Chula

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO

FACULDADE DE EDUCAO FSICA











CHULA
Dana tradicional gacha





Emanoel Vitor Q. Rocha
Patrick Rosso









Cuiab/MT
03 de Agosto de 2014
INDICE

1. Introduo .................................................................................................... 3
2. Objetivo ........................................................................................................ 4
3. Metodologia ................................................................................................. 4
4. Qual a origem da Chula? ............................................................................. 4
5. Como se dana? .......................................................................................... 5
6. Msicas e letras ........................................................................................... 8
7. Como se vestir? ........................................................................................... 8
6. Como atualmente? .................................................................................... 9
7. Discusso dos resultados .......................................................................... 10
8. Referncias bibliogrficas .......................................................................... 10
9. Apndice .................................................................................................... 12


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1. Introduo

Cada estado, deste Brasil tem um ritmo musical ou uma dana que o
identifica. No Rio Grande do Sul no diferente. Dentre vrias danas, uma se
destaca: A Dana da Chula.
Dana em desafio, praticada apenas por homens. A chula tem bastante
semelhana com o lundu sapateado, encontrado em outros Estados brasileiros,
sua existncia no Brasil est documentada pelo menos desde o princpio do
sculo XIX. No Rio Grande do Sul, desde os primrdios tempos, os Fandangos
exibiam essa dana revestindo de particular importncia no Folclore Gacho.
A chula mantm-se no Rio grande do Sul, executada preferencialmente
por homens, numa coreografia agitada e difcil. Na Bahia, chula designa
genericamente as toadas alegres e vivas e se canta, como refro, em ternos e
ranchos-de-reis.
Em So Paulo, a chula foi registrada como dana de fandango: os pares
no se enlaam nem se tocam, o cavalheiro fica chulando diante de sua dama,
que requebra enquanto ele se contorce at encostar os joelhos no cho.
acompanhada por violo, cavaquinho, viola, pandeiros, castanholas ou
imitao delas com os dedos. Alguns autores incluem ainda, no instrumental, o
ganz e o caxambu.
A chula se liga entre ns noo de dana violenta, lasciva, sapateada,
requebrada, acompanhada de palmas, e em que costuma aparecer tambm a
umbigada.
De forma geral, a chula caracteriza-se pela agilidade do sapateio do
peo ou de diversos pees, em disputas. A masculinidade da dana, num
desempenho solitrio, sapateando sobre uma lana estendida no salo, retrata
a imponncia do peo, forjada pelas intempries das campanhas e a coragem
das lutas, na guarda de seu cho.
A chula serviu de verdadeiro tira-teima, entre pees, nas tropeadas de
mulas e cavalos da Capitania de So Pedro do Rio Grande do Sul para So
Paulo. Tudo era decidido na agilidade dos sapateios, sob a expectativa dos
companheiros.


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2. Objetivo

Este trabalho tem como objetivo o conhecimento da cultura gacha
atravs da dana da chula e identificar sua prtica em outros estados
brasileiros.

3. Metodologia

A metodologia consiste no levantamento da cultura gacha atravs da
literatura e na aplicao de um questionrio para os praticantes da dana no
Centro de Tradio Gacha do municpio de Cuiab, estado de Mato Grosso.

4. Qual a origem da Chula?

Assim como o carimb, a chula tambm se manifestou na forma de
msica (canto) e dana. O bailado caracterstico do sul do pas, mais
especificamente do estado do Rio Grande do Sul, onde danado
preferencialmente por homens com uma coreografia ginstica e agitada
(CASCUDO, 2012).
Provavelmente possui origem em Portugal, nas proximidades da regio
do Douro e do Minho, no entanto, ainda existem algumas imprecises com
relao a esta verso. Uma das hipteses seria que chula teria se originado
com os grupos do Natal e Reis, que em caso de recusa as ofertas, apregoavam
um canto, que seria da chula (CASCUDO, 2012). J a dana seria resqucio do
bailado realizado sobre as uvas, e a mistura destas possveis origens deste
modo, a chula gacha seria uma mistura destas possveis origens.
Por suas caractersticas de desafio, a chula se aproxima do malambo
dos platinos, e pela necessidade de habilidade de dana sobre a lana,
aproxima-se de algumas danas dramticas brasileiras, como os
moambiques (CRTES; LESSA, 1956).
A chula se trata de uma dana realizada prioritariamente pelos homens,
que realizam sapateados e movimentos acrobticos sobre uma lana em forma
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de desafios. Tradicionalmente, estas disputas so desenvolvidas pelos
meninos desde cedo, como forma de manuteno da cultura local.

5. Como se dana?

Uma das caractersticas principais na chula o rpido sapateado, bem
como, figuraes complexas que exigem coordenao, equilbrio e ritmo do
peo. A chula normalmente desenvolvida em forma de desafio entre dois
indivduos.
Para que o desafio seja realizado coloca-se uma lana/vara no cho,
medindo cerca de quatro metros (BORGES, 2009), no entanto, para ser
desenvolvida na escola, no necessrio que a vara possua este tamanho. Os
movimentos so realizados sobre este objeto, de um lado para o outro, e deste
modo, no permitido pisar sobre ele. Os participantes se posicionam na ponta
da lana para iniciar a peleja avanando e retornando em seus passos
(CRTES; LESSA, 1956).
Durante o desafio cada um dos oponentes apresenta uma sequncia de
movimentos, que o outro deve repetir, e em seguida, elaborar a sua
composio acrescentando outros elementos. Ser desqualificado do desafio
aquele que no conseguir reproduzir com exatido os movimentos do parceiro,
ou ainda, perder o ritmo, se afastar da msica, errar o passo ou pisar na vara
(CRTES; LESSA, 1956); (BORGES, 2009). O vencedor ser o danarino que
no for desclassificado por estes elementos citados, e realizar figuras que os
oponentes no consigam repetir.
Existem outras maneiras de realizar o desafio, uma delas pode ser por
meio da dificuldade e habilidade exigidas no desenvolvimento dos passos. De
acordo com a comisso julgadora, vence o desafio o chuleador que realizar os
movimentos mais complexos, acrobticos, e rpidos sem encostar na lana.
De acordo com Crtes e Lessa (1956, p. 64) a coreografia da chula
dividida nas seguintes fases:
1. Preparao da figura pelo danarino A: Ao som da msica
nomeada de preparao, o danarino A executa, em uma das extremidades
da lana, uma marcao de passos sem sair do lugar. Na outra extremidade o
danarino B permanece imvel.
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Figura 1: Preparao da figura pelo danarino A.

2. Execuo da figura pelo danarino A: Movendo os ps de uma
regio para outra da vara, ao som da melodia intitulada desafio o danarino A
se movimenta ao longo da lana, retornando ao seu lugar inicial no final de sua
apresentao. O danarino B observa seus passos atentamente, uma vez que
dever repeti-los.

Figura 2: Execuo da figura pelo danarino A.

3. Pausa na coreografia: O danarino B tem a oportunidade de
recordar os passos executados pelo seu adversrio.
4. Repetio da figura pelo danarino B: Este momento se desenvolve
ao longo da melodia de desafio, em que o danarino B repete os passos do seu
oponente. Ao trmino de sua apresentao, o danarino B ao volta a sua
posio inicial.

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Figura 3: Repetio da figura pelo danarino B.

5. Preparao de nova figura pelo danarino B: Assim como acontece
na figura 1, no entanto quem realiza os movimentos preparatrios o
danarino B, enquanto o A aguarda imvel.
6. Execuo da nova figura pelo danarino B: Assim como acontece na
figura 2, no entanto, a vez do danarino B, ao som da melodia desafio,
percorrer a vara executando os seus passos.
O danarino A repetir estes passos, acrescentar outros, e assim o
desafio vai se desenvolvendo sucessivamente, com os momentos de pausa e
de preparao.
Existem diversas possibilidades de realizar este sapateado, que varia
desde a batida do p inteiro no cho, somente com o calcanhar, bem como
apenas com a ponta do p, o que dentre as danas gachas considerado
bem especfico da chula (CRTES; LESSA, 1956). Alm disso, os danarinos
da chula saltam de um lado para o outro da vara, ajoelham-se e levantam-se
rapidamente, cruzam as pernas fora e sobre a lana sempre no ritmo da
msica. possvel encontrar tambm giros e volteios sobre este objeto,
sempre existindo a forte marcao com os ps.


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6. Msicas e letras

A msica na chula utiliza-se assim como em outras danas gauchescas
da viola e da sanfona, chamada por eles de cordeona ou gaita (CRTES;
LESSA, 1956). Ao ritmo do fandango os desafios de chula so realizados,
normalmente com msicas sem letra, se restringindo ao som da gaita e da
viola.
Durante a realizao do momento de preparao que precede o desafio,
o coro pode entoar o seguinte canto:

Venha seu MES-ter-Chula,
Ai seu ChuLI-a-dor,
E d uma PA-ra-dinha
Para o TO-cador.
Venha seu MES-tre Chula,
Ai que ChuLI-a-bem,
E d uma PA-ra-dinha
Para MIM-tam-bm.

A slaba escrita com letra maiscula deve ser entoada de modo mais
forte que as demais.

7. Como se vestir?

Para a realizao da chula os homens se vestem com roupa tradicional
gacha, o que inclui botas de cano mole e grandes esporas, bombacha,
guaiaca, camisa de cor nica, leno de seda ao pescoo e chapu, alm de
acessrios que podem variar como colete e faixa na cintura.
Apesar das mulheres no desenvolverem a chula, quando participam de
algumas coreografias mesmo que de modo secundrio, usam roupa tpica de
uma prenda gacha, que se resume ao seu vestido rodado, de longo
comprimento, podendo ser estampado ou liso. Na maioria das vezes elas usam
seus cabelos presos com um coque.

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6. Como atualmente?

Embora as mulheres no realizem os desafios de chula, atualmente em
composies coreografadas elas acabam sendo inseridas, entretanto sem
ocupar lugares de destaque, ou at mesmo realizarem movimentos sobre as
lanas, papel ocupado apenas pela figura masculina. As prendas devidamente
trajadas com roupas gachas, normalmente ficam atrs assistindo aos
desafios, ou ainda, fazem em algumas apresentaes a abertura, com
movimentaes dos seus vestidos ao ritmo da msica.
Hoje essa dana mostrada apenas de forma cultural durante eventos,
rodeios, etc.
Um festival que inclui a disputa da chula o Festival Regional de Cultura
Gacha, que possui como objetivo resgatar a cultura deste povo, agregando
entidades tradicionalistas da regio oeste de Santa Catarina. O festival rene
competies de diversas modalidades alm da chula, em categorias mirim,
juvenil, adulto e veterano, dando forma e credibilidade s manifestaes
caractersticas desta regio do pas.
Outro festival importante o ENART (Encontro de Artes e Tradio
Gacha), que tambm rene apresentaes de diversos componentes da
cultura desta regio do Brasil.

Figura 4: Vestimentas da chula.

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Nos termos da Lei Estadual do Rio Grande do Sul n 8.813, de 10 de
janeiro de 1989 a dana da chula estar sendo adequadamente cultuada,
preservada e divulgada pelos atuais Pees Tradicionalistas Gachos do Brasil.

7. Discusso dos resultados

Foi elaborado um questionrio contendo seis perguntas e aplicado no
dia 02 de agosto de 2014 aos participantes do Centro de Tradio Gacha do
municpio de Cuiab, no total foram entrevistados cinco praticantes, todos do
sexo masculino.
A mdia de idade dos entrevistados de XXXX anos e praticamente a
dana da chula h XXX anos.
Todos afirmam ter participado do ENART que realizado anualmente e
o maior festival de arte amadora da Amrica Latina segundo a UNESCO e
tem como maior incentivador manter as tradies gachas o pai.
Ao serem questionados sobre seus sentimentos praticando a dana da
chula, como veem sua prtica e a importncia nos dias atuais, todos foram
unanimes ao demonstrar o orgulho de manter viva a tradio do seu povo,
preservando os bons costumes.
Alm de deixarem claro que pretendem passar este sentimento a todos
os homens da famlia e para as mulheres que se interessarem sendo o mais
importante manter acesa as tradies gacha mesmo sabendo das dificuldades
de manter essa chama nos jovens de hoje em dia.


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8. Referncias bibliogrficas


BORGES, C. M. O povo brasileiro e a catira. EFDeportes- Revista Digital - n.
139, dez. 2009. Disponvel em: <http://www.efdeportes.com/efd139/o-povo-
brasileiro-e-a-catira.htm>. Acesso em: 25/07/2012.


CASCUDO, L. C. Dicionrio do folclore brasileiro. 12. ed. So Paulo: Global
Editora, 2012.


CRTES, J. C. P.; LESSA, L. C. B. Manual de danas gachas. Porto Alegre:
Oficinas Grficas da Imprensa Oficial, 1956.
<http://ifolclore.vilabol.uol.com.br/dancas/chula.htm>. Acesso em 07/06/2012.


http://dancanaefe.blogspot.com.br/p/chula.html


http://meusanguegaucho.blogspot.com.br/2013/04/origem-da-chula.html


http://www.chasquepampeano.com.br/materia.php?id=94


http://riograndedosul01.blogspot.com.br/2009/06/danca-gaucha.html


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9. Apndice

QUESTIONRIO

1. Qual a sua idade?
2. H quanto tempo prtica a dana da chula?
3. J participou de eventos fora do estado do Mato Grosso?
4. Qual seu maior incentivador para manter as tradies gachas?
5. Como voc se sente praticando esta dana?
6. Como voc ve a prtica da chula e a sua importncia nos dias atuais?

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