APS DST Final Completo
APS DST Final Completo
APS DST Final Completo
09/07/2013
13:19:40
Doenas Sexualmente
Transmissveis
Verso PROFISSIONAIS
2013
Coordenao Tcnica
Andr Luis Andrade Justino
Armando Henrique Norman
Nulvio Lermen Junior
Organizao
Inaiara Bragante
Prefeito
Eduardo Paes
Secretrio Municipal de Sade
Hans Fernando Rocha Dohmann
Subsecretria de Gesto Estratgica e Integrao da Rede de Sade
Betina Durovni
Elaborao Tcnica
Cassia Kirsch Lanes
Fernanda Lazzari Freitas
Reviso Tcnica
Michael Duncan
Colaborao
Angela Marta da Silva Longo
Angelmar Roman
Carlo Roberto H da Cunha
Marcelo Rodrigues Gonalves
Melanie Nol Maia
Reviso
Knia Santos
Diagramao
Mrcia Azen
Gerente de DST/AIDS
Gustavo Albino Pinto Magalhes
Gerente de Hepatites Virais
Srgio Luis Aquino
Introduo
ndice
Introduo
lceras genitais
4
5
Pontos-chave
Abordagem sindrmica
Tratamento
Gestao/lactao
Fluxograma
6
7
9
11
12
13
Corrimento vaginal
16
Dor plvica
24
27
Sfilis
32
13
14
15
16
17
18
20
22
24
25
27
29
31
32
35
37
39
Introduo
Introduo
As Doenas Sexualmente Transmissveis (DST) so motivos comuns de procura aos servios de sade. Os profissionais que
atuam na Ateno Primria Sade (APS) devem estar preparados para manejar e acompanhar essas situaes. Este material traz informao atualizada sobre a abordagem, diagnstico e manejo das principais DST. Sfilis na gestao ser abordada
no Guia de Referncia Rpida de Ateno ao Pr-Natal.
Introduo
Introduo
Alm disso, existe um grupo de recomendaes comuns na abordagem de todas as DST. So elas:
Realizar aconselhamento, oferecer VDRL, anti-HCV, HBsAg e anti-HIV.
Interromper as relaes sexuais at a concluso do tratamento e o desaparecimento dos sintomas. Caso no seja
possvel, fazer uso de preservativo.
Oferecer e estimular o uso de preservativos.
Encorajar a pessoa a comunicar ao(s) parceiro(s) sexual(is) dos ltimos trs meses para que possam ser atendidos e tratados.
Oferecer tratamento ao parceiro.
Notificar o caso em formulrio do Sistema de Informao de Agravos de Notificao (SINAN) em caso de sfilis,
sndrome do corrimento uretral masculino, hepatites virais, HIV em gestantes e sndrome da imunodeficincia
adquirida (AIDS).
Introduo
A Abordagem Sindrmica foi instituda, em 1991, pela Organizao Mundial de Sade (OMS). Ela consiste em incluir a doena dentro de sndromes pr-estabelecidas, baseadas em sinais e sintomas, e instituir tratamento imediato sem aguardar
resultados de exames confirmatrios1. Os fluxogramas especficos para cada sndrome foram desenvolvidos a partir da queixa
principal que motivou o paciente a buscar o atendimento, levando em conta o exame fsico e os achados etiolgicos mais
prevalentes em cada sndrome2. As DST genitais esto divididas em cinco sndromes: lceras genitais, corrimentos uretrais ou
sndrome uretral, corrimentos vaginais, dor plvica e verrugas genitais. Este guia abordar em captulo separado a sfilis, que
uma DST prevalente no Rio de Janeiro e cujo diagnstico e tratamento vo alm da abordagem sindrmica.
lceras Genitais
lceras Genitais
Pontos-chave
lceras Genitais
A sorologia para sfilis, hepatite B, hepatite C e HIV deve ser oferecida aos indivduos com lcera genital3.
lceras Genitais
Abordagem sindrmica
Na anamnese muito importante avaliar o tempo de evoluo da leso e questionar se existe dor local. No exame fsico, examinar genitlia externa e interna (mulher), inspecionar perneo e regio anorretal e observar aspecto das leses e, ainda, se nica
ou mltipla. Alm disso, deve-se palpar a regio inguinal e cadeias ganglionares.
O diagnstico baseado nos sinais e sintomas. A tabela abaixo sintetiza a apresentao clnica conforme o agente etiolgico da
lcera genital:
Apresentao Clnica
Herpes Genital
Vesculas mltiplas que se rompem, tornando-se lceras rasas dolorosas. Aparecimento geralmente
precedido de aumento da sensibilidade cutnea, ardncia, prurido ou sintomas uretrais, especialmente
se histria de recorrncia das leses (Figuras 1 e 2).
lcera no endurada, dolorosa, com base frivel coberta por necrose ou exsudato purulento. Geralmente linfadenopatia dolorosa inguinal unilateral acompanhando leso.
Granuloma Inguinal
(Donovanose)
lcera persistente, indolor, aspecto avermelhado (altamente vascularizada). Sem linfadenopatia. Pode
haver granuloma subcutneo e leses simtricas em espelho (Figura 4).
Linfogranuloma Venreo
(C.Trachomatis)
lceras Genitais
Etiologia
lceras Genitais
Figura 4. Donovanose.
lceras Genitais
lceras Genitais
Tratamento
Etiologia
Tratamento
No PRIMEIRO EPISDIO do herpes o tratamento deve iniciar o mais precocemente possvel:
ACICLOVIR 400mg, VO, a cada 8h, por 7 dias, ou ACICLOVIR 200mg, VO, a cada 4h, por 7 dias; ou
VALACICLOVIR 1g, VO, a cada 12h, por 7 a 10 dias; ou
FAMCICLOVIR 250mg, VO, a cada 8h, por 7 a 10 dias.
Na RECORRNCIA do herpes genital o tratamento deve iniciar de preferncia assim que aparecerem os prdromos
(aumento da sensibilidade, ardor ou dor):
ACICLOVIR 400mg, VO, a cada 8h, por 5 dias; ou
VALACICLOVIR 500mg, VO, a cada 12h, por 5 dias; ou
Herpes Genital
lceras Genitais
lceras Genitais
Etiologia
Tratamento
INFECO EPISDICA
ACICLOVIR 400mg, VO, a cada 8h, por 5 a 10 dias; ou
SFILIS PRIMRIA OU
CANCRO DURO
(para maiores detalhes
sobre sfilis, ver pginas 32
a 39)
PENICILINA G BENZATINA, 2,4 milhes UI, intramuscular (IM), em dose nica (1,2 milho UI em cada
ndega)
Alrgicos Penicilina:
DOXICICLINA* 100mg, VO, 2 vezes ao dia, por 14 dias; ou
TETRACICLINA** 500mg, VO, 4 vezes ao dia, por 14 dias; ou
CEFTRIAXONA*** 1g, intravenoso ou intramuscular, 1 vez ao dia, por 10 a 14 dias; ou
lceras Genitais
CIPROFLOXACINO 500mg, VO, a cada 12h, por 3 dias (contraindicado para gestantes, nutrizes e
menores de 18 anos); ou
ERITROMICINA 500mg, VO, a cada 6h, por 7 dias; ou
CEFTRIAXONA 250mg, IM, dose nica.
10
Etiologia
lceras Genitais
Tratamento
O tratamento deve ser continuado at que as leses estejam curadas.
DOXICICLINA 100mg, VO, a cada 12h, por no mnimo 3 semanas; ou
GRANULOMA INGUINAL
(Donovanose)
LINFOGRANULOMA
VENREO (C.trachomatis)
*Alternativa prefervel em pacientes com sfilis primria ou secundria que sejam alrgicos Penicilina.
** Alta incidncia de efeitos adversos gastrointestinais e posologia menos conveniente se comparada Doxiciclina.
***Dose tima e durao do tratamento ainda indefinidos.
****Algumas cepas do Treponema pallidum tm demonstrado resistncia Azitromicina; usar com cautela se a terapia com Doxiciclina ou
Penicilina no for possvel. No deve ser usada em homem que tenha relao sexual com homem ou em gestante.
Gestao/lactao
Etiologia
Tratamento
Herpes Genital
Evitar tratar as recidivas. Tratar o primeiro episdio com: Aciclovir 400mg, VO, a cada 8h, por 7 a 10 dias.
lceras Genitais
lceras Genitais
Fluxograma
No
Tratar herpes
genital*
lceras Genitais
Sim
Tratar sfilis e
cancro mole.
Fazer bipsia e
tratar donovanose*
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Abordagem sindrmica
O diagnstico baseado nos sinais e sintomas. Os sintomas mais comuns da uretrite ou sndrome uretral no homem so corrimento uretral, disria ou desconforto peniano. Na anamnese abordar os riscos para DST: vida sexualmente ativa, relao sexual
desprotegida e mudana recente de parceiro. No exame fsico, com o prepcio retrado, verificar se o corrimento provm realmente do meato uretral. Se no houver corrimento visvel, solicitar ao paciente que ordenhe a uretra, comprimindo o pnis da
base glande. Se mesmo assim no se observar o corrimento, sendo a histria consistente, seguir fluxograma considerando a
queixa principal.
ATENO: Tratar gonorreia e clamdia, em virtude de no haver a possibilidade de descartar-se coinfeco por clamdia.
Guia de Referncia Rpida
13
A sorologia para sfilis e HIV deve ser oferecida aos indivduos com sndrome uretral3.
Tratamento
Etiologia
Tratamento
Tratamento para Clamdia
AZITROMICINA 1g, VO, em dose nica; ou
DOXICICLINA 100mg, VO, a cada 12h, por 7 dias; ou
ERITROMICINA 500mg, VO, a cada 6h, por 7 dias.
Sndrome do Corrimento
Uretral
+
Tratamento para Gonorreia
CEFTRIAXONA 250mg, IM, dose nica; ou
CIPROFLOXACINO* 500mg, VO, dose nica; ou
CEFIXIMA 400mg, VO, dose nica; ou
OFLOXACINA* 400mg, VO, dose nica.
Sndrome Uretral
Persistente: Micoplasma
ou Ureaplasma e
Trichomonas
As Quinolonas no so recomendadas para tratamento da gonorreia e condies associadas nos Estados Unidos e Europa pela resistncia
do N.gonorrhoeae a esta classe de antibiticos. Nos Estados Unidos, a resistncia a Quinolonas foi maior no subgrupo de homens que fazem
sexo com outros homens.
14
Fluxograma
Paciente com queixa de corrimento uretral
Bacterioscopia disponvel no
momento da consulta?
Sim
Tratar clamdia e
gonorreia
Diplococos
Gram negativos
intracelulares
presentes?
No
Tratar apenas
clamdia*
No
Sim
Tratar clamdia e
gonorreia*
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Corrimento Vaginal
Corrimento Vaginal
Pontos-chave
O corrimento vaginal fisiolgico geralmente branco ou transparente, fino ou viscoso, geralmente sem cheiro.
Pode aumentar de volume no perodo ovulatrio, na gestao, com o uso de anticoncepcionais combinados e na
presena de rea de ectopia no colo uterino.
A presena de cervicite secreo purulenta saindo do orifcio cervical e dor mobilizao do colo pode significar
uma infeco do trato genital superior (ver Dor Plvica).
Avaliao de risco:
-- Parceiro com sintoma.
-- Paciente com mltiplos parceiros, sem proteo.
-- Paciente pensa que pode ter sido exposta s DST.
-- Paciente proveniente de regio com alta prevalncia de gonococo e clamdia.
Sempre que se suspeitar de DST, ou em mulheres com alto risco para DST, realizar aconselhamento, sorologias,
vacina da hepatite B, buscar e tratar parceiros, combinar retorno.
-- os parceiros devem receber o mesmo tratamento, preferencialmente em dose nica.
Corrimento Vaginal
O exame de Papanicolau (citologia onctica do colo uterino) no deve ser usado como teste diagnstico.
Corrimento Vaginal
Fluxograma
Paciente com queixa de corrimento vaginal
-- Parceiro com sintoma
-- Paciente com mltiplos parceiros sem
proteo
-- Paciente pensa que pode ter sido exposta
a uma DST
-- Paciente proveniente de regio com alta
prevalncia de clamdia e gonococo
Exame especular
Critrios de risco
No
Sim
Seguir
avaliao
Sim
No
Seguir
avaliao
Sim
Tratar DIP
Se disponvel:
pH >4,5
Tratar tricomonase e
vaginose bacteriana
Guia de Referncia Rpida
Prurido, corrimento
grumoso, eritema
Se disponvel:
pH < 4
Tratar
candidase
Corrimento Vaginal
Corrimento abundante,
amarelo-esverdeado, bolhoso
Assintomtico, branco ou
amarelado, sem odor
Se disponvel:
pH 4-4,5
Causa
fisiolgica
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Gonorreia e Clamdia
Gonorreia e Clamdia
Pontos-chave
20-30% das mulheres desenvolvem infeco ascendente, com ou sem endometrite, que pode causar doena
inflamatria plvica (ver DIP).
No causam sintomas de vaginite, sendo muitas vezes assintomticas
recomendado o tratamento concomitante de gonorreia e clamdia.
Abordagem sindrmica
Queixas de dor plvica, dispareunia, disria, sangramento ps-coital ou intermenstrual.
Aspecto: corrimento vaginal leve, sem odor, cervicite mucopurulenta endocervical, colo frivel.
Gonorreia e Clamdia
Infeco anorretal por gonococo: prurido, secreo mucopurulenta associada motilidade intestinal.
Infeco farngea por gonococo: eritema e exsudato, linfonodomegalia cervical anterior. A maioria dos casos resolve espontaneamente, mas o tratamento deve ser feito para prevenir a disseminao.
Sndrome de Reiter por Clamdia: artrite reativa associada cervicite (ou uretrite), conjuntivite e lceras mucocutneas 3
semanas aps o incio da infeco.
18
Gonorreia e Clamdia
Tratamento
Evitar relaes sexuais por at 7 dias aps o incio do tratamento.
Sempre realizar aconselhamento, sorologias, vacina da hepatite B, buscar e tratar parceiros e combinar retorno.
Os parceiros devem receber o mesmo tratamento, preferencialmente em dose nica.
Agente
Gonorreia
Tratamento
Observaes
Gonorreia farngea:
Menores de 18 anos,
gestantes e nutrizes
contraindicado
quinolonas
(ofloxacina,
levofloxacina e
ciprofloxacino)
Azitromicina
Eritromicina
Amoxicilina
500mg, VO, a cada
8h, por 7 dias.
19
Gonorreia e Clamdia
Clamdia
-- O achado na citologia de rotina impe o tratamento da mulher e do parceiro, j que se trata de uma DST.
No h indicao de tratamento de vaginose bacteriana assintomtica, nem mesmo pr-insero de DIU, mas em
mulheres que possuam DIU e apresentem VB sintomtica recorrente, a retirada do DIU deve ser considerada.
Abordagem sindrmica
Queixas de dispareunia, disria, dor plvica. Podem ocorrer prurido e irritao vulvar, mas so infrequentes.
Aspecto: corrimento abundante, amarelado esverdeado, bolhoso, hiperemia de mucosa com placas avermelhadas.
-- Odor ftido sugere mais vaginose bacteriana.
Tratamento
Durante quaisquer dos tratamentos deve ser feita abstinncia sexual de, pelo menos, 7 dias aps ambos (paciente e
parceiro(s) completarem o tratamento.
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Sempre realizar aconselhamento, sorologias, vacina da hepatite B, buscar e tratar parceiros e combinar retorno.
-- Os parceiros devem ser tratados preferencialmente com medicamentos de dose nica.
-- Se certeza de vaginose bacteriana, no necessrio tratar o parceiro.
Agente
1 opo
2 opo
21
Metronidazol 400-500mg,
VO, a cada 12h, por 7 dias; ou
Candidase
Candidase
Pontos-chave
uma infeco endgena, portanto no h necessidade de tratar o(s) parceiro(s) e investigar DST.
-- Recomenda-se o tratamento via oral de parceiros de mulheres com candidase recorrente.
O achado de cndida na citologia onctica em pacientes assintomticas no justifica o tratamento.
Abordagem sindrmica
Queixas de prurido vulvovaginal, disria, dispareunia.
Aspecto: corrimento branco grumoso, aderido mucosa, inodoro, hiperemia e eritema vulvar, leses satlites na vulva.
O exame fsico pode ser dispensado se anamnese compatvel com os sinais e sintomas caractersticos.
Candidase
Tratamento
O tratamento tpico ou oral possuem a mesma efetividade e a escolha depende, entre outros fatores, da preferncia da
paciente.
Para sintomas vulvares pode ser usada uma apresentao tpica em associao com uma oral.
22
Agente
Candidase
1 opo
Gestantes e nutrizes
Candidase
23
Dor Plvica
Dor Plvica
Pontos-chave
Doena polimicrobiana do trato genital superior. Principais agentes envolvidos so clamdia e gonococo.
O diagnstico CLNICO, nenhum teste ou estudo sensvel ou especfico o suficiente para um diagnstico definitivo.
Deve-se manter um limiar baixo para o diagnstico de DIP por causa das sequelas significativas associadas a
essa infeco.
Parto ou aborto recente: excluir infeco plvica e abdmen agudo.
Atraso menstrual, sangramento vaginal: excluir gestao (tpica e ectpica) e abortamento.
Sempre realizar aconselhamento, sorologias, vacina da hepatite B, buscar e tratar parceiros, combinar retorno.
No h evidncia que sugira a necessidade da retirada do DIU em mulheres com DIP aguda, mas essas pacientes
devem ser monitoradas.
Abordagem sindrmica
Sinais e sintomas a considerar na abordagem sindrmica da dor plvica:
Dor plvica, dispareunia, disria, sangramento ps-coital.
Dor Plvica
Cervicite mucopurulenta.
Exame plvico bimanual: hipersensibilidade do fundo de saco, dor mobilizao do colo ou anexos, presena de massas ou
colees.
Temperatura: acima de 38C em casos graves.
24
Dor Plvica
Diagnstico
O diagnstico CLNICO.
Critrios para DIP: 3 critrios maiores + 1 critrio menor, ou 1 critrio especfico:
-- Critrios maiores: dor no abdmen inferior, dor palpao dos anexos, dor mobilizao do colo uterino.
-- Critrios menores: febre (>38oC), secreo vaginal ou endocervical mucopurulenta, massa plvica, leucocitose, protena
C reativa ou VHS aumentados, comprovao laboratorial de infeco por gonococo, clamdia ou micoplasma.
-- Critrios especficos: evidncia histopatolgica de endometrite, presena de abscesso tubo-ovariano ou de fundo de saco
em estudo de imagem, evidncia laparoscpica de DIP.
Nenhum teste de laboratrio tem boa sensibilidade e especificidade para DIP.
Exames de imagem
Em geral, exames de imagem no so necessrios. Devem ser solicitados apenas se sinais de alarme ou se no houver resposta
ao tratamento emprico. Nesses casos, a solicitao de exames deve ser feita em conjunto com outros nveis de ateno.
Tratamento
recomendado o tratamento emprico para todas mulheres com sensibilidade anexial e uterina com risco para DST.
O tratamento antibitico deve cobrir N. gonorrhoeae e C. trachomatis e possivelmente bactrias anaerbias, gram negativas
e espcies de Streptococcus.
Dor Plvica
-- controversa a necessidade do tratamento de bactrias anaerbias, como as que podem estar envolvidas na vaginose
bacteriana (gardnerela). Mais estudos so necessrios para definir se o tratamento direcionado a esses micro-organismos deve ser recomendado rotineiramente.
Gestantes com suspeita de DIP devem ser encaminhadas para avaliao obsttrica de urgncia.
Orientar abstinncia sexual ou usar preservativo at que ambos (o casal) tenham completado o tratamento.
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Dor Plvica
Esquema 2
Outra cefalosporina de 3a gerao parenteral:
cefotaxima, ceftazidima
Ofloxacina 400mg, VO, a cada 12h, por 14 dias; ou
Ciprofloxacino 500mg, VO, a cada 12h, por 14 dias.
+
DOXICICLINA 100mg, VO, a cada 12h, por 14 dias.
Opcional
Dor Plvica
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Abordagem sindrmica
O diagnstico da forma clnica condilomatosa da leso pelo HPV essencialmente clnico. As leses podem ser nicas ou
mltiplas, restritas ou difusas e de tamanho varivel, localizando-se mais frequentemente, no homem, na glande, sulco blanoprepucial e regio perianal, e, na mulher, na vulva, perneo, regio perianal, vagina e colo (Fig. 7, Fig. 8, Fig. 9). Menos frequentemente podem estar presentes em reas extragenitais como conjuntivas, mucosa nasal, oral e larngea. Dependendo do tamanho
e localizao anatmica, podem ser dolorosas, friveis e/ou pruriginosas.
27
28
Diagnstico
O diagnstico essencialmente clnico. A bipsia est indicada somente se:
Houver dvida diagnstica ou suspeita de neoplasia (leses pigmentadas, endurecidas, fixas ou ulceradas).
As leses no responderem ao tratamento convencional.
As leses aumentarem de tamanho durante ou aps o tratamento.
Tratamento
O objetivo principal do tratamento da infeco pelo HPV a remoo das leses condilomatosas, o que leva cura da maioria
dos pacientes. Nenhuma evidncia indica que os tratamentos disponveis erradicam ou afetam a histria natural da infeco pelo
HPV. Se deixados sem tratamento, os condilomas podem desaparecer, permanecer inalterados, ou aumentar em tamanho ou
nmero.
Forma de uso
Nenhum tratamento
Tratamento aplicado
pelo mdico
Tratamento
29
Tratamento
Tratamento aplicado
pelo mdico
Tratamento aplicado
pelo paciente
Forma de uso
PODOFILINA 10-25%
em soluo alcolica ou em
tintura de Benjoim
INTERFERON
CRIOTERAPIA
EXRESE CIRRGICA
IMIQUIMOD 5% creme
Aplicar noite, ao deitar, trs vezes por semana, em dias alternados, por 16
semanas no mximo. A rea de tratamento deve ser lavada com sabo neutro
e gua 6 a 10 horas depois da aplicao. Alto custo.
PODOFILOTOXINA 0,15%
CREME
ATENO: Na presena de leso vegetante no colo uterino, deve-se excluir a possibilidade de tratar-se de uma leso intraepitelial
antes de iniciar o tratamento. Essas pacientes devem ser referidas para colposcopia para diagnstico diferencial.
30
Gestao
Na gestao, as leses condilomatosas podero atingir grandes propores, seja pelo aumento da vascularizao, seja pelas
alteraes hormonais e imunolgicas que ocorrem neste perodo. Na gestao no se deve usar Podofilina ou Podofilotoxina
pelo risco de teratogenicidade. O Imiquimod no aprovado para uso na gravidez. Opes de tratamento na gestao:
cido Tricloroactico 80-90%.
Exrese cirrgica.
Crioterapia e eletrocauterizao.
O teste de Schiller no um indicador especfico da infeco pelo HPV e, desta forma, muitos testes falso-positivos podem ser
encontrados na populao de baixo risco.
Pacientes que tenham histria de condiloma devem presumidamente ter infeco latente pelo HPV e devem ser aconselhados
da importncia do rastreamento atravs de citopatologia onctica (Papanicolau)8.
31
A infeco subclnica pelo HPV (infeco anogenital sem evidncia de condilomas) mais frequente do que as leses macroscpicas, tanto em homens quanto em mulheres. Pode ser identificada por colposcopia, bipsia, aplicao de cido actico ou
outros mtodos. Entretanto, o tratamento precoce das leses subclnicas no mostrou efeito favorvel no curso da infeco por
HPV em pacientes ou em seus parceiros considerando diminuio das taxas de transmisso, sintomas e recorrncia. Portanto,
a aplicao de tcnicas de magnificao e uso de cido actico exclusivamente para rastreio da infeco subclnica pelo HPV
no recomendvel.
Sfilis
Sfilis
Pontos-chave
Pacientes com VDRL negativo e suspeio clnica forte de sfilis primria devem repetir exame em duas semanas;
Deve-se tratar o parceiro, notificar o caso e solicitar sorologias;
Penicilina benzatina o tratamento de escolha para todos estgios de sfilis, exceto a neurosfilis;
No h dados consistentes que demonstrem a necessidade de esquema diferenciado de tratamento da sfilis em
portadores do HIV;
Pacientes com diagnstico de sfilis com tempo de evoluo desconhecido devem ser tratados como sfilis latente
tardia;
Penicilina cristalina endovenosa o tratamento de escolha para neurosfilis.
Estgios
Sfilis
A sfilis uma infeco sistmica causada pelo Treponema pallidum. A tabela a seguir lista os estgios, curso e manifestaes
da sfilis nos seus diferentes estgios.
32
Sfilis
Tempo
Comum
Incomum
10 a 90 dias
Cancro
Linfadenopatia local
1 a 3 meses
Latente recente -
Nenhum
Nenhum
Neurosfilis tardia**
Secundria (Fig.11)
Latente*
(Recente e Tardia)
Terciria
Meses a anos
* a forma na qual no se observam sinais ou sintomas, sendo o diagnstico feito apenas por testes sorolgicos.
**Neurosfilis pode ocorrer em qualquer estgio da infeco.
Adaptado de: MATTEI P. L. and cols. Syphilis: A Reemerging Infection. Am Fam Physician. 2012; 86(5): 433-440.
Sfilis
33
Sfilis
Sfilis
Fig 9: Mculas eritematosas no abdmen causadas por sfilis secundria. MATTEI P.L. and cols. Syphilis: A Reemerging
Infection. Am Fam Physician. 2012; 86(5): 433-440.
34
Sfilis
Diagnstico
Nos pacientes com suspeita clnica de sfilis deve-se realizar rastreamento com sorologia no treponmica: VDRL (Veneral Disase Research Laboratory) ou RPR (Rapid Plasma Reagin). Esses testes tornam-se positivos aps trs semanas de incio do
cancro.
O VDRL sofre uma elevao ao longo do tempo; via de regra, a titulao est mais elevada na fase secundria da doena.
Observa-se reduo dos ttulos a partir do primeiro ano de evoluo da doena, mesmo sem tratamento. Havendo o tratamento
correto, observa-se a queda dos ttulos aps algumas semanas. A negativao geralmente ocorre entre 9 e 12 meses, podendo,
no entanto, permanecer com ttulos baixos por longos perodos de tempo, ou at por toda vida; o que se denomina de cicatriz
sorolgica.
ATENO: Ttulos de VDRL baixos podem representar doena muito recente ou muito antiga, tratada ou no.
Idealmente, todos os exames com resultados reagentes (VDRL ou RPR) devero ser submetidos a testes confirmatrios, preferencialmente na mesma amostra. Pacientes com VDRL ou RPR positivos devem realizar teste treponmico especfico por meio
de imunofluorescncia com Fluorescent Treponemal Antibody Absorption (FTA-Abs). Esse teste mais especfico e, em geral,
se torna reativo a partir do 15o dia da infeco; portanto, til para confirmao da infeco e excluso dos resultados de VDRL
falso-positivos. Um VDRL reagente com um teste treponmico (FTA-Abs) no reagente representa um falso-positivo. Falsospositivos podem ocorrer em vrias situaes: tuberculose, hansenase, malria, mononucleose, leptospirose, lpus eritematoso
sistmico, gestao e artrite reumatoide. Uma outra estratgia de rastreamento iniciar com o FTA-Abs e se positivo solicitar
VDRL para avaliar titulao. Essa estratgia utilizada nas campanhas com teste rpido para rastreamento de sfilis.
A tabela a seguir sintetiza os principais testes diagnsticos aplicados na suspeita de sfilis.
Sfilis
35
Sfilis
Microscopia de Campo
Escuro
No treponmico:
VDRL (VENERAL
DISEASE RESEARCH
LABORATORY)
Treponmico:
FTA-Abs
(FLUORESCENT
TREPONEMAL
ANTIBODYABSORPTION)
Descrio
Vantagens
Limitaes
Diagnstico imediato.
Detecta anticorpo
anticardiolipina no sangue.
Baixo custo.
Ttulos so correlacionados
com sucesso ou falncia no
tratamento.
Sfilis
Adaptado de: MATTEI P. L. and cols. Syphilis: A Reemerging Infection. Am Fam Physician. 2012; 86 (5): 433-440.
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Sfilis
Tratamento
O tratamento da sfilis baseado no estgio da doena. Na gestao abordado em mais detalhes no Guia de Referncia Rpida de Ateno ao Pr-Natal.
A tabela abaixo especifica o tratamento em cada estgio.
Tratamento da sfilis fora da gestao
Estgio
Tratamento
PENICILINA G BENZATINA, 2,4 milhes UI, IM, em dose nica (1,2 milho UI em cada ndega).
Alrgicos Penicilina:
Sfilis Primria ou
Cancro Duro
Sfilis Secundria
Sfilis
37
Sfilis
Tratamento
PENICILINA G BENZATINA, 2,4 milhes UI, IM, em dose nica (1,2 milho UI em cada ndega). Repetir mesma
dose aps uma semana.
Alrgicos Penicilina:
Latente precoce
Latente tardia
Alrgicos Penicilina:
DOXICICLINA* 100mg, VO, 2 vezes ao dia, por 28 dias; ou
TETRACILINA** 500mg, VO, 4 vezes ao dia, por 28 dias.
Terciria
Sfilis
Neurosfilis
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Sfilis
ATENO: Pacientes com diagnstico de sfilis com tempo de evoluo desconhecido devem ser tratada(o)s como
sfilis latente tardia (dose total de 7.200.000 U.I.).
O seguimento dos pacientes tratados para sfilis deve ser realizado por meio do VDRL durante o primeiro ano (seguimento sorolgico quantitativo de 3 em 3 meses, para detectar falhas teraputicas ou reinfeces). Testes treponmicos no so indicados
para seguimento.
Considera-se resposta adequada ao tratamento o declnio dos ttulos at negativao em um perodo de 6 a 12 meses. Se aps
esse perodo ainda houver reatividade, porm em titulaes decrescentes, deve-se manter o acompanhamento de 6 em 6 meses
por um perodo de 12 meses.
Elevao de duas diluies acima do ltimo ttulo do VDRL justifica novo tratamento, mesmo na ausncia de sintomas. Nessa
situao deve ser considerada a possibilidade de reinfeco.
Gestao/lactao
Sfilis
A sfilis durante a gestao e sfilis congnita so abordadas no Guia de Referncia Rpida de Ateno ao Pr-Natal.
Guia de Referncia Rpida
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APS_capa_DST_final_graf.pdf
09/07/2013
13:19:40
Doenas Sexualmente
Transmissveis