Sisson, Anatomia Veterinária - Cap01
Sisson, Anatomia Veterinária - Cap01
Sisson, Anatomia Veterinária - Cap01
INTRODUO
GERAL
c. R. Ellenport
constituem a cincia chamada morfologia ou anatomia filosfica. Contudo, o morfologista .lida ~omente com os dados anatmicos que so necessnos
para formar a base para as suas generalizaes. O
conhecimento anatmico necessrio para a prtica
mdica e cirrgica , evidentemente, de carter diferente e precisa incluir muitos detalhes que no so
de interesse particular para o morfologista.
A anatomia especial a descrio da estrutura de
um simples tipo ou espcie, por exemplo, antropotornia, hipotomia.
A anatomia veterinria o ramo que lida com a .
forma e a estrutura dos principais animais domsticos. geralmente estudada tendo em vista formao profissional e, portanto, de carter altamente
descritivo.
So utilizados trs mtodos principais de estudo
- o sistemtico, o topogrfico e o aplicado. Este
livro usa a abordagem sistemtica, onde o corpo
visto como constitudo de sistemas de rgos ou aparelhos que so semelhantes em origem e estrutura e
esto associados na realizao de certas funes. As
divises da anatomia sistemtica so: (1) osteologia,
descrio do esqueleto (ossos e cartilagem), cujas
funes so apoiar e proteger as partes macias do
corpo; (2) sindesmologia,
descrio das junturas,
cujas funes so dar mobilidade aos segmentos dos
ossos rgidos e mant-Ios unidos atravs de fortes
faixas fibrosas, os ligamentos; (3) miologia, descrio dos msculos e estruturas acessrias que funcionam para colocar os ossos e as articulaes em movimento; (4) esplancnologia, descrio das vsceras
(incluindo os aparelhos digestivo, respiratrio e
urogenital, o peritnio e as glndulas ertdcrinas);
(5) angiologia, descrio dos rgos da circulao
(corao, artrias, veias, linfticos e bao); (6) neurologia, descrio do sistema nervoso; sua funo
controlar e coordenar todos os outros rgos e estruturas; (7) rgos do sentido, que pem o indivduo em contato com o meio ambiente, e (8) tegumento comum, que funciona principalmente como
um revestimento protetor do corpo, como uma
parte importante do sistema regulador de temp~~tura, voltado para as sensaes e com poderes limitados de excreo e absoro.
"Ainda que a aquisio e a organizao do conhecimento anatmico seja fcil para os iniciante ,
quando aprendido por sistemas, os estudante do
campos de medicina precisam estar sempre atento
para aprender as relaes das vrias parte para
com cada uma e com a superfcie do corpo, porque o
3
GERAL
"
prximo
cauda, caudal; as relaes de estruturas
com respeito ao eixo longitudinal do corpo so denominadas em conformidade.
Com respeito s partes da cabea, os termos correspondentes
so rostral
e caudal. Certos termos so usados em sentido especial quando aplicados aos membros. Proximal e distal expressam distncias relativas das partes em relao. ao eixo longo do corpo. Abaixo do carpa os
termos usados so dorsal e palmar e abaixo do tarso,
dorsal e plantar. Os termos superficial e profundo
(profundus) so teis para indicar distncias relativas
'I partir da superfcie
do corpo.
TERMOS TOPOGRFICOS
NOMENCLATURA
(NAV, 1972)
"At 1895 no havia acordo geral sobre a nomenPara que a posio e a direo das partes do COI'pO
clatura da anatomia humana ou veterinria. Cada
sejam indicadas precisamente,
empregam-se certos
nao possua seu prprio sistema de terminologia,
termos descritivos que precisam ser conhecidos
ainda que houvesse uma base comum que se esten-.
desde j. Assumimos, na explicao destes termos,
que sejam aplicados a um quadrpede
na sua posi- dia atravs da histria. Muitas estruturas possuam.
nomes diferentes
em diferentes
pases e muitas
o ereta normal (Fig. l-I). A superfcie orientada
eram denominadas com o nome da pessoa que havia
em direo ao plano de apoio (solo) denominada
feito a sua primeira descrio. Em muitos casos o
ventral e a superfcie oposta, dorsal; os relacionamesmo rgo. estava associado com os nomes de di-'
mentos das partes nesta direo so. denominados
de forma correspondente.
O plano mediano longi- ferentes anatomistas em pases diferentes." A partir'
daquela data tem havido diversas Nomina Anatomi-,
tudinal divide o corpo em metades similares. Uma
estrutura ou superfcie que est mais prxima do cas; a primeira Nomina Anatornica Veterinria internacional foi publicada em 1968 (veja N AV 1968 e
plano mediano do que uma outra chamada medial
1972 para asua histria e membros).
(ou interna) a ele, e um objeto ou superfcie que est
"Os seguintes princpios, que esto, em grande
mais distante da plano medial do que um outro
parte, de acordo com os da N .A., tm servido como
chamado lateral (ou externo) a ele. Os planos parasobre
lelos ao medial so sagitais. Planos transversos ou guias no trabalho do Comit Internacional
Nomenclatura Anatmica Veterinria (C.I.N.A.V.):
segmentares
cortam o eixo mais longo do corpo
perpendicularmente
ao plano mediano,
ou um
"1. Fora um nmero muito li~tado de excees,
rgo o.u membro em ngulos retos ao seu eixo mais cada estrutura anatmica
deve ser designada por
um nico termo."
longo. Um plano frontal perpendicular
aos planos
mediano e transversal. O termo tambm usado em
"2. Cada termo deve estar em latim na lista ofireferncia a partes dos membros ou de vrios rgos
cial, mas os anatomistas de cada pas esto livres
cortados no mesmo sentido. O lado do corpo mais para traduzir os termos oficiais do latim para a lnprximo cabea denominado
cranial e o mais gua de ensino."
".
/
PLANO MEDIANO
CRANIAL
\ PLANO FRONTAL
VENTRAL
Figura l-I. Termos de posio e direo.
INTRODUO
GERAL
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ANATOMIA NA RADIOLOGIA
M. A. Emmerson
A IMPORTNCIA DA ANATOMIA
PARA O RADIOLOGISTA
"Para ser proficiente no campo da diagnose radiolgica
temos que estar familiarizados
com a anatomia radiogrfica .:
SCH~I:\ITZ E WILKENS
QUE A
ANATOMIA RADIOGRFICA?
interpretada
com preciso.' Desta forma, para se
obter uma excelente radiografia, para fins diagnsticos, o paciente tem que estar adequadamente
posicionado. A aquisio de conhecimentos anatmicos
tridimensionais
, portanto, necessria para que se
seja cientfico ao invs de depender da sorte para a
obteno da melhor chapa de raios X.
O tratamento das leses internas de rgos especficos com enersia radiante (terapia de raios X,
por exemplo) eXige que o radiologista conhea a
posio do rgo que est doente, e aproximadamente sua profundidade abaixo da superficie do
corpo, para que receba o efeito mximo do feixe de
raios X adequadamente
direcionado.
Caso venham a ser usados implantes de energia
radiante, tais como sementes de radon ou agulhas
Os seguintes
Entrada anterior
(cranial) -
sada posterior
(caudal); vista
sada anterior
(cranial); vista
anterior-posterior.
GERAL
PRIMEIRO?
VETERINRIA?
O QUE O RADIOLOGtSTA?
O radiologista qualquer pessoa qualificada por
treinamento nas cincias mdicas e na fsica radiolgica para usar a energia radiante nas reas de diagnose, terapia e pesquisa da medicina.
O QUE SO RAIOS ROENTGEN
OU "RIOS X"?
Os raios X foram descobertos em 1895 por Wilhelm Conrad Roentgen, um fsico alemo (Emrnerson, 1952). A histria da descoberta dos raios X
uma das mais fascinantes na histria da cincia. Os
raios X so ondas eletromagnticas ou acmulos de
energia na forma de ondas que se deslocam a
186.000 milhas por segundo. O comprimento
da
onda dos raios roentgen extremamente
curto. Os
comprimentos de onda utilizados n,ils diagnoses mdicas veterinrias so de 0,1 a 0,5 A Os raios gama
so fisicamente idnticos aos raios X curtos, mas so
emitidos por determinados elementos radioativos. O
conceito de importncia para o estudante de anatomia que o feixe de raios X to minsculo que
pode. passar atravs dos tomos dos tecidosde um
animal e que apenas determinadas
partes do feixe
de raios X sero "paradas" ou "absorvidas" pelos
elctrons, prtons ou nutrons em rbita nos tecidos
expostos. Desta forma, importante que o radiologista veterinrio aprenda anatomia em trs dimenses.
Exemplo: sua frente h um co anestesiado. Voc recebe um
daqueles antiquados alfinetes de chapus de senhoras e solicitado
a ernpurr-Io, de ponta, atravs do trax, da esquerda para a direita, entre a quarta e a quinta costelas, a meio do caminho entre o
ligamento supra-espinhoso e o esterno. Embora voc no possa
realmente ver a ponta do alfinete penetrar e emergir de cada estrutura anatmica, voc dever ser capaz de visualizar em sua mente
(doravante citada como seu "olho de raios X") cada estrutura que o
alfinete atravessa at emergir no lado direito do peito. Agora imagine, literalmente, milhes de alfinetes passando atravs do peito.
isto o que faz o feixe de raios X quando se tira uma "chapa de raios
X" ou radiografia do peito de um co.
INTRODUO GERAL
GERAL
Figura 1-3. Feto de bovino; o mesmo da Fig. 1-2, porm no sistema circulatrio foi injetado atravs das artrias umbilicais um meio
radiopaco.
Note o efeito que o sistema circulatrio possui na delineao do trax e do abdome. A circulao fetal est bem ilustrada. Ainda no h
nenhum ar nem gs nos tratos respiratrio ou digestivo.
a quantidade de raios X, produzidos por um determinado aparelho e usado para tratar de tumores e
outras doenas, A unidade de mensurao o.
roentgen, designado. po.r um "r" minsculo.
O ro.entgen,* uma dose de exposio de radiao.X ou gama, tal que a emisso.corpuscular associada po.r 0,001293 g de ar produz, no. ar, ons carregando. uma unidade eletrosttica de quantidade
de eletricidade de qualquer sinal.
INTRODUO
GERAL
GERAL
10
Colo
uterino
Vagina
Figura 1-4. Arteriografia de um tero de bovino (espcime fresco injetado), vista dorsoventral, 9,5 dias aps o incio do estro,
ilustrando a magnitude do suprimento sangneo (hemodinmica) aos rgos reprodutivos da fmea, especialmente ao ovrio em
funcionamento.
O corno uterino direito foi o corno grvido para o primeiro e nico bezerro desta vaca. A deJineaoretangular representa a rea
reproduzida na Fig. 1-5A at E.
til a anatomia visual; o quadro de estruturas e o veterinrio nefito comea seu treinamento prorelaes que podem ser observados no "olho da fissional pela osteologia - o estudo dos ossos ~ e
mente" ou no "olho de raios X", e no as palavras sindesmologia - o estudo das articulaes e dos liutilizadas para descrever a estrutura.
gamentos. O aluno iniciante recebe uma "caixa
de ossos" e solicitado a estud-Ios. Isto pode
tornar-se pouco atraente , a menos que ele possa
QUANDO A ANATOMIA POUCO ATRAENTE
receber demonstrao de uma apresentao interesSE TORNA ESPETACULAR?
sante daquele osso ou articulao, em uma chapa de
A estrutura que d a uma massa de protoplasma raios X. Um osso, por seu teor de clcio e elevada
sua eventual beleza artstica denominada esque- radiopacidade, normalmente a caracterstica mais
leto. O esqueleto composto de ossos e articulaes. marcante de uma radiografia. Poucosiniciantes em
INTRODUO
II
GERAL
)
direita
de uma vaca.
,~
,
I
\
\
,,
..
(A ilustrao continua
na pgina seguinte.)
mximo
e doravante
tornar-se-
me-
(A ilustrao continua
na pgina seguinte.)
INTRODUO GERAL
13
de uma
GERAL
14
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VARIAO ANATMICA
L.
J.
A. DiDio
para a esquerda. A esta assimetria morfolgica bilateral deve ser acrescida uma assimetria funcional
(predominncia
do uso de um lado ou do outro:
indivduos direitos ou canhotos; a ovulao nos bovinos ocorre mais freqentemente
no ovrio direito). Variaes unilaterais so duas vezes mais freqentes do que nas estruturas bilateralmente
simtricas.
2. O princpio de metamerisrno dirige a homologia seriada (segmentar); isto , os rgos ou estruturas dispostos de acordo com uma srie linear longitudinal. Estas estruturas
(por exemplo, vrtebras,
costelas, membros torcicos e plvicos) so denominadas homodinmicas; elas so encontradas em uma
sucesso craniocaudal de segmentos semelhantes do
corpo. Nesta disposio, um tipo de polaridade
(presena de plos) pode ser reconhecido; no plo
cranial, encontra-se uma concentrao
do sistema
nervoso, enquanto que em certos animais, como no
homem, o plo oposto ou caudal rudimentar.
O
metamerismo melhor visto em embries e torna-se
menos evidente nos adultos; ele pode ser traado
principalmente
no esqueleto, msculo, vasos e no
sistema nervoso.
O plano metamrico envolve o mesoderma dorsal
(somitos) e reconhecvel no tronco e no pescoo.
Na cabea, o mesoderma ventral determina a disposio de estruturas
tais como os arcos branquiais
(branquiomerismo).
Na regio farngea, cinco arcos
branquiais podem ser encontrados.
Eles so assim
denominados
porque correspondern
aos arcos que
sustentam as brnquias (guelras) dos peixes.
3. O princpio de tubulao determina
a presena de um tubo dorsal e ventral no corpo dos vertebrados. Do eixo de apoio do corpo, a coluna vertebral, arcos sseos so emitidos em ambos os lados
para formar um tubo estreito dorsal ou neural e um
grande.tubo ventral ou visceral. O primeiro contm
o sistema nervoso e estruturas relacionadas, e o ltimo contm parte das vsceras. Estes dois tubos
esto circundados por um outro composto de pele e
INTRODUO
GERAL
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encontrada
uma
clara
linha
divisria
No adulto, a pele (tegumento comum) formada
entre a anatomia e a patologia para se estabelecer
por uma camada externa de epidern;e. composta de
distino
entre uma estrutura normal e outra anordiversas camadas ou estratos (crneo, lcido, granuloso,
mal (ou patolgica).
espinhoso e basal}, seguida de uma camada m~is proLigeiros desvios do r.adro mOl,-Eol.?gi;o n<;>rn;al
funda de crio (derme) e pela camada mais pr<.>de um rgo so denominados varraoes . O orgao
funda a tela subcutnea (com a tnica areolar, fscia
superficial e tnica lamelar). ~rofundan;ente
tela desviado considerado como sendo apenas uma vasubcutnea, a fscia muscular Circunda musculos dis- riante. O desvio pode ser um aumento no nmero
de partes (por exemplo, un: .msculo com u~ npostos em camadas.
Na .maioria, os msculos
mero superior mdia de feixes), uma reduao ?e
originam-se,
inserem-se,
Clrcund~m, ou f~rmam
camadas entre ossos (msculos Intercostais).
Os partes, ou uma modificao de formato: Um~ disfeita entre a modificao de
ossos esto cobertos por uma camada de peristeo, e tino normalmente
forma
(normal)
e
a
alterao
de forma (patolgica).
so formados por uma substncia externa compacta:,
rgos rudimentares
em um animal so os que
dentro da gual h uma substnc~ esponjosa e em muimelhor ou ~on;pleto
tos, uma parte central no calcificada, a caoidade m~- possuem um desenvolvimento
em outra espcie. Eles s vezes podem atingrr dedular. Os ossos tambm podem formar compartisenvolvimento completo nos primeiros estgios do
mentos (por exemplo, o crnio) ou grades (por
animal, e depois tornar-se hipertrofiados
ou atroexemplo, o trax) e e ler; protegem, respectIv,amente,
fiados.
os rgos do sistema nervoso central e a~ vlsce:as.
Nos vasos, trs camadas so reconhecidas: tunua
A variabilidade dentro dos limites das espcies a
externa, tnica mdia e tnica ntima. Na maioria das
regra. Por exemplo, h uma espcie Homo sapiens
vsceras, paredes semelhantes so denominadas
t(no um "homem"
ideal, mas simplesmente
honica serosa tnica muscular e tnica mucosa. Por sua
mens), uma espcie Canis familiaris (no o "co" e
vez cada urna destas tnicas formada por subdisim "ces"). Em outras palavras, a espcie no fixa,
vises de camadas denominadas
membranas.
mas dentro de seus limites h uma variabilidade de
evidente que o estudo da anatomia ~e r~stringe
suas caractersticas.
Naturalmente
ocorrem mutaa determinados padres inerentes aos animais, e que
es nos genes que, por sua vez, produzem modifidevem ser esperados desvios desses padres, tanto
caes nas estruturas controladas por aqueles genes.
quantitativos como qualitativos.
.
O nvel 'da observao influencia a identificao
Na anatomia comparada,
a palavra homologia
das variaes. Tanto mais prxima seja a observarefere-se a estruturas
idnticas, que possuem a
o, tanto mais eficaz ser o reconhecimento
de dimesma origem e localizao em animais diferentes
ferenas, e, conseqentemente,
variaes.
(membros torcicos de um cavalo e asas de uma ave).
Variaes podem ser encontradas nos desvios de:
O termo analogia indica apenas identidade de fun(1) holotopia, a relao entre o rgo e o corpo como
o (asas de insetos; pulmes de aves e guelras de
um todo; (2) sintopia, a relao da estrutura e seus
peixes). rgos homlogos no possuem nec.e~sargos adjacentes imediatos; (3) i~:liotopi~, a relao
riamente a mesma funo. Estes conceitos auxiliam
das partes de um rgo entre SI; (4) histotopia, a
na compreenso das variaes e de seu significado
relao das camadas, tnicas ou tecidos de um rgo
morfolgico.
entre si (Pernkopf, 1953).
Normal, em medicina veterinria e humana, quer
As estruturas normais so relativamente constandizer sadio. Em anatomia, pode apresentar conotates. s vezes a estrutura apresenta disposies difees diferentes: (I) pode ser a estrutura mais frerentes com porcentagens iguais de ocorrncia, cauqente (mais de 50 por cento) sob o po~to de
sando, destarte, dificuldade na designao do pavista estatstico; (2) pode ser a estrutura mais adedro tpico. Por exemplo, nos caninos, a veia mesenquada para realizar atividades timas, sob_as ~xi~ntrica caudal sempre conduz para a veia mesentrica
cias fisiolgicas. Estrutura e funo estao mtimacranial (100 por cento), mas ela uma tributria
mente inter-relacionadas
em todos os nveis, desde o
independente
(50 por cento 9,1) ou formada
macroscpico at o microscpico; assim, "a forma pelo recebimento da veia ileocecoclica (50 por cento
a imagem plstica da funo" (Ruffini, 1929) .em 9,1) (Oliveira, 1956). Quando uma estrutura apacada fase e em cada momento. Sob o ponto de vista
rece em apenas 1 a 2 por cento da populao, ela
evolutivo, difcil acreditar em uma estrutura per-Ienominada raridade.
manente e sem funo; e (3) pode ser a "melhor"
Por esses critrios, os vasos sangneos e linfticos
estrutura como um resultado da seleo natural, sob so mais variveis do que os nervos, msculos, ossos
o ponto de vista idealista.
ou ligamentos.
Atualmente, o ponto de vista estatstico prevalece;
assim, mesmo sem recurso s porcentagens,
o no r- *Desta forma, variao normal redundncia.
16
GERAL
Ul
17
INTRODUO GERAL
4. Bitipo. A anatomia constitucional est relacionada com os atributos fsicos do corpo. Isto pertence especialmente s propores de suas partes,
conforme exemplificado pelo baixo, alto, gordo ou
magro. Em outras palavras, pertence a seu bitipo
ou constituio.*
O bitipo, em sua conotao geral, refere-se s
caractersticas pertinentes morfolgicas, bioqumicas, fisiolgicas, psicolgicas e patolgicas (incluindo
a psiquitrica) e s tendncias do indivduo. Ela
sobrepe-se ao padro biolgico da personalidade
alm de determinar caractersticas tais como sade e
longevidade.
A construo fsica do corpo humano determinada pela hereditariedade e influenciada pelo meio
ambiente. A anatomia constitucional trata apenas
das caractersticas
morfolgicas
do bitipo.
Usando-se um mtodo de biornetria, trs grupos
principais podem ser identificados entre os muitos
de transio em toda raa e em ambos os sexos: longitipo, braquitipo e mediotipo. As diferenas entre o
mesmo rgo nos tipos extremos - longitipo e braqui tipo - so mais notveis do que as demonstradas
pelas raas e sexo.
5. Evoluo. Num processo evolutivo muito
longo, a espcie Homo sapiens aumentou de altura,
enquanto sua constituio tornou-se menos macia
(Villee et al., 1963). Sua capacidade cranial tambm
aumentou, os ressaltas sseos acima das aberturas
orbitrias diminuram, sua cabea tornou-se "ortometpica" (tendncia para uma fronte vertical, mais
pronunciada nas mulheres). Os cavalos so um bom
exemplo de ortognese, isto , evoluo de linha
reta: do Eohippus ou Hvracotheriuni (pequenos animais primitivos, que viveram no perodo Eoceno)
mudanas ocorreram no tamanho e forma, documentadas principalmente por esqueletos e dentes
fsseis, atravs do Oligoceno (Miohippus), Mioceno
(Merychippus),
Plioceno
(Pliobip p us) at o
Pleistoceno Recente (Equus).
6. Meio Ambiente. O desenvolvimento de caracteres econmicos (rendimento de leite, conformao
da carne) depende do meio ambiente (suprirrlento
alimentar ete.) em que o animal criado e mantido
(Hammond, 1947). Uma melhoria na forma e qua=Constituo (do latim "cum' e "statuere") implica a idia de correlao entre determinadas propores das partes do corpo.
lidades dos carneiros Welsh para consumo foi conseguida atravs de melhores pastagens e de cruzamentos seletivos.
Variabilidade e Seleo. A seleo e o cruzamento de animais que mostram variabilidade em
qualquer estrutura parece aumentar a variao
(Hammond, 1952). Por exemplo, o cruzamento de
carneiros que ocasionalmente possuem quatro tetas
(ao invs de apenas duas) levou a uma raa com seis
tetas (Bell e Bell, 1923). Cruzando-se animais que
exibem um nmero de vrtebras e costelas maior do
que nas linhagens normais, podem ser obtidos corpos mais longos.
Variaes Especficas: Estas so caractersticas
morfolgicas de determinadas espcies, conforme
segue: (a) divertculo suburetral da vaca (no encontrado nas guas, cadelas e porcas); (b) divertculo
prepucial do porco; (c) fossa uretral do cavalo; (d)
ausncia da vescula biliar no cavalo; (e) presena da
bolsa gutural no cavalo; (I) ausncia de incisivos maxilares nos ruminantes; (g) presena do osso do
pnis no co; (h) ossificao da cartilagem do septo
interatrial nos bovinos velhos; (i) presena de fibras
musculares no ligamento sesamide proxirnal do
bovino jvem; U) ossificao da esclera das aves
adultas; (k) membrana nictitante, ou terceira plpebra, integralmente desenvolvida nos coelhos e
aves, parcialmente desenvolvidas no cavalo, menos
desenvolvida no bovino, e rudimentar nos ces e no
homem.
Em termos amplos, de acordo com Guynot
(1950), h dois tipos de variaes: (1) somticas ou
"somaes" que aparecem no corpo ou soma dos
animais e no so hereditrios; e (2) germinativas ou
mutaes que ocorrem nas clulas germinativas e
so hereditrias. Estas podem causar o apareci~ento de novas formas e j interpretaram, e ainda
lllterpretam,. um papel na evoluo em contraste
com as somaes.
De acordo com Fischer (1952), as chamadas variaes anatmicas so devidas a pares isolados de
genes e no transmitidas isoladamente atravs da
hereditariedade.
Entretanto, a variabilidade
transmitida hereditariamente, dependendo de fatores polirnricos do genoma geral. A conformao
individual das variaes suprida, em sua maioria,
pelo denominado risco do desenvolvimento (Fischer).
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