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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM DIREITO
MESTRADO EM DIREITO PBLICO




Disciplina: Direitos Humanos e Direitos Fundamentais



Fichamento da obra:
A essncia da Constituio, de Ferdinand Lassalle





Aluno: Leandro Santos de Arago





SALVADOR - BAHIA
2012
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Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Direito Programa de Ps-Graduao
Mestrado em Direito Pblico - 2012.2
Disciplina: Direitos Humanos e Direitos Fundamentais
Prof. Saulo Jos Casali Bahia

Aluno: Leandro Santos de Arago


Notas de fichamento


Livro
A Essncia da Constituio (ber die Verfassung)

Autor
Ferdinand Lassalle

Traduo
Walter Stnner

Editora
Lumen Juris

Cidade
Rio de Janeiro

Ano
2000

Edio
5 ed.

Pginas
40

Modo de citao:

LASSALLE, Ferdinand. A essncia da Constituio. 5 ed. Traduo Walter Stnner. Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 2000.

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Pgina 6 (...): onde podemos encontrar o conceito de uma Constituio, seja
ele qual for? Essa questo fundamental da obra: estabelecer
um critrio atemporal e no circunstancial de definio da natureza
da Constituio. isso que o texto (a conferncia reproduzida pelo
texto, em verdade) pretende responder.
Pgina 6 Todas essas respostas jurdicas, porm, ou outras parecidas que se
possam dar, distanciam-se muito e no explicam cabalmente a
pergunta que fiz. Estas, sejam as que forem, limitam-se a descrever
exteriormente como se formam as Constituies e o que fazem, mas
no explicam o que uma Constituio. Estas afirmaes do-nos
critrios, notas explicativas para conhecer juridicamente uma
Constituio; porm no esclarecem onde est o conceito de toda
Constituio, isto , a essncia constitucional. O autor mostra
a insuficincia das explicaes jurdicas sobre a natureza das
Constituies. Parece-me que, com isso, o autor demonstra
nitidamente que sua investigao de natureza poltica (cincia
poltica) e, no, jurdica. E ele far essa investigao adotando um
mtodo prprio de comparao.
Pgina 7-8 Ambas, a lei a Constituio, tm evidentemente, uma essncia
genrica comum. (....) Entre os dois conceitos no existem somente
afinidades; h tambm dessemelhanas. Estas fazem com que a
Constituio seja mais do que simples lei e eu poderia demonstr-las
com centenas de exemplos. (...) Todos esses fatos demonstram que,
no esprito unnime dos povos, uma Constituio deve ser qualquer
coisa de mais sagrado, de mais e de mais notvel que uma lei
comum. O mtodo adotado por Lassalle o de comparao
entre a lei (algo conhecido) e a Constituio. As evidncias factuais
colhidas pelo autor demonstra que h, sim, uma superioridade
semntica numa Constituio.
Pgina 10 A ideia de fundamento traz, implicitamente, a noo de uma
necessidade ativa, de uma fora eficaz e determinante que atua sobre
tudo que nela se baseia, fazendo-a assim e no de outro modo.
Sendo a Constituio a lei fundamental de uma nao, ser (....)
uma fora ativa que faz, por uma exigncia da necessidade, que todas
as outras leis e instituies jurdicas vigentes no pas sejam o que
realmente so. A viso do autor pragmtica. Ao estabelecer
o fundamento de uma Constituio no jogo de foras (ativas ou
subjugadas), o autor demonstrou que adepto do pragmatismo
poltico.
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Pgina 10-11 Os fatores reais do poder que atuam no seio de cada sociedade so
essa fora ativa e eficaz que informa todas as leis e instituies
jurdicas vigentes, determinando que no podem ser, em substncia, a
no ser tal como elas so. Essa a hiptese do autor. A fora
ativa que sustenta a natureza fundamental da Constituio so os
fatores reais de poder; a realidade poltica molda o mundo jurdico.
O autor trabalha, nas pginas seguintes, sobre a realidade do jogo de
foras polticas na Alemanha do sculo XIX e apresenta evidncias
histricas em apoio a sua hiptese.
Pgina 17 Esta , em sntese, em essncia, a Constituio de um pas: a soma
dos fatores reais do poder que regem uma nao.
(...) Juntam-se esses fatores reais do poder, os escrevemos em uma
folha de papel e eles adquirem expresso escrita. A partir desse
momento, incorporados a um papel, no so simples fatores reais do
poder, mas sim verdadeiro direito - instituies jurdicas. Quem
atentar contra eles atenta contra a lei e por conseguinte punido.
Ningum desconhece o processo que se segue para transformar esses
escritos em fatores reais do poder, transformando-os dessa maneira
em fatores jurdicos.
Pgina 22 O instrumento do poder poltico do rei, o exrcito, est organizado,
pode reunir-se a qualquer hora do dia ou da noite, funciona como uma
disciplina nica e pode ser utilizado a qualquer momento que dele se
necessite.
Entretanto, o pode que se apia na nao (....) no est organizado. A
vontade do povo e sobretudo seu grau de acometimento no
sempre fcil de pulsar, mesmo por aqueles que dele fazer parte. (...).
Ademais, a nao carece de instrumentos do poder organizados,
desses fundamentos to importantes de uma Constituio como
acima demonstramos, isto , dos canhes.
Pgina 23 Tenho demonstrado a relao que guardam entre si as duas
constituies de um pas: essa constituio real e efetiva, integralizada
pelos fatores reais de poder que regem sociedade, e essa outra
constituio escrita, qual, para distingui-la da primeira, vamos
denominar folha de papel.
Pgina 25 (....), todo pas tem, necessariamente, uma Constituio real e
efetiva, pois no possvel imaginar uma nao onde no existam os
fatores reais do poder, quaisquer que eles sejam.
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Pgina 27 Assim, pois, todos os pases possuem ou possuram sempre e em
todos os momentos da sua histria uma Constituio real e
verdadeira. A diferena, nos tempos modernos e isto no deve ficar
esquecido, pois tem muitssima importncia -, no so as
constituies reais e efetivas, mas sim as constituies escritas nas
folhas de papel.
De fato, na maioria dos Estados modernos, vemos aparecer, num
determinado momento da sua histria, uma Constituio escrita, cuja
misso a de estabelecer documentalmente, numa folha de papel,
todas as instituies e princpios do governo vigente.
Qual o ponto de partida desta aspirao prpria dos tempos
modernos? Aqui o autor se prope a investigar a razo por
trs da necessidade dos tempos modernos de editar constituies
escritas (folha de papel).
Pgina 28 Somente pode ter origem, evidentemente, no fato de que nos
elementos reais do poder imperantes dentro do pas se tenha operado
uma transformao. Se no se tivessem operado transformaes
nesse conjunto de fatores da sociedade em questo, se esses fatores
do poder continuassem sendo os mesmos, no teria cabimento que
essa mesma sociedade desejasse uma Constituio para si. Acolheria
tranquilamente a antiga, ou, quando muito, juntaria os elementos
dispersos num nico documento, numa nica Carta Constitucional.
essa passagem uma demonstrao mais uma, alis de que
a tese do autor de cincia poltica. Lassalle cr no jogo das foras
polticas como elemento conformador ou transformador de uma
Constituio.
Pgina 33 Quando podemos dizer que uma constituio escrita boa e
duradoura?
A resposta clara e parte logicamente de quanto temos exposto:
Quando essa constituio escrita corresponder constituio real e
tiver suas razes nos fatores do poder que regem o pas.
Onde a constituio escrita no corresponder real, irrompe
inevitavelmente um conflito que impossvel evitar e no qual, mais
dia menos dia, a constituio escrita, a folha de papel, sucumbir
necessariamente perante a constituio real, a das verdadeiras foras
vitais do pas. Lassale expe aqui um problema clssico: o
conflito intergeracional de poder e a mutao constitucional. At que
ponto se permite um governo dos mortos sobre os vivos por meio de
um texto constitucional inatacvel e inviolvel? Essa , talvez, a
grande questo relacionada com a eficcia normativa da Constituio.
Mas, para Lassalle, a intangibilidade do texto constitucional (da
Constituio folha de papel) um mito diante das foras polticas
em ascenso (os fatores reais de poder)
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Pgina 39 Quando uma constituio escrita responde aos fatores reais do
poder que regem um pas, no podemos ouvir esse grito de angstia.
Ningum seria capaz de faz-lo, ningum poderia se aproximar da
Constituio sem respeit-la; com uma Constituio destas ningum
brunca se no quer passar mal.
Onde a Constituio reflete os fatores reais e efetivos do poder, no
pode existir um partido poltica que tenha por lema o respeito
Constituio, porque ela j respeitada, invulnervel. Mau sinal
quando esse grito repercute no pas, pois isto demonstra que na
constituio escrita h qualquer coisa que no reflete a constituio
real, os fatores reais do poder.
E se isto acontecer, se esse divrcio existir, a constituio escrita est
liquidada: no existe Deus nem fora capaz de salv-la.
Pgina 40 Os problemas constitucionais no so problemas de direito , mas do
poder; a verdadeira Constituio de um pas somente tem por base os
fatores reais e efetivos do poder que naquele pas vigem e as
constituies escritas no tm valor nem so durveis a no se que
exprimam fielmente os fatores do poder que imperam na realidade
social: eis a os critrios fundamentais que devemos sempre lembrar.
Essa a sntese da viso poltica de Lassalle sobre a
Constituio