Tratamento Térmico E-TEC
Tratamento Térmico E-TEC
Tratamento Térmico E-TEC
INSTITUTO FEDERAL DE
EDUCAO, CINCIA E TECNOLOGIA
PAR
Campus Belm
Belm - PA
2011
INSTITUTO
FEDERAL
RIO GRANDE
DO SUL
e-Tec Brasil
Indicao de cones
Os cones so elementos grficos utilizados para ampliar as formas de
linguagem e facilitar a organizao e a leitura hipertextual.
Ateno: indica pontos de maior relevncia no texto.
e-Tec Brasil
Sumrio
Palavra do professor-autor
Apresentao da disciplina
11
Projeto instrucional
13
15
15
21
21
23
25
26
27
29
30
33
33
35
41
41
51
51
52
53
59
59
e-Tec Brasil
66
73
73
74
77
79
85
90
6.4 Normalizao
92
6.5 Tmpera
95
6.6 Revenimento
99
102
107
107
108
110
111
115
115
8.1 Cementao
116
8.2 Nitretao
120
8.3 Carbonitretao
123
8.4 Cianetao
124
8.5 Boretao
124
e-Tec Brasil
126
Referncias
128
Currculo do professor-autor
130
Palavra do professor-autor
Prezados alunos!
A disciplina Tratamento Trmico do Curso de Metalurgia que voc est iniciando,
pertence ao Ensino a Distncia do Brasil (EAD). Esse tipo de ensino uma ferramenta que possibilita a integrao didtica e tecnolgica na ampliao de
conhecimentos gerais e tcnicos dos discentes, principalmente daquele contingente que pouco acesso tem aos grandes centros de excelncia de ensino
tcnico no pas.
A interao existente nos cursos EAD, proporciona uma relao nica de ensino
e aprendizagem que atende aos requisitos de qualidade exigidos para uma boa
formao tcnica dos alunos, fornecendo-lhes tambm o conhecimento necessrio para o ingresso no mercado de trabalho com uma qualificao diferenciada.
Voc deve dedicar-se ao estudo do material didtico fornecido no mdulo pois
para que voc aprenda o contedo so necessrios conhecimento, dedicao e
interao entre professor e aluno do curso. Com fora de vontade e dedicao
focalize um objetivo em cada uma das disciplinas deste curso. Assim voc ser
competente para utilizar na sua vida profissional o conhecimento adquirido
com o estudo deste mdulo.
O estudo dos conceitos e tcnicas do Tratamento Trmico da cadeia da Metalurgia ajudar voc a ser um aluno com maior conhecimento para aplicar na
sua profisso, tornando-o um profissional mais qualificado e requisitado no
mercado de trabalho, pois so poucos os que detm conhecimentos relacionados
s alteraes nas propriedades fsicas e mecnicas de materiais, principalmente
na regio norte do Brasil.
Prof. Alan Rafael Menezes do Vale, M. Eng.
e-Tec Brasil
Apresentao da disciplina
A disciplina Tratamento Trmico, uma ferramenta que possibilitar a compreenso, ao longo e ao trmino do curso, dos fundamentos utilizados nas
tcnicas de aquecimento e resfriamento controlados de materiais, com o
intuito de modificar suas propriedades mecnicas.
Essa rea da metalurgia possui grande aplicabilidade na indstria metal-mecnica
(automobilstica, construo civil, engenharia). Contribui tambm para classificar metais, ligas metlicas e seus respectivos tratamentos trmicos, interpretando diagramas de fases de ligas ferrosas, tornando o aluno apto a
reconhecer a ocorrncia de mudana de fase em metais.
Ao trabalhar com os diagramas TTT (transformao tempo temperatura)
voc conhecer o seu comportamento. Ser capaz de realizar tratamentos
trmicos de aos atravs do recozimento, normalizao, tmpera e revenimento, conhecendo suas caractersticas e aplicaes prticas.
Sero estudados os tratamentos isotrmicos aplicados em aos do tipo martmpera e austmpera, distinguindo suas particularidades e aplicaes industriais.
Conhecer as propriedades de endurecibilidade ou temperabilidade e suas
aplicaes prticas. Distinguir, os tratamentos termoqumicos de nitretao
e cementao, conhecendo aplicaes e caractersticas principais.
Poder executar tratamentos termoqumicos de cianetao, boretao e carbonitretao em aos, analisando suas caractersticas e aplicaes prticas
e efetuar tratamentos trmicos a serem aplicados em metais no ferrosos
como cobre, por exemplo, conhecendo suas qualidades e aproveitamentos.
Voc ser capaz tambm de desenvolver projetos de instalao e produo
de ensaios trmicos de produtos metalrgicos, aplicar processos trmicos e
termoqumicos de metais ferrosos e no ferrosos e analisar e interpretar tcnicas de tratamento trmico de produtos metlicos ferrosos e no ferrosos,
visando melhoria da qualidade industrial.
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e-Tec Brasil
Projeto instrucional
Disciplina: Tratamento Trmico (carga horria: 50h).
Ementa: Introduo ao tratamento trmico. Ligas ferro-carbono. O diagrama
de equilbrio ferro-carbono. Curvas em C ou em TTT. Fatores de influncia
nos tratamentos trmicos. Tratamentos trmicos (princpios, caractersticas e
aplicaes). Tratamentos trmicos superficiais. Tratamentos termoqumicos.
Tratamentos trmicos de metais no ferrosos e tratamentos subzero.
AULA
OBJETIVOS DE
APRENDIZAGEM
MATERIAIS
CARGA
HORRIA
(horas)
Ambiente virtual:
plataforma moodle.
Apostila didtica.
Recursos de apoio: listas de
exerccios.
02
2. Ligas
ferro-carbono
Ambiente virtual:
plataforma moodle.
Apostila didtica.
Recursos de apoio: listas de
exerccios.
06
3. O diagrama
de equilbrio
ferro-carbono
Ambiente virtual:
plataforma moodle.
Apostila didtica.
Recursos de apoio: listas de
exerccios.
06
4. Curvas em C
ou em TTT
Ambiente virtual:
plataforma moodle.
Apostila didtica.
Recursos de apoio: listas de
exerccios.
06
5. Fatores de
influncia nos
tratamentos
trmicos
Ambiente virtual:
plataforma moodle.
Apostila didtica.
Recursos de apoio: listas de
exerccios.
04
1. Introduo ao
tratamento trmico
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e-Tec Brasil
AULA
e-Tec Brasil
OBJETIVOS DE
APRENDIZAGEM
MATERIAIS
CARGA
HORRIA
(horas)
6. Tratamentos
trmicos
(princpios,
caractersticas e
aplicaes)
Ambiente virtual:
plataforma moodle.
Apostila didtica.
Recursos de apoio: listas de
exerccios.
14
7. Tratamentos
trmicos
superficiais
Ambiente virtual:
plataforma moodle.
Apostila didtica.
Recursos de apoio: listas de
exerccios.
04
8. Tratamentos
termoqumicos
Ambiente virtual:
plataforma moodle.
Apostila didtica.
Recursos de apoio: listas de
exerccios.
04
9. Tratamentos
trmicos de metais
no ferrosos e
tratamentos
subzero
Ambiente virtual:
plataforma moodle.
Apostila didtica.
Recursos de apoio: listas de
exerccios.
02
14
15
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16
Tratamento Trmico
17
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Tratamento Trmico
Resumo
Nesta aula, estudou-se a evoluo histrica do tratamento trmico de materiais,
o que acaba por se confundir com a descoberta e a melhoria na manufatura
de metais comumente empregados hoje em dia.
Procedimentos, como a produo do ao e de ligas metlicas tm relao
estreita com o desenvolvimento dos tratamentos trmicos desses materiais.
Apresentam-se tambm o progresso de tcnicas empregadas atualmente nos
tratamentos trmicos, a definio de tratamento trmico, suas trs principais fases
e os resultados esperados para materiais que passam por esse tipo de processo.
Atividades de aprendizagem
As atividades que voc realizar ocorrero no decorrer dos estudos e sero
fundamentais em seu processo de aprendizagem e avaliao. Discuta atravs
do ambiente virtual de aprendizado com o seu tutor a evoluo do tratamento
trmico e sua definio e resultados prticos.
Agora, depois de esclarecer dvidas com o seu tutor, voc est preparado
para realizar a primeira atividade. Em sequncia, ser corrigido o exerccio que
somar como contedo, para a realizao da primeira avaliao. Vamos a ele!
1. Defina tratamento trmico.
2. Cite algumas aplicaes do tratamento trmico dos metais no decorrer
das eras da humanidade.
3. Cite as trs principais fases de um tratamento trmico.
4. Diga quais caractersticas so esperadas para materiais que passam por
processos de tratamento trmico.
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Tratamento Trmico
Teor (%)
Carbono (C)
3,00 a 4,50
Silcio (Si)
0,50 a 3,00
Mangans (Mn)
1,00 a 2,00
Fsforo (P)
0,04 a 0,40
Enxofre (S)
0,035 a 0,050
Reduzir o ferro significa que ele receber eltrons: o ferro passa de Fe++ ou
Fe+++ para Fe, onde cada tomo de ferro recebe dois ou trs eltrons.
Para o refino do ao so empregados diversos tipos de fornos, dentre estes, os
eltricos, cada um realizando sua tarefa de remoo e reduo de elementos
como carbono, silcio, fsforo, enxofre e nitrognio.
Depois de passar pelo forno de refino, o metal constitudo de ao saturado
de oxignio purificado em lingoteiras feitas de ferro fundido.
A fim de evitar a formao de bolsas de gases no metal fundido, uma quantidade considervel de oxignio deve ser removida. Esse processo conhecido
como desoxidao e realizado atravs de aditivos que expulsam o oxignio
na forma de gases ou enviam-no em direo escria.
Existem diversos graus de oxidao descritos no item a seguir.
So aos que possuem uma desoxidao mnima, tendo uma camada de ferro
quase puro nas paredes do lingote.
Sua superfcie livre de defeitos e pode ser produzida com a ajuda da camada
de ferro quase puro.
A maioria dos aos efervescentes constituda de aos de baixo carbono,
contendo menos de 0,1% desse elemento.
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Tratamento Trmico
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Aos inoxidveis so aos de alta-liga que possuem a capacidade de resistir corroso. Essa caracterstica provm do alto teor de cromo (acima de 10%). O nquel
tambm empregado em quantidades considerveis em alguns aos inoxidveis.
Aos-ferramentas tambm so exemplos de aos de alta-liga.
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Tratamento Trmico
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Muitas ligas possuem uma distribuio caracterstica e regular dos seus tomos
sendo chamadas ento de materiais cristalinos.
A partir desta regularidade, podem-se representar, ento, todos os tomos de
uma liga metlica atravs de um conjunto que define sua distribuio espacial.
A esta mnima poro do reticulado cristalino, chama-se clula unitria.
As clulas unitrias interessantes ao estudo dos tratamentos trmicos de ligas
metlicas so o sistema cbico e o sistema tetragonal.
Na Figura 2.4 so mostradas as clulas unitrias das estruturas cbicas de
corpo centrado (CCC), cbica de faces centradas (CFC) e tetragonal de corpo
centrado (TCC). A disposio dos tomos na clula unitria pode ser feita
atravs de esferas perfeitas ou a partir de sua representao esquemtica.
Figura 2.4: Representao esquemtica das clulas unitrias das estruturas CCC, CFC
e TCC e abaixo modelo de esferas das estruturas CCC e CFC
Fonte: Adaptado de Guy, 1994 apud Strohaecker, 2003
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Tratamento Trmico
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Figura 2.5: Interstcios octadricos (a) e interstcios tetradricos (b) em uma estrutura
CCC (acima) e uma estrutura CFC (abaixo)
Fonte: Adaptado de Leslie, 1982 apud Strohaecker, 2003
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Tratamento Trmico
2.8.1 Lacunas
Caracterizam-se pela ausncia de um tomo em um vrtice da estrutura cristalina, o que ocasiona uma ligao deficitria entre os tomos, fazendo com
que os mesmos acabem por se aproximar, provocando distores na rede e
de energia naquele ponto. Na Figura 2.6 esse defeito ilustrado.
2.8.3 Discordncias
o defeito em um plano da rede cristalina, envolvendo o posicionamento
de uma cadeia de tomos. A discordncia em cunha um exemplo tpico
desse defeito. Ela pode ser considerada como um plano adicional de tomos, gerando um efeito de cunha na rede. Essa discordncia mostrada na
Figura2.7. Como a discordncia em cunha abrange um nmero maior de
tomos, acaba ento por alcanar um nvel muito maior de energia do que
um defeito de lacuna ou intersticial.
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Tratamento Trmico
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Nas ligas ferro-carbono nota-se que haver uma distoro do reticulado sempre que um tomo de carbono se colocar em um interstcio. Na Figura 2.9
possvel se observar uma representao dessa situao.
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Tratamento Trmico
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Eleva a dureza com baixo custo. At 2,0% de C, em combinao com o Fe (ao), acima
de 2,0% de C (ferro fundido). elemento de liga desejvel, porm teores altos desse
elemento podem causar problemas; necessrio cuidado especial ao se soldarem aos
de alto teor de carbono e ferro fundido.
Mn
Cr
Ni
Mo
Si
Elemento residual nocivo nos aos. Reduz fortemente sua ductilidade e tenacidade.
Todo esforo feito para reduzir o teor de fsforo para os menores nveis possveis.
Al
Agente desoxidante dos aos. Pode tambm ser adicionado em quantidades muito
pequenas para controlar o tamanho dos gros.
Cu
Ni
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Tratamento Trmico
Conceitos
Densidade
Ponto de fuso
Ponto de ebulio
Temperatura na qual o material passa do estado lquido para o estado gasoso (ou
vapor).
Dilatao trmica
Condutividade trmica
Condutividade eltrica
Resistividade
Resistncia corroso
Capacidade do material resistir deteriorao causada pelo meio no qual est inserido.
Resistncia mecnica
Elasticidade
Plasticidade
Ductilidade
Tenacidade
Dureza
Fragilidade
Limite de resistncia
trao
kgf/mm
Mpa
kgf/mm
Mpa
Alongamentoem 2
%
0,01
12,5
125
28,5
275
47
71
90
0,20
25,0
250
41,5
405
37
64
115
Carbono
%
Estrico
%
Dureza
Brinell
0,40
31,0
300
52,5
515
30
48
145
0,60
35,0
340
67,0
660
23
33
190
0,80
36,5
355
80,5
785
15
22
220
1,00
36,5
355
75,5
745
22
26
195
1,20
36,0
350
71,5
705
24
39
200
1,40
35,5
340
69,5
685
19
25
215
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Limite de escoamento
Limite de resistncia
trao
Alongamento
Estrico
%
Dureza
Brinell
kgf/mm
Mpa
kgf/mm
Mpa
0,01
18,0
180
31,5
305
45
71
90
0,20
31,5
305
45,0
440
35
60
120
0,40
35,5
345
59,5
585
27
43
165
0,60
42,0
410
76,5
755
19
28
220
0,80
49,0
480
94,0
920
13
18
260
1,00
70,0
690
106,5
1045
11
295
1,20
70,0
690
107,0
1050
315
1,40
67,0
660
103,5
1015
300
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Tratamento Trmico
Resumo
Nesta aula estudou-se como as ligas compostas por ferro e carbono so formadas, de sua origem at o seu ciclo de produo.
Estudou-se que essas ligas possuem caractersticas particulares, estruturas
cristalinas tpicas e podem ter suas propriedades estruturais e mecnicas
influenciadas por diversos elementos qumicos diferentes, que os aos podem
ser classificados de diversas formas, como quanto ao teor de carbono e ao
teor dos elementos de liga. Por fim, estudaram-se algumas das principais
propriedades mecnicas dos aos.
Atividades de aprendizagem
As atividades que voc realizar ocorrero no decorrer dos estudos e sero
fundamentais em seu processo de aprendizagem e avaliao. Discuta atravs
do ambiente virtual de aprendizado com o seu tutor os novos conceitos vistos
nesta segunda aula.
Agora, depois de esclarecer dvidas com o seu tutor, voc est preparado
para realizar a segunda atividade. Em sequncia, ser corrigido o exerccio
que somar como contedo, para a realizao da primeira avaliao.
1. Descreva, sucintamente, o processo de fabricao das ligas ferro-carbono.
2. Classifique as ligas ferro-carbono (aos) quanto ao teor de oxignio.
3. Classifique as ligas ferro-carbono (aos) quanto ao teor de carbono.
4. Classifique as ligas ferro-carbono (aos) quanto ao teor dos elementos
de liga.
5. De acordo com a classificao normativa dos aos (ABNT Associao
Brasileira de Normas Tcnicas, SAE Society of Automotive Engineers e
AISI American Iron and Steel Institute), classifique um ao AISI 4340 e
um AISI 1045.
6. Classifique os aos quanto sua estrutura cristalina. Cite, ainda, os principais defeitos na rede cristalina que podem ocorrer.
7. Quais so as formas alotrpicas do ferro puro?
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Tratamento Trmico
Sendo:
Eixo das abscissas (horizontal) representa a escala horizontal, com a porcentagem de carbono, por exemplo, 1% de C (99% Fe).
Eixo das ordenadas (vertical) representa as vrias temperaturas.
Linha A3 indica incio da passagem da estrutura CFC para CCC durante o
resfriamento.
Linha A1 indica o limite da existncia de austenita; abaixo dessa linha, no
temos austenita.
Acm indica o limite da quantidade de carbono dissolvido na austenita.
A anlise do diagrama permite constatar que:
Surgem trs reaes, uma perittica a 1495C, uma euttica, a cerca de
1148C e outra eutetoide em 727C.
H de se considerar dois tipos de equilbrio, o estvel do sistema ferro-carbono
(grafita linha pontilhada) e o metaestvel (cementita-carboneto de ferro
com a estequiometria Fe3C linha cheia).
A adio de carbono faz com que os limites de temperatura em que so estveis
o Fe- (ferrita) e o Fe- (ferrita ) sejam reduzidos, enquanto no caso do Fe-
(austenita) observa-se um alargamento significativo do campo de existncia.
Para o estudo do tratamento trmico de aos, limita-se a anlise da regio do
diagrama metaestvel compreendida entre 0 e 2% C e dentre as trs reaes
possveis (euttica, perittica e eutetoide), bastar considerar unicamente a
eutetoide observando que:
Um ao definido como uma liga Fe-C em que o teor em carbono no ultrapassa a 2%, o que permite ignorar a transformao euttica.
Dentro deste domnio de composies s tem interesse considerar, do ponto de
vista das formas habituais de processamento dos aos, o sistema metaestvel
ferro-cementita; isso porque os tempos necessrios para induzir a grafitiza-
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44
Tratamento Trmico
As microestruturas descritas so decorrentes da estrutura prxima do equilbrio, resultado de um resfriamento lento. Porm, os aos podem apresentar
outras formas microestruturais. Uma das variantes consiste na que pode
resultar de uma manuteno prolongada a uma temperatura ligeiramente
abaixo da eutetoide. A cementita tende ento a passar da forma de lamelas
para a de glbulos aproximadamente esfricos (esferoidita). No Quadro 3.1
feito um pequeno resumo de cada caracterstica dos constituintes do ao,
em funo do teor de carbono.
Quadro 3.1: Principais caractersticas dos constituintes do ao
Caractersticas da ferrita ou Fe-
Microestrutura
Microestrutura
Microestrutura
Estrutura CCC.
Forma estvel at a temperatura de 1394C.
Fase no-magntica do ao.
idntica ao ferro-.
Estvel somente a altas temperaturas (sem interesse industrial).
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Microestrutura
Microestrutura
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Tratamento Trmico
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Tratamento Trmico
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Agora, o brao da regra da alavanca tende para a perlita, tendo em vista que
a composio de carbono no ao est mais prxima do teor eutetoide em
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Tratamento Trmico
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Tratamento Trmico
Figura 3.11: Transformao martenstica com distoro das clulas unitrias ( esquerda)
e as estruturas TCC (ao centro) e CCC ( direita)
Fonte: Leslie, 1982 apud Strohaecker, 2003
55
e-Tec Brasil
Resumo
Nesta aula estudou-se o diagrama ferro-carbono, principalmente no trecho
que corresponde aos aos.
Aprendeu-se a interpretar e classificar os diagramas de fases de ligas ferrosas e a caracterizar os aos em funo de vrios aspectos, como o teor de
carbono, por exemplo.
Tambm se identificaram as fases constituintes do ao e as transformaes
termicamente induzidas a uma mesma faixa de temperatura, ou seja, a ocorrncia de mudana de fase.
e-Tec Brasil
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Tratamento Trmico
Atividades de aprendizagem
As atividades que voc realizar ocorrero no decorrer dos estudos e sero
fundamentais em seu processo de aprendizagem e avaliao. Discuta atravs
do ambiente virtual de aprendizado com o seu tutor os conceitos vistos na
terceira aula.
Agora, depois de esclarecer dvidas com o seu tutor, voc est preparado
para realizar a terceira atividade. Em sequncia, ser corrigido o exerccio que
somar como contedo, para a realizao da primeira avaliao.
1. Descreva as reaes eutetides para trs tipos de ao: um hipoeutetide
(% C < 0,77% C), outro eutetide (% C = 0,77% C) e por ltimo, um
ao hiperetetde (% C > 0,77% C).
2. Dado um ao carbono comum com 0,20% na temperatura de 727C
(temperatura da reao eutetoide), calcule: o teor (%) de ferrita e de
perlita nesse ao.
3. Dado um ao carbono comum com 0,77% na temperatura de 727C
(temperatura da reao eutetoide), calcule: o teor (%) de ferrita e de
perlita nesse ao.
4. Dado um ao carbono comum com 1,15% na temperatura de 727C
(temperatura da reao eutetoide), calcule: o teor (%) de perlita e de
cementita nesse ao.
5. Descreva resumidamente as reaes de formao da bainita e da martensita a partir de um ao carbono comum constitudo de ferrita e perlita.
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Tratamento Trmico
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Tratamento Trmico
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Figura 4.4: Transformao isotrmica do ao-liga 4340 (0,39% C, 1,78% Ni, 0,77% Cr,
0,28% Mo)
Fonte: Avner, 1990 apud Strohaecker, 2003
No diagrama TTT mostra-se que a velocidade de modificao dos constituintes do ao varia em funo da temperatura, sendo baixa para temperaturas
prximas da eutetoide, vai crescendo para temperaturas intermedirias e
novamente decai nas temperaturas mais baixas, o que produz uma forma
particular desses diagramas chamados joelho prximo a 500C.
Perto de 200C h ainda uma isoterma que indica o incio da transformao
da austenita em martensita (linha M(Incio)). Essa mudana (reao martenstica) tem forte reao com a temperatura, pois no h difuso dos tomos.
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Tratamento Trmico
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Tratamento Trmico
Pode-se observar na Figura 4.7 a sobreposio de um diagrama de resfriamento contnuo e um diagrama isotrmico. As curvas pontilhadas representam
o diagrama isotrmico, e as curvas totalmente preenchidas representam o
diagrama de resfriamento contnuo. Observa-se nessas curvas que h uma
movimentao das transformaes para a direita e para baixo quando se trata
com resfriamentos contnuos. Assim, na curva de resfriamento 1 do diagrama
isotrmico, seriam necessrios seis segundos para se iniciar a transformao
a 650C. J para o resfriamento contnuo esse tempo superior ao dobro.
No diagrama de resfriamento contnuo de um ao eutetoide, as transformaes de fase verificadas so as mesmas do diagrama isotrmico. H regies
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Tratamento Trmico
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Figura 4.10: Curva TTT de resfriamento contnuo de um ao liga que possui 0,37% C,
1,4% Ni e 0,47% Mo
Fonte: Metals Handbook apud Strohaecker, 2003
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70
Tratamento Trmico
Resumo
Nesta aula, conheceram-se os diagramas TTT (transformao tempo
temperatura), suas principais caractersticas e o seu comportamento mediante
alteraes no teor de carbono e o tempo e formas diversas de resfriamento.
Ainda se identificaram os principais fatores que afetam a posio das curvas em
C ou em TTT e como eles alteram os grficos em questo, proporcionando-lhes
diferentes formatos.
Atividades de aprendizagem
As atividades que voc realizar ocorrero no decorrer dos estudos e sero
fundamentais em seu processo de aprendizagem e avaliao. Discuta atravs
do ambiente virtual de aprendizado com o seu tutor os conceitos vistos nesta
quarta aula.
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e-Tec Brasil
Agora, depois de esclarecer dvidas com o seu tutor, voc est preparado
para realizar a quarta atividade. Em sequncia, ser corrigido o exerccio que
somar como contedo, para a realizao da primeira avaliao. Vamos a ele!
1. O que um diagrama TTT?
2. Descreva, de maneira sinttica, como ocorrem os resfriamentos de aos
isotrmica e continuamente, ressaltando as diferenas entre estes dois
mtodos de resfriamento.
3. O que representam os joelhos nos diagramas TTT?
4. Cite os fatores que afetam a posio das curvas em C ou em TTT.
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Tratamento Trmico
Temperatura (C)
Natural
Ambiente a 25C
Vermelho-marrom
600
Vermelho-sangue
650
Vermelho-cereja escuro
700
Vermelho-cereja
760
Vermelho-cereja claro
810
Vermelho-claro
870
Aparncia
73
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Laranja
930
Laranja-claro
980
Amarelo-ouro
1050
Amarelo
1100
Amarelo-claro
1200
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Tratamento Trmico
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Tratamento Trmico
Ambiente do forno
Ar
(25C)
leo mineral
(25 200C)
gua
(25C)
Soluo aquosa de
NaOH a 50%
Soluo aquosa de
NaCl a 10%
Estacionrio
0,02
0,25 0,30
0,9 1,0
2,0
3,0
Fraco
0,30 0,35
1,0 1,1
2,0 2,2
3,0 3,3
Moderado
0,35 0,40
1,2 1,3
Bom
0,40 0,50
1,4 1,5
Forte
0,50 0,80
1,6 2,0
Elevado
0,08
0,80 1,10
4,0
5,0
7,5
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Tratamento Trmico
Pode-se ainda verificar, nessa figura, que um meio mais severo (gua) utilizado no tratamento trmico de tmpera, para resfriar a amostra em cerca
de 5 segundos, gerando, como constituinte final, a martensita (curva D).
Na curva E, observa-se um limiar para a formao da perlita. Essa velocidade
de resfriamento conhecida como crtica, pois, a partir dela, a perlita no
mais se formar, passando o ao a ter como constituintes finais a bainita e a
martensita para um tempo de resfriamento de aproximadamente 15 segundos.
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e-Tec Brasil
Resumo
Nessa aula, foram vistos os principais fatores que influenciam em um tratamento trmico, suas caractersticas e como eles atuam no comportamento
de um processo de aquecimento e resfriamento de materiais.
Apresentou-se o clculo do tempo de austenitizao, necessrio para realizar
um tratamento trmico.
Atividades de aprendizagem
1. Quais os principais fatores de influncia nos tratamentos trmicos?
2. O que severidade? Responda ainda quais os principais meios de resfriamento aplicados em tratamentos trmicos.
3. Calcule.
Calcular o tempo total de aquecimento para se executar o tratamento trmico de tmpera de um ao carbono em forno com atmosfera gasosa e com
aquecimento realizado em todos os lados da pea, menos a face repousada
no forno.
A seo mxima transversal ao longo da pea a de 30 mm x 40 mm, logo,
a menor dimenso a ser adotada (D1) ser de 30 mm. K1 valer 2, pois o meio
de aquecimento do forno gasoso. O valor de K2 ser 2,5, pois a pea possui
a forma de um paraleleppedo e K3 ter o valor 1,5, pois todos os lados sero
aquecidos, menos a face repousada no forno. Logo:
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Tratamento Trmico
E, por conseguinte:
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Na Figura 6.2, ilustram-se as formas de resfriamento e os constituintes formados em alguns tratamentos trmicos do ao-carbono eutetoide e, na
Figura 6.3 as curvas de resfriamento aplicadas aos tratamentos trmicos de
recozimento pleno, recozimento isotrmico, normalizao e tmpera seguida
de revenimento para esse mesmo ao.
Figura 6.2: Resumo dos tratamentos trmicos de recozimento pleno ( esquerda), normalizao (ao centro) e tmpera seguida de revenimento ( direita) de um ao-carbono
Fonte: Adaptado de Callister, 2002
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Tratamento Trmico
Figura 6.3: Curvas TTT dos tratamentos de recozimento pleno (1), recozimento isotrmico (2), normalizao (3) e tmpera seguida de revenimento (4) para um ao-carbono eutetoide
Fonte: Costa, 2003
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Tratamento Trmico
6.2.1.3 Mtodo
O tratamento trmico de recozimento pleno iniciado a partir do levantamento de informaes da liga a ser trabalhada, tais como o seu diagrama
TTT, o histrico da pea, (conformaes mecnicas, tratamentos trmicos
anteriores, etc.) e os produtos desejveis aps tratamento.
Definem-se as temperaturas de aquecimento do material acima da zona crtica,
ou acima da curva A1 (dependendo da composio qumica do ao) necessrias
austenitizao total da pea, mantendo-se a liga nessa temperatura para
homogeneizao completa da amostra, com os tempos de aquecimento e
encharque (tempo total de aquecimento) calculados conforme exemplo da
aula 5, aplicando-se s variveis de interesse os valores necessrios correta
execuo do recozimento. Outra varivel que deve ser ajustada, de acordo
com o resultado desejado, o ambiente do forno.
Aps ser alcanado o tempo total de aquecimento da pea, deve-se resfri-la
lentamente, preferencialmente dentro do forno. Quanto menor for o teor
de carbono do ao, mais rapidamente poder ser efetuado o resfriamento
da pea, utilizando-se resfriamento em areia, cinza ou cal, ou ainda em ar
ambiente esttico (sem correntes de vento). A velocidade de resfriamento
de aproximadamente 25C por hora.
O resfriamento nesse processo demasiado lento (dentro do forno) o que
implica um tempo longo de processo (desvantagem produtiva).
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6.2.2.2 Temperatura
A temperatura a ser alcanada deve ser tal que no provoque nenhuma
transformao de fase.
Deve-se trabalhar abaixo da temperatura crtica dos aos.
As temperaturas de trabalho devem se localizar abaixo da linha A1, onde
no se verifica transformao dos constituintes do ao (entre 550 e 700C).
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Tratamento Trmico
6.2.2.3 Resfriamento
Lento (ao ar ou ao forno).
Devem-se evitar velocidades de resfriamento muito elevadas devido ao risco
de distores.
6.2.3.2 Temperatura
A temperatura a ser alcanada deve ser tal que no provoque nenhuma
transformao de fase.
6.2.3.3 Resfriamento
Lento (ao ar ou ao forno).
6.2.4.2 Temperatura
realizado em temperaturas acima das verificadas no tratamento trmico de recozimento pleno.
6.2.4.3 Resfriamento
Lento (ao ar ou ao forno).
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6.2.5.2 Temperatura
A temperatura de tratamento trmico (aquecimento) recomendada para
os aos hipoeutetoides de 50C acima da linha A3 e para os hipereutetoides entre as linhas Acm e A1.
6.2.5.3 Resfriamento
Esse tratamento geralmente executado em banho de sais fundidos (severidade baixa), retirando-se a pea do forno e mantendo-a no banho
at a completa transformao.
No aplicvel para peas de grande volume porque difcil de baixar a
temperatura do ncleo da mesma forma que na superfcie.
6.3.2 Mtodo
O aquecimento da pea feito por tempo prolongado a uma temperatura logo abaixo da linha inferior da zona crtica.
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Tratamento Trmico
Como alternativa, a esferoidizao pode ser executada com aquecimentos e resfriamentos alternados entre temperaturas que esto logo acima
e logo abaixo da linha inferior de transformao.
Na Figura 6.4 pode-se ver a curva de aquecimento, permanncia e resfriamento de um ao-carbono hipereutetoide, sendo a linha cheia, em verde,
representativa da esferoidizao convencional (temperatura logo acima de
A1) e a linha pontilhada em verde exemplo de um coalescimento alternativo
(temperatura logo acima e logo abaixo de A1).
Na Figura 6.5 podem-se ver algumas das faixas recomendadas para os tratamentos trmicos de recozimento mencionados anteriormente, para os
aos-carbono.
91
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6.4 Normalizao
6.4.1 Objetivos
6.4.2 Mtodo
Aquecimento de um ao a temperaturas acima da sua zona crtica, mantendo-o nessa temperatura para completa homogeneizao com posterior resfriamento ao ar.
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Tratamento Trmico
6.4.3 Aplicaes
Peas fundidas e/ou forjadas.
Peas de grandes dimenses.
6.4.4 Temperatura
Aos hipoeutetoides acima da linha A3.
Aos hipereutetoides acima da linha Acm*.
* No h formao de um invlucro de carbonetos frgeis em funo da
velocidade de resfriamento ser maior, o que gera gros menores e mais
homogneos.
6.4.5 Resfriamento
Ao ar (calmo ou forado).
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Tratamento Trmico
6.5 Tmpera
6.5.1 Objetivos
Obter a martensita (constituinte metaestvel endurecido do ao-carbono).
Melhorar a resistncia ao desgaste do ao.
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6.5.2 Mtodo
Aquecimento de um ao a temperaturas acima da sua zona crtica, mantendo-o nessa temperatura para completa homogeneizao com posterior resfriamento em meios severos, como gua ou leo de tmpera.
6.5.3 Aplicaes
Peas de ao com baixo ou mdio teor de carbono, excepcionalmente
com teor elevado desse elemento.
6.5.4 Temperatura
A temperatura de tratamento trmico (aquecimento) recomendada para
os aos hipoeutetoides de 50C acima da linha A3 e para os hipereutetoides entre as linhas Acm e A1. Aos hipoeutetoides acima da linha A3.
Figura 6.9: Microestrutura de ao temperado em leo demonstrando ferrita em branco e a martensita (agulhas escuras)
Fonte: http://www.cienciadosmateriais.org/index.php?acao=exibir&cap=13&top=279
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Tratamento Trmico
J na Figura 6.10, pode-se visualizar a microestrutura de um ao duro, resfriado em gua. Nesse caso, em virtude de a severidade do meio de resfriamento ser mais elevada, cerca de trs vezes maior do que leo de tmpera,
a martensita obtida ser mais acicular (agulhas mais bem definidas) e mais
grosseira, tendo em vista que o cisalhamento ocorrido foi mais intenso do
que o registrado na Figura 6.9.
Figura 6.10: Microestrutura de ao duro temperado em gua demonstrando as agulhas escuras de martensita em um fundo de austenita retida, que no se transformou
durante o resfriamento brusco, em branco
Fonte: Callister, 2002
6.5.6 Temperabilidade
Capacidade de um ao adquirir dureza por tmpera a uma certa profundidade. Na Figura 6.11 est o exemplo comparativo da temperabilidade de
vrios aos com 0,4% de carbono. A curva que indica a queda de dureza em
funo da profundidade recebe o nome de curva Jominy que obtida por
meio de ensaios normalizados.
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Tratamento Trmico
Figura 6.13: Dimenses tpicas do corpo de prova para ensaio de temperabilidade Jominy
Fonte: Oliveira, 2007
6.6 Revenimento
O tratamento trmico de revenimento geralmente acompanha a tmpera.
6.6.1 Objetivos
Aliviar ou remover as tenses adquiridas na tmpera.
Corrigir a dureza e a fragilidade da pea, aumentando resistncia, desgaste e tenacidade, minimizando os efeitos trmicos e mecnicos provocados pelo cisalhamento da estrutura austenitizada.
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6.6.2 Mtodo
Consiste no tratamento trmico aps a tmpera, a temperaturas inferiores
s crticas, seguido de resfriamento lento, efetivando alvio de tenses.
6.6.3 Temperatura
Pode ser escolhida de acordo com as combinaes de propriedades
desejadas.
Essa denominao se aplica genericamente a qualquer temperatura de revenido.
150 a 230C os carbonetos comeam a precipitar.
Estrutura martensita revenida (escura, preta).
Dureza decresce de 65 RC para 60-63 RC.
230 a 400C os carbonetos continuam a precipitar em forma globular,
invisveis ao microscpio tico.
Estrutura perlita fina (Troostita).
Dureza decai de 62 RC para 50 RC.
400 a 500C os carbonetos crescem em glbulos, visveis ao microscpio tico.
Estrutura sorbita.
Dureza cai de 50 RC para 20-45 RC.
650 a 738C os carbonetos formam partculas globulares visveis ao microscpio comum.
Estrutura esferoidita.
Dureza decai a valores abaixo de 20 RC.
Na Figura 6.14 podem-se ver os comportamentos da dureza e da resistncia
ao impacto de um ao-carbono hipoeutetoide quando submetido a diferentes
temperaturas de revenimento.
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Tratamento Trmico
6.6.4 Desvantagem
Alguns aos podem apresentar certa fragilidade aps revenimento, principalmente quando a temperatura de tratamento da ordem de 270C.
O primeiro tipo de fragilidade que se verifica a denominada Fragilidade Azul que ocorre na faixa de temperatura de 230 a 370C. Em
algumas classes de ao h uma diminuio de tenacidade. Ocorre devido
a uma rede de carbonetos precipitados que envolvem as agulhas de martensita. Este tipo de fragilidade eliminado empregando ao com teor
elevado de silcio para inibir incio da precipitao de carbonetos.
Outro tipo de fragilidade verificado na faixa de temperatura de 375/400C
a 575/550C a Fragilidade Krupp ou reversvel, que ocorre quando o
ao mantido por algum tempo ou resfriado lentamente nessa faixa de
temperatura e est relacionado com presena de impurezas segregadas
prximas ao contorno de gro na austenitizao.
101
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6.7.1 Austmpera
Esse tratamento isotrmico adequado a aos de alta temperabilidade, ou
seja, queles com alto teor de carbono.
Nesse tratamento a pea aquecida acima da zona crtica (temperatura
superior a 800C dependendo do teor de carbono), por certo tempo, at a
completa austenitizao, o que pode ser observado na posio 1 da Figura
6.16. A seguir, resfriada bruscamente em banho de sais fundidos, com
temperaturas na ordem de 260 a 440C (posio 2 desta mesma figura),
permanecendo nessa temperatura por um tempo, at que sejam cortadas as
duas curvas TTT, ocorrendo transformao da austenita em bainita (posio
3). Em seguida a pea resfriada ao ar livre (posio 4).
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Tratamento Trmico
A dureza da bainita (constituinte resultante da austmpera) de, aproximadamente, 50 HRC e a dureza da martensita de 65 a 67 HRC.
Os aos que podem ser utilizados no processo pertencem s classificaes
que seguem:
Aos-carbono com 0,5 a 1,0% C e com um mnimo de 0,6,% de Mn.
Aos-carbono com mais de 0,9% C e pouco menos de 0,6 % de Mn.
Aos-carbono com menos de 0,5% C e com 1,0 a 1,65 % de Mn.
Alguns aos-liga com mais de 0,3% de carbono.
6.7.3 Martmpera
A martmpera ou tmpera interrompida um tipo de tratamento isotrmico
indicado para aos-liga. Esse tipo de processo reduz o risco de empenamento,
trincas e tenses residuais das peas.
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Tratamento Trmico
Resumo
Nesta aula, foram apresentados os princpios bsicos e caractersticas principais dos tratamentos trmicos de recozimento, normalizao, tmpera e
revenimento, bem como suas aplicaes prticas na indstria.
Apresentaram-se tambm os tratamentos isotrmicos de aos do tipo martmpera e austmpera, sendo distinguidas suas particularidades e aplicaes
industriais.
Foram descritas tambm as propriedades de endurecimento ou temperabilidade e suas aplicaes prticas.
Atividades de aprendizagem
1. Descreva, resumidamente, os tratamentos trmicos de recozimento, normalizao e tmpera.
2. O que temperabilidade? Resuma, em poucas palavras, o ensaio aplicado para medir a temperabilidade de peas metlicas.
3. Quais as caractersticas do tratamento trmico de revenimento. Cite ainda uma de suas desvantagens.
4. O que um tratamento isotrmico?
5. Cite as diferenas existentes entre os tratamentos isotrmicos de austmpera e de martmpera.
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7.1 Aplicaes
Observe todas as engrenagens e acoplamentos mostrados na Figura 7.1
(a - acoplamento de engrenagens de dentes retos; b - coroa e pinho; c - eixo
sem fim; d - acoplamento de engrenagens de dentes helicoidais; e e f - caixa
de marchas). Seus dentes sofrem grande desgaste e forte compresso necessitando, ento, de dureza elevada e de alta resistncia ao desgaste.
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Tratamento Trmico
Figura 7.2: Tmpera superficial por chama no mtodo estacionrio com aquecimento
(a e b) e esquema de aquecimento e resfriamento (c)
Fonte: (a) http://www.thermobondflame.com/_mndata/thermobond/thumbnails_large/156240.jpg
(b) http://authorityflame.com/Assets/2111-SpinGearHardening.jpg
(c) SENAI-SP, 1999
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Tratamento Trmico
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Resumo
Nesta aula estudaram-se os tratamentos trmicos aplicados na superfcie de
metais, suas aplicaes e principais caractersticas.
Estudou-se o procedimento aplicado nos tratamentos trmicos utilizados
para o endurecimento superficial de peas, tais como tmpera superficial por
chama, por induo eletromagntica e por laser.
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Tratamento Trmico
Atividades de aprendizagem
1. Descreva o procedimento operacional aplicado na tmpera superficial
por chama.
2. Descreva o procedimento operacional aplicado na tmpera superficial
por induo.
3. Descreva o procedimento operacional aplicado no endurecimento por
laser.
4. Diferencie o procedimento dos trs mtodos aplicados as tmperas superficiais por chama.
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8.1 Caractersticas
Os tratamentos trmicos no alteram a composio qumica do ao. Contudo, s vezes, necessita-se submeter o ao a alteraes em sua composio
qumica para melhorar as propriedades de sua superfcie. Essas modificaes
so obtidas por meio de tratamentos termoqumicos.
Os tratamentos termoqumicos tm como objetivo aumentar a dureza e a
resistncia do material ao desgaste de sua superfcie, mantendo o ncleo
dctil e tenaz. Os principais so cementao, nitretao, cianetao, carbonitretao e nitretao, conforme se apresentam no esquema da Figura 8.1.
115
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8.2 Cementao
Consiste em introduzir maior quantidade de carbono em superfcies de ao
com baixos teores desse elemento. indicada para aos-carbono ou aos-ligas
cujo teor original de carbono seja inferior a 0,25%.
A cementao aumenta esse teor at em torno de 1%, assegurando uma
superfcie dura e um ncleo tenaz.
Peas fabricadas em ao com porcentagem mdia ou alta de carbono que
vo sofrer operaes severas de dobramento, tendem a trincar-se. Todavia,
se elas forem confeccionadas com ao de baixo carbono (1010) e, depois,
forem conformadas e cementadas, bons resultados ocorrero sem que elas
corram o risco de trincarem.
Uma engrenagem temperada superficialmente mostrada na Figura 8.2
onde a superfcie do dente est escurecida em funo do tratamento trmico
superficial, aps ataque com reagente qumico nital (soluo alcolica de
cido ntrico), permanecendo o ncleo claro inalterado.
A cementao pode ser slida, gasosa, lquida ou a plasma.
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Tratamento Trmico
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Tratamento Trmico
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8.3 Nitretao
A nitretao indicada na obteno de peas com superfcie de maior dureza,
para aumentar a resistncia ao desgaste, fadiga, corroso e ao calor e
consiste em adicionar nitrognio ao ao.
Os aos que melhor se prestam a esse tratamento so os que contm cromo,
molibdnio, alumnio e nquel.
Em geral, a nitretao feita depois da tmpera e do revenimento. Assim, as
peas nitretadas no precisam de nenhum outro tratamento trmico, o que
contribui para um baixo ndice de distoro ou empenamento. A nitretao
pode ser feita a gs, em banho de sal, ou a plasma.
A nitretao muito utilizada na indstria metal-mecnica (automobilstica, por
exemplo), sendo aplicada em peas como girabrequins, camisas de cilindros,
pinos, rotores que precisam ter alta resistncia ao desgaste sob temperatura
relativamente elevada.
8.3.1 Nitretao a gs
A temperatura conveniente neste processo de 500 a 530C, e sua durao
varia de 40 a 90 h. Nessa temperatura, a amnia (NH3) decomposta, e o
nitrognio, na camada superficial da pea, atinge uma profundidade de at
0,8 mm, conforme pode ser observado na Figura 8.7.
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Tratamento Trmico
Figura 8.8: Microestrutura de ao AISI 1015, nitretado por meios gasosos (notar superfcie nitretada na camada superior e microestrutura do ao, na inferior)
Fonte: http://www.materiais.ufsc.br/lcm/TratTermoquimicosSuperficiais.pdf
Figura 8.9: Microestrutura de ao-carbono nitretado por meios lquidos (notar superfcie nitretada na camada superior e microestrutura do ao, na inferior)
Fonte: http://www.materiais.ufsc.br/lcm/TratTermoquimicosSuperficiais.pdf
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Tratamento Trmico
8.4 Carbonitretao
Consiste em introduzir carbono e nitrognio na superfcie do ao.
O processo pode ser realizado em fornos de banhos de sal ou de atmosfera
controlada (a gs).
A superfcie da camada carbonitretada adquire dureza e resistncia ao desgaste.
A temperatura do processo varia de 705 a 900C, com durao de 2 horas.
Aps o tratamento, h resfriamento em gua ou leo.
Obtm-se uma camada com espessura de 0,07 mm a 0,7 mm.
A carbonitretao usada, geralmente, em peas de pequeno porte, como
componentes de carburadores, relgios, aparelhos eletrodomsticos.
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8.5 Cianetao
A cianetao consiste na adio de carbono e nitrognio ao ao, variando a
temperatura do processo de 650 a 850C. A camada tratada alcana a profundidade de 0,1 mm a 0,3 mm.
considerada a carbonitretao realizada em meio lquido.
8.6 Boretao
A boretao, por outro lado consiste no enriquecimento superficial com boro
no ao. A temperatura de processo de 900C.
Os aos tm sua dureza superficial aumentada, alcanando at 2000 Vickers
(HV). A camada boretada, em 4 horas de tratamento termoqumico de 100 m.
A boretao utilizada em peas que necessitam de alta resistncia abraso.
Resumo
Nesta aula, estudaremos os tratamentos termoqumicos de nitretao e cementao, suas aplicaes cotidianas e caractersticas principais.
Descreveram-se tambm os princpios dos tratamentos termoqumicos de
cianetao, boretao e carbonitretao em aos, analisando suas caractersticas e aplicaes.
Atividades de aprendizagem
1. O que um tratamento termoqumico e quais so suas principais caractersticas?
2. Cite as diferenas existentes entre os processos de cementao slida,
lquida, gasosa e plasma.
3. O que nitretao? Diferencie os tipos de nitretao existentes.
4. Descreva os processos de carbonitretao, cianetao e boretao.
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124
Tratamento Trmico
Os tratamentos mais empregados no cobre e suas ligas so a homogeneizao, o recozimento, o alvio de tenses, a solubilizao e o endurecimento
por precipitao.
9.1.1 Homogeneizao
O objetivo eliminar ou diminuir a formao de trincas de lingotes que
devam ser trabalhados a frio ou a quente. Aplica-se principalmente nas ligas
bronze-Sn, bronze-Si e Cu-Ni; consiste no aquecimento a uma temperatura de
cerca de 90C acima da mxima temperatura de recozimento (515 a 905C),
durante tempo prolongado.
9.1.2 Recozimento
aplicado nas ligas trabalhadas a frio para promover a sua recristalizao.
Dependendo das ligas, as temperaturas variam de 260 a 650C para o cobre
e de 425 a 815C para as ligas. Quanto maior o encruamento prvio, menor
a temperatura de recristalizao ou recozimento.
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Resumo
Nesta aula descreveram-se os tratamentos trmicos aplicados em metais no
ferrosos, como cobre identificando suas principais caractersticas.
Os princpios de execuo dos tratamentos trmicos realizados em metais
abaixo da temperatura de zero graus Celsius tambm foram apresentados.
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Tratamento Trmico
Atividades de aprendizagem
1. Descreva, resumidamente, os processos de tratamentos trmicos do cobre e suas ligas.
2. O que so tratamentos trmicos subzero? Cite algumas de suas caractersticas principais.
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e-Tec Brasil
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e-Tec Brasil
128
Tratamento Trmico
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Currculo do professor-autor
O professor Alan Rafael Menezes do Vale formado em Engenharia Mecnica pela Universidade Federal do Par em 2003, possuindo Mestrado nesta
mesma instituio na rea de conhecimento Vibraes e Acstica, em 2006,
participando efetivamente da formao e estabelecimento do GVA-UFPA
(Grupo de Vibraes e Acstica da Universidade Federal do Par), tendo
desenvolvido, ainda, trabalhos referentes a esta rea, em parceria com PIBIC,
FUNPEA, FADESP e Eletronorte.
Foi professor substituto do Curso Tcnico de Metalurgia do IFPA de 2007 a
2009, ministrando as disciplinas Noes de Automao Industrial, Soldagem
e Tratamento Trmico.
professor do IFPA, pelo EAD desde Agosto de 2009, contribuindo na elaborao dos materiais didticos das disciplinas Noes de Automao Industrial,
pelo 2 Mdulo do Curso Tcnico em Metalurgia Distncia e Tratamento
Trmico, do 3 Mdulo deste curso.
Atualmente atua como profissional de engenharia mecnica no ramo de
projeto e manuteno de sistemas de refrigerao comercial.
e-Tec Brasil
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Tratamento Trmico