O Planejamento Escolar - José Carlos Libâneo

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 5

O Planejamento Escolar - Jos Carlos Libneo

O planejamento escolar uma tarefa docente que inclui tanto a previso das atividades em
termos de organizao e coordenao em face dos objetivos propostos, quanto a sua reviso e
adequao no decorrer do processo de ensino. O planejamento um meio para programar as
aes docentes, mas tambm um momento de pesquisa e reflexo intimamente ligado
avaliao.
H trs modalidades de planejamento, articulados entre si o plano da escola, o plano de
ensino e o plano de aulas.
A importncia do planejamento escolar
O planejamento um processo de racionalizao, organizao e coordenao da ao
docente, articulando a atividade escolar e a problemtica do contexto social. A escola, os
professores e alunos so integrantes da dinmica das relaes sociais; tudo o que acontece no
meio escolar est atravessado por influncias econmicas, polticas e culturais que
caracterizam a sociedade de classe. Isso significa que os elementos do planejamento escolar objetivos-contedos-mtodos esto recheados de implicaes sociais, tm um significado
genuinamente poltico. Por essa razo o planejamento, uma atividade de reflexo a cerca das
nossas opes e aes; se no pensarmos didaticamente sobre o rumo que devemos dar ao
nosso trabalho, ficaremos entregues aos rumos estabelecidos pelos interesses dominantes da
sociedade.
O planejamento tem assim as seguintes funes:
a) Explicar os princpios, diretrizes e procedimentos do trabalho docente que as segurem a
articulao entre as tarefas da escola e as exigncias do contexto social e do processo de
participao democrtica.
b) Expressar os vnculos entre o posicionamento filosfico, poltico-pedaggico e profissional e
as aes efetivas que o professor ir realizar na sala de aula, atravs de objetivos, contedos,
mtodos e formas organizativas de ensino.
c) Assegurar a racionalizao, organizao e coordenao do trabalho docente, de modo que a
previso das aes docentes possibilite ao professor a realizao de um ensino de qualidade e
evite a improvisao e a rotina.
d) Prever objetivos, contedos e mtodos a partir de considerao das exigncias postas pela
realidade social, do nvel de preparo e das condies scio-culturais e individuais dos alunos.
e) Assegurar a unidade e a coerncia do trabalho docente, uma vez que torna possvel interrelacionar, num plano, os elementos que compem o processo de ensino: os objetivos (para
que ensinar), os contedos (o que ensinar), os alunos e suas possibilidades (a quem ensinar),
os mtodos e tcnicas (como ensinar) e avaliao que intimamente relacionada aos demais.
f) Atualizar os contedos do plano sempre que for preciso, aperfeioando-o em relao aos
progressos feitos no campo dos conhecimentos, adequando-os s condies de aprendizagens
dos alunos, aos mtodos, tcnicas e recursos de ensino que vo sendo incorporados nas
experincias do cotidiano.
g) Facilitar a preparao das aulas: selecionar o material didtico em tempo hbil, saber que

tarefas professor e alunos devem executar. Replanejar o trabalho frente a novas situaes que
aparecem no decorrer das aulas.
Para que os planos sejam efetivamente instrumentos para a ao, devem ser como guia de
orientao e devem apresentar ordem seqencial, objetividade, coerncia, flexibilidade.
O plano um guia para orientar o professor em suas aes educativas
O plano um guia de orientao, pois nele so estabelecidas as diretrizes e os meios de
realizao do trabalho docente. Sua funo orientar a prtica partindo da exigncia da
prpria prtica.
O plano deve ter uma ordem seqencial, progressiva. Para alcanar os objetivos, so
necessrios vrios passos, de modo que a ao docente obedea a uma seqncia lgica.
Por objetividade entendemos a correspondncia do plano com a realidade que se vai aplicar.
No adianta fazer previses fora das possibilidades humanas e materiais da escola, fora das
possibilidades dos alunos.
Deve haver coerncia entre os objetivos gerais, objetivos especficos, os contedos, mtodos e
avaliao. Coerncia relao que deve existir entre as idias e a prtica.
O plano deve ter flexibilidade no decorrer do ano letivo, o professor est sempre organizando
e reorganizando o seu trabalho. Como j dissemos o plano um guia e no uma deciso
inflexvel.
Existem pelo menos trs nveis de planos: o plano da escola, o plano de ensino, o plano de
aula.
O plano da escola um documento mais global; expressa orientaes gerais que sintetizam, de
um lado, as ligaes da escola com o sistema escolar mais amplo e, de outro, as ligaes do
projeto pedaggico da escola com os planos de ensino propriamente ditos.
O plano de ensino (ou plano de unidade) a previso dos objetivos e tarefas do trabalho
docente para o ano ou semestre; um documento mais elaborado, dividido por unidades
seqenciais, no qual aparecem objetivos especficos, contedos e desenvolvimento
metodolgicos.
O plano de aula a previso do desenvolvimento do contedo para uma aula ou conjunto de
aulas e tem um carter especfico.
O plano de aula um detalhamento do plano de ensino. As unidades e subunidades (tpicos)
que foram previstas em linhas gerais so agora especificadas e sistematizadas para uma
situao didtica real. A preparao de aulas uma tarefa indispensvel e, assim como o plano
de ensino, deve resultar em um documento escrito que servir no s para orientar aes do
professor como tambm para possibilitar constantes revises e aprimoramentos de ano para
ano. Em todas as profisses o aprimoramento profissional depende da acumulao de
experincias conjugando a prtica e reflexo criteriosa sobre ela, tendo em vista uma prtica
constantemente transformada para melhor.
Na elaborao de um plano de aula, deve-se levar em considerao, em primeiro lugar, que a
aula um perodo de tempo varivel. Dificilmente completamos em uma s aula o

desenvolvimento de uma unidade ou tpico de unidade, pois o processo de ensino e


aprendizagem se compe de uma seqncia articulada de fases: preparao e apresentao
de objetivos, contedos e tarefas; desenvolvimento da mataria nova; consolidao (fixao,
exerccios, recapitulao, sistematizao); aplicao, avaliao. Isso significa que devemos
planejar no uma aula, mas um conjunto de aulas.
Na preparao de aulas, o professor deve reler os objetivos gerais da matria e a seqncia de
contedos do plano de ensino. No pode esquecer que cada tpico novo uma continuidade
do anterior; necessrio assim, considerar o nvel de preparao inicial dos alunos para a
matria nova.
Deve, tambm, tomar o tpico da unidade a ser desenvolvido e desdobr-lo numa seqncia
lgica, na forma de conceitos, problemas, idias. Trata-se de organizar um conjunto de noes
bsicas em torno de uma idia central, formando um todo significativo que possibilite ao aluno
percepo clara e coordenada do assunto em questo. Ao mesmo tempo em que so listadas
as noes, conceitos, idias e problemas, feita a previso do tempo necessrio. A previso do
tempo, nesta fase, ainda no definitiva, pois poder ser alterada no momento de detalhar o
desenvolvimento metodolgico da aula.
Em relao a cada tpico, o professor redigir um ou mais objetivos especficos, tendo em
conta os resultados esperados na assimilao de conhecimentos e habilidades (fatos,
conceitos, idias, relaes, mtodos e tcnicas de estudo, princpios e atitudes etc.)
estabelecer os objetivos uma tarefa to importante que deles vo depender os mtodos e
procedimentos de transmisso e assimilao dos contedos e as vrias formas de avaliao
(parciais e finais).
O desenvolvimento metodolgico ser desdobrado nos seguintes itens, para cada assunto
novo: preparao e introduo do assunto; desenvolvimento e estudo ativo do assunto;
sistematizao e aplicao; tarefas de casa. Em cada um desses itens so indicados os
mtodos, procedimentos e materiais didticos, isto , o que o professor e alunos faro para
alcanar os objetivos.
Em cada um dos itens mencionados, o professor deve prever formas de verificao do
rendimento dos alunos. Precisa lembrar que a avaliao feita no incio (o que o aluno sabe
antes do desenvolvimento da matria nova), durante e no final de uma unidade didtica. A
avaliao deve conjugar vrias formas de verificao, podendo ser informal, para fins de
diagnstico e acompanhamento do progresso dos alunos, formal para fins de atribuio de
notas ou conceitos.
Os momentos didticos do desenvolvimento metodolgico no so rgidos. Cada momento
ter durao de tempo de acordo com o contedo, com o nvel de assimilao dos alunos. s
vezes ocupar-se- mais tempo com a exposio oral da matria, em outras, com o estudo da
matria. Outras vezes, ainda, tempo maior pode ser dedicado a exerccio de fixao e
consolidao. Por exemplo, pode acontecer que os alunos dominem perfeitamente os
conhecimentos e habilidades necessrias para enfrentar a matria nova; nesse caso, a

preparao e introduo do tema pode ser mais breve. Entretanto, se os alunos no dispem
de pr-requisitos bem consolidados, a deciso do professor deve ser outra, gastando-se mais
tempo para garantir uma base inicial de preparo atravs da recapitulao, pr-testes de
sondagem e exerccios.
O desenvolvimento metodolgico pode se destacar aulas com finalidades especficas: aula de
exposio oral da matria, aula de discusso ou trabalho em grupo, aula de estudo dirigido
individual, aula de demonstrao prtica ou estudo do meio, aula de exerccios, aula de
recapitulao, aula de verificao para avaliao.
O professor consciencioso dever fazer uma avaliao da prpria aula. Sabemos que o xito
dos alunos no depende unicamente do professor e do seu mtodo de trabalho, pois a
situao docente envolve muitos fatores de natureza social, psicolgica, o clima geral da
dinmica da escola etc. Entretanto, o trabalho docente tem um peso significativo ao
proporcionar condies efetivas para o xito escolar dos alunos. Ao fazer a avaliao das aulas,
convm ainda levantar questes como estas: Os objetivos e contedos foram adequados
turma? O tempo de durao da aula foi adequado? Os mtodos e tcnicas de ensino foram
variados e oportunos em suscitar a atividade mental e prtica dos alunos? Foram feitas
verificaes de aprendizagem no decorrer das aulas (informais e formais)? O relacionamento
professor-aluno foi satisfatrio? Houve uma organizao segura das atividades, de modo ter
garantido um clima de trabalho favorvel? Os alunos realmente consolidaram a aprendizagem
da matria, num grau suficiente para introduzir matria nova? Foram propiciadas tarefas de
estudo ativo e independente dos alunos?
Bibliografia:

LIBNEO, Jos Carlos. Didtica. So Paulo: Cortez, 1994 (Coleo magistrio 2 grau. Srie
formao do professor).
Outras referncias do mesmo assunto:
REFERNCIAS
COARACY, Joana. O planejamento como processo.

5ed., Porto Alegre: Artmed, 1998.

escolar:
MORETTO, Vasco Pedro. Planejamento:

1972.

OSTETTO, Luciana Esmeralda.


partilhando experi

Você também pode gostar