Tipos de Crime
Tipos de Crime
Tipos de Crime
Quais são os critérios utilizados para a classificação dos delitos, e quais os seus
desdobramentos?
R.1-Os delitos podem ser classificados fundamentalmente sob duas óticas, a saber: a legal e a
doutrinária.
A classificação legal levará em conta como a lei interpreta a infração. Tem-se, então, para essa
perspectiva a classificação legal do fato e a classificação legal da infração. O fato é legalmente
classificado como crime ou então como contravenção. A classificação legal da infração, por sua
vez, classificará o crime tendo em conta o bem jurídico afetado pela conduta delituosa. Assim,
classifica-se legalmente a infração observando-se o seu nomem iuris genérico e específico, ou
seja, crime contra a vida (genérico) – homicídio (específico).
R.2-Define-se crime comum levando-se em conta certas perspectivas, ou seja, o crime pode ser
classificado como comum tendo em conta o sujeito ativo, o sujeito passivo ou o próprio delito em
sua constituição e natureza.
Denomina-se crime comum quanto ao sujeito ativo aquele que pode ser praticado por qualquer
pessoa, sem que esta tenha que apresentar uma especial condição ou qualidade para que possa
figurar como pessoa juridicamente capaz de praticar determinado crime. Exemplifica-se com o
crime de homicídio. Este crime pode ser praticado por qualquer indivíduo, homem ou mulher,
jovem ou idoso, padre, advogado, médico, servidor público, político, juiz, etc.
Crime comum quanto ao sujeito passivo, por sua vez, é aquele que pode ter como vítima, lesado
ou ofendido, qualquer pessoa, pois que a figura delituosa prevista no Código não exige especial
condição ou qualidade do sujeito que sofre com a prática da infração. Como exemplo temos a
mesma figura típica do homicídio.
Crime comum, tendo em conta o delito em si mesmo analisado, sem levarmos em consideração o
sujeito que o pratica ou que sofre os efeitos da atuação criminosa, é aquele que não pode ser
classificado como especial. Assim, crime comum é aquele que não apresenta determinada
qualidade em si mesmo que o diferencie de modo peculiar dos demais. Sua configuração
genérica é do mesmo teor que as demais figuras típicas, não revelando na sua estrutura e
constituição uma peculiaridade que o torne destacado, especial. Esta qualidade, esta condição,
este apanágio qualificador do título especial tem-se em função da natureza militar ou política
(responsabilidade) da infração. Logo, concluímos que se um certo delito analisado não apresentar
natureza e razões de foro político ou militar, tratar-se-á de crime comum. Tomando-se o mesmo
exemplo do homicídio, tal crime não tem em si mesmo natureza política ou militar em sua
constituição. Bem verdade que o homicídio pode ter sido cometido por razões políticas (caso
Carter) ou militares (como na guerra). Estes, porém, são fatores exógenos à configuração do
delito em si mesmo. Não são suficientes para qualificar o crime como político ou militar, pois não
consideram a própria natureza da infração, mas sim fatores externos que levaram certo indivíduo
ao cometimento do crime.
R.3-Crime especial é aquele que não é comum e tem em consideração a natureza da própria
infração. Assim, fala-se em crime de natureza especial tomando-se em conta o fato de que o
delito constitui-se de elementos incomuns, não habitualmente encontrados nos delitos em geral,
peculiaridades que o qualificam e o tornam destacado dos demais. Esta denominação "especial"
não supõe maior gravidade ou potencial ofensivo da infração frente àqueles que são
denominados "comuns". Também não determina o título de especial as qualidades, condições ou
circunstâncias apresentadas pelos sujeitos ativo ou passivo do crime. O crime é denominado
especial porque na constelação das infrações criminais existem aquelas que se destacam das
demais por uma particular característica de teor político ou militar. São figuras delituosas que
necessitam de "ambiente" próprio para que possam florescer. Os denominados crimes comuns,
por sua vez brotam em "ambiente" natural, comum, vulgar.
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R.4-O critério que autoriza a denominação de crime próprio tem por base o sujeito ativo ou o
sujeito passivo do delito. Seja num ou noutro, a denominação "próprio" se dá em razão das
qualidades e condições especiais apresentadas pelos sujeitos. Assim, crime próprio quanto ao
sujeito ativo é aquele que tem exige do agente certos requisitos naturais ou sociais que o tornam
capaz de figurar como sujeito executor daquele crime. Exemplifica-se com os crimes que exigem
a condição de "funcionário público" para que possa o indivíduo perpetrar a infração.
Crime próprio quanto ao sujeito passivo, por sua vez, é aquele cuja figura típica exige uma
especial condição ou qualidade do indivíduo para que possa sofrer os efeitos da atuação
criminosa de certo agente. Assim, homem não é sujeito capaz de figurar como sujeito passivo no
crime de estupro.
R.5-Crime de mão própria é aquele cuja conduta típica determina que a execução não possa ser
repassada a terceiros, exigindo que o próprio indivíduo que cogitou, que idealizou e deseja ver o
resultado da atividade criminosa realizada, execute ele mesmo o crime. Assim, o crime de mão
própria não admite a autoria mediata.
R.6-Na concepção doutrinária, crime de dano é aquele cuja figura típica contempla o efetivo
prejuízo ou agressão a um bem juridicamente protegido. Daí dizer-se que crime de dano é aquele
que só se consuma com a efetiva lesão do bem jurídico.
R.7-Crime de perigo é aquele que se consuma com a tão-só provável possibilidade do dano.
O perigo pode apresentar-se de várias formas, a saber: presumido, concreto, individual, comum,
atual, iminente ou futuro.
Denomina-se perigo presumido (ou abstrato) aquele estado que a própria lei atribui a presunção
do perigo (iure et iure). A lei, neste caso, não requer que o perigo seja estimado ou percebido no
plano natural. A disposição normativa atua no sentido valorar o perigo, daí porque não precisa ser
provado. A mera constatação da ocorrência do fato previsto em lei supõe a subsunção e passa a
exigir a responsabilidade do sujeito ativo.
Denomina-se perigo concreto aquele cuja configuração apresenta uma real demonstração da
possibilidade de dano. Daí o crime de perigo concreto necessitar ser provado, pois nele o perigo
não se presume.
O perigo individual é o que expõe ao risco de dano o interesse de uma só pessoa ou de um grupo
determinável de pessoas.
O perigo comum é aquele que expõe ao risco de dano bens e interesses jurídicos de um número
indeterminado de pessoas, de tal modo a não se poder individualizar, a priori, os sujeitos que se
encontram em situação de risco com a prática do delito.
O perigo futuro é aquele que, embora não existindo no presente, pode advir em ocasião posterior.
R.8-Crime material é aquele cuja descrição legal se refere ao resultado e exige que o mesmo se
produza para a consumação do delito. Assim, o crime material é indispensável para a
consumação a ocorrência do resultado previsto em lei como ofensivo a um bem penalmente
protegido.
Registro oportuno de se fazer e lembrar é o de não se confundir crime material com a concepção
material de crime (crime em sentido material), pois que o primeiro representa uma categoria
doutrinária atribuída aos delitos e o outro representa a noção teórica de fatores jurídicos e
extrajurídicos que estimulam ao aparecimento do crime.
R.9-Crime formal é aquele cuja descrição legal faz referência ao resultado mas não exige para a
sua consumação que o mesmo se realize. De modo que há uma antecipação valorativa por parte
da lei quanto à ofensividade ou lesividade. O comportamento em si, tendente à produção de um
resultado, ainda que este não se realize, é suficiente para a configuração do delito.
Registro oportuno de se fazer e lembrar é o de que não se deve confundir crime formal com o
crime em sentido formal, este último diz respeito à estrutura do delito como configuração diante
dos elementos tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade.
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R.10-Crime de mera conduta é aquele cuja lei não faz nenhuma alusão a algum resultado para a
configuração do fato típico. Nele não há um resultado que seja conseqüência natural da conduta
de um sujeito. A lei, por valoração e determinação própria, estabelece ser crime uma mera
atividade comportamental.
R.11-Crime comissivo é aquele cuja conduta típica requer um atuar positivo da parte do sujeito
ativo. Assim, o tipo requer seja o crime praticado por um comportamento ativo. São crimes
praticados mediante uma ação, por uma atividade, um comportamento atuante.
O crime omissivo divide-se em omissivo próprio e impróprio, sendo o primeiro tomado como
aquele de pura omissão, perfazendo-se com a simples abstenção da realização de um ato. Nele
não se faz alusão ao resultado fruto da omissão. A omissão em si mesmo é suficiente para a
configuração do delito. É o caso do crime previsto no artigo 135, sob o título de omissão de
socorro.
Os crimes omissivos impróprios (ou impropriamente omissivos, ou comissivos por omissão) são
aqueles cuja lei faz atribuir ao omitente a responsabilidade pelo resultado advindo da sua inércia,
da sua inação. O crime pelo qual responderá o agente é comissivo, mas o sujeito o praticou por
omissão. Nesses crimes, em regra, a simples omissão não constitui crime; mas a omissão, por
condicionar o surgimento de uma lesão a um bem jurídico que resulta de um fazer, de uma agir,
será aquilatada como uma ação. A lei, assim, equivale o nom facere a um facere.
R.13-Crime instantâneo é aquele cuja consumação se perfaz num só momento. É o crime sobre o
qual o agente não tem domínio sobre o momento da consumação, razão pela qual não poder
impedir que o mesmo se realize.
No crime instantâneo, atingida a consumação, chega-se a uma etapa do iter sobre o qual o sujeito
ativo perde domínio da condução do desdobramento causal. Isto porque o que caracteriza o
evento consumativo é uma aptidão autônoma de aperfeiçoamento do resultado,
independentemente da vontade ou intervenção humana.
R.15-Crime instantâneo de efeitos permanentes são aqueles cuja permanência dos efeitos não
depende do agente. Na verdade, são crimes instantâneos que se caracterizam pela índole
duradoura de suas conseqüências. É o caso do homicídio, por exemplo.
R.16-Crime continuado é aquele em que o agente pratica dois ou mais crimes da mesma espécie,
mediante ação ou omissão, animado pelas condições de tempo, espaço, circunstâncias, modos
de execução, que o estimulam a reiterar a mesma conduta, de maneira a constituir todas elas um
todo delitivo. Assim, as diversas condutas aglutinam-se numa só para a configuração do
denominado crime continuado. Os atos constitutivos do delito continuado, isoladamente
analisados, configuram delitos autônomos, mas por razões de política criminal têm-se todos eles
como integrantes de uma só conduta típica, fragmentada em diversos atos componentes de uma
só peça e cenário criminoso.
Rigorosamente não se trata de um só crime, mas sim de concurso de delitos. Como acima
consignado, são tratados como integrantes de uma só ação criminosa por razões de política
criminal.
R.17-Crimes principal é aquele que, normalmente, não acarreta desdobramento e estímulo para o
cometimento de outro crime. O crime principal tem vida própria, não sendo ponte para a
configuração de outro delito. Assim, por exemplo, do homicídio nada mais se espera. O fato
delituoso não é condição necessária ou parte integrante da configuração de outro crime. O
mesmo não ocorre com a figura da receptação, pois que esta depende de um furto ou roubo, por
exemplo, anteriormente praticados.
R.18-Crime acessório é aquele que para ser configurado depende da prática de outro delito que
com ele se filie. O crime acessório não tem vida própria pois depende da execução de outro crime
para que ele (acessório) justifique a sua prática. O crime acessório pressupõe a prática de outro
crime que lhe dá conteúdo e justificativa. É o caso evidente do crime de receptação que pela
definição de seu próprio tipo penal, artigo 180, discursa dizendo "adquirir, receber, transportar,
conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir
para que terceiro, de boa fé, a adquira, receba ou oculte".
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TIPOS DE CRIME
Julian Szymański
Agosto de 2005
Fontes : Resumos de Direito Penal (Maximiliano Füherer)
Notas de aula.
Última atualização : 22 de setembro de 2005
CRIME É O FATO TÍPICO (descrito pela Lei como conduta
proibida) E ANTIJURÍDICO (fato contrário ao Direito, i.e, fato típico
desprovido de justificativa que o torne aceitável). Esta é a definição da
teoria Bipartida. Para uma definição mais aprofundada veja o tópico
“Conceito de Crime”.
• CRIME COMUM
Quanto ao sujeito ativo => é o crime que pode ser praticado por qualquer
pessoa. Exemplo : Homicídio.
Quanto ao sujeito passivo => é o crime do qual pode ser vítima qualquer
pessoa. Exemplo : Homicídio.
• • CRIME ESPECIAL
• • CRIME PRÓPRIO
É aquele cuja execução não pode ser repassada a terceiros, i.e., não admite
autoria mediata.
• • CRIME DE DANO
• • CRIME DE PERIGO
É aquele que se efetiva com a mera possibilidade de causar dano a
outrem.Pode ser classificado de diversas maneiras : (a) abstrato ou presumido,
quando a lei prevê que a ocorrência de um fato pressupõe ter havido perigo ao
sujeito passivo e impõe penalização ao sujeito ativo. Não precisa ser provado,
o nexo causal já é suficiente para comprova-lo. (b) concreto, em que existe
real possibilidade de haver dano. Necessita ser provado, o perigo não se
presume. (c) individual, em que um indivíduo apenas ou um grupo
determinado de indivíduos possam experimentar o perigo. (d) comum, em que
não se consegue determinar o conjunto de pessoas expostas à situação de
risco. (e) atual é o que está ocorrendo. (f) iminente é o que está prestes a
acontecer (g) futuro é o que embora não existindo no presente, pode vir a
ocorrer no futuro.
• • CRIME MATERIAL
É aquele que a Lei prevê que seus resultados sejam efetivados para que o
crime seja considerado consumado. Não se confunde com concepção material
do crime. O crime material representa uma categoria doutrinária atribuída aos
delitos e a concepção material do crime representa a noção teórica de fatores
jurídicos e extrajurídicos que estimulam ao aparecimento do crime.
• • CRIME FORMAL
• • CRIME COMISSIVO
• • CRIME OMISSIVO
É aquele que ocorre porque o sujeito ativo deveria fazer algo e não fez.
Pode ser próprio ou impróprio.
• • CRIME INSTANTÂNEO
É aquele que ocorre num só momento, o sujeito ativo não tem condição de
decidir sobre o momento da consumação.
• • CRIME PERMANENTE
• • CRIME CONTINUADO
Rigorosamente, trata-se de um concurso de delitos que são tratados como
um todo. O agente pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e se sente
estimulado em reiterar sua conduta.
• • CRIME PRINCIPAL
• • CRIME ACESSÓRIO
• • CRIME CONDICIONADO
É o crime que depende de que determinadas condições sejam satisfeitas a
fim de que surja punibilidade. Ex. Aplica-se a Lei brasileira em crime
cometido no exterior por estrangeiro contra brasileiro desde que o agente
entre em território nacional, o fato seja punível também no país onde ocorreu
o fato, o crime seja passível de extradição segundo a Lei brasileira, o agente
não ter sido absolvido ou cumprido a pena no exterior, não ter sido extinta a
punibilidade por lei mais favorável (art 7º § 3º CP).
• • CRIME INCONDICIONADO
É o crime que não depende de fatores externos para que sua punibilidade
seja possível.
• • CRIME CONSUMADO
É o que reúne todos os elementos de sua definição legal (art 14, I CP)
• • CRIME TENTADO
• • CRIME IMPOSSÍVEL
• • CRIME DOLOSO
• • CRIME CULPOSO
• • CRIME COMPLEXO