Manual Biodigestao
Manual Biodigestao
Manual Biodigestao
EM BIODIGESTO
Verso 2.0
Fevereiro/2008
Organizao:
Elaborao:
Agradecimentos:
Financiamento:
Este manual foi elaborado com o apoio da Agncia dos Estados Unidos para o
Desenvolvimento Internacional (USAID), atravs dos programas Energia
Produtiva, IRES (Market Development for Biodigestion in Brazil) e Energia
Renovvel & Desenvolvimento.
Tabela de Abreviaturas
EMATER
GEE
GLP
NERG
pH
PV
PVC
TRH
UFPB
VB
VC
ii
ndice
1.
Introduo ........................................................................................ 1
2.
Benefcios do biodigestor ..................................................................... 2
3.
O que um biodigestor?...................................................................... 3
4.
Histrico dos biodigestores no Brasil...................................................... 4
5.
Manejo do solo: uso de biofertilizante.................................................... 6
5.1
Solos e nutrio de plantas ............................................................... 6
5.2
Biofertilizante ................................................................................. 6
6.
Energia renovvel: o biogs ................................................................. 7
7.
Saneamento ambiental........................................................................ 9
8.
Dimensionamento e instalao de biodigestores .................................... 10
8.1
Dimensionamento do biodigestor ..................................................... 10
8.2
Procedimentos para instalao do biodigestor.................................... 13
8.3
Conduo do biogs....................................................................... 14
8.4
Operao diria............................................................................. 14
8.5
Adaptao de equipamentos para o funcionamento a biogs................ 14
8.5.1
Adaptao dos queimadores superiores do fogo a gs.................... 14
8.5.2
Adaptao do motor estacionrio gasolina de quatro tempos ......... 15
9.
Medidas de segurana ....................................................................... 17
10.
Referncias...................................................................................... 18
Lista de Figuras
Figura 1: Benefcios do biodigestor ................................................................. 2
Figura 2: Esquema do biodigestor em manta impermevel ................................. 4
Figura 3: Modelos de biodigestores ................................................................. 5
Figura 4: Aplicao do biofertilizante ............................................................... 7
Figura 5: Massa de esterco, sem cama, expressa em toneladas (ton), produzida por
ano por 450 kg de peso vivo (PV) ................................................................. 10
Figura 6: Planta de topo da escavao e dimensionamento da manta. ................... 11
Figura 7: Dreno.......................................................................................... 13
Figura 8: Manejo dirio do biodigestor........................................................... 14
Figura 9: Adaptao de queimador para biogs............................................... 14
Figura 10: Adaptao de motor estacionrio a gasolina para biogs ................... 15
Lista de Tabelas
Tabela
Tabela
Tabela
Tabela
Tabela
Tabela
Tabela
Tabela
1:
2:
3:
4:
5:
6:
7:
8:
Composio do biogs..................................................................... 8
Potencial de reduo da contaminao atravs da biodigesto .............. 9
Planilha de clculo do volume de carga ............................................ 11
Dimensionamento do biodigestor de acordo com o volume ................. 11
rea total e preo da manta de laminado de PVC flexvel.................... 12
Potencial de produo de biogs a partir de dejetos animais ............... 12
Clculo da produo de biogs ....................................................... 12
Especificaes tcnicas para adaptao de motores ........................... 16
iii
1. Introduo
A escassez de fontes energticas para fins produtivos, coco, resfriamento,
aquecimento e iluminao um grave problema enfrentado pelos produtores rurais.
A lenha a fonte de calor mais comum para uso na cozinha, mas um recurso
escasso e que deve ser preservado. O desmatamento agrava a seca, a perda de
solo por eroso e coloca em perigo a flora e a fauna do ecossistema. Alm disso, a
queima de lenha para uso domstico causa graves problemas de sade,
principalmente em mulheres e crianas, que ficam expostas diariamente fumaa.
A aquisio de gs liquefeito de petrleo (GLP), ou gs de cozinha, representa um
item de custo significativo no oramento familiar. J o uso de querosene para
iluminao, alm do alto custo, tambm polui o ar dentro de casa, enquanto as
pilhas usadas para rdios e outros fins, tm alto custo e causam poluio do solo e
da gua quando so descartadas.
As principais fontes de energia1 para consumo no segmento agropecurio do Brasil
so:
2. Benefcios do biodigestor
A biodigesto anaerbia (sem a presena de oxignio) permite o aproveitamento do
esterco animal para produo de biogs e biofertilizante, com benefcios no
aumento de produtividade, preservao do meio ambiente e na sade humana e
animal (Figura 1).
o
o
o
o
o
benefcios ambientais:
o reduo da emisso de gases causadores do efeito estufa (GEE);
o preservao da flora e fauna nativas. O biogs, como substituinte da
lenha reduz a necessidade do corte de rvores;
o reduo de odores desagradveis. Os odores provm principalmente
dos estgios secundrios da decomposio dos dejetos sob manejo
inadequado.
3. O que um biodigestor?
Biodigestor uma cmara fechada onde colocado material orgnico para
decomposio. Pode ser um tanque revestido e coberto por manta impermevel de
PVC, o qual, com exceo dos tubos de entrada e sada, totalmente vedado,
criando um ambiente anaerbio (sem a presena de oxignio).
Quanto forma de abastecimento, os biodigestores so classificados em: batelada
e contnuos. Os biodigestores em batelada recebem o carregamento de matria
Manual de Biodigesto Verso 2.0 Fevereiro/2008
Caixa ou Tonel
de Entrada
Biogs
Curral
Biofertilizante
Esterco
4
3
5
7
Biodigestor
Caixa de
Sada
macrominerais: N, P, K, Ca, Mg e S;
microminerais: B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo, Zn e Co.
de 1,5 a 2,0% de nitrognio (N), 1,0 a 1,5% de fsforo (P) e 0,5 a 1,0% de
potssio (K). Trata-se de um adubo orgnico, isento de agentes causadores de
doenas e pragas s plantas e contribui de forma extraordinria no
reestabelecimento do teor de hmus do solo, funcionando como melhorador de
suas propriedades qumicas, fsicas e biolgicas, que tem importante papel na sua
estruturao e fixao de nitrognio atmosfrico.
O biofertilizante apresenta caractersticas peculiares que o torna interessante para
uso agrcola:
0,61
0,58
0,55
litro de gasolina;
litro de querosene;
litro leo diesel;
0,45
1,50
0,79
litro gs de cozinha;
quilo de lenha;
litro de lcool hidratado.
do biogs 2
%
50 a 70
30 a 40
0 a 10
0a5
0a 1
0a1
0,3
7. Saneamento ambiental
A carga de microrganismos presentes no esterco um fator que deve ser
considerado na escolha dos procedimentos de manejo, visto a possibilidade de
transmisso de doenas entre animais do rebanho, animais de outras espcies e
at s pessoas (zoonoses).
O manejo inadequado dos dejetos produzidos na agropecuria pode causar danos
populao e ao meio ambiente, como por exemplo, os nveis de nitrato na gua e a
contaminao do meio com Escherichia coli e Cryptosporium. A reciclagem de
nutrientes do esterco dentro da propriedade tem em vista no somente o controle
da poluio ambiental, mas tambm a reduo de custos com a menor importao
de nutrientes, seja atravs da compra de fertilizantes, ou de alimentos.
A principal fonte de poluio no esterco o nitrognio (N), que pode ser perdido para o
ar, na forma de amnia, ou para os solos e a gua, na forma de nitrato. O fsforo (P)
tambm tem participao como poluente. Se o esterco sem tratamento adequado for
distribudo no solo saturado de P, contaminar as guas de superfcie e o lenol
fretico.
A contaminao dos lagos, audes e rios pelos dejetos, a infiltrao de gua
contaminada no lenol fretico e o desenvolvimento de moscas so exemplos de
poluio ambiental provocada pelo manejo inadequado dos excrementos.
Normalmente, os criadores costumam concentrar seus animais em instalaes
durante a noite, nas quais permanecem at 50% do tempo de sua vida. Em
sistemas intensivos de criao, o acmulo dos dejetos pode comprometer a
viabilidade ambiental, econmica e social do empreendimento. Nesse contexto,
gases nocivos podem provocar danos comunidade, atravs da emisso de odores
desagradveis e problemas de sade s pessoas e aos animais.
O acmulo de dejetos pode criar um ambiente propcio para proliferao de vetores
transmissores de doenas. Do ponto de vista sanitrio, os dpteros so
considerados os insetos mais importantes. As moscas domsticas (Musca
domestica) e varejeiras (Chrysomya spp.) so vetores da febre tifide, disenteria,
poliomielite, entre outras doenas. As moscas domsticas podem transmitir agentes
patognicos como vrus, rickettsias, protozorios, bactrias e helmintos, seja como
hospedeiro intermedirio ou transportadores mecnicos. A mastite tambm pode
ser transmitida pelas moscas, causando queda na produo e qualidade do leite.
Os altos nveis de bactrias do grupo coliformes na gua de consumo podem sujeitar a
propriedade a maiores taxas de incidncia de doenas nos animais, com conseqente
aumento da mortalidade, diminuio da produtividade e da qualidade dos produtos.
Com a passagem do contedo pelo biodigestor, da caixa de entrada para caixa de
sada, ocorre diminuio do efeito poluente do material, reduo dos coliformes
totais e fecais, alm eliminao de ovos e viabilidade das larvas infectantes de
endoparasitos (Tabela 2).
Tabela 2: Potencial de reduo da contaminao atravs da biodigesto 3
Organismos
Poliovirus
Salmonella spp.
Salmonella typhosa
Mycobacterium tuberculosis
Ascaris
Cistos de parasitos
Temperatura
(C)
35
2 a 37
22 a 37
30
29
30
Tempo de digesto
(Dias)
2
6 a 20
6
15
10
Destrudos
(%)
98,5
82-98
99
100
90
100
10
Caprino/ovino 6
Esterco
por animal
(kg)
A
0,5
Vaca
Quantidade
de animais
B
Total de
esterco
(kg)
C=AxB
Relao
esterco:gua
D
1:4 a 5
1:1
25
1:1
Bezerro
1:1
15
1:1
Suno7
1:1,3
Vaca leiteira 7
6
Boi
Volume
de gua
(m3) 5
E=CxD
Volume
da carga
(m3)
F=C+E
Total
L1 L2
5
6
7
Profundidade
(m)
1,0
1,0
1,4
1,5
1,5
Comprimento
maior C1 (m)
3,5
6,0
7,0
8,0
10,0
Largura maior
L1 (m)
1,2
2,0
2,5
3,0
3,5
Comprimento
menor C2 (m)
3,0
4,8
5,5
6,0
8,0
Largura menor
L2 (m)
0,7
0,8
1,0
1,0
1,5
11
Preo (R$) 8
712,00
1.127,00
1.640,00
2.104,00
2.666,00
Espcie
Caprino/ovino
Bovinos de leite
Bovinos de corte
Sunos
Frangos de corte
Poedeiras
Codornas
m3 de biogs/100 kg esterco
4,0-6,1
4,0-4,9
4,0
7,5-8,9
9,0
10,0
4,9
Item
Total de esterco/dia
Operao
Valor obtido na Tabela 3 C
Total de biogs/dia
Total de biogs/ms
Equivalncia em botijo
de 13 kg de GLP
Equivalente em energia
eltrica (kWh)
8
9
Unidade
kg
Valor
m3/dia
m3/ms
botijo/ms
kWh/ms
SANSUY (janeiro/2008).
Fonte: LUCAS JNIOR (2005) e QUADROS et al. (2007).
12
Figura 7: Dreno
13
Conduo do biogs
Para conduzir o gs na linha principal, usa-se tubo plstico flexvel de parede
grossa (mangueira preta) ou rgido PVC colvel (marrom-para gua), com o
seguinte dimetro:
a)
b)
14
ATENO
15
Funcionamento:
Observaes:
16
9. Medidas de segurana
17
10. Referncias
18