Ação Revisional - Financiamento Veiculo
Ação Revisional - Financiamento Veiculo
Ação Revisional - Financiamento Veiculo
Turma, Resp.
n 154395 Rel. Min. Slvio de Figueiredo Teixeira DJ 02.03.98 Pg. 116, decidiu
pela impossibilidade de capitalizao de juros, in verbis:
EMENTA: Direitos comercial e econmico Financiamento
Bancrio Contrato de Cheque Especial J uros
Capitalizao Mensal I mpossibilidade Enunciado da
Smula n 121/STF- I nexistncia de autorizao legal
Precedentes Recurso acolhido. I - Somente nas hipteses em
que expressamente autorizada por lei especfica, a
capitalizao de juros se mostra admissvel. Nos demais casos
vedada, mesmo quando pactuada, no tendo sido revogado
pela Lei n. 4.595/64 o art. 4 do Decreto n. 22626/33. O
anatocismo, repudiado pelo verbete da smula n. 121/STF,
no guarda relao com o enunciado na smula n. 596/STF.
I I -Na cobrana de dvida oriunda de contrato de
financiamento a particular, na modalidade cheque especial,
impossvel capitalizar mensalmente os juros
Dessa maneira, o contrato deve ser revisto para que seja
excluda a capitalizao mensal de juros devendo ser aplicada a menor taxa de juros
contratada, calculada de forma simples.
12
IV- DA NECESSIDADE DA TUTELA ANTECIPADA:
Tendo em vista o caso sub examinen, clara a necessidade da
concesso da antecipao dos efeitos da tutela, nos termos do art. 273 do CPC, com a
finalidade de evitar a incluso do nome do Autor nos cadastros restritivos de crdito
(SERASA, SPC, SISBACEN e SCI) e em Cartrio de Protesto de Ttulos; uma vez que
esto perfeitamente delineados os pressupostos jurdicos relativos ao fumus boni juris e
ao periculum in mora, pelos fatos ora narrados que demonstram a plausibilidade do
direito perseguido pelo Autor e o perigo de dano caso a deciso no seja efetivada em
tempo hbil.
In casu, utilizando-se a tabela modelo SAC com os juros
contratuais, isto , sem capitalizao, chegar-se-ia ao valor da prestao mensal fixa de
R$ 208,07 (duzentos e oito reais e sete centavos).
A ao ora proposta certamente demandar algum tempo at seu
julgamento final, que s se far depois de cumpridas as diversas fases processuais.
possvel que o Banco Postulado, queira APREENDER o bem objeto da lide, o que trar
muitos prejuzos e transtornos ao requerente, j que o Autor utiliza o veculo para seu
trabalho e locomoo de sua famlia.
Desse modo, fica claro a necessidade da chamada tutela
antecipatria urgente, j que h o perigo de que, no se antecipando o provimento,
ocorra dano irreparvel ou de difcil reparao para o requerente, haja vista que no caso
em exame, se vislumbra a presena deste requisito diante da possibilidade de busca e
apreenso do bem objeto do referido contrato, o que acarretaria a perda do interesse de
agir (utilidade) por parte do Autor.
Embora as prestaes depositadas em Juzo, no
corresponderem ao valor por ele ilegalmente arbitrado. Tal procedimento, a esta altura,
quando se discute em Juzo a exatido dos valores devidos, somente pode ser tomado
aps o julgamento desta Declaratria, ou seja, O DIREITO DE PROPRIEDADE
garantido em sua plenitude pela LEX MAGNA, incisos XXII e LIV do art. 5. E No
somente o direito de propriedade, enquanto disposio programtica pura seria
violentado pelo Banco/Ru. O princpio maior quanto propriedade privada, inserto nos
Princpios Constitucionais sobre a Atividade Econmica, previsto no art. 170, inc. II da
LEI MAIOR, tambm o seria, vez que esse dispositivo abriga, tacitamente, o princpio
integral da disponibilidade da propriedade.
O Autor tem o receio que seu nome seja restrito nos cadastros
de crditos e desta fora, solicita a antecipao da tutela em relao restrio no SPC e
SERASA, uma vez que com sendo de condio humilde a nica forma de garantir o
conforto necessrio par si e para sua famlia com a confiana do crdito no comrcio.
13
A negativao de credito no SPC e SERASA para o Autor pela
parte r traria um dano de difcil reparao e mal que dificilmente ser reparado, como
Vossa Excelncia tem conhecimento.
Alm disso, Excelncia, pela concesso da antecipao da tutela
para que autorize o Autor a proceder ao pagamento por meio de depsitos incidentais
consignatrios mensais, fixos e sucessivos, do valor das prestaes que o mesmo
entende com cabvel e direito, ou seja, R$ 208,07 (juros contratuais sem capitalizao),
em uma conta a ser determinada por Vossa Excelncia, serve para evitar a mora ou um
prejuzo maior do Autor, caso a presente demanda reste, ao final, infrutfera, tornando o
contrato de financiamento, em exame, ainda mais oneroso para o mesmo.
Salientando-se que o valor este a ser consignado foi tomado da
compensao ou diluio das parcelas restantes do saldo da diferena entre as parcelas
j devidamente pagas abusivas e a legal, isto , pagas alm do devido.
O fumus boni juris foi amplamente demonstrado na
fundamentao acima, mormente quando diante do CDC e da excessiva onerosidade do
contrato, traduzindo-se tambm no constrangimento que o Autor poder vir a sofrer
para pagar uma dvida abusiva, muito embora esteja clarividente que no deve os
valores exorbitantes cobrados, razo pela qual se faz necessria a sua no insero em
cadastros restritivos de crdito.
Portanto, h de forma clara a plausibilidade do direito, j que
existe discusso judicial sobre a prtica ilcita do anatocismo e outros encargos
contratuais com multa contratual e juros moratrios. Na pendncia de uma ao
revisional onde se discute a juridicidade das clusulas contratuais do contrato e a sua
conseqente reviso, tentando-se provar que o saldo devedor no nem de perto o
descrito pela Demandada, conforme documentao acostada aos autos, portanto,
demonstra-se clara a plausibilidade do direito do Autor, bem como o perigo de dano
com uma possvel violao ao direito desse em ter livre acesso ao crdito, vez que pode
ser indevidamente registrado em rgos de inadimplentes por estar buscando revisar o
contrato e deixar de pagar o que no devido.
O periculum in mora est patenteado no abalo do crdito e nos
consequentes prejuzos (patrimoniais e/ou morais) que podero advir a partir do
momento em que deixar de pagar as faturas mensais cobradas pelo banco Demandado
na forma original prevista no contrato, poder o Autor sofrer a incluso indevida de seus
dados nesses cadastros restritivos de crdito, com a consequente divulgao destas
informaes para outras Instituies Financeiras Credenciadas as entidades cadastrais
de proteo ao crdito, informaes estas que o Autor no ter como obstar, ante o no
cumprimento pela instituio R dos direitos e garantias fundamentais deste.
14
Impe-se, pois, a imediata proibio dessa possvel prtica
abusiva e ilcita, at mesmo porque o Autor, data venia, preenche os requisitos legais
para a concesso antecipada dos efeitos parciais da tutela, como nica forma de se
prevenir, at o julgamento definitivo da lide, qualquer conduta arbitraria da R que
possa causar srios danos ao mesmo, impedido-o, por exemplo, de movimentar conta-
corrente, adquirir produtos destinados a sua mantena e ainda de obter crdito no
mercado financeiro em face das informaes inexatas e abusivas que podero constar
nos cadastros em meno, perpetuando-se assim danos morais e patrimoniais o que
repugna ao senso de Justia!
Por outro lado, no se vislumbra qualquer perigo de
irreversibilidade do provimento antecipado que pudesse inviabilizar o deferimento do
pedido, muito pelo contrrio, a no concesso desta certamente fulminar direitos do
Autor.
V- DA IMPORTANCIA DO JUDICIARIO
Toda a populao brasileira, a classe mdia, os micro-
empresrios, depositam suas esperanas no PODER JUDICIRIO, confiando que os
seus membros no iro pactuar com a explorao indecente, com os juros escorchantes,
com as clusulas contratuais abusivas.
Neste sentido, faz-se oportuna e vlida a lio da
Desembargadora SELMA LOMBARDI DE KATO, do Egrgio Tribunal de Justia do
Estado do Mato Grosso, em obra conjunta organizada pelo Professor da USP Dr. Jos
Eduardo Faria, in Direito e Justia - A funo Social do Judicirio, verbis:
Atravs de viso dialtica, eminentemente crtica, o juiz
coloca-se dentro da realidade social e identifica as foras que
produzem o direito, para estabelecer a relao entre esse
direito e a sociedade. Nessa postura, o juiz pode e deve
questionar a prpria legitimidade da norma, para adequ-la
realidade social. Assumindo-a, pode chegar a decises mais
justas e renovadores, utilizando-se dos processos tradicionais
de hermenutica.
A imprensa local, assustada com os juros extorsivos, tem
comentado os abusos praticados pelo BANCO/Requerido contra os seus devedores,
15
como se constata na Coluna Notas & Comentrios do Jornal TRIBUNA DO NORTE,
de 18.06.97.
Aqui nesta Comarca de Natal, faz-se sobremodo oportuno
refletir tambm sobre a opinio da Juza Titular da 5 Vara Cvel, Dra. MARIA
SOLEDADE FERNANDES CUNHA LIMA, que, decidindo pedido de antecipao de
tutela (proc. 4.945/97, em que ru o Banco BCN), assim se expressou:
A economia brasileira, nos ltimos tempos, vem obrigando
os estudiosos do direito a cada vez mais imiscuir-se em suas
contendas, face necessidade do Estado-Juiz pronunciar-se
sobre os contratos que sofrem a influncia direta do
ordenamento infralegal, representado por circulares e
portarias do Banco Central, rgo gestor da economia no
Brasil. Mas de lembrar hoje e sempre que o ordenamento
jurdico brasileiro tem na Constituio Federal o seu
instrumento ordenador. Busca-se o aperfeioamento desse
ordenamento, a fim de que seja possvel a ampliao do
leque de direitos que esto protegidos na Carta
Constitucional.
A seu turno, o Douto Juiz Substituto da 1 Vara Cvel tambm
desta Comarca de Natal, Dr. CCERO MARTINS DE MACEDO FILHO, em lapidas
despacho que deferiu antecipao de tutela no proc. n 11.630/97, em que tambm
parte o Banco BCN, publicado no D.O de 23.09.97, pgs. 14/15, ensina:
No obstante o colendo STF ter decidido que o pargrafo 3
do art. 192 da CF no auto aplicvel (ADIN 4-7/600), os
juros bancrios devem permanecer limitados aos do
contrato, porm nunca superiores a 12% ao ano... grifos
nossos.
Decidindo demanda da mesma natureza, a Douta Juza de
Direito da 2 vara cvel no especializada deste Estado EXMA. DEISE HOLDER DA S.
MARTINS, expressou raciocnio lgico deferindo o pedido de depsito e concedendo a
tutela antecipada, consoante deciso, in verbis:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AO
CAUTELAR INOMINADA. DEFERIMENTO PARCIAL DE
16
LIMINAR PELO JUZO A QUO. POSSIBILIDADE DE
DEFERIMENTO DA MEDIDA SOMENTE QUANTO
MANUTENO DE POSSE DO VECULO FINANCIADO.
1.Em se tratando de ao cautelar, onde se busca assegurar o
depsito das prestaes devidas, injustificvel a deciso
judicial, que aps deferir a consignao pleiteada, deixe de
assegurar-lhe a posse do bem alienado fiduciariamente.
2.Deciso parcialmente mantida. 3.Recurso conhecido e
parcialmente provido.
(TJ-RN , Relator: Des. Rafael Godeiro, Data de Julgamento:
20/06/2003, 2 Cmara Cvel)
Com o mesmo entendimento o Douto Juiz de Direito da 6 vara
cvel no especializada deste Estado EXMO. DOUTOR FRANCISCO CIRACO
SOBRINHO deferiu o pedido de depsito e concedeu a tutela antecipada no que toca o
direito do autor em permanecer com a posse do veculo, por ser to flagrante e ilegal a
prtica reiterada do ora exposto, por instituies do mesmo ramo da R.
VI- DO PEDIDO
Diante de todo o exposto, como no h outro remdio apto a
solucionar o litgio sub judice, seno a presente demanda, com as provas documentais
acostadas aos autos e com as que pretende produzir no decorrer da fase instrutria,
Requer:
a- Deferimento da tutela cautelar com amparo nos arts. 273 do Cdigo de
Processo Civil e tambm em conformidade com a Lei 10.444/02, para
determinar a permanncia da posse do veculo financiado, descrito e
caracterizado no documento em anexo, at o julgamento final desta ao de
consignao, expedindo-se para tanto o necessrio MANDADO DE
MANUTENO DE POSSE e comunicando-se de imediato ao Banco
Requerido.
b- Autorize a consignao do depsito das prestaes mensais das vencidas e
que se forem vencendo do valor restante de acordo com a planilha que de
R$ 5.826,22 (cinco mil, oitocentos e vinte e seis reais e vinte e dois centavos)
para ser pago nas 28(vinte) parcelas restantes cada uma no valor de R$
208,07 (duzentos e oito reais e sete centavos) cada, a serem corrigidas
mensalmente pela variao do INPC (ndice Nacional de Preos ao
Consumidor) ou outro ndice oficial que V. Exa. entender pertinente, para
17
conta ordem desse juzo, uma vez que este referido depsito no trar
transtornos ao andamento do processo;
c- Determinar que o Ru se abstenha de submeter a protesto os ttulos emitidos
pelo Autor como garantia do emprstimo em comento, bem como de
negativar os dados do mesmo nas entidades de restrio ao crdito
(SERASA, SISBACEN, SPC etc.), no que tange ao caso sub examine, sob pena
de incidir em multa diria a ser fixada por este douto Juzo; o que se pede como
medida cautelar uma vez que o Banco tem agido dessa forma e atingido o
objetivo de prejudicar a muitos autores de aes semelhantes;
d- Ao final, julgar procedente presente ao, mantendo as providncias
liminarmente deferidas e condenando o Banco requerido nas custas
processuais e honorrios advocatcios, estes base de 20% sobre o total
depositado, devidamente corrigido;
e- aps deferida a tutela, seja o Requerido dela intimado, para que tome cincia
imediatamente e a cumpra.
REQUER, ainda:
a) que seja restabelecido o equilbrio contratual, por meio da REVISO das
clusulas contratuais acima especificadas que estipulem a incidncia de
anatocismo e a capitalizao mensal dos juros remuneratrios contratados,
aplicando-se a taxa contratada de forma simples, em perodo inferior a um
ano, determinando, ainda ao ru que proceda o reclculo dos valores do
financiamento, em procedimento de liquidao de sentena, com a reviso
decorrente da sentena, para que se apure o dbito remanescente;
b) que, uma vez retificada a clusula contratual que fixa o valor das prestaes,
determine a compensao das parcelas j pagas;
c) que seja determinado que a distribuio de qualquer outra ao proposta pelo
Ru em desfavor do Autor, referente ao contrato em discusso devido a encargo
contratual abusivo, seja por dependncia, na forma o art. 253 do CPC, evitando-
se, assim, decises conflitantes e atos tpicos de litigncia de m-f, onde grande
quantidade das execues esto ocorrendo, a despeito de existirem aes
revisionais de contrato anteriormente propostas;
d) a inverso do onus probandi caso seja necessrio o levantamento de alguma
prova documental que no esteja ao alcance do Autor-consumidor, em razo da
sua vulnerabilidade, como, por exemplo, a comprovao das mdias das taxas de
captao, em especial para que o ru apresente o contrato de financiamento
firmado com o Autor;
18
e) determinar a EXIBIO pelo banco de uma cpia legvel do contrato, bem
como uma planilha detalhada das parcelas pagas pelo Autor incluindo o
valor dado como entrada, a teor do artigo 355 do CPC;
f) a CITAO do Banco RU para contestar a ao no prazo legal sob pena de
revelia.
g) a permissibilidade de produo de todas as provas em direito permitidas,
inclusive depoimento pessoal do representante do Requerido, testemunhas,
percias, juntada de novos documentos e outros que forem necessrios.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos
em direito, especialmente pela produo de prova oral e, caso necessrio, pela juntada
dos documentos, e por tudo mais que se fizer necessrio cabal demonstrao dos fatos
articulados na presente inicial.
D-se causa o valor de R$ 5.826,22 (cinco mil oitocentos e
vinte e seis reais e vinte e dois centavos).
Nestes termos,
Aguarda deferimento.
Natal/RN 23 de agosto de 2013.
Anne Eyrijane de Lemos Rolim Silva
OAB/RN 11.082
19