Manual Biodigestao

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MANUAL DE TREINAMENTO

EM BIODIGESTO

Verso 2.0
Fevereiro/2008

Organizao:

Andr de Paula Moniz Oliver (Instituto Winrock Brasil)

Elaborao:

Andr de Paula Moniz Oliver (Instituto Winrock Brasil)


Aurlio de Andrade Souza Neto (Instituto Winrock Brasil)
Danilo Gusmo de Quadros (Universidade do Estado da Bahia)
Renata Everett Valladares (Instituto Winrock Brasil)

Agradecimentos:

Edivaldo Jesus de Oliveira


Escola de Agricultura da Regio de Irec (ESAGRI)
Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrcola (EBDA)
Grupo de Apoio e de Resistncia Rural e Ambiental (GARRA)
SANSUY

Financiamento:

Agncia dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID)

Este manual foi elaborado com o apoio da Agncia dos Estados Unidos para o
Desenvolvimento Internacional (USAID), atravs dos programas Energia
Produtiva, IRES (Market Development for Biodigestion in Brazil) e Energia
Renovvel & Desenvolvimento.

As opinies aqui expressadas so dos autores e no refletem necessariamente os


pontos de vista da Agncia dos Estados Unidos para o Desenvolvimento
Internacional.

Manual de Biodigesto Verso 2.0 Fevereiro/2008

Tabela de Abreviaturas
EMATER
GEE
GLP
NERG
pH
PV
PVC
TRH
UFPB
VB
VC

Empresa de Assistncia Tcnica e Extenso Rural


Gases do Efeito-Estufa
Gs Liquefeito de Petrleo
Ncleo de Energia da UFPB
Potencial de Hidrognio
Peso Vivo
Policloreto de Vinila
Tempo de Reteno Hidrulica
Universidade Federal da Paraba
Volume do Biodigestor
Volume da Carga Diria

Manual de Biodigesto Verso 2.0 Fevereiro/2008

ii

ndice
1.
Introduo ........................................................................................ 1
2.
Benefcios do biodigestor ..................................................................... 2
3.
O que um biodigestor?...................................................................... 3
4.
Histrico dos biodigestores no Brasil...................................................... 4
5.
Manejo do solo: uso de biofertilizante.................................................... 6
5.1
Solos e nutrio de plantas ............................................................... 6
5.2
Biofertilizante ................................................................................. 6
6.
Energia renovvel: o biogs ................................................................. 7
7.
Saneamento ambiental........................................................................ 9
8.
Dimensionamento e instalao de biodigestores .................................... 10
8.1
Dimensionamento do biodigestor ..................................................... 10
8.2
Procedimentos para instalao do biodigestor.................................... 13
8.3
Conduo do biogs....................................................................... 14
8.4
Operao diria............................................................................. 14
8.5
Adaptao de equipamentos para o funcionamento a biogs................ 14
8.5.1
Adaptao dos queimadores superiores do fogo a gs.................... 14
8.5.2
Adaptao do motor estacionrio gasolina de quatro tempos ......... 15
9.
Medidas de segurana ....................................................................... 17
10.
Referncias...................................................................................... 18
Lista de Figuras
Figura 1: Benefcios do biodigestor ................................................................. 2
Figura 2: Esquema do biodigestor em manta impermevel ................................. 4
Figura 3: Modelos de biodigestores ................................................................. 5
Figura 4: Aplicao do biofertilizante ............................................................... 7
Figura 5: Massa de esterco, sem cama, expressa em toneladas (ton), produzida por
ano por 450 kg de peso vivo (PV) ................................................................. 10
Figura 6: Planta de topo da escavao e dimensionamento da manta. ................... 11
Figura 7: Dreno.......................................................................................... 13
Figura 8: Manejo dirio do biodigestor........................................................... 14
Figura 9: Adaptao de queimador para biogs............................................... 14
Figura 10: Adaptao de motor estacionrio a gasolina para biogs ................... 15
Lista de Tabelas
Tabela
Tabela
Tabela
Tabela
Tabela
Tabela
Tabela
Tabela

1:
2:
3:
4:
5:
6:
7:
8:

Composio do biogs..................................................................... 8
Potencial de reduo da contaminao atravs da biodigesto .............. 9
Planilha de clculo do volume de carga ............................................ 11
Dimensionamento do biodigestor de acordo com o volume ................. 11
rea total e preo da manta de laminado de PVC flexvel.................... 12
Potencial de produo de biogs a partir de dejetos animais ............... 12
Clculo da produo de biogs ....................................................... 12
Especificaes tcnicas para adaptao de motores ........................... 16

Manual de Biodigesto Verso 2.0 Fevereiro/2008

iii

1. Introduo
A escassez de fontes energticas para fins produtivos, coco, resfriamento,
aquecimento e iluminao um grave problema enfrentado pelos produtores rurais.
A lenha a fonte de calor mais comum para uso na cozinha, mas um recurso
escasso e que deve ser preservado. O desmatamento agrava a seca, a perda de
solo por eroso e coloca em perigo a flora e a fauna do ecossistema. Alm disso, a
queima de lenha para uso domstico causa graves problemas de sade,
principalmente em mulheres e crianas, que ficam expostas diariamente fumaa.
A aquisio de gs liquefeito de petrleo (GLP), ou gs de cozinha, representa um
item de custo significativo no oramento familiar. J o uso de querosene para
iluminao, alm do alto custo, tambm polui o ar dentro de casa, enquanto as
pilhas usadas para rdios e outros fins, tm alto custo e causam poluio do solo e
da gua quando so descartadas.
As principais fontes de energia1 para consumo no segmento agropecurio do Brasil
so:

leo diesel (58%);


lenha (26%);
energia eltrica (15%);
outros (1%).

No trinio 2002-2004, dados oficiais disponveis mostraram a elevao dos preos


pagos pela energia, de 30 a 50%, dependendo da fonte energtica. Os impactos da
elevao do custo de energia fazem-se sentir com maior intensidade no setor rural
de mais baixa renda, em geral, menos capitalizado e com menores condies de
arcar com essa elevao de custos, tanto no que diz respeito ao consumo
domstico, quanto para as atividades de produo.
O manejo inadequado dos dejetos um problema grave, freqentemente atuando
como vetor de doenas, contaminando a gua e o solo. No Brasil, freqente a
aplicao dos dejetos sem tratamento no campo. Essa prtica pode acarretar:

na queima das plantas;


poluio ambiental;
seqestro de nitrognio para decomposio da celulose (presente em grande
quantidade no esterco), causando deficincia nas plantas;
disseminar sementes de plantas daninhas;
conter microrganismos patognicos.

Entretanto, com o tratamento adequado, o esterco animal pode trazer importantes


benefcios para o produtor. A biodigesto anaerbia dos dejetos uma tecnologia
eficiente no aproveitamento de resduos agropecurios que contribui no
saneamento ambiental, produo de adubo para segurana alimentar e gerao do
biogs, usado como fonte energtica. Com isso, aumenta a produo agrcola,
permite a integrao das atividades agropecurias e a transformao dos produtos,
agregando valor, organizando a produo, beneficiando a conservao dos produtos
e melhorando a logstica.
ESPERANCINI et al. (2007), ao avaliarem o fornecimento de energia eltrica e
trmica a partir do biogs, para cinco domiclios e atividades produtivas da agrovila
do Assentamento de Trabalhadores Rurais, no municpio de Itaber, So Paulo, no
ano de 2005, obtiveram benefcios anuais no valor de R$ 3.698,00 e R$ 9.080,57,
1

Fonte: Balano Energtico Nacional (2005).

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nos biodigestores para os domiclios e produo, respectivamente; bem como o


equivalente a R$ 1.478,28 por ano, referentes produo de biofertilizante, sendo
que o custo anual do processo foi de R$ 1.218,50 em cada biodigestor e os prazos
de recuperao do investimento de 2,5 anos e 11 meses, para a produo de
biogs nos domiclios e na rea de produo, respectivamente.
A comunidade cientfica mundial e a populao tm discutido a mudana do modelo
energtico mundial, de energia fssil e nuclear para sistemas que incluam as
energias renovveis, alternativas e limpas. O debate internacional est pautado
pela necessidade de prticas sustentveis de aproveitamento dos recursos naturais
existentes e de medidas para reduzir a taxa de aquecimento global.

2. Benefcios do biodigestor
A biodigesto anaerbia (sem a presena de oxignio) permite o aproveitamento do
esterco animal para produo de biogs e biofertilizante, com benefcios no
aumento de produtividade, preservao do meio ambiente e na sade humana e
animal (Figura 1).

Figura 1: Benefcios do biodigestor


Entre os benefcios alcanados com a utilizao do biodigestor, destacam-se:

gerao de biogs, energia renovvel e limpa. Substituinte ao gs de cozinha, a


queima do biogs no desprende fumaa e no deixa resduos nas panelas,
facilitando a vida da agricultora dona de casa. A sua utilizao sistemtica
reduz os custos do gs, includo o produto, transporte e armazenagem.
O biogs pode ser utilizado, por exemplo, em:
o foges;
o secadores diversos;
o lampies;
o motores de combusto interna;
o geladeiras;
o conjuntos moto-bomba;
o campnulas;
o geradores de energia eltrica.
o chocadeiras;

produo de biofertilizante: o biofertilizante, material oriundo do esterco de


caprinos, ovinos, sunos, ou bovinos, aps ser fermentado no biodigestor,

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pode ser utilizado como adubo na produo de forragem para os animais e


de alimentos para as pessoas, aumentando o rendimento agrcola.
O biofertilizante apresenta alta qualidade, devido:
o

o
o
o
o
o

reduo do teor de carbono (C) do material. A matria orgnica


digerida libera o carbono na forma de metano (CH4) e dixido de
carbono (CO2);
ao aumento no teor de nitrognio (N) e demais nutrientes, em
conseqncia da liberao do carbono;
diminuio da relao carbono/nitrognio (C/N) da matria
orgnica, que melhora a utilizao agrcola;
maior facilidade da utilizao do biofertilizante pelos
microrganismos do solo, devido ao avanado grau de decomposio;
solubilizao parcial de alguns nutrientes, deixando-os mais
facilmente disponveis s plantas;
ao biofertilizante que tambm pode ser utilizado no controle pragas e
doenas de culturas agrcolas.

melhoria das condies de higiene para os animais e as pessoas. A limpeza


diria das instalaes para recolher o esterco e seu tratamento adequado
reduzem a contaminao do ambiente por microrganismos nocivos e
parasitos e reduz tambm a proliferao de moscas e mortalidade dos
animais, aumentando, conseqentemente, a produo de leite e o ganho de
peso, bem como a qualidade dos produtos.

benefcios ambientais:
o reduo da emisso de gases causadores do efeito estufa (GEE);
o preservao da flora e fauna nativas. O biogs, como substituinte da
lenha reduz a necessidade do corte de rvores;
o reduo de odores desagradveis. Os odores provm principalmente
dos estgios secundrios da decomposio dos dejetos sob manejo
inadequado.

benefcios sociais e econmicos:


o o biogs gera economia de GLP, leo diesel e lenha, alm da reduo
na demanda da produo e distribuio de energia eltrica;
o aumenta a produo e o tempo de conservao de alimentos;
o beneficia as mulheres do campo, as quais se queixam da
laboriosidade do corte de lenha, da limpeza das panelas e da cozinha,
enegrecidas fortemente pela fuligem, alm da dificuldade para
acender o fogo, no perodo mais mido.

tecnologia sustentvel: permite o mximo aproveitamento dos recursos


locais e integra as atividades rurais. A deposio de dejetos sem tratamento
pode comprometer o meio ambiente (solo, plantas, cursos dgua, lenol
fretico e o homem).

3. O que um biodigestor?
Biodigestor uma cmara fechada onde colocado material orgnico para
decomposio. Pode ser um tanque revestido e coberto por manta impermevel de
PVC, o qual, com exceo dos tubos de entrada e sada, totalmente vedado,
criando um ambiente anaerbio (sem a presena de oxignio).
Quanto forma de abastecimento, os biodigestores so classificados em: batelada
e contnuos. Os biodigestores em batelada recebem o carregamento de matria
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orgnica, que somente substitudo aps o perodo adequado digesto de todo o


lote. Os biodigestores contnuos so construdos de tal forma que podem ser
abastecidos diariamente, permitindo que a cada entrada de substrato orgnico a
ser processado, exista sada de material j tratado.
O processo de biodigesto anaerbia depende da ao de bactrias e ocorre em
trs fases: hidrlise ou reduo do tamanho das molculas; produo de cidos
orgnicos e produo de metano. O metano o principal componente do biogs e
no tem cheiro, cor, ou sabor, mas os outros gases presentes conferem-lhe ligeiro
odor de ovo podre ou alho. O peso do metano pouco mais que a metade do peso
do ar. O poder calorfico do biogs de 5.000 a 7.000 kcal/m3. Cada m3 de biogs
equivalente a: 0,55 L de leo diesel, 0,45 L de gs de cozinha, ou 1,5 kg de
lenha. Apesar de parecer complexo, este processo de fermentao ocorre
naturalmente e continuamente dentro do biodigestor, desde que o sistema seja
manejado corretamente.

Caixa ou Tonel
de Entrada

Biogs

Curral
Biofertilizante

Esterco
4
3
5
7
Biodigestor

Caixa de
Sada

Figura 2: Esquema do biodigestor em manta impermevel


No aproveitamento dos dejetos utilizando biodigestores, devem ser observados os
seguintes aspectos:
1. curral ou esterqueira com pavimentao para reduzir a quantidade de terra no
biodigestor;
2. caixa ou tonel de entrada, onde o dejeto misturado com gua antes de ser
colocado no biodigestor;
3. tubulao de entrada, permitindo a entrada da mistura no interior do
biodigestor;
4. biodigestor: revestido e coberto por manta plstica;
5. tubulao de sada de biofertilizante, levando o material lquido j fermentado
caixa de sada;
6. tubulao de sada de biogs, canalizando-o para fogo, motor, etc.;
7. caixa de sada: onde armazenado o biofertilizante at ser aplicado nos cultivos.

4. Histrico dos biodigestores no Brasil


Com a crise do petrleo na dcada de 70, os biodigestores foram trazidos para o
Brasil. Os principais modelos implantados foram o Chins e o Indiano (Figura 3),
quase que exclusivamente orientados para produo do biogs. Na regio nordeste,
foram implantados vrios programas de difuso dos biodigestores e a expectativa
era muito grande, mas os resultados no foram satisfatrios.

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Modelo de biodigestor Chins

Modelo de biodigestor Indiano

Modelo de biodigestor em manta de laminado de PVC


Figura 3: Modelos de biodigestores
Na Paraba, por exemplo, na dcada de 80, a EMATER (Empresa de Assistncia
Tcnica e Extenso Rural) conseguiu, atravs de convnio com o Ministrio de
Minas e Energia, implantar de cerca de 200 biodigestores em propriedades rurais
daquele estado. Segundo avaliao recente do NERG (Ncleo de Energia da UFPB),
deste universo de biodigestores implantados, apenas 4,6% esto em
funcionamento. Quase metade dos suinocultores da regio sul afirmou que a baixa
utilizao de biodigestores se deve a falta informao, enquanto o restante atribuiu
ao custo elevado o maior limitante replicao dessa tecnologia social.
Em retrospectiva, fica claro que a combinao de fatores tcnicos, humanos e
econmicos foi responsvel pelo abandono das iniciativas de divulgao da
tecnologia de biodigesto. Um dos motivos que dificultou a difuso dos
biodigestores foi a falta de nfase nos benefcios do biofertilizante, cujo valor na
produtividade agropecuria to importante quanto as vantagens do biogs. Outro
ponto foi quanto adaptabilidade dos modelos implantados. No modelo Indiano
que foi o mais difundido a campnula do biodigestor, quase na sua totalidade
confeccionada em ao, aumenta muito o custo e oxida com bastante facilidade,
exigindo manutenes constantes. Considerando o modelo chins, os maiores
problemas so de estanqueidade, pois, devido s caractersticas dos nossos solos e
clima, ocorrem constantes rachaduras em sua cpula, com conseqente perda de
gs. Faltam, ainda, esforos sistemticos de difuso, capacitao dos usurios e
assistncia tcnica aos produtores.

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A preocupao com meio ambiente concomitantemente aos avanos na legislao


ambiental, ateno poluio de recursos hdricos e medidas mitigatrias dos efeitos
das aes do homem sobre o clima global, tem despertado na populao um
interesse para produo de energias renovveis e biocombustveis. Portanto, os
biodigestores constituem-se em alternativa a ser implementada na agricultura
sustentvel.
Atualmente, o modelo de biodigestor mais difundido no Brasil aquele feito de
manta de PVC, de menor custo e fcil instalao, em relao aos modelos antigos e
com a vantagem de poder ser usado tanto em pequenas, quanto grandes
propriedades e projetos agro-industriais. O setor privado, contando com o apoio de
universidades e entidades de pesquisa, tem sido o responsvel no desenvolvimento
do mercado desse tipo de biodigestor.

5. Manejo do solo: uso de biofertilizante


Solos e nutrio de plantas
O solo consiste de slidos, de lquido e de uma mistura de gases, numa proporo
de 50, 15 e 25% respectivamente. A fase slida, constituda pelas fraes mineral e
orgnica do solo, o reservatrio de nutrientes para as plantas e regula a
concentrao dos elementos na soluo do solo.
A matria orgnica o resultado de transformaes sofridas por restos de plantas,
animais e microrganismos, tendo a relao C / N = 10/1, C / P = 100/1 e C / S =
100/1. A matria orgnica representa uma grande fonte de N para as plantas,
aumentam a capacidade de troca de ctions, aumentam a quantidade de poros,
tem papel na estrutura do solo e aumentam a capacidade de reteno de gua.
A adequada nutrio das plantas melhora a produo e a qualidade dos produtos
agrcolas que so fontes de alimentos. Os alimentos contm macro e
microelementos, protenas e vitaminas essenciais vida humana e outros
componentes funcionais que previnem doenas.
Os elementos essenciais so divididos em dois grandes grupos, dependendo da
quantidade exigida pelas plantas:

macrominerais: N, P, K, Ca, Mg e S;
microminerais: B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo, Zn e Co.

Na ausncia do elemento essencial, a planta no completa seu ciclo de vida. Os


sintomas de deficincia dos macronutrientes primrios (N, P e K) apresentados
pelas plantas so:

N: folhas amareladas, reduo no perfilhamento, senescncia precoce e


menor nmero de folhas verdes;
P: cor amarelada nas folhas, menor perfilhamento, nmero reduzido de
frutos e sementes, atraso no florescimento;
K: amarelecimento da margem das folhas, crescimento no uniforme das
folhas das plantas, murchamento e morte de gemas terminais, deformao
dos tubrculos, pequena frutificao ou produo de frutos anormais, com
pequena ou nula produo de sementes.
Biofertilizante

Aps a digesto anaerbica no interior do biodigestor, o material se transforma em


biofertilizante, que apresenta alta qualidade para uso agrcola, com teores mdios

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de 1,5 a 2,0% de nitrognio (N), 1,0 a 1,5% de fsforo (P) e 0,5 a 1,0% de
potssio (K). Trata-se de um adubo orgnico, isento de agentes causadores de
doenas e pragas s plantas e contribui de forma extraordinria no
reestabelecimento do teor de hmus do solo, funcionando como melhorador de
suas propriedades qumicas, fsicas e biolgicas, que tem importante papel na sua
estruturao e fixao de nitrognio atmosfrico.
O biofertilizante apresenta caractersticas peculiares que o torna interessante para
uso agrcola:

pH (potencial de hidrognio) em torno de 7,5: o biofertilizante funciona como


corretivo de acidez, liberando o fsforo e outros nutrientes para soluo do
solo. Alem disso, o aumento do pH dificulta a multiplicao de fungos
patognicos s culturas;
o biofertilizante tem grande aproveitamento na nutrio das plantas, pois
apresentam os nutrientes em formas facilmente absorvveis;
melhora a estrutura do solo, deixando-o mais fcil de ser trabalhado e
facilitando a penetrao das razes, alcanando camadas mais profundas,
proporcionando maior tolerncia das plantas a perodos secos;
melhora a agregao das partculas do solo, resistindo mais ao
desagregadora da gua, absorvendo-a mais rapidamente, evitando a eroso.
a estrutura mais porosa do solo adubado com biofertilizante, permite maior
penetrao do ar, na zona explorada pelas razes, facilitando sua respirao,
obtendo melhores condies de desenvolvimento da planta.
o biofertilizante tambm favorece multiplicao
das bactrias, dando vida a solos j degradados;
aumenta a produtividade das lavouras;
se o biodigestor for operado corretamente, o
biofertilizante est completamente estabilizado
na caixa de sada, ou seja no tem mais o perigo
de
fermentar,
logo
no
possui
odor
desagradvel, no poluente e no promove
condies de proliferao de moscas e outros
insetos.
diminui o poder germinativo de sementes de
plantas daninhas com a fermentao do material
no biodigestor, no havendo perigo de
disseminao nas lavouras;
reduz a presena de coliformes fecais dos
dejetos e elimina a presena e viabilidade dos
ovos dos principais vermes que parasitam o
Figura 4: Aplicao do
rebanho.
biofertilizante
Figura 4: Aplicao do biofertilizante
Na agricultura pode ser aplicado diretamente no solo em forma lquida ou seca.
Para aplicao direta nas plantas, coloca-se um 1 litro de biofertilizante para cada
10 litros de gua, passa-se a mistura por uma peneira fina e realiza-se a aplicao.
Os efeitos do biofertilizante no controle de pragas e doenas de plantas tm sido bem
evidenciados. Efeitos fungisttico, bacteriosttico e repelente sobre insetos j foram
constatados.

6. Energia renovvel: o biogs


O biogs uma combinao de metano, gs carbnico e outros constituintes
produzidos pela digesto anaerbica de hidrocarbonetos. Foi durante a revoluo
industrial, que comeou em meados do sculo XVIII, que foi descoberto o poder e a
versatilidade dos combustveis fsseis. A partir daquele perodo, o carvo, e logo
Manual de Biodigesto Verso 2.0 Fevereiro/2008

depois os combustveis derivados do petrleo (diesel, gasolina, GLP, querosene)


passaram a ocupar o primeiro lugar como fonte de energia. Hoje, 90% da energia
consumida no mundo de origem fssil.
Os combustveis fsseis so fontes de energia no-renovveis, ou seja, uma vez
esgotados, no tem volta. Alm disso, o carvo e o petrleo so altamente
poluidores, geram chuva cida, contaminam o ar, o solo, o mar, os rios e as guas
subterrneas durante o processo de extrao e como conseqncia dos freqentes
vazamentos, e produzem os gases de efeito estufa que contribuem para o
aquecimento global. Politicamente, h guerras e conflitos internacionais causadas na
briga pelo controle das fontes de petrleo.
Por todas essas razes, imprescindvel para a sustentabilidade do ser humano e
do nosso planeta ampliar o uso das energias renovveis, tais como energia solar,
elica, hidrulica e biomassa. As energias renovveis so provenientes de ciclos
naturais de converso da radiao solar, que a fonte primria de quase toda
energia disponvel na terra. Por isso, so praticamente inesgotveis e no alteram o
balano trmico do planeta. No caso da biodigesto, temos a produo de biogs,
um combustvel renovvel, produzido a partir dos resduos agropecurios, que so
um tipo de biomassa.
O biogs um gs subproduto da fermentao anaerbia da matria orgnica. Esse
gs combustvel renovvel e de queima limpa, composto principalmente de
metano. Ele usado como combustvel, constituindo-se em uma fonte alternativa
de energia. O seu poder calorfico de 5.000 a 7.000 kcal/m3. Em relao a outras
fontes de energia, 1 m3 de biogs equivale a:

0,61
0,58
0,55

litro de gasolina;
litro de querosene;
litro leo diesel;

0,45
1,50
0,79

litro gs de cozinha;
quilo de lenha;
litro de lcool hidratado.

O biogs, ao contrrio do lcool da cana-de-acar e de leos extrados de outras


culturas, no compete com a produo de alimentos em busca de terras
disponveis. Afinal, ele pode ser inteiramente obtido de resduos agrcolas, ou
mesmo de excrementos de animais e das pessoas. Assim, ao contrrio de ser fator
de poluio, transforma-se em auxiliar do saneamento ambiental. Os excrementos
dos animais constituem-se no substrato mais indicado, pelo fato de j sarem dos
seus intestinos carregados de bactrias anaerbicas.
A composio do biogs varia de acordo com a natureza da matria-prima
fermentada e ao longo do processo de fermentao, mas proporcionalmente
apresenta maiores propores de metano e gs carbnico (Tabela 1).
Tabela 1: Composio
Gases
Metano (CH4)
Dixido de carbono (CO2)
Nitrognio (N2)
Hidrognio (H2)
Oxignio (O2)
Gs sulfdrico (H2S)
Vapor dgua

do biogs 2
%
50 a 70
30 a 40
0 a 10
0a5
0a 1
0a1
0,3

Fonte: Adaptado de WALSH JR. et al. (1988) e BRETON et al. (1994)

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7. Saneamento ambiental
A carga de microrganismos presentes no esterco um fator que deve ser
considerado na escolha dos procedimentos de manejo, visto a possibilidade de
transmisso de doenas entre animais do rebanho, animais de outras espcies e
at s pessoas (zoonoses).
O manejo inadequado dos dejetos produzidos na agropecuria pode causar danos
populao e ao meio ambiente, como por exemplo, os nveis de nitrato na gua e a
contaminao do meio com Escherichia coli e Cryptosporium. A reciclagem de
nutrientes do esterco dentro da propriedade tem em vista no somente o controle
da poluio ambiental, mas tambm a reduo de custos com a menor importao
de nutrientes, seja atravs da compra de fertilizantes, ou de alimentos.
A principal fonte de poluio no esterco o nitrognio (N), que pode ser perdido para o
ar, na forma de amnia, ou para os solos e a gua, na forma de nitrato. O fsforo (P)
tambm tem participao como poluente. Se o esterco sem tratamento adequado for
distribudo no solo saturado de P, contaminar as guas de superfcie e o lenol
fretico.
A contaminao dos lagos, audes e rios pelos dejetos, a infiltrao de gua
contaminada no lenol fretico e o desenvolvimento de moscas so exemplos de
poluio ambiental provocada pelo manejo inadequado dos excrementos.
Normalmente, os criadores costumam concentrar seus animais em instalaes
durante a noite, nas quais permanecem at 50% do tempo de sua vida. Em
sistemas intensivos de criao, o acmulo dos dejetos pode comprometer a
viabilidade ambiental, econmica e social do empreendimento. Nesse contexto,
gases nocivos podem provocar danos comunidade, atravs da emisso de odores
desagradveis e problemas de sade s pessoas e aos animais.
O acmulo de dejetos pode criar um ambiente propcio para proliferao de vetores
transmissores de doenas. Do ponto de vista sanitrio, os dpteros so
considerados os insetos mais importantes. As moscas domsticas (Musca
domestica) e varejeiras (Chrysomya spp.) so vetores da febre tifide, disenteria,
poliomielite, entre outras doenas. As moscas domsticas podem transmitir agentes
patognicos como vrus, rickettsias, protozorios, bactrias e helmintos, seja como
hospedeiro intermedirio ou transportadores mecnicos. A mastite tambm pode
ser transmitida pelas moscas, causando queda na produo e qualidade do leite.
Os altos nveis de bactrias do grupo coliformes na gua de consumo podem sujeitar a
propriedade a maiores taxas de incidncia de doenas nos animais, com conseqente
aumento da mortalidade, diminuio da produtividade e da qualidade dos produtos.
Com a passagem do contedo pelo biodigestor, da caixa de entrada para caixa de
sada, ocorre diminuio do efeito poluente do material, reduo dos coliformes
totais e fecais, alm eliminao de ovos e viabilidade das larvas infectantes de
endoparasitos (Tabela 2).
Tabela 2: Potencial de reduo da contaminao atravs da biodigesto 3
Organismos
Poliovirus
Salmonella spp.
Salmonella typhosa
Mycobacterium tuberculosis
Ascaris
Cistos de parasitos

Temperatura
(C)
35
2 a 37
22 a 37
30
29
30

Tempo de digesto
(Dias)
2
6 a 20
6
15
10

Destrudos
(%)
98,5
82-98
99
100
90
100

Fonte: National Academy of Science, 1977, citado por MASSOTTI (2002)

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8. Dimensionamento e instalao de biodigestores


Dimensionamento do biodigestor
Alguns parmetros devem ser considerados na localizao de um biodigestor:

Condies locais do solo;


Facilidades na obteno, preparo e armazenamento da biomassa;
Facilidades na remoo e utilizao do biofertilizante;
Distncia de utilizao do biogs.

A facilidade de acesso importante na escolha do local de implantao do


biodigestor, porm o equipamento deve ser protegido de animais e as crianas
devem ser educadas a conserv-lo, evitando danos. Deve-se evitar instalar o
biodigestor embaixo e ao lado de rvores, pois as razes podem perfurar a manta.
Em biodigestores contnuos modelo canadense, ou da marinha, constitudos tanque
e gasmetro basicamente por manta em laminado de PVC (policloreto de vinila)
flexvel, o biogs ter pouca presso e poder ser conduzido at, no mximo, 50
metros. Contudo, para maior segurana, mantenha distncia mnima de 10 metros
entre o biodigestor e quaisquer edificaes.
Existem vrios modelos de biodigestores. Os mais simples possuem um nico
estgio, alimentao contnua e sem agitao. O tempo de reteno dos dejetos
depende da capacidade das bactrias em degradar a
matria orgnica.
Um mtodo prtico de estimar o tamanho do
biodigestor calculando ser calculado pelo produto
da carga diria e do tempo de reteno, conforme a
frmula:
VB = VC X TRH

VB = Volume do biodigestor (m3);


VC = Volume da carga diria (dejetos +
gua) (m3/dia);
TRH = Tempo de reteno hidrulica (dias).

Os animais produzem considervel quantidade de


esterco. Uma vaca leiteira com 450 kg de peso vivo
(PV), por exemplo, produz anualmente 12 toneladas.
Esse mesmo PV constitudo de sunos e ovinos,
resultaria em 16 e 6 toneladas/ano, respectivamente
(Figura 5).
Figura 5: Massa de esterco, sem cama, expressa em toneladas (ton), produzida por ano por
450 kg de peso vivo (PV)

Para calcular o volume da carga diria, necessrio


conhecer a mdia da massa de dejetos produzida e
somar a quantidade de gua, observando a relao
esterco/gua (Tabela 3).

Figura 5: Massa de esterco,


sem cama, expressa em
toneladas (ton), produzida
por ano por 450 kg de peso
vivo4

Fonte: Ensminger (1990) citado por LUCAS JNIOR (2005).

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Tabela 3: Planilha de clculo do volume de carga


Espcie animal

Caprino/ovino 6

Esterco
por animal
(kg)
A
0,5

Vaca

Quantidade
de animais
B

Total de
esterco
(kg)
C=AxB

Relao
esterco:gua
D
1:4 a 5

1:1

25

1:1

Bezerro

1:1

15

1:1

Suno7

1:1,3

Vaca leiteira 7
6

Boi

Volume
de gua
(m3) 5
E=CxD

Volume
da carga
(m3)
F=C+E

Total

Considerando os dejetos da caprino-ovinocultura, o tempo de reteno hidrulica de


45 dias. Entretanto, para bovinos e sunos de 35 dias e cama-de-avirio, 60 dias.
A caixa de entrada poder ser um tonel plstico, ou tanque de alvenaria,
dependendo do volume da carga diria. Todavia, no recomendando a utilizao
de tonis de metal, pois enferrujam rapidamente. A caixa de sada deve ser
dimensionada com no mnimo trs vezes o volume da carga diria para permitir
armazenamento do biofertilizante.
A escavao realizada conforme os clculos do dimensionamento abaixo (Figura
6). No necessrio revestimento em alvenaria, mas pode ser utilizado objetivando
a perfeita colocao e manuteno da manta.
As medidas de escavao para alguns volumes de biodigestor esto dispostas na Tabela 4.
C1
C2

L1 L2

Figura 6: Planta de topo da escavao e dimensionamento da manta.


Tabela 4: Dimensionamento do biodigestor de acordo com o volume
Volume
(m3)
3
7
15
20
30

5
6
7

Profundidade
(m)
1,0
1,0
1,4
1,5
1,5

Comprimento
maior C1 (m)
3,5
6,0
7,0
8,0
10,0

Largura maior
L1 (m)
1,2
2,0
2,5
3,0
3,5

Comprimento
menor C2 (m)
3,0
4,8
5,5
6,0
8,0

Largura menor
L2 (m)
0,7
0,8
1,0
1,0
1,5

1 m3 de gua = 1000 litros.


Preso noite.
Confinado.

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Relao de Material para construo de um biodigestor

Tonel de plstico (volume igual ao VC)


Manta plstica de revestimento PVC flexvel 0,8 mm
Manta plstica de cobertura PVC flexvel 1,0 mm
Tubulao PVC 150 mm para esgoto (branca) para entrada de dejetos e sada de
biofertilizante
Tubulao e conexes PVC 40 mm para gua (marrom) para conduo do biogs
Caixa de alvenaria ou fibra para armazenamento do biofertilizante

Proporcionalmente, o maior custo do biodigestor representado pela aquisio da


manta, de 1 mm de espessura, para revestimento do tanque e gasmetro. Seu
preo depende da rea total, conforme Tabela 5.
Tabela 5: rea total e preo da manta de laminado de PVC flexvel
Volume (m3)
3
7
15
20
30

rea total (m2)


43
68
99
127
161

Preo (R$) 8
712,00
1.127,00
1.640,00
2.104,00
2.666,00

A produo de biogs depende do tipo de substrato, sendo que o esterco animal


conta com grande populao de bactrias nos dejetos, favorecendo a fermentao.
As espcies animais diferem quanto estimativa da produo diria de biogs, em
relao massa de esterco (Tabela 6). Todavia, ela influenciada tambm por
outros fatores, como a poca do ano e o tipo de alimento fornecido.
Tabela 6: Potencial de produo de biogs a partir de dejetos animais 9
m3 de biogs/kg esterco
0,040-0,061
0,040-0,049
0,040
0,075-0,089
0,090
0,100
0,049

Espcie
Caprino/ovino
Bovinos de leite
Bovinos de corte
Sunos
Frangos de corte
Poedeiras
Codornas

m3 de biogs/100 kg esterco
4,0-6,1
4,0-4,9
4,0
7,5-8,9
9,0
10,0
4,9

A estimativa da produo de biogs pode ser obtida utilizando a planilha de clculos


disposta na Tabela 7. Com base nesses dados, so necessrios 33 caprinos/ovinos,
ou 3 bovinos adultos, presos noite, para produo de 1m3 de biogs/dia.
Quantidade equivalente de biogs seria produzida por 3 sunos confinados.
Tabela 7: Clculo da produo de biogs
Linha
1

Item
Total de esterco/dia

Operao
Valor obtido na Tabela 3 C

Total de biogs/dia

Total de biogs/ms

Valor da linha 1 multiplicado pelo


dado da Tabela 6
Valor da linha 2 multiplicado por 30

Equivalncia em botijo
de 13 kg de GLP
Equivalente em energia
eltrica (kWh)

Dividir o valor da linha 3 por 33


(33m3 biogs = 1 botijo de GLP)
Multiplicar o valor da linha 3 por 5,5
(1 m3 biogs = 5,5 kWh)

8
9

Unidade
kg

Valor

m3/dia
m3/ms
botijo/ms
kWh/ms

SANSUY (janeiro/2008).
Fonte: LUCAS JNIOR (2005) e QUADROS et al. (2007).

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Junto ao biogs sempre existe vapor dgua, que


por condensao se deposita nos pontos mais
baixos e, com o tempo, impedem a passagem do
biogs. A tubulao que conduz o biogs deve ter
pontos mais baixos com dreno, que funciona como
vlvula de segurana. O dreno pode ser feito com
conexo T do fundo da qual sai um pedao de
tubo, ou mangueira, que deve ser mergulhado em
gua dentro de, por exemplo, uma garrafa, ou
caixa de concreto, mais fundo que a presso do
biogs. Quando o gs borbulhar dentro do dreno,
indica que o gasmetro est cheio e o biogs deve
ser utilizado para aliviar a presso na manta.
Figura 7: Dreno

Figura 7: Dreno

Quantos animais so necessrios para produzir 1m3 de biogs por dia?


3 vacas presas noite
33 caprinos ou ovinos presos noite
3 sunos confinados
Procedimentos para instalao do biodigestor
1. Escavar um buraco no solo, com as medidas definidas no projeto de
dimensionamento;
2. Escavar um buraco menor, na sada do biodigestor, para acomodar o tonel
ou caixa de sada de biofertilizante;
3. Abrir a manta plstica de PVC sobre o buraco;
4. Colocar tubos e colar mangas da manta no biodigestor;
5. Fixar o permetro da manta plstica, enterrando-o, ou com um selo dagua;
6. Instalar tubulao de biogs;
7. Iniciar carga.

Ateno: Risco de Exploso


O biodigestor s apresenta risco de exploso quando o biogs est
misturado com oxigncio no seu interior. Esta situao acontece no incio
da operao. Por isso, de fundamental importncia que a produo
inicial de biogs seja liberada, e no queimada.
Prossiga da seguinte forma: mantenha o registro de sada do biogs
fechado durante a operao inicial. Uma vez que a manta esteja inflada,
abra o registro de gs e libere todo o contedo (que uma mistura de
biogs e ar), fechando o registro em seguida. Mantenha o registro
fechado at que o biodigestor infle novamente. A partir desse momento,
o biogs poder ser usado em segurana, e desde que o biodigestor
continue em operao, no entrar mais ar no seu interior.
Observao: Como o biogs est sob presso, mesmo que haja
pequenos vazamentos na manta, o ar no entrar no biodigestor. De
qualquer forma, importante ficar atento a vazamentos e consert-los
assim que detectados.

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Conduo do biogs
Para conduzir o gs na linha principal, usa-se tubo plstico flexvel de parede
grossa (mangueira preta) ou rgido PVC colvel (marrom-para gua), com o
seguinte dimetro:
a)
b)

1 quando usamos o biodigestor para motor.


3/4 quando usamos o biodigestor para outros equipamentos.

No improvise a tubulao de gs porque perigoso por ser explosivo. Todas as


emendas rgidas devem ser feitas com selante (cola ou fita branca) ou quando
flexvel, com braadeiras. Faa o teste de vazamento banhando todas as junes
com gua e sabo.
Operao diria

Figura 8: Manejo dirio do biodigestor


1.
2.
3.
4.
5.
6.

Manter os animais presos no curral durante uma parte do dia ou noite;


Coletar esterco pela manh e depositar na caixa de entrada;
Adicionar gua na proporo correta, de acordo com a Tabela 3 acima;
Misturar e liberar para o biodigestor;
Retirar e aplicar o biofertilizante nas hortas;
Utilizar o biogs para cozinhar, para ligar motores, etc.
Adaptao de equipamentos para o funcionamento a biogs

A seguir apresentamos algumas possveis adaptaes de equipamentos para


funcionamento a biogs.
Adaptao dos queimadores superiores do fogo a gs

Figura 9: Adaptao de queimador para biogs

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1. Abrir o gicl (injetor de gs) a partir de 1 e 1/2mm;


2. Fechar aos poucos a entrada de ar, at que a chama funcione bem;
3. Demonstrar o boto do fogo e abrir para 1 mm o furinho do fogo baixo
(furo menor).
Observaes:
a)
b)
c)
d)

Sempre deixar entrar um pouco de ar primrio at conseguir uma chama


azulada. A correta admisso do ar primrio aumenta em muito a eficcia da
chama.
A chama dever ficar em forma de chama de vela e apresentar um chiado
caracterstico. Isto se consegue regulando (abrindo ou fechando) a entrada de
ar e alargando aos poucos o gicl.
O melhor fechar a entrada de ar, embutindo um pedao de mangueira
plstica flexvel do tipo cristal ou preta, no local de entrada do ar.
Fazer a entrada do ar primrio com 2 furos opostos de 2 mm com prego
quente.
Em certos tipos de foges, ao se abrir o gicl (injetor de gs) acontece da
chama no ficar consistente, ou seja, fica balanando e apaga com
facilidade.
Nesse caso coloca-se dentro e no tero superior do caminho, uma tampinha
metlica de garrafa com 6 furos pequenos, ou uma moeda com recortes na
borda.
O fluxo do biogs melhor distribudo e o fogo funciona melhor, pois a
chama bem distribuda.

ATENO

No pode haver nenhum cheiro de biogs. Se houver, o fogo est mal


adaptado.
Num fogo mal adaptado, a eficincia da chama chega no mximo at
400C, enquanto que no bem adaptado chega at 800C.

Adaptao do motor estacionrio gasolina de quatro tempos

Figura 10: Adaptao de motor estacionrio a gasolina para biogs

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Tabela 8: Especificaes tcnicas para adaptao de motores


Dimetro (polegadas)
Especificao
Motor de
Motor de
Motor at
3 cv
3 a 8 cv
8 a 12 cv
Tubulao Plstica
1/2''
3/4''
1''
Tubulao Plstica Flexvel (1/2 metro)
3/8''
1/2''
3/4''
Registro Globo de Plstico
3/8''
1/2''
3/4''
Tubo de Admisso de ferro soldado no coletor
3/8''
1/2''
3/4''
Adaptaes:

Retira-se o conjunto do carburador e filtro de ar no bloco do motor, e em


uma oficina se faz as adaptaes;
Fazer um furo no coletor na parte superior e soldar um tubo de admisso
de ferro de 10 cm de comprimento;
Regulagem da borboleta de controle de ar: retirar a mola;
Fazer com que a regulagem manual externa fique bem apertada para
evitar que a trepidao desregule a relao biogs e ar;
Para que a trepidao do motor no desregule o registro do globo para o
biogs, necessrio se colocar meio metro de mangueira entre o tubo de
admisso e o registro.

Funcionamento:

D-se a partida com gasolina. Fecha-se a torneira de gasolina. Quando o


motor comear a falhar, abre-se o biogs e fecha-se a borboleta.
Procura-se, ento, a melhor regulagem do ar; Tambm possvel se dar
partida com gs de cozinha (GLP), trocando em seguida para o biogs:
Para voltar a trabalhar somente com gasolina, retirar a mangueira e
colocar um tampo no tubo de admisso.

Observaes:

importante que o motor esteja funcionando bem com gasolina, antes de


se iniciar a adaptao para biogs;
A bobina e a vela devem estar boas. De preferncia, compre uma vela
nova;
Verifique o nvel de leo todos os dias.

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9. Medidas de segurana

Lembre-se das crianas e dos animais.


Mantenha o biodigestor e o depsito de
biofertilizantes isolados. Uma boa cerca e
uma boa limpeza em volta evitam muitos
incmodos.

Uma vez por ms, verifique o estado geral


das instalaes de biogs em inspeo
visual. Observe especialmente as juntas e
emendas para verificar se est ocorrendo
algum vazamento, pincelando com gua e
sabo. No improvise: use braadeiras e
conexes adequadas. Instale
corretamente os drenos da gua.

Cuidado com os ratos. Tubos plsticos do


tipo mangueira, em forros e pores,
favorecem a presena de roedores.

Cuidados com acidentes e exploses.


Evite que o gs se misture com o ar
dentro da campnula e na linha de
conduo de gs.

Providencie ventilao adequada em torno


da linha de gs dentro da casa. No
entanto, os aparelhos queimadores
devem ser localizados protegidos de
corrente de ar.

No fume e no acenda fsforos perto do


biodigestor.

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17

10. Referncias

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compostagem e biodigesto anaerbia na produo de caprinos. 2005.
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(Tese Doutorado em Zootecnia). Jaboticabal. 2005. 107p.
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systems: focusing on Danish scenario. The Royal Veterinary and Agricultural
University, Denmark:Department of Agricultural Sciences, 2004. 126p.
COMASTRI FILHO, J.A. Biogs: independncia energtica do pantanal matogrossense. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria EMBRAPA Pantanal.
Corumb:EMBRAPA. Circular tcnica, n.9. 1981. 53p.
ESPERANCINI, M.S.T. et al. viabilidade tcnica e econmica da substituio de
fontes convencionais de energia por biogs em assentamento rural do estado de
So Paulo. Engenharia Agrcola, v.27, n.1, p.110-118, 2007.
LUCAS JNIOR, J. Laminados de PVC soluo para biodigestores. In:
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Paulo. 2005. disponvel em: <<http://www.institutodopvc.org/congresso/>>.
Acesso em: 05-02-07.
MALAVOLTA, E. Elementos de nutrio mineral de plantas. So Paulo:Editora
Agronmica Ceres 1980. 251.
MASSOTTI, Z.M. Viabilidade tcnica e econmica do biogs a nvel de propriedade.
In: CELANT, T.M.B. et al. (Eds.) Curso de capacitao em prticas ambientais
sustentveis: treinamentos 2002. Concrdia: Embrapa Sunos e Aves Programa Nacional do Meio Ambiente II. 2002. p 102-108.
MEDEIROS, M.B.; LOPES, J.S. Biofertilizantes lquidos e sustentabilidade agrcola.
Bahia Agrcola, v.7, n.3, p.24-26, 2006.
OLIVEIRA, R.A. Efeito da concentrao de slidos suspensos do afluente no
desempenho e caractersticas do lodo de reatores anaerbios de fluxo
ascendente com manta de lodo tratando guas residurias de
suinocultura. 1997. Tese (Doutorado em Hidrulica e Saneamento) - Escola de
Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo, So Carlos, 1997. 359p.
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