Hobsbawn A Era Das Revoluções - Capitulo VI - As Revoluções RESUMO

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Hobsbawn, Eric J.

A Era das revolues: Europa 1789-1848; traduo de Maria Tereza Lopes


Teixeira e Marcos Penchel. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1977.
Captulo 6 As Revolues
Aps as Revolues Inglesa e Francesa, os pases europeus buscavam no evitar uma nova
reforma, temendo que ocorresse o que aconteceu na frana, com uma expanso da disputa francojacobina. No entanto, nunca na histria foi endmica e espontnea a existncia de revolues.
Houve trs ondas revolucionrias principais no mundo ocidental entre 1815 e 1848.
(HOBSBAWN, 1977, p.127) A primeira que ocorreu na Europa (1820-1824) foi localizada no
Mediterrneo, com foco na Espanha, Npoles e na Grcia. A Revoluo Espanhola reviveu o
contexto com os movimentos libertrios na Amrica Latina. Foram trs os grandes libertadores da
Amrica espanhola, Simon Bolvar, San Martin e Bernardo O'Higins. Ao longo do tempo, com a
libertao primria da Grande Colmbia(Colmbia, Venezuela e Equador), Argentina(Paraguai,
Bolvia, Argentina e Uruguai) e Chile, e posterior do Mxico, e Brasil, houve o reconhecimento de
tais estados pelos Estados Unidos (EUA), iniciando tratados comerciais com o mesmo, criando e
fortalecendo certos vnculos de interesse.
A segunda onda de revolues ocorreu entre 1829-1834 afetando toda a Europa, parte da
Rssia e dos EUA. Na Europa, a derrubada dos Bourbon na Frana estimulou vrias
outras((HOBSBAWN, 1977, p.128), e assim inmeras partes se agitaram, dentre elas a Blgica em
sua independncia da Holanda, a Polnia, a Itlia, Alemanha, e at mesmo a Gr-Bretanha em
relao Irlanda. Em 1829 com a Emancipao Catlica na Irlanda, levantou-se o movimento
reformista, trazendo a tona movimentos polticos no pas sem o controle dos partidos conservadores
(tory) e liberais(whig).
De acordo com Hobsbawn(1977, p.129) as revolues da dcada de 1830 so um
acontecimento de muita importncia:
De fato, ela marca a derrota definitiva dos aristocratas pelo poder burgus na Europa
Ocidental. A classe governante dos prximos 50 anos seria a grande burguesia de
banqueiros, grandes industriais e, s vezes, altos funcionrios civis, aceita por uma
aristocracia que se apagou ou que concordou em promover polticas primordialmente
burguesas, ainda no ameaada pelo sufrgio universal, embora molestada por agitaes
externas causadas por negociantes insatisfeitos ou de menor importncia, pela pequena
burguesia e pelos primeiros movimentos trabalhistas.

Sendo assim, a dcada de grande importncia traz uma inovao na poltica, onde surge a
classe operria, lutando conscientemente e independente nos movimentos assim como os
movimentos nacionalistas Europeus. Assim como mudanas polticas estavam acontecendo,
mudanas sociais e econmicas andavam de mos dadas, e no ano de 1830 que h uma grande

proeminncia de tais fatos, tal como a industrializao e urbanizao na Europa e nos EUA, o
volume migratrio tanto por causas sociais como geogrficas, ideolgicas, artsticas, entre outras. E
nesse contexto que as revolues se instalam, determinando as dcadas de crise da sociedade que
surgia, at suas derrotas em 1848.
A terceira e maior das ondas revolucionrias, a de 1848, foi o produto dessa
crise (HOBSBAWN, 1977, p.130) e explodiu em diversas localidades quase que
simultaneamente.
As revolues de 1815-48, ao contrrio das do final do sculo XVIII, foram
intencionais e ocorreram graas insatisfao dada a inadequao dos sistemas polticos
impostos populao europeia, gerando cada vez mais e mais descontentamentos
econmicos e sociais, fazendo com que as pessoas se unissem em um nico movimento com
um objetivo em comum.
Aps 1815 surgiram trs grandes tendncias oposicionistas: o liberal
moderado, regido pela classe mdia superior e aristocracia liberal, o democrata radical,
representado pela classe mdia baixa, novos industriais e nobreza insatisfeita, e o socialista,
representado pelas novas classes trabalhadoras da indstria crescente. Entretanto, todos
tinham pouco em comum, a oposio aos poderes existentes da monarquia absolutista, Igreja
e aristocracia. A histria do perodo que vai de 1815 a 1848 a histria da desintegrao
dessa frente unida. (HOBSBAWN, 1977, p.131)
Em seus descontentamentos, todos os revolucionrios consideravam-se
pequenas elites de emancipados e progressistas atuando entre uma vasta e inerte massa do
povo ignorante e iludido, que sem dvida receberia com alegria a libertao quando ela
chegasse. (HOBSBAWN, 1977, p.133) Na luta contra os absolutistas a revoluo se
unificou pela Europa, utilizando o mesmo meio de se organizar secretamente, assim como a
maonaria, conhecidos como bons primos ou carbonari.
As rpidas transformaes sociais e econmicas resultaram na busca por uma
poltica de massa unida a sua revoluo, inspirada no modelo criado em 1789 com a queda
da Bastilha na Frana. Com o decorrer dos fatos, as revolues dividiram a Europa em duas
partes, a oeste do Reno e a leste do Reno e apesar das revolues de 1848 ocorrerem nas
duas partes, surgiu uma diferena relevante em cada uma das partes. Para Hobsbawn (1977,
p.136):
Essas diferenas refletiam as variaes no ritmo de evoluo e nas condies sociais em
diferentes pases, que se tornaram cada vez mais evidentes nas dcadas de 1830 e 1840 e
cada vez mais importantes para a poltica. Assim, a avanada industrializao da GrBretanha mudou o ritmo da poltica britnica: enquanto a maior parte do continente passou
pelo seu mais agudo perodo de crises sociais em 1846-8, a Gr-Bretanha teve um perodo
equivalente em 1841-2.

As revolues, independente do lado europeu em que se encontravam


causavam grande tenso, sempre sendo repreendidas. Contudo, com as derrotas e vitrias,
nasceu uma diferente tendncia revolucionria, a partir da diviso dos moderados e radicais e
da anlise das perspectivas vitoriosas, na tentativa de alcanar sua prpria liberdade, atravs
de aes diretas.
Com a determinao dos radicais na tomada de poder, surgiu uma questo
desconfortante, na qual o preo para tal poder seria uma revoluo social, a qual talvez no
estivessem preparados. Apesar de diferentes contextos nos Estados Unidos e na Amrica
Latina, onde no havia essa incitao da participao popular, na Europa Ocidental, onde a
revoluo social dos pobres das cidades era uma possibilidade real, e na vasta zona europeia
de revoluo agrria, a questo sobre se convinha ou no incitar as massas era urgente e
inevitvel. (HOBSBAWN, 1977, p.139)
Como pases com inmeras insatisfaes urbanas, na Frana e na GrBretanha se destacava um grande movimento socialista-proletrio, como um movimento da
classe de trabalhadores pobres, criticando os liberais capitalistas como seus inimigos. Neste
caso, a revoluo social repartiu os radicais, homens de negcios e outros que se
encontravam descontentes com os governos liberais-moderados de 1830.
Embora com o tempo os movimentos fossem se dividindo de acordo com suas
diferenas locais pelas nacionalidades e classes, ainda estavam unidos, entre exilados
intelectuais, conspiradores e todas as outras massas minorizadas pelo poder, mantendo sua
unidade nacional. De acordo com Hobsbawn (1977. p.146), a revoluo era idealizada pela
esquerda europia, onde seria baseada em 1789, com retoques de 1830. Haveria uma crise
nos negcios polticos do Estado, levando insurreio.
Muitos dos soldados combatentes de diversos pases acabaram expatriados
por muitos motivos, dentre eles apadrinhamento de civis, apoio revolucionrio, entre outros.
Esses exilados, cansados de seus passados tenebrosos e de seu presente tortuoso, acabaram
se juntando em determinadas reas, como Paris. Juntos, comearam a construo do
pensamento libertrio.
Nestes centros de refgios, os imigrantes formavam aquela provisria comunidade de
exilados, embora tantas vezes permanente, enquanto planejavam a libertao da
humanidade. Nem sempre eles se adimiravam ou se aprovavam mutuamente, mas se
conheciam e sabiam que seu destino era o mesmo. Juntos, preparam-se e esperaram a
revoluo europa, que veio e fracassou em 1848. (HOBSBAWN, 1977, p.149)

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