Manual Emergencia Primeiros Socorros IMTT

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2010











Manual de Situaes de
Emergncia e Primeiros
Socorros

ELABORADO POR:
UNIVERSITAS, CRL

ii






Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres, I.P.






Manual de Situaes de Emergncia e Primeiros Socorros


Formao Inicial Comum (FIC): 21 horas



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MANUAL DE SITUAES DE EMERGNCIA E PRIMEIROS SOCORROS

NDICE

ndice de Boxes.................................................................................................................... v
ndice de Quadros ................................................................................................................ v
ndice de Figuras.................................................................................................................. v
Prembulo ............................................................................................................................ 7
PARTE I: ACIDENTES E SITUAES DE EMERGNCIA............................................... 8
1. OS ACIDENTES RODOVIRIOS............................................................................. 8
2. PROCEDIMENTOS EM CASO DE ACIDENTE ...................................................... 9
2.1. Na cena do acidente ........................................................................................... 10
2.2. Informao a prestar........................................................................................... 11
2.3. Como agir face emergncia em caso de acidente............................................ 12
2.4. Princpios da declarao amigvel ..................................................................... 12
3. SITUAES DE EMERGNCIA NO TRANSPORTE RODOVIRIO................. 15
3.1. Risco de violncia e agresso.................................................................................. 15
3.2. Risco de Incndio............................................................................................... 20
PARTE II: PRIMEIROS SOCORROS.................................................................................. 22
1. INTRODUO......................................................................................................... 22
2. O QUE SO OS PRIMEIROS SOCORROS? .......................................................... 22
3. SEQUNCIA DAS ACES DE PRIMEIROS SOCORROS................................. 23
3.1. O que devemos fazer perante um acidente?....................................................... 23
4. Formas de accionar o socorro .................................................................................... 24
5. SINALIZAO DO LOCAL E A SEGURANA................................................... 25
5.1. Aces de Preveno a Desenvolver no Local do Acidente .............................. 26
6. EXTINTORES........................................................................................................... 28
6.1. Tipos de Extintores ............................................................................................ 28
6.2. Localizao dos Extintores no Veculo.............................................................. 28
6.3. Recomendaes na Utilizao do Extintor......................................................... 29
7. INICIAR O SOCORRO S VTIMAS ..................................................................... 29
7.1. Exame Primrio.................................................................................................. 30
7.2. Exame Secundrio.............................................................................................. 31
7.3. Posio Lateral de Segurana............................................................................. 32
7.4. O Que No Fazer a Uma Vtima de Acidente.................................................... 33
iv

8. SOCORROS NO MBITO DA TRAUMATOLOGIA............................................ 34
8.1. Alteraes Cardio Respiratrias...................................................................... 35
8.1.1. Causas mais Comuns de Alteraes Respiratrias......................................... 35
8.2. Tcnicas de Desobstruo das Vias Areas ....................................................... 35
8.2.1. Pancadas Interescapulares.............................................................................. 36
8.2.2. Manobra de Heimlich..................................................................................... 36
8.3. Suporte Bsico de Vida...................................................................................... 37
8.3.1. Abordagem da Vtima.................................................................................... 37
8.3.1.1. A Vtima no Responde ............................................................................. 38
8.3.1.2. A Vtima no Ventila mas tem Sinais de Circulao................................. 39
8.3.1.3. A Vtima no Ventila e no tem Sinais de Circulao (sem Pulso) ........... 40
8.3.2. Tcnica de Compresso Cardaca Externa..................................................... 40
8.4. Estado de Choque............................................................................................... 42
8.4.1. Causas do Estado de Choque ......................................................................... 42
8.4.2. Sinais e Sintomas do Estado de Choque ........................................................ 43
8.4.3. Primeiros Socorros do Estado de Choque...................................................... 43
8.5. Hemorragias ....................................................................................................... 44
8.5.1. Classificao das Hemorragias ...................................................................... 44
8.5.2. Sinais e Sintomas das Hemorragias ............................................................... 45
8.5.3. Primeiros Socorros das Hemorragias ............................................................. 45
8.5.3.1. Hemorragias Internas ................................................................................. 45
8.5.3.2. Hemorragias Externas ................................................................................ 46
9. LESES OSTEOARTICULARES............................................................................ 48
9.1. Leses Articulares.............................................................................................. 48
9.1.1. Entorse ........................................................................................................... 48
9.1.2. Luxao.......................................................................................................... 49
9.1.3. Leses sseas................................................................................................. 49
10. QUEIMADURAS .................................................................................................. 50
10.1. Classificao da Gravidade da Queimadura.......................................................... 52
10.1.1. Extenso da Queimadura.................................................................................... 52
10.1.2. Profundidade da Queimadura............................................................................. 52
10.1.3. Localizao da Queimadura............................................................................... 53
10.1.4. Idade da Vtima.................................................................................................. 53
10.1.5. Primeiro Socorro das Queimaduras.................................................................... 53
11. ORGANIZAO DA CAIXA/MALA DE PRIMEIROS SOCORROS............... 55
v

11.1. Caractersticas das Caixas de Primeiros Socorros................................................. 55
REFERNCIAS................................................................................................................. 56


NDICE DE BOXES

Box 1 - Princpios Gerais do Socorrismo............................................................................... 22
Box 2 - Recomendaes de Actuao Perante um Acidente ................................................. 23
Box 3 - Principais Aces de Preveno................................................................................ 28
Box 4 - Recomendaes ao Efectuar o Socorro Vtima...................................................... 34
Box 5 - Recomendaes na Execuo da Compresso Cardaca Externa ............................. 42
Box 6 - Recomendaes Gerais nas Queimaduras................................................................. 55

NDICE DE QUADROS

Quadro 1 - Indicaes Sobre a Forma de Transmitir o Alerta ............................................... 24
Quadro 2 - Forma Correcta de Utilizar o Extintor ................................................................. 29
Quadro 3 - Causas Frequentes de Alteraes Respiratrias................................................... 35
Quadro 4 - Avaliao Primria- A/B/C/D/E.......................................................................... 37
Quadro 5 - Tcnica de Execuo da Compresso Manual Directa........................................ 47
Quadro 6 - Sinais e Sintomas das Fracturas........................................................................... 50
Quadro 7 - Caracterizao Clnica das Queimaduras............................................................. 53
Quadro 8 - Constituio da Caixa/Mala de Primeiros Socorros ............................................ 55

NDICE DE FIGURAS

Figura 1 Declarao Amigvel de Acidente Automvel (D.A.A.A.) ................................. 15
Figura 2 Avaliao do Estado do Veculo........................................................................... 26
Figura 3 - Tipos de Luvas ...................................................................................................... 27
Figura 4 - Mscara de Bolso .................................................................................................. 28
vi

Figura 5 - Avaliao Estado de Conscincia............................................................................ 1
Figura 6 - Pesquisa do Pulso Carotideo ................................................................................. 31
Figura 7 - Dimetro Pupilar ................................................................................................... 32
Figura 8 - Desobstruo da Via Area ..................................................................................... 1
Figura 9 - Desobstruo da Via Area ..................................................................................... 1
Figura 10 - Manobra de Heimlich............................................................................................ 1
Figura 11 - Manobra de Extenso da Cabea........................................................................... 1
Figura 12 - Avaliao dos Reflexos de Segurana................................................................... 1
Figura 13 - Avaliao da Vtima.............................................................................................. 1
Figura 14 - Adaptao da Mscara de Bolso ........................................................................... 1
Figura 15 - Incio da Ressuscitao Cardio-Pulmonar............................................................. 1
Figura 16 - Posicionamento das Mos ..................................................................................... 1
Figura 17 - Localizao do Apndice Xifide ......................................................................... 1
Figura 18 - Posicionamento do Socorrista ............................................................................... 1
Figura 19 - Elaborao de Ligadura Compresso.................................................................... 1
Figura 20 - Ligadura Tipo Capacete ........................................................................................ 1
Figura 21 - Compresso Manual Directa da Artria Umeral ................................................... 1
Figura 22 - Estabilizao da Leso .......................................................................................... 1
Figura 23 - Estabilizao do Membro Inferior......................................................................... 1
Figura 24 - Ligadura de Conteno Membro Inferior.............................................................. 1
Figura 25 - Ligadura de Conteno Membro Superior ............................................................ 1
7

MANUAL DE SITUAES DE EMERGNCIA E PRIMEIROS
SOCORROS


PREMBULO

Este manual est estruturado em duas partes distintas: a primeira dedicada a uma
abordagem dos acidentes rodovirios e aos procedimentos que devem ser seguidos
em caso de acidente, abordando ainda outros tipos de situaes de emergncia; a
segunda parte centrada em tcnicas de primeiros socorros.
Sendo a primeira parte essencialmente terica, a segunda tem uma forte componente
prtica, tendo como objectivo habilitar o motorista para uma correcta avaliao das
situaes de que resultem feridos e para uma interveno directa prestando primeiros
socorros a vtimas quando for necessrio.
No seu conjunto, este manual visa contribuir para a formao do motorista, dando-
lhe orientaes claras sobre comportamentos a adoptar em situaes de emergncia
(prevenir o seu agravamento, chamar os servios de socorro apropriados, reagir em
caso de agresso ou incndio, evacuar passageiros, etc.) e competncias para avaliar
a situao e aplicar primeiros socorros. Como profissionais, os motoristas devem
orientar e ajudar outros condutores e colegas em situaes de emergncia, dando
prioridade segurana das pessoas, inclusivamente a sua prpria segurana,
colocando a do veculo em segundo plano. Para tal, devem ter conhecimento dos
riscos que a sua actividade de trabalho comporta de forma a agir sempre em prol da
segurana.

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PARTE I: ACIDENTES E SITUAES DE EMERGNCIA

1. OS ACIDENTES RODOVIRIOS
Um acidente definido como um acontecimento sbito e inesperado do qual
resultam consequncias indesejveis. Este acontecimento resulta directa ou
indirectamente da actividade humana, no sendo, portanto, um acontecimento
natural, como por exemplo, um sismo. Tambm claro que um acidente mais do
que apenas um acontecimento inesperado; ele vem acompanhado de perdas, muitas
vezes irreparveis. No entanto, sabe-se que os momentos em que tudo corre bem so
em maior nmero do que aquelas em que vrias circunstncias se conjugam para que
um acto inseguro d origem a um acidente.
Com o objectivo de constituir a base de conhecimento necessria ao
desenvolvimento de tecnologias que evitem acidentes, Tijerina, 1996 (citado em
Wierwille et al. 2002) identificou um conjunto de factores contributivos, tendo
proposto uma taxonomia que comporta as seguintes categorias de factores:
Incapacidade do condutor, resultante de dvida de sono, ingesto de
medicamentos, abuso do lcool ou drogas, mal-estar sbito;
Falha na percepo de um risco
- No perceber adequadamente as caractersticas de uma situao de trfego
e a informao disponvel;
- No perceber a informao porque no era esperada ou no estava
disponvel;
Inateno ou distraco
1
do condutor (no prestar ateno a aspectos crticos da
situao de conduo);
Intruso sbita de um veculo que entra em rota de coliso com outro veculo
cujo condutor no se apercebe;
Falha tcnica do veculo (cessa de funcionar normalmente).
O comportamento e o desempenho humanos so, efectivamente, referidos como
factores causais da maioria dos acidentes. No entanto, o elemento humano apenas o
ltimo elo na cadeia das interaces que se estabelecem na conduo de veculos,
tomando decises e agindo de acordo com as mesmas. Quer se trate de interaces

1- Inateno quando o foco de desvio da ateno interno (o indivduo est absorto nos
seus pensamentos).
Distraco quando o foco de desvio da ateno externo (a ateno desviada por algum,
como por exemplo, um passageiro, ou por algo no envolvimento, como por exemplo, um
painel publicitrio ou um evento na via pblica.
9

homem-mquina (operaes sobre o veculo e respectivos elementos tcnicos), quer
de interaces com os restantes utilizadores da via (condutores ou pees), as decises
tomadas so determinadas pelas condies internas do indivduo (estado funcional),
pela natureza da tarefa (nvel de complexidade) e pelas condies existentes para a
sua realizao, ou seja, a qualidade e o estado dos elementos tcnicos, o
envolvimento (ambiente rodovirio) e o tempo til para a tomada de deciso e para a
aco correspondente.
Evans (2004) afirma que os dois factores que mais determinam o risco individual no
trnsito so o comportamento individual e o comportamento dos outros utilizadores
da via. O comportamento individual est inteiramente sob o controlo do prprio mas
as interaces no ambiente rodovirio, que extraordinariamente dinmico, so
moduladas por vrios factores sociais e psicolgicos que so difceis de controlar. Os
acidentes no so inevitveis ou devidos a pouca sorte; podem ser evitados e muito
pode ser feito nesse sentido. As regras de trnsito desempenham um papel importante
mas devem ser coerentes e realsticas para serem aceites e cumpridas pelo universo
dos utilizadores. Em meio profissional relativamente fcil implementar
procedimentos de segurana e faz-los cumprir rigorosamente, mas o contexto
rodovirio to diverso e aberto e partilhado por uma variedade to grande de
utilizadores que se torna muito mais difcil assegurar o cumprimento das regras. Isto,
no entanto, no pode jamais servir de desculpa para que um profissional transgrida e
crie riscos adicionais para si e para os outros. O contexto da aviao
frequentemente citado como exemplo na reduo de acidentes. Com efeito,
relativamente fcil implementar procedimentos de segurana e faz-los cumprir
rigorosamente num contexto profissional. Em sistemas de risco, a obrigatoriedade de
seguir os procedimentos de segurana deve ser rigorosamente cumprida e
supervisionada, mas tambm devem ser criadas defesas apropriadas no envolvimento
e na prpria organizao do trabalho.

2. PROCEDIMENTOS EM CASO DE ACIDENTE
Como utilizadores da estrada, os condutores profissionais passam grande parte da sua
vida ao volante de um veculo, pelo que a probabilidade de se verem envolvidos num
acidente rodovirio mais elevada do que num condutor no profissional.
Alm disso, e pela mesma razo, deparam-se inevitavelmente com acidentes, pelo
que importante que possuam conhecimentos tericos e prticos de primeiros
socorros, que lhes permitam agir com objectividade em qualquer situao de
emergncia. Estas situaes requerem aces de emergncia, que podem apenas
consistir em chamar a necessria assistncia mdica e as autoridades ou podem at
requerer algum apoio imediato a vtimas. H uma variedade de situaes com as
quais um motorista se depara no seu quotidiano na estrada, tais como um passageiro
que se sente repentinamente mal e necessita de socorro urgente, ou um veculo a
10

arder na estrada e o respectivo condutor em pnico e incapaz de agir objectivamente,
ou ainda pessoas encarceradas e necessitando de algum que fale com elas at
chegada do socorro. Em qualquer das situaes descritas, importante saber-se como
agir com segurana e eficcia face emergncia, para alm de se saber o que fazer na
cena do acidente e como reportar objectivamente o que se viu (Lowe, D., 2008).

2.1. Na cena do acidente
Qualquer condutor que assista a um acidente no qual existam pessoas feridas ou haja
um veculo danificado, mesmo que o acidente tenha sido causado por outros, tem o
dever de parar e prestar auxlio. Acima de tudo, o condutor deve evitar o pnico e ser
o mais objectivo possvel, recomendando-se as seguintes regras gerais:
Antes de sair do veculo para prestar auxlio, deve assegurar-se de que o
prprio, os seus passageiros e o seu veculo esto em segurana.
Chamar imediatamente as autoridades e uma ambulncia quando for necessrio
ou repartir estas duas tarefas com outra pessoa de modo a reduzir o tempo de
espera.
Na cena do acidente dever:
- Colocar sinalizao adequada e proteger-se de modo a evitar outros
acidentes;
- Procurar pessoas que tenham visto a ocorrncia e que possam prestar o seu
testemunho s autoridades;
- Desligar a ignio dos veculos acidentados de forma a evitar incndios;
- Evitar aces, por parte de pessoas que estejam a observar a ocorrncia, que
possam causar mais ferimentos ou danos, como por exemplo, fumar no
local ou remover pessoas feridas ou veculos danificados.
Verificar quem est ferido para ver se pode ajudar a pessoa a sentir-se mais
confortvel at chegar a assistncia mdica e identificar quem precisa mais
urgentemente de cuidados mdicos; nunca oferecer comida ou mesmo gua ou
qualquer medicamento a pessoas feridas.
Possuindo conhecimentos e experincia prtica de primeiros socorros, dever
informar os feridos dessa sua competncia e prestar a ajuda que puder aos
feridos; no entanto, as pessoas feridas no devem ser movidas, pois isso pode
agravar a sua leso.
Evitar que pessoas com alguns ferimentos ou mesmo aparentemente ilesas
abandonem o local do acidente e pedir a quem testemunhou o acidente que se
mantenha no local at chegada das autoridades.
11

Evitar que outros veculos, mesmo que apenas estejam marginalmente
envolvidos no acidente, no desapaream da cena do acidente; convm no
esquecer que, por vezes, as pessoas no querem estar envolvidas em processos
ou no querem que se saiba que estavam naquele lugar quela hora.

2.2. Informao a prestar
O condutor de um veculo envolvido num acidente deve fornecer s autoridades a sua
identificao, assim como os dados relativos ao veculo que conduz. H, no entanto,
coisas que no devem ser ditas numa cena de acidente, como por exemplo, expressar
alguma opinio sobre culpa ou responsabilidade relativamente ao acidente. As
autoridades faro todas as perguntas que considerarem relevantes e o condutor
implicado, assim como as testemunhas, respondero em conformidade.
No sector profissional, o motorista envolvido directamente num acidente tem que
reportar a ocorrncia entidade patronal, devendo, para o efeito referir os seguintes
dados:
Data, hora e localizao exacta do acidente;
Volume a velocidade do trfego;
Condies climatricas e visibilidade;
Estado do piso e eventuais obstrues;
Sinais de trnsito e referncias espaciais relevantes para a localizao do
acidente ou que possam estar na sua origem;
Quaisquer indicadores que tenha percebido previamente ao acidente.
Alm destes dados, devem ser recolhidos os detalhes seguintes:
Os dados dos outros condutores (nomes, endereos e nmeros de telefone):
Os dados relativos a seguros;
Matrculas, marcas, modelos e nmeros de registo dos outros veculos;
Descrio dos danos dos veculos;
Os dados relativos a testemunhas (nomes, endereos, telefones), assim como os
dados dos respectivos veculos.
A elaborao de um esquema da cena de acidente ou at fotografias, incluindo todos
os dados recolhidos, podem ser muito teis.

12

2.3. Como agir face emergncia em caso de acidente
Em qualquer situao de emergncia, a prioridade imediata telefonar para os
servios que esto preparados para dar a resposta adequada (polcia, ambulncia ou
bombeiros, em funo da situao), utilizando de preferncia o nmero nacional de
socorro (112) j que os nmeros de telefone dos bombeiros variam em funo da
regio. Seguidamente, deve-se assegurar que o incidente ou acidente no seja gerador
de outros e, finalmente, quando necessrio e possvel, prestar primeiros socorros aos
que deles necessitam.
A parte principal deste manual, que se centra num contedo de primeiros socorros,
visa fornecer os conhecimentos tericos e prticos que permitam ao motorista
identificar a gravidade das situaes, saber quando est ao seu alcance intervir e
saber exactamente o que fazer.

2.4. Princpios da declarao amigvel
A ocorrncia de um sinistro deve dar lugar ao preenchimento da declarao amigvel
de acidente automvel (D.A.A.A.), se os condutores estiverem de acordo quanto s
circunstncias em que ocorreu, quer envolva dois ou mais veculos. A D.A.A.A.
um impresso destinado a recolher informaes indispensveis s seguradoras e a
relevar objectivamente os factos. Este impresso deve ser preenchido no prprio local
do acidente e assinado pelos condutores intervenientes, no implicando o
reconhecimento de responsabilidade no acidente e facilitando a regularizao do
sinistro. Aps terem preenchido e assinado, em conjunto, o respectivo impresso, cada
interveniente fica com uma das folhas. Posteriormente, cada um deve preencher o
verso da respectiva folha, a Participao de Sinistro, e entreg-la sua seguradora. O
correcto preenchimento da D.A.A.A. imprescindvel para a celeridade da resoluo
do processo de sinistro. Independentemente das circunstncias (existncia ou no de
feridos, etc.), a participao deve ser entregue ou enviada nos oito dias seguintes ao
acidente. Se o outro interveniente no tiver os documentos em ordem, no houver
acordo sobre o que se passou ou existirem feridos, deve ser chamada a polcia. A
declarao amigvel deve ser preenchida mesmo que a outra parte no a assine. No
caso de ser chamada a polcia, o motorista deve pedir para ser levantado o auto da
ocorrncia.
O preenchimento da D.A.A.A. envolve os seguintes passos, numerados de 1 a 15, tal
como so apresentados na figura 1.
1. Data do Acidente
Indique a data e hora do acidente.
2. Localizao
13

Indique o pas e o local. Este de forma detalhada, pois qualquer inexactido
pode influenciar a atribuio de responsabilidades.
3. Feridos
Indique a existncia de feridos, ainda que ligeiros.
4. Danos Materiais
Indique a existncia de danos noutros veculos ou objectos. necessrio
conhecer os proprietrios destes, quando existem.
5. Testemunhas
Indique os nomes, moradas e telefones das testemunhas se existirem. Por vezes
so essenciais para o apuramento de responsabilidades pelo que todas as
indicaes (moradas, telefones de contacto, se so ou no passageiros) devem
ser fornecidas. Escrever "sem testemunhas" quando no existirem.
6. Segurado/Tomador de Seguro
Indique qual o segurado/tomador de seguro (ver documento de seguro), e
respectivos contactos (morada, telefone ou e-mail e nmero de contribuinte).
7. Veiculo
Indique dados do veculo (marca/modelo, n de matrcula e pas de matrcula),
bem como do reboque se existir.
8. Companhia de Seguros
indispensvel a indicao das seguradoras, nmero de aplice Carta Verde e
respectiva validade, bem como dos dados e contactos da agncia, representante
ou corretor. Indique tambm se os danos materiais esto cobertos pela aplice.
9. Condutor
necessrio, para alm do nome e morada, nmero da carta de conduo para
se verificar a habilitao conduo do tipo de veculo. Indicar um telefone ou
e-mail para contacto durante o dia, em caso de necessidade.
10. Ponto de embate inicial
fundamental a indicao do ponto de embate inicial, pois os danos
apresentados aps a imobilizao do veculo podem no ser conclusivos para
apuramento da responsabilidade.
11. Danos Visveis
Assinalar os danos atribuveis ao sinistro, j que os veculos podero ter outros
danos no provocados pelo acidente que motivou esta D.A.A.A.
12. Circunstncias
Devem ser assinalados todos os quadros aplicveis descrio do acidente (1 a
17).
13. Esquema do Acidente
14

A desenhar de forma a que, complementado pelas circunstncias, permita
concluir como aconteceu o acidente e definir responsabilidades. Devero
constar alguns elementos essenciais tais como:
-Veculos intervenientes e danificados
-Outros objectos danificados
-Sentido da marcha dos veculos
- Largura dos veculos
- Largura da via
- Traos contnuos ou tracejados
- Sinalizao existente
- Metros de travagem
- Local exacto onde se deu o acidente
- Local onde o(s) veculo(s) ficou(ficaram) imobilizado(s)
14. Observaes
Qualquer indicao que considerar pertinente.
15. Assinatura dos condutores
Devem ser as que constam do seu B.I. e devero corresponder igualmente que
consta das propostas de seguro/alterao, se for o Tomador ou Segurado.
O verso da declarao amigvel consiste na participao de sinistro e deve ser
preenchido da forma mais completa e precisa possvel, dando especial ateno
descrio pormenorizada do acidente e a feridos. indispensvel a assinatura do
Tomador, que a pessoa autorizada a assinar pela empresa operadora do transporte
(mercadorias ou passageiros), sendo ainda necessria a aposio do respectivo
carimbo.

15


Figura 1 Declarao Amigvel de Acidente Automvel (D.A.A.A.)


3. SITUAES DE EMERGNCIA NO TRANSPORTE RODOVIRIO
3.1. Risco de violncia e agresso
No contexto do transporte rodovirio de passageiros e mercadorias, o risco de
violncia e agresso no deve ser negligenciado, pois vrios estudos estimam que
este risco significativamente superior nestes profissionais comparativamente ao da
generalidade da populao. Para alm de roubos e ataques atingindo a integridade
fsica dos motoristas, estes so frequentemente agredidos verbalmente pela clientela.
H ainda a referir a violncia sobre o veculo, partindo vidros e danificando outros
elementos com o intuito de roubar a carga, para alm da violncia gratuita apenas
com o propsito de criar dano. Estas situaes expem os motoristas a factores de
stress adicionais aos que so inerentes prpria tarefa (conduo do veculo e,
nalguns casos, o transporte de matrias perigosas).
16

No transporte de mercadorias, os motoristas tm frequentemente necessidade de
parar para descansar e at dormir um pouco (de dia ou de noite) em reas reservadas
para o efeito e que deveriam ter condies de segurana apropriadas (por exemplo,
patrulhas de segurana, TV em circuito fechado). Apesar das recomendaes para
apenas pararem nestas reas, tm sido inmeros os casos de agresso, furto e
vandalismo. Na sua maioria, estes casos ocorrem quando os veculos esto parados
durante a noite, estando o motorista a dormir.
Segundo um estudo conduzido entre 2005 e 2006 pela International Road Transport
Union (2008), o nmero de incidentes (roubos e assaltos) com veculos pesados de
mercadorias tem vindo a aumentar significativamente, o que tem justificado a
necessidade de vrios estudos e a consequente implementao de medidas
preventivas. Os resultados deste estudo puseram em evidncia o seguinte:
Das 2.003 respostas ao questionrio, foram reportados 476 ataques ao condutor,
ocorridos durante o perodo em que o estudo decorreu;
Dos 1.275 motoristas entrevistados, 17% j tinham sofrido um ataque nos
ltimos 5 anos;
30% dos motoristas atacados referiram que j o tinham sido mais do que 1 vez;
43% dos ataques estiveram relacionados com o roubo de bens pessoais do
motorista, enquanto que 63% visaram a carga do veculo;
21% dos motoristas referiram ter sido fisicamente agredidos no ataque;
30% dos motoristas atacados no chamaram as autoridades por falta de
confiana nas mesmas, porque no falavam a lngua local e por medo das
consequncias;
18% dos motoristas referiram que o suporte providenciado pela sua empresa foi
adequado;
O custo total dos 476 ataques acima referidos foi de aproximadamente 12
milhes de Euros, incluindo o roubo de veculos, a carga e os bens pessoais do
motorista.
No transporte de passageiros, as situaes de emergncia podem resultar de agresso
ou conflito com o motorista ou de agresso ou roubo cometido contra passageiros ou
ainda de conflito entre estes. Apesar do seu relativo isolamento e de nunca ou
raramente receber dinheiro de ttulos de transporte, o motorista tambm est
vulnervel a ataques, roubos e agresses fsicas, particularmente em horrios
nocturnos, quando h menos movimento de passageiros e em locais mais isolados e
com fraca vigilncia das autoridades. Os passageiros so mais frequentemente
assaltados em condies de maior confuso e, portanto, quando h muito movimento
de passageiros e, consequentemente, mais contacto fsico entre eles. Em condies
de atrasos do servio de transporte e acumulao de passageiros, geram-se conflitos
que atingem frequentemente o motorista, sob forma de agresses verbais.
17

A frequncia crescente de situaes de violncia no contexto do transporte rodovirio
tem levado as autoridades e os operadores de transportes a implementar novas
medidas de segurana que cobrem diferentes tipos de situaes de emergncia:
acidente, incndio, inundao, agresso, crime violento, actos de vandalismo e at
terrorismo. Estas medidas tm vindo a evoluir medida que se vai aprendendo com
as mais recentes ocorrncias e se vo enfrentando novas ameaas. Neste contexto, os
operadores de transportes tm que desenvolver e implementar medidas preventivas,
desenvolver capacidades de resposta s situaes que forem sendo criadas, o que
implica formao dos diferentes actores, neste caso, os motoristas, conferindo-lhes
meios e capacidades de resposta. Finalmente, devem ser previstos meios de
recuperao adequados para que rapidamente o sistema volte a funcionar
normalmente. Este procedimento comum a qualquer sistema de risco, embora
pouco tenha sido implementado no contexto do transporte rodovirio. No entanto, a
incerteza que o caracteriza, aliada ao aumento do risco de agresso ou qualquer
forma de violncia, apontam claramente para a implementao de um sistema de
segurana eficaz, envolvendo os operadores e as autoridades relevantes numa
conjugao de esforos para respostas prontas e eficazes.

3.1.1. Como prevenir
A preveno de situaes de emergncia decorrentes de agresso ou qualquer forma
de violncia passa essencialmente pela poltica de segurana definida pelo operador
de transporte. Esta deve assentar na definio de procedimentos de segurana e
gesto de conflitos, na integrao de dispositivos tecnolgicos de segurana e na
preparao dos motoristas para gerir e responder adequadamente a tais situaes. Em
termos gerais, uma poltica preventiva deve ser orientada para a reduo da ameaa e
da vulnerabilidade, o que passa pela identificao dos factores que as determinam, ou
seja:
Quais os factores que podem convidar a uma potencial hostilidade?
- A existncia de infra-estruturas e meios de comunicao que podem ser
alvo de violncia, agresso ou roubo (estaes, paragens, abrigos, parques
de estacionamento, sistemas de comunicao, sistemas de vigilncia e
controlo, etc., podendo ser alvo de destruio);
- O transporte de mercadorias com valor comercial;
- Problemas sociais conducentes a descontentamento e aumento da violncia.
Quais so as vulnerabilidades ou fraquezas do sistema que podero facilitar o
sucesso de qualquer acto de violncia?
- A localizao, sabendo que h zonas que, pelas suas caractersticas
geogrficas e urbansticas (isolamento, falta de iluminao, mau estado da
via, etc.) conferem um elevado risco ao trajecto definido;
18

- O impacto social de qualquer acto de violncia sobre determinado sistema e
a respectiva dificuldade em recuperar ou mitigar os seus efeitos;
- A elevada exposio do motorista quando viaja sozinho (mercadorias) ou
sem o devido isolamento do seu habitculo (passageiros).
Os motoristas devero conhecer a poltica de segurana da empresa de forma a
adoptar comportamentos preventivos em consonncia com essa poltica.
A instalao de elementos de proteco, tais como o isolamento do habitculo nos
autocarros, cria um posto de trabalho suficientemente isolado para impedir qualquer
contacto fsico com o motorista. Em qualquer dos contextos (mercadorias ou
passageiros), recomenda-se a instalao de meios tecnolgicos, tais como: (1)
cmaras de vdeo, cujo conhecimento da sua existncia em pleno funcionamento tem
um efeito dissuasor sobre potenciais agressores; (2) dispositivos de comunicao e
alarme ligados ao operador de transporte e polcia local, que permitiro a ajuda
necessria em qualquer situao de emergncia. A completar os meios tecnolgicos
de proteco, os motoristas devero ser submetidos a uma formao especfica em
gesto de conflitos, que, proporcionando-lhes a necessria calma, permitir
neutralizar alguns comportamentos de agresso e optimizar a utilizao dos meios
tecnolgicos colocados sua disposio para tais situaes
Em Ergonomia recomenda-se, na generalidade, que qualquer alterao das condies
de trabalho, quer se reporte a aspectos organizacionais, quer introduo de novos
elementos tecnolgicos, seja previamente discutida com os trabalhadores, de forma a
explicar-lhes que vantagens podem resultar das alteraes propostas. Quando este
procedimento no seguido, frequente encontrar-se uma natural reaco
mudana, apenas por desconhecimento e por naturais receios do desconhecido. No
caso da instalao de meios tecnolgicos de proteco, comunicao e/ou alarme,
importante que os motoristas tenham tido oportunidade de expressar a sua opinio e
referir eventuais experincias de agresso ou tentativa, a fim de facilitar a escolha
dos equipamentos mais relevantes; ainda fundamental que conheam
antecipadamente o modo de funcionamento dos dispositivos a fim de os tornar mais
eficazes e permitir accion-los de forma imperceptvel para o agressor.
No contexto do transporte de mercadorias, que prev longos trajectos para o
transporte interurbano e internacional, os motoristas esto fortemente expostos a
actos de agresso e vandalismo pelo facto de transportarem cargas mais ou menos
valiosas, viajarem predominantemente sozinhos e circularem dia e noite por estrada.
No entanto, so eles as pessoas indicadas para combater no local a possibilidade de
roubo adoptando comportamentos seguros:
Verificar se a carga que transportam corresponde guia de transporte;
Verificar os endereos para distribuio da mercadoria;
No devem permitir a entrada de pessoas no autorizadas na rea de carga;
19

Devem deixar os veculos fechados e levar as chaves consigo, nunca deixando,
mesmo escondidos, os meios que permitam a entrada no veculo e o seu roubo;
Nunca devem falar sobre a carga que transportam e a rota que seguem;
Nunca devem dar boleias que no estejam autorizadas;
Nunca devem parar em locais no previstos, particularmente em zonas escuras
e remotas;
Devem estacionar o veculo de forma a v-lo a partir do restaurante ou caf
quando param para comer;
Quanto param para pernoitar, devem estacionar o veculo com a porta de acesso
carga bloqueada por uma parede, muro ou qualquer objecto fixo que no
permita o acesso carga;

3.1.2. Como agir em situao de emergncia face a actos de violncia
A primeira condio para uma aco eficaz em situao de emergncia saber gerir
a incerteza que caracteriza a actividade do motorista, desde a conduo do veculo,
passando pelo tipo de transporte que efectua (passageiros ou mercadoria e respectiva
natureza) at s situaes que se lhe vo deparando ao longo do seu percurso. A
gesto adequada da incerteza integra competncias para antecipao de potenciais
situaes de conflito e identificao de potenciais agressores. Reconhece-se, no
entanto, que estas competncias se desenvolvem apenas com a prtica, pelo que a
baixa frequncia destas situaes no permite ao motorista o necessrio
desenvolvimento de competncias especficas a aplicar na gesto de conflitos. De
qualquer modo, revela-se importante a formao neste domnio, a par do estmulo
permanente ao desenvolvimento das capacidades de deciso e controlo das emoes,
fazendo valer serenamente a sua autoridade.
Na gesto da incerteza, o local onde a agresso cometida faz toda a diferena. Tal
como uma pessoa que caminha por uma zona de risco exibindo objectos atraentes
para potenciais agressores (jias, mquina fotogrfica ou outros artigos de valor), a
exposio prolongada e insuficiente vigilncia so atractivos quase infalveis. Nestas
zonas, devem ser limitadas as paragens, sobretudo a horas de menor movimento,
devendo, paralelamente, ser reforada a vigilncia.

3.1.3. Como recuperar
Em situaes de acidente, agresso ou vandalismo, coloca-se a questo da rpida
recuperao do sistema para retorno sua actividade normal. Assim, aps accionar
os mecanismos de emergncia e socorro, o motorista deve estar preparado para
colaborar com as autoridades de emergncia e/ou proteco civil, de forma a seguir
20

estritamente as suas indicaes no sentido de restaurar as condies normais de
actividade. Nestas situaes, toda a aco deve ser coordenada, seguindo de forma
disciplinada as instrues de quem comanda as operaes. Em muitos casos, estas
instrues podem limitar-se a ter que se esperar e assistir distncia actividade dos
agentes de socorro.

3.2. Risco de Incndio
O motorista pode ser confrontado com uma situao de incndio ou fumo no prprio
veculo, pelo que dever estar preparado para agir com segurana e eficcia. Assim, a
primeira coisa a fazer ligar os 4 indicadores de mudana de direco, aps o que
dever encostar berma, parar o veculo, desligar o motor, deixando a chave na
ignio e abandonar rapidamente o veculo. Dever, ento, fazer uma rpida
avaliao da situao para depois chamar o socorro apropriado (bombeiros),
informando da gravidade da situao. Se houver um telefone de emergncia prximo
do local, a chamada telefnica dever ser feita a partir desse telefone uma vez que
permite imediatamente a localizao da ocorrncia. No caso de se tratar de um
incndio de fracas propores, sem risco imediato de exploso, o motorista poder
combater desde logo o fogo com os meios disponveis a bordo (extintor). Para
optimizar a sua aco, o motorista dever saber exactamente onde se encontra o
extintor, como o deve retirar do seu ponto de fixao no veculo e conhecer o seu
modo de funcionamento. H diferentes tipos de extintores, geralmente codificados
por cores, que so especficos para combater determinados tipos de fogo, pelo que
preciso conhecer cada tipo de extintor e saber para que situaes adequado. Assim,
para combater um incndio em veculos, o extintor de p seco considerado o mais
apropriado (Lowe, 2008). Mesmo em situaes em que no se conhea determinado
tipo de extintor disponvel, fundamental ler previamente as instrues que nele
esto afixadas, pois o tempo que se gasta a faz-lo reflectir-se- na maior eficcia da
aco, evitando, por exemplo, utilizar um extintor de gua num incndio na parte
elctrica do veculo.
Em situaes nas quais o motorista se depare com um incndio noutro veculo,
dever igualmente ligar os 4 indicadores de mudana de direco, encostar berma,
parar suficientemente afastado do veculo incendiado, desligar o motor e preparar-se
para prestar a necessria ajuda at chegada dos bombeiros seguindo os
procedimentos atrs referidos. Se se tratar de incndio no motor de um veculo
ligeiro, deve haver todo o cuidado em no abrir totalmente a tampa do
compartimento do motor, pois a entrada brusca de ar ir alimentar o fogo,
inflamando-o violentamente. Assim, deve-se procurar abrir ligeiramente a tampa do
compartimento do motor e accionar o extintor atravs dessa pequena abertura.
Se, em qualquer das situaes, o veculo estiver incendiado e o fogo tiver propores
que estejam fora da capacidade de combate do motorista com os meios de que
21

dispe, ento dever aguardar a chegada dos bombeiros, ficando afastado do veculo
tendo previamente posto a salvo todos os seus ocupantes. O motorista deve ainda
impedir, at chegada dos bombeiros, que haja outros veculos a estacionar nas
proximidades, a fim de evitar uma exposio desnecessria dos respectivos
ocupantes aos riscos inerentes situao e assegurar que no dificultem o livre
acesso aos veculos de emergncia.
chegada das equipas de socorro, o motorista dever informar os seus elementos
das aces que empreendeu, passar-lhes a liderana de todo o processo e cooperar
com eles seguindo as suas instrues.

3.2.1. Evacuao de passageiros
Quando o motorista presta socorro a um veculo em fogo, a primeira prioridade
retirar as pessoas para fora do veculo em condies de segurana, o que dever
preceder a chamada do socorro e eventual aco de combate ao fogo. Assim, o
motorista dever proceder evacuao de todos os passageiros para uma rea segura
(por exemplo, escapatrias, sadas de emergncia em tneis, ou abrigos). Tanto o
motorista como os passageiros devero manter-se a uma distncia segura do veculo
incendiado.
Num processo de evacuao de passageiros, o motorista deve manter-se calmo,
assumir a liderana da aco, informar as pessoas sobre as medidas j tomadas e
sobre o processo de evacuao, de modo a tranquiliz-las e inspirar confiana nas
suas aces. Isto essencial para a evacuao serena e segura dos passageiros. No
caso de haver um nmero elevado de passageiros e se tornar necessria maior
urgncia na evacuao, o motorista poder ainda escolher algumas pessoas com
maior capacidade de movimentao para o ajudarem na evacuao de passageiros
com maior dificuldade de mobilidade. Estas pessoas devero ser as primeiras a serem
evacuadas. tambm importante que o motorista se proteja, pois se ele se magoar e
ficar diminudo ou impossibilitado de continuar a dirigir a evacuao dos
passageiros, instalar-se- o pnico entre eles, a consequente desordem e,
eventualmente, a situao somar algumas vtimas. Finalmente, o motorista deve
verificar se todos os passageiros foram evacuados e se algum est a necessitar de
cuidados especiais. Neste caso, o motorista dever prestar os primeiros socorros
adequados situao e/ou colaborar com as equipas de socorro na assistncia aos
passageiros, encaminhando-os em funo da sua condio: para o hospital ou centro
de sade mais prximo ou providenciando transporte para casa.
22

PARTE II: PRIMEIROS SOCORROS


1. INTRODUO
Este captulo do manual tem como objectivo fornecer algumas informaes de como
iniciar a prestao dos primeiros cuidados em caso de acidente ou doena sbita.
Cabe-lhe o papel primordial de prestar os socorros de urgncia eficazmente, no local
do acidente evitando que este se agrave e transmitir a informao adequada aquando
da chegada do pessoal especializado e assim contribuir para a rpida recuperao e
diminuio das possveis sequelas da resultantes, garantindo a qualidade dos
cuidados prestados vtima.

2. O QUE SO OS PRIMEIROS SOCORROS?
Primeiros Socorros so as primeiras medidas a serem tomadas no local do acidente,
isto , so medidas simples mas eficazes at chegada do socorro profissional.
O conceito de Socorrismo definido como sendo a utilizao de um conjunto de
tcnicas e saberes em benefcio do indivduo e da comunidade. Os Princpios Gerais
do Socorrismo so trs:
PREVENIR ALERTAR SOCORRER

Os trs princpios gerais regem toda a aco do socorrista tendo como objectivo
principal prevenir o agravamento do estado da vtima e do acidente, alertar
correctamente para o 112 e socorrer adequadamente a vtima, estabilizando-a at
chegada de pessoal especializado na emergncia pr-hospitalar (mdico, enfermeiro
e paramdico).




Box 1 - Princpios Gerais do Socorrismo
23



AFASTA
PERIG VTIM
A
PREVENIR o agravamento
ALERTAR correctamente
SOCORRER a vtima

3. SEQUNCIA DAS ACES DE PRIMEIROS SOCORROS
3.1. O que devemos fazer perante um acidente?
A primeira atitude a tomar perante um acidente ser sempre a proteco da vtima e
de ns prprios, sendo necessrio:
Manter a calma, a primeira atitude a tomar no caso de um
acidente. Cada pessoa reage de forma diferente, principalmente
se tambm estiver envolvido no acidente e o pnico se instalar
entre as vtimas;
Avaliar de imediato a segurana do local onde ocorreu o
acidente, desenvolvendo aces para promover a segurana, de
forma a evitar o agravamento do acidente ou a
ocorrncia de novos acidentes;
Efectuar uma rpida avaliao da vtima.
Sempre que possvel deve afastar-se o perigo da
vitima, mobilizando-a do local em ltimo
recurso, quando a sua permanncia implica
risco de vida para si prpria e/ou para o
Socorrista;
Accionar de imediato o servio de emergncia local.
importante ter sempre presente a sequncia destas aces. Nenhuma aco pode ser
iniciada sem que outra tenha sido terminada. Por exemplo, comear por garantir a
segurana, sinalizando o local, accionar o pedido de socorro e completar a segurana
no local, controlando a situao, de forma que estas medidas limitem as
consequncias do acidente.



Box 2 - Recomendaes de Actuao Perante um Acidente
24







4. FORMAS DE ACCIONAR O SOCORRO
Deve ter presente que, independentemente da situao com que se depare, o sucesso
das aces que forem desenvolvidas est na maioria dos casos directamente
relacionada com a rapidez e qualidade das tcnicas aplicadas, prevenindo as
possveis sequelas e aumentando a qualidade de vida da vitima/vitimas.
Como accionar o Socorro?
O Alerta deve ser efectuado atravs do Nmero Europeu de Emergncia 112. Se o
acidente tiver ocorrido numa auto estrada o alerta pode ser efectuado nos postes
avisadores de SOS. Em alternativa, podemos recorrer a outras entidades, como:






Ao accionar o Alerta para o 112, e apesar da tenso que a situao implica
importante manter a calma, e responder correctamente a todas as perguntas que iro
ser feitas pela equipa, uma vez que das informaes que lhes forem prestadas
depender os meios de socorro a serem enviados ao local e desta forma a prestao
de um socorro mais eficiente e eficaz. No quadro n 1 exemplifica-se como o Alerta
deve ser efectuado.
Quadro 1 - Indicaes Sobre a Forma de Transmitir o Alerta
Forma de Transmitir o
ALERTA
No pedido de auxlio deve referenciar o seguinte
Local do Acidente Referir o nome da rua e a localidade; e outros pontos de referncia
Tipo de Acidente Coliso ou atropelamento, Ex: Choque frontal
MANTER a calma;
GARANTIR a segurana;
PEDIR socorro;
CONTROLAR a situao;
VERIFICAR a situao das vtimas.
PSP

BOMBEIROS

GNR
MENSAGEIR
25

Veculos
Indicar o nmero de veculos envolvidos e caractersticas, por exemplo:
veculos ligeiros, pesados, pesados de passageiros e motos
Vitimas
Indicar o nmero de vtimas envolvidas e se existem crianas ou idosos entre
as vtimas
Estado Avaliar o estado aparente das vtimas
Vitimas Encarceradas ou
Soterradas
Indicar se existem vtimas encarceradas nos veculos ou soterradas
Perigo de Exploso/ Incndio
Indicar a possibilidade de ocorrer uma exploso, Ex: no caso de combustvel
ou de produtos qumicos derramados na via

5. SINALIZAO DO LOCAL E A SEGURANA
Para que se consiga uma efectividade real na prestao do socorro devemos angariar
a ajuda de algum que esteja no local, quer na chamada do socorro, quer na
sinalizao de modo a garantir a segurana no local.

Como Sinalizar? E garantir a segurana de todos?

Tendo como objectivo a segurana de todos, devero ser implementadas as seguintes
medidas:
Estacionar o veculo fora da faixa de rodagem, aps o local do acidente,
identificado com os quatro indicadores de mudana de direco ligados.
Colocar de imediato o colete reflector.
Efectuar a sinalizao do local do acidente, no esquecendo que a mesma deve
iniciar-se antes do local do acidente ser visvel. Para isso necessrio:
Demarcar Colocar um tringulo reflector perpendicularmente em
relao ao pavimento e ao eixo da faixa de rodagem, a uma distncia
no inferior a 30 metros da retaguarda do veculo ou da carga a
sinalizar de forma a ficar bem visvel a uma distncia de, pelo menos,
100 metros.
O objectivo alertar os condutores para que tenham possibilidade de
diminuir a velocidade ou mesmo parar, prevenindo novas ocorrncias
de acidente. Para isso, importante certificar-se que nenhuma vtima
se encontra fora do veculo ou nas imediaes do local do acidente e
se houver focos de incndio tentar combat-los com um extintor ou
com areia e/ou terra.

Ateno Nunca tentar apagar os focos de incndio com gua, pois h a
possibilidade de libertao de vapor de gua que atinge elevadas temperaturas
tendo como consequncia dispersar o combustvel derramado.
Concomitantemente, temos de ter em ateno o estado do veculo e devem ser
contemplados os seguintes aspectos:
26

No caso de o acidente ocorrer durante o perodo nocturno, dever a viatura do
socorrista ser estacionada antes do local do acidente, aproximando-a o mais possvel
do limite direito da faixa de rodagem e ligando os faris mdios de forma a
possibilitar uma maior visibilidade. Devendo ainda adoptar as medidas de preveno,
como os dispositivos de sinalizao e as luzes avisadores de perigo.

Figura 2 Avaliao do Estado do Veculo

5.1. Aces de Preveno a Desenvolver no Local do Acidente
As primeiras aces desenvolvidas face ao acidente tm como objectivo prevenir
circunstncias externas, que contribuam para o agravamento deste, como por
exemplo:
Novas Colises: Sinalizar de forma adequada o local onde o acidente
ocorreu, reduzindo a possibilidade da ocorrncia de novos acidentes ou do
agravamento do primeiro.
Atropelamentos: Isolar o local do acidente, de maneira a garantir a
segurana das vtimas e dos indivduos que estejam a colaborar na prestao
dos primeiros socorros, mantendo o fluxo de veculos na via que se encontre
livre e interditar a paragem de curiosos em veculos ou a p.
Incndio: Prevenir o risco de incndio, tendo em ateno que este risco
potenciado pelo derramamento de combustvel na via. de mxima
importncia alertar para que no se fume no local e verificar se existem
extintores disponveis, prontos a serem usados at chegada das equipas de
socorro, para o caso de haver um foco de incndio.
Exploso: No caso de o acidente envolver um camio de transporte de
combustvel, gs ou outro tipo de matrias inflamveis, no deve haver fluxo
27

de veculos na via, se j tiver ocorrido algum tipo de derramamento, devendo
o local ser evacuado.
Electrocusso: Existe um risco potencial de electrocusso quando em
consequncia de um acidente afectado um poste elctrico. O risco mais
elevado quando os postes so de alta voltagem, uma vez que este contacto
pode causar a morte;
Quando houver contacto com cabos elctricos, os ocupantes devem ficar
protegidos dentro do veculo desde que os pneus estejam intactos, situao
que se altera se as vtimas tiverem em contacto com o solo. Da mesma forma,
a produo de uma fasca originada pelo chicotear do cabo elctrico perto de
um derramamento de combustvel deve ser evitada pelo risco de incndio.
Derramamento de leo: O derramamento de leo pode ocasionar novos
acidentes e/ou agravar o anterior. Se possvel, deve ser colocada terra ou areia
por cima do derramamento.
Preveno da transmisso de doenas Infecto-contagiosas: Na prestao
dos primeiros socorros deve ser evitado o contacto com sangue ou outros
fluidos corporais (secrees) das vtimas. Aconselha-se a utilizao de luvas
que podem ser de materiais variados como ltex ou nitrilo. Estas luvas podem
ser adquiridas em grandes superfcies e devem estar disponveis na caixa de
primeiros socorros do veculo.

Figura 3 - Tipos de Luvas

No caso de ser necessrio efectuar manobras de respirao artificial recomendado
preferencialmente a utilizao de dispositivos como a Mscara de Bolso (pocket
mask) e s em ltimo recurso a respirao boca a boca.





28

Figura 4 - Mscara de Bolso

Box 3 - Principais Aces de Preveno
Preveno de Novas Colises
Preveno de Atropelamentos
Preveno de Incndio
Preveno de Exploso
Preveno de Electrocusso
Conter o Derramamento de leo
Preveno da Transmisso de Doenas Infecto-
contagiosas.


6. EXTINTORES
6.1. Tipos de Extintores
O tipo de extintor a ser utilizado em veculos deve ser adequado para fogos das
classes A, B e C e ter capacidade no inferior a 4 kg.

6.2. Localizao dos Extintores no Veculo
Segundo a legislao portuguesa (Despacho N 15680/2002), a localizao dos
extintores deve obedecer ao seguinte conjunto de regras:
O extintor deve estar colocado prximo do banco do condutor, de forma a facilitar
a sua utilizao em caso de urgncia;
Nos automveis pesados de passageiros das categorias II e III, s com lotao
sentada, para alm do extintor referido no nmero anterior deve existir um outro
colocado na metade posterior do veculo;
Os extintores devem estar colocados de forma claramente visvel e a sua
localizao estar assinalada atravs de setas indicadoras adequadas, no caso de existir
obstruo visual impossvel de remover;
A localizao de qualquer extintor deve ser assinalada atravs de pictograma
adequado, colocado junto ao mesmo, sempre que possvel em posio elevada
relativamente ao extintor;
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Este pictograma deve ser de cor contrastante e facilmente visvel a uma distncia
de 3 m, identificando, de modo inequvoco, o aparelho a que se refere;
Os extintores podem estar protegidos contra o roubo ou vandalismo, desde que tal
no impea o fcil acesso em caso de emergncia.
O Extintor nunca dever ser guardado no porta bagagens ou em outro local de
difcil acesso;
O Extintor deve ser mantido carregado e com a data de validade visvel e
actualizada;
O Motorista deve estar treinado no manuseamento do extintor em qualquer
momento e circunstncia.

6.3. Recomendaes na Utilizao do Extintor
No quadro seguinte exemplifica-se a melhor forma de um extintor ser utilizado.


Quadro 2 - Forma Correcta de Utilizar o Extintor
Utilizao Correcta do Extintor
Manter o extintor em posio vertical;
Quebrar o selo de segurana existente e que garante que este ainda no
foi usado;
O jacto deve ser dirigido para a base das chamas e no para o meio
destas;
Efectuar movimentos de semicrculo, tentando cobrir toda a rea de
chamas;
importante que o jacto seja contnuo e nunca com interrupes, de
preferncia devem ser utilizados vrios extintores ao mesmo tempo.

7. INICIAR O SOCORRO S VTIMAS
Para iniciar o socorro s vtimas devemos estabelecer prioridades consoante a
gravidade das situaes.
O diagnstico da situao feito atravs da Observao do Local e das Vtimas
como forma de obtermos o mximo de informao possvel sobre o tipo de
ocorrncia e o estado das mesmas. A avaliao da vtima compreende o Exame
Primrio e o Exame Secundrio da vtima.

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7.1. Exame Primrio
Deste quadro consta resumidamente aquilo que num primeiro passo se avalia na
vtima, com vista deteco primria de problemas potencialmente graves.

Em que consiste o Exame Primrio?

De incio vamos avaliar o estado de conscincia da vtima e como vamos fazer? A
vtima est consciente ou inconsciente?
Responde ou no a estmulos verbais, isto ,
responde a perguntas simples como o nome, a
idade, recorda o que aconteceu (tentar chamar a
pessoa, perguntar-lhe o nome, pedir para abrir os
olhos);
Responde a estmulos dolorosos (bater levemente nos ombros).

1 Situao: A Vtima est Consciente
Aproveitar o facto de a vtima estar ainda consciente para se conseguir o
mximo de informaes possvel, pois em qualquer altura o estado de
conscincia pode-se alterar.

O que devemos perguntar?
Consegue mobilizar (mexer) os seus membros (braos e pernas)?
Tem dores? Onde? Em que zonas do seu corpo?
Tem sensibilidade no seu corpo (sente tocar no corpo)?
Aonde estamos a tocar?
Apresenta outras leses?

2 Situao: A Vtima est Inconsciente
O que devemos fazer?
Dado que a vtima no nos consegue transmitir nenhum tipo de informao porque
est inconsciente, uma das prioridades ser Pesquisar as Funes Vitais e
Identificar a Causa que desencadeou a inconscincia. Para isso, necessrio:
Figura 5 - Avaliao Estado
de Conscincia
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Ventilao
Temperatura
Circulao
VER
OUVIR
SENTIR

Avaliar a Ventilao: verificar se existem movimentos respiratrios da caixa
torcica (se o trax sobe e desce), tentar ouvir a respirao e sentir o ar expirado (a
sair).
Avaliar a Circulao: Pesquisar o pulso, em ambos os membros superiores
(braos) ou na artria cartida (pescoo).







Figura 6 - Pesquisa do Pulso Carotideo
Avaliar a Temperatura: Para isso
utilizar um termmetro; se este no estiver
disponvel, poder colocar as costas da sua
mo na regio frontal (testa) da vtima e
avaliar relativamente sua temperatura.

7.2. Exame Secundrio

Em que consiste o Exame Secundrio?
O Exame Secundrio consiste numa observao mais detalhada da vtima, e em
Interrogar a mesma, uma vez que todas as informaes prestadas pela vtima so
uma mais-valia para se efectuar o diagnstico da situao, pelo que devemos registar
estas informaes no s para ns, mas para as transmitirmos aos profissionais de
sade.
Existem 2 conjuntos de informaes relevantes e que so:
SINAIS- tudo aquilo que se Observa na vtima, como o dimetro pupilar; a
palidez; o rubor; a existncia ou no de pulsos.
SINTOMAS- tudo aquilo que a prpria vtima diz Sentir, como a dor; as
nuseas e vmitos; as tonturas; a sensao de frio ou de calor.

Geralmente, o exame secundrio segue os seguintes passos:

32



Observao da Face: Verificar a existncia de leses na face como por exemplo
escoriaes, queimaduras, edemas ou equimoses.
Observao da Pele:
Colorao (normal, congestionada, plida ou cianosada);
Temperatura (normal, quente ou fria);
Grau de humidade da Pele (normal, seca ou suada);
Observao das Pupilas:
Dimetro (normal, dilatada ou contrada);
Simetria (comparao dos dimetros de ambas as pupilas);
Reaco luz (Sim ou No).





Figura 7 - Dimetro Pupilar

7.3. Posio Lateral de Segurana
Deve ser utilizada em todo o indivduo inconsciente:
Lateral - porque o indivduo est deitado de Lado
De segurana - porque liberta as vias respiratrias, impedindo a queda da
lngua para trs e a obstruo das vias areas pelo sangue, vmitos e
mucosidade.
Como se procede?
Desobstruo das vias areas superiores;
Olho Direito Olho Esquerdo

EXAME
ATENO
Uma pupila dilatada e outra contrada
podero indiciar Traumatismo Craniano
Grave
FAC PUPILAS PELE
33

Colocar um brao perpendicularmente ao corpo, do lado para o qual vamos
voltar a pessoa;
Flectir a coxa oposta;
Preparar uma almofada, com a altura correspondente a meia espessura do
ombro.

Posio do Socorrista:
Coloca-se do lado para o qual pretende virar a vtima;
Coloca um joelho em terra, os braos estendidos, as costas direitas;
Uma das mos sobre o joelho flectido e a outra sobre o cotovelo.


Colocao da Vtima em Posio Lateral de Segurana:

Girar lentamente o bloco cabea/pescoo/tronco atravs de um movimento de
bscula; puxar com suavidade a cabea para trs, com a boca aberta;
Ajeitar a perna que fica por cima, de forma a formar um ngulo recto;
Manter a via area permevel, puxando a cabea ligeiramente para trs de forma a
evitar a queda da lngua e aspirao de vmito;
Cobrir a vtima;
Vigiar a respirao e o pulso frequentemente;
Ajeitar o ombro da vtima.

7.4. O Que No Fazer a Uma Vtima de Acidente
O que no se deve fazer vtima em caso de acidente?
Existem algumas atitudes que no devemos ter perante uma vtima de acidente e que
podero comprometer a sua vida:
No mobilizar a vtima
A mobilizao de uma vtima s dever ser realizada, se houver risco iminente de
exploso, incndio ou outra situao que faa perigar a vida, caso contrrio, aguardar
sempre a chegada da equipa de emergncia e colaborar com os seus elementos.
Por vezes, algumas vtimas, apesar de conseguirem sair do veculo e deambular,
devem ser vigiadas de forma a identificar precocemente alguns sinais de
agravamento da sua situao clnica, como o caso de nuseas ou vmitos, dores de
cabea, sangramento do nariz ou outro orifcio visvel.
No retirar o capacete de um motociclista
34

Aps um acidente frequente os motociclistas apresentarem leses medulares graves
por traumatismo da coluna vertebral (cervical ou dorso-lombar), pelo que, o capacete
s deve ser removido em caso de paragem cardio-respiratria em que seja necessrio
iniciar manobras de reanimao, uma vez que o capacete serve de estabilizador e
imobilizador da coluna cervical.
No efectuar garrotes para parar as hemorragias
Hoje em dia este procedimento s realizado em situaes bem definidas e
geralmente efectuado por profissionais de sade, devendo ser apenas feita
Compresso Manual Directa ou Indirecta do local.
No dar de comer e beber
No administrar nenhum tipo de lquidos, nem alimentos a vtimas conscientes e
inconscientes, uma vez que a situao clnica poder implicar procedimentos
cirrgicos chegada ao hospital, para alm de que algumas destas situaes podem
evoluir para o coma, podendo o indivduo vomitar e provocar uma aspirao de
vmito para a rvore brnquica, o que agravaria a sua situao.

Box 4 - Recomendaes ao Efectuar o Socorro Vtima






8. SOCORROS NO
MBITO DA TRAUMATOLOGIA
Os Socorros Essenciais So todas as situaes em que existe perigo eminente de
Morte. So por isso consideradas prioritrias na prestao do primeiro socorro e na
evacuao para uma Unidade Hospitalar.
Neste captulo iremos debruar-nos sobre as situaes das Alteraes Cardio-
respiratrias; Estado de Choque; Hemorragias; Queimaduras e as Leses
Osteoarticulares.



NO MOBILIZAR a vtima;
NO RETIRAR o capacete de um
motociclista;
NO EFECTUAR garrotes;
NO DAR de comer e beber.
Alteraes
Cardio Respiratrias

Choque

Hemorragias

35





8.1. Alteraes Cardio Respiratrias
As alteraes ao nvel do sistema respiratrio e cardaco, em conjunto ou
isoladamente, podero levar a situaes de paragem respiratria e cardaca. Estas
situaes podem ser irreversveis quando superiores a 3 minutos, conduzindo
Morte.
8.1.1. Causas mais Comuns de Alteraes Respiratrias
Porque que deixamos de respirar?
So vrias as causas de haver falncia respiratria e que iremos enumerar no quadro
seguinte.
Quadro 3 - Causas Frequentes de Alteraes Respiratrias
CAUSAS DAS ALTERAES RESPIRATRIAS
Obstruo das vias respiratrias (engasgamento)
Intoxicao (dixido ou monxido de carbono)
Fractura ou esmagamento de costelas
Traumatismo Craniano
Envenenamento
Afogamento


ASFIXIA


Nas crianas, por presena de corpos estranhos
Leses cardacas como o enfarte agudo do miocrdio
Electrocusso
OUTRAS
CAUSAS
Soterramentos

8.2. Tcnicas de Desobstruo das Vias Areas
O que devemos fazer?
Efectuar manobra de extenso da cabea;
Desapertar as roupas, colarinhos, gravatas,
cintos, lenos;
Queimaduras
Leses
Osteoarticulares
36

Abrir a boca, colocar os 2 dedos envolvidos
num pano limpo, retirando as prteses dentrias
soltas, corpos estranhos, vmito, sangue e restos
de comida;
Existem ainda algumas manobras simples que podero ser executadas
facilmente e que salvam vidas como as Pancadas Interescapulares e a
Manobra de Heimlich.

8.2.1. Pancadas Interescapulares
Esta manobra poder ser utilizada em caso da existncia de um corpo estranho, que
se encontre a obstruir as vias areas.
A Posio do Socorrista dever ser a seguinte:
Junto da vtima, ao lado e ligeiramente por
trs;
Em posio de equilbrio;
Com uma mo suster o trax da vtima,
inclinando-a ligeiramente frente;
Com a outra mo aplicar 5 pancadas entre as
omoplatas;
Assim que se observar a reverso da
obstruo interromper a manobra.

8.2.2. Manobra de Heimlich
A Manobra de Heimlich deve ser utilizada em situaes de engasgamento e sempre
que a manobra anterior no resultar. A Posio do Socorrista dever ser a seguinte:
Junto da vtima, por detrs deve-se colocar os
braos em redor desta, na regio superior do
abdmen, entre o apndice Xifide e o umbigo;
Cerrar o punho sobre esta regio e agarr-lo com a
outra mo;
Figura 8 - Desobstruo da Via
Area
Figura 9 - Desobstruo da Via Area
37

Aplicar 5 movimentos bruscos e secos, no sentido
para dentro e para cima;
A manobra tem como objectivo diminuir o volume da caixa torcica e assim
aumentar a presso no interior das vias areas provocando uma expulso sbita
de ar e com isso a expulso de algum corpo estranho;

Pode-se conjugar ambas as manobras: Pancadas Interescapulares e Manobra
de Heimlich.

8.3. Suporte Bsico de Vida
So as manobras que podem ser efectuadas por um socorrista de forma a manter a
vtima a respirar e com actividade circulatria. Quando ocorre uma paragem cardaca
a probabilidade de sobrevivncia maior se houver um socorrista presente, uma vez
que pode iniciar manobras de ressuscitao. As manobras de suporte bsico de vida
devero ser efectuadas com a vtima na posio de decbito dorsal. O quadro
seguinte refere-se Avaliao Primria de situaes potencialmente graves tendo em
conta a sequncia das aces A (Via Area), B (Ventilao), C (Circulao), D (Grau
de conscincia), E (Exposio da vtima).

Quadro 4 - Avaliao Primria- A/B/C/D/E
A
Via Area
Airway
Libertar as Vias Areas
Elevar o Mento (Queixo)
Traco da mandbula
Imobilizar com colar cervical ou
colocar algo que esteja disponvel
para no deixar que a vtima rode a
cabea

B
Ventilao
Breathing
Avaliar a Respirao
(Ver/Ouvir/Sentir)
Assegurar a ventilao
Iniciar respirao artificial caso no
haja movimentos respiratrios que
podem ser avaliados olhando para o
trax e verificando se h ou no
expanso
C
Circulao
Circulation
Avaliar a Circulao, se
existe pulso avaliado ao nvel
Iniciar RCP
D
Avaliar o nvel de
Conscincia


E
Exposio da Vtima

Se estiver Consciente, passar ao
exame secundrio

8.3.1. Abordagem da Vtima
Na abordagem da vtima deveremos considerar o seguinte:
Figura 10 - Manobra de
38

Confirmar a segurana no local;
Avaliar o grau de conscincia da vtima;
Fazer perguntas, estimulando a vtima, de forma a obter algumas respostas
a ordens verbais simples.
8.3.1.1. A Vtima no Responde
No caso em que a vtima no responde aos nossos estmulos deveremos:

Manter a via area desobstruda, e como se faz?
A Desobstruo das Vias Areas consiste na libertao das vias areas da vtima,
que por vezes se encontram obstrudas por corpos estranhos como peas dentrias, ou
prteses dentrias no fixas, sangue, secrees e vmito o que impede a vtima de
respirar convenientemente.
Como Efectuar a Manobra de Extenso da Cabea?
Com as extremidades de dois dedos, levante o mento (queixo); esta manobra permite
na maior parte dos casos o reincio da respirao, evitando a queda da lngua e
consequente obstruo da via area;





Pedir ajuda, se necessrio gritar;
Desapertar a roupa, em especial em redor do pescoo, trax e abdmen;
De seguida, verificar os Reflexos de Segurana:
1 Respirao espontnea sentir o ar expirado;
2 Movimentos respiratrios - observar e ouvir;
3 Tosse- Presena do reflexo da tosse;
4 Deglutio- Presena do reflexo de deglutio;
5 Pulso carotideo- Presena de pulso.



Figura 11 - Manobra de Extenso da Cabea
39







Aps o que se deve pesquisar a presena de ventilao e de circulao durante 5
segundos. Podem surgir 2 situaes distintas:
a) A Vtima No Ventila mas tem Sinais de Circulao (presena de
pulso);
b) A Vtima no Ventila e no tem Sinais de Circulao (sem Pulso).

8.3.1.2. A Vtima no Ventila mas tem Sinais de Circulao
O facto da vtima se encontrar inconsciente, pode implicar a queda da lngua,
causando a obstruo da via area. Deve-se proceder da seguinte forma:

S Com 1 Socorrista
O Pulso est presente, vamos iniciar a ventilao artificial.

Posio do socorrista:
De joelhos, perto do tronco da vtima;
Efectuar a manobra de extenso da cabea;
Apertar o nariz, entre o polegar e o indicador de
modo a ficar bem vedado e no haver passagem
de ar;
Insuflar lentamente 2 vezes consecutivas;
Observar a expanso do trax;
Repetir esta sequncia at 10 a 12 insuflaes;
Esta manobra demora cerca de 1 minuto;
Reavaliar novamente o grau de conscincia; ;

Se j existem movimentos respiratrios e se continua a existir pulso:
No caso de existir pulso, manter a ventilao e aps cada 10
insuflaes, reavaliar.

Figura 13 - Avaliao da Vtima
Figura 14 - Adaptao da Mscara de
Bolso
Figura 12 - Avaliao dos Reflexos de Segurana
40

No caso de ser utilizada uma Mscara de Bolso o procedimento o seguinte:
1. Acima da cabea da vtima, aplicar a mscara face para que o vrtice desta
se adapte regio superior do nariz e o oposto entre o lbio inferior e o mento
(queixo);
2. Colocar os polegares ao longo do bordo da mscara;
3. Pressionar a mscara de encontro face de modo a que no ocorram fugas de
ar;
4. Efectuar a extenso da cabea;
5. Efectuar as insuflaes como anteriormente descrito, soprando na vlvula
unidireccional, observando a expanso do trax.

8.3.1.3. A Vtima no Ventila e no tem Sinais de Circulao
(sem Pulso)
No caso de o pulso carotideo estar ausente iniciar Ressuscitao
Cardio Pulmonar.

Como efectuar a Ressuscitao Crdio-Pulmonar
Abrir a via area;
Extenso da cabea, levantar o queixo;
Fazer 2 insuflaes: cada uma deve demorar cerca de 1 segundo;
Iniciar Compresso Cardaca Externa.







8.3.2. Tcnica de Compresso Cardaca Externa
Localizar o bordo inferior da grelha costal, utilizando os dedos indicador e mdio.
Mantendo os dedos unidos localizar o ponto onde as costelas se
unem, que o A Ap p n nd di ic ce e X Xi if f i id de e
Figura 15 - Incio da Ressuscitao Cardio-Pulmonar
41

Com o dedo mdio no Apndice Xifide colocar o indicador acima; Colocar a
base da outra mo logo acima do indicador, apoiada na poro mdia da metade
inferior do esterno;
Colocar a base da 1 mo sobre a outra e entrelace os dedos das duas mos
assegurando-se que a presso exercida no incide sobre as costelas;













Debruce-se sobre a vtima, braos estendidos e perpendiculares ao seu corpo,
exercer presso sobre o esterno, provocando uma depresso de 4-5 cm;
Aliviar a presso, descomprimindo, no retirar a base da mo entre as
compresses.










Nota: As manobras de Suporte Bsico de Vida s devem ser interrompidas, se aps a
reavaliao da vtima houver presena de circulao novamente.
ESQUEMA DO CICLO DE RESSUSCITAO CARDIO-PULMONAR





Iniciar 30 Compresses Cardacas

Prossiga Insufle 2 vezes
Figura 18 - Posicionamento do Socorrista
Figura 17 - Localizao do Apndice
Xifide
Figura 16 - Posicionamento das Mos
42










Box 5 - Recomendaes na Execuo da Compresso Cardaca Externa
COMPRESSO CARDACA EXTERNA
SOCORRISTA

INSUFLAES


Compresso
Cardaca Externa

1 Socorrista
2, --, 2, --, 2, --

--, 30, --, 30, --

1 Socorrista
para Bebs
2, --, 2, --, 2, --

--, 30, --, 30, --



8.4. Estado de Choque
O Choque uma situao que ocorre por colapso do sistema cardiovascular, tendo
como consequncia uma falncia circulatria perifrica generalizada.

8.4.1. Causas do Estado de Choque
Existem inmeras razes que podero conduzir ao estado de choque. As causas mais
frequentes so:
Enfarte Agudo do Miocrdio, em que toda a circulao fica interrompida, pois o
corao, deixa de bombear sangue suficiente, de forma a chegar a todas as partes
do corpo.
Quando existe uma hemorragia, queimadura ou desidratao grave e em que
ocorre uma importante perda de lquidos orgnicos e consequentemente a
diminuio da quantidade de sangue circulante.
30 Compresses;
100 Compresses por Minuto
Mantenha o Ritmo
30:2
43

Provocado por situaes de choque elctrico, envenenamento e fracturas.
Pode ainda ser provocado por alteraes a nvel cerebral, de origem
medicamentosa, infeces sistmicas graves e por reaces anafilticas causadas
por alergias.

8.4.2. Sinais e Sintomas do Estado de Choque




8.4.3. Primeiros Socorros do Estado de Choque

Sinais e Sintomas do Estado de Choque
44

8.5. Hemorragias
Podemos considerar uma hemorragia como sendo a rotura de um vaso sanguneo
(artria, veia ou capilar) e a consequente sada de sangue. Quando ocorre uma
hemorragia, decorre um processo de coagulao sangunea, de forma a estancar a
hemorragia.
8.5.1. Classificao das Hemorragias
As hemorragias podem ser classificadas quanto sua origem e quanto sua
localizao.
Quanto sua Origem


Quanto sua Localizao

Hemorragia Interna, nem sempre fcil o reconhecimento deste tipo de
hemorragia. Por sua vez estas so divididas em:
Interna Invisvel: Quando no existe perda de sangue para o exterior, o
sangue fica retido no interior do organismo.
Interna visvel: O sangue sai por um orifcio natural do corpo (boca, nariz,
ouvidos, nus, uretra ou vagina).
Hemorragia Externa: facilmente reconhecida pois o sangue sai por uma
ferida existente na pele, sendo assim visvel.










A Hemorragia mais Grave se for ao nvel de rgos como Fgado - Bao - Crebro
Figura 20 - Ligadura Tipo Capacete
Figura 19 - Elaborao de Ligadura
Compresso
45




8.5.2. Sinais e Sintomas das Hemorragias











8.5.3. Primeiros Socorros das Hemorragias

8.5.3.1. Hemorragias Internas
Hemorragia Interna Invisvel

O Primeiro Socorro para este tipo de hemorragias compreende:







46

Hemorragia Interna Visvel
Hemoptise
Hemoptise a eliminao de sangue pela boca e proveniente dos pulmes e
apresenta uma cor vermelho vivo, tipo espumoso e sai sob a forma de golfadas,
podendo ser acompanhado de tosse e falta de ar.
Primeiro Socorro:
O mesmo da Hemorragia Interna Invisvel
Se a vtima se encontrar consciente, recomendar uma respirao pausada e
evitar tossir.

Epistaxis
A epistaxis consiste numa hemorragia pelo nariz que pode acontecer
espontaneamente ou em consequncia de uma pancada no nariz ou devido a
traumatismo craniano. Sempre que se suspeita de traumatismo craniano no se
efectua o tamponamento.
Primeiro Socorro:
Colocar a vtima sentada com a cabea direita;
Fazer compresso com o polegar e indicador em pina apertando as
extremidades da narina durante cerca de 10 minutos;
Aplicar frio utilizar gelo, que nunca deve ser colocado directamente;
Em ltimo caso se nenhuma destas manobras resultar promover o transporte ao
hospital.

8.5.3.2. Hemorragias Externas
Relativamente ao controlo das hemorragias externas, extremamente importante que
a actuao seja rpida e para isso existem 2 mtodos a utilizar:

Compresso Manual Directa
Compresso Manual Indirecta

Compresso Manual Directa
No quadro seguinte exemplifica-se a tcnica de execuo da compresso manual
directa.

47

Quadro 5 - Tcnica de Execuo da Compresso Manual Directa
Compresso Manual Directa

Deitar a vitima de costas

Presso directa sobre a ferida: Consiste em aplicar sobre a ferida compressas esterilizadas
ou um penso que poder ser improvisado mas deve ser limpo, comprimindo a zona com a
mo.

Se o penso ensopar de sangue no deve ser retirado, coloca-se outro por cima e faz-se
compresso manual forte.

Nunca retirar o primeiro penso, se tiver oportunidade pode aplicar uma ligadura no
demasiado apertada e vigiar o local bem como as extremidades se for num dos membros
superiores ou inferiores (braos ou pernas).
Ateno: A Compresso Manual Directa no dever ser efectuada se no local existir foco de
fractura ou corpo estranho encravado. Nas situaes em que a hemorragia persiste ou em que
provocada pela leso de uma artria temos de realizar a Compresso Manual Indirecta.


Compresso Manual Indirecta
Consiste em comprimir ou efectuar presso ao nvel dos pontos de compresso das
artrias (vaso sanguneo responsvel pela irrigao da zona ferida que sangra).
Geralmente de encontro ao osso mais prximo, entre o corao e o local da
hemorragia.
Pontos de Compresso
Preferencialmente so dois os pontos de compresso a ser utilizados:
a) Artria Umeral utilizada quando a
hemorragia se d no membro superior. A tcnica
utilizada a seguinte:
Comprimir contra o mero, na face interna do
brao, apoiando o polegar contra o bicpite,
apoiando os outros dedos na parte posterior do
brao;
Deve utilizar-se o polegar direito se a hemorragia
no brao direito e vice- versa.

No caso em que ocorram amputaes dos membros essencial efectuar a
compresso manual indirecta de forma a parar a hemorragia e evacuar de imediato a
vitima, nunca esquecendo de a fazer acompanhar da regio amputada sendo
acondicionada e refrigerada, nunca colocando o gelo em contacto directo. Proceder
evacuao imediata da vtima para uma unidade hospitalar.
Figura 21 - Compresso Manual Directa
da Artria Umeral
48

b) Artria Femural utilizada quando a hemorragia se d no membro
inferior. A tcnica utilizada a seguinte:
Palpa-se o pulso com a extremidade dos dedos com excepo do polegar, ao
nvel da virilha, comprimindo-se a artria com o punho fechado.
Ateno : Nunca se deve deixar de comprimir, at que chegue ajuda diferenciada.



9. LESES OSTEOARTICULARES
O esqueleto humano tem como papel principal o de
suporte e da locomoo, sendo constitudo por cerca de
206 ossos, divididos por 3 regies anatmicas:

Cabea, Tronco e Membros

9.1. Leses Articulares
9.1.1. Entorse
Na entorse existe uma distenso ou rotura de ligamentos que reforam uma
articulao provocada por um repuxamento violento ou movimento forado a esse
nvel, no entanto as superfcies articulares mantm se em contacto.
Sinais e sintomas:
Dor, no entanto consegue efectuar os movimentos,
sendo dolorosos;
Edema (inchao) na regio articular;
Equimose (regio negra) em alguns
casos.
Primeiro Socorro:
Instalar a vtima numa posio confortvel;
Aplicar gelo localmente;
Conferir apoio articulao, envolvendo-a numa
camada espessa de algodo e ligadura;
Em caso de dvida, imobilizar como se fosse
fractura e promover transporte ao hospital.
Figura 22 - Estabilizao da Leso
49













9.1.2. Luxao
Na luxao, a articulao encontra se deslocada, portanto h perda de contacto das
superfcies articulares por deslocao dos ossos que a formam, acontece quando esta
sofre um impacto directo ou indirecto.
Sinais e sintomas:
Dor violenta;
Impotncia funcional, os movimentos no se realizam, ou so muito dolorosos;
Deformao e edema da regio afectada.
Primeiro Socorro:
Instalar a vtima;
Imobilizar a regio sem fazer qualquer
reduo;
Prevenir/combater o choque;
Promover o transporte ao hospital.

9.1.3. Leses sseas
Uma Fractura a quebra de um osso, que geralmente resulta de um traumatismo
directo. As fracturas podem ser parciais ou totais, habitualmente no considerada
Figura 23 - Estabilizao do Membro Inferior
Figura 25 - Ligadura de Conteno Membro
Superior
Figura 24 - Ligadura de Conteno Membro Inferior
50

como uma situao de socorro essencial, impe-se no entanto a necessidade de
estabilizao do foco de fractura pois pode conduzir a complicaes posteriormente.
As fracturas classificam-se em:
Fechadas ou simples, quando no existe ferida no foco de fractura;
Expostas ou Abertas quando h ferida e visualizao do foco de fractura
no exterior.
Primeiro Socorro
a) Instalar a vtima em posio de conforto, sem lhe provocar movimentos e
deslocaes;
b) Colocar o membro fracturado na posio mais natural possvel e que no
agrave a dor;
c) Expor o foco de fractura, cortando a roupa que o envolve;
d) Controlar a hemorragia por compresso manual indirecta;
e) Lidar com os topos sseos visveis como se fossem corpos estranhos
encravados, protegendo-os com compressas esterilizadas se possvel;
f) Combater as complicaes, sendo uma delas a infeco;
g) Prevenir o Estado de Choque;
h) Proceder imobilizao e evacuao para uma unidade hospitalar.
Quadro 6 - Sinais e Sintomas das Fracturas
SINAIS E SINTOMAS
Dor no local e que diminui quando se efectua a imobilizao
da fractura;
Edema ou inchao
Deformao, existe uma aparente angulao ou
encurtamento do membro;
Impotncia funcional ou perda de funo, no possvel
efectuar o movimento habitual do membro;
Crepitao ssea sente-se o roar dos topos sseos
fracturados.

10. QUEIMADURAS
Queimadura uma soluo de continuidade da pele e/ou tecidos subjacentes,
resultantes do contacto ou aco de um agente exterior. A pele uma membrana
resistente e flexvel que envolve toda a superfcie exterior do nosso corpo, sendo
constituda por 3 camadas: a epiderme, a derme e a hipoderme, e tem duas funes
bsicas:

51







As queimaduras so leses cutneas e dependendo do agente podem ser classificadas
em trmicas, elctricas, qumicas e por radiao. As causas mais provveis e
frequentes das queimaduras so:
- Queimaduras Trmicas por aco do frio e do calor (sol, fogo, lquidos
ferventes, gelo e neve);
- Queimaduras Elctricas (electricidade);
- Queimaduras Qumicas (produtos qumicos como os cidos e as substncias
alcalinas);
- Queimaduras por Radiao (radiaes).

Queimaduras Trmicas
A queimadura trmica a leso da pele em que existe comprometimento do tecido
adiposo, msculos e at dos ossos, so as mais frequentes e causadas pela
transformao da energia radiante em calor. Estas queimaduras so invariavelmente
graves podendo resultar at mesmo na morte.
Queimaduras Elctricas
A queimadura elctrica a leso da pele (em alguns casos o tecido adiposo,
msculos e at ossos podem estar comprometidos) causada pela transformao da
energia radiante em calor. As queimaduras so invariavelmente graves porque
interferem com o sistema nervoso podendo provocar paragem respiratria e alterao
do ritmo cardaco e consequentemente paragem cardaca, podendo conduzir morte
no local do acidente.
Nestas queimaduras existe sempre:
Leso de Entrada - irregular, deprimida, amarelo esbranquiada, seca,
indolor;
Um trajecto;
Leso Sada - bordos secos, deprimidos, dando a sensao que a corrente
elctrica explodiu quando fez a sua sada.
52


10.1. Classificao da Gravidade da Queimadura
Para se conseguir avaliar a gravidade de uma queimadura essencial ter em conta os
seguintes factores:



10.1.1. Extenso da Queimadura
A Extenso da queimadura determinada pela percentagem da superfcie corporal
atingida. Se a vtima apresentar 15% desta superfcie afectada mesmo que seja de 1
grau sempre grave. No caso de queimaduras do 2 e 3 grau com uma extenso de
25% deve ser j considerado um Grande Queimado.

10.1.2. Profundidade da Queimadura
A profundidade da queimadura relativa s camadas de pele queimada e afere-se
pelo grau.
1 Grau: A Pele apresenta-se vermelha, quente, seca, dolorosa e
acompanhada de ardor. Esta leso apresenta-se superfcie da pele
sendo a epiderme atingida e o agente mais comum o sol.


2 Grau: A Pele apresenta-se quente, seca, muito dolorosa, h o
aparecimento de flictenas (bolhas) no local atingido e edema,
atingida a epiderme e parte da derme. O agente mais comum so os
lquidos aquecidos.




3 Grau: A Pele apresenta se escura (carbonizada) ou
esbranquiada. H destruio de todas as camadas da pele e de outros
tecidos adjacentes, como msculos e ossos, podendo chegar
carbonizao. Poder haver a destruio dos nervos sensitivos o que
leva perda de sensibilidade dor na regio queimada.

53

No quadro seguinte apresentada a caracterizao clnica das queimaduras
relativamente sua profundidade.

Quadro 7 - Caracterizao Clnica das Queimaduras
Clnico Superfcie Cor Sensibilidade Evoluo Sequelas

1 Grau
Uniforme
+/- Edema
Eritema
Mantida e
Dolorosa
Cura de
2 a 4 dias
No

2 Grau
Flictenas
Edema
Hmido
Rosado
ou
Vermelho
Mantida e
Dolorosa
Cura de
1 a 2 semanas
Alterao do
Pigmento

3 Grau
Dura, Seca,
Deprimida
Branca
Acastanhada
Preta
Abolida e Sem
Dor
Tratamento
Cirrgico
Cicatriz

10.1.3. Localizao da Queimadura
A localizao de uma queimadura determinante para a avaliao da sua gravidade e
assim as queimaduras localizadas em determinadas zonas corpo como: a face, os
olhos, o pescoo, as vias respiratrias, o trax, os rgos genitais e articulaes so
sempre graves, independentemente do seu grau.

10.1.4. Idade da Vtima
As queimaduras tambm so sempre mais graves quando se tratem de crianas e
idosos. .

10.1.5. Primeiro Socorro das Queimaduras
1 Grau
Modo de actuao:
Baixar a temperatura da rea queimada que poder ser com gua ou soro
fisiolgico se disponvel, aliviando assim a sensao de ardor local;
Arrefecer o mais possvel at desaparecer a dor por completo, colocando
sobre a zona atingida compressas ou panos limpos sem plos, molhados com
gua fria pelo menos 5 minutos;
54

Evitar que esse pano ou compressa adiram regio queimada porque de
difcil remoo posteriormente.

2 Grau
Modo de actuao:
Arrefecer com gua ou soro fisiolgico, proteger as flictenas (bolhas) com
compressas ou panos limpos sem plos e embebidos em gua, tendo todo o
cuidado para no as rebentar;
Na queimadura do 2 grau, a flictena um ptimo penso biolgico, pelo que
se deve manter intacta nas primeiras horas;
Aplicao de gases gordas, uma vez que previnem a aderncia das
compressas se existirem no local e promover o transporte ao hospital de
imediato.

3 Grau
Modo de actuao:
Arrefecer com gua e para isso utilizar compressas hmidas;
Uma das grandes preocupaes neste tipo de queimaduras surge do facto
da vtima no sentir dor e assim no se queixar uma vez que os nervos
sensitivos podero tambm ter sido atingidos. Providenciar de imediato o
transporte ao hospital.



No caso de Queimaduras Muito Extensas
Modo de actuao:
Cobrir o doente queimado com um lenol lavado, humedecido em soro
fisiolgico;
Se a queimadura tiver atingido grande parte do corpo, tenha o cuidado de
manter a vtima aquecida;
Em caso de hipotermia envolva a vtima em lenis limpos para reduzir a
perda de calor e a contaminao bacteriana;
Evitar e/ou combater o estado de choque;
Promover a evacuao da vtima para o Hospital (recorrendo aos contactos e
ns de Emergncia).

55

Box 6 - Recomendaes Gerais nas Queimaduras

No rompa ou fure Flictenas ntegras e no use gelo no local;
Retirar todos os acessrios, como o relgio, colares, anis e
braceletes;
Vigie os sinais vitais e sinais de choque;
No oferea medicamentos ou alimentao oral at que a vitima
tenha sido avaliado;
No aplique na queimadura: manteiga, pasta de dentes, pomadas
ou leos;
Vigie a respirao nas vtimas com queimaduras da face.

11. ORGANIZAO DA CAIXA/MALA DE PRIMEIROS
SOCORROS
Para finalizar este Manual de Primeiros Socorros damos algumas sugestes de como
deve estar organizada uma Caixa/Mala de Primeiros Socorros essencial nas
deslocaes de veculos.

11.1. Caractersticas das Caixas de Primeiros Socorros
o Localizao em local nico, bem sinalizado e do conhecimento dos
utilizadores do veculo, possibilitando uma boa manuteno e limpeza no
devendo ser deslocada deste local sem informao prvia;
o O material constituinte deve ser liso, resistente e de cor clara;
o Os consumveis devero sempre que possvel, serem descartveis;
o Existem no mercado vrios tipos de caixas e bolsas, consoante o n. de
pessoas a abranger;
o Dever sempre conter uma listagem do material existente e daquele que foi
utilizado para se proceder sua reposio.


Quadro 8 - Constituio da Caixa/Mala de Primeiros Socorros
EXEMPLO DA CONSTITUIO DA CAIXA DE PRIMEIROS
SOCORROS
o
lcool;
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o
Soluo Drmica;
o
Ampolas de Soro fisiolgico;
o
Compressas esterilizadas;
o
Penso hemosttico de urgncia;
o
Pensos rpidos;
o
Adesivo;
o
Ligaduras elsticas de vrios tamanhos (5, 10, 15, 20 cm);
o
Ligaduras de pano de vrios tamanhos (5, 10, 15, 20 cm);
o
Luvas descartveis tamanhos S, M, L
o
Saco de gelo descartvel;
o
Tesoura de bordos redondos;
o
Termmetro
o
Dever ainda existir no veculo dois tringulos de Pr sinalizao; coletes
reflectores e braadeiras igualmente reflectoras e uma lanterna.



REFERNCIAS
Evans, L. (2004) Vision for a safer tomorrow, In Traffic Safety, Bloomfield Hills.
Science Serving Society.
International Road Transport Union (2008) Attacks on Driver of International
Heavy Goods Vehicles: Survey results. Geneva.
Lowe, D. (2008) The Professional LGV Drivers Handbook: A Complete Guide to
the Driver CPC. The Chartered Institute of Logistics and Transport. UK.
Wierwille, W.W.; Hanowski, R.J.; Kieliszeuski, C.A.; Lee, S.A.; Medina, A.;
Keisler, A.S. and Dingus, T.A. (2002) Identification of Drivers Errors:
Overview and Recommendations. Report No. FHWA-RD-02-003. US DOT,
VA.

Legislao Consultada:
Decreto-Lei n. 209/98, de 15 de Julho, alterado pela Lei n. 21/99, de 21 de Abril, e
pelos Decretos-Leis n.s 315/99, de 11 de Agosto, e 570/99, de 24 de
Dezembro, e revogado relativamente aos arts. 5 e 6 pelo Decreto-Lei n.
313/2009, de 27 de Outubro. Regulamento da habilitao legal para conduzir.
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Decreto-Lei n. 114/94, de 3 de Maio, revisto e republicado pelos Decretos-Leis n.s
2/98, de 3 de Janeiro, e 265-A/2001, de 28 de Setembro, alterado pelo Lei n.
20/2002, de 21 de Agosto, revisto e republicado pelo Decreto-Lei n. 44/2005,
de 23 de Fevereiro, alterado pelo Decreto-Lei n. 113/2009, de 18 de Maio,
alterado pela Lei n. 78/2009, de 13 de Agosto. Cdigo da Estrada.
Despacho Normativo n 46/2005 Funcionamento do nmero europeu de
emergncia 112.
Despacho n 15680/02 (2. srie) de 10 de Julho de 2002 Extintores

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