Corumba Geologia PDF
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GEOLOGIA
2.1 Contexto Geolgico Regional
A rea em estudo tem sido alvo de vrios trabalhos de cunho regional e especficos, no que diz
respeito aos aspectos geolgicos. Entretanto,
vrias questes, ainda pendentes, necessitam de
estudos suplementares. Entre estas destacam-se:
execuo de dataes geocronolgicas confiveis; levantamentos geolgicos em escalas de
detalhe, com furos estratigrficos, visando esclarecer, principalmente, as relaes de contato entre
os grupos Corumb e Jacadigo, e um estudo sedimentolgico integrado, visando uma melhor definio dos ambientes de deposio destas coberturas plataformais, bem como a origem das jazidas
de ferro e mangans.
Do ponto de vista geotectnico, a rea est inserida no setor sudoeste da Provncia Tocantins, de
Almeida et al. (1977) (figura 2.1), onde afloram rochas do embasamento cristalino - Complexo Rio
Apa (poro meridional do Crton Amaznico),
alm de terrenos proterozicos: 1) rochas metavulcano-sedimentares, da Associao Metamrfica do Alto Terer; 2) Sute Plutono-Vulcnica
cida, do Grupo Amoguij; 3) Faixa de Dobramentos Paraguai-AraguaiaGrupos Cuiab, Corumb e
65W
55W
45W
35W
5N
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1
8
75W
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3
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15S
15S
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nt
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ce
100km
an
At
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Quadro 2.1 Coluna Litoestratigrfica Integrada: Folhas Corumb, Aldeia Tomzia e Porto Murtinho.
UNIDADE
GEOCRONOLGICA
UNIDADE
LITOESTRATIGRFICA
SMBOLO
ALUVIES RECENTES
Qa
DEPSITOS
COLUVIONARES
Qc
FORMAO
XARAIS
Qx
LITOLOGIA
P3
FORMAO
PANTANAL
FORMAO
SERRA
GERAL
P2
P1
TRISSICO
SUTE ALCALINA
FECHO DOS MORROS
Trfml
PALEOSILURIANO
ZICO
FORMAO COIMBRA
Sc
Arenitos rseos, grosseiros, com estratificaes planoparalelas e cruzadas e com nveis conglomerticos
subordinados.
FORMAO
TAMENGO
NPt
FORMAO
BOCAINA
NPb
FORMAO
CERRADINHO
NPc
FORMAO
PUGA
NPp
NEO
GRUPO
CORUMB
GRUPO
SO
BENTO
MESOZICO
CRETCEO
PALEO
ARQUEANO
QUATERNRIO
CENOZICO
ERA
MESO
PROTEROZICO
FANEROZICO
EON
PERODO
(Ma)
FORMAO
GRUPO SANTA CRUZ
JACADIGO
FORMAO
URUCUM
SUTE
INTRUSIVA
ALUMIADOR
GRUPO
SUTE
AMOGUIJ
VULCNICA
SERRA DA
BOCAINA
ASSOCIAO
METAMRFICA DO ALTO
TERER
COMPLEXO RIO APA
Kdb
NPsc
NPu
Rochas bsicas, subvulcnicas a plutnicas, cor cinza-escura, granulao fina, sob a forma de diques.
MPag
MPaa
PPat
Ara
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Seus contatos com as rochas suprajacentes podem ser tectnicos ou de no-conformidade. Assim, o contato com as rochas da Associao
Metamrfica do Alto Terer e Grupo Amoguij, normalmente so tectnicos atravs de falhas contracionais e, localmente, podem ser discordantes e intrusivos. Com os grupos Corumb e Jacadigo, em
geral, o contato discordante erosivo (noconformidade) e raramente tectnico por falhas extensionais. J com as coberturas superficiais recentes (formaes Pantanal e Xarais, alm dos
depsitos de tlus) os contatos so sempre atravs
de discordncias erosivas.
Suas melhores exposies ocorrem ao longo da
BR-267 (Porto Murtinho-Jardim), a leste do Graben
da Lajinha, a sul das morrarias So Domingos e
Zanetti (Folha Corumb) e prximo ao morro das
Araras (Folha Aldeia Tomzia).
As rochas gnissicas constituem os espcimes
de maior expresso geogrfica do Complexo Rio
Apa. Predominam biotita gnaisses, moscovitabiotita gnaisses, hornblenda-biotita gnaisses e
gnaisses granticos; Ocorrem ainda anfibolitos,
leptinitos, metagranitos e, mais subordinadamente,
trondhjemitos, tonalitos, granodioritos (foto 01).
Os gnaisses ocorrem predominantemente no setor sudeste da rea do projeto (Folha Porto Murtinho
SF.21-V-D) e em geral esto intemperizados,
apresentando colorao creme-clara. Quando
pouco alterados exibem cores cinza ou rosa. So
leucocrticos, de granulao mdia e estrutura
gnissica dada pela alternncia de leitos submilimtricos de hornblenda e biotita com leitos
espessos de quartzo e feldspato; como acessrios
ocorrem magnetita, titanita, apatita e zirco.
No muito freqentemente ocorrem intercalaes de hornblenda gnaisses de cor cinza,
granulao mdia a grossa, textura granonematoblstica e estrutura orientada, dada por um bandamento pouco acentuado, no qual bandas submilimtricas de hornblenda alternam-se com bandas milimtricas quartzo-feldspticas. A hornblenda ocorre em cristais bem desenvolvidos, em
geral, na variedade ferro-hastingsita, alterada a
biotita e epidoto.
Na regio da Folha Corumb predominam os
metagranitos. Na estrada para Maria Coelho (MS432), aproximadamente 6,5km aps o entroncamento da estrada para Albuquerque, ocorre exce-
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Os quartzitos em geral so de cor cinza, granulao fina a mdia, quase sempre silicificados e/ou
micceos, granadferos, ocorrendo em camadas
espessas e lentes finas intercaladas nos micaxistos.
Os micaxistos esto entre clorita xistos a
moscovita-biotita xistos, por vezes granadferos e
predominam sobre os quartzitos.
O grau de metamorfismo est entre xisto-verde
baixo e anfibolito alto quando aparecem cianita, sillimanita e estaurolita, alm de hornblenda. Apresenta efeitos diaftorticos/tectnicos, produzindo
faixas de cataclasitos, protomilonitos, milonitos e
milonito xistosos. Os protlitos foram sedimentos
clsticos, pelitos, e, subordinadamente, psamitos.
Destacam-se ainda, mesmo que restritamente, intercalaes de rochas anfibolticas, admitidas
como protlitos vulcnicos, permitindo considerar
a unidade como uma seqncia metavulcano-sedimentar.
As deformaes foram intensas, sobretudo de
cisalhamentos dcteis/rpteis, produzindo desde
cataclasitos a ultramilonitos, com estiramento e
quebramento mineral, surgindo microdobramentos, mesodobramentos e veios de quartzo de
atividade hidrotermal tambm microdobrados.
Comte & Hasui (1971) efetuaram uma datao radiomtrica em rocha anfiboltica, situada imediatamente abaixo do paralelo 22 00', margem
esquerda do rio Apa, que serve de divisa entre o
Brasil e o Paraguai. Essa rocha est associada a
quartzitos e quartzo xistos, todos cortados por intruses granticas e diques aplticos e pegmatticos.
Foi obtida a idade de 1.056 55Ma, atravs da anlise de rocha total, pelo mtodo K/Ar. Por este mesmo
mtodo, esses autores dataram tambm um pegmatito, obtendo a idade de 1.250 65Ma.
Segundo a interpretao de Correa et al. (1976),
calcada na correlao dessa seqncia de metamorfitos do Paraguai com a unidade Alto Terer, admitiuse para ela, ento, uma idade mnima de 1.000Ma. As
idades encontradas por Comte & Hasui (1971) foram
por eles consideradas mnimas, aventando a possibilidade de existncia de um cinturo orognico relacionado ao Ciclo Minas-Uruauano (900 - 1.300Ma)
naquela regio. Arajo et al. (1982), realizaram na
rea do projeto duas anlises pelo mtodo K/Ar. Uma
delas executada em moscovita de um moscovitaquartzo xisto, que revelou uma idade de 1.265
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grfico entre quartzo e microclnio. Plagioclsio e biotita ocorrem subordinadamente, sendo que a biotita,
por vezes, quase ausente. Em amostras da borda
do macio grantico ocorre intensa saussuritizao
do plagioclsio e cloritizao da biotita.
Afloram tambm granodioritos de cor cinza, localmente rseos, granulao grosseira, macios,
constitudos de plagioclsio (oligoclsio), feldspato
potssico, quartzo, biotita, clorita,sericita, epidoto,
carbonatos e titanita. Apatita, zirco e allanita ocorrem acessoriamente. Cristais tabulares hipidiomrficos, intensamente saussuritizados, de plagioclsio, ocorrem entremeados por quartzo xenomrfico, feldspato potssico perttico e biotita quase
que totalmente cloritizada.
Adamelitos foram observados cerca de 20km a
sudoeste da lagoa das Garas, sendo de cor cinza,
granulao mdia, istropos, de textura granular
hipidiomrfica, e constitudos de quartzo, microclnio e plagioclsio. Biotita e moscovita aparecem
como acessrios. Observam-se indcios de
fenmenos cataclsticos, como dobramentos das
lamelas de geminao dos plagioclsios, alm de
moderada sericitizao dos feldspatos (apud
Corra et al., 1976). Caracterstica comum nessas
rochas a forte intensidade das alteraes
endgenas como epidotizao, cloritizao, saussuritizao e carbonatizao.
O metamorfismo dessas intrusivas de carter
dinmico, s vezes com contribuio hidrotermal. Ao
longo das falhas observam-se faixas de cataclasitos
que variam at milonito xistos.
Arajo et al. (1980), em uma srie de dataes
em amostras de pontos distintos e esparsos, conseguiram uma iscrona de referncia para essas
rochas, de 1.600 40Ma, incluindo as vulcnicas,
posicionando-as no Mesoproterozico.
2.2.5 Grupo Jacadigo (Lisboa, 1909)
As primeiras informaes sobre as rochas do Grupo
Jacadigo devem-se a Fonseca (1880) que observou
depsitos constitudos por xidos de ferro e mangans
capeando rochas gneas em Urucum, prximo cidade de Corumb. Lisboa (1909) introduziu a denominao Srie Jacadigo para designar os sedimentos
clsticos e os depsitos ferromanganesferos a eles
associados. Esse autor dividiu a seqncia em duas
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Hematita compacta
Jaspilito
Camada/lente de Mn
Arenito arcosiano
Arcseo
Siltito
Conglomerado petromtico
Paraconglomerado
Metagranitides e metabsicas
Formao Urucum
No-conformidade
150m
Contato transicional
Ara
100
50
0m
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Para a determinao do ambiente de sedimentao da Formao Urucum, devem ser considerados os seguintes aspectos:
1) Predominncia de arcseos, grauvacas e
paraconglomerados (conglomerados);
2) Presena de arenitos, siltitos e, localmente,
calcrios;
3) As estruturas sedimentares mais notveis so
as estratificaes gradacional e cruzada.
Os arcseos e grauvacas determinam ambiente
onde verifica-se eroso e deposio rpida. As estruturas sedimentares indicam transporte gravitacional. A presena de arenitos e siltitos no d indicao do ambiente de sedimentao,ao passo que
os calcrios podem indicar sedimentao marinha
rasa.
Assim, o ambiente de deposio da Formao
Urucum pode ser interpretado como continental,
com espordicas e tnues transgresses marinhas, de mbito restrito. Os nveis de arcseo com
granocrescncia indicam progradao, provavelmente resultante de tectonismo na rea-fonte.
2.2.5.2 Formao Santa Cruz (Almeida,
1945) NPsc
Essa formao foi definida por Almeida (1945) na
morraria do Urucum. Sua proposta engloba as formaes Crrego das Pedras e Band'Alta (Dorr II,
1945) que, junto com a Formao Urucum, formam o
Grupo Jacadigo. Por questes de escala e de representao cartogrfica, no presente trabalho usou-se
a seqncia estratigrfica proposta por Almeida
(1945).
A Formao Santa Cruz responsvel pelas elevaes que formam o macio do Urucum, em
funo direta da alta resistncia de seus littipos
aos processos erosivos. Sua espessura na morraria
do Urucum chega a 420m (Almeida, 1945), e na
morraria Mutum (Bolvia) atinge cerca de 230m
(Weiss & Sweet, 1959).
Apresenta contato gradacional com a Formao
Urucum que lhe sotoposta e localmente recoberta por sedimentos quaternrios.
Os littipos que a compem so sedimentos
clsticos vermelhos que se sobrepem aos
arcseos conglomerticos do topo da Formao
Urucum. A seqncia, segundo Almeida (1945),
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Formao
Tamengo
Calcrio
Calcrio dolomtico / dolomito
Pelito (siltito + folhelho)
Marga
Folhelho
Formao
Bocaina
Arenito
Siltito
Conglomerado petromtico
Paraconglomerado
Metagranitides e metabsicas
Marcas ondulares
Zona de silicificao
Olitos
Hummocky cross stratification
300m
Estromatlito
Pislito
Formao
Puga
200
Contato transicional
Ara
100
No - conformidade
0m
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sendo identificadas as seguintes litologias: nefelina sienitos, traquitos prfiros, brechas vulcnicas e metarcseos, esta ltima considerada como
um xenlito de sedimentos envolvidos por essa
sute.
Os sienitos so de cor cinza, textura porfirtica
mdia a grosseira, com megacristais de feldspato
de at 5cm e estrutura macia. So compostos por
feldspato potssico perttico, aegirina, arfvedsonita
e biotita; acessoriamente ocorrem opacos, apatita,
albita e sericita, traos de rutilo, zirco, quartzo e titanita.
O traquito exibe cor preta, textura porfirtica, e
matriz afantica e macia. Compe-se por fenocristais de feldspato potssico, aegirina, arfvedsonita e
biotita. Como acessrios ocorrem titanita, apatita e
opacos; carbonato e sericita so traos. A matriz
constituda por micrlitos ripiformes de feldspato
potssico entremeados por arfvedsonita, aegirina e
augita microgranulares.
A brecha vulcnica encontrada tem cor cinza,
textura porfirtica, estrutura macia e formada por
fragmentos de traquitos envolvidos por sienito.
O metamorfismo praticamente inexistente. A
orientao dos prfiros de feldspatos potssicos
considerada como conseqncia de processos de
fluidez durante a cristalizao das lavas.
As rochas componentes da Sute Alcalina Fecho
dos Morros so correlacionadas ao evento plutono-vulcnico alcalino que margeia a Bacia do Paran, em geral atribudo ao Mesozico. Duas dataes
efetuadas por Amaral et al. (1967) e uma terceira
realizada por Conte & Hasui (1971), indicam uma
mdia de 230Ma, posicionando-as no Trissico.
2.2.9 Formao Serra Geral (White, 1908) Kdb
O nome da formao deve-se a White (1908)
que, em estudos realizados em Santa Catarina,
correlacionou-a aos basaltos e diabsios da frica
do Sul. Citam-se ainda como trabalhos especficos
referentes a essas unidades, os de Leinz (1949), Almeida (1956) e Beurlen (1956).
Constitui uma subdiviso do Grupo So Bento,
da Bacia do Paran, representando o mais expressivo vulcanismo basltico da Amrica do Sul, tanto
em distribuio areal como em volume, ocupando
toda a poro centro meridional do pas.
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terrnea que atravessaram at 100m de sedimentos clsticos, sem atingir seu substrato.
Tais sedimentos jazem em no-conformidade
sobre littipos do Complexo Rio Apa, dos grupos
Jacadigo e Corumb, e da Formao Coimbra. Localmente recobrem, em discordncia paralela, a
Formao Xarais. As unidades constituintes da
formao exibem contatos gradativos e interdigitaes que dificultam, de um certo modo, sua individualizao.
A Unidade Qp1, se estende prximo s reas de
topografia mais elevada, apresentando-se quase
sempre livre das cheias, mesmo nos perodos de
maior inundao da plancie. constituda de
depsitos colvio-aluvionares portando sedimentos grosseiros, classificados como arenitos conglomerticos ou conglomerados polimticos, de
colorao pardacenta variada, semiconsolidados,
bastante porosos, sem estrutura planar aparente,
compostos predominantemente de fragmentos angulosos de rocha e quartzo, pouco trabalhados e
mal selecionados, cimentados por material ferruginoso, e possuindo, principalmente matriz composta por argilas caulnicas. A Unidade Qp2 formada por depsitos fluviolacustrinos, e corresponde parte periodicamente alagvel da plancie
pantaneira, sendo portanto, a unidade de maior
distribuio geogrfica desta formao. Predominam sedimentos argilo-arenosos pardacentos,
semiconsolidados, porosos, cimentados por material ferruginoso, macroscopicamente homogneos,
exibindo estratificao incipiente. A Unidade Qp3
corresponde aos depsitos aluvionares essencialmente fluviais, restritos s margens e calhas dos
principais rios da plancie do pantanal, destacando-se, os rios Paraguai, Nabileque e Aquidab.
O contedo fossilfero escasso e/ou pouco
estudado, sem grande significao, enquanto em
termos cronoestratigrficos. Alguns registros foram
dados por Evans (1894), referindo-se presena
de carapaas de Ampullaria". Leme (1941) e Oliveira (1915) mencionaram a ocorrncia de ossos
de mamferos pleistocnicos nesta unidade. Almeida (1945), com base nos estudos desses autores, admite que a Depresso do Paraguai j existia no Pleistoceno. Alm da presena de fsseis de
mamferos pleistocnicos, o posicionamento cronoestratigrfico da formao pode ser inferido pelo
fato de a mesma ocupar pores internas da De-
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