Diabetes Gestacional: Um Algoritmo de Tratamento Multidisciplinar
Diabetes Gestacional: Um Algoritmo de Tratamento Multidisciplinar
Diabetes Gestacional: Um Algoritmo de Tratamento Multidisciplinar
SUMRIO
O tratamento do diabetes gestacional importante para evitar a morbimortalidade
materno--fetal. O objetivo deste artigo descrever o tratamento atualmente disponvel
para o manejo otimizado da hiperglicemia na gestao e sugerir um algoritmo de
tratamento multidisciplinar. A terapia nutricional a primeira opo de tratamento para as
gestantes, e a prtica de exer-ccio fsico leve a moderado deve ser estimulada na
ausncia
de
contraindicaes
obsttricas.
tratamento
medicamentoso
est
Descritores
Diabetes gestacional; diabetes melito; gestao de alto risco; tratamento
SUMMARY
Programa
de
Ps-graduao em Cincias
Mdicas,
Endocrinologia,
Universidade Federal do
Rio Grande do Sul
(UFRGS), Porto Alegre,
RS, Brasil
Servio de
Endocrinologia, Hospital de
Clnicas de Porto Alegre,
Porto Alegre, RS, Brasil
Servio
Ginecologia
de
e
Obstetrcia,
Hospital de Clnicas
de
Porto
Alegre,
Porto Alegre, RS,
Brasil
4
Faculdade de Medicina,
UFRGS, Porto Alegre, RS,
Brasil
Correspondncia para:
Letcia Schwerz
Weinert Servio de
Endocrinologia,
Hospital de Clnicas de Porto
Alegre Rua Ramiro Barcelos,
2350,
Recebido em 19/Dezl/2010
Aceito em 29/Set/2011
INTRODUO
reservados.
tre critrios e apoiar posicionamento logo que as entidades brasileiras endossem o novo critrio da IADPSG (4).
O diagnstico precoce e o tratamento do diabetes
Embora a maior parte dos casos de diabetes gestacional
gestacional visam reduzir a morbimortalidade materna
se resolva no perodo ps-parto, a definio se aplica
e
independentemente de a condio persistir aps a gra-fetal. O estudo de Crowther e cols. demonstrou que o
videz (1).
O risco de desfechos adversos maternos, fetais e
neonatais aumenta de forma contnua com a elevao
da glicemia materna (5). As complicaes mais frequentemente associadas ao diabetes gestacional so para a
me: a cesariana e a pr-eclmpsia; para o concepto:
a prematuridade, a macrossomia, a distocia de ombro,
a hipoglicemia e a morte perinatal (5,6). Em 2008, o
estudo HAPO (Hyperglycemia and Adverse Pregnancy
Outcomes) demonstrou no existir um ponto de corte nico acima do qual o risco de desfechos adversos
estaria mais elevado; eventos desfavorveis ocorrem,
inclusive, com glicemias consideradas normais (5).
A partir dos resultados daquele estudo, a rediscusso
dos critrios diagnsticos tem sido proposta, visando
uniformizar a sobrecarga de glicose e os valores glicmicos para o diagnstico do diabetes gestacional.
A International Association of Diabetes and Pregnancy Study Groups (IADPSG), que rene pesquisadores de todo o mundo, sugeriu novo critrio diagnstico, baseado no teste oral de tolerncia com 75 g de
glicose (TTG 75 g) realizado em 2 horas (pelo menos
um ponto alterado: jejum: 92 mg/dL; 1h: 180 mg/
dL; 2h: 153 mg/dL). Essa proposta resultaria em aumento significativo da prevalncia de casos de diabetes
gestacional, chegando a 17% das gestaes (4). A
rican Diabetes Association (ADA) endossou esse critrio
diagnstico em 2011 (1), embora a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) (7) ainda recomende o emprego do TTG 75 g com coleta de trs pontos, havendo
necessidade de dois pontos elevados para fazer o diagnstico de diabetes gestacional (jejum: 95 mg/dL; 1h:
180 mg/dL; 2h: 155 mg/dL). No Hospital de Clnicas
de Porto Alegre (HCPA), o procedimento diagnstico
adotado at o momento o preconizado pela 2 Reunio do Grupo de Trabalho de Diabetes e Gravidez,
que recomenda o uso do TTG 75 g em 2 horas, considerando como limites: glicemia de jejum 110 mg/
dL e/ou glicemia de 2 horas maior 140 mg/dL (8).
O TTG 75 g com trs pontos tambm tem sido realizado no HCPA para possibilitar posterior comparao en-
436
Metab. 2011;55/7
11,5 16
0,42 (0,35-0,50)
Sobrepeso (25-29,9)
7 11,5
0,28 (0,23-0,33)
59
0,22 (0,17-0,27)
Obesidade ( 30)
Exerccio
A prtica de exerccios na gestao tem como
benefcio a reduo da glicemia (12), a reduo
do ganho ex-cessivo de peso materno e a
diminuio da incidncia de macrossomia fetal
Tratamento do diabetes
gestacional
Absolutas
Ruptura membranas
Trabalho parto pr-termo
Doena hipertensiva gestao
Incompetncia istmocrvica
Crescimento fetal restrito
Gestao mltipla ( trigemelar)
Placenta prvia > 28 semana
Sangramento persistente 2 ou 3 trim.
Diabetes tipo 1, doena tireoidiana,
cardiovascular, respiratria ou
sistmica descompensadas
Retinopatia proliferativa
Neuropatia diabtica autonmica
grave
Hipoglicemias graves assintomticas
Algumas modalidades de exerccios*
Relativas
Aborto espontneo prvio
Parto pr-termo prvio
Doena cardiovascular leve-moderada
Anemia (Hb < 10 g/dL)
Doena respiratria leve-moderada
Desnutrio ou distrbio alimentar
Gestao gemelar > 28 semana
Neuropatia diabtica autonmica
grave
Outras condies mdicas relevantes
Tratamento medicamentoso
Diabetes gestacional
Dieta: peso ideal x 30 kcal/dia (+ 340/450 kcal/dia)*
METAS
Glicemia capilar**
Jejum
< 95 mg/dL
1h
< 140 mg/dL
Monitorizao:
- Glicemia capilar
2h
Controle inadequado ou
crescimento fetal p 75
Glicemia de jejum > 140 ou 2 h >
200 mg/dL
Metformina
Eficcia/
Segurana na
gestao
Semelhante
insulina
Insignificante
BRCP, MRP 1, 2 e
3
Retardo na
absoro dos
carboidratos
Insignificante
No descrito
Suplementao
exgena de
insulina
Ausente, exceto
em complexo
antgenoanticorpo
No descrito
Passagem
placentria
Produo
heptica de
glicose
Sim
Secretagogo de
insulina
Acarbose/B
Insulina
NPH, Regular,
Lispro e Asparte:
B
Glulisina,
Glargina e
Detemir: C
Metformina/B
Glibenclamida/
B/C
Transporte
ativo
feto-materno
P-gp
Mecanismo de
ao
Contraindicaes
Efeitos
adversos
Dose inicial/
dose mxima
Nusea, diarreia,
acidose ltica
(raro)
500 mg 1x/dia/
2.500 mg em
3 x/dia
Semelhante
insulina
Hipoglicemia
2,5 mg 1x/dia/
20 mg em 2 a 3
x/dia
Risco terico de
prematuridade
Doena intestinal,
cirrose,
insuficincia
heptica
Flatulncia, dor
abdominal e
diarreia
50 mg 1x/dia/
300 mg em 3x/dia
Hipoglicemia e
ganho de peso
FDA: Food and Drug Administration; TFG: taxa de filtrao glomerular; ICC: insuficincia cardaca congestiva; DPOC: distrbio pulmonar obstrutivo-crnico; BRCP: cancer resistance
protein; MRP1, 2, 3: human multidrug resistance proteins; P-gp: P glycoprotein. Categorias de risco FDA: A: estudos controlados em gestantes no evidenciam risco fetal. B: no h
evidncia de risco em humanos. Estudos em animais mostraram risco, mas em humanos no; ou se no h estudos adequados em humanos, os achados em animais so negativos. C:
no se pode afastar risco, no h estudos em humanos e animais ou os achados em estudos em animais mostram risco fetal. Avaliar risco/benefcio. D: evidncia de risco fetal em
humanos. Benefcios potenciais podem superar os riscos. X: contraindicado na gestao. Estudos em humanos ou animais ou observaes ps-venda mostram risco fetal que
claramente supera qualquer possvel benefcio gestante. Adaptado de 26 e 27.
438
Metab. 2011;55/7
Metformina
Glibenclamida
A glibenclamida considerada a melhor opo
entre as sulfonilureias para utilizao em
gestantes, sendo con-siderada segura para
emprego a partir do segundo tri-mestre de
gestao (10,29,30).
No diabetes gestacional, o uso de
glibenclamida atingiu eficcia semelhante da
insulina para o contro-le glicmico materno e
para os desfechos da gestao (10). O nico
estudo desenhado para comparar a efic-cia de
glibenclamida em relao metformina
demons-trou controle glicmico semelhante,
porm com menor falha de tratamento (16,2%
com glibenclamida e 34,7% com metformina)
e menor taxa de cesariana no eletiva (2 casos
com glibenclamida e 11 casos com metformina) com a glibenclamida (31). As candidatas
ao uso de glibenclamida so aquelas com
gestao nica, glicemia de jejum < 140
mg/dL e idade gestacional entre 11 e 33
semanas (10).
A falha em atingir os nveis glicmicos
adequados maior nas mulheres com
hiperglicemia de jejum (> 110 mg/dL) ou com
valores acima de 200 mg/dL em 2 horas no
teste de rastreamento (32). Se os alvos
glicmicos no so atingidos em duas semanas
com a dose mxima de glibenclamida,
recomenda-se trocar o tratamento para insulina
(10). Outra opo a ser con-siderada nesta
ltima situao a adio de metformi-na ao
tratamento, embora esta conduta no tenha
sido avaliada em ensaios clnicos.
Tratamento do diabetes
gestacional
Acarbose
A acarbose reduz a absoro intestinal de amidos
e me-nos de 2% da dose administrada
absorvida. Estudos animais mostraram ausncia
de teratogenia em doses 32 vezes maiores que a
dose teraputica humana (26). At o momento,
somente um ensaio clnico randomi-zado com
nmero reduzido de gestantes mostrou efetividade e desfechos semelhantes aos da insulina
(30). Uma potencial restrio ao uso da acarbose
poderia ser o risco de aumento de parto prtermo em decorrncia da reduo da absoro de
carboidratos intestinais, que aumentaria a lise
bacteriana e as concentraes de bu-tirato, com
consequente aumento na secreo de prostaglandina E e aumento prematuro da atividade
uterina (26). Mais estudos so necessrios para
avaliar a influn cia da acarbose sobre os
desfechos materno-fetais.
Insulina
Acompanhamento pr-natal
Monitorizao metablica
Aps o incio de tratamento com dieta e
exerccio, e principalmente aps o incio da
terapia medicamentosa, deve ser realizada a
monitorizao da glicemia capilar para
confirmar a adequao do tratamento. As
metas
do
controle
glicmico
esto
apresentadas na figura 1.
leve
e
no
indica,
necessariamente, modificao no tratamento da
gestante. Entretanto, nas gestantes com glicemia
> 240 mg/dL, sintomas de dia-betes
descompensado, intercorrncia com doena
grave durante a gestao ou perda de peso, est
recomenda-da a avaliao da cetonria (13).
Estudo observacional sugeriu que o nvel
intelectual dos filhos das gestantes diabticas
possa estar inversamente relacionado aos n-veis
maternos de um marcador de cetonria grave, o
b-hidroxibutirato, no terceiro trimestre (42).
440
de
circunferncia
Metab. 2011;55/7
Rotina pr-natal
O algoritmo do acompanhamento obsttrico
das ges-tantes portadoras de diabetes
gestacional mostrado na figura 2.
Adequado
US em 4-6 semanas
Excessivo
Insuficiente
Intensificao do
controle metablico
materno
Reavaliar alvos
glicmicos
Dopplervelocimetria
Rastreamento da pr-eclampsia
Avaliao da sade fetal
-- Observao da movimentao fetal
a partir de 28 semanas -- Perfil
biofsico fetal*
-- Monitorizao eletrnica anteparto*
-- Doppervelocimetria na suspeita de insuficincia
placentria
* A partir de 28 semanas em gestante com comorbidade; 32 semanas em
gestante em tratamento farmacolgico; 37-38 semanas em gestante em
tratamento nutricional exclusivo.
Tratamento do diabetes
gestacional
Manejo periparto
Risco de parto pr-termo
41-80 U/d
81-120 U/d
0,5
127-144
145-162
1,5
163-180
10
> 180
13
dos.
Entretanto,
houve
reduo
da
macrossomia e da distocia de ombro no grupo
de manejo ativo em re-lao ao expectante nos
quatro estudos observacionais (53). O
diagnstico de diabetes gestacional no indica
necessariamente a cesariana, que deve ser
reservada aos casos de indicao obsttrica ou
de macrossomia fetal suspeita ou comprovada
(8,52).
A ultrassonografia para estimativa do peso
fetal de nascimento, no final do terceiro
trimestre, mostra tendncia a superestimar o
A aplicao do corticoide provoca imediata alterao
peso em fetos menores e subestim-lo em
glicmica, que exige controle metablico intensivo (7)
e macrossmicos. Na prtica, o erro de
fetos
frequentemente tratamento suplementar com insulina
estimativa excede 14% do peso real em todas
intravenosa, exigindo internao hospitalar. O algoritmo
as frmulas (54), mas o exame pode auxiliar
apresentado na tabela 4 empregado para a suplementana deciso da via de parto ao identificar fetos
o de insulina aos tratamentos j em uso pela gestante.
com peso acima de 4.250-4.500 g, que
A infuso de insulina realizada por bomba a partirapresentam
da
maior risco para disto-cia de
primeira dose de corticoide e deve ser mantida por, pelo
ombro (55).
menos, 12 horas aps a ltima dose de corticoide (51).A interrupo eletiva da gestao antes de
comple tadas as 38 semanas deve ser antecedida
Momento e via do parto
por amniocen-tese para avaliao da maturidade
pulmonar fetal com determinao da presena de
Gestantes com controle glicmico satisfatrio e sem comfosfatidilglicerol,
da
razo
plicaes obsttricas podem aguardar o incio espontlecitina/esfingomielina ( 3:1) ou da contagem
neo do trabalho de parto at 39 semanas (52). Reviso
dos corpos lamelares ( 37.000/L) no lquido
sistemtica de estudos sobre o momento do parto em
amnitico (56). Aps 38 semanas, no h
mulheres com diabetes gestacional no mostrou difeindicao de procedi-mento invasivo para
rena nas taxas de cesariana e de complicaes perinaavaliao da maturidade fetal.
tais graves entre o grupo com induo eletiva na 38
semana e o grupo com manejo expectante at a 40
Manejo no trabalho de parto
semana, quando avaliados os dois estudos randomizaA hiperglicemia materna durante o parto uma
das cau-sas da hipoglicemia neonatal, motivo
pelo qual o con trole glicmico deve ser mantido
Metab. 2011;55/7
Puerprio
As mulheres com diabetes gestacional
provavelmente no tero necessidade de
antidiabticos orais ou insulina aps o parto
(2,7,22), mas devem ter a glicemia medida
antes da alta hospitalar (22).
A amamentao deve ser encorajada (2,7). A
inges-to calrica de 1.800 kcal/dia para a nutriz
geralmente suficiente para suprir as
necessidades da lactao e per-mitir a perda
gradual de peso (15). H poucos estudos
observacionais sobre o uso de antidiabticos
orais na lactao para as mulheres que
necessitarem
manter
o
tratamento.
A
glibenclamida no foi detectada no leite materno
e as glicemias dos bebs foram normais, sugerindo que a droga seja segura e compatvel
com o aleitamento, nas doses empregadas, apesar
do risco te-rico de hipoglicemia no recmnascido (57). A met formina excretada no leite
em quantidade inferior a 1% da dose materna
ajustada pelo peso; apesar disso, no
recomendada na lactao por alguns autores; no
Tratamento do diabetes
gestacional
Todas as mulheres com diagnstico de diabetes gestacional devem receber orientao sobre mudanas no
estilo de vida, como controle do peso, uso de dieta e
prtica de exerccios fsicos (22). Alm disso, devem ser
avaliadas no puerprio para a reclassificao da condio
metablica. O teste oral de tolerncia com 75 g de glicose deve ser realizado de seis a oito semanas aps o parto (2,7). Menos de 20% das mulheres com diagnstico
de diabetes gestacional (critrio Carpenter-Counstan)
realizaram reavaliao da tolerncia glicose no puerprio; dentre estas, 1,4% persistiu com diabetes (59). No
acompanhamento ps-parto do Estudo Brasileiro de
Diabetes Gestacional (EBDG), o diagnstico de diabetes gestacional dobrou o risco de anormalidade na tolerncia glicose 4-8 anos aps a gestao-ndice (60).
Em concluso, o diabetes gestacional condio frequente nas gestaes, alcanando 7,2% em estimativas
nacionais (8) e at 17% se empregado o novo critrio
diagnstico sugerido pela IADPSG e referendado pela
ADA. O tratamento recomendado com base nos resultados de ensaios randomizados e as recomendaes
finais esto sintetizadas na tabela 5, juntamente com os
nveis de evidncia.
A maioria das gestantes alcanar os nveis glicmicos
desejados apenas com medidas no farmacolgicas; entretanto, cerca de um tero das gestantes necessitar de frmacos no esquema teraputico por falha no controle glicmico ou por crescimento fetal excessivo ultrassonografia.
Diante de vrios estudos observacionais e de ensaios
clnicos randomizados avaliando no apenas a eficcia da metformina e da glibenclamida, mas tambm a
segurana das medicaes e a satisfao das pacientes,
torna-se necessrio considerar seu uso no diabetes gestacional. Dessa forma, os Servios de Endocrinologia
e de Ginecologia e Obstetrcia do Hospital de Clnicas
de Porto Alegre propem um algoritmo de tratamento conjunto, empregando a metformina como terapia
farmacolgica inicial. O uso imediato de insulina est
indicado nos casos em que exista hiperglicemia acentuada glicemia de jejum acima de 140 mg/dL e/ou
glicemia em 2 h acima de 200 mg/dL ou, ainda, sintomas de diabetes descompensado, contraindicaes
metformina ou preferncia da paciente.
Para monitorizao do tratamento, utiliza-se a glicemia capilar antes e aps as refeies, alm da medida
da circunferncia abdominal fetal aps a 28a semana de
gestao.
A evoluo da gestao at 39 semanas recomendada, sem necessidade de interrupo precoce, exceArq Bras Endocrinol Metab. 2011;55/7
443
Tratamento do diabetes gestacional
Consideraes
Grau de
recomendao
A
A
contraindicaes
A metformina e a glibenclamida so opes teraputicas com
segurana e eficcia semelhantes insulina para o controle
glicmico e desfechos materno-fetais
A insulinoterapia o tratamento padro e iniciado nas
gestantes que no atingem as metas de controle glicmico
com dieta e/ou medicao oral ou apresentam fatores
preditores de falha. As insulinas NPH, regular, lispro e
asparte so atualmente recomendadas na gestao
A monitorizao glicmica realizada com medida da
glicemia capilar pr- e ps-prandial, com alvos de glicemia
de jejum < 95 mg/dL, 1 h ps-prandial < 140 mg/dL e 2 h <
120 mg/dL
A monitorizao do tratamento tambm deve ser realizada
com a medida ecogrfica da circunferncia abdominal fetal a
partir da 28 semana de gestao, que deve estar abaixo do
percentil 75
As ultrassonografias de primeiro trimestre para datao e
rastreamento de cromossomopatias (11-14 semanas) e de
segundo trimestre para avaliao morfolgica fetal (18-22
semanas) devem ser realizadas em todas as gestaes
A ecocardiografia fetal pode ser realizada a partir de 25-26
semanas, porm apresenta custo-efetividade controversa
A monitorizao do bem-estar fetal pode ser realizada
O momento e a via de parto devem ter indicao obsttrica.
Diabetes gestacional no indicao de cesariana
A glicemia durante o trabalho de parto deve ser mantida entre
70 e 126 mg/dL. Insulinoterapia ou soro glicosado 5%
podem ser utilizados
A: Estudos experimentais e observacionais de melhor
consistncia; B: Estudos experimentais e observacionais de
menor consistncia; D: Opinio de especialista, diretrizes,
estudos em modelos animais.
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