43 - Ervas
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Curso de Umbanda
ERVAS
Alfazema
Sem Erva não tem Axé. Está aí a regra número um nos cultos de origem afro.
Se a mata possui uma alma além do mistério esta é a folha, que a mantém viva pela
respiração, que a caracteriza pela cor e aparência, que sombreia seu solo permitindo, através
do frescor, a propensão à semeadura.
“Kosi ewe, kosi Orisa”, diz um velho provérbio nagô: "sem folha não há Orixá", que pode
ser traduzida por "não se pode cultuar orixás sem usar as folhas", define bem o papel das
plantas nos ritos.
O termo folha (ewe) tem aqui um duplo sentido, o literal, que se refere àquela parte dos
vegetais que todos nós conhecemos, e o figurado, que se refere aos mistérios e encantamentos
mais íntimos dos Orixás.
Mas o que isto tem a ver com o Orixá? É que o culto aos deuses nagôs se ergue a partir de
três ewes: o conhecimento, o trabalho e o prazer, um amálgama de concentração e
descontração passível apenas de ser vivido, jamais de ser entendido em sua largueza e
profundidade.
O ewe do conhecimento é aquele que manipula os vegetais, conhece suas propriedades e
as reações que produzem quando se juntam, é também aquele que conhece os encantamentos,
sem os quais as energias, para além da química, não se desprendem dos vegetais.
O ewe do trabalho é aquele que, na disciplina e aparente banalidade do cotidiano da
comunidade de terreiro, vai "catando as folhas" lançadas aqui e ali, pela observação silenciosa
e astuciosa, com as quais vai construindo seu próprio conhecimento; sem o mínimo de
"folhas" necessárias não se caminha sozinho. Só se dá "folha" a quem é digno e sabe guardar,
a quem trabalha, a quem é presente. Só cata "folha" quem tem a sagacidade de entender a
linguagem dos olhares.
O ewe do prazer é aquele que produz boa comida, boa conversa, boa música e boa dança,
todas quatro povoadas de folhas e "folhas" para quem tem olhos de ver. O Orixá só vive se for
alimentado, só agradece pela comunhão, só se mostra pela dança, só se apresenta pela alegria
da música e só fala por ewe. Sem ewe não se entende os Orixás.
NÃO EXISTE ORISÁ SEM FORÇA DA NATUREZA.
1
Falar das folhas no culto afro-brasileiro é muito complexo, pois
nas diversas nações que existem dentro do culto, as folhas recebem
nomes e funções diferentes.
As folhas de determinado orixá entram também no culto de outro,
pois existem combinações de folhas de um orixá para o outro.
A nomenclatura das folhas, tanto em português quanto em yorubá,
varia muito, mas vamos destacar os nomes mais populares. Manjericão
Os pajés utilizavam ervas medicinais e rezas para afastar maus
espíritos, esta prática tornou-se cada vez mais usual, porém com o aumento da população, os
Portugueses começaram a enviar mais missionários e médicos para interromper estas práticas, e a
população começou a procurar os pajés em menor freqüência e as escondidas.
Muitas mulheres desta época se interessaram pelas ervas medicinais que os pajés utilizavam, e por
não conhecer as rezas que eles faziam misturavam rezas de santos Católicos com estas ervas
criando-se assim as famosas rezadeiras e curandeiras do Brasil. Por isso que a influência indígena é
tão forte na Umbanda, com seus Caboclos, entidades representantes destes índios que aqui estavam
quando os colonizadores chegaram.
Existem diversas folhas com diversas finalidades e combinações, nomes e considerações dos
nomes, fato que muito impressiona a quem as manipulam dentro de Axé. Temos que ter muita
consciência de como usá-las para que não sejamos pegos de surpresa por energias que são
invocadas quando a maceramos, quando colocamos o sumo da Erva em contato com nosso corpo,
quando a colhemos. Porém folha é para trazer energias boas e positivadas, tirar energias ruins e
maléficas em muitos casos, trazer resposta de algo se é necessário para o individuo que a usa.
As plantas são usadas para lavar e sacralizar os objetos rituais, para
purificar a cabeça e o corpo dos sacerdotes nas etapas iniciáticas, para
curar as doenças e afastar males de todas as origens. Mas a folha ritual
não é simplesmente a que está na natureza, mas aquela que sofre o
poder transformador operado pela intervenção de Ossãe, cujas rezas e
encantamentos proferidos pelo devoto propiciam a liberação do axé
Peregum nelas contido. Há algumas décadas a floresta fazia parte do cenário e as
folhas estavam todas disponíveis para colheita e sacralização. Com a
urbanização, o mato rareou nas cidades, obrigando os devotos a manter pequenos jardins e hortas
para o cultivo das ervas sagradas ou então se deslocar para sítios afastados, onde as plantas podem
crescer livremente. Com o passar do tempo, novas especializações foram surgindo no âmbito da
religião e hoje as plantas rituais podem ser adquiridas em feiras comuns de abastecimento e nos
estabelecimentos que comercializam material de culto. Exemplo maior, no Mercadão de
Madureira, no subúrbio do Rio de Janeiro, pródigo na oferta de objetos rituais, vestimentas e
ingredientes para o culto dos orixás, mais de vinte estabelecimentos vendem, exclusivamente, toda
e qualquer folha necessária aos ritos. Bem longe da natureza.
O elemento vegetal é muito importante para a manutenção e
equilíbrio dos seres vivos. Através de processos variados os
vegetais retiram o Prana da natureza, seja através do Sol, da Lua,
dos planetas, da terra, da água, etc. São, portanto, grandes reservas
de éter vital e que através dos tempos, o ser humano, descobriu
estas propriedades. Usamos os vegetais, desde a alimentação até a
magia, sempre transformando a energia vital, através de processos Abre Caminho
e rituais.
2
EFEITO DA LUA:
Lua Nova:
Esta fase lunar caracteriza-se pela “ausência” da lua.
É a primeira fase da quinzena positiva, pois o éter vital
concentra-se na parte superior do vegetal, isto é, nas
folhas, frutos, flores e caules superiores. Assim, é uma
das fases propícias para a colheita de elementos vegetais.
Lua Crescente:
É a fase complementar, ou segunda fase da quinzena
positiva. O éter vital, ou corrente Prânica, ainda está nas
Sementes, cascas e raízes folhas, flores e frutos. Está se dirigindo das extremidades
das plantas para o seu centro.
Lua Cheia:
É a fase que está na quinzena negativa, não sendo o
melhor ciclo para a colheita de ervas, para efeitos
ritualísticos, pois o Prana ou éter vital está no caule
principal e dirige-se às raízes, para completar o ciclo.
Lua Minguante:
Nesta fase lunar, o Prana concentra-se na raiz,
vitalizando-a, permitindo que ela extraia os nutrientes
necessários do solo.
Não é uma fase propícia para a colheita de ervas, pois está
na quinzena negativa.
3
COLETA:
Se for possível coletar pessoalmente as ervas, o melhor horário será logo ao amanhecer.
Pede-se licença ao Orixá Ossãe e Oxossi, pois esses são, respectivamente, os Orixás das
plantas e ervas medicinais e ritualísticas e o Senhor das matas e florestas em geral.
É importante, que no instante em que forem retirar as ervas, mentalizem e peçam para
que, na finalidade desejada, possam usufruir todas as energias, que estão contidas nestes
vegetais.
O BANHO DE ERVAS:
O banho de ervas, até como tratamento, não é de religião alguma, é da própria natureza.
Se na Umbanda o utilizam, é porque os próprios espíritos desencarnados que se apresentam
como pretos-velhos, caboclos, crianças etc., conhecem esses princípios e os utilizam
largamente. Seus princípios iniciáticos estão relacionados a eles, mas não pode ser esse o
motivo da não utilização correta e digna da energia vegetal também pelos espíritas.
As ervas detêm grande quantidade de Axé (Energia mágico-universal, sagrada) quem bem
combinadas entre si, detém forte poder de limpeza da aura e produzem energia positiva.
Um banho, com o Axé das ervas dos Orixás, age sobre a aura eliminando energias
negativas, produzindo energias positivas.
Um banho de ervas reúne as ervas adequadas a cada caso, agindo diretamente sobre esses
distúrbios, eliminando os sintomas provocados pelo acúmulo de energias negativas.
Medicinas como a Ayurvédica (hindu), a chinesa, a tibetana, o xamanismo, a medicina
alopática e a homeopatia fazem uso desses recursos naturais há tempos. O uso correto e ético
opera verdadeiros "milagres da natureza".
Podemos usar a energia da natureza como auxílio no tratamento de depressões, insônia,
ansiedade, angústia e uma série de doenças crônicas.
Com bom senso e é claro, com o acompanhamento médico necessário, tratando o espírito
e o corpo (já que as doenças se propagam do perispírito para o corpo físico), nós todos
podemos crescer como médiuns e espíritos mais conscientes, e por isso mesmo, mais abertos
e livres.
A DEFUMAÇÃO:
No dicionário, defumar significa "queima, esp. sobre brasas, de ervas, resinas e raízes
aromáticas (alecrim, benjoim, alfazema etc.) para perfumar ambientes; 2.1 essa mesma
queima usada para espantar malefícios e atrair boa sorte".
O que o dicionário não diz é que a Ciência está em se utilizar dos princípios ativos das
plantas e de suas correlações energéticas para transformar padrões e registros densos em sutis,
alterando toda a vibração do ar e da energia do ambiente. O fogo também tem seu aspecto
eólico que fica impregnado pelos vegetais colocados sobre a brasa.
Esse conhecimento é muito antigo e até hoje é utilizado pela Igreja, pelos umbandistas,
rosa-cruzes, taoístas, tibetanos etc. Na Grécia Antiga, os sacerdotes tinham predileção pelas
folhas de louro e no Antigo Egito pela Artemísia, entre outras. As ervas utilizadas ordenam as
novas energias.
4
SACUDIMENTOS E DESCARREGOS:
As ervas também são usadas na forma de ramas e galhos que são “batidos” nas pessoas,
residências e até mesmo objetos, com o objetivo de desprender as cargas negativas e larvas
astrais que possam estar aderidas a estes.
Quando feito numa residência deve ser feito batendo as folhas nos cantos opostos de cada
cômodo, fazendo um “X” no cômodo. Começa-se do cômodo mais interno para o mais
externo do imóvel.
Quando feito em uma pessoa ou objeto, faz-se em cruz na ordem: frente, costas, lado
direito e lado esquerdo.
As folhas depois de usadas devem ser partidas e despachadas junto a algum lugar de
vibração da natureza, de preferência direto sobre o solo.
De uma forma geral, toda erva, toda folha, pertence à Ossãe! Segundo a mitologia
africana, Yansã achando isso injusto, usou seus ventos para espalhar as ervas e desse modo
cada Orixá poderia apanhar as que lhe interessasse. Contudo o conhecimento sobre o uso de
cada uma delas pertence somente a Ossãe!
Ossãe é a folha em si mesma, seus mistérios, seus ingredientes que podem salvar ou
matar, acalmar ou enlouquecer, elucidar ou alucinar. Ossãe é o movimento da inteligência
humana, é o âmago das ciências médicas com suas “folhas” sintéticas, seus aparatos que vão
muito além das possibilidades dos sentidos. Por isso se canta ao se colher folhas na mata, para
propiciar nas folhas o que os olhos não vêem, para lembrar que a mistura de folhas escolhidas
é fruto de um ato pensado.
A mata aos olhos do nagô é um convite à reflexão e a purificação e não um objeto de
manipulação. Não se entra na mata sem antes pedir licença e presenteá-la, a mata é, antes de
tudo, um deus vivo e com vontade própria, aliado com o resto da Natureza.
Só se encontra na mata aquilo que a mata mostra, portanto é preciso conversar, dialogar,
entrar num acordo. Não se entra na mata em vão, não se pega mais folhas do que o preciso,
não se caça o desnecessário, não se acende vela, não se usa vasilha que não seja feita de folha,
não se destrói, não se suja, não se maltrata.
A importância de Ossãe é tal que nenhuma cerimônia pode ser realizada sem sua
interferência.
7
Yemanjá Colônia, Golfo de Baronesa, Pata de Vaca, Rama de Leite, Jarrinha, Abebê,
Bredo sem Espinho, Alfavaquinha, Malva Branca, Capela, Folha de Neve
Branca, Manjericão Branco, Embaúba. (Em algumas casas: aguapé,
lágrima de nossa, araçá da praia, flor de laranjeira, guabiroba,
jasmim, jasmim de cabo, jequitibá rosa, malva branca,
marianinha - trapoeraba azul, musgo marinho, nenúfar, rosa
branca, folha de leite).
ERVAS E USOS:
As ervas também tem propriedades energéticas próprias independentes dos orixás a que
pertencem, seu uso deve sempre seguir a recomendação dos guias ou dirigentes da casa.
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O PODER DAS ERVAS, SEGUNDO O ESPÍRITO ANDRÉ LUIZ - DO LIVRO NOSSO LAR:
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OBSERVAÇÕES:
Você Aprendeu:
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Qual a utilização das Ervas na Umbanda.; O efeito da lua sobre as ervas; A colheita e uso em banhos, defumações e sacudimentos; Quais são
as ervas de cada Orixá; O uso de algumas ervas para finalidades diversas; A explicação da função e efeito das ervas de acordo com o
espiritismo;
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