Sustentabilidade No Design de Interiores
Sustentabilidade No Design de Interiores
Sustentabilidade No Design de Interiores
1. Introduo
O Design de Interiores complexo dentro de sua atuao, relacionam alguns elementos, entre
eles, peas, mobilirio, revestimentos, produtos ao espao utilizado pelas pessoas. Refere-se
relao de acesso e o uso desses elementos entre os espaos e ao meio ambiente. O
Design de interiores o estudo que se aplica a todos os tipos de interiores (ambientes) e
exteriores (fachadas e jardins), sejam eles; residenciais ou comerciais, de recreao ou de
transporte. Por isso que o designer de interiores como profissional atuante na rea, visto
como um especialista no planejamento dos espaos com os quais as pessoas tm contato
mais prximo, como as residncias, locais de trabalho, locais pblicos e de lazer.
Na contemporaneidade percebe-se um envolvimento do indivduo cada vez mais sempre
presente nos espaos. Envolvimento que pode estar marcado pela integrao de uma relao
experimental do individuo com os espaos, seja ela, fsica, social ou emocional. Interao que
feita atravs do perfil do sujeito como cliente que impe nesse perfil, suas vontades, anseios
e desejos, que interagem com o espao a ser estudado.
Anais do
2 Simpsio Brasileiro de Design Sustentvel (II SBDS)
Jofre Silva, Mnica Moura & Aguinaldo dos Santos (orgs.)
Rede Brasil de Design Sustentvel RBDS
So Paulo | Brasil | 2009
ISSN 21762384
Assim podemos dizer que o Design de Interiores est diretamente ligado ao processo de
desenvolvimento sustentvel do planeta, pois interfere diretamente nas relaes do indivduo,
seu espao e o meio ambiente.
Portanto a o consumirmos qualquer tipo de produtos, sejam eles para um projeto de Interiores
ou no, devemos pensar alm do ato de comprar esses produtos, considerando a
Anais do 2 Simpsio Brasileiro de Design Sustentvel (II SBDS)
responsabilidade social que temos enquanto consumidor; procurar obter informaes mais
profundas sobre os produtos e assim at identificarmos o histrico da empresa que est por
iii
trs dele. Segundo Heloisa de Mello, gerente de operaes do Instituto Akatu no produto
deve conter implcito de que forma o item foi produzido. O profissional da rea de Design de
Interiores, o designer, deve tomar instrues dos produtos auxiliando seu cliente atravs do
conhecimento e pesquisa da empresa/marca desses produtos.
Segundo Faith Popcorn, criadora do verbo encasular e grande guru de tendncias pessoais
e de negcios, identifica as dezesseis principais tendncias mundiais para as prximas
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dcadas, entre elas, o encasulamento .
Quando cunhamos o termo Encasulamento, queramos nos referir a entocar-se, encomendar comida
em casa e ver os programas favoritos na televiso. O encasulamento evocava imagens calorosas de
lares. De ninhos. De carinho. De diverso em casa. De entrar em sintonia com aqueles de quem
gostamos. (Popcorn,1997,p:53).
Entre outras tendncias Popcorn (1997) cita tambm o S.O.S. (Salve O Social) que
diagnostica a proteo de nosso planeta ameaado de extino, onde precisamos redescobrir
uma conscincia social com base em uma mistura de tica, educao, meio ambiente e
compaixo.
O Click para o futuro ser tornar o mundo seguro para ns e para nossos filhos e proteger nosso
prprio mundo. Provavelmente o maior desafio da Tendncia S.O.S. ter que decidir o que salvar....
Se cada um de ns se esforar , de verdade confiando nos fatos e no em tticas assustadoras os
resultados sero coletivos.No avassalador. Ainda estamos aqui. Ainda podemos ter um Click.
Nunca deixe de ter esperana. (Popcorn,1997,p:354).
Os habitantes de uma casa e/ou do planeta, por serem usurios desses espaos, fazem desse
um lugar, um ambiente prprio, um lugar produzido pelos aspectos dos usurios que utilizam
esse espao. Um lugar caracterizado que, por muitas vezes pode ser at um espao
imaginrio e inatingvel. Para isso percebemos que para um espao ser prprio ele precisa ter
a participao no s fsica e social de um individuo, mas tambm emocional. A casa e/ou
planeta um espao-lugar. Para Marc Auge (1994, p:80) o espao produzido pela prtica
dos lugares.
Na realidade concreta do mundo de hoje, os lugares e os espaos, os lugares e os no-lugares
misturam-se, interpenetram-se. A possibilidade do no-lugar nunca est ausente de qualquer lugar que
seja. A volta ao lugar o recurso de quem freqenta os no-lugares (e que sonha, por exemplo, com
uma residncia secundria enraizada nas profundezas da terra). Lugares e no-lugares se opem (ou
se atraem), como as palavras e as noes que permitem descrev-las. (Aug, 1994, p:98).
Portanto, a casa e/ou planeta como lugar certo de seus habitantes configura mais com os
seus usurios em um contato fsico, social e emocional, do que em uma relao de um espao
limitado para acomodar seus habitantes. Tal idia nos possibilita citar e entender a proposta do
vi
artigo que Suzana Barreto Martins estabelece na leitura das Cinco Peles de Hunderwasser .
Tal artigo descrito no livro de Pires (2008) para argumentar a sobrevivncia do ser humano
em sua existncia terrena.
Correspondem as Cinco Peles : a primeira pele a epiderme, a segunda pele a vestimenta, a
terceira pele a casa do homem, a quarta pele o meio social e a identidade e a quinta pele a
humanidade, a natureza e o meio ambiente.(Pires,2008, p:321).
Pensar um humano com cinco peles , de alguma forma, sugerir outras possibilidades para
seus limites e suas fronteiras. Uma pele que incorpora em diferentes dimenses e de mltiplas
formas, uma vez que se apresenta como sendo muito mais do que uma simples membrana
fsica, no s como uma capa, mas como dimenso e extenso do prprio corpo. Contudo
podemos dizer que a casa e/ou planeta uma extenso do corpo, portanto cabe a cada um
fazer sua parte no processo de desenvolvimento da sustentabilidade.
Cada vez mais notvel uma nova gerao de usurios que qualificam valorizando seus
produtos e seus espaos. Para isso, contamos com as novas tecnologias (NT) que nos
possibilita termos aquilo que desejamos dentro de um processo sustentvel. Por exemplo, as
tintas, revestimentos, vernizes, colas, resinas, impermeabilizantes, carpetes, selantes, madeira
compensada com baixos teores ou isentas de insumos volteis e/ou derivados de petrleo,
com o intuito de no agredir o meio ambiente e a sade dos moradores entre incorporam ao
desenvolvimento da sustentabilidade. Produtos que possuem identificaes que se do a partir
de alguns critrios, como ndices de emisses, toxidade, volume das emisses de Compostos
Orgnicos Volteis (COVs) e durao e nveis de exposio e acmulo.
Verificamos ao fazermos uma escolha aos produtos e revestimentos sustentveis que eles
podem beneficiar a sade do individuo. Uma simples escolha equivocada na tinta capaz de
poluir o interior de um espao. Assim o impacto das prticas de consumo pelos indivduos est
diretamente relacionado evoluo dos espaos. Consumir bons hbitos, produtos e servios,
est relacionado a construir bons espaos. Desta forma, o consumo pode e deve ser um aliado
para a conservao e preservao do meio ambiente, pelas exigncias de um bom
consumidor.
Anais do 2 Simpsio Brasileiro de Design Sustentvel (II SBDS)
Assim podemos dizer que consumir com responsabilidade um dever de todo individuo, e
partindo desse princpio que o consumidor deve ser responsvel pela escolha de seus
produtos, embora por muitas vezes ele deve ser auxiliado por profissionais da rea que o
ajudaro a fazer as escolhas de produtos e servios melhores e adequados para seus
espaos. Desta forma estar contribuindo para que o meio ambiente seja preservado e
incluindo-o no contexto da denominao da era dos bens de consumo.
Muitos esforos devero existir a tal gravidade e urgncia ao problema da crise ecolgica e a
necessidade a respostas responsveis por parte dos pesquisadores, designers, designers de
interiores, arquitetos, engenheiros, e tambm os formadores destes profissionais, para que os
princpios da sustentabilidade sejam absorvidos e incorporados no ato de criar,projetar e
executar produtos e servios na rea do Design de Interiores.
A Educao Ambiental um importante instrumento de sensibilizao em busca da conscincia
ambiental da populao, podendo levar a mudanas de atitude e realizao de aes em prol do
ambiente, visando a preservao ou a conservao e buscando a melhoria da qualidade ambiental. A
Educao Ambiental deve ser amplamente empregada na sensibilizao da comunidade de forma
direcionada e especfica para cada pblico-alvo (estudantes de diferentes nveis e comunidade em
geral) ampliando a capacidade da populao para participar da gesto pblica dos bens naturais a que
tem direito. (Santos, 2005, pgs: 75 e 76).
Percebemos que muitas aes e atitudes fogem de tradies antigas e hierrquicas que eram
cultivadas no passado.Nossos avs ou at nossos pais, no estavam preocupados com o fim
do lixo descartvel,com as latas e plsticos, ou ento, com o desperdcio da gua e de energia
eltrica, hoje, recebemos crticas da juventude para que haja contribuio no processo do
desenvolvimento sustentvel do planeta.
Portanto quando ouvimos a expresso: voc aquilo que consome?! Estamos dizendo que
escolhemos os produtos que fazem parte de nossas vidas diariamente,produtos que falam
muito sobre o nosso jeito, nosso espao e a relao que estabelecemos com a
sociedade.Nossos espaos so produzidos por ns como se ficassem com a nossa identidade.
Dessa maneira, obtendo conscincia desse poder de escolha, do livre arbtrio, podemos us-lo
a nosso favor e diretamente ao meio ambiente. Produzimos bons projetos para construmos
bons espaos com bons produtos para vivermos bem em nossos espaos (casa e/ou planeta).
Podemos justificar como um bom projeto de interiores aquele que trabalha com a percepo
ambiental, a sensibilizao e a conscientizao da sustentabilidade. Enfatizando que muitas
mudanas e transformaes necessrias foram, so e devero ser feitas para que haja um
desenvolvimento da sustentabilidade no Design de Interiores.
6. Consideraes Finais
Este artigo permitiu diagnosticar a existncia de estudos, aes e atitudes ambientalmente
corretas nas relaes entre um indivduo consciente. Um desafio que inter-relaciona o espao,
o meio ambiente e o consumo, o que resultar em produtos e consumidores com prticas
sustentveis. Porm , o sucesso de tal desafio s ser possvel a partir de um novo olhar
construdo atravs do envolvimento efetivo das aes cientfica e poltica, de atitudes e
decises assertivas dos indivduos e administradores econmicos de todo planeta.
Referncias
Aug, Marc. No-Lugares. Introduo a uma antropologia da supermodernidade. So Paulo, Papirus,
1994.
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Ferlauto, Cludio. A Frma e a Forma: as palavras e as imagens do design. So Paulo: Rosari, 2003.
Jacobi, Pedro. Educao Ambiental e Cidadania.
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Acesso em 22 abril de 2009.
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UFSC, Florianpolis. <http://www.tede.ufsc.br/teses/PEPS4775.pdf .> Acesso em 22 abril 2009.
Pires, Dorotia Baduy (org).Design de moda: olhares diversos.So Paulo: Estao das Letras e Cores,
2008.
Popcorn, Faith , MARIGOLD, Lys. Click: 16 tendncias que iro transformar sua vida, seu trabalho e seus
negcios no futuro. Traduo de Ana Gibson. Rio de Janeiro. Campus, 1997.
ii
O Projeto Mateco tambm desenvolve uma materioteca ecolgica especfica para Comunicao Visual dentro da
empresa Kojima, um dos apoiadores do Projeto.
iii
Entidade que divulga o consumo consciente. O embrio do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente
surgiu no ano 2000, dentro do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. Site
www.akatu.org.br.
iv
Vrios fatores levam os indivduos a procurarem espaos fechados, entre eles, segurana, conforto,
prazer, necessidade e etc.
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Impulso de ficar dentro de casa, quando o lado de fora se torna muito difcil e ameaador. Um nmero
cada vez maior de pessoas est transformando suas casas em verdadeiros ninhos - fazem nova
decorao, assistem filmes pela TV a cabo, utilizam a Internet para fazer compras e usam a secretria
eletrnica para filtrar o mundo exterior. A segurana do lar o que importa.
vi
Pintor, artista grfico e arquiteto (Viena, 15 de dezembro de 1928 19 de fevereiro de 2000). Friedrich
Stowasser, mais conhecido pelo nome de Friedensreich Hundertwasser neto do conhecido filsofo Joseph
Anais do 2 Simpsio Brasileiro de Design Sustentvel (II SBDS)
Maria Stowasser. Suas reas de conhecimento foram a pintura e a arquitetura, sendo de grande influncia
na arquitetura orgnica moderna.