunta: parcelamento semanal me incomoda: esta pergunta ridcula, pois os
senhores bem sabem que , pois trabalhamos todos os dias cumprindo o horrio total e no
parcelado. Pergunta sobre os lideres: nesta pergunta os senhores deveriam ter colocado a
diretoria. Na diretoria s tem prepotente fazem o que querem, como querem e olham os
trabalhadores de cima para baixo, tambm tem lder ignorante que no sabe falar com as
pessoas, trs problemas de casa e quer descontar nos operadores. Tambm quando se faz uma
pesquisa objetiva tem que ter as seguintes respostas: sim, no traou nra. Quanto ao FGTS,
incomoda sim, pois meu e no est no lugar que devia. Quanto a liquido maior do que uma
serie de benefcios: Na Cipla no tem benefcio para ser retirado da folha. Quanto a refeitrio,
odontofama, fisioterapeuta um de
47) Estou contra a forma de contratao de funcionrios onde s contratado parentes de quem
faz parte da comisso ou indicado por eles. Nepotismo.
48) Eu acho que a empresa deveria dar mais oportunidade de estgios para pessoas que j
trabalham aqui, e no para pessoas de fora a parentes de funcionrios (panelinha).
49) Eu acho que as pessoas deveriam respeitar mais o outro, para nos sentirmos mais valorizados
no que fazemos. Para vir trabalhar com mais nimo. Acredito que o pagamento vai melhorar.
Obrigado.
50) Eu acho que as pessoas que administram a fabrica, deviam ver os setores onde tem gente
sobrando e passar essas pessoas a onde est faltando.
51) Eu acho que os aposentados que esto na empresa deveriam sair. Uma que j tem ganho
prprio, e esto tirando lugar de muita gente boa que poderia trabalhar, pais e mes de famlia
e ainda por cima de tudo isso no participa de nem uma movimentao da empresa, no so
todos, mas a maioria.
52) Eu acredito que a empresa ir melhorar e pagar o pagamento em uma vez s, e comear a
depositar os nossos benefcios. E continuarei acreditando. E a esperana a ltima que morre.
53) Eu espero que por parte da gerncia do meu setor reconhea o meu esforo e meu desempenho
no trabalho. Eu fao tudo o que ele faz na maquina, a diferena que no sou pago o mesmo
que meu colega do meu lado ganha. Muitos deles so mais novos de casa e recebe melhor.
54) Eu gostaria de ganhar um pouco a mais do meu salrio porque nos que produzimos. Ficamos
8 horas numa mquina injetora ento ns merecemos de ganhar aumento. A chefia no
reconhece o nosso trabalho de cada dia.
55) Eu gostaria que as pessoas da empresa pensassem muito, desde o grande at pequeno. Isso
importante para ns e famlia, e o futuro do nosso filho. Vamos lutar e mostrar para as
pessoas, o nosso trabalho aqui dentro e dizer ao governo que queremos trabalhar e dar ao
futuro ao nosso filho e famlia.
56) Eu gostaria que o salrio fosse depositado tudo de uma vez, e o FGTS est na hora de comear
a depositar tambm porque isso uma vergonha j esta na hora.
57) Eu gostaria que tirasse essa comisso e colocasse uma pessoa que se preocupe mais com a
nossa empresa e menos com a poltica. Colocasse nosso pagamento em dia, e comeasse a
depositar o nosso fundo de garantia.
58) Eu me sentiria mais seguro pela administrao eleita pelos trabalhadores se este pessoal
acompanhasse mais as dificuldades que estamos tendo para produzirmos e atingir as metas, e
o pessoal de processo dar mais apoio na produo o que no est acontecendo, pois todo
faturamento depende da produo que no est sendo valorizada.
59) Eu queria saber se os que ganham mais de dois mil reais recebem em parcelas igual ns
porque tem muita gente ganhando acima de dois mil reais aqui dentro da empresa sem fazer
119
nada com uma agenda debaixo do brao e ns operadores que ficamos o dia todo na mquina
muitas vezes de p ganhamos um salrio to baixo.
60) Eu s espero que essa nova parceria que veio de fora, e que hoje administra a empresa saiba o
que est fazendo, porque at agora foram poucos os resultados. Nosso salrio continua
parcelado e o nosso fundo de garantia sem depsitos, e a insegurana cada vez maior.
61) Eu s no estou satisfeito com a administrao por receber o salrio de 600,00 em trs vezes,
isto um absurdo. Enquanto quem ganha 3000,00 mil reais na ultima semana pega dois mil
reais s numa vez s, pensa nisso Srgio.
62) Eu s tenho a comentar que me sinto feliz dentro da empresa sou bem tratado por todos.
muito bom trabalhar na Cipla.
63) Eu trabalho nessa empresa 15 anos, mas nunca tive uma oportunidade de colocar ningum
para trabalhar nessa empresa. Gostaria que vocs dessem mais oportunidade a um funcionrio
que trabalha aqui do que um desconhecido.
64) Falta pagar salrios atrasados. Est faltando comprometimento por alguns membros da direo
da empresa com a produo da empresa parece que no esto nem a p/empresa. Parece que
julgam eles os donos e podem eles fazer o que querem que ningum liga. Tambm tem
pessoas que esto na luta poltica que muito importante, mas no para eles. Vem na empresa
a hora que querem sempre arrumando desculpas que esto a servio, no cumprem o horrio
de servio.
65) Favor pagar o salrio em duas vezes.
66) Fazer pagamento no parcelado. Colocar muitos desses vadios trabalharem, e no ficar
passeando dentro da empresa. Valorizar mais ns cho de fabrica, fazer cumprir plano de
carreira. Porque s entra gente com indicao dos mais fortes, de ns do cho de fbrica no.
Pegaram por exemplo na ferramentaria o filho do Ciro, sobrinho da Marlene filho do Milto.
67) Feira mais barato, pois est muito caro comparado as verdureiras. A lojinha deveria ser mais
em conta para funcionrios.
68) Gostaria de saber sobre o salrio atrasado. Foi falado muito e pagar mais continua esquecido
pela direo. Porque eu continuo fazendo a minha obrigao.
69) Gostaria que a empresa colocasse os pagamentos em dia e efetuasse o mesmo em parcela
nica e depositasse o FGTS.
70) Gostaria que a empresa se preocupasse mais com os empregados como por ex. salrio em dia,
dcimo em dia, sabemos que difcil, mais falta um pouco mais de ateno dos reais
administradores. Obrigado.
71) Gostaria que fosse melhoradas as duas primeiras parcelas do pagamento.
72) Gostaria que melhorasse o parcelamento dos pagamentos em uma vez ou duas. Acredito que
um dia acontea o que foi prometido o salrio em dia.
73) Gostaria que o pagamento fosse feito s em uma parcela no comeo do ms e tambm
depositar o FGTS.
74) Gostaria que o salrio fosse pago pelo menos em 2x.
75) Gostaria que o salrio fosse parcela nica e que se programasse com o dcimo para quitar at
o ms de dezembro no esquecendo do atrasado.
76) Gostaria que os novos colaboradores antes de iniciar qualquer atividade, fossem bem
orientado pelos lideres, geralmente isso no acontece.
77) Gostaria que trocasse de assistente social (Madalena) por ser uma pessoa sem competncia
para o cargo que exerce.
78) Gostaramos que a primeira parcela do pagamento fosse mais de 200 porque com 200 reais um
pai de famlia no consegue fazer um pedido/ que haja uma troca de lder de setor.
79) Gosto de trabalhar nesta empresa por motivo de trabalhar mais de 32 anos nela. Por isso tenho
orgulho de estar trabalhando aqui.
80) Gosto do que fao, amo meu trabalho, considero minha 2a. Casa, acredito na luta, espero que
120
a empresa no feche suas portas por falta de responsabilidade do governo, gosto de trabalhar
com meus colegas e lder, s gostaria que s vezes meu trabalho fosse reconhecido e espero
trabalhar muitos anos nesta empresa que de onde tiro o po de cada dia e posso pagar meu
aluguel. daqui que sustento minha famlia, reconheo e conto para todos que tive
oportunidade de crescer profissionalmente. Gostaria que a empresa pudesse oferecer supletivo
para terminar o 2o. grau, depositar o fgts para talvez eu pudesse financiar uma casa e sair do
aluguel que me mata. Trabalho acreditando num futuro melhor para mim e para todos que
lutam nesta empresa. Meu lder um cara legal, capacitado, pena que s quer fazer
acabamento, no pega na mquina e quando se reclama no somos ouvidos, como pode
algum que s porque tem mais tempo de firma escolher servio se essa pessoa tem
capacitao, cargo melhor salrio melhor querer s mole.
81) H boatos que alguns integrantes da comisso esto enriquecendo a custa do pessoal de cho
de fbrica, que talvez h existncia de caixa dois para aqueles que fazem parte da panela.
Colocam pessoas incapacitadas ganhando muito e no entendem nada, s porque tem canudo.
No escritrio tem muitas pessoas, pois essas pessoas tm tempo no seu horrio de trabalho, ir
manicure e ao cabeleireiro sendo que ns da produo temos que cumprir corretamente o
horrio de trabalho. errado um salo de cabeleireiro dentro da fbrica. H muita coisa
errada. Sugestes: Para votao em assemblia e abaixo assinado para todos os turnos. Pagar o
pessoal que ganha at 600 reais na 1a. parcela e depois nas outras intera o que falta. Todos os
feriados durante o ano que caem no meio da semana transferi-los todos para sexta-feira. A
empresa sai ganhando na economia de matria prima e energia eltrica. E os trabalhadores tm
o seu final de semana prolongado.
82) H boatos que alguns integrantes da comisso esto enriquecendo as custas do pessoal do cho
de fbrica, estamos desconfiados a possibilidade caixa dois. Tem muita gente ganhando muito
no fazendo nada. Tem chefe colocando pessoas no caso administrativo para determinado
trabalho com o salrio acima dos que j esto na rea peo trabalhando fazendo o servio do
A. B. ganhando como c me refiro pessoas que esto na empresa ganhando como salrio de A.
B. Dizem que a empresa em uma hierarquia de salrio c-pro B e A - cad a hierarquia?? Que o
chefe passa por cima dele s porque amigo e parente? E nem sempre essas pessoas so
capacitadas para o cargo. Sugesto: Salrio de quem ganha at 500, 600 reais na primeira
parcela porque quem ganha acima disso j estamos no dia 15 e no recebi o meu salrio ainda
que 550 reais s 450 at agora.
83) Igualdade para todos, se a empresa facilita a voc ou motivar a estudar esse benefcio para
todos e no para alguns nesse momento existem muita apadrinhagem e muita injustia.
84) Item 15 - Pessoas comprometidas a querer fazer greve em outra empresa, se preocupar no
com a Cipla, mas com a poltica particular Castro, mas no dia da comisso, carro alugado para
integrante da comisso que no trabalha mais aqui, gastando dinheiro de quem trabalha, muito
chefe sem necessidade, chefe orgulhoso e incompetente integrando a comisso mal
administrao, em todos os aspectos. Serge ganha muito pelo que faz e carro busca ele em
casa. Minha opinio: cortar muitas pessoas sem necessidade que no pouco, e com o
dinheiro pagar um administrador competente, se no pode vim matria prima de graa o ano
inteiro e nada melhorar e sim piora. Onelia e tanto dinheiro jogado fora.
85) Item 66: No tem como, pois s entra parentes de alguns elementos da comisso e indicado
por alguns chefes. Item 19: A empresa tem como dono os lideres Serge, Castro e toda chefia
da empresa, pois sabemos que eles saem quando querem e no descontado nada, no entanto
quando ns faltamos 5 minutos j vem descontado na folha de pagamento.
86) Item 8 - No considero democracia qdo algum manifesta seu pensamento e a liderana perder
o controle em reunio geral. Item 15 -> Tbm no democracia se livrar de um individuo s
porque no compartilha do mesmo pensamento, sendo que o mesmo tem 100% de produo
no seu trabalho.
121
87) Lamentavelmente nem todas as decises so aprovadas na assemblia. Ex: A Cipla no tem
condies de pagar em dia os seus compromissos, mas sempre tem dinheiro para novas
reformas e novas contrataes, com uma folha inchada onde nunca vamos chegar na sade
financeira.
88) Mais transparncia, menos enganao. Lobos em pele de cordeiros. Comunismo j era.
Samos da boca do tigre e camos na boca do hipoptamo. Muitos pra-quedistas na empresa.
O pessoal deles que no quer trabalhar.
89) Meu desejo que a empresa resolva pagar o pagamento e dcimo em dia, isso d mais nimo
para o trabalhador.
90) Meu lder uma boa pessoa e conhece seu trabalho muito bem, em relao s pessoas que ele
lidera, no so tratados iguais eu particularmente, ele trata muito bem, e outras no.
91) Muita chefia para poucos empregados. Como pode melhorar desse jeito??
92) Muito chefe nesta empresa. Dos antigos que querem sair, porque no fazer acordo para que de
vez em quando um possa sair depois outro, assim daria lugar para tanta gente que procura
emprego a fora, enquanto aqui tanta gente ganhando dobrado.
93) Muito chefe pra pouco ndio e muita gente ganhando muito e fazendo pouco.
94) Na empresa existe lder que tem preferncia mais por uma pessoa, do que a outra e acaba
ofendendo as pessoas que trabalham junto. E tem muita gente que no faz nada nem sabe o
que esta fazendo l dentro da empresa.
95) No considero o cabeleireiro importante porque as mulheres do escritrio vm fazer as unhas
na hora do servio e isso no certo e tambm no salo eles gastam telefone que ns pagamos
a conta.
96) No mudando a empresa de lugar o resto teria que mudar tudo at o diretor.
97) No podendo sair da empresa, me sinto muito bem trabalhando aqui.
98) Necessrio fazer pesquisa de satisfao por setor como refeitrio, produo, administrao,
das pessoas que trabalham e freqentam, para melhoria do ambiente de trabalho.
99) No inicio foi criticado tanto a torre de marfim, mas hoje se percebe tantas mini torres com
direito at de... ouro. Se criticar tanto a antiga hierarquia gente que durante anos prejudicou a
ns, mas hoje o que se percebe que eles continuam no poder aps tanto tempo depois ns
prejudicado, ou seja, no mudou nada s observar com ateno todos disfarados de
cordeirinhos. Exemplo: Davi, Marlene, Jonecir e muitos outros s voltar na histria e ver
quem estava dependurado no saco do homem.
100) No meu caso o lder acata nossas sugestes, e sai falando que foi ele que desenvolveu.
101) Ns grevistas contratamos vocs para ns ajudar a tirar a empresa do buraco no para fazer
agito e baderna em outras empresas, deste jeito ns nunca vamos ter dinheiro p/ fazer o
pagamento numa parcela s; se no fosse a incompetncia de vocs daria para pagar numa vez
s o pagamento. Eu sa da comisso porque no agento mais esta falta de vocs, porque s
vale a de vocs; as nossas idias no vale nada. A comunidade de Joinville nem quer ver mais
vocs.
102) O Jorge, a Marlene e o Onirio so a vergonha da administrao, eles ignoram quase todo
mundo da fbrica, parece que so os donos e no precisa de ningum.
103) O lder muito esnobe e muito quietinho para a vaga que ocupa, no quer impor solues
para melhorar ajudar a empresa e os funcionrios / A empresa boa gosto muito. O servio
bom e tem muitas coisas boas. Obrigado.
104) O meu comentrio a fazer que as pessoas que tem um cargo melhor do que os outros, no
tratem com despeito os outros com menor cargo.
105) O pagamento deveria ser pago em duas parcelas, seria bom.
106) O salrio do operador est defasado, tem que ter uma igualdade operador de mquina tem
que ganhar como os outros operadores simplesmente aquele que faz o curso. Espero resposta.
Vamos igualar. Sendo todos op. OK. E minha sugesto?
122
107) O sindicato no est atendendo bem os funcionrios da Cipla. Em relao aos lideres eles
s querem colocar na cola dos outros, isso em todos os turnos. Eu no acredito que essa ida a
Braslia resolva alguma coisa s dinheiro jogado fora.
108) Onde est a Fiorino que a noite nunca est no ptio da empresa? Favor esclarecer sobre o
suposto US$ 16.000 milhes de dlares que a firma recebeu do Hugo Chaves onde est esse
dinheiro? Est na hora de acertar dvidas com os funcionrios (FGTS, salrio em dia). Parem
de enganar os analfabetos e coitados dessa empresa.
109) Os lideres deveriam motivar mais os colaboradores.
110) Os trabalhadores poderiam melhorar ainda mais em termos de disciplina com os horrios
de trabalho durante o expediente.
111) Pagamento em duas vezes. Pagar resciso de trabalho total com fundo na empresa. Criar
um fundo de indenizao igual a Ferreirinha.
112) Pagamento em uma ou duas vezes. Depositar o FGTS. Mais chance para estudar, pelo
menos para quem no tem o estudo fundamental.
113) Pagar o salrio em parcela nica e j penso no 13o.
114) Pagar o salrio pelo menos 2 vezes pagando mais de R$ 200,00 na primeira parcela.
Referente ao Anderson (Coordenador 1o. Turno) passa a maior tempo na Ferramentaria
conversando sobre assuntos que no diz respeito empresa e tambm no sai do PCP jogando
pacincia no computador entre outras coisas, se acha o grande chefe, mas no faz falta alguma
na empresa s um peso do lado errado da balana. OK.
115) Para trabalhar uma firma muito boa, pena que existe alguma panela e a s do valor para
quem est dentro.
116) Parabns pelas fabricas ocupadas pelos trabalhadores.
117) Pelo pouco tempo que tenho na empresa deu para sentir o engajamento das pessoas nesta
causa to nobre que a Cipla voltar a ser o que era antes.
118) Penso que tem muitas pessoas erradas fora da sua competncia, e muitas pessoas ociosas
paradas na maior parte do tempo, sem funo ou trabalho, pessoas m administradas, ou m
ocupadas, pessoas contratadas para uma determinada funo ou competncia e acaba com
funes bem mais baixas mantendo o mesmo salrio na qual foi contratado.
119) Pessoas no competentes na administrao. Muito chefe sem necessidade, carro alugado
para vadio da comisso viajar. Pessoas luxuosas na administrao e outras andam de um lado
para outro sem fazer nada.
120) Pois eu acho que no sou valorizado pelo meu chefe s comparsas e nada mais e s que
interessa a eles oportunidade e dado s a que no merece eu tento dar tudo de mim mais s
vezes eu me sinto excludo dos outros.
121) Por favor, pagam nosso salrio integral, vocs esto sempre em dia ns no.
122) Porque quando a empresa comprava matria prima vista e sempre faltava a parcela de
salrio da semana era maior do que agora que o material vem por enquanto de graa da
Venezuela. Ser que tem algum ralo aberto?
123) Porque quando algum sai da Cipla ningum paga a sua sada assim ele se v obrigado a
colocar na justia do trabalho.
124) Precisamos colocar uma pessoa responsvel que se preocupa com a empresa no com a
poltica. Queremo o interventor como a Profiplast.
125) Quanto liderana da minha seo creio que um (uma) excelente profissional s no
concordo com misturar pessoal com profissional e isso tem ocorrido muito no meu setor. Amo
o que fao e amo trabalhar aqui porque ganho bem e o meu ambiente de trabalho bom.
126) Quero o meu salrio atrasado. Parar de alugar carro. Banheiro exclusivo. Para que? Quero
o FGTS. Quando trabalhador sai da empresa demora para receber isso quando recebe.
Prioridade o trabalhador. A empresa tem muito chefe. Tem muita gente na rea poltica. Se o
trabalhador quer sair da empresa vocs tem a obrigao de pagar o que deve fundo de garantia
123
e outros direitos.
127) Receber o pagamento integral.
128) Receber os salrios atrasados desde 2001. Gostaria de receber o FGTS, pois j sou
aposentado. Quero esclarecimento sobre o valor de U$ 16 milhes da reportagem do jornal de
SP sobre Hugo Chaves.
129) Recebimento dos atrasados da poca da antiga administrao.
130) Ref. Item 4 eu no acredito na estatizao da Cipla porque sei que o governo no pode
assumir todas as empresas quebradas. Ref. Item 59: Meu lder est pouco tempo na rea.
131) Refeitrio: Poderia estipular o horrio do Bufet, pois tem pessoas que saem p/almoar
13:00 chegando 12:50 e no tem quase mais nada de comida, isso ruim, e s vezes quando
no tem mais...
132) Referente item 67, o que mais me incomoda o no deposito do FGTS, por isso optaria
em trabalhar em outra empresa.
133) Sabemos que dentro da empresa h muita fofoca e boatos, mas quem que no tem medo
que a empresa feche? Principalmente aqueles que esto comeando a vida ou que casou
recentemente, o mercado de trabalho no est fcil para ningum. Percebo tambm que muitos
esto desmotivados em relao ao salrio. Muitos esto trabalhando tanto para receber to
pouco. Tambm exigem tanto o nosso esforo, mas as condies de trabalho no so boas; ex:
em relao s cadeiras so muito ruins do muito mal jeito na coluna, e no do produtividade.
So poucas coisas que podem melhorar o ambiente de trabalho para todos. Em relao
comida porque alguns comem comida fresca enquanto outros vo comer comida requentada.
T certo que no se pode desperdiar comida, mas isso no justo.
134) So muitas as pessoas que no tem este trabalho como nica fonte de renda, da o porqu
tanta falta de comprometimento com o que fazem, por isso que estou colocando muitas
respostas negativas, enquanto este tipo de funcionrio fizerem parte da empresa no vejo
muitas esperanas, qualquer empresa tem que ter funcionrios que precisam e querem
trabalhar.
135) Se a empresa estimulasse o empregado com ofertas, por exemplo: oferecendo cursos
profissionalizantes, o empregado se sujeitaria a ter mais responsabilidade e vontade de crescer
dentro da empresa.
136) Se eu pudesse comprar a empresa o pessoal da diretoria e da comisso juntando mais uns 3
ou 4 estaria fora demitidos sem direitos.
137) Se realmente cumprissem o que falam nas assemblias e o salrio fosse depositado
integral, trabalharamos com mais animo e talvez acreditaramos que esta empresa fosse dos
funcionrios e sairia do buraco. Pois tem muito tem muito chefe para mandar, isso faz com
que o dinheiro que a fabrica arrecada, mal chega para pagar os chefes depois os funcionrios
recebe as sobras parceladas. Muita gente grada fazendo seu p de meia com o suor dos
trabalhadores.
138) Sendo uma empresa dos trabalhadores, todos deveriam passar o crach, porque tem muita
gente que vem trabalhar a hora que quer ou vem uma ou duas vezes por semana.
139) S acho que se deveria haver um esforo de colocar o salrio de uma vez s.
140) S quero dizer que as mquinas deveriam ganhar melhorias porque h muito vazamento de
gua e leo, no d para suportar mais.
141) Sobre a feira j encontrei produto rodo pelo rato.
142) Sobre a pergunta 37 lgico que o parcelamento incomoda e muito antes do material da
Venezuela vir se pagava o material e o faturamento era um pouco menor e agora com uma boa
parte do material de certa forma de graa e o faturamento aumentou e j se passou +- 5
meses com o material da Venezuela a eu pergunto o que muda para o funcionrio visse
punido (NADA) continua tudo igual ser que no seria possvel pelo menos pagar mais que
R$ 200,00 na primeira ou pagar em 2 vezes o pagamento. Isso foi falado que ao chegar o
124
material iria mudar, t certo que talvez com o que veio at agora no dava para mudar essa
forma de pagamento, pois ficamos a pagando juro desnecessrio de prestaes que vencem
etc.. OK!!!
143) Sobre a questo 35 eu acho que enquanto existir panela dentro da empresa para que
estudar, para chegar o filho ou sobrinho do pessoal da panela e tomar minha vaga? O mesmo
vale para questo 66.
144) Sobre o salrio tentar de algum modo fazer com que o pagamento seja efetuado em duas
parcelas, pois podemos nos organizar melhor para fazer o pagamento de nossas contas
principalmente os funcionrios que so casados, e pais de famlia.
145) Sugesto: A empresa deveria ter uma organizao melhor, mal distribuio dos
funcionrios (reas com pouco trabalho para muitas pessoas), muita gente p/mandar e poucos
p/trabalhar, muitas pessoas matando tempo dos outros setores, no devendo ter trabalho,
profissional competentes em manuteno de moldes (ex: ferramenteiros) esto em falta, certos
produtos vendidos de m qualidade ocasionando perda de clientes. Tcnicos mais
competentes.
146) Tem muito chefe para poucas pessoas nas reas de trabalho, pois o chefe de produo pode
tomar conta das outras reas. Antes os chefes de produo tomava conta de tudo (produo,
mecnica, eltrica, rotomoldagem, etc) porque agora querem botar um chefe para cada rea,
isto errado, pois um s d conta de tudo como antes;
147) Tem muitos cacique, para pouco ndio muita gente ganhando bem sem trabalhar se no o
pessoal da produo quero ver de onde sai pagamento, e no do valor. Ningum valorizado.
148) Tem que sair o pessoal da comisso.
149) Tem trabalhador na fabrica que no colabora com o outro trabalhador o operrio precisa de
um favor ele esta parado do lado e no ajuda quem precisa de um favor.
150) Todo trabalhador deve ser operacional, pois os melhores so apenas os bons para a Cipla.
151) Todos os aspectos organizacional, na minha opinio esto dentro, mas o 66 o mais justo
com o pessoal do 1o. Turno, ningum consegue indicar ningum.
152) Todos os itens aqui colocados foram de muito bom senso. Parabns.
153) Trabalhar motivao e preparao das lideranas p/saberem o seu papel.
154) Um gerente comercial do tipo do Seu Onirio s se cria na Cipla.
155) Vamos acabar com o nepotismo. No estou seguro c/a atual Adm. No h transparncias.
A comunicao est uma porcaria.
156) Vamos pagar nosso salrio integral quem ganha at 800 reais pagam em 1 vez.
157) Venho por intermdio, parabenizar a empresa pela amplicidade e crescimento. Pelas
melhorias obtidas durante esses anos. Estaremos sempre lutando para isso.
158) Vou falar do item 18, sim a empresa um lugar agradvel p/trabalhar s o salrio que no
ajuda e a primeira parcela da semana.
125
APNDICE 3
GRFICOS DEMONSTRATIVOS
Senti-se a vontade em responder a pesquisa de
forma annima?
4%
2%
2%
7%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
85%
24%
52%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
12%
8%
11%
51%
22%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
126
13%
1%
12%
54%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
20%
52%
10%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
17%
10%
50%
23%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
127
26%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
18%
25%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
29%
18%
22%
47%
13%
18%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
128
19%
38%
15%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
21%
20%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
23%
39%
16%
27%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
129
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
30%
23%
22%
5%
5% 1%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
21%
68%
38%
14%
17%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
130
8%
4%
4%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
19%
65%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
12%
83%
7%
3%
8%
21%
61%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
131
3%
16%
17%
43%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
21%
3%
30%
27%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
15%
25%
4%
14%
7%
55%
20%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
132
4%
12%
7%
52%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
25%
4%
25%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
23%
20%
28%
32%
25%
22%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
133
3%
6%
8%
22%
61%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
86%
45%
13%
20%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
134
8%
2%
7%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
12%
71%
2%
15%
14%
52%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
17%
27%
42%
12%
17%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
135
4%
4%
2%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
16%
74%
6%
14%
63%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo
32%
24%
22%
16%
Sim
Mais para sim
Mais para No
No
Nulo