A Ecologia Humana Como Referencial Teórico e Metodológico para A Gestão Ambiental
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Introduo
O surgimento da questo ambiental como um fenmeno social reconhecido se deu a
partir da dcada de 1970, propiciado pela combinao de fatores como: a crise do
petrleo e o conseqente alerta ao esgotamento dos recursos naturais; as
deliberaes e a repercusso da 1 Conferncia Mundial das Naes Unidas sobre o
Homem e o Meio Ambiente em 1972; os primeiros relatrios cientficos questionando
os limites do crescimento econmico em relao capacidade de suporte dos
ecossistemas e a apario do movimento ambientalista (LEFF, 2001; NEDER,
2002).
A crtica advinda do estabelecimento da questo ambiental apontava para um
conflito entre o crescimento econmico e a preservao dos recursos naturais que,
em ltima instncia, traria limites continuidade do prprio crescimento econmico.
Em resposta a esse paradoxo, foram elaborados conceitos que refletissem a busca
por harmonizar a atividade humana em suas relaes com a natureza, como
Ecodesenvolvimento (SACHS, 1986), Desenvolvimento Sustentvel (CMMAD, 1991)
e, mais recentemente, Gesto Ambiental (GA), a qual ser foco desse artigo.
A GA reconhecida, usualmente, em suas dimenses organizacionais. Ou seja,
quando essa designao empregada, geralmente est se referindo a
procedimentos e aes realizados em instituies, sejam estas pblicas ou privadas
ou ainda do terceiro setor. No mbito das instituies pblicas a GA compreende o
planejamento territorial relacionado a unidades de conservao, zoneamento
econmico ecolgico, questes de legislao ambiental (elaborao de leis e
normas, monitoramento e controle por rgos pblicos ambientais), definio e
implantao de polticas ambientais. No mbito das empresas pblicas e privadas, a
GA usualmente se refere elaborao e implantao de sistemas de gesto
ambiental (SGA); adequao de normas e procedimentos para certificao (ISO,
FSC, BSA entre outros) e tambm s questes de responsabilidade socioambiental
e prpria educao ambiental. J o terceiro setor possui um leque de atuao
extremamente amplo, desde a atuao em aspectos similares queles de GA
executados em empresas, at a administrao direta de uma unidade de
conservao por uma ONG, por exemplo.
Entretanto, conforme ressaltado por Philippi Jr. e Bruna (2004) GA, o ato de gerir o
ambiente, o ato de administrar, dirigir ou reger as partes constitutivas do mesmo.
Esto includos nessa definio, ainda segundo Philippi Jr. e Bruna (2004, p.700):
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por Begossi (2004), dentre as reas mais recentes de estudo em EH. Cabe destacar
ainda o potencial de contribuio da Ecologia Histrica.
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Tipo de
Cultivo de
Ferro
Energia
Sociedade
Vegetais
Caadorescoletores
Horticultores
simples
Horticultores
avanados
Agrria Simples
Agrria Avanada
Industrial
Inanimada
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de 2006, na qual
em estreita relao
naturais para sua
impacto ambiental
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Territorialidade
O territrio ecolgico na espcie humana constitudo pela rea da qual so
extrados os recursos naturais de subsistncia e os materiais necessrios para o
desenvolvimento da tecnologia caracterstica de uma sociedade. Em um dado
territrio, o acesso ao uso e explorao de seus recursos restrito a um grupo
humano definido. Na espcie humana h um maior controle conservacionista sobre
o ambiente quando h uma demarcao territorial definida sobre uma regio
(WILSON, 1981), mesmo que referente posse coletiva da mesma, por uma
populao local especfica (BERKES; FOLKE, 1992).
Segundo Little (2002), o estudo da territorialidade tem como ponto de partida uma
abordagem que considera a conduta territorial como parte integral de todos os
grupos humanos. Esse autor define conduta territorial como sendo o esforo coletivo
de um grupo social para ocupar, usar, controlar e se identificar com uma parcela
especfica de seu ambiente biofsico, convertendo-a assim em seu territrio. A
territorialidade envolve, portanto, as relaes complexas que habitantes locais
estabelecem com seus territrios. Abrange a identidade pessoal e cultural e o
sentimento de pertencer ao local onde se reside e de onde se obtm o sustento
(SANTOS, 2002).
Pela territorialidade, o territrio passa a ser uma rea imersa em valoraes
simblicas dos recursos naturais nela existentes. A territorialidade est ligada idia
de riqueza e distribuio espacial dos recursos mais vitais dentro da rea de domnio
e ao processo pelo qual um ou mais indivduos delimitam certa rea e a defendem
de invaso por outros indivduos no pertencentes ao prprio grupo. Assim, a
territorialidade poder estar ligada defesa do territrio, bem como s estratgias de
uso e explorao dos espaos coletivos e individuais, dos quais vo ser extrados os
recursos naturais para subsistncia e os materiais necessrios para o
desenvolvimento da tecnologia caracterstica desta sociedade (WILSON, 1981). A
territorialidade se expressa na forma de espaos possudos que podem ser mais
diretamente definidos como o lugar certo de (MARQUES, 2001). Cada cultura, no
entanto, desenvolve suas prprias regras particulares para salvaguardar a
propriedade e o espao individual.
Com relao s populaes tradicionais, de acordo com a CNPTC (2006, p.1):
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Percepo Ambiental
Outra rea de estudo adotada em trabalhos de EH que pode auxiliar a GA envolve
os estudos de percepo ambiental. A percepo pode ser descrita como um
processo ao nvel da sensao e da cognio (percepes mentais), esses ltimos
relacionados com experincias individuais, associaes conceituais e
condicionamentos culturais (RODAWAY, 1994; DEL RIO, 1999). Segundo Del Rio e
Oliveira (1999) a apreenso do mundo pelos seres humanos se d pelos processos
perceptivos que registram e aferem significados realidade que cada um de ns
percebe como membros de um grupo social e como indivduos. A apreenso da
realidade ocorre por meio dos sentidos, como viso, audio, tato, olfato e paladar e
por interaes e elaboraes desses, gerando percepes das formas, de harmonia,
de equilbrio, de espao, de lugar. Segundo Machado (1999) os primeiros se
constituem em sentidos comuns e os segundos em sentidos especiais.
A percepo tanto emerge do relacionamento com o mundo como interfere no
relacionamento com ele e tambm no processo de formulao de decises a
respeito desse mundo (RODAWAY, 1994). Rodaway (1994) e Del Rio (1999)
ressaltam que a compreenso das diferentes percepes e representaes sociais
do ambiente deve ser a base na busca de solues para os problemas ambientais.
Tambm Tuan (1980) assume que a cultura tem papel importante no
condicionamento da percepo e valores ambientais das pessoas. Assim, a
compreenso sobre questes ambientais no homognea sendo necessrio o
estudo das concepes sobre mundo natural e a caracterizao de distintas relaes
entre o ser humano e o ambiente (HOEFFEL et al., 2004). Nesse sentido, pode-se
identificar como alteraes no ambiente (ex: construes de rodovias, represas,
criao de unidades de conservao), afetam a vida local, a gesto ambiental local e
adequao s restries legais. Tambm se deve considerar de que modo
transformaes dos usos da gua e da terra esto afetando a identidade local, a
noo de territorialidade e mesmo a possibilidade de sobrevivncia dessas
populaes (FADINI; CARVALHO, 2004; HOEFFEL et al., 2004).
De com acordo Tuan (1980) as repostas e atitudes que os seres humanos
manifestam em relao ao ambiente esto profundamente relacionadas com a
percepo que tm do mesmo. Esse autor comenta que, por exemplo, um agricultor
que vive da terra ter um apego muito maior a ela que um turista que eventualmente
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Economia Ecolgica
A partir de uma viso ecossistmica, a economia ecolgica busca construir um novo
paradigma terico que considera a economia dentro da ecologia, por ser esta ltima
uma teoria mais abrangente, a cincia das inter-relaes por excelncia. Ou seja, o
sistema econmico deve passar a respeitar critrios, condies e normas
ecolgicas. A economia ecolgica faz, portanto, uma crtica degradao ecolgica
e energtica resultante dos processos hegemnicos de produo e consumo.
Entretanto, no mundo contemporneo, a produo continua sendo guiada e
dominada pela lgica de mercado. A proteo ao ambiente ainda considerada um
custo dentro da economia neoliberal. A economia ecolgica questiona os
fundamentos daquela economia a partir da percepo de seus limites ecolgicos e
entrpicos dado que a condio de escassez, base da cincia econmica, passou
do processo de substituio contnua de recursos esgotados para uma escassez
global induzida pela expanso econmica (LEFF, 2001).
Segundo Berkes e Folke (1992), a economia ecolgica leva em conta o papel
fundamental das funes de suporte vida do ambiente para o desenvolvimento
econmico e sustentabilidade. No contexto da Economia Ecolgica, esses autores
assumem os conceitos de capital natural, capital manufaturado e capital cultural. O
capital natural constitudo pelos recursos renovveis e no renovveis e pelos
servios ambientais. O capital manufaturado refere-se quele gerado pela atividade
econmica a produo dos meios de produo. O capital cultural refere-se aos
fatores que provm as sociedades humanas com os meios e adaptaes para lidar
com o ambiente natural e modific-lo ativamente (podendo por esse motivo,
eventualmente tambm ser chamado de capital adaptativo). O capital natural a
base, a pr-condio para o capital cultural. O capital manufaturado gerado por
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uma interao entre ambos, capital natural e cultural. Juntos, esses conceitos
permitem caracterizar o modo pelo qual uma sociedade interage com seu ambiente,
define e utiliza o capital natural. O capital cultural decidir como ser usado o capital
natural para criar o capital manufaturado. Do ponto de vista sistmico, eles so
claramente inter-relacionados, pois todos se referem a adaptaes para lidar com os
sistemas naturais dos quais os sistemas humanos so uma parte e dos quais
depende sua manuteno.
Cabe salientar que as relaes entre o ser humano e o ambiente podem ser
consideradas em seu aspecto co-evolutivo e suas interferncias contnuas e
recprocas. Para a economia ecolgica os subsistemas humanos locais constituemse num ponto de partida relevante para a discusso de tais processos co-evolutivos
(BERKES; FOLKE, 1992). Outro ponto relevante para a economia ecolgica,
segundo Berkes e Folke (1992) a diversidade cultural, a qual implica em
diversidade de adaptaes ao ambiente, em diversidade de vises de mundo,
filosofias e ticas subjacentes.
Progressos significativos tm sido alcanados no campo da economia ecolgica no
sentido de esclarecer as relaes entre ser humano e natureza. Claramente, a viso
de Economia Ecolgica apresentada em especial por Berkes e Folke (1992) a insere
em abordagens prprias de EH em seus aspectos relacionados GA, em
concordncia com as proposies do presente trabalho.
Ecologia Histrica
Pela Ecologia Histrica, Bale e Erickson (2006) introduzem a paisagem em estudos
de EH que relacionamos GA. Para esses autores, a paisagem caracteriza-se como
histrica, uma instncia fsica multidimensional, que possui caractersticas tanto
espaciais como temporais e que tm sido modificadas pela atividade humana. De
acordo com esses autores, a cultura est imersa e inscrita na paisagem em um
padro no casual, freqentemente mesclando resultados de aes de populaes
humanas presentes e passadas. A paisagem considerada como o produto do
encontro entre natureza e cultura e se constitui no objeto central da ecologia
histrica. Prticas so mantidas ou modificadas, decises so tomadas, idias
tomam forma e a paisagem retm as evidncias fsicas dessas atividades mentais. A
paisagem onde as pessoas e o ambiente podem ser vistos como uma totalidade,
ou seja, como uma unidade de estudo e anlise multi-escalar, diacrnica e holstica.
Essa abordagem enfatiza as atividades humanas no ambiente ao longo de grandes
perodos de tempo, o que contribui para compreender a heterogeneidade das
paisagens ao longo das regies do mundo e para acessar as relaes histricas
entre a diversidade biolgica e a diversidade tecnolgica, lingstica e de outros
aspectos da cultura.
Cada um dos principais ambientes da Terra tem uma histria humana nica e
freqentemente complexa envolvida na paisagem local e regional (BALE;
ERICKSON, 2006). Compreender o papel humano na criao e manuteno dessa
unicidade o objetivo central da Ecologia Histrica. Como conseqncia, a Ecologia
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Metodologias
A escolha da metodologia a ser adotada deve ser definida caso a caso, conforme o
tema em questo se relacione com uma ou mais reas dentro da EH. A coleta de
dados pode envolver entrevistas (estruturadas, semi-estruturadas e no
estruturadas), discusses individuais ou em grupos, observao participante ou
pesquisa participante, entre outros mtodos. Cabe ressaltar a interdisciplinaridade
dos mtodos, tcnicas e conceitos empregados, especialmente naqueles trabalhos
relativos s etnocincias: histria oral (histria); observao participante
(antropologia), grupo focal (psicologia social), pequisa-ao (sociologia), paisagem
(geografia), diagramas de Venn (matemtica), teste projetivo (psicologia), anlise
componencial (lingstica) e ndices de diversidade (ecologia) (MARQUES, 2002).
Estudos de EH que se referem dieta humana podem envolver coletas especficas
de dados, como antropometria, recordatrios de consumo e eventuais coletas de
alimentos. Conforme a natureza do estudo, espcimes animais ou vegetais tambm
podero ser coletados e conservados e identificados de acordo com metodologias
prprias, o que ocorre com maior freqncia em estudos das etnocincias. Destacase tambm a importncia da pesquisa documental e bibliogrfica. Em todos esses
casos, a anlise dos dados pode tanto ser qualitativa como quantitativa (MARQUES,
2001; AMOROZO et al., 2002; PERONI, 2002; HANAZAKI, 2004).
Em praticamente todos os estudos em EH que podem ser empregados para o
conhecimento da GA local cabe destacar a importncia da metodologia geradora de
dados proposta por Posey (1986). Nesta, Posey (1986) salienta que os informantes
devem ser considerados pelo pesquisador como sendo especialistas locais; devem
ser considerados como autoridades em sua rea de conhecimento. Alm disso, nas
entrevistas, esses informantes devem conduzir os assuntos, dirigindo a conversa
que deve tanto quanto possvel evitar perguntas, especialmente as que contenham
conceitos com significados dentro da cultura do pesquisador e no necessariamente
para o informante (POSEY, 1986). preciso considerar tambm as diferenas de
saberes entre os habitantes locais, entre gneros e idades. Algumas poucas
pessoas mais velhas podem ser elementos-chave na preservao de conhecimentos
locais e os especialistas em um dado assunto costumam ser reconhecidos e
indicados pelos habitantes locais e devem ser considerados em propostas de
conservao dos recursos e de valorizao do conhecimento local (HANAZAKI,
2004; RODRIGUES, 2006). A busca do saber, tal como compreendido e
desenvolvido pela cultura local, e no do ponto de vista do pesquisador a
caracterstica mais forte das etnocincias aplicvel a todo estudo em EH que
pretenda compreender a GA local.
A Economia Ecolgica e a Ecologia Histrica utilizam ainda referenciais
metodolgicos das suas disciplinas de origem. A Economia Ecolgica utiliza
metodologias da ecologia e da economia, como a anlise multicriterial, teoria geral
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Consideraes Finais
Uma questo essencial emerge quando revemos os temas e discusses abordados
e desenvolvidos no presente trabalho. Constata-se na literatura, tanto de GA como
de EH, a terminologia Manejo Ambiental relacionada a vrios dos aspectos aqui
referidos como de GA. Do portugus para o ingls, ambas so traduzidas como
enviromental management. Ressaltamos, entretanto, que em portugus, o termo
gesto refere-se estritamente ao verbo gerir (HOUAISS, 2001), com significado de
administrar, referindo-se ao planejamento e tomada de decises. O termo manejo,
em portugus, embora tambm possa ser considerado sinnimo de gesto, tem
outros significados mais recorrentes, estranhos ao sentido proposto de planejamento
e tomada de decises (HOUAISS, 2001).
Pelos contedos que apresentamos e discutimos, ressaltamos a importncia de
alar o planejamento e as tomadas de deciso relativas ao uso de recursos naturais
pelas populaes locais ao termo gesto em seu sentido especfico, o qual enfatiza
o carter decisrio e abrangente envolvido na GA local. J a terminologia manejo
ambiental ser melhor utilizada quando se referir ao conjunto de atividades
decorrentes de tomadas de deciso mais amplas ao nvel da GA. Ou seja, o manejo
ambiental parte integrante do processo de GA.
Destacamos tambm a importncia e extenso da GA local em contraposio
viso predominante de que a GA s ocorre em nvel profissional e institucional.
Ressaltamos ainda, a convergncia existente de temas e enfoques relevantes tanto
para a EH como para a GA. Acreditamos ter demonstrado que teorias e mtodos da
EH evidenciam nveis de interao do ser humano com o ambiente, relevantes para
a compreenso da GA local e, at mesmo, da GA em outros nveis.
Referncias
ADAMS, C.; MURRIETA, R.; NEVES, W. (org.) Sociedades caboclas amaznicas:
modernidade e invisibilidade. So Paulo: Annablume, 2006.
BALE, W. Transformao da paisagem e mudana da lngua: um estudo de caso
em ecologia histrica amaznica. In: ADAMS, C.; MURRIETA, R.; NEVES, W. (org.)
Sociedades caboclas amaznicas: modernidade e invisibilidade. So Paulo:
Annablume, 2006. p. 45-66.
BALE, W; ERICKSON, C.L. Time and complexity in historical ecology: studies
in the neotropical lowlands. New York: Columbia University Press. 2006.
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RESUMO
A Gesto Ambiental (GA) geralmente refere-se a procedimentos e aes realizados em
instituies, sejam essas pblicas, privadas ou ainda do terceiro setor. Apesar da
importncia que as organizaes vm adquirindo na vida humana contempornea, h uma
dimenso da GA que ocorre em nvel local, fora de instituies formais, praticada pelas
pessoas, grupos familiares e populaes locais em sua prtica imediata e cotidiana. Tal GA
est diretamente relacionada ao uso de recursos naturais em busca da sobrevivncia
(manuteno e reproduo fsica e cultural), incluindo maior ou menor insero no mercado,
e seu impacto sobre o ambiente. No presente trabalho, assume-se que as teorias e mtodos
de Ecologia Humana (EH) evidenciam nveis de interao entre os seres humanos e o
ambiente relevantes para a compreenso da GA local e(ou) regional. Em diversos trabalhos
de EH constata-se a importncia das decises locais de uso de recursos naturais para o
equilbrio dinmico entre natureza e seres humanos. Para a caracterizao da GA local a
EH recorre ao estudo dos modos de produo e sistemas de subsistncia, aos sistemas de
parentesco, residncia e territorialidades a eles associadas, bem como a estudos de
percepo ambiental e etnocincias, incluindo escolhas alimentares. Cabe destacar ainda a
contribuio de outras reas com estudos de EH, como a Economia Ecolgica e, mais
recentemente, a Ecologia Histrica. Como considerao final, ressalta-se a importncia de
alar o planejamento e as tomadas de deciso relativas ao uso de recursos naturais pelas
populaes locais ao nvel da gesto em seu sentido especfico, o qual enfatiza o carter
decisrio e abrangente envolvido na GA local.
Palavras-chave: Gesto Ambiental. Gesto Ambiental Local. Ecologia Humana.
Etnocincias. Conhecimento Local. Manejo Ambiental.
ABSTRACT
Environmental Management (EM) generally refers to procedures and actions carried through
public, private or non governmental institutions. No matter the increasing importance such
institutions have for contemporary human life, there is an aspect of EM which occurs at the
local level, not within the formal institutions, which is carried out by individuals, family groups
and local populations in their immediate and daily life. Such EM is directly referred to the use
of natural resources for survival (physical and cultural maintenance and reproduction),
including greater or minor insertion in the market, and its impact on the environment. In this
work, the authors assume that the Human Ecology (HE) theories and methods evidence
different levels of interaction between human beings and the environment, which are relevant
for understanding local and/or regional EM. Many works in HE report the relevance of the
local decisions about the use of natural resources for dynamic equilibrium between nature
and mankind. For local EM characterization, HE studies mode of production and subsistence
systems, kinship systems, residence and territoriality associated to them, as well studies
environmental perception and etno-sciences, and food choices. It is outlined the
contributions of other areas which deal with HE, such as Ecological Economics, and, more
recently, Historical Ecology. As a final remark, it is outstanding the importance of raising the
planning and decision-making related to the use of natural resources by local populations, up
to the level of executive management in its strict sense, which emphasizes the decisional
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and inclusive characteristics involved in the local EM (in Portuguese: Gesto Ambiental
instead of Manejo Ambiental).
Key words: Environmental Management. Local Environmental Management. Human
Ecology. Etno-sciences. Local Knowledge. Environmental Management.
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