1. O documento discute a hermenêutica neoliberal e seus desafios à teologia reformada. 2. A hermenêutica neoliberal defende que não é possível alcançar o sentido original do texto bíblico e que este tem múltiplos sentidos dependentes do leitor. 3. Isso contradiz a doutrina da Confissão de Fé de Westminster sobre a interpretação das Escrituras como tendo um único sentido autoritativo revelado por Deus.
1. O documento discute a hermenêutica neoliberal e seus desafios à teologia reformada. 2. A hermenêutica neoliberal defende que não é possível alcançar o sentido original do texto bíblico e que este tem múltiplos sentidos dependentes do leitor. 3. Isso contradiz a doutrina da Confissão de Fé de Westminster sobre a interpretação das Escrituras como tendo um único sentido autoritativo revelado por Deus.
1. O documento discute a hermenêutica neoliberal e seus desafios à teologia reformada. 2. A hermenêutica neoliberal defende que não é possível alcançar o sentido original do texto bíblico e que este tem múltiplos sentidos dependentes do leitor. 3. Isso contradiz a doutrina da Confissão de Fé de Westminster sobre a interpretação das Escrituras como tendo um único sentido autoritativo revelado por Deus.
1. O documento discute a hermenêutica neoliberal e seus desafios à teologia reformada. 2. A hermenêutica neoliberal defende que não é possível alcançar o sentido original do texto bíblico e que este tem múltiplos sentidos dependentes do leitor. 3. Isso contradiz a doutrina da Confissão de Fé de Westminster sobre a interpretação das Escrituras como tendo um único sentido autoritativo revelado por Deus.
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A Hermenutica de Westminster:
O que a Confisso de F de Westminster diz sobre a
interpretao das Escrituras Augustus Nicodemus Lopes
O neoliberalismo Muitos estudiosos e telogos modernos concordam que o antigo liberalismo, como movimento histrico do sculo passado, est agonizando. Entretanto, muitos dos pressupostos do antigo liberalismo quanto interpreta!"o das Escrituras t#m sobrevivido e encontrado e$press"o em vrias correntes teolgicas e hermen#uticas que historicamente pertencem ao per%odo ps&moderno. ' rtulo (neoliberalismo( tem sido aplicado a esse movimento teolgico& hermen#utico que preserva alguns dos pressupostos racionalistas do antigo liberalismo e que se utiliza de conceitos da )iloso)ia, hermen#utica, lingu%stica e teologia ps&modernas. * particularmente o sistema de interpreta!"o das Escrituras do neoliberalismo que se constitui um desa)io urgente doutrina re)ormada. A hermenutica neoliberal +e acordo com a hermen#utica neoliberal, imposs%vel alcan!ar&se o sentido original do te$to b%blico. * poss%vel e$plorar uma pretensa (reserva&de&sentidos( que h no te$to da ,%blia, e$traindo (sentidos( que depender"o das circunst-ncias em que estivermos. .onsequentemente, a hermen#utica neoliberal coloca a verdade apenas como um ideal a ser perseguido, ideal esse que /amais ser alcan!ado com seguran!a aqui nessa vida. .omo resultado, /amais poderemos ter certeza absoluta de que conhecemos a verdade. ' m$imo que poderemos )azer a)irmar com convic!"o um dos muitos sentidos que poder%amos encontrar no te$to. 0artindo de algumas teorias modernas de ling1%stica, essa hermen#utica sugere que os autores b%blicos poderiam ter escrito algo que n"o correspondia sua inten!"o original. E$agera a dist-ncia entre o autor e o te$to ao ponto de n"o podermos mais encontrar a inten!"o do autor nos te$tos. Ainda postulam que a ,%blia nada mais que uma interpreta!"o da vida e do mundo )eita por seus autores, uma maneira de interpretar a realidade. ' te$to b%blico reduzido ao resultado da busca )eita pelos seus autores de sentido na realidade e na histria. Esse ensino )ere )rontalmente o conceito re)ormado de que a ,%blia, mesmo tendo sido escrita por homens situados no tempo e no espa!o, a revela!"o autoritativa de +eus, e a trans)orma numa tentativa humana de compreender a realidade. 2ambm a)irma que imposs%vel termos conhecimento do sentido pleno e verdadeiro das Escrituras, / que o te$to n"o tem um 3nico sentido, pleno e verdadeiro, mas m3ltiplos sentidos. 4eguindo o pluralismo religioso do ps& modernismo, re/eita o conceito de verdade proposicional 5de que uma idia possa ser verdadeira6 e assim a possibilidade de alcan!armos a interpreta!"o correta de uma passagem b%blica. Desafios teologia reformada Essa abordagem interpretativa tem servido de )erramenta para o surgimento das teologias ideolgicas, teologias )eministas, de liberta!"o e outras, / que trans)ere o sentido do autor e do te$to para o leitor. 2radicionalmente, a hermen#utica re)ormada reconhece a necessidade de aplicarmos o te$to b%blico s diversas situa!7es em que nos encontramos, mas v# essas aplica!7es n"o como (sentidos( novos e m3ltiplos de um mesmo te$to, mas como a significao do sentido 3nico de um te$to para as diversas situa!7es da vida. As implica!7es da hermen#utica neoliberal acabam por tornar a mensagem das Escrituras inacess%vel 8gre/a. +e acordo com eles, acabamos sem Escritura, sem revela!"o, sem verdade e sem prega!"o, podendo no m$imo pregar apenas uma interpreta!"o nossa do te$to mas /amais a verdade divina. 4e n"o podemos alcan!ar o sentido das Escrituras n"o nos resta qualquer base para a doutrina e a prtica da igre/a, para decis7es teolgicas, para o ensino doutrinrio, para a ordem eclesistica. 8nstala&se o caos onde cada um pode interpretar como queira as Escrituras, as decis7es da 8gre/a e seus s%mbolos de ). Os princpios de interpretao de Westminster Lembremos o que os puritanos escreveram sobre esse assunto na .on)iss"o de 9 de :estminster. ' cap%tulo 8 da .on)iss"o trata das Escrituras, e neles, os puritanos e$pressaram suas convic!7es quanto correta interpreta!"o das Escrituras. Em resumo, s"o estas; 1. Para eitar !ue "ua ontade e a erdade se perdessem pela corrupo dos homens e a malcia de "atan#s$ Deus f%la escreer nas &scrituras "agradas. A inspirao das &scrituras resulta no fato de !ue elas e'pressam fielmente a ontade de Deus$ a erdade diina. (Ainda que a luz da natureza e as obras da cria!"o e da provid#ncia de tal modo mani)estem a bondade, a sabedoria e o poder de +eus, que os homens )icam inescusveis, contudo n"o s"o su)icientes para dar aquele conhecimento de +eus e da sua vontade necessrio para a salva!"o< por isso )oi o 4enhor servido, em diversos tempos e di)erentes modos, revelar&se e declarar sua 8gre/a aquela sua vontade< e depois, para melhor preserva!"o e propaga!"o da verdade, para o mais seguro estabelecimento e con)orto da 8gre/a contra a corrup!"o da carne e mal%cia de 4atans e do mundo, )oi igualmente servido )az#&la escrever toda. 8sto torna indispensvel a Escritura 4agrada, tendo cessado aqueles antigos modos de revelar +eus a sua vontade ao seu povo( 5.9:, 8.=6. >e)er#ncias & 4al. =?; =&@< >om. =; AB, e B; =, e =; =?&BC, e B; =@&=D< 8 .or. =;B=, e B;=A&=@< Eeb. =;=&B< Luc. =;A&@< >om. =D;@< Mat. @;@, F, =C< 8sa. G; BC< 8 2im. A; 8D< 88 0edro =; =?. (. A possibilidade de conhecermos o sentido das &scrituras$ sentido esse pretendido por Deus atra)s do autor humano* (2odo o conselho de +eus concernente a todas as coisas necessrias para a glria dele e para a salva!"o, ) e vida do homem, ou e$pressamente declarado na Escritura ou pode ser lgica e claramente deduzido dela( 5.9:, 8.H6 +. O &sprito "anto garante a compreenso saladora das coisas reeladas na palara de Deus$ as &scrituras (I Escritura nada se acrescentar em tempo algum, nem por novas revela!7es do Esp%rito, nem por tradi!7es dos homens< reconhecemos, entretanto, ser necessria a %ntima ilumina!"o do Esp%rito de +eus para a salvadora compreens"o das coisas reveladas na palavra, e que h algumas circunst-ncias, quanto ao culto de +eus e ao governo da 8gre/a, comum s a!7es e sociedades humanas, as quais t#m de ser ordenadas pela luz da natureza e pela prud#ncia crist", segundo as regras gerais da palavra, que sempre devem ser observadas( 5.9:, 8.H< ver .atecismo Maior pergunta @6 >e). 88 2im. A;=D&=F< Jal. =;G< 88 2ess. B;B< Ko"o H;@D< 8 .or. B;?, =C, lB< 8 .or. ==;=A&=@. ,. O sentido das &scrituras ) to claramente e'posto e e'plicado !ue a suficiente compreenso das mesmas pode ser alcanada atra)s dos meios ordin#rios -pregao$ leitura e orao. (Na Escritura n"o s"o todas as coisas igualmente claras em si, nem do mesmo modo evidentes a todos< contudo, as coisas que precisam ser obedecidas, cridas e observadas para a salva!"o, em um ou outro passo da Escritura s"o t"o claramente e$postas e e$plicadas, que n"o s os doutos, mas ainda os indoutos, no devido uso dos meios ordinrios, podem alcan!ar uma su)iciente compreens"o delas( 5.9:, 8.F6 >e). 88 0edro A;=H< 4al. ==?;=CD, =AC< Atos =F;==. /. 0# somente um sentido erdadeiro e pleno em cada te'to da &scritura e no m1ltiplos sentidos$ e esse sentido pode ser alcanado e compreendido pela 2gre3a (A regra in)al%vel de interpreta!"o da Escritura a mesma Escritura< portanto, quando houver quest"o sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer te$to da Escritura 5sentido que n"o m3ltiplo, mas 3nico6, esse te$to pode ser estudado e compreendido por outros te$tos que )alem mais claramente( 5.9:, 8.?6 >e). At. =D; =D< Ko"o D;@H< 88 0ed. =;BC&B=. 4. &'atamente por!ue as &scrituras no tm sentidos m1ltiplos ) !ue as mesmas so o supremo tribunal em contro)rsias religiosas$ aos !uais a 2gre3a sempre dee apelar (' Lelho 2estamento em Eebraico 5l%ngua vulgar do antigo povo de +eus6 e o Novo 2estamento em Jrego 5a l%ngua mais geralmente conhecida entre as na!7es no tempo em que ele )oi escrito6, sendo inspirados imediatamente por +eus e pelo seu singular cuidado e provid#ncia conservados puros em todos os sculos, s"o por isso aut#nticos e assim em todas as controvrsias religiosas a 8gre/a deve apelar para eles como para um supremo tribunal( 5.9:, 8.G< c). como e$emplo MM8M.H6. >e). Mat. D;=G< 8sa. G;BC< 88 2im. A;=@&=D< 8 .or. =@< H, ?, ll, =B, B@, BF&BG< .ol. A;=H< >om. =D;@. 5. A ontade de Deus est# claramente e'pressa nas &scrituras e ao alcance da igre3a$ de forma !ue a mesma pode distinguir entre culto aceit#el a Deus e os !ue no so. (A luz da natureza mostra que h um +eus que tem dom%nio e soberania sobre tudo, que bom e )az bem a todos, e que, portanto, deve ser temido, amado, louvado, invocado, crido e servido de todo o cora!"o, de toda a alma e de toda a )or!a< mas o modo aceitvel de adorar o verdadeiro +eus institu%do por ele mesmo e t"o limitado pela sua vontade revelada, que n"o deve ser adorado segundo as imagina!7es e inven!7es dos homens ou sugest7es de 4atans nem sob qualquer representa!"o vis%vel ou de qualquer outro modo n"o prescrito nas 4antas Escrituras( 5.9:, MM8,=6 6. Apesar dos eleitos serem humanos e pecadores$ recebem de Deus o !ue ) necess#rio para compreenderem as coisas de Deus para a salao (2odos aqueles que +eus predestinou para a vida, e s esses, ele servido, no tempo por ele determinado e aceito, chamar e)icazmente pela sua palavra e pelo seu Esp%rito, tirando&os por Kesus .risto daquele estado de pecado e morte em que est"o por natureza, e transpondo&os para a gra!a e salva!"o. 8sto ele o )az, iluminando os seus entendimentos espiritualmente a fim de compreenderem as coisas de Deus para a salvao, tirando&lhes os seus cora!7es de pedra e dando lhes cora!7es de carne, renovando as suas vontades e determinando&as pela sua onipot#ncia para aquilo que bom e atraindo&os e)icazmente a Kesus .risto, mas de maneira que eles v#m mui livremente, sendo para isso dispostos pela sua gra!a( 5.9: M,=< ver tambm o .atecismo Maior, pergunta =DF6. 7oncluso Esse pequeno resumo dos princ%pios de interpreta!"o b%blica que se encontram na .on)iss"o de 9 de :estminster serve para mostrar que os puritanos, seguindo a linha de interpreta!"o dos re)ormadores, entenderam que a 3nica maneira de interpretar as Escrituras sem violar a sua integridade, propsito e escopo, era procurar entender o sentido que os autores humanos haviam pretendido transmitir. >econheciam que essa nem sempre era uma tare)a )cil, mas con)iavam que, com a a/uda da a!"o iluminadora do Esp%rito, do conhecimento das l%nguas originais e do conte$to histrico, poderiam alcan!ar esse sentido. A teologia que temos na .on)iss"o de 9 de :estminster o resultado do emprego sistemtico dessa hermen#utica.