01 Cinco Décadas de Logística Empresarial e Administração Da Cadeia de Suprimentos No Brasil PDF
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01 Cinco Décadas de Logística Empresarial e Administração Da Cadeia de Suprimentos No Brasil PDF
RAE n So Paul o n v. 51 n n. 3 n mai o/j un. 2011 n 227- 231 w 227 I SSN 0034- 7590
TRANSPORTE DOS
MATERIAIS
O transporte dos materiais mat-
rias-primas, produtos em fabricao
e produtos acabados sempre me-
receu ateno por parte dos respon-
sveis pela gesto industrial, por
ser assunto estreitamente ligado ao
leiaute e estrutura fsica do prdio
e por ter implicaes na produtivi-
dade, na qualidade, na segurana
no local de trabalho e nos custos
da operao. Todos os manuais
de administrao da produo da
poca (Maynard, Ireson e Grant)
dedicavam vrios captulos ao pr-
dio industrial, ao arranjo fsico e
ao transporte interno dos materiais
(material handling).
Em vista dos imperativos ope-
racionais e dos custos envolvidos,
o transporte das matrias-primas,
dos componentes e dos demais in-
sumos, desde suas fontes at a f-
brica, sempre foi tpico essencial da
administrao da produo e consti-
tuiu um dos fatores mais relevantes
para a localizao da indstria. Pelas
mesmas razes, o escoamento dos
produtos acabados at os centros
de consumo (distribuio) tambm
erigia-se numa considerao de m-
xima importncia para a escolha da
localizao da empresa.
A escala crescente das opera-
es nas dcadas do ps-guerra, de
1945 em diante; o advento de no-
vos equipamentos e tecnologias de
transporte, tais como a empilhadeira
de garfos, o transelevador, a paleti-
zao, as correias transportadoras, o
continer; e os graus crescentes de
mecanizao e automao exigiam
que se desse um nvel de ateno
sempre maior ao transporte, tanto
de entrada (input) quanto interno e
de sada (output). A engenharia de
produo e a engenharia econmi-
ca, que analisam os equipamentos
e permitem determinar os mais ade-
quados, tcnica e economicamente,
encontravam, na rea de transporte,
um frtil campo de aplicaes.
O crescimento econmico do
Pas, sua modernizao, a ociali-
zao do nascimento da indstria
automobilstica nacional (1957), a
construo das primeiras estradas
de rodagem (via Anchieta, via Du-
tra) chamavam a ateno do pblico
para uma rea carente, a deciente
infraestrutura rodoviria.
A advertncia do Presidente
Washington Luiz, pronunciada 30
anos antes, comeou nalmente a ser
ouvida pelos governos federal e es-
taduais: Governar abrir estradas.
Atendendo demanda do
mercado, a Editora Abril lanou,
em 1963, a primeira revista tcni-
ca dedicada ao setor, Transporte
Moderno.
Algumas empresas privadas
investiram, nos anos 1960, em ini-
ciativas pioneiras na rea de trans-
portes. A Viao Cometa montou li-
nhas de nibus modernos, rpidos,
limpos, confortveis, entre algumas
capitais do Pas. Os motoristas eram
cuidadosamente selecionados, in-
clusive no aspecto psicolgico. Para
evitar que dormissem nos longos
percursos noturnos, eram obriga-
dos a se recolher em dormitrios
da empresa algumas horas antes de
cada viagem. A Cometa tambm foi
pioneira no controle do consumo
de combustvel, lubricante, pneus
e peas de cada veculo, calculan-
do seu desempenho e custo indi-
vidual. A Real Aerovias e a Varig
demonstraram s demais empresas
de transporte a necessidade e as
vantagens de uma bem-organizada
manuteno. Estimuladas por esses
exemplos, as transportadoras co-
mearam a adotar essas boas pr-
ticas gerenciais, antes inditas na
cultura das empresas. Mais tarde,
empresas pblicas de transporte,
como a Companhia Metropolitana
de Transporte Coletivo de So Pau-
lo (CMTC), com sua frota de 10 mil
nibus, tornaram-se adeptos mo-
delares dos melhores sistemas de
manuteno e controle de frotas.
Outras iniciativas precursoras
da dcada de 1960 foram: a cria-
o do autotrem, isto , uma com-
posio na qual, colocados sobre
vages-plataformas, os caminhes
so transportados por trem, uma
inovao do empresrio Walter
Lorch, controlador da Translor; a
tentativa de transportar automveis
zero-quilmetro de So Bernardo
do Campo para as demais regies
do Pas por navios de cabotagem
roll-on roll-off; a faanha de distri-
buir regularmente botijes de gs
de petrleo liquefeito de porta a
porta para centenas de milhares de
domiclios.
So Paulo estava se tornando
a terceira maior cidade do mundo.
Empresas tinham que distribuir dia-
riamente milhares de produtos a
milhes de pessoas. O mero vulto
dessas operaes, realizadas apesar
de obstculos de todo tipo, repre-
sentava uma faanha administrativa,
independentemente da obteno de
padres aceitveis de frequncia,
pontualidade e regularidade.
Em 1965, o governo cria, no
Ministrio dos Transportes, a Em-
presa Brasileira de Planejamento
de Transportes (Geipot), um think
tank dos macroproblemas nacio-
nais de transporte, cujos concei-
tuados estudos tornaram-na uma
referncia nacional no assunto.
NASCIMENTO DA
LOGSTICA EMPRESARIAL
Nos Estados Unidos, na dcada
de 1960, uma nova viso geren-
cial estava alterando a percepo
anteriormente dominante acerca
da rea de transporte. Notava-se
que a tarefa de entregar o produ-
to na quantidade certa, no local
certo, na hora certa, inclua mais
do que o transporte em si. A in-
tegrao da gesto dos estoques,
do armazenamento, das compras,
da produo, da comunicao e
da informao seria necessria
para abastecer corretamente, ao
mnimo custo possvel. Em vez
da nica varivel transporte, a
equao do abastecimento ne-
cessitava a introduo de mais
variveis. Os militares, de longa
data, vinham utilizando o termo
logstica para designar o supri-
mento de munies e provises
s tropas nos campos de batalha.
Os resultados da logstica militar,
que havia contribudo decisiva-
mente para a vitria dos aliados
na Segunda Guerra Mundial, inci-
tavam as empresas a adotar seus
ensinamentos. Tambm inuiu na
aceitao da nova viso logstica
a divulgao das tcnicas de pes-
quisa operacional. Essa rea pro-
punha a quanticao da gesto,
por meio da criao de modelos
matemticos para soluo dos
problemas administrativos com-
plexos, como, em especial, os de
transporte. Um problema tpico
era, por exemplo: que fbricas
ou que liais deveriam abastecer
quais mercados, para minimizar os
custos totais da operao?
As tcnicas quantitativas usa-
vam algoritmos, como em gesto
de estoques, programao linear,
teoria de las de espera, programa-
o de projetos; heursticas, como
em programao da produo, ro-
teirizao de frotas, alocao de re-
cursos; ou simulao de modelos,
para problemas complexos demais
para poderem ser resolvidos por
algoritmos.
A teoria dos sistemas popu-
larizara o conceito de otimizao
do sistema, visto como um todo,
por oposio subotimizao de
uma ou algumas de suas partes.
Se um sistema for composto de
duas partes, digamos: transporte
e estoques, e se o gestor s pen-
sar na otimizao do transporte,
reduzindo, por exemplo, o custo
do transporte, mas aumentando o
estoque, ele estar subotimizando,
em vez de otimizar. Os trabalhos
de Jay Forrester, no Massachussets
Institute of Technology (MIT), re-
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o ao longo da cadeia, resultando
tambm na reduo do custo do
produto para o consumidor nal.
Os esforos colaborativos so ain-
da mais cruciais nas promoes e
nos lanamentos de novos produ-
tos. Pretende-se aumentar o giro
dos estoques, reduzir as faltas nas
prateleiras e facilitar as entregas.
A globalizao, que se intensi-
cou nas ltimas dcadas do scu-
lo XX, fora as empresas a aceitar a
ideia de que esto inseridas numa
cadeia de suprimentos, de exten-
so geogrca considervel.
A literatura tcnica relativa a
cadeias de suprimentos torna-se
expressiva. Livros e artigos que
anteriormente s traziam o termo
transporte no seu ttulo, agora,
sempre nele incluem as palavras
logstica e supply chain. Um exem-
plo um livro-texto clssico: Logis-
tical Management; the Integrated
Supply Chain Process, de Donald J.
Bowersox e David J. Closs (1996),
da Michigan State University, uma
instituio de ensino proeminente
nessa esfera de saber.
Proliferam revistas tcnicas que
tratam de transporte, logstica e ca-
deias de suprimentos, podendo-se
citar, entre outras, a Revista Tecno-
logstica (1995); a Global, Comr-
cio Exterior e Logstica (2002); a
Today Logistics and Supply Chain
(2006). So criadas numerosas as-
sociaes prossionais, tais como
a Associao Brasileira de Logstica
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