Fases de Porchat e o Naopirronismo
Fases de Porchat e o Naopirronismo
Fases de Porchat e o Naopirronismo
entre as teorias filosficas que ele pode exercer sua deciso pragmtica do silncio, de
afastar-se da filosofia e passar a escutar o Mundo. A viso comum como que se lhe
imps espontaneamente; em suas palavras: (...) sem nenhuma adeso ou deciso de
minha parte. Que no exprime adeso a teoria ou preferncia por doutrina (...). Seria
como um mobilirio padro da experincia humana no Mundo (p. 112). Porchat
reconhece que o lugar comum o nico lugar em que, diante da suspenso do juzo,
podemos, de certa forma, continuar a viver e agir. Seria como uma anterioridade
metafsica que estivesse presente na espcie humana e que fizesse parte de toda e
qualquer realidade do Mundo Humano, de forma atemporal. Ele no diz exatamente
quais so essas experincias comuns, mas, enquanto experincias comuns espcie
humana, entende-se como aquelas que pertencem nossa natureza e que, assim,
independente do discurso, da razo e da teoria.
Dentre as crticas que Bento Prado faz promoo filosfica do senso comum, est a
generalizao e reduo, feitas por Porchat, de que as filosofias dogmticas so todas
idealistas, como no exemplo dado pelo prprio Porchat no Prefcio, em que admira a
sabedoria da jovem trcia ao zombar de Tales, por ele se preocupar mais pelas coisas
celestes ao invs de se ater ao que lhe ocorria, trazendo a anedota de Tales - sendo ele
considerado o pai da Filosofia -, como a constatao da alienao em que a filosofia se
encontra, por ter, desde o incio, renegado e esquecido o Mundo. Bento Prado tambm
percebe uma influncia, em Porchat, de certo mentalismo por ele aceitar certos atos de
conscincia, como diz Bento Prado (p. 62):
(...) Amparado no alegado realismo do senso comum, o filsofo antiidealista
afirma a existncia de rios e de montanhas, assim como de mesas, cadeiras,
etc. Realismo que nada tem de materialista ou de comportamentista, j que
aceita, igualmente, a existncia de atos da conscincia ver, ouvir, lembrar,
imaginar, etc. E que implica, tambm, numa crena a respeito do modo de
articulao entre objetos materiais e atos de conscincia.
acredita encontrar, j dado, um sistema completo de teses e enunciados: tratase de um senso comum verdadeiramente ortodoxo. (...) Se a filosofia
inventa a ingenuidade do senso comum, ela pode tambm inventar sua
sabedoria, ou sua espontnea afinidade com a verdade.
Assim, diante das crticas de Bento Prado, Porchat reconhece a fragilidade de seu
posicionamento anterior e que, de fato, j vinha fazendo uma reinterpretao do
ceticismo pirrnico. Nesta nova fase, ele reconhecer a importncia que a jornada ctica
tem na defesa de seu posicionamento da viso comum, que agora corroborada pela
ideia de fenmeno, entendida enquanto um critrio de ao da vida cotidiana, ausente de
dogmatismos, que se atm apenas quilo que nos aparece; como tambm trar o
naturalismo da interpretao pirrnica. Em suas palavras: Em verdade, tudo se passa
no pirronismo como se a suspenso do juzo e o naturalismo fossem o verso e o
reverso de uma mesma moeda. O pirronismo um naturalismo (p.136). Assim, no
Neopirronismo, a viso comum, entendida como um imobilirio padro da espcie
humana,
possvel,
porque
ela
faz
parte
desse
naturalismo
percebido
REFERNCIA
PRADO Jr, Bento; PERREIRA, Oswaldo P.; FERRAZ Jr, Trcio S. A Filosofia e a
Viso Comum do Mundo. So Paulo: Editora Brasiliense, 1981.