O Príncipe Hindu Sidarta Gautama, o Iluminado - Superinteressante

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22/01/2015

marco
2002

OprncipehinduSidartaGautama,oiluminadoSuperinteressante

O prncipe hindu Sidarta Gautama ,o iluminado

por

Conhea a fascinante histria do prncipe hindu, Buda .

Caco de Paula

Meio milnio antes de Cristo, o prncipe hindu Sidarta Gautama deixou seu luxuoso palcio e sua
famlia para seguir os passos da mendicncia, do jejum, da meditao. E acabou criando uma religio
que cr no homem e que, hoje, influencia cada vez mais pessoas no Ocidente. Com voc, a
fascinante histria de Buda e de sua doutrina

H 3 000 anos comearam a se formar as principais filosofias e religies que organizaram as vises de
mundo do homem contemporneo. Alguns filsofos, como o alemo Karl Jaspers, do a essa poca o
nome de Era Axial. Axial diz respeito a eixo. Foi, portanto, quando o homem comeou a buscar o seu
eixo. Ou, segundo Jaspers, quando passamos a prestar ateno em ns mesmos. A Era Axial estende
se entre os sculos VIII e II a.C. Nessa poca, as pessoas discutiam sobre espiritualidade com o
mesmo entusiasmo com que hoje se discute futebol, diz a escritora inglesa Karen Armstrong, uma
das mais respeitadas estudiosas de religio, autora de bestsellers como Maom e Buda. Os
historiadores ainda no sabem o que causou esse despertar para a religio e para a filosofia, nem por
que ele se concentrou na China, no Mediterrneo Oriental, na ndia e no Ir. Acreditase que com as
sociedades agrcolas, mais estveis, o homem ganhou tempo extra para dedicarse contemplao.
O certo que todos os sbios desse perodo parecem seguir um caminho comum quando conclamam
seus contemporneos a radicais mudanas em suas vidas. Do sculo VIII ao VI a.C. os profetas de
Israel reformaram o antigo paganismo hebreu. Na China dos sculos VI e V a.C., Confcio e Lao
Ts chacoalhavam as velhas tradies religiosas. Na Prsia, o monotesmo desenvolvido por
Zoroastro expandiuse e influenciou outras religies. No sculo V a.C., Scrates e Plato
encorajavam os gregos a questionar at mesmo as verdades que pareciam mais evidentes. Tudo
acontecendo mais ou menos junto. E bem no meio dessa era, no sculo VI a.C., que surge o criador
do Budismo, uma das mais influentes religies do mundo, hoje com quase 400 milhes de adeptos.
No caldo da primeva Era Axial, a ndia tambm passou por grandes transformaes. Sua cultura foi
dominada pelos arianos, antigos povos nmades que teriam migrado da sia Central 4 000 anos antes.
A sociedade ariana dividiase em castas: brahmins, os sacerdotes; ksatriyas, os guerreiros e
governantes; vaisyas, os camponeses e criadores de gado; e sudras, os escravos ou marginais. O que
determina a incluso em uma dessas classes a hereditariedade ou seja, somente aquele que
nasceu de me da casta bramnica podia realizar rituais e curas. Para os brmanes, a essncia do
universo est em Brahman, deus primordial que se expressa em uma infinidade de outras deidades.
Sua rgida espiritualidade expressa nas escrituras sagradas conhecidas como Vedas. Na ndia dessa
poca, os sacerdotes tinham uma espcie de reserva de mercado. E, assim como acontecia em
outras regies, surgiu uma revolta contra esses sacerdotes e seus rituais que incluam sangrentos
sacrifcios de animais.
Mas novos movimentos reinterpretavam as antigas tradies, procurando afastarse desses rituais e
buscar outro tipo de sacrifcio, mais interno, de renncia s coisas do mundo aquela ateno a si
mesmo descrita por Jaspers.
nessa ndia em ebulio espiritual que surge Sidarta Gautama, o Buda. Ele nasceu em 563 a.C. em
Lumbini, aos ps do Himalaia, em uma regio que hoje pertence ao Nepal. Era um aristocrata, da
casta ksatrya, a dos guerreiros e governantes. Seu pai, Shudodhana, era o rei do cl dos sakyas. Vem
da o outro nome pelo qual Sidarta se tornaria conhecido: Sakyamuni, ou o sbio silencioso dos
sakyas. O pai de Sidarta, temendo que se cumprisse uma profecia segundo a qual ele se tornaria um
homem santo, cercouo de luxos e prazeres, acreditando que se o mantivesse ignorante sobre o
sofrimento do mundo, iria afastlo do caminho espiritual. Sidarta tinha um palcio para o inverno,
outro para o vero e um terceiro para a poca das chuvas. Na adolescncia, vivia cercado por belas
moas, ocupadas em divertilo em seus aposentos decorados com sugestiva arte ertica. Aos 16
anos, escolheuse uma noiva para ele, a bela Yashodhara, com quem teria um filho, Rahula.
Pouca coisa mudaria na sua vida at os 29 anos. Apesar de todo o luxo, Sidarta sentiase infeliz.
Certo dia, contra a vontade do pai, saiu para passear fora do palcio e se surpreendeu com quatro
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cenas que o tirariam para sempre daquela vida de prazeres. Primeiro, viu um velho arqueado, de
pele enrugada, movendose com dificuldade. Depois, avistou um doente que sofria dores terrveis.
Mais tarde, cruzou seu caminho um cortejo fnebre. Um morto era carregado por amigos e parentes
que choravam sua perda. Foi um choque e tanto para algum que sempre vivera protegido, sem se
dar conta de que tudo que nasce tambm se degenera, envelhece e morre. A imagem que temos de
Sidarta Gautama pelas antigas escrituras a de um jovem s voltas com problemas existenciais,
angustiado por questes ligadas ao mistrio da vida, diz o monge brasileiro Nissin Cohen, que
traduziu para o portugus o Dhammapada, uma das mais importantes escrituras budistas.
A quarta viso do passeio de Sidarta foi um mendigo errante, esmolando por comida. Apesar da sua
pobreza, tinha porte ereto, feies radiantes e expresso de profunda serenidade. Sidarta
determinouse a tambm abraar uma vida santa e a buscar uma resposta para o sofrimento que viu
no mundo. Uma deciso como essa no era to incomum na ndia daquela poca. Acreditavase que
somente quando se abandona a vida domstica e os laos afetivos para tornarse um eremita ou
andarilho que se conseguem as respostas para a busca espiritual. Essa busca tinha um objetivo
especfico. A maioria da populao indiana acreditava em alguma forma de renascimento ou
transmigrao, em um ciclo interminvel que comea no nascimento, passa para a velhice, a morte e
recomea em novo nascimento. O ideal que todos desejavam era algo capaz de pr fim a esse ciclo,
que pudesse libertar o esprito desse movimento circular.
Sidarta abandonou o palcio enquanto todos dormiam. Saiu de fininho, sem ao menos se despedir da
mulher e do seu pequeno filho. O prncipe logo aprendeu a dormir no cho e a esmolar por comida.
Alm da mendicncia, a vida de filsofoandarilho (ou sramana) inclua prticas de meditao. Na sua
busca, ele se aproximou de dois famosos mestres e rapidamente chegou aos ltimos estgios de
absoro contemplativa propostos por eles. Mas ainda no atingira a suprema realizao que buscava.
Dedicouse ento automortificao. As prticas ascticas so comuns s formas primitivas da maior
parte das religies, inclusive no Judasmo, Cristianismo e Islamismo. O que est por trs da
autoflagelao a idia de que um rgido controle dos sentidos desenvolve a autodisciplina e
transfere o mximo de energia corporal para a atividade mental.
Durante seis anos, Sidarta experimentou privaes e dores. Mudou radicalmente a alimentao,
ampliando o perodo entre as refeies. De uma por dia, passou a uma a cada dois dias, trs, quatro,
at alimentarse somente a cada 15 dias. Depois, diminuiu a quantidade at chegar rao diria de
um nico gro de arroz. Simultaneamente, fazia experincias psicolgicas, analisando em si mesmo
certas emoes que, acreditava, s poderia eliminar completamente se as observasse em
profundidade. Para analisar o medo e meditar sobre a impermanncia, passava noites deitado entre
cadveres e esqueletos num cemitrio. Ainda assim, no alcanara sua realizao final. O prprio
Sidarta descreve os efeitos dos jejuns: Quando eu pensava estar tocando a pele do meu abdomem,
era a minha coluna que eu segurava. Abandonou essas prticas quando j era quase s pele e ossos.
Sua experincia provou que a autoflagelao embota a mente em vez de favorecla.
Ele intuiu, ento, que o caminho para a libertao no estava nos excessos de ascetismo, nem nos
da sensualidade, mas em um ponto de equilbrio entre eles. Vem da a expresso caminho do
meio, um dos pilares do Budismo.
Sidarta voltou a comer. Segundo contase, uma poro de arroz e leite oferecida por uma jovem que
o encontrou quase morto beira de um rio. Dias depois, recuperado, preparou um assento de capim
sob uma figueira que ficaria conhecida como a rvore bodhi, ou rvore da iluminao na regio de
Bodhgaya, no norte da ndia. Decidiu ento que ou atingiria a iluminao ali ou morreria. Mesmo para
um alto praticante como ele, surgiram obstculos. Alguns relatos os descrevem na forma de
tentaes e demnios, como Mara, deus indiano da morte. So imagens que simbolizam os obscuros
medos reprimidos, fragmentos de memria, dvidas, fantasias e outros contedos mentais to
persistentes e familiares a quem j tenha tentado alguma prtica meditativa. Sidarta transps esses
obstculos e, serenamente, dominou todos os estgios de meditao. Como fez isso? As escrituras
dizem apenas que ele permaneceu imvel diante das investidas de Mara. Mas h uma pista nas
tcnicas para lidar com esses contedos mentais.
Uma delas a meditao de ponto nico. Nela, a observao concentrase em um objeto especfico
(a respirao, por exemplo), controlando ou suspendendo temporariamente o fluxo dispersivo de
pensamentos.
Assim, Sidarta tornouse um Buda numa noite de lua cheia no ms de maio, quando tinha 35 anos.
Buda no um nome prprio, mas uma palavra em snscrito que significa o Desperto ou o
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Iluminado. Esse ttulo passou a definir a condio de Sidarta Gautama e ficou ligado ao seu nome,
da mesma maneira como o ttulo de Cristo (Salvador) associouse ao nome de Jesus.
O detalhamento dessa experincia sob a figueira tornouse o corpo dos seus ensinamentos, cuja
essncia no fazer o mal, praticar o bem e purificar a mente. Buda ampliou o conhecimento sobre
a mente humana e acreditava ter descoberto uma verdade profunda que lhe permitiu viver grande
transformao interior e conquistar a imunidade ao sofrimento. Depois da sua iluminao, passou 45
anos ensinando outras pessoas a fazer o mesmo e organizou comunidades de monges s homens. No
incio, o prprio Buda no era favorvel admisso de mulheres em sua ordem. Parece que sua
preocupao era com a disperso que a presena delas pudesse representar em uma comunidade que
tinha como um de seus pilares o total controle dos desejos. Mas acabou mudando de idia.
A grande novidade trazida por Buda em sua poca foi a idia de que a vida espiritual, como
capacidade de conhecer a si mesmo, no tem nada a ver com as restries de casta impostas pelos
brmanes. Foi um salto e tanto para a estrutura social da ndia, que aceitou prontamente essa
religio tolerante. Buda diz que todos os seres humanos tm vislumbres de iluminao. Isso
acontece nos momentos em que aquele insistente e autoreferente eu no interfere, quando a
mente no se prende ao passado, no sonha com o futuro e se envolve apenas com o momento
presente. Esses vvidos momentos de ligao com o aquieagora contrastam com a mente habitual.
Eles surgem como relances fugidios, mas podem tambm ser voluntariamente induzidos pelo
processo meditativo. A est o fim do sofrimento, a iluminao, o nirvana.
A essncia dos ensinamentos budistas est nas prticas meditativas, que se fundam em tradies
anteriores ao prprio Buda. Na meditao buscase cessar a atividade mental ininterrupta, na qual
pensamentos e fantasias bloqueiam a experincia direta e intuitiva. Na maior parte do tempo
alimentamos pensamentos que podem nos deixar ansiosos, frustrados, com mgoa, raiva,
ressentimento ou medo. Tragada por esse vrtice de sensaes, nossa ateno perde o foco. por
isso que, muitas vezes, comemos sem sentir o sabor do alimento, olhamos uma pessoa sem vla de
fato. Por quase meio sculo, Buda viveu cercado de multides s quais receitava antdotos para essa
disperso, como a chamada ateno plena, prtica que consiste em dispensar o mximo de
ateno a tudo o que se faz e que est na base de vrias tcnicas meditativas.
Buda morreu por volta de 483 a.C., depois de um acesso de disenteria que teria sido causado pela
ingesto de carne de porco. H algo menos divino ou to demasiadamente humano do que morrer
de dor de barriga? Sua doutrina foi transmitida atravs de numerosas linhagens de mestres que se
espalharam por vrios pases. Quando morreu, seus ensinamentos estavam bem estabelecidos na
regio central da ndia. Havia muitos seguidores leigos, mas o corao da comunidade eram os
monges mendicantes, os bhiksus. Sua doutrina se espalhou por uma poderosa rede de mosteiros e
tomou diversas formas, adaptandose a diferentes situaes histricas e culturais. Essa caracterstica
flexvel do Budismo seria determinante para sua difuso. Por ser ele mesmo mutvel e
impermanente, o Budismo tem um mecanismo interno que barra o fundamentalismo risco presente
em outras religies, cuja histria est manchada de sangue.
No deveis aceitar nada por ouvir falar, tampouco porque est nas escrituras, disse Buda em um
discurso. Como sua nfase a compaixo, o Budismo no define a si mesmo como soluo melhor
que qualquer outra. O Budismo primitivo, a rigor, nem era uma religio, mas um conjunto de prticas
morais e mentais. No que diz respeito meditao, essas prticas podem ser vistas como simples
tcnicas, que no implicam em compromisso com nenhum tipo de religiosidade.
Como resultado da sua expanso, cerca de 300 anos depois da morte de Buda, o Budismo j se dividia
em 18 escolas. Seus ensinamentos, mantidos por transmisso oral, agora estavam escritos. Vrios
conclios foram organizados para dar homogeneidade s escrituras das diversas escolas. Um deles,
realizado no sculo III a.C., resultou no chamado Cnone Pli, o registro mais antigo dos
ensinamentos budistas. Pouco depois, o Budismo dividiuse em duas tradies, cada uma delas
afirmandose como possuidora do verdadeiro sentido da palavra de Buda. A tradio Theravada, ou
maneira dos antigos, que se baseava exclusivamente nos textos escritos na lngua pli, espalhouse
pelo sudeste da sia. Para o praticante Theravada, Buda no era um deus, mas sim um grande sbio.
O objetivo do caminho Theravada iluminao individual.
A outra tradio a Mahayana (literalmente Grande Veculo), que se instalou sobretudo na China,
Coria e Japo. A base de seus ensinamentos tambm est na prtica da meditao. No Budismo
Mahayana, porm, Buda j no apenas um sbio, mas uma divindade reverenciada. Assim como os
chamados bodhisatvas, seres considerados iluminados, que adiam sua entrada no nirvana para poder
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ajudar na iluminao de outros. Foi no mbito das escolas Mahayana que mais se desenvolveram os
aspectos sobrenaturais e imaginrios do Budismo. Sidarta, ou Buda Sakiyamuni, jamais se apresentou
como um enviado, salvador ou reencarnao de quem quer que fosse. Nos seus discursos no h
referncia sequer ao fato de que existe reencarnao. Ele no disse palavra a favor ou contra a idia
de Deus.
O conceito de buda j no se restringia a Sidarta, o Buda Sakyamuni. Passou a definir um princpio
fundamental de iluminao espiritual. Sakyamuni j no era mais o buda, mas sim um buda. As
tradies orientais sustentam que houve muitos budas no passado e que ainda haver muitos outros
no futuro. Ampliando o conceito de que h tantos budas quanto gros de areia, esse Budismo pop
expandiuse amigavelmente pelo Oriente, incorporando uma infinidade de arqutipos ou divindades
locais. (Ao contrrio das religies abramicas, que demonizaram os deuses das culturas dominadas.
Leia mais sobre isso na pg. 55.) Isso explica por que existem tantas imagens diferentes do
Iluminado. Quando ele representado como um asceta esqueltico, referese ao Sidarta da fase pr
Buda. Quando mostrado como um meditador sereno, o Buda Sakyamuni.
Se a figura for a de um sujeito gorducho e sorridente, quase sempre tratase de uma divindade local,
geralmente smbolo de prosperidade, na China e no Japo. O mesmo ocorre com os dhianybudas, ou
budas da meditao, aos quais se atribuem significados ocultos. Ou com as 21 belas figuras da jovem
Tara representao do aspecto feminino e compassivo de Buda, cultuada na tradio tibetana.
Tambm vm do Tibete as famosas imagens de budas em abraos sexuais com suas consortes, um
smbolo da unidade entre iluminao e sabedoria.
Apesar do grande florescimento que teve em sua terra natal, o Budismo foi varrido da ndia em
decorrncia das invases dos hunos no sculo V d.C. e dos islmicos nos sculos XII e XIII. A corrente
que mais se expandiu foi a Mahayana, por ser menos ortodoxa que a Theravada. O maior
desenvolvimento do Budismo aconteceu na China, onde chegou no sculo I d.C., e, depois, na Coria
e no Japo. Seu encontro com as tradies chinesas deu origem escola de meditao Chan e, mais
tarde, no Japo, ao Zen Budismo. Zen uma palavra japonesa derivada do chins chan, que vem
do snscrito dhyana tcnica que, segundo a psicologia do yoga, conduz a um elevado estado de
conscincia em que o homem unese com o universo. Os chineses preferiram encontrar essa unio
no trabalho cotidiano, em vez de na meditao solitria numa floresta, como o prprio Sidarta.
O Zen um dos mais importantes herdeiros da vertente Mahayana s equiparado pela corrente
Vajrayana, que se desenvolveu no Tibete. Chamado de Caminho do Diamante, o Vajrayana tem
suas origens encravadas em textos budistas do sculo II, registrados nos chamados tantras, escrituras
esotricas sobre a transformao da mente atravs de meditaes, visualizaes e ritos. Essa linha
surgiu no norte da ndia h cerca de 2 000 anos e hoje seguida pela tradio tibetana.
O Budismo s penetraria no Ocidente a partir do sculo XIX, com o estudo das culturas da ndia e a
publicao de O Mundo como Vontade e Idia. Nesse livro, o alemo Arthur Schopenhauer (1788
1860), que influenciaria muitos outros filsofos, como Friedrich Nietzsche, mergulha nos
ensinamentos budistas. O Budismo tambm chegou Europa e Amrica junto com os imigrantes
chineses e, depois, japoneses. Mas foi somente com a chegada de mestres Zen, nos anos 30 do
sculo XX, que algumas das principais idias budistas comeariam a ter maior difuso ocidental. Para
a mentalidade judaicocrist, que tem sua soluo religiosa na pessoa externa de um pai divino, um
grande motivo de estranhamento e de fascnio causado pelo Budismo talvez seja a idia de um
caminho espiritual que depende, em ltima instncia, apenas do esforo de cada pessoa. O Budismo
sustenta que o mundo uma projeo da mente e que, portanto, o homem no poder encontrar no
exterior aquilo que no possua dentro de si mesmo.
Nos anos 40 e 50, os livros sobre Zen escritos pelo ingls Alan W. Watts (19151973) influenciaram os
escritores da gerao beat, como Jack Kerouac e Allen Ginsberg, gurus dos movimentos que iriam
chacoalhar os anos 60, como a contracultura e os hippies. Com a invaso do Tibete pela China, em
1959, e a Guerra do Vietn, nos anos 60, mestres budistas desses pases migraram para o Ocidente,
onde abriram vrios centros de meditao. Estava traado o caminho que levaria o Budismo para a
Califrnia e os estdios de Hollywood, atraindo adeptos de classe mdia alta, alm de muitos artistas
e terapeutas. Diferentemente do que aconteceu na primeira metade do sculo XX, quando Zen era
sinnimo de Budismo no Ocidente, nas ltimas dcadas o ramo que mais se difundiu foi o Budismo
tntrico do Tibete. Algo que ajudou muito nessa divulgao foi a figura sorridente do Dalai Lama,
lder do Tibete no exlio, que j era famoso bem antes de ganhar o Prmio Nobel da Paz em 1989, de
danar no palco com a banda de punkrap Beastie
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Boys em shows pela libertao do Tibete, ou de percorrer o mundo falando de espiritualidade.


Inclusive no Brasil, onde um dos organizadores de suas visitas o gacho Alfredo Aveline, ou lama
Padma Santem (lama a palavra em tibetano para mestre espiritual). Aveline d uma pista de
como essa linha espiritual pode ajudar o homem do sculo XXI, ao falar da importncia do desapego
como uma forma de evitar o sofrimento: A impermanncia paira sobre sua cabea nas relaes, no
emprego, na sua sade, no seu endereo, no seu celular, na sua aparncia, nas suas aptides, no
afeto. Essa a vida a que todos esto submetidos. No Budismo, o objetivo ultrapassar essas
limitaes. No estamos dizendo que buscamos distncia dessa experincia limitada, mas nosso
objetivo libertarmonos dos processos sutis que a criam para ajudar os outros seres a fazer o
mesmo e superar as frustraes inevitveis do processo.
Dizem que Buda previu que sua ordem duraria muito menos se tivesse a participao de mulheres.
Se realmente fez isso, talvez esteja a um raro equvoco cometido pelo Iluminado. Hoje o que se v
uma presena cada vez maior de mulheres na pregao da sua doutrina. s vezes, numa mesma
semana na capital paulista, quatro mulheres budistas de diferentes escolas e linhagens costumam
atrair grande pblico para suas palestras: a inglesa Lama Caroline, da escola tibetana Gelupa; a
americana Lama Tsering, da escola tibetana Ningma; a monja chinesa Chueh Chen, da escola Chan; e
a brasileira monja Coen, formada nas tradies japonesas do Soto Zen. Quem quiser entender por
que o Budismo exerce tanta atrao no Ocidente precisa ver como elas consquistam sua audincia,
geralmente de jovens, em torno da idia da compaixo.
Houve uma gerao que quebrou todos os seus valores e hoje mergulha na busca espiritual, diz a
monja Cludia Coen, que todos os dias orienta grupos de meditao em So Paulo. Como as
tcnicas funcionam independentemente da religio de quem as pratica, tem despertado o interesse
tambm de judeus, cristos e muulmanos.
Mas, afinal, o que fez o Budismo ser to bemaceito no Ocidente? Numa palavra, poderseia dizer
que seu carter de autoajuda, conceito que, nesse caso, nada tem a ver com manuais de
comportamento, mas sim com a certeza de que todas as respostas para os problemas do homem
esto dentro dele mesmo.
Budismo para principiantes
A essncia da doutrina deixada por Sidarta Gautama baseiase em uma srie de conceitos mais filosficos, ticos e
psicolgicos do que religiosos. Aqui esto os principais deles:

AS QUATRO NOBRES VERDADES


Sofrimento
a caracterstica bsica da nossa existncia. Tudo sofrimento: nascimento, doena e morte; encontrar algo no
apreciado; no obter o que se deseja, separarse de algo desejado.

Origem do sofrimento
Sua causa est nos anseios, nos desejos, no apego e na sede de satisfao dos sentidos. Tudo isso prende as
pessoas ao ciclo da existncia (samsara).

Cessao do sofrimento
Pela eliminao dos desejos e do apego podese extinguir o sofrimento.

Caminho que leva cessao do sofrimento


Para os budistas da linha Theravada, o meio de pr fim ao sofrimento o Nobre Caminho ctuplo. Para os budistas
da linha Mahayana, so as Seis Perfeies.

O NOBRE CAMINHO CTUPLO


1. Compreenso correta, baseada no entendimento das Quatro Nobres Verdades e na conscincia de que no
existe um eu individual: tudo est interligado.
2. Atitude correta, favorvel renncia e boa vontade, buscando no prejudicar os seres sensveis.
3. Fala correta: evitar mentir, caluniar e bisbilhotar.
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4. Ao correta: evitar, sobretudo, matar, roubar e praticar sexo ilcito (estupro e pedofilia, por exemplo).
5. Modo de vida correto: evitar profisses que causem sofrimento aos outros, como caador ou fabricante de armas.
6. Esforo correto: pensar antes de agir, cultivando pensamentos, palavras e aes nobres.
7. Ateno correta: percepo contnua do corpo, dos sentimentos e dos objetos de pensamento.
8. Concentrao correta: o cultivo de uma mente tranqila, que encontra seu ponto mais elevado na absoro
meditativa.

AS SEIS PERFEIES
1. Generosidade
2. Pacincia
3. tica
4. Esforo entusistico
5. Concentrao
6. Sabedoria

OUTROS CONCEITOSCHAVE
Buda provavelmente falava num dialeto chamado maghadi e seus ensinamentos foram registrados na lngua pli.
Salvo excees indicadas, os termos a seguir esto na forma como foram transliterados do snscrito ou na maneira
como foram incorporados lngua portuguesa.

Ahimsa
Noviolncia. a base tica do Budismo.

Anatman
Noeu. Para o Budismo, no existe um eu: cada um de ns uma soma de vrias experincias de vida, em
eterna mutao. Ignorar isso a principal causa do sofrimento.

Arhat
Santo. Pessoa que atingiu a iluminao quase completa. O ideal do caminho Theravada.

Bhiksu
Monge mendicante que entrou para a vida errante.

Bodhisatva
Ser que aspira condio de Buda pela prtica das seis perfeies e que se compromete a abrir mo do nirvana
at que tenha levado todos os seres sensveis iluminao. o ideal do caminho Mahayana.

Carma
Ao. a lei de causa e efeito que rege o universo. No significa destino no sentido fatalista, mas sim o que recai
sobre cada um como resultado do seu comportamento.

Darma
Doutrina. O termo Budismo uma inveno ocidental para o que os budistas chamam de Budadarma:
ensinamento de Buda; lei csmica; caminho para o nirvana.

Impermanncia
Transitoriedade da matria, do pensamento, do corpo humano e da prpria idia de eu. Como todas as coisas so
impermanentes, nos escapam to logo tentamos possulas. A frustrao desse desejo de posse a causa imediata
do sofrimento.

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Mahayana
Grande veculo. um dos caminhos do Budismo. Inclui a maior parte das escolas existentes.

Lama (tibetano)
Ningum acima. Significa guru, mestre espiritual.

Nirvana
Extino, apagamento. a meta da prtica espiritual. No deve ser entendida como aniquilao, mas sim como
entrada em outra forma de existncia. Psicologicamente, um estado de grande liberdade e espontaneidade. O
nirvana nos ensina que j somos aquilo que queremos nos tornar, diz o monge vietnamita Thich Nhat Hanh.

Samsara
Roda do sofrimento. Ciclo que rege a inquieta existncia humana e se alimenta de apego, desejos, dio e iluso.
nele prprio que se deve procurar sua extino ou nirvana.

Sunyata
Vazio, vcuo. Conceito segundo o qual todas as coisas incluindo voc, leitor no contm essncia, apenas
aparncia.

Tendrel (tibetano)
Interdependncia. Tudo depende de outra coisa. Observador, observao e objeto observado so partes de um
s movimento.

Theravada
maneira dos ancios. Uma das principais escolas do Budismo, a mais tradicionalista.

Vajrayana
Veculo do diamante. Caminho tntrico e ocultista do Budismo.

A rvore da sabedoria silenciosa


Ao longo dos ltimos 2 500 anos, os ensinamentos de Buda floresceram em dois ramos principais.
O primeiro Theravada, ou Hinayana, Caminho Estreito para os puristas e ortodoxos, foi para um lado. O
segundo Mahayana, Grande Caminho , aberto a todas as experimentaes, foi para o outro e se multiplicou em
uma espantosa variedade de movimentos e escolas espiritualistas, inclusive no Ocidente

Talib VS. Buda


Em maro de 2001, os islmicos fundamentalistas do Afeganisto dinamitam duas esttuas de Buda, de 40 e 50
metros de altura, erguidas entre os sculos III e V

Budismo pop
Aps o movimento beat e a imigrao de mestres orientais para os Estados Unidos, principalmente para a Califrnia,
toda a cultura pop presta tributo a Sidarta: dos Beatles ao Nirvana, de Bowie aos Beastie Boys

Beat Generation
As filosofias orientais principalmente o Zen Budismo foram uma das principais influncias dos escritores da
gerao beat, como Jack Kerouac, que nos anos 50 adubaram as razes da contracultura e do movimento hippie

Hollywood
Richard Gere, o gal de Gigol Americano e Uma Linda Mulher vira amigo do Dalai Lama e um dos mais influentes
garotospropaganda de Buda no Oeste. No tarda para Hollywood lanar superprodues budistas: O Pequeno Buda
(com Keanu Reeves pintado de moreno jambo na pele de Sidarta ), Sete Anos no Tibete (Brad Pitt de nazista
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convertido ao Vajrayana) e Kundun (biografia do Dalai, dirigida por Scorsese ambos na foto com Gere)
Nos anos 90, os livros do Dalai Lama tornamse bestsellers no Ocidente
Em 1989, o Dalai Lama recebe o Nobel da Paz
Refugiados tibetanos e vietnamitas abrem centros de meditao na Europa e nos Estados Unidos

Arthur Schopenhauer
(17881860) O filsofo alemo foi o introdutor do Budismo no Ocidente, influenciando, entre outros, Nietzsche e
Freud
Em 1959, no Tibete invadido pelo Exrcito chins, mais de 87 000 pessoas so mortas. O Dalai Lama transferese
para a ndia, onde forma uma comunidade tibetana no exlio

Brasil
Cresce no Brasil o interesse pelo Budismo, que vira capa da Super
Nos anos 70 surgem vrios mosteiros Theravada na Europa

Louca sabedoria
Para seus praticantes, espiritualidade e prazer no so coisas separadas. Sua conduta no exclui nada que possa
parecer irreligioso, como sexo e embriaguez levados s ltimas conseqncias

1 Theravada (Sc. II a.C.)


O Theravada tem hoje 125 milhes de adeptos (38% dos budistas) em Sri Lanka, Birmnia, Laos, Tailndia e
Camboja. O movimento segue as antigas escrituras na lngua pli, na qual foram registrados os primeiros
documentos budistas. Sua prtica enfatiza a busca da iluminao individual. O nome Hinayana (Pequeno Veculo),
comumente atribudo a eles, foi criado pela corrente Mahayana e no aceito pelos Theravada

2 Mahayana (Sc. II a.C.)


A corrente principal do Budismo tem hoje 185 milhes de adeptos (56% do total). O Mahayana (Grande Veculo)
abriga vrias escolas e linhagens. No professa o caminho individual mas a iluminao em benefcio de todos os
seres. aberto a diferentes crenas e ritos devocionais e enfatiza a prtica da compaixo

3 Vajrayana (Sc. II)


Essa linha tem hoje 20 milhes de adeptos (6% dos budistas), principalmente nos pases do Himalaia: Tibete, Buto,
Nepal e Monglia O Vajrayana (Veculo do Diamante) surgiu no norte da ndia e, mais tarde, chegou China, ao
Japo e ao Tibete. Prosseguimento dos mtodos Theravada e Mahayana, tem suas origens nos tantras, escrituras
esotricas que ritualizam diversas prticas para a transformao da mente

4 Zen
Desenvolvese a partir do sculo XII no Japo, buscando o mximo de simplicidade e desprezando o intelectualismo
e os aspectos sobrenaturais e ritualsticos das religies. Cada ato do cotidiano deve ser uma meditao. Essa
mentalidade criou artes e disciplinas especiais para desenvolver a concentrao, como jardinagem, arranjos florais
e outras modalidades. Veja ao lado

Pintura
O que mais importa o espao vazio, buscando o mximo de expressividade com o mnimo de pinceladas

Poesia
Sua forma tradicional est nos haikai, poemas curtssimos como este clssico de Mitsuo Bash:

Koans
So uma espcie de pegadinhas, sem respostas lgicas, usadas para treinar a mente: Que som produzido quando
se bate palmas com uma mo s?

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Cerimnia do ch
Preparar essa bebida to simples tornase um ritual de ateno plena e absoro em quietude espiritual

Japo
Presente no pas desde 621, o Budismo d origem a vrias escolas e seitas, nas quais se mistura ao Xintosmo
grupo de antigas religies locais. A escola que mais se expandiria no Ocidente a Zen

China
O Budismo chega ao pas no sculo I e fundese religiosidade local. Nas novas escolas que surgem, nem sempre
se percebe onde acaba o Budismo e onde comea o Taosmo doutrina de Lao Ts, para quem o Tao, fluxo
natural, a essncia do universo. A escola Chan (Meditao) uma espcie de av do Zen Budismo

Tibete
No sculo VIII, o Budismo Vajrayana fundese com as religies xamnicas do Tibete, altamente ritualizadas. O
Budismo tibetano organizase em quatro escolas principais, formadas por vrias linhagens (Nyingma, Gelupa, Kagyiu
e Sakya)

Sidarta Gautama, O Buda (563 a.C. 483 a.C.)


Duzentos anos depois da morte de Buda, ainda na ndia o Budismo se divide em dois movimentos: Mahayana e
Theravada seguem os sutras, discursos feitos por Sidarta. Quatro sculos depois, surge um terceiro movimento
(Vajrayana) com base nos tantras, ensinamentos secretos tambm atribudos ao Buda

A trilha do mestre

Os caminhos percorridos pelo Buda em vida vo do Nepal ao nordeste da ndia


1. Lumbini
Sidarta Gautama nasceu na primavera de 563 a.C. no antigo reino dos sakyas regio que hoje pertence ao Nepal

2. Kapilavastu
Aqui ficava o palcio onde, durante 29 anos, o prncipe Sidarta desfrutou de uma vida de luxo e prazeres
at abandonla para partir em sua busca espiritual

3. Uruvela e Bodhgaya
Depois de seis anos jejuando e meditando em Uruvela, ele deslocouse para Bodhgaya, uma regio prxima. Esse
local tornouse o maior centro de peregrinao budista, pois foi onde Sidarta atingiu a iluminao

4. Sarnath
Foi em Sarnath (perto da atual Varanasi), que Buda fez seu primeiro discurso depois da iluminao e revelou as
Quatro Nobres Verdades, base da sua doutrina

5. Rajgir
Aqui Buda recebeu apoio de comerciantes e da realeza, o que permitiu fundar mosteiros que se tornaram os
principais centros de difuso de seus ensinamentos

6. Nalanda
Construda no tempo de Buda e fortemente influenciada por sua doutrina, Nalanda foi uma das primeiras
universidades do mundo. No seu apogeu, teve 1 500 professores de disciplinas como gramtica, filosofia, astronomia
e medicina. Foi destruda pelos muulmanos no sculo XIII

7. Kushinagar
Foi nessa regio, hoje ocupada pelo Nepal, que o Buda morreu, aos 80 anos, em 483 a.C. Segundo seus discpulos,
ele teria atingido o que chamam de mahaparinirvana (grande cessao da existncia). Suas ltimas palavras:
Tudo impermanente
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Budismo brasileira a terceira onda


O Brasil tem algo entre 300 000 a 500 000 budistas, reunidos em 160 diferentes grupos. No livro O Budismo no
Brasil, a ser lanado neste semestre, o alemo Frank Usarski, doutor em Cincia da Religio pela Universidade de
Hannover, Alemanha, e professor da PUC de So Paulo, identifica trs ondas de crescimento dessa linha espiritual
no pas. Na primeira, imigrantes chineses, japoneses e coreanos j trouxeram a religio com eles. Na segunda, nos
anos 60, brasileiros de origem noasitica, sobretudo intelectuais, se converteram ao zenbudismo. A terceira
onda, que comeou nos anos 70 e est quebrando na praia agora, a do Budismo tibetano, ou Vajrayana. Seus
adeptos usam tcnicas para combater o que chamam de manchas mentais, como apego ou orgulho. Para cada
uma delas, a meditao sugere um antdoto, como generosidade para anular a avareza ou pacincia para enfrentar
a raiva, diz a terapeuta Bel Csar, fundadora do Centro Shi De Choe Tsog, de So Paulo.
Um dos responsveis pelo centro Lama Michel, 20 anos, que, desde a infncia considerado um tulku, ou
reencarnao de um mestre tibetano. Filho de um judeu e de uma presbiteriana (a prpria Bel) que adotaram o
Budismo, Lama Michel um exemplo de como essa terceira onda deu um novo rumo a praticantes de tradies
religiosas j arraigadas. No o nico. Segyu Rinpoche, do Centro Je Tsongkhapa, de Porto Alegre, era mdium de
umbanda no Rio de Janeiro at ser oficialmente reconhecido como um tulku.

Para saber mais


NA LIVRARIA
Buda, Karen Armstrong, Objetiva, Rio de Janeiro, 2001
Buda, Jorge Luiz Borges e Alicia Jurado, Difel, Rio de Janeiro, 1977
O Pequeno Buda: Entrando na Correnteza, Samuel Bercholz e Sherab Chodzin Kohn, Siciliano, So Paulo, 1994
Introducing Buddha, Jane Hope e Borin Van Loon, Icon Books, Cambridge, 1999
A Essncia dos Ensinamentos de Buda, Trich Nhat Hanh, Rocco, Rio de Janeiro, 1998
O Esprito do Zen, Alan W. Watts, Cultrix, So Paulo, 1995
O Livro Tibetano do Viver e do Morrer, Sogyal Rinpoche, TalentoPalas Athena, So Paulo, 1999
The Story of Buddhism: A Concise Guide to Its History and Teachings, Donald S. Lopez Jr., Harper San Francisco,
2001
Dhammapada, a Senda da Virtude, Palas Athena, 2000

NA INTERNET
http://www.buddhanet.net/budnetp.htm
http://www.dharmanet.com.br/index.html

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