Tratamento de Efluentes Na Indústria de Laticínios
Tratamento de Efluentes Na Indústria de Laticínios
Tratamento de Efluentes Na Indústria de Laticínios
Uberlndia MG
2013
Uberlndia MG
2013
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Profa. Vicelma Luiz Cardoso
Orientadora- FEQUI/UFU
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RESUMO
O leite e seus derivados fazem parte da alimentao de crianas e adultos de todas as
idades. So ricos em protenas de alto valor biolgico que beneficiam o crescimento e
desenvolvimento de crianas e adolescentes, e que garantem um aporte proteico aos adultos.
Dados recentes projetaram uma produo de 446.098 milhares de toneladas de leite entre os
maiores produtores mundiais para o ano de 2011, sendo que a produo brasileira corresponde
a 6,9% deste total. Devido ao processamento do leite a gerao de efluentes residuais (soro e
leitelho) inevitvel. Visando diminuir as perdas de processo, reaproveitar resduos e garantir
que o lanamento de efluentes nos corpos dgua obedea s normas vigentes, o presente
trabalho tem por objetivo apresentar aes de gerenciamento e tratamento de efluentes na
indstria de laticnios, discutindo processos que apresentam grande aceitao e eficincia no
trato dos efluentes de tais indstrias.
Palavras-chave: Efluentes, tratamento, soro e leitelho.
SUMRIO
1. INTRODUO .................................................................................................................. 1
1. INTRODUO
Um levantamento e anlise de informaes bibliogrficas foram efetuados, com o objetivo
de conhecer o estado relativo ao controle ambiental na indstria de laticnios nos aspectos que
dizem respeito ao processo industrial e aos efluentes lquidos.
1.1 ESTUDO
DE
ALTERNATIVAS
TECNOLGICAS
PARA
PROCESSO
INDUSTRIAL
O impacto ambiental imposto pelas indstrias de laticnios poderia ser minimizado a partir
da otimizao e do controle dos processos industriais, e ainda pelo consumo adequado de
alguns insumos (gua, combustvel, detergentes e desinfetantes, principalmente) e, sobretudo,
pela implantao de tecnologia para a utilizao adequada do soro lcteo para a fabricao de
produtos como ricota e bebida lctea, bem como para uso na alimentao de animais ou como
fertilizante do solo. Algumas tecnologias disponveis e utilizadas industrialmente para a
minimizao do consumo de insumos e para o aproveitamento dos subprodutos sero
avaliadas.
2. EFLUENTES LQUIDOS
2.1 INTRODUO
Os efluentes lquidos so os principais responsveis pela poluio causada pela indstria
de laticnios (BRIO et. al., 2003). Tal constatao permite concluir que a poluio
provocada pelos efluentes lquidos de laticnios assume propores que exigem uma
conscientizao do pessoal das indstrias e a implementao de aes concretas no sentido de
minimizar esse impacto ambiental.
2.2 CARACTERIZAO
LATICNIOS
O soro, o leitelho (soro de manteiga) e o leite cido, em face de seu grande valor
nutritivo e de sua elevada carga orgnica (que pode causar intensa poluio no caso de
disposio inadequada no meio ambiente ou de onerar significativamente os custos de
implantao e de operao de instalaes de tratamento de efluentes lquidos), no devem ser
misturados com os demais efluentes da indstria. Pelo contrrio, devem ter captao e
conduo em separado, de modo a viabilizar o seu aproveitamento na fabricao de outros
produtos lcteos ou para utilizao direta (com ou sem beneficiamento industrial) na
alimentao de animais. Assim sendo, neste trabalho o termo efluente lquido usado muitas
vezes como sinnimo de guas residurias, assim entendidas as guas servidas (inclusive
esgotos sanitrios) que no contm quantidades significativas de soro, de leitelho e de leite
cido.
As indstrias de laticnios tm ainda como efluentes lquidos os esgotos sanitrios
advindos de banheiros, vasos sanitrios, lavatrios, refeitrios, cozinha, etc., existentes na
indstria para uso de seus funcionrios; e os esgotos pluviais resultantes das guas de chuva
coletadas e canalizadas nos limites do terreno onde a indstria se localiza. Geralmente, estes
dois tipos de efluentes possuem tubulaes independentes, sendo que a de guas pluviais, em
hiptese alguma, deve ser conectada s demais tubulaes de efluentes (as guas pluviais
devem ser dispostas separadamente dos demais efluentes, visto que a elas no se costuma
aplicar qualquer tipo de tratamento para a sua disposio). A tubulao de esgotos sanitrios e
a tubulao de guas residurias industriais costumam convergir, em seus trechos finais, para
uma mesma tubulao que conduz a mistura desses dois lquidos at a estao de tratamento
de efluentes (guas residurias) ou, no caso de inexistncia desta ltima, ao ponto de
disposio final em corpos de gua ou na rede municipal de esgotos (SILVA et. al., 2006).
0,243
0,243
Iogurte
10
10
Manteiga
1,1
Queijo Mussarela
1,55
2,32
Ricota
0,2
1,1
Requeijo (barra)
1,4
1,4
Requeijo (pote)
1,39
1,4
Fonte: Pesquisa tecnolgica para controle ambiental em pequenos e mdios laticnios, pg. 30
Coeficiente (L.L-1)
MARSHALL e HARPER (1984) entendem que valores entre 0,5 e 2,0 litros de
efluente por litro de leite so possveis de serem atingidos pelas indstrias de laticnios
dotadas de um adequado programa de preveno e controle de perdas e desperdcios.
A vazo e o volume dos efluentes lquidos das indstrias de laticnios esto
intimamente relacionados ao volume de gua consumido pelo laticnio. Segundo STRYDOM
et al. (1997), o valor da relao entre a vazo de efluentes lquidos e a vazo de gua
consumida pelos laticnios costuma situar-se entre 0,75 e 0,95. Normalmente as faixas so
bem prximas de 1,0 justificando a tendncia de muitos projetistas em igualar, por medida
de segurana, o volume de efluente ao volume de gua consumido. Por isso, o conhecimento
do valor do consumo de gua de uma dada indstria de laticnio de grande utilidade para a
estimativa da correspondente vazo de efluentes.
Tabela 3 - gua consumida por litro de leite processado de alguns produtos
Coeficiente de Consumo de gua (L.L-1)
Produtos
Sucia
Leite e iogurte
4,1
Queijos
2,0 a 2,5
1,2 a 1,7
1,7 a 4,0
0,69 a 1,9
2.2.4 CARACTERSTICAS
FSICO-QUMICAS
DOS
EFLUENTES
LQUIDOS
De acordo com MARSHALL e HARPER (1984) pode-se dizer que, embora a natureza
dos efluentes lquidos decorrentes dos vrios processos empregados pela indstria de
laticnios seja geralmente bastante similar entre si, refletindo o efeito preponderante dos
desperdcios de leite e seus derivados, a composio detalhada desses mesmos efluentes
influenciada pelos diferentes processos que podem variar de indstria para indstria,
mormente em funo dos tipos de produtos fabricados. Em outras palavras pode-se dizer,
ainda em consonncia com os referidos autores, que a carga poluidora e o volume dos
efluentes lquidos de qualquer laticnio dependem dos seguintes fatores:
5,4
DQO (mg.L-1)
3352,6
2081
870
868
-1
1738
972
2710
13
517
Fonte: (IPAT/UNESC)
indstrias de laticnios, a DBO5 costuma ser referida em termos de kg de DBO5 por m3 (ou
tonelada) de leite processado, forma de expresso esta que designada carga especfica de
DBO5, e que apresenta a grande vantagem de fornecer a DBO5 relacionada ao volume de leite
processado, que um parmetro mais facilmente quantificvel, alm de independer do
volume do efluente lquido, que varia muito de indstria para indstria.
Tabela 5 - Valores da carga especfica de DBO5 para efluentes de diferentes
indstrias
Carga especfica de DBO5
Tipo de Indstria
(kg DBO5/m3 leite
DBO (mg/L) Referncia
processado)
Variao
Mdia
Laticnios em geral
0,2 - 28
2.300
1)
1,1
1.033
2)
Posto de recepo e refrigerao
0,37 - 0,42
700
3)
1,25 - 1,50
1.000
4)
Leite pasteurizado e manteiga
Leite pasteurizado e iogurte
Leite esterilizado e iogurte
Queijaria (com reutilizao de soro)
0,43 - 0,87
0,81
0,87
900
403
448
2)
4)
5)
14,24
0,84
4,1
4,84
5,4
18,9
3.420
290
3.037
1.180
1.350
5.050
2)
2)
4)
6)
7)
8)
DBO/DQO
0,69
0,63
0,66
0,52
0,46
0,53
0,23
0,79
10
11
12
13
2.4.3 PR-TRATAMENTO
2.4.3.1 REMOO DE SLIDOS GROSSEIROS
So considerados slidos grosseiros os resduos contidos no efluente industrial
normalmente de fcil remoo e reteno atravs de operaes fsicas de gradeamento e/ou
peneiramento. O material proveniente da destinao inadequada de restos de embalagens
durante o processo industrial, da utilizao inadequada do sistema de esgotamento sanitrio
das instalaes administrativas ou de possveis conexes irregulares com o sistema de
afastamento de guas pluviais. As principais finalidades da remoo de slidos grosseiros so
(JORDO E PESSOA, 1995):
14
Proteo dos dispositivos de transporte dos esgotos nas suas diferentes fases lquida e
slida (lodo), tais como: bombas, tubulaes e peas especiais;
Proteo dos dispositivos de tratamento dos esgotos, tais como: raspadores,
removedores, aeradores e meio filtrante;
Proteo dos corpos dgua receptores;
Remoo parcial da carga poluidora, contribuindo para melhorar o desempenho das
unidades subsequentes de tratamento e desinfeco.
Os principais dispositivos utilizados para remoo de slidos grosseiros so:
Grades de barras: barras de ferro ou ao dispostas paralelamente, verticalmente ou
inclinadas, de modo a permitir o fluxo normal dos esgotos atravs do espaamento
entre as barras, adequadamente projetadas para reter o material que se pretende
remover. O material removido geralmente e destinado incinerao ou ao aterro
sanitrio.
Peneiras: se caracterizam por disporem de aberturas muito pequenas, sendo usadas
para remoo de slidos muito finos ou fibrosos.
15
16
efetivo entre esses organismos e o material orgnico contido nos esgotos, de tal forma que
esse material possa ser utilizado como alimento pelos micro-organismos.
Dentro do reator, os micro-organismos transformam a matria orgnica em vrios
compostos como gs carbnico, metano, gua e material celular para seu prprio crescimento
e reproduo. As condies ambientais s quais estes micro-organismos so submetidos que
definem o tipo de processo. Se injetado oxignio dento do reator, predominam os
organismos e os mecanismos aerbios de remoo de matria orgnica. Se no reator so
mantidas condies de ausncia de oxignio, predominam organismos e mecanismos
anaerbios de degradao e converso da matria orgnica.
Consideramos que, em acordo com as definies de Von SPPERLING (1995), no
tratamento de efluentes em nvel secundrio predominam mecanismos biolgicos.
17
18
19
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3. CONCLUSES
Atravs da reviso bibliogrfica feita no presente trabalho foi possvel perceber que
boas prticas industriais podem reduzir a quantidade de efluentes produzidos em at 50%, fato
bastante desejvel, visto que o leite e seus derivados possuem valor econmico e potencial
poluidor significativos. No que se refere ao tratamento de efluentes, os processos
apresentados tem grande aceitao na indstria de laticnios, uma vez que aliam simplicidade
de operao, baixos custos e grande capacidade de remoo da carga orgnica do efluente
tratado.
4. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
BRIO, B., GRANHEN TAVARES, C.R. Preveno da Poluio na Indstria de
Laticnios. In: 22 Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitria e Ambiental,
Joinville/SC, 2003.
COSTA, F. C.; RODRIGUES, F. A. M.; FONTOURA, G. A. T.; CAMPOS, J. C.;
SANTANNA JR., G. L.; DEZOTTI, M. Tratamento do efluente de uma indstria
21
qumica pelo processo de lodos ativados convencional e combinado com carvo ativado.
Revista Engenharia Sanitria e Ambiental, v. 8, n. 4, p. 274-284, 2003.
CONAMA. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE, Resoluo nmero 357 de
05 de julho de 2002. Dirio Oficial da Unio, 00 136, de 17 de julho de 2002 - Seo 1.
DERISIO, J.C. Introduo ao controle de poluio ambiental. So Paulo: Prentice Hall,
2002.
GOMES, A.L.; CHERNICHARO, C.A.L. Anlise tcnico-econmica de filtro anaerbio
utilizado para o tratamento de efluentes lquidos de uma indstria de laticnios: estudo
o