Perspectivas e Desafios No Cuidado Às Pessoas Com Obesidade No SUS
Perspectivas e Desafios No Cuidado Às Pessoas Com Obesidade No SUS
Perspectivas e Desafios No Cuidado Às Pessoas Com Obesidade No SUS
PERSPECTIVAS E
DESAFIOS NO CUIDADO
S PESSOAS COM
OBESIDADE NO SUS:
RESULTADOS DO LABORATRIO
DE INOVAO NO MANEJO DA
OBESIDADE NAS REDES DE ATENO
SADE
NAVEGADORSUS
Srie Tcnica Redes Integradas de Ateno Sade, v. 10
Braslia DF
2014
MINISTRIO DA SADE
ORGANIZAO PAN-AMERICANA DA SADE
NAVEGADORSUS
Srie Tcnica Redes Integradas de Ateno Sade, v. 10
Braslia DF
2014
Editora responsvel:
MINISTRIO DA SADE
Secretaria-Executiva
Subsecretaria de Assuntos Administrativos
Coordenao-Geral de Documentao e Informao
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Normalizao: Daniela Ferreira Barros da Silva
Reviso: Khamila Silva
Ficha Catalogrfica
_________________________________________________________________________________________________________
Brasil. Ministrio da Sade.
Perspectivas e desafios no cuidado s pessoas com obesidade no SUS: resultados do Laboratrio de Inovao no manejo
da obesidade nas Redes de Ateno Sade/Ministrio da Sade; Organizao Pan-Americana da Sade. Braslia : Ministrio da Sade, 2014.
116 p. : il. (Srie Tcnica Redes Integradas de Ateno Sade, v. 10)
ISBN 978-85-334-2202-5
1. Obesidade. 2. Ateno Bsica. 3. Sade Pblica. I. Organizao Pan-Americana da Sade. II. Ttulo. III. Srie.
CDU 616.39
_________________________________________________________________________________________________________
Catalogao na fonte Coordenao-Geral de Documentao e Informao Editora MS OS 2014/0628
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LISTA DE SIGLAS
AAE Ateno Ambulatorial Especializada
AB Ateno Bsica
AmO Ambulatrio de Manejo de Obesidade Infantojuvenil
Anog Ambulatrio de Nutrio em Obesidade Grave
Caisan Cmara Interministerial de Segurana Alimentar e Nutricional
Caoim Centro de Atendimento Obesidade Infantil de Marlia
Caps Centros de Ateno Psicossocial
Cedeba Centro de Diabetes e Endocrinologia do Estado da Bahia
CEM Centro de Especialidade Mdica
CGAN Coordenao-Geral de Alimentao e Nutrio
CMEM Centro Mdico Senador Jos Ermrio de Moraes
COI Centro de Obesidade Infantil
Consea Conselho Nacional de Segurana Alimentar e Nutricional
Conass Conselho Nacional dos Secretrios de Sade
Cras Centro de Referncias de Assistncia Social
CRO Centro de Referncia em Obesidade
DAB Departamento de Ateno Bsica
DATASUS Departamento de Informtica do Sistema nico de Sade
DCNT Doenas Crnicas No Transmissveis
EAD Educao a distncia
EAN Educao Alimentar e Nutricional
Enpacs Estratgia Nacional para Alimentao Complementar Saudvel
EAAB Estratgia Nacional para Promoo do Aleitamento Materno e Alimentao Complementar Saudvel no Sistema nico de Sade
ESF Estratgia Sade da Famlia
Facem Faculdade do Centro Mato-Grossense
Fenep Federao Nacional das Escolas Particulares
Gatto Grupo de Apoio Teraputico ao Tratamento da Obesidade
GRA Grupo de Reeducao Alimentar
GT Grupo de trabalho
HCU Hospital de Clnicas da Unicamp
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IC Instituto de Cardiologia
IMC ndice de Massa Corporal
Inad Instituto de Nutrio Annes Dias
MDS Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome
MS Ministrio da Sade
Sumrio
1 CONTEXTUALIZAO DO PROBLEMA........................................................... 9
1.1 PREVALNCIA E CUSTO DA OBESIDADE.
OBESIDADE..................................................... 9
1.2 DETERMINAO DA OBESIDADE.............................................................
OBESIDADE............................................................. 13
1.2.1 Aprofundando o tema da obesidade como problema social................... 18
REFERNCIAS.................................................................................................. 25
2 POLTICAS, PROGRAMAS E AES FOCADOS NO MANEJO DA
OBESIDADE................................................................................................... 31
2.1 MODELO DE ATENO SADE E POLTICAS PBLICAS ........................ 31
2.1.1 Superando a fragmentao da ateno sade..................................... 31
2.1.2 Sobre Polticas Pblicas e Programas...................................................... 36
2.2 LINHA DE CUIDADO PARA SOBREPESO E OBESIDADE.............................
OBESIDADE............................. 41
2.3 PRTICAS DE CUIDADO EM SADE PARA O INDIVDUO COM
EXCESSO DE PESO...................................................................................
PESO................................................................................... 44
2.4 APOIO TCNICO PARA AS AES DE CONTROLE DA OBESIDADE............
OBESIDADE............ 47
REFERNCIAS.................................................................................................. 50
BIBLIOGRAFIA................................................................................................. 51
1 CONTEXTUALIZAO DO PROBLEMA
10
Tabela 1 Prevalncia (%) de excesso de peso (IMC 25 kg/m2) e obesidade (IMC 30 kg/m2) entre
adultos maiores de 18 anos, segundo sexo e capitais brasileiras VIGITEL, 2013
Capitais
Masculino
Obesidade (%)
Feminino
Total
Masculino
Feminino
Aracaju SE
49,1
50,4
48,1
17,5
15,4
18,4
Belm PA
51,1
55
47,8
15,8
15,9
15,7
Belo Horizonte MG
47,3
48,4
46,3
14,6
13,7
15,4
Boa Vista RR
49,5
52,9
46,3
17,3
18,4
16,3
Campo Grande MS
52,9
55,2
50,9
17,7
14,6
20,5
Cuiab MT
54,9
59
51
22,4
21,9
22,8
Curitiba PR
52,6
57,7
48,3
17,6
18,8
16,6
Florianpolis SC
48,6
56,5
41,4
15,4
16,4
14,6
Fortaleza CE
51,3
54,2
48,8
18,1
19,4
17
Goinia GO
47,5
51,2
44,3
16,3
18
14,9
Joo Pessoa PB
51,3
59,3
44,7
17
15,3
18,3
Macap AP
51,9
60,8
43,6
18,3
22,8
14,2
Macei AL
52,5
58,4
47,7
18,4
18,8
18,1
53
54,1
52
18,8
18
19,5
Natal RN
52,6
55,8
50
16,6
18,2
15,2
Palmas TO
48,3
57
40,1
16,8
20,8
13,1
Porto Alegre RS
54,1
62,1
47,5
17,7
18,5
17,1
Porto Velho RO
52,9
57
48,5
17,8
19,2
16,3
Recife PE
50,7
52,9
48,9
18
16,4
19,2
Rio Branco AC
52,6
57,1
48,5
18,1
16,7
19,3
Rio de Janeiro RJ
53,1
57,9
49,1
20,7
21,1
20,3
Salvador BA
47,1
48,9
45,7
14,9
13,1
16,3
So Lus MA
41,7
44,5
39,4
13,2
12,3
13,9
So Paulo SP
51,1
54,9
47,7
17,9
17,5
18,2
Teresina PI
49,1
54,6
44,6
16,2
18,1
14,6
Vitria ES
48,6
52,6
45,2
16,1
15,9
16,3
49
54,9
43,9
15
15,7
14,4
Manaus AM
Distrito Federal
Fonte: (BRASIL, 2014b).
11
Os dados da Tabela 1 indicam que a capital que apresenta menor prevalncia de obesidade So Lus/MA (13,2%). Capitais como Salvador/BA,
Belo Horizonte/MG, Belm/PA, Florianpolis/SC e Distrito Federal apresentaram
prevalncias de obesidade entre 14% e 15%. Rio de Janeiro/RJ e Cuiab/MT
chegam a ter quase 20,7% e 22,4% de obesos, respectivamente. As demais
capitais brasileiras possuem prevalncias de obesidade entre 16% a 18%. Situao semelhante obesidade, a capital brasileira com menor prevalncia de
excesso de peso (ou seja, somatrio das prevalncias de sobrepeso e obesidade)
So Lus/MA (41,7%). As capitais com maiores prevalncias so Cuiab/MT
(54,9%), Amazonas/AM (53%), Rio de Janeiro/RJ (53,1%) e Porto Velho/RO
(52,9%). Os demais estados apresentam prevalncias de sobrepeso entre 47%
a 52% (BRASIL, 2014b).
H que se considerar, ainda, que os altos custos
associados obesidade so alarmantes mesmo para
naes desenvolvidas. No Pas, o custo anual das
hospitalizaes de adultos relacionadas ao excesndice de Massa
so de peso e obesidade e s doenas associadas
Corporal (IMC):
no Sistema nico de Sade (SUS) foi similar
Medida utilizada internacionalmente
para avaliar a adequao do peso
aos percentuais gastos em pases desenvolvide um indivduo. Para seu clculo,
dos, embora o custo total com sade fosse
utilizam-se dados de peso e
muito maior naqueles pases (SICHIERI et al.,
altura na seguinte frmula:
2007). Mais recentemente, BAHIA et al. (2012)
IMC = peso(kg)/altura2(m)
estimaram em US$ 210 milhes o custo de 18
comorbidades associadas ao excesso de peso e
obesidade no SUS. E, em estudo realizado por Oliveira
(2013), os custos atribuveis obesidade (IMC 30 kg/m)
e obesidade grave (IMC 40 kg/m) em adultos, no ano de 2011,
foram de aproximadamente 0,5 bilho de reais para o SUS. Destaca-se que,
apesar da prevalncia de obesidade grave (grau III) ser 18 vezes menor do que a
dos outros graus de obesidade (grau I e grau II), seu custo foi proporcionalmente
quatro vezes maior.
Conter o crescimento e reduzir as prevalncias de sobrepeso e obesidade
exige a articulao de diversas aes com nveis de complexidade diferentes, envolvendo mudanas sustentveis nos ambientes e modos de vida e da populao.
Para tanto, fundamental compreender os mltiplos fatores que determinam
12
a obesidade bem como o papel que o SUS deve desempenhar dentro desse
contexto, como ser visto a seguir.
14
A combinao de maior disponibilidade e variedade de produtos ultraprocessados a preos mais baixos e em locais de fcil acesso torna possvel que at
mesmo os consumidores de menor renda aumentem o seu consumo de energia
(WITKOWSKI, 2007). A expanso das oportunidades de emprego, abarcando
cada vez mais as mulheres, a reduo do tempo disponvel para a preparao de
alimentos e a substituio das refeies tradicionais por alimentos ultraprocessados de rpido preparo e consumo, porm ricos em sal, acar e gorduras, tm
contribudo fortemente para os atuais problemas
de sade.
Outro fator que tem afetado tanto
os alimentos provenientes do domicAlimentos ultraprocessados so
lio como os de fora do domiclio e
formulaes industriais feitas inteiramente
apontado como um facilitador
ou majoritariamente de substncias extradas de
para o aumento do consumo de
alimentos (leos, gorduras, acar, amido, protenas),
derivadas de constituintes de alimentos (gorduras
alimentos e de energia refere-se
hidrogenadas, amido modificado) ou sintetizadas em
ao tamanho das pores dislaboratrio com base em matrias orgnicas como petrleo
ponveis. A prtica de oferecer
e carvo (corantes, aromatizantes, realadores de sabor e
a opo de grandes pores,
vrios tipos de aditivos usados para dotar os produtos de
propriedades sensoriais atraentes). Tcnicas de manufatura
tanto de alimentos como de
incluem extruso, moldagem, e pr-processamento por
bebidas adoadas e refrigeranfritura ou cozimento. Mais Informaes acesse o
tes, a um custo adicional mnimo,
Guia Alimentar para a Populao Brasileira
popularmente
conhecido como
diponvel em www.dab.saude.gov.br
supersizing, incentiva as pessoas
(BRASIL, 2014a)
a consumirem ainda mais, e os adolescentes so os mais susceptveis a essas
maiores pores (WANSINK, 1996; PIERNAS;
POPKIN, 2011).
Revises sistemticas e metanlises tm avaliado a relao de hbitos como
assistir televiso, consumo de lcool e horas de sono insuficiente com o aumento
na ingesto de alimentos (CHAPMAN et al., 2012). Esses comportamentos so
todos conhecidos por afetar as funes cognitivas envolvidas no controle inibitrio, podendo representar mecanismos comuns pelos quais a ingesto alimentar
facilitada. O hbito de assistir televiso, alm de caracterizar um comportamento
sedentrio, estimula o consumo de alimentos com alto teor de energia e baixa
densidade de nutrientes, por meio das propagandas, muitas delas destinadas ao
15
16
pessoas se relacionarem com os alimentos, seja por razes biomdicas, socioculturais ou econmicas (GRACIA-ARNAIZ, 2007). A padronizao da alimentao
e dos gostos debatida na literatura, provocada pela crescente globalizao, vem
acompanhada de manifestaes singulares de se alimentar: dietas mais ou menos restritivas por razes mdicas, restries alimentares por motivos religiosos,
estticos, esttica laboral (profissionais da moda, danarinos, fisiculturistas etc.),
ou ainda por consequncia das condies econmicas precrias vivenciadas por
grupos populacionais em vrias regies do mundo (GARCIA, 1997; ORTIGOZA,
1997; GARCIA, 2003; CANESQUI, 2005; GRACIA-ARNAIZ, 2010).
O comer sozinho, como uma das marcas de nosso tempo, ao lado da
padronizao globalizante, implica selees de alimentos, nas formas de cozinh-los e consumir os alimentos, justificadas por necessidades, conhecimentos,
atitudes e constrangimentos, mais os menos especficos que interferem nas
relaes sociais permeadas pela comensalidade. Essas novas formas de comer
pressupem diferentes tipos e graus de excluso ou distanciamento das tradies
alimentares, das formas de preparar os alimentos, as quais no se encaixam com
as escolhas individuais (GALLIAN, 2007).
Alm da individualizao, como fenmeno atual do modo de comer, a
substituio do consumo de alimentos tradicionais por alimentos industrializados tambm um dos determinantes da obesidade. O abandono
da alimentao tradicional resultado das formas de sociabilidade das nossas
sociedades, referida por Gallian (2007) como a desumanizao do comer,
num sentido antropolgico do processo de socializao do homem, mediado
pela comida.
O predomnio no campo da Sade de uma racionalidade em que se costuma reconhecer os aspectos culturais e sociais como variveis estatsticas na
determinao da obesidade identificam os alimentos como um fator possvel de
ser controlado, e apontam para as mudanas de hbitos alimentares, por meio
de disciplina em programas de preveno e tratamento da obesidade ou mesmo como meio de alcanar a boa forma (SUDO; MADEL-LUZ, 2007; YOSHINO,
2007; FERREIRA, 2008). Trata-se de um enfoque que carece de amplitude na
forma de conceber a alimentao como uma manifestao cultural e psicolgica
do indivduo, da maneira como ele se relaciona com o seu ncleo familiar, seu
meio social, tnico, manifestado de forma distinta em contextos especficos
(CONTRERAS, 2005; GRACIA,2005; GALLIAN, 2007).
20
22
Pea et al. (2012) ao discutirem sobre os determinantes culturais e tnicos relacionados obesidade infantil nos Estados Unidos indicaram que esses
elementos contribuem fortemente para explicar as disparidades e as desigualdades do excesso de peso entre crianas de origens tnicas distintas. Reconhece-se
que a cultura pode influenciar na percepo dos pais em relao condio de
sade de seus filhos. Mulheres afro-americanas apresentam diferentes percepes
sobre o que consideram corpo saudvel e relacionam o corpo magro subnutrio e disponibilidade alimentar insuficiente. Diferentes grupos tnicos podem
apresentar reaes contrrias manuteno do peso dentro dos parmetros de
normalidade, assim como, s recomendaes de adotar a alimentao saudvel,
por tratar-se de um tipo de comida que no faz parte de sua identidade racial
(ANTIN; HUNT, 2012).
Diante da importncia que as questes socioculturais ocupam na determinao da obesidade, o seu manejo, na opinio de Pea et al. (2012), especialmente no atendimento de crianas com excesso de peso na Ateno Bsica, deve
estar voltado para o reconhecimento das caractersticas tnicas sociais e culturais
do grupo populacional que a criana ou adolescente pertence. A investigao
clnica deve valorizar a influncia das escolhas alimentares da famlia no incio
da infncia e as atitudes dos pais em relao alimentao, autoimagem,
qualidade do sono. O aconselhamento sobre o tempo dedicado recreao
eletrnica, como exemplo, televiso, videogame, computador, entre outros, deve
ser cuidadoso (PEA et al., 2012).
A pesquisa de Font et al. (2010), sobre os determinantes sociais e econmicos da obesidade, comparou dois contextos histricos distintos em dois pases
do Mediterrneo (Espanha e Itlia). Os autores trazem tona a importncia
das normas culturais ou sociais e outros padres que sustentam a formao
regional de comportamentos de sade como principais determinantes da obesidade e excesso de peso. Novos estilos de vida resultantes da modernizao e
da adaptao globalizao so diferentes entre os pases (FONT et al., 2012).
No referido estudo, Font et al. (2010) identificaram que, no incio dos anos
2000, a Espanha apresentou um crescimento maior dos ndices de obesidade
do que a Itlia, com nveis de desemprego tambm mais elevados. Com maior
insegurana no emprego e jornadas de trabalho mais elevadas, foram os espanhis que possivelmente responderam ao processo de liberalizao econmica,
23
com ajustes mais apertados para fazer frente ao moderno estilo de vida (FONT
et al., 2010).
Alinhadas com esses trabalhos prevalecem as abordagens que compreendem a obesidade como um problema social que tem determinaes mais
centradas nas normas sociais que desencadeiam ganho de peso excessivo (CONTRERAS, 2005; BISOGNI et al., 2012; PEA et al., 2012; ANTIN; HUNT, 2012;
SIM, 2012). O peso corporal saudvel depende de gatilhos culturais ou
ambientais que produzem efeitos sobre a sade individual, tais como as
condies de segurana, as caractersticas do comrcio local e global de
alimentos, a qualidade e acesso ao transporte coletivo, acesso recreao,
servios e apoio social e educacional, entre outros aspectos do contexto
que modulam as prticas e estilos de vida atual (FONT et al., 2010).
A presente discusso sobre determinantes da obesidade exige envolver
diversos setores da sociedade para o debate de programas e polticas, em permanente elaborao, considerando que o dilogo e a participao de diferentes
setores da sociedade demandam dinmicas singulares e mutveis. Salientamos
nesse texto, com contribuies da literatura, a importncia da reflexo, da discusso e da contextualizao da obesidade enquanto manifestao de um fenmeno
contemporneo, que reafirma a necessidade de aproximaes interdisciplinares,
mesmo que o ponto de partida seja o campo da Sade.
24
REFERNCIAS
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CANESQUI, A. M. (Org.). Olhares socioantropolgicos sobre os adoecidos crnicos. So
Paulo: Hucitec/FAPESP, 2007.
25
26
27
28
29
31
32
fluxo ordenado do usurio de baixo para cima e de cima para baixo, mediante a
referncia e contrarreferncia. Essa organizao do sistema de sade previa que
as necessidades dos indivduos fossem atendidas em espaos com tecnologias
adequadas de acordo com suas caractersticas (CECLIO, 1997).
Entretanto, observou-se que os vrios nveis da pirmide no representavam
a realidade, pois a AB no representava a nica porta de entrada dos usurios,
sendo as unidades de pronto atendimentos lotadas um exemplo. Ademais, evidenciava-se que a AB no conseguia se responsabilizar pela populao adstrita,
ao verificar que a lotao nos pronto atendimentos estava geralmente relacionada
a uma maioria de casos que poderia ser solucionada na AB. O acesso aos servios especializados (mdia complexidade) tambm era bastante difcil, com filas
de espera extensas, potencializadas por usurios que igualmente poderiam ser
acompanhados na AB (CECLIO, 1997). Diante desse panorama foram propostos
novos fluxos de atendimentos em rede, construdos a partir das necessidades
dos usurios e de um sistema mais humanizado (Figura 1).
O sistema de sade em rede associa-se melhor a ideia de movimento, de
mltiplas alternativas de entrada e sada, ampliando as possibilidades de acesso.
Como exemplo, pode-se pensar esta rede no atendimento a um usurio hipertenso que necessita de apoio e acompanhamento sistematizado, e que tenha
procurado atendimento em um pronto-atendimento. Um sistema de rede prev
que ele j saia do pronto-atendimento com uma consulta agendada na Ateno
Bsica ou Secundria, de acordo com a sua necessidade, sendo a AB o centro de
comunicao e de acompanhamento contnuo (CECLIO, 1997).
Figura 1 Esquema grfico de modelos de Rede de Ateno Sade
Alta
Complexidade
Mdia
Complexidade
Ateno Bsica
34
Ateno
Bsica
Nveis hierrquicos
Rede polirquica
Sujeito o paciente
Reativo
Proativo
Aes curativas
Ateno integral
Cuidado profissional
Cuidado interdisciplinar
Gesto da oferta
O novo paradigma aponta para a necessidade da construo da intersetorialidade para a promoo da sade, contemplando a integralidade dos saberes
mediante o fortalecimento do apoio matricial para a conduo das situaes de
vulnerabilidade de grupos/populaes, o que fortalece as aes sobre as condies crnicas. Dessa forma, torna-se premente uma interveno concomitante
sobre as condies agudas e crnicas mediante um sistema proativo que consiga
intervir de fato no processo sade-doena (BRASIL, 2010).
Na RAS, a condio aguda, por caracterizar uma situao de urgncia,
deve ser atendida em qualquer ponto de ateno, dentro de um sistema de rede
de manuteno da vida em nveis crescentes de complexidade e responsabilidade. Assim, espera-se possibilitar o acesso universal, a equidade e a resoluo
35
40
41
uma vez que o autocuidado apoiado pode ser entendido como uma relao
de dilogo entre os saberes de cuidar de si e do cuidar do outro, podendo ser
desenvolvido individualmente, nos grupos, em consultas coletivas e a distncia.
Os resultados esperados dessa prtica compreender as vulnerabilidades dos
indivduos, conhecer as possveis explicaes para sua condio e estabelecer um
horizonte comum de cuidados entre os atores do processo, assim, produzindo
menos sintomas, complicaes e incapacidades (BRASIL, 2014a; 2014b).
Para trabalhar a educao do autocuidado, priorizada a escolha das
necessidades, problemas e prioridades, definidas as pessoas envolvidas e consensuados entre o profissional e o usurio. Uma vez escolhidas as prioridades a
serem modificadas elaborado um plano teraputico conjunto para estabelecer
um cuidado em sade compartilhado.
O Projeto Teraputico Singular (PTS) um instrumento de organizao
do cuidado delineado entre a equipe e o usurio, tendo em vista as singularidades
do sujeito e a complexidade de cada caso. O compartilhamento do cuidado leva
a um aumento na eficcia do tratamento, influenciada pela ampliao da comunicao, fortalecimento do vnculo e o aumento do grau de corresponsabilizao.
Um PTS constitui-se, ento, em um conjunto de propostas de condutas teraputicas articuladas, para um sujeito individual ou coletivo, resultado da discusso
de uma equipe interdisciplinar, que pode ser apoiada pela equipe do Ncleo de
Apoio Sade da Famlia (Nasf). uma variao da discusso de caso clnico
e geralmente dedicado s situaes mais complexas. Visando construo do
PTS, algumas etapas devem ser seguidas (BRASIL, 2014c):
1) Diagnstico e anlise: dever conter uma avaliao ampla que considere a
integralidade do sujeito (em seus aspectos fsicos, psquicos e sociais) e que
possibilite uma concluso a respeito dos riscos, vulnerabilidade, resilincias
e potencialidades do sujeito. Deve tentar captar como o sujeito singular se
produz diante de foras como as doenas, os desejos e os interesses, assim
como tambm o trabalho, a cultura, a famlia e a rede social.
2) Definio de aes e metas: aps realizados os diagnsticos, as equipes
que desenvolvem o PTS fazem propostas de curto, mdio e longo prazo,
quais sero discutidas e negociadas com o usurio em questo e/ou com
familiar, responsvel ou pessoa prxima. Construir um PTS um processo
compartilhado e, por isso, importante a participao do usurio na sua
definio.
45
46
49
REFERNCIAS
BARRETO, M. L.; CARMO, E. H. Padres de adoecimento e de morte da populao brasileira: os
renovados desafios para o Sistema nico de Sade. Cincia & Sade Coletiva [online], Rio de
Janeiro, v. 12, Suppl., p. 1179-1790. 2007.
BRASIL. Decreto n 7.508, de 28 de junho de 2011. Regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de
setembro de 1990, para dispor sobre a organizao do Sistema nico de Sade SUS, o
planejamento da sade, a assistncia sade e a articulao interfederativa, e d outras
providncias. Dirio Oficial da Unio, Braslia, DF, 29 junho 2011a. Seo 1, p. 1.
______. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Departamento de Ateno Bsica.
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______. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Departamento de Ateno Bsica.
Estratgias para o cuidado da pessoa com doena crnica : obesidade. Braslia, 2014b.
(Cadernos de Ateno Bsica, n. 38)
______. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Departamento de Ateno Bsica.
Ncleo de Apoio Sade da Famlia. Braslia, 2014c. (Cadernos de Ateno Bsica, n. 39)
______. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Departamento de Ateno Bsica.
Poltica Nacional de Alimentao e Nutrio. Braslia, 2012a.
______. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Departamento de Ateno Bsica.
Poltica Nacional de Ateno Bsica. Braslia, 2012b.
______. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Departamento de Ateno Bsica.
Poltica Nacional de Prticas Integrativas e Complementares no SUS PNPIC-SUS.
Braslia, 2006. (Srie B. Textos Bsicos de Sade).
______. Ministrio da Sade. Secretaria de Vigilncia em Sade. Departamento de Anlise
de Situao de Sade. Plano de aes estratgicas para o enfrentamento das doenas
crnicas no transmissveis (DCNT) no Brasil 2011-2022. Braslia, 2011b. (Srie B. Textos
Bsicos de Sade).
______. Portaria n 4.279, de 30 de dezembro de 2010. Estabelece diretrizes para a
organizao da Rede de Ateno Sade no mbito do Sistema nico de Sade (SUS). Dirio
Oficial da Unio, Braslia, n. 251, 31 dezembro 2010. Seo 1, p. 88.
______. Portaria n 424, de 19 de maro de 2013. Redefine as diretrizes para a organizao
da preveno e do tratamento do sobrepeso e obesidade como linha de cuidado prioritria
da Rede de Ateno Sade das Pessoas com Doenas Crnicas. Dirio Oficial da Unio,
Braslia, n. 54, 20 maro 2013. Seo 1, p. 23.
BUSS, P. M.; PELLEGRINI FILHO, A. A sade e seus determinantes sociais. Physis [online], Rio de
Janeiro, v. 17, n. 1, p. 77-93, 2007.
CECILIO, L. C. O. Modelos tecno- assistenciais: da pirmide ao crculo, uma possibilidade a ser
explorada. Cadernos de Sade Pblica, Rio de Janeiro, v. 13, n. 3, p. 469-478, jul./set. 1997.
50
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Portaria n 425, de 19 de maro de 2013. Estabelece regulamento tcnico, normas
e critrios para o Servio de Assistncia de Alta Complexidade ao Indivduo com Obesidade.
Dirio Oficial Unio, Braslia, n. 54, 20 maro 2013. Seo 1, p. 25.
______. Portaria N 483, de 1 de abril de 2014. Redefine a Rede de Ateno Sade das
Pessoas com Doenas Crnicas no mbito do Sistema nico de Sade (SUS) e estabelece
diretrizes para a organizao das suas linhas de cuidado. Dirio Oficial Unio, Braslia, 2 de
abril de 2014. Seo 1, p. 50.
______. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Departamento de Ateno Bsica.
Organizao regional da linha de cuidado do sobrepeso e da obesidade na Rede de
Ateno Sade das pessoas com doenas crnicas: manual instrutivo. Braslia, 2014.
______. Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome. Marco de referncia de
educao alimentar e nutricional para as polticas pblicas. Braslia, 2012.
51
Organizao Pan-Americana da Sade Inovando o papel da Ateno Primria nas redes de Ateno
Sade: resultados do laboratrio de inovao em quatro capitais brasileiras./Organizao PanAmericana da Sade; Ministrio da Sade; Conselho Nacional de Secretrios Estaduais de Sade;
Conselho Nacional de Secretrios Municipais de Sade. Braslia : Organizao Pan-Americana da
Sade, 2011.137 p.: il. (NAVEGADORSUS, 3).
53
O laboratrio foi institudo com a misso de identificar, sistematizar e compartilhar lies aprendidas e boas prticas de promoo da sade e preveno,
controle, tratamento e manejo da obesidade no SUS com vistas a fomentar a
tomada de deciso e o cuidado integral nas redes de ateno sade dos indivduos e coletividades. Os objetivos do laboratrio foram:
Realizar alinhamento conceitual de obesidade e boas prticas de manejo.
Caracterizar o que seriam inovaes no manejo da obesidade.
Disseminar experincias exitosas e inovadoras no manejo da obesidade
nas Redes de Ateno Sade (RAS) dos sistemas locorregionais, estaduais e/ou municipais.
Elaborar um plano de comunicao para divulgar as experincias para
diferentes pblicos (gestores e profissionais).
Compartilhar lies aprendidas e boas prticas com outros pases da regio.
Para a realizao desse Laboratrio de Inovao foi composto um Grupo
de Trabalho (GT) institudo pelo Ministrio da Sade e pela Opas/OMS Brasil. A
partir de um edital de convocao, com o objetivo de selecionar profissionais,
oriundos do SUS (gestores, trabalhadores e controle social) e pesquisadores
com reconhecida experincia em estudos relacionados preveno e/ou ao
tratamento da obesidade, formou-se a composio do Grupo de Trabalho.
Para isso, os candidatos enviaram o currculo e uma carta de inteno, sendo
selecionados pelos tcnicos do Ministrio da Sade e da Opas/OMS Brasil. A
seleo dos participantes baseou-se na experincia comprovada em gesto de
aes de ateno sade no SUS, considerando ateno bsica, mdia e alta
complexidade, com aes relacionadas ao manejo da obesidade na ateno
bsica, mdia e alta complexidade e na experincia acadmica comprovada na
realizao de pesquisas no escopo da ateno sade, com foco em doenas
crnicas e/ou obesidade no SUS.
A composio final do GT incluiu 18 participantes, representando tanto
profissionais oriundos do SUS, como pesquisadores com experincia no estudo
da obesidade e trabalhadores, assim como tcnicos do Ministrio da Sade e do
Conselho Nacional dos Secretrios de Sade (Conass). A seguir esto relacionados
os integrantes do GT com breve resumo da trajetria profissional:
54
FAZ O QU?
Gabriela Maria Reis Gonalves Nutricionista, atua na Coordenao-Geral de Mdia e Alta Complexidade do Ministrio da Sade.
Galzuinda Maria Figueiredo Mdica, mestre em cirurgia. Participou da organizao do primeiro
Reis
ambulatrio de manejo da obesidade para indivduos graves em Belo
Horizonte (MG). Consultora externa na Coordenao-Geral de Mdia
e Alta Complexidade do Ministrio da Sade.
Gisele Ane Bortolini
Nutricionista, coordena a rea de Promoo da Alimentao Adequada e Saudvel da Coordenao-Geral de Alimentao e Nutrio do
Ministrio da Sade.
Janine Coutinho
55
concluso
QUEM?
FAZ O QU?
Mara Lucia dos Santos Costa Nutricionista e sanitarista, atua na Coordenao-Geral de Alimentao
e Nutrio do Ministrio da Sade.
Maria Zlia Soares Lins
Patrcia Nelly Alves Meira Educadora fsica. Tem experincia com a implementao dos Polos da
Menezes
Academia da Cidade na cidade de Recife (PE).
Quenia dos Santos
Rosely Sichieri
Organizao Pan-Americana da Sade Inovando o papel da Ateno Primria nas redes de Ateno
Sade: resultados do laboratrio de inovao em quatro capitais brasileiras./Organizao PanAmericana da Sade; Ministrio da Sade; Conselho Nacional de Secretrios Estaduais de Sade;
Conselho Nacional de Secretrios Municipais de Sade. Braslia: Organizao Pan-Americana da Sade,
2011.137 p.: il. (NAVEGADORSUS, 3).
57
58
So Paulo
34
16
Santa Catarina
15
Minas Gerais
13
Rio de Janeiro
12
Pernambuco
Bahia
Paran
Distrito Federal
Gois
Mato Grosso
Cear
Piau
Alagoas
Amap
Esprito Santo
Paraba
Sergipe
Total Geral
Total de Inscries
139
59
Municpio/Estado
Goinia/Gois
Sorriso/Mato Grosso
Sorriso/Mato Grosso
Chapec/Santa Catarina
Florianpolis/Santa Catarina
13 Obesimor
Joinville/Santa Catarina
continua
60
concluso
Ttulo da Experincia
Municpio/Estado
Tai/Santa Catarina
Botucatu/So Paulo
Itapevi/So Paulo
24
61
63
64
nsar
Para pe
e refletir
O gestor pode realizar parcerias para o desenvolvimento de hortas comunitrias e fomentar a implantao de hortas pedaggicas, com objetivo
de promover prticas alimentares saudveis.
Para saber mais: Estratgia Intersetorial de Preveno e Controle da Obesidade: recomendaes para estados e municpios.
EXPERINCIA CURITIBA/PR
Desde 1991, a Secretaria Municipal de Sade (SMS) de Curitiba/PR vem
monitorando o estado nutricional da populao usuria das Unidades Bsicas
de Sade, assim como dos educandos das escolas municipais. Em 2009, a SMS
implementou o Grupo de Reeducao Alimentar (GRA) com uma equipe
multiprofissional composta por profissionais do Nasf (nutricionista, psiclogo,
fisioterapeuta, profissional de educao fsica e farmacutico) e das Unidades
Bsicas de Sade.
O GRA acontece em todas as UBS do municpio com encontros quinzenais
(6 encontros em 3 meses ou mais, de acordo com a necessidade) e divididos por ciclos da vida (crianas, adolescentes, adultos/idosos). Em cada encontro participam
pelo menos duas categorias de profissionais dos Nasf. Existem tambm
os grupos de manuteno, que priorizam o acompanhamento dos
resultados obtidos e o auxlio consolidao dos novos hbitos
alimentares adquiridos.
Os profissionais de
Para melhorar a adeso s atividades, os profissionais
sade das equipes do seu
foram capacitados em entrevista motivacional, resoluo de
municpio participam de
problemas, preveno de recadas e apoio ao autocuidado,
Educao Permanente?
com a publicao Autocuidado Apoiado Manual do profissional de sade, da SMS de Curitiba, alm de um Caderno de
Exerccios para estabelecimento de metas, resoluo de problemas
e monitoramento para ser utilizado pelo prprio usurio. O GRA
coordenado por uma nutricionista e as orientaes nutricionais trabalhadas
nos grupos seguem uma cartilha desenvolvida pela SMS (Alimentao para uma
Vida Saudvel orientaes para a famlia curitibana).
65
nsar
Para pe
e refletir
No seu municpio, a secretaria de sade disponibiliza materiais educativos e impressos para o trabalho das equipes de sade?
So desenvolvidas atividades de educao permanente com as equipes de sade?
Os profissionais conhecem os materiais do Ministrio da Sade, tais como, Cadernos de Ateno Bsica, Guias Alimentares, Marco de Referncia de Educao Alimentar e
Nutricional para as Polticas Pblicas, Alimentos Regionais Brasileiro, Manual das cantinas
escolares saudveis: promovendo a alimentao saudvel, materiais do Sisvan entre outros?
Para saber mais: Conhea a Poltica Nacional de Educao Permanente. Acesse a Portaria
MS/GM n 1.996, de 20 de agosto de 2007 e a Portaria MS/GM n 2.953, de 25 de novembro
de 2009.
EXPERINCIA FLORIANPOLIS/SC
Em Florianpolis/SC, uma equipe multiprofissional composta por nutricionistas, farmacuticos, enfermeiros e agentes comunitrias da sade tambm
trabalha com grupos de 15 pessoas, que se encontram semanalmente
por uma hora para avaliao antropomtrica e discusso de temas
preestabelecidos, sendo realizados oito encontros. O grupo,
denominado de Reeducar para Emagrecer, teve incio
em 2011, e conta com o apoio de pequenos produtores da
possvel identificar
agricultura familiar para a oferta de produtos locais a baixo
aes intersetoriais
custo, promovendo adoo de uma alimentao saudvel e
em seu territrio?
com alimentos de qualidade.
Os agricultores realizam uma feira no dia do encontro
do grupo e fornecem gratuitamente uma cesta com frutas para
o consumo dos participantes durante os encontros. Alm disso, os
participantes so inseridos em grupos de caminhada para a prtica de
atividade fsica e recebem sesses de auriculoterapia para auxiliar na reduo
de peso. A conduo do grupo com auxlio das agentes comunitrias e as aes
intersetoriais fortalecem o elo dos participantes e auxilia no desenvolvimento
das atividades.
66
nsar
Para pe
e refletir
EXPERINCIA POMERODE/SC
Em Pomerode/SC, so organizadas atividades em grupos na Ateno Bsica desde 2011, com rodas de conversa sobre temas variados com objetivo de
promoo da sade. Os participantes so recebidos pela Estratgia de Sade da
Famlia (ESF), acolhidos, avaliados e direcionados para o local da atividade. No
incio de cada grupo, todos os participantes tm seu peso, estatura e circunferncia abdominal avaliados. Qualquer usurio do territrio tem acesso aos grupos.
Todos os participantes so encorajados a praticar atividade fsica
e encaminhados s academias ao ar livre para receber orientaes do profissional de Educao Fsica. Quando necessrio, o
participante recebe atendimento individualizado e encamiO estmulo ao autocuidado
nhado para outros servios, a exemplo dos grupos de apoio
apoiado uma estratgia
que contribui para o sucesso do
em Sade Mental. A equipe formada por pelo menos um
controle do peso. As equipes
profissional da ESF, que pode ser o tcnico de Enfermagem,
do seu municpio trabalham
enfermeiro, auxiliar de servios gerais, agente comunitrio de
nesta perspectiva?
sade ou outro, com o apoio do nutricionista do Nasf.
A ideia principal dos grupos sempre empoderar os participantes para que busquem a soluo para as diversas demandas
67
EXPERINCIA SORRISO/MT
No Municpio de Sorriso/MT, a equipe do Nasf desenvolveu diversas estratgias de promoo da sade e controle da
obesidade no territrio. O projeto de combate obesidade
O apoio do Nasf no
infantil, uma parceria das Secretarias de Sade e Saneadesenvolvimento de diferentes
mento, de Educao e Cultura e a Faculdade do Centro
estratgias locais fundamental
Mato-Grossense (Facem), destina-se s crianas de 6 a 13
para o controle do excesso
de peso no territrio.
anos de idade, de 17 escolas do ensino fundamental, nas
quais se realizou triagem de 2.776 crianas e adolescentes
68
nsar
Para pe
e refletir
EXPERINCIA TAI/SC
Em Tai/SC, dados de 2011 mostraram que a maioria dos indivduos atendidos no municpio apresentavam agravos associadas obesidade. Diante disso,
os profissionais desenvolveram uma estratgia para conter o avano da obesidade
e suas comorbidades, bem como promover os hbitos alimentares saudveis. O
grupo O Peso da Sade aliou os conhecimentos da Psicologia e da Nutrio, com
o auxlio da Fisioterapia e da Enfermagem, para desenvolver encontros semanais
de duas horas de durao, por um perodo de trs meses.
O pblico-alvo da ao foram indivduos com idade entre 15 e 65 anos
e os encontros tiveram como intuito oferecer estratgias para manuteno de
um estilo de vida saudvel, reeducao alimentar, reduo de peso e medidas,
melhora da autoestima e controle de pensamentos sabotadores, promoo de
sociabilizao em grupo e envolvimento da famlia. O encontro do grupo ocorre
com apoio da Cmara de Vereadores, da Casa da Cultura e do Clube do Idoso
do municpio e, no primeiro encontro, os profissionais envolvidos abordam a
70
A Ateno Bsica de Sade um espao privilegiado para o desenvolvimento das aes de incentivo e apoio adoo de hbitos alimentares e prtica regular da atividade fsica. Cabe ressaltar que essas aes,
alm de garantir a difuso de informao, devem buscar viabilizar espaos para
reflexo sobre os fatores individuais e coletivos que influenciam as prticas em
sade e nutrio na sociedade, lanando mo de metodologias que estimulem
o esprito crtico das pessoas diante de sua realidade e promovam a autonomia
de escolha no cotidiano, a atitude protagonista diante da vida e o exerccio da
cidadania.
72
e/ou hospital, assim como seu retorno, deve ser pactuado entre os gestores, bem
como divulgado para o conhecimento de todos os profissionais.
EXPERINCIA CAMPINA GRANDE/PB
Em Campina Grande/PB, o Centro de Obesidade Infantil (COI) configura-se como um servio ambulatorial e especializado de referncia em obesidade,
atendendo crianas e adolescentes com obesidade ou sobrepeso encaminhados
da Ateno Bsica e por demanda espontnea. Criado em 2008, por meio de
uma parceria firmada entre a Secretaria Municipal de Sade e a Universidade Estadual da Paraba (UEPB), o COI acompanha semanalmente
uma mdia de 25 usurios, comparecendo em torno de duas
vezes por ms. A triagem realizada uma vez por semana e se
Em seu municpio h
o indivduo atender aos critrios estabelecidos para a incluso
instituies de ensino
no programa, encaminhado para acompanhamento com
para realizar a integrao
ensino-servio?
endocrinologista, nutricionista, profissional de Educao Fsica
e, em casos especiais, com psiclogo.
Semanalmente, antes do atendimento com os especialistas,
acontecem atividades educativas coletivas com encontros dinmicos
e integrativos, com momentos que envolvem atividade fsica, painis de
colagem, desenhos, jogos, apresentao audiovisuais, entre outros. abordado
um tema por ms, evidenciando a importncia da prtica de atividade fsica, da
alimentao saudvel, das consequncias da obesidade e da participao familiar
nas mudanas comportamentais e na adeso ao tratamento.
Alm disso, em datas comemorativas, os usurios e seus familiares so
convidados, antecipadamente, para a participao em eventos festivos. Estudo realizado no COI verificou que as crianas e adolescentes que estavam em
acompanhamento regular por dois anos apresentaram melhora do estilo de vida
e do hbito alimentar, consumindo menos refrigerante, massa e guloseimas e
aumentando as horas de atividade fsica semanal.
73
nsar
Para pe
e refletir
EXPERINCIA CHAPEC/SC
Em Chapec/SC foi formado no ambulatrio de ateno
No cuidado
especializada para a sade do trabalhador um Grupo de Apoio
ofertado ao indivduo
com sobrepeso e
ao Emagrecimento, que conta com uma equipe multiproobesidade
do seu municpio
fissional (nutricionista, psiclogo, fisioterapeuta, assistente
ocorre a incluso das
social, terapeuta ocupacional, fonoaudilogo, profissional
Prticas Integrativas e
de Educao Fsica e psicopedagogo) para oferecer ateno
Complementares?
integral aos indivduos com obesidade grave. Esses podem ser
trabalhadores ativos ou em afastamento por motivo de doena
ocupacional, tendo como foco principal a reeducao alimentar, o
apoio psicolgico, educao em sade, a dinmica da coletividade e a incluso
de prticas integrativas e complementares, no sentido de fornecer subsdios para
que os participantes sejam sujeitos no processo de transformao e mudanas
que provoquem a recuperao e a promoo da sade.
Aps avaliao com o nutricionista, o indivduo inserido no grupo que
possui durao de seis meses, com encontros semanais para a prtica de ativida74
EXPERINCIA GOINIA/GO
A experincia do Ambulatrio de Nutrio em Obesidade Grave
(Anog) do Hospital das Clnicas da Universidade Federal de Gois (HC/UFG/GO),
em Goinia/GO, foi desenvolvida com o objetivo de oferecer opo teraputica
aos indivduos com obesidade grave por meio do tratamento nutricional/dietoterpico especializado, visando reduo de peso, ao controle de comorbidades,
75
nsar
Para pe
e refletir
EXPERINCIA ITAPEVI/SP
Em Itapevi/SP, ocorre uma experincia no Ambulatrio de Obesidade, na
qual realizado o atendimento de indivduos encaminhados da Ateno Bsica
com base no IMC maior ou igual a 30 kg/m, considerando a faixa etria de 20 a
59 anos. Todos os atendimentos so registrados em uma central de agendamento.
O acolhimento do indivduo no programa realizado pela equipe de Enfermagem
com posterior encaminhamento ao mdico, para solicitao de exames complementares, e equipe multidisciplinar, composta por psiclogo para fornecer apoio
emocional, promover a integrao psicossomtica e trabalhar a subjetivao da
alimentao; nutricionista para avaliao nutricional e prescrio diettica; fisioterapeuta para sesses de acupuntura para diminuir a ansiedade dos indivduos,
reduzindo diretamente a compulso pelos alimentos e sempre que possvel evitar
o consumo de drogas que busquem esse efeito; profissionais de Educao Fsica
para atividade fsica monitorada duas vezes por semana, cedido pela Secretaria
Municipal de Esporte e Lazer, complementando a intersetorialidade do projeto.
Durante o perodo de janeiro a dezembro de 2013 foram atendidos mais de 2.200
indivduos e eliminados no coletivo mais de duas toneladas. A mdia de perda de
peso dos indivduos que aderem ao tratamento de 5 kg por ms.
77
EXPERINCIA MARLIA/SP
O Centro de Atendimento Obesidade Infantil de Marlia (Caoim),
em Marlia/SP, criado em 2006, oferta aes de preveno e de tratamento da
obesidade infanto-juvenil. As crianas com diagnstico de sobrepeso e obesidade
so encaminhadas por profissionais de sade (mdico ou enfermeira) das UBS,
escolas municipais e estaduais, consultrios particulares e demanda espontnea
ao Caoim, no qual so avaliadas quanto necessidade de incluso no programa, seguindo um fluxograma preestabelecido pelo servio. A elaborao do
fluxograma leva em considerao o estado nutricional das crianas e
adolescentes a serem atendidas, utilizando como indicador o IMC.
A iniciativa envolve encontros semanais com trs horas de
durao durante seis meses com diferentes profissionais de saOs indivduos com
excesso de peso do seu
de (psicloga, nutricionista, fisioterapeuta, profissional de Edumunicpio so atendidos
cao Fsica, cirurgi-dentista e enfermeira) para a orientao
por uma equipe
em grupo ou individual, quando necessria. Os assuntos so
multiprofissional?
escolhidos semanalmente para que toda a equipe profissional
possa trabalhar com o mesmo tema, incluindo na metodologia
dinmicas ldicas, palestras, orientaes prticas, vivncias culinrias, oferta de lanches saudveis e construo de ferramentas de apoio
aos familiares para as mudanas. Caso a criana no seja includa ou finalize o
programa, ela contrarreferenciada unidade de origem, para que possa dar
continuidade a esse cuidado ou ser reencaminhada ao Caoim.
nsar
Para pe
e refletir
78
EXPERINCIA RECIFE/PE
O Projeto Bom Dia, realizado em Recife/PE, surgiu da proposta de
integrao entre o Centro Mdico Senador Jos Ermrio de Moraes (CMEM), a
Gerncia de Ateno Pessoa com Deficincia e o Programa Academia da Cidade
da Prefeitura da Cidade. Tal ao se apresenta como Reabilitao Cardiovascular
Pulmonar e Metablica (RCPM), que conceituado como um conjunto de aes
multidisciplinares, visando restabelecer a sade em todos os seus aspectos do ser
humano (social, psquica, orgnica e laborativa). O projeto tem o objetivo de pro80
porcionar melhor qualidade de vida aos usurios adultos e idosos do CMEM, por
meio da prtica de exerccios fsicos e/ou fisioterpicos e orientao nutricional,
alm de atividades educativas e de lazer com acompanhamento de equipe
multiprofissional especializada, que composta por fisioterapeutas,
profissionais de educao fsica e nutricionista.
O ingresso do usurio no projeto realizado por referncia mdica dos profissionais do CMEM, fazendo-se necessrio
Seu municpio
realiza alguma
parecer cardiolgico, incluindo teste ergomtrico recente
ao com enfoque em
(mximo de trs meses) que viabilizar a triagem para a avaprticas corporais e
liao fsica ou fisioterpica e posterior ingresso no grupo da
atividade fsica?
ginstica ou fisioterapia cardiorrespiratria, respectivamente. As
aes desenvolvidas no grupo da ginstica so supervisionadas
por profissionais de Educao Fsica, fisioterapeuta especializado e
nutricionista. As atividades desenvolvidas so neuromusculares (treino
de tonificao muscular, flexibilidade), aerbios, jogos esportivos, atividades
culturais e de lazer especficas e individualizadas. Os usurios so acompanhados
duas vezes por semana para a realizao das atividades e de consultas regulares por cardiologista, nutricionista e psicloga, se forem necessrias. Visando
complementar as atividades desenvolvidas pelos profissionais para a promoo
da sade so desenvolvidas atividades de lazer, tais como passeios culturais,
ecolgicos, alm de palestras com fins educativos sobre temas pertinentes (na
rea de cultura, sade, cidadania, patologia, teraputicas e etc.).
nsar
Para pe
e refletir
81
EXPERINCIA SALVADOR/BA
O Grupo de Apoio Teraputico ao Tratamento da Obesidade (Gatto)
uma das atividades desenvolvidas no Centro de Diabetes e Endocrinologia do
Estado da Bahia (Cedeba), localizado em Salvador. Mediante encaminhamento
realizado pela triagem do Servio de Psicologia, so formados grupos indivduos
portadores de obesidade grau III ou grau II com comorbidades, com baixa adeso
ao tratamento clnico, em preparao para cirurgia baritrica ou j operados,
83
que so atendidos em sesses semanais com durao de duas horas por dois
anos, formando um grupo com, no mximo, quinze indivduos. Ao longo de
nove anos de existncia da iniciativa, os indivduos tem referido mudanas
significativas em relao qualidade de vida.
Alm disso, a permanncia dos indivduos por dois anos
no programa com menos de trs faltas foi acima de 90%. Ao
trmino desse perodo, facultada aos integrantes a particiAs aes e servios
pao em grupos focalizados por voluntrios qualificados,
para os indivduos que
precisam de tratamento
denominados de autogesto, que foram criados por
cirrgico para obesidade esto
iniciativa dos prprios indivduos, desejosos de dar contiarticulados entre os diferentes
nuidade aos trabalhos e diante da impossibilidade da inspontos de ateno?
tituio em atender a tal demanda. Dados com relao ao
peso corporal mostraram que, no grupo regular a totalidade
dos indivduos no ps-operatrio de cirurgia baritrica reduziu
o peso corporal, assim como 75% dos indivduos em tratamento
clnico. No grupo de autogesto, 66% dos indivduos em ps-operatrio
h mais de 20 anos de cirurgia baritrica mantiveram o peso corporal.
nsar
Para pe
e refletir
84
86
EXPERINCIA CAMPINAS/SP
Em Campinas/SP, o Hospital de Clnicas da Unicamp (HCU) oferta o tratamento cirrgico aos indivduos com obesidade grave. Os candidatos cirurgia
baritrica so admitidos para atendimento ambulatorial por meio de mltiplas
origens, encaminhamentos a partir da Ateno Bsica, interconsultas de outras
especialidades do hospital ou triagem especfica realizada 2 a 3 vezes por
ano. Desde 2003, foi iniciado no ambulatrio de cirurgia baritrica
do Hospital de Clnicas um programa multidisciplinar, cujo objetivo preparar os candidatos cirurgia, promovendo medidas
que levassem reduo de peso, melhora ou at resoluo
No seu municpio, o
de comorbidades, avaliao social e psicolgica criteriosa e
servio para o tratamento
detalhada e acompanhamento nutricional rigoroso. A equipe
cirrgico da obesidade realiza
multidisciplinar composta por mdicos, enfermeiras, nuacompanhamento coletivo pr
e ps-cirurgia baritrica?
tricionistas, psiclogas, assistentes sociais e profissional de
Educao Fsica, de modo a prover ateno integral sade
do indivduo obeso.
Os indivduos so acompanhados em reunies coletivas e
semanais realizadas pela equipe multidisciplinar, como forma de integrar o indivduo, trocar experincias e pactuar metas coletivas e individuais.
Para cada indivduo estabelecida uma meta de reduo ponderal que varia de
5% a 10% do peso atual para este indivduo, e esse compromisso assumido
por ambas as partes perante todo o grupo.
Atividades interativas em grupo so desenvolvidas pelo mdico responsvel
pela equipe, nas quais aborda a obesidade e seu tratamento; cirurgia baritrica
com suas indicaes, contraindicaes, modalidades, complicaes imediatas e
tardias e resultados reais; noes de higiene e sade; orientaes de alimentao saudvel e prtica de atividade fsica; reforo da necessidade de mudana
dos hbitos de vida, entre outros. Durante as reunies semanais e uma vez que
o indivduo esteja com todos os exames pr-operatrios realizados e liberados
para o procedimento pela equipe multidisciplinar e com a data de internao
programada, os familiares so convocados para uma conversa com a equipe mdica na presena do prprio indivduo para reforo de todas as fases anteriores.
A importncia do seguimento clnico ps-operatrio sempre reforada
nas reunies, o que reflete na melhora das taxas de adeso. O seguimento dos
88
EXPERINCIA JOINVILLE/SC
O Obesimor, criado desde 2007 no Hospital Regional Hans Dieter S chmidt,
o servio de cirurgia baritrica visitado na cidade de Joinville/SC. O servio
surgiu da curiosidade e do desafio assumido por cinco profissionais (mdico cirurgio, psiclogo, tcnico de Enfermagem e enfermeiro). Enquanto os mdicos
realizavam a especializao, os outros profissionais organizavam os protocolos
internos. O servio referncia em cirurgia baritrica na regio norte e nordeste
de Santa Catarina, atendendo 26 municpios. Os indivduos com mais de 16 anos
que apresentam obesidade mrbida so encaminhados das Unidades Bsicas de
Sade (UBS), com indicao de cirurgia baritrica.
O primeiro atendimento aos candidatos cirurgia baritrica realizado na
UBS onde cadastrado, com o mdico clnico, que avalia e encaminha o indivduo, que tem as consultas agendadas na prpria UBS via sistema intranet. So
realizados em torno de 1.000 atendimentos e 12 cirurgias/ms; com mdia de
permanncia hospitalar de trs dias. O preparo pr-operatrio ocorre no ambulatrio da Obesimor e pode levar de 8 meses a mais de 1 ano, dependendo da
adeso do indivduo e seus cuidadores. Todos os atendimentos com profissionais
89
A participao da populao e de instituies parceiras na organizao do cuidado para os indivduos com sobrepeso e obesidade constitui
um avano para o controle do excesso de peso. A obesidade no apenas um problema do
servio de sade, mas de toda a sociedade. Aes que envolvam a sade e outros atores e
equipamentos sociais, com o apoio da sociedade civil, configuram um esforo conjunto para
o enfrentamento do sobrepeso e da obesidade.
90
O servio de Regulao
da Ateno Sade do seu
municpio integra as aes
e servios destinados aos
indivduos com sobrepeso
e obesidades?
EXPERINCIA SALVADOR/BA
Um exemplo de organizao de fluxo e regulao de vagas o que
ocorre no servio do Centro de Diabetes e Endocrinologia do Estado da
Bahia (Cedeba), localizado em Salvador, o fluxo de atendimento no Cedeba
realizado a partir da referncia realizada pelas Unidades Bsicas de Sade da
rede municipal e dos municpios circunvizinhos. A triagem feita pela equipe
de Enfermagem, que avalia se o indivduo atende aos critrios para ser acompanhado no ambulatrio, e posteriormente feito o encaminhamento
para o atendimento na Nutrio, na Psicologia, na Fisioterapia e no
Servio Social. Dependendo da necessidade, o indivduo j pode
ser encaminhado para especialidades mdicas.
Caso contrrio, aps terceira consulta com a equipe de
Em seu municpio o
fluxo de atendimento
Nutrio, o indivduo encaminhado para o endocrinologista
do servio para a equipe
ao tempo que continua o acompanhamento nutricional em
multiprofissional est
consultas mensais, e com outros profissionais que o estejam
organizado?
acompanhando na periodicidade requerida para cada situao. A cada trimestre realizado O Acolhimento, encontro
com todos os indivduos recm-ingressos no ambulatrio e seus
92
EXPERINCIA SUMAR/SP
No Municpio de Sumar, regio metropolitana de Campinas no Estado
de So Paulo, a equipe do Nasf e da Central de Regulao de Vagas reuniram-se
para avaliar a fila de espera, em que havia uma demanda reprimida de indivduos encaminhados da Ateno Bsica para atendimento com o nutrlogo no
ambulatrio de especialidades. Nesse diagnstico, percebeu-se indivduos que
estavam espera da cirurgia e muitos encaminhamentos eram feitos sem critrio
e sem nenhuma tentativa de cuidado na Ateno Bsica.
A partir desses encontros foi criado um protocolo de encaminhamento
estabelecido com o delineamento de uma linha de cuidado para esses indivduos:
as pessoas com sobrepeso e com obesidade grau I devem ser acompanhadas na
Unidade de Sade de referncia e, para isso, foram criados Grupos de Reeducao
Alimentar com as equipes e os profissionais do Nasf (nutricionista, psicloga e
fisioterapeuta). Os indivduos com obesidade grau II e III so encaminhados para
o mdico no Ambulatrio de Especialidades para o tratamento farmacolgico e
acompanhamento nutricional nos Grupos de Reeducao Alimentar.
93
Os grupos de reeducao alimentar foram desenvolvidos para que o usurio, enquanto aguarda a cirurgia, seja acompanhado no intuito de adquirir conscincia das mudanas que viro aps a cirurgia e que ele deve ser o protagonista
de toda mudana. Utilizando a ideia da Terapia Comunitria, nos encontros so
abordados temas relacionados mudana do estilo de vida, resgate da autoestima, incentivo pratica da atividade fsica e outros temas de interesse geral. A
equipe responsvel pelo grupo composta por assistente social do Ambulatrio
de Especialidades, nutricionista, psicloga e fisioterapeuta do Nasf.
Os indivduos so avaliados pela nutricionista e recebem um plano
alimentar visando favorecer a reduo de peso, assim minimizando
os riscos cirrgicos e facilitando a entrada nos grupos especficos
Na sua
dos hospitais para realizar a cirurgia. A assistente social traz
realidade, voc
mensalmente informaes relacionadas ao andamento da
identifica essas aes,
fila no hospital de referncia e garante vaga para o Centro
servios e fluxos de
Esportivo visando ao desenvolvimento da prtica de atividaatendimentos pactuados
para o cuidado aos
des fsicas. A fisioterapeuta estimula e desmistifica a prtica
indivduos com excesso
de atividades fsicas. A psicloga auxilia no entendimento do
de peso?
processo emocional do emagrecer e como lidar com os transtornos alimentares e encaminha para o servio de Sade Mental
da UBS de referncia, quando necessrio. Somente aps passar pela
avaliao mdica e esgotado todos os recursos (reeducao alimentar, atividades fsicas, acompanhamento psicolgico e farmacoterapia) os indivduos
so encaminhados para a cirurgia baritrica. Do encaminhamento mdico at a
realizao da cirurgia, h perodo de espera, em mdia, de dois anos.
94
BIBLIOGRAFIA
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Alimentar e Nutricional SISVAN: orientaes a coleta e anlise de dados antropomtricos
em servios de sade. Braslia, 2011. (Srie A. Normas e Manuais Tcnicos).
95
96
97
duzir esses processos de uma forma planejada, para que o esforo criativo no
seja inviabilizado por uma implementao incorreta e desestimule seus atores
(TASCA, 2011).
Assim, oportuno que as avaliaes feitas das experincias aqui apresentadas destaquem suas potencialidades e os desafios encontrados para a consolidao da linha de cuidado do sobrepeso e da obesidade. Espera-se que, ao
valorizar essas experincias e discutir as lies aprendidas com elas, esse material
seja um instrumento concreto para promover o desenvolvimento de outras aes
inovadoras, no que tange o problema da obesidade, e para fortalecer as aes
j existentes, incorporando novas ferramentas, estratgias e modos de cuidar.
O desafio da gesto
98
O papel dos pontos de ateno ambulatorial especializada (AAE) e ateno hospitalar no cuidado s pessoas com obesidade deve ser complementar
e integrado AB, superando a atuao fragmentada e isolada que ocorre na
maioria dos territrios. Para tanto, necessrio que a oferta de servios por
esses pontos de ateno seja planejada a partir do ordenamento da RAS pela
AB. Assim, a forma mais efetiva e eficiente de relao entre a AB e a AAE a
coordenao do cuidado em que a tarefa do cuidado responsabilidade solidria
de profissionais da AB e de especialistas. Nesse processo, essencial definir e
negociar responsabilidades e garantir o dilogo e a transferncia segura do cuidado, compartilhando planos de cuidado entre a AB e a AAE, discutindo-o em
algumas circunstncias e buscando os mesmos objetivos, a fim de se alcanar o
patamar desejado de ateno compartilhada (BRASIL, 2012).
Ressalta-se que o reduzido espao fsico para os atendimentos e a realizao das atividades, a estrutura fsica inadequada para atender as pessoas com
obesidade, as precrias condies dos equipamentos, a ausncia de algumas
especialidades mdicas e o nmero insuficiente de profissionais das reas de
Nutrio, Psicologia, Assistncia Social, Fisioterapia, Enfermagem e Educao
Fsica tambm so limitaes para a implementao da Linha de Cuidado do
Sobrepeso e da Obesidade na Rede de Ateno Sade das Pessoas com Doenas
Crnicas. Nesse sentido, a Estratgia Sade da Famlia a principal estratgia de
organizao e de expanso da AB; o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e
da Qualidade (Pmaq) o principal indutor da ampliao do acesso e da qualidade do cuidado; e o Programa de Requalificao das Unidades Bsicas de Sade
possibilita a qualificao da infraestrutura da AB (CAVALCANTI; OLIVEIRA, 2012).
Reconhece-se que a organizao da ateno e da gesto do SUS ainda hoje
se caracteriza por intensa fragmentao de servios, de programas, de aes e
de prticas clnicas, mostrando-se inadequado para enfrentar os desafios postos
pela mudana no perfil epidemiolgico da populao, na qual h ascenso das
doenas crnicas (MENDES, 2011; BRASIL, 2010a). Assim, avanar na qualificao da ateno e da gesto em sade requer forte deciso dos gestores do SUS,
enquanto protagonistas do processo instituidor e organizador do sistema de
sade (BRASIL, 2013). Por isso, importante a formao de uma rede de apoio
integrada e articulada que envolva os trs nveis de ateno sade, como uma
boa gesto e desenvolvimento de protocolos de atendimento que organizem o
fluxo do sistema e do atendimento intra e intersetorial.
99
B.
100
C.
A.
B.
Tendo em vista a organizao da Linha de Cuidado de Preveno e Tratamento do Sobrepeso e da Obesidade na Rede de Ateno Sade, as estratgias
desenvolvidas na Ateno Bsica mostraram diversas atividades para a preveno e o controle da obesidade articuladas aos equipamentos disponveis nesse
ponto de ateno, bem como a mobilizao dos profissionais das equipes para
o enfrentamento conjunto da obesidade.
Destaca-se que a parceria com equipamentos sociais do territrio e outros
rgos da gesto contribuem para o fortalecimento das aes, a ampliao das
atividades desenvolvidas e o comprometimento local na preveno e no controle
do sobrepeso e da obesidade. Vale destacar que o conceito de intersetorialidade
aqui entendido como um processo de construo compartilhada, em que os
diversos setores envolvidos so tocados por saberes, linguagens e modos de fazer
de seus parceiros, e que implica a existncia de algum grau de abertura para
dialogar e o estabelecimento de vnculos de corresponsabilidade e cogesto pela
melhoria da qualidade de vida da populao (CAMPOS et al., 2004).
Podemos observar algumas parcerias possveis nas experincias, tais como:
Quadro 5 Integrao com equipamentos sociais e outros rgos de gesto das experincias
ONDE?
COMO?
O QU?
Braga/RS
Florianpolis/SC
Itapevi/SP
Recife/PE
Sorriso/MT
Parceria das Secretarias de Educao Desenvolveram projeto de combate obee Cultura e a Faculdade do Centro sidade infantil e realizaram parceria com
Mato-Grossense (Facem)
os empresrios da regio para a premiao
coletiva dos grupos de caminhada.
Tai/SC
103
C.
Equipe multiprofissional
Importante ressaltar que a participao de uma equipe multiprofissional integrada fundamental para compreender o indivduo em sua totalidade,
garantindo integralidade do cuidado e resolubilidade no manejo da obesidade.
A mobilizao dos agentes comunitrios de sade e a sua participao ativa
na experincia so vistas como um componente inovador por contribuir com
o autocuidado e a autonomia do usurio, como observado na experincia de
Florianpolis, no grupo Reeducar para Emagrecer, na qual os agentes comunitrios de sade so a principal ponte de comunicao entre os interessados
em participar e os profissionais da equipe.
Outro aspecto diferenciado que pode ser observado em diversas experincias foi o envolvimento de profissionais em formao, como alunos de graduao,
mestrado, doutorado, iniciao cientfica e bolsistas de extenso. Essas aes de
extenso universitria, aliadas investigao cientfica e com aplicabilidade nos
atendimentos, contribuem para a formao de recursos humanos para atuar
no manejo da obesidade no mbito do SUS, independentemente do nvel de
ateno sade.
104
QUEM?
Botucatu/SP
Mdico cirurgio, mdico endocrinologista, enfermeiro, assistente social, psiclogos, nutricionistas e fisioterapeuta.
Campinas/SP
Chapec/SC
Curitiba/PR
Florianpolis/SC
Itapevi/SP
Marlia/SP
Porto Alegre/RS
Rio de Janeiro/RJ
Sorriso/MT
Tai/SC
D.
Educao permanente
E.
O QU?
Chapec/SC
Florianpolis/SC
Itapevi/SP
Rio de Janeiro/RJ
Sumar/SP
Terapia Comunitria.
107
F.
Um componente importante em algumas experincias foi a corresponsabilizao dos familiares na mudana de comportamento. Essa prtica aconteceu
principalmente nas experincias destinadas a crianas e adolescentes, pois como
discutido na reviso do tema, a participao da famlia no tratamento do indivduo obeso e ex-obeso apontada como um fator importante para o sucesso da
terapia. Exemplos de envolvimento da famlia puderam ser vistos no Projeto de
Combate Obesidade Infantil de Sorriso, no Centro de Atendimento Obesidade
Infantil de Marlia (Caoim), no Centro de Diabetes e Endocrinologia do Estado
da Bahia (Cedeba), no Grupo O Peso da Sade de Tai, na experincia do
Ambulatrio de Nutrio em Obesidade Grave (Anog) de Gois e na experincia
do Ambulatrio de Cardiologia Peditrica Preventiva do Instituto de Cardiologia
(IC) de Porto Alegre, sendo um diferencial que pode contribuir para a reduo
do peso e da manuteno do peso perdido por meio de mudanas de hbitos
no ambiente familiar. O Ambulatrio de Manejo da Obesidade Infantojuvenil
(AmO) de Porto Alegre tenta trazer a responsabilidade do problema para a famlia
durante as consultas, orientando que o ambiente alimentar deve ser saudvel e
sem alimentos inadequados disposio do indivduo.
Quadro 8 Participao e envolvimento de familiares
ONDE?
COMO?
Campina Grande/PB
Em datas comemorativas, os usurios e seus familiares so convidados, antecipadamente, para a participao em eventos festivos.
Marlia/SP
Porto Alegre/RS
Sorriso/MT
108
G.
A realizao de grupos e oficinas uma prtica que propicia socializao, integrao, apoio psquico, trocas de experincias e de saberes e construo
de projetos coletivos. Muito estimulada na ateno bsica de forma a romper
com o modelo biomdico em que os profissionais de sade foram formados,
tais prticas tambm foram observadas na ateno especializada ambulatorial e
hospitalar. De maneira geral, essas aes no so abordadas nos hospitais e nos
ambulatrios fechados, em que o contato restrito, controlado e focado. As
experincias que incorporaram essa prtica inovaram de modo a compartilhar as
respostas e solues dos problemas a serem enfrentados pelos indivduos com
sobrepeso e obesidade, retirando-os de uma postura passiva de indivduos
para atores ativo e capazes de mudar sua situao atual.
Destacam-se as experincias de Goinia/GO em que indivduos so convidados a participar de reunies mensais do grupo de educao em sade, onde
so abordados diversos temas e no grupo as experincias dos indivduos tambm so valorizadas, pois h um momento de compartilhar suas vivncias. Os
indivduos so incentivados a atuarem como multiplicadores do conhecimento
sobre alimentao saudvel em seu territrio familiar e social. Em Salvador/BA,
os indivduos que esto aguardando o tratamento cirrgico ou aps a cirurgia
se organizaram com a ajuda dos profissionais do Gatto para dar continuidade
no acompanhamento coletivo e na troca de experincias, fortalecendo o vnculo
e a conscincia da responsabilidade pelo prprio tratamento. A experincia de
Campina Grande/PB realiza atividades educativas, desenvolvidas semanalmente,
com encontros dinmicos e integrativos entre as crianas e adolescentes e com
a participao familiar nas mudanas comportamentais.
109
O QU?
Braga/RS
Campina Grande/PB
Chapec/SC
Florianpolis/SC
Goinia/GO
Incentivo a atuarem como multiplicadores dos conhecimentos sobre alimentao saudvel em seu territrio familiar e social.
Joinville/SC
Pomerode/SC
Porto Alegre/RS
Recife/PE
Atividades de lazer, tais como passeios culturais, ecolgicos, tambm palestras com fins educativos, sobre temas pertinentes (na rea de cultura, sade,
cidadania, patologia, teraputicas etc.).
Salvador/BA
Sorriso/MT
Aulas de natao, atividades externas como Dia da Beleza, Visita ao Supermercado e Cozinha Experimental, concurso entre os grupos de caminhada.
Tai/SC
Registro em uma carta dos motivos que levaram a participar do grupo, os quais
so relembrados e reforados ao longo do processo; confeco e utilizao
de cartes de apoio com estmulos motivacionais que cada participante leva
para casa e os deixa em locais de maior visibilidade, oficina culinria; exerccios
teraputicos baseados no mtodo Pilates.
110
111
REFERNCIAS
BRASIL. Ministrio da Sade. Portaria n 2.488, de 21 de outubro de 2011. Aprova a Poltica
Nacional de Ateno Bsica, estabelecendo a reviso de diretrizes e normas para a organizao
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______. Ministrio da Sade. Portaria n 4.279, de 30 de dezembro de 2010. Estabelece
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______. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Departamento de Ateno Bsica.
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Sade e nas linhas de cuidado prioritrias. Braslia, 2013.
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de Ateno Sade e nas linhas de cuidado prioritrias. Braslia, 2012. (Srie B. Textos
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CAVALCANTI, A. M.; OLIVEIRA, A. C. L (Org.). Autocuidado apoiado manual do
profissional de sade. Curitiba: Secretaria Municipal de Sade, 2012.
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SADE. Inovando o papel da Ateno Primria nas redes de Ateno Sade: resultados
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da Sade, 2011. p. 9-19.
112
Equipes de trabalho responsveis pelas experincias selecionadas no Laboratrio de Inovao no Manejo da Obesidade nas Redes de Ateno Sade
do SUS
Experincia
Aline Fonseca
Lorenna Marques Fracalossi
Brine de Mattos
Carla DiDomenico Martins
Cludia Ins Snego
113
continuao
Experincia
10
Catarina Duarte
Fabiana Sampaio
Gleisy Tavares
Viviane Gouveia
Vivianne Leite
11
Luciana de David
Vanessa Mior
12
13
Adelaide da Rosa
Amelia C. Belini
Andrea L.D da Silva
Carina Pensky May
Dilton Cardoso
Elenice Kruger
Fabiana Tavares
Fabio Petri
Fabiola Mello da Silva
Fernando Sanfelice Andre
Gabriela Gastal
Gerson Hermes de Souza
Ivete Mariza Franklin da Cruz Peixer
Jorge M. Nakassa
Jos de Oliveira
Jose Nestor Solis
Joseane Peters de Oliveira
Laudicia dos Stos Greipel
Manoella Duarte da Gama
Marllon F. Soares
Meiguiane Micheli Kriegel
Nailza M. A. Fio Villa Nova
Paula Cristine Jans
Rui Celso Vieira
Tanise Balvedi Damas
continua
114
continuao
Experincia
14
Doraci Weber
Geliandro Fideles Ribeiro
Maira Beatriz Kamke Herzog
15
16
17
Roseli Melo
Susimeire Silva
18
19
Laila Furtado
Luciana Gama
Luiz Naporano
Mariana Santos Barreto
Mariangela da Silva Alves Batista
Marisa Nery
Sueli Cristina da Silva Bicudo
20
Luciana Pfeifer
Marlena de Oliveira
Michella Lavagnini Barrozo
Regina Crepaldi
Rodrigo Pereira
Srgio Augusto Silva
21
22
115
continuao
Experincia
23
Carla Cesaro
Caroline Sica
Claudia Ciceri Cesa
Daniela Schneid Schuh
Evelyn Vigueiras
Fatima Helena Cecchetto
24
116
ISBN: 978-85-334-2202-5
9 788533 422025
Ministrio da
Sade